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Flexão nominal

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Flexão nominal
Os nomes podem flexionar em género, número e grau.

1. Flexão em género
Em português, há dois valores de género: masculino e feminino.

1.1. Ausência de variação de género


Os nomes que se referem a entidades inanimadas não apresentam, geralmente, variação de género – é-lhes atribu-
ído um género gramatical (masculino ou feminino).
Ex.: a mesa; o livro; a caneta; a chave; a casa; o telefone

1.2. Variação em género – nomes biformes


Os nomes que designam uma entidade animada (uma pessoa ou um animal) são, geralmente, biformes e o valor de
género corresponde, normalmente, a uma distinção de sexo.

1.2.1. Regra geral de formação do feminino


• Substituição do índice temático masculino (terminação) -o, pelo índice temático feminino (terminação) -a
Ex.: menino > menina; amigo > amiga; gato > gata; lobo > loba

Nota: Em alguns destes nomes, a distinção entre masculino e feminino implica também uma diferença do timbre da vogal
tónica.
Ex.: porco (o fechado) > porca (o aberto)

1.2.2. Casos particulares


• Nomes terminados em consoante formam o feminino acrescentando-se -a
Ex.: cantor > cantora; freguês > freguesa; juiz > juíza

• Nomes terminados em -ão formam o feminino dos seguintes modos:


-ã Ex.: campeão > campeã; anão > anã; cidadão > cidadã
-oa Ex.: leitão > leitoa; patrão > patroa; leão > leoa
-ona Ex.: figurão > figurona; solteirão > solteirona
-ana Ex.: sultão > sultana; João > Joana

Nota: Alguns nomes terminados em -ão não seguem esta regra.


Ex.: barão > baronesa; perdigão > perdiz; ladrão > ladra

• Nomes terminados em -tor formam o feminino em -triz


Ex.: ator > atriz

• Nomes terminados em -dor formam o feminino dos seguintes modos:


-triz Ex.: imperador > imperatriz
-dora Ex.: embaixador > embaixadora
-deira Ex.: cantador > cantadeira

Nota: O nome embaixador apresenta duas formas do feminino: embaixatriz designa a esposa do embaixador;
embaixadora designa a mulher que desempenha o cargo.

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• Nomes terminados em -eu formam o feminino em -eia
Ex.: ateu > ateia; plebeu > plebeia

Nota: Alguns nomes terminados em -eu não seguem esta regra.


Ex.: judeu > judia; sandeu > sandia

• Nomes aos quais se acrescentam diferentes sufixos:


-esa Ex.: duque > duquesa
-essa Ex.: conde > condessa
-ina Ex.: maestro > maestrina
-inha Ex.: galo > galinha
-isa Ex.: profeta > profetisa

• Nomes que formam o feminino com alterações significativas do masculino


Ex.: rei > rainha; ilhéu > ilhoa; rapaz > rapariga; frade > freira
réu > ré; grou > grua; perdigão > perdiz

• Nomes que formam o feminino através de palavras de radicais diferentes


Ex.: homem > mulher; pai > mãe; genro > nora; boi > vaca
bode > cabra; cavalo > égua; carneiro > ovelha

1.3. Variação em género – nomes uniformes


• Nomes epicenos são nomes que designam animais e que têm a mesma forma para ambos os sexos, distinguindo-­
‑se pela adição das palavras “-macho“ e ”-fêmea“.
Ex.: águia-macho > águia-fêmea; crocodilo-macho > crocodilo-fêmea

• Nomes comuns de dois são nomes que apresentam uma única forma para o masculino e o feminino e cuja
distinção de género se marca pelos determinantes ou quantificadores que os precedem.
Ex.: o/a artista; o/a colega; o/a gerente; o/a jornalista

• Nomes sobrecomuns são nomes que têm apenas um género gramatical, quer designem pessoas do sexo
masculino ou do sexo feminino.
Ex.: a pessoa; a vítima; a criança; o cônjuge; o indivíduo

1.4. Variação em género – nomes compostos


• Nos nomes compostos por nomes ou por nomes e adjetivos em que cada elemento tem o mesmo valor para
o significado final do composto, a flexão em género ocorre em todos os elementos.
Ex.: autor-compositor > autora-compositora
médico-cirurgião > médica-cirurgiã

• Nos nomes compostos por nomes ou por nomes e adjetivos em que o segundo elemento determina o pri-
meiro, a flexão em género atinge apenas o primeiro elemento.
Ex.: aluno-modelo > aluna-modelo
homem-aranha > mulher-aranha

• Nos nomes compostos por uma forma verbal e um nome ou adjetivo, a distinção de género marca-se pelos
determinantes ou quantificadores precedentes.
Ex.: o porta-voz > a porta-voz
este limpa-chaminés > esta limpa-chaminés

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1.5. Variação em género – particularidades
• A marca de género gramatical distingue palavras de significado completamente
diferente
Ex.: o banho ≠ a banha; o selo ≠ a sela; o cavalo ≠ a cavala
o prato ≠ a prata; o tesouro ≠ a tesoura; o lixo ≠ a lixa

• A marca de género gramatical estabelece uma diferença de forma ou de grandeza


Ex.: o casaco ≠ a casaca; o saco ≠ a saca; o jarro ≠ a jarra
o rio ≠ a ria; o cesto ≠ a cesta; o barco ≠ a barca

• A marca de género gramatical estabelece uma diferença de quantidade (o masculino representa algo individual
e o feminino o conjunto/algo coletivo)
Ex.: o fruto ≠ a fruta; o ramo ≠ a rama

2. Flexão em número
Em português, há dois valores de número: singular e plural.

2.1. Variação em número – nomes biformes


A maior parte dos nomes do português são biformes, apresentando, por isso, uma forma para o singular e outra
para o plural.

2.1.1. Regra geral de formação do plural

• Nomes terminados em vogal ou ditongo formam o plural acrescentando-se -s


Ex.: menino > meninos; peru > perus
pai > pais; mãe > mães

Nota 1: Em alguns destes nomes, a distinção entre singular e plural implica também uma diferença do timbre da vogal
tónica: o o fechado (ô) passa a o aberto (ó).
Ex.: jogo (ô) > jogos (ó);
corvo (ô) > corvos (ó)
Nota 2: Quando alguns destes nomes têm a vogal ou ditongo nasais em posição final formados com um -m, o plural é for-
mado seguindo a mesma regra, mas há uma adaptação gráfica: o -m passa a -n.
Ex.: jardim > jardins
homem > homens

• Nomes terminados em consoante formam o plural acrescentando-se -es


Ex.: mar > mares; rapaz > rapazes; país > países; abdómen > abdómenes

Nota: Em alguns destes nomes, o plural é formado seguindo a mesma regra, mas há uma deslocação do acento tónico.
Ex.: carácter > caracteres;
júnior > juniores

2.1.2. Casos particulares

• Nomes terminados em -ão formam o plural dos seguintes modos:


-s Ex.: mão > mãos; irmão > irmãos; cidadão > cidadãos
-ões Ex.: leitão > leitões; patrão > patrões; leão > leões
-ães Ex.: pão > pães; capitão > capitães; cão > cães

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Nota: Há alguns nomes que apresentam oscilação entre mais do que uma
forma de plural, sendo possível a utilização de qualquer uma delas.
Ex.: aldeão > aldeões / aldeães
guardião > guardiões / guardiães

• Nomes terminados em -al, -ol, -ul formam o plural, respetivamente, dos seguintes modos:
-ais Ex.: jornal > jornais; estendal > estendais
-óis Ex.: lençol > lençóis; anzol > anzóis
-uis Ex.: paul > pauis; jambul > jambuis

Nota: Os nomes mal e cônsul mantêm o -l final e formam o plural seguindo a regra dos nomes terminados em consoante.
Ex.: mal-males; cônsul-cônsules

• Nomes terminados em -el formam o plural dos seguintes modos:


-éis se a terminação -el for tónica Ex.: papel > papéis
-eis se a terminação -el for átona Ex.: móvel > móveis

• Nomes terminados em -il formam o plural dos seguintes modos:


-is se a terminação -il for tónica Ex.: funil > funis
-eis se a terminação -il for átona Ex.: fóssil > fósseis

• Nomes no grau diminutivo terminados em -zito ou -zinho formam o plural da seguinte forma: flexiona-se o
nome de base no plural, retirando-se o -s final e, depois, flexiona-se também o sufixo (-zito ou -zinho) no
plural.
-zito Ex.: cãozito > cãezitos
-zinho Ex.: leãozinho > leõezinhos

2.2. Variação em número – nomes uniformes


• Há nomes que apresentam uma única forma para o singular e para o plural, cuja distinção em número é
marcada pelos determinantes ou quantificadores que os precedem.
Ex.: o/os lápis; o/os oásis; a/as bílis

2.3. Variação em número – nomes compostos


• Nos nomes compostos por nomes ou por nomes e adjetivos em que cada elemento tem o mesmo valor para
o significado final do composto, a flexão em número ocorre em todos os elementos.
Ex.: autor-compositor > autores-compositores
médico-cirurgião > médicos-cirurgiões

• Nos nomes compostos por nomes ou por nomes e adjetivos em que o segundo elemento determina o pri-
meiro, a flexão em número atinge apenas o primeiro elemento.
Ex.: aluno-modelo > alunos-modelo
homem-aranha > homens-aranha

• Nos nomes compostos por uma forma verbal e um nome ou adjetivo, a distinção de número marca-se ou pela
flexão do segundo elemento, ou pelos determinantes ou quantificadores precedentes.
Ex.: porta-voz > porta-vozes
o limpa-chaminés > os limpa-chaminés

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• Nos nomes constituídos por dois nomes ligados por preposição, a distinção
de número marca-se pela flexão do primeiro elemento.
Ex.: ervilha-de-cheiro > ervilhas-de-cheiro
estrela-do-mar > estrelas-do-mar

2.4. Variação em número – particularidades


• Há nomes que apresentam significado diferente no singular e no plural
Ex.: costa > costas; miolo > miolos
féria > férias; erva > ervas

• Há nomes que só se utilizam no singular


Ex.: o ouro; o leite; o sul; o oxigénio
a medicina; a ignorância; a gula

• Há nomes que só se utilizam no plural


Ex.: as cãs; os arredores; as núpcias; as cócegas;
as olheiras; as condolências; as ameias

3. Flexão em grau
Os nomes apresentam variação nos graus diminutivo e aumentativo.

3.1. Grau diminutivo


• Pode indicar uma diminuição de tamanho (pequenez)
Ex.: gato > gatinho; porta > portinha

• Pode veicular um valor afetivo, apreciativo


Ex.: boca > boquinha; amor > amorzinho

• Pode veicular uma ideia de ironia ou desprezo (valor depreciativo)


Ex.: livro > livreco; criado > criadito

3.2. Grau aumentativo


• Pode indicar um aumento de tamanho (grandeza)
Ex.: gato > gatarrão; porta > portão

• Pode veicular um valor depreciativo


Ex.: boca > bocarra; nariz > narigão

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