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Disciplina ENSAIOS DE MATERIAIS A. Marinho Jr

Tópico 03 ENSAIOS MECANICOS – TRAÇÃO

A curva tensão-deformação de engenharia

O ensaio de tração de engenharia é largamente utilizado para fornecer informações básicas


de projeto sobre a resistência de materiais e como um ensaio de aceitação para materiais
especificados. Como já foi visto anteriormente, num ensaio de tração um corpo de prova é
submetido a uma carga axial crescente e contínua enquanto, simultaneamente, se observa o
alongamento do corpo de prova. Uma curva típica para este tipo de ensaio é mostrada a
seguir na figura 03.1

Onde: σ = tensão, ε = deformação, σu = tensão máxima , σr = tensão na ruptura ,


σe = tensão de escoamento e εr = deformação na ruptura.

Figura 03.1 Curva típica tensão - deformação de engenharia para um material dúctil, no
caso aços de baixo carbono

A tensão usada nessa curva é a tensão média, = P/Ao, onde P é a carga externa aplicada
ao corpo de prova e Ao é a área da seção reta original do corpo de prova. Como também já
foi visto, a deformação média é dada por: e = / Lo = L / Lo = (L - Lo) / Lo.
Evidentemente, uma curva carga - alongamento teria a mesma forma, uma vez que Ao é
aqui considerada constante. Os parâmetros que são usados para descrever a curva
tensão-deformação de um metal são a resistência à tração, a resistência ou ponto de
escoamento, o alongamento percentual e a redução de área.

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Resistência à tração

O limite de resistência à tração é dado pela carga máxima aplicada dividida pela área
original da seção reta do corpo de prova:

r = Pmax / Ao

Este é o valor mais freqüentemente citado nos resultados de um ensaio de tração, mas na
verdade tem significado limitado com relação à resistência do material, sendo usado mais
como um meio de identificação dos mesmos. Atualmente se usa a resistência ao
escoamento como base para projetos mecânicos. Apenas no caso de materiais frágeis, a
resistência à tração continua a ser usada como critério de projeto.

Resistência ao escoamento

Em materiais que não apresentam limite de escoamento bem definido, como no exemplo da
figura 03.1, adota-se para e o valor correspondente a um alongamento arbitrário de 0,2 %.

Alongamento percentual

e (%) = [(Lf – Lo) / Lo]x 100 = ef

onde ef é o alongamento percentual na fratura.

Redução de área

q = (Ao - A) / Ao

A redução de área é o parâmetro mais sensível à estrutura, entre aqueles obtidos no ensaio
de tração, sendo um bom indicador da qualidade do material.

Módulo de Elasticidade

A inclinação da porção linear inicial da curva tensão - deformação é o módulo de


elasticidade, ou Módulo de Young, E, que é uma medida da rigidez do material. Uma vez
que o modo de elasticidade é necessário para computar deflexões de vigas e outros
componentes, ele é um parâmetro importante para o projeto. O Módulo de Elasticidade é
um dos parâmetros menos sensíveis à estrutura, sendo pouco afetado por adições de
elementos de liga , tratamentos térmicos ou mecânicos. No entanto, varia inversamente com
a temperatura. Alguns valores típicos de E são mostrados na tabela 03.1 a seguir:

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Tabela 03.1 Valores típicos do Módulo de Elasticidade de alguns materiais a diferentes


temperaturas

Material Módulos de Elasticidade E em Kgf/cm2 x 10-4


Temp. 200 º C 425 º C 540 º C 650 º C
Amb.

Aço carbono 210 190 154 133 126


Aço inox austenítico. 196 175 161 154 147
Liga de Titânio 112 98 77 70 -
Liga de Alumínio 70 63 56 - -

Resiliência

A capacidade de um material absorver energia quando deformado elásticamente e retornar


quando descarregado é chamada de resiliência. Normalmente se mede o Módulo de
Resiliência:
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Ur = e / 2E

Esta equação indica que o material ideal para resistir a cargas em aplicações onde o material
não irá sofrer deformações permanentes, como em molas, é aquele que tem elevada e e
baixo E. A tabela 03.2 mostra os valores de módulos de resiliência para vários materiais.

Tabela 03.2 Módulos de Resiliência para vários materiais

Material E, psi σe, psi Ur

Aço médio carbono 30 x 10-6 45.000 33,7


Aço alto carbono molas 30 x 10-6 140.000 320
Duralumínio 10,5 x 10-6 18.000 17
Cobre 16 x 10-6 4.000 5,3
Borracha 150 300 300

Tenacidade

A tenacidade de um material é a sua capacidade de absorver energia na região plástica. Um


maneira de se ver a tenacidade é que ela é representada pela área sob a curva tensão -
deformação. A figura 03.2 mostra curvas típicas para materiais com baixa e elevada
tenacidades.

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Figura 03.2 Comparação entre curvas tensão - deformação para materiais com alta e baixa
tenacidades

Curva tensão verdadeira - deformação verdadeira

A tensão instantânea em um ponto de um material sob carga de tração é dada por:

i = P / Ai

onde A é a área no instante da aplicação da carga P. Temos também:

= ln L/Lo = ln A/Ao

A relação entre a deformação real e a convencional que foi vista anteriormente é:

= ln (e + 1)

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Pode ser demonstrado que:

= P/Ao(e + 1)

A figura 03.3 a seguir compara uma curva tensão -deformação de engenharia com uma
curva tensão - deformação verdadeira.

Figura 03.3 Comparação entre as curvas tensão-deformação de engenharia e verdadeira para


o níquel.

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Efeito da taxa de deformação nas propriedades à tração

À temperatura ambiente, a curva tensão deformação não é muito influenciada por variações
na taxa de deformação em ensaios corriqueiros. Isto muda para temperaturas mais elevadas.
A figura 03.4 mostra estas variações.

Figura 03.4 Efeito da taxa de deformação sobre a resistência à tração do cobre a várias
temperaturas.

Efeito da temperatura sobre as propriedades à tração

Em geral, a resistência diminui e a ductilidade aumenta com a elevação da temperatura.


Todavia, mudanças estruturais como precipitação, encruamento ou recristalização podem
ocorrer em certas faixas de temperatura, alterando este comportamento geral. Além disso,
exposições, por muito tempo, a temperaturas elevadas podem, como já vimos, causar
“creep”. Na figura 03.5 a seguir temos alguns exemplos de como a temperatura afeta
propriedades mecânicas.

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Figura 03.5 (a) Mudanças em curvas tensão deformação para aço carbono e (b) variação de
propriedades à tração de aço com a temperatura.

Efeito de entalhes

O ensaio de tração rotineiro em corpos de prova polidos não são adequados para indicar a
sensibilidade a entalhes nos metais. No entanto, um ensaio de tração com um corpo de
prova com entalhe padronizado mostrará se o material é ou não sensível a entalhes e sujeito
a fratura frágil na presença de concentração de tensões. A figura 03.6 a seguir mostra um
corpo de prova entalhado e curvas sobre a sensibilidade de dois materiais ao entalhe.

Figura 03.6 Corpo de prova com entalhe e comparação entre aços com diferentes
sensibilidades ao entalhe

Revisão 00 Março de 2009

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