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INTRODUÇÃO
Autor é primário e possui papel central no injusto. Partícipe contribui para um fato típico em caráter meramente
secundário, é a figura marginal do acontecer típico, o que se extrai ante a ausência de algum dos elementos que
determinam a autoria do fato.
Art. 29, do CP: Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
culpabilidade. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. §
2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave
INTRODUÇÃO
Domínio da organização foi concebido em meados dos anos 1960. Inserido nos estudos sobre o domínio do fato.
A teoria de domínio da organização surge a partir da noção de que, ao lado da coação e do erro, há outra forma
pela qual o autor pode dominar um acontecimento sem estar presente no momento da execução: a existência de
um aparato organizado de poder que garanta a execução do fato. Responsabilidade do homem de trás.
Quem é o autor mediato? Aquele que tem a alavanca de controle do aparato de poder e, por meio de uma
instrução, pode dar origem a fatos penais, nos quais não importa a individualidade do executante.
DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO
Fungibilidade garante ao homem de trás a execução do fato e lhe permite dominar acontecimentos. Atuante
imediato: substituível; sua decisão não possui qualquer influência nos fatos.
Requisitos da autoria mediata nessa forma de organização: emissão se uma ordem a partir de uma posição de
poder dentro de uma organização verticalmente estruturada e dissociada do direito e a fungibilidade dos
executores.
OBJEÇÕES À TEORIA DO DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO
O homem de trás não possui mais segurança na execução que o instigador, que precisa entregar a decisão ao
autor (Herzberg). Se o encarregado da execução de decidir contra o homicídio de uma pessoa, impede que o
provocador atinja a meta criminosa. Caso atiradores do muro de Berlim.
Resposta: Com isso fica apenas provado que uma autoria mediata pode fracassar e virar uma tentativa. Automatismo
funciona no caso padrão. Pessoas são substituídas. Há mais de uma para a função, etc.
OBJEÇÕES À TEORIA DO DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO
Não haveria a mesma situação fática se, por meio da troca do autor imediato, se executasse a ordem. O domínio
da organização não pode substituir o domínio real.
Resposta: O crime é um fato único (ex. assassinato). Não importa o número dos intermediários empregados. O homem de
trás domina esse fato único, mesmo que não precise dominar o comportamento individual dos autores imediatos, que são
fungíveis.
OBJEÇÕES À TEORIA DO DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO
Domínio da organização não existe em ações não-substituíveis (exigência de conhecimento específico do autor
imediato).
Resposta: Correto. Nesse caso, o que existe é instigação, enquanto o homem de trás abdicar da coação moral.
OBJEÇÕES À TEORIA DO DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO
É inadmissível um autor por trás de outro plenamente responsável. Nesse caso, estar-se-ia diante de hipótese de
coautoria (princípio da autorresponsabilidade).
Resposta: Pressupostos distintos. Domínio da ação v. domínio da organização. Além disso, a coautoria, para Roxin, exige
resolução criminosa comum (a consciência de ser o destinatário de uma ordem não configura objetivo comum) e execução
conjunta do fato. Cooperação substancial na execução. Homem de trás apenas planeja o fato e o provoca. CP alemão divide
“por meio de outrem” e “cometimento conjunto”. Autoria mediata – estrutura vertical. Coautoria- estrutura horizontal.
OBJEÇÕES À TEORIA DO DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO
Resposta: Instigação é mais próxima que coautoria. Assim como na autoria mediata, a instigação apresenta uma estrutura
vertical e consiste na mera provocação de eventos a serem realizados pelas mãos alheias. A diferença decisiva está em que o
instigador não domina a execução do fato. Instigador precisa encontrar um autor. Autor mediato não.
DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO
Hiperextensão da autoria.
Aplicação a associações fora do direito. Dissociação do direito ocorre em crimes praticados pelo Estado, nos
delitos de terrorismo e nos casos de criminalidade organizada.
Uma empresa atua dentro do ordenamento.
Falta fungibilidade dos executores. Espera-se que ordens ilícitas não sejam obedecidas.
Dirigente pode ser um instigador.
Diferente de fomentar, omitir-se ou provocarem os diretores determinado delito. Posição de garante do
empresário o faz autor (CP alemão). Delitos de dever. Inaplicabilidade da teoria.
PARTICIPAÇÃO ATRAVÉS DA ORGANIZAÇÃO (SÁNCHEZ)
Otimização dos interesses de proteção a bens jurídicos às custas da liberdade individual. Resultado seriam
castigos a autores perigosos e não em razão de fatos perigosos.
Em última análise, serviria para amparar intervenções policiais de caráter preventivo em respeito aos delitos-fins
da organização.
PARTICIPAÇÃO ATRAVÉS DA ORGANIZAÇÃO (SÁNCHEZ)
Nas noções de Jakobs, sua legitimidade é pautada por serem fatos que, por si mesmos, infringem normas de
flanqueo (normas que tem por fim garantir as condições de vigência das normas principais da sociedade).
Se o delinquente não proporciona garantia cognitiva alguma sobre sua personalidade, a luta contra o delito se
confunde com a luta contra ele mesmo.
Alternativa insatisfatória. Problema de imputação e não de tipificação.
PARTICIPAÇÃO ATRAVÉS DA ORGANIZAÇÃO (SÁNCHEZ)
Organização criminosa como um sistema social no qual as relações entre as pessoas se dão de forma organizada
por funções, de forma a obter fins ilícitos. Dimensão institucional antissocial. Independente de suas partes.
Para a atribuição de responsabilidade, portanto, deve-se ter em mente (i) o objeto de proteção do Direito Penal
e (ii) a conduta dos sujeitos integrantes desse sistema e outros terceiros que podem com eles interagir.
PARTICIPAÇÃO ATRAVÉS DA ORGANIZAÇÃO (SÁNCHEZ)
Primeira corrente: o injusto de pertencer a uma OC é autônomo, independente da prática de outros delitos
que se possam cometer.Violaria segurança e paz públicas. A entrada de um sujeito na instituição antissocial
deveria ser contemplada no tipo.
Questão: É possível fundamentar a atribuição de responsabilidade penal por tal lesão (paz e segurança pública)
a qualquer um que realize conduta funcional (incluindo mera adesão) naquele sistema?
PARTICIPAÇÃO ATRAVÉS DA ORGANIZAÇÃO (SÁNCHEZ)
Segunda corrente: O pertencimento a OC pode trazer riscos aos bens protegidos pelos delitos específicos cuja
prática constitui fim da organização. Teoria da antecipação: a sanção de fatos vinculados à atividade de
organização criminosa se explica pela antecipação da proteção de bens jurídicos que seriam afetados pelo fim
desta.
Juízo mais convincente que o primeiro. Não nega a dimensão institucional da organização, ao mesmo tempo que é possível
endereçar sua especial periculosidade. Justifica-se a intervenção na OC, eliminando-a, uma vez que esta não respeita bens
jurídicos.
Questão: É preciso que se demonstre que a organização é idônea a atingir seus objetivos ilícitos. A responsabilidade deve
advir dos próprios feitos e não da simples participação na OC.
PARTICIPAÇÃO ATRAVÉS DA ORGANIZAÇÃO (SÁNCHEZ)
A responsabilidade se fundamenta na criação de riscos para os bens jurídicos protegidos nos tipos que definem
os delitos-fim. Isso permite reconduzir a atribuição de responsabilidade pelas regras comuns de imputação,
distanciando-se do direito de exceção, que tende a ser adotado por tribunais e doutrina.
A organização não seria apenas o aparato de domínio pelos diretores sobre os membros subordinados e
fungíveis. Seria também um sistema de acumulação institucionalizada de contribuições individuais favorecedoras
da execução dos crimes-fins.
PARTICIPAÇÃO ATRAVÉS DA ORGANIZAÇÃO (SÁNCHEZ)
1. Modelo da transferência: A sanção se basearia no perigo permanente para a paz e segurança que se atribui à
organização em si, enquanto sistema de distribuição estável e racional de papéis voltados ao cometimento
de número indeterminado de delitos. Mera declaração de pertencimento à OC.
Membro da organização não domina a periculosidade dessa. “todos e cada um dos membros da organização podem ser
responsabilizados pelo estado de coisas perigoso para a paz pública que é a organização, ainda que cada um de seus membros
separadamente não constitua tal perigo para a paz e nem tampouco domine o perigo coletivo”. Membros formais. Condição
de inimigo.
PARTICIPAÇÃO ATRAVÉS DA ORGANIZAÇÃO (SÁNCHEZ)
1. Modelo por fato próprio: indivíduo é responsável pelo próprio comportamento. Não há transferência da
responsabilidade pela periculosidade da organização e não lhe é imputado o estado lesivo das coisas. A cada
membro é imputado sua atividade favorecedora de delitos.
Responsabilidade qualificada por participação segundo regras gerais nos delitos cometidos: Norma qualificadora do
crime previamente imputado, conforme regras gerais de imputação, por este ter sido praticado no bojo de OC.
2. Admite que ações que não possuem caráter de favorecedoras sejam penalizadas, a depender da gravidade dos crimes-
fins praticados pela OC.
CONCLUSÃO DO TEXTO
GRECO, Luís; LEITE, Alaor. O que é e o que não é teoria do domínio do fato. Sobre a distinção entre autor e partícipe no
Direito Penal. In: Autoria como domínio do fato: estudos introdutórios sobre o concurso de pessoas no direito
penal brasileiro. São Paulo: Marcel Pons, 2014.
LEITE, Alaor. Domínio do fato, domínio da organização e responsabilidade por fatos de terceiros. Os conceitos de autor e
partícipe na AP 470 do Supremo Tribunal Federal. In: Autoria como domínio do fato: estudos introdutórios sobre o
concurso de pessoas no direito penal brasileiro. São Paulo: Marcel Pons, 2014.
ROXIN, Claus. Autoria mediata por meio do Domínio da Organização. GA, 1963.
SANCHÉZ, Jesús Maria Silva. La “intervención a través de organización” ¿uma forma moderna de participación em el
delito? Buenos aires: Ed. BdeF, 2008.