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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL

Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para o Abastecimento


da Cidade de Chimoio (Ara-Centro)

Licenciatura em Engenharia Rural com Especialização em Água e Saneamento

Autor:
Edson Subtil da Costa

Vilankulo, Junho de 2016


Edson Subtil da Costa

Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para o Abastecimento


da Cidade de Chimoio (Ara-Centro)

Trabalho de Culminação de Curso apresentado


ao Departamento de Engenharia Rural da
Universidade Eduardo Mondlane – Escola
Superior de Desenvolvimento Rural para a
obtenção do grau de Licenciatura em Engenharia
Rural com Especialização em Água e
Saneamento.

Supervisor :
dr. Edgar José do Rosário Inácio Faria, MSc

UEM - ESUDER
Vilankulo
2016
DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Edson Subtil da Costa, estudante da Escola Superior de Desenvolvimento Rural-


Vilankulo, declaro por minha honra a verdade sobre a originalidade do presente trabalho de
Licenciatura em Engenharia Rural com especialização em Água e Saneamento que, foi por
mim elaborado de acordo com a metodologia descrita e com base nas referências
bibliográficas mencionadas no trabalho.

Vilankulo, ___ de Junho de 2016

____________________________

(Edson Subtil da Costa)

I
DEDICATÓRIA

Dedico esta pesquisa em memória dos meus pais Arcanjo Teles Domingos Ferreira da Costa e de
Elisa de Magalhães Subtil pelos ensinamentos, força, dedicação e proteção que me concederam
ainda eles em vida.

Dedico também as minhas irmãs, Catia por se fazer mãe, pela força, pelos conselhos, por se
disponibilizar quando mais eu necessitava, mana meu muito obrigado eu te amo muito, a mana
Sandra e Nucha por estarei comigo pra tudo e por tudo, manas não existem palavras suficientes
para expressar a minha gratidão meu muito obrigado, aos meus irmãos Lito, Deco e Ní meu
muito obrigado.

Aos meus pais na fé, o Bispo Inocêncio Varine e a sua esposa Chandinha, pais meu muito
obrigado pelas orações, pelos conselhos, pela força e por me considerarei como um filho, vos
amo beijos.

II
AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus todo-poderoso o Alfa e o Ómega, o princípio e o derradeiro pela vida, saúde,
família, graça, misericórdia, sabedoria, longanimidade, benignidade, amor e bondade, dando-me
todos os dias o espirito de um vencedor.

A toda minha família, meu pai Arcanjo da Costa (em memoria), a minha mãe Elisa Subtil (em
memoria), aos meus irmãos, em especial a mana Catia que em tudo incondicionalmente fez-se
mãe me concedendo tudo que precisa-se durante o percurso académico, muito obrigado mana por
tudo. Que Deus ricamente te abençoe, não esquecendo da mana Sandra, Nucha, Lito, Deco, Ní e
aos meus amados pequenininhos, Ivan, Adlaide, Chelcia, Lionel e Sandro meu muito obrigado
maninhos.

À Universidade Eduardo Mondlane, em especial à Escola Superior de Desenvolvimento Rural


e a todo corpo docente pela formação profissional no curso de Engenharia Rural
(Especialização em Água e Saneamento).

Ao meu Supervisor, Mestre Edgar Faria, pela atenção, esclarecimentos e ensinamentos durante
a elaboração do Trabalho.

Aos meus tios, Luís (em memoria), Laurindo, Arnaldo, Tininha e Gina meu muito obrigado.

Aos meus pastores, Inocêncio, Chanda, Madalena, Iria meu muito obrigado pela orações,
conselhos, força e todo fortalecimento na fé.

À toda equipe técnica da Ara-Centro do Chimoio, não esquecendo ao Diretor Omar, meu
muito obrigado pelo auxílio e conhecimentos adquiridos no período do estágio.

À toda minha turma de 2012 de Engenharia Rural, em particular a água e saneamento (Gildo,
Fidel, Cambula, Hamilton, Jaime, Ernesto, Hélio e não esquecendo o meu grande amigo de
trincheira Agusto.

Aos meus grandes amigos, Engenheira Mirene muito obrigado pelo tempo, dedicação e
disponibilidade em discutir comigo a pesquisa, Eng.Tambo muito obrigado pela estadia.

A todos vocês o meu MUITO OBRIGADO

III
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ABREVIATURAS

Abr – Abril

Ago – Agosto

Dez – Dezembro

Fev – Fevereiro

Jul – Julho

Jun – Junho

Mai – Maio

Mar – Março

Nov – Novembro

Out – Outubro

Jan – Janeiro

SAA - Sistema de Abastecimento de Água

Set – Setembro

SIGLAS

ADASA – Agência Reguladora de Águas, Energia e Saniamento

ANA - Agencia Nacional de Águas

ARA-CENTRO - Administração Regional das Águas de Centro

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CONSULTEC – Consultoria em Projetos Educacionais e Concursos

DDI - Departamento para o Desenvolvimento Internacional

DFID – Department for International Development

IV
Dnaee - Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

Eco-92 – Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e o Desenvolvimento

E.D.M – Eletricidade de Moçambique

EGIRH - Estratégia Conjunta de Gestão Integrada de Recursos Hídricos

FAOSTAT – Food and Agriculture Organization of the United Nations

FIPAG - Fundo do Investimento e Património de Abastecimento de Água

SÍMBOLOS

IP – Índice de perdas de água

l/hab/dia - Litro por habitante por dia

m3/ano - Metros cúbicos por ano

m3/dia - Metros cúbicos por dia

m3/hab/ano – Metros cúbicos por habitante por ano

m3 - Metros cúbicos

mm - Milímetros

– Milhões de metros cúbicos

m3/s – Metros cúbicos por segundo

% - Percentagem

Q90 - Vazão mínima de permanência

V
LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS

Figuras

Figura no 1 Ciclo hidrológico……………………………………………………………………...6


Figura no 2 Sistema de abastecimento de água………………………………………………….13
Figura no 3: Mapa da Bacia do Búzi……………………………………………………………..17
Figura no 4: Barragem de Chicamba……………………………………………………………..19

Figura no 5: Fluxograma de actividades………………………………………………………….18


Figura no 6 : desvio de água para consumo domestico………………………………….…..…...38

Figura no 7: perdas de água para consumo domestico………………….……………………..…39

Gráficos

Gráfico no 1: Curva de Permanência………………………………………………………………7


Gráfico no 2: Curva de Permanência da Estação de Chicamba (E256)…………………….....…29
Gráfico no 3: gráfico de precipitação………………………………………………………….....30
Gráfico no 4: gráfico da demanda hídrica da FIPAG………………………………………….....31
Gráfico no 5: gráfico da demanda domestica actual e futura………………..…………………...33
Gráfico no 6: gráfico da demanda de água para abeberamento de gado…………………….…...34
Gráfico no 7 : gráfico da demanda de água para agricultura…………………………….…….....35
Gráfico no 8 : Demanda hídrica actual……………………………………………………….…..36

Gráfico no 9 : Demanda actual, futura e a disponibilidade hídrica………………………………37

Gráfico no 7 : Relação entre volume captado e distribuído…………………………….……......42

Gráfico no 8 : Índice de perdas de água para consumo…………………………….………….....43


Gráfico no 9 : Índice de satisfação da quantidade e qualidade de água abastecida pela
FIPAG……………………………………………………………………….……………….…..44

Tabelas

VI
Tabela no 3 : Análise da qualidade da água bruta da bacia de Búzi………………...……………38

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice no 1: Bacia de Búzi.

Apêndice no 2: Curva de Permanência da Estação Hidrométrica de Manica (E 277).

Apêndice no 3 : Curva de Permanência da Estação Hidrométrica de Mavuzi (E 699).

Apêndice no 4: Demanda actuais da bacia.

Apêndice no 5 : Demandas futuras da bacia

Apêndice no 6: Demandas anuais da FIPAG ( m3/s).

Apêndice no 7: Falta de manutenção da adutora de abastecimento de água.

Apêndice no 8: Relaçao de volume capatado e destribuido (m³) em relaçao a indice de perda (%).

Apêndice no 9: Entrevista por via inquerito aos funcionarios da FIPAG e aos seus clientes.

LISTA DE ANEXOS

Anexo nº 1: Vazão (m3/s) Extraida na Estação Hidrométrica de Manica (E277).

Anexo nº 2: Vazão (m3/s) Extraida na Estação Hidrométrica de Chicamba (E256).

Anexo nº 3: Vazão (m3/s) Extraida na Estação Hidrométrica de Mavuzi (E699).

Anexo nº 5: Precipitaçao na bacia de Búzi.

Anexo no 6 : Volumes anuais da FIPAG (m3).

Anexo no 7 : Parâmetros de qualidade de água para consumo domestico .

VII
GLOSSÁRIO

Usos consumptivos – é quando durante o e retirada uma determinada quantidade dos


mananciais e depois de utilizada uma quantidade menor ou com qualidade inferior e devolvida
ou seja parte da água retirada e consumida durante seu uso.

Água potável é a água que pode ser consumida por pessoas e animais que não possui
substâncias tóxicas sem riscos de adquirir doenças através dela.

Vazão é a quantidade de líquido que passa uma dada área dentro de um determinado período de
tempo.

Censo populacional é o conjunto de dados estatísticos que informa diferentes características


dos habitantes de uma cidade, um estado ou uma nação.

Consumo per capita é o volume de água diário, requerido por indivíduo.

Pressão é a relação entre uma determinada força e sua área de distribuição.

Reservatório é um recipiente destinado a armazenar fluidos à pressão atmosférica e as pressões


superiores à atmosférica.

Sistema de abastecimento de água é o serviço público constituído de um conjunto de sistemas


hidráulicos e instalações responsáveis pelo suprimento de água para atendimento das
necessidades da população de uma comunidade.

Riólitos rochas de composição química equivalente a dos granitos.

Basalto rocha vulcânica.

Calotas polares – região de latitudes elevadas de um planeta, centrada na região polar que
esta coberta de gela.

Usos antropogénicos usos derivados de actividades humanas como, lançamento de resíduos


químicos, biológicos, etc.

Água bruta a água inicial que é retirada da bacia,lago,rio, sem nenhum tratamento.

VIII
RESUMO

A disponibilidade hídrica pode ser entendida como o total da vazão, na medida em que uma parte
é utilizada pela sociedade para o seu desenvolvimento e uma parte é mantida na bacia para a sua
conservação da integridade do seu sistema ambiental, bem como para a tender aos usos que não
necessitam de extrair ou derivar de um curso natural, como a navegação e a recriação. A pesquisa
foi realizada na cidade de Chimoio, na ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DAS ÁGUAS DO
CENTRO. O foco primordial deste trabalho tem como avaliar a disponibilidade hídrica na bacia
de búzi para abastecimento da cidade de Chimoio, analisar a qualidade de água bruta abastecida e
suas respetivas demandas e por fim identificar os seus principais problemas de abastecimento.
Para alcançar os objectivos traçados foram selecionados alguns métodos, a disponibilidade
hídrica foi estimada usando a curva de permanência, encontramos como a vazão mínima (Q90) de
2,74 m3/s atendendo suficiente as suas demandas com 2,65m3/s. Mas de salientar que a
disponibilidade da água futuramente estará comprometida na bacia de búzi, pois a sua demanda
passara a ser de 5,8 m3/s e a bacia não terá água suficiente para abastecer a cidade de Chimoio,
tendo como actividade de gerenciamento indispensável para os seus usos futuros. Quanto a
qualidade da água bruta da bacia de búzi foram usados equipamentos tais como, peagâmetro para
a indicação do Ph, turbidímetro para a indicação do grau da turbidez, espectrofotometria para a
determinação de nitratos, nitritos e arsénio. A qualidade da água da bacia esta comprometida,
tendo como a turbidez, cálcio e a cor fora dos parâmetros estabelecidos pelo MINISTÉRIO DA
SAÚDE. Não se aconselha o seu consumo sem que se passe pelos processos de tratamento de
água. A cidade de Chimoio se verifica em grandes problemas de abastecimento de água, tendo-se
deparado com roubos ou desvio dos tubos, abastecimento não regular, sistemas de abastecimento
em condições alarmantes, com tudo 57% da população sente-se satisfeita pelos serviços
fornecidos pela FIPAG e 43% sentem-se insatisfeitas, pois ainda existem obstáculos travados
pela FIPAG para as suas satisfações.

Palavras-chaves: demanda hídrica, vazão mínima, qualidade de água, sistema de abastecimento


de água.

IX
Índice
1.Introdução…………………………………………………………………………………….....1
1.1.Problematização……………………………………………..……………………………...2
1.2.Justificativa…………………………………………………………………………….…...3
2.Objectivos…………………………………………………..…………………………………...4
2.1.Geral………………………………………………………….…………………………..…4
2.2.Específicos………………………………………………..……………………………..….4
3.Revisão da literatura………………………….…………………………………………….…...5
3.1. Ciclo hidrológico…………………………………………………………………………..5
3.1.1 Bacia hidrográfica…………………………………….………………………………..6
3.2. Disponibilidade hídrica………...……………………………………………………….…6
3.2.1 Curva de permanência……………………………………………….…………………6
3.2.2. Demanda de água……………………………………………………………………...7
4. Análise da qualidade de água bruta………………….……………………………….………...9
4.1. Características Físicas…………………………………………………………….…...….10
4.1.1. Características Químicas……………………………………………………………..11
4.2. Características Micro Biológicas………………………………………………………....12
5. Sistema de abastecimento de água……………………………………...……………………..12
5.1. Principais problemas de abastecimento de água……………………………………….…16
5.1.1. Importância do sistema de abastecimento de água………………….………………..16
6. METODOLOGIA………………………………………………………………………….….17
6.1. Descrição da área de estudo………………..……………………………………………..17
6.1.1. Infra-estrutura de abastecimento de água da cidade de Chimoio…………………...…..19
6.2. Descrição do fluxograma……..…………………………………………………………..21
6.2.1. Cálculo da disponibilidade hídrica da bacia…………………...……………………..22
6.2.2. Estimativa de número de habitantes da cidade de Chimoio………………………….23
6.3. Cálculo da demanda actual de água para consumo domestico…………………..………..23
6.3.1. Cálculo da demanda de água para uso agrícola………………………...…………….25
6.3.2. Cálculo da demanda futura de água para o consumo domestico..................................25
6.4. Análise de qualidade de água bruta……………………………………………………….26
6.5. Principais problemas de abastecimento de água.................................................................26
6.5.1 Cálculos de Índice de perdas do sistema do abastecimento………………………..…27
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO………………………………...………………………..….28
7.1. Análise da disponibilidade hídrica e demanda hídrica na bacia…………………….…....28
7.1.1. Disponibilidade hídrica usando curva de permanência………………………….…..28
7.2. Influencia da precipitação na bacia hidrográfica de Búzi…………………………...…30
7.2.1. Análise da demanda actual e futura de água para consumo domestico…….………..31
7.2.2. Demanda de água para abeberamento de gado, bovino, suíno e caprino………..…..33
7.2.3. Demanda de água para agricultura……………………………………………….…..35
7.3. Análise da qualidade de água bruta…………………………………….………………...38
7.4. Principais problemas de abastecimento de água na Cidade de Chimoio………………..39

7.4.1. Índice de satisfação da população pelos serviços da FIPAG……..……………….…44


8. Conclusão…………………………………………………………………………………...45
8.1. Recomendações………………………………………………………………..…….....46
Referências Bibliográficas………………………..………………………………………..…48

Apêndices e anexos …………………..……………………………………………………....53


Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para Abastecimento da Cidade de Chimoio

1.Introdução
O acesso a água potável é um dos indicadores do desenvolvimento de uma determinada
região ou país, visto que é com base nela que a prevalência da vida se mantém, como é o caso do
uso da água para vários fins partindo desde o consumo doméstico, uso na agricultura e para
outros meios subjacentes. A preocupação com a qualidade da água é relativamente recente
(BRANCO, 2006).

Os projectos mais antigos de aproveitamento de recursos hídricos abordavam com maior


ênfase os aspectos quantitativos, procurando garantir as vazões necessárias aos diversos usos
previstos para os mesmos. Ressalta-se que os projectos actuais consideram de forma integrada os
aspectos relacionados com a quantidade necessária e a qualidade desejada para os usos múltiplos
dos recursos hídricos (BRANCO, 2006).

O crescimento da população e a melhoria da renda das pessoas acarretam o aumento


contínuo do consumo de água e das derivações para irrigação e para uso industrial, doméstico e
urbano. Nos países desenvolvidos, o consumo vem-se estabilizando, mas continua a se elevar nos
países em desenvolvimento, onde se concentra a maior parte do crescimento populacional e há
muito o que se fazer para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Estima-se que a demanda de
água para usos industriais e domésticos, que representam menor parcela de consumo, cresça mais
rápido do que a demanda para irrigação (JÚNIOR, 2004).

De acordo com REBOUÇAS (2004), a revolução industrial gerou um grande aumento


na produção de vários tipos de bens. Entretanto provocou inúmeras mudanças no estilo de vida
das pessoas, as actividades humanas foram cada vez mais diversificadas, consequentemente
houve um crescimento desordenado da demanda hídrica, influenciando negativamente no que
concerne á disponibilidade hídrica.

A bacia de Búzi possui vários usuários, nomeadamente a FIPAG, abeberamento de


gados, agricultores e a população em volta da bacia. Entretanto a avaliação da disponibilidade
hídrica da bacia é fundamental, para que não se comprometa os usos consumptivos actuais e a
vazão mínima Q90 e se faça um planejamento em relação ao atendimento futuro para o
abastecimento da cidade de Chimoio.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 1


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1.1.Problematização
Nos últimos anos, tem-se verificado um crescimento rápido da população, aumentando na
demanda pela água potável que é um bem que se encontra cada vez mas em escassez devido as
diversas condições precárias no que concerne a quantidade e a qualidade de água fornecida pelos
sistemas de abastecimento, os mananciais utilizados para abastecimento de água tornam-se
insuficientes devido ao aumento da demanda populacional, industrial, agrícola etc. Ou tem sua
qualidade comprometida e existe a preocupação em abastecer as populações com água de
qualidade e aceitável e em quantidades suficientes.

As ofertas limitadas, bem como a falta de conservação e de práticas de gestão da demanda


resultam sobre exploração de águas superficiais e subterrâneas, a falta de prática da gestão da
demanda tem recentemente levado ao surgimento de conflitos entre os usos naturais e usos
antropogénicos, (ESTRATEGIA CONJUNTA DE GESTAO INTEGRADA DOS RECURSOS
HIDRICOS, 2005).

A quantidade de sedimento suspenso faz com que a água seja imprópria para consumo,
lavagem e irrigação, escondendo a fauna aquática, impedindo a fotossíntese e afectando a
população de peixes existentes. O potencial de águas subterrâneas na bacia hidrográfica do Búzi é
limitado e não poderá satisfazer a procura elevada dos centros urbanos ou periferias urbanas. No
entanto, as águas subterrâneas têm um papel muito importante no fornecimento de água às
comunidades rurais na região da bacia de Búzi. Pois, não há uma boa correlação entre as
demandas e a disponibilidade de água superficial nesta bacia hidrográfica.

Com base nesta situação descrita acima surge a seguinte pergunta de partida: Até que
ponto o caudal da bacia de Búzi tem capacidade de abastecer a Cidade de Chimoio em
quantidade e qualidade suficiente.

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1.2.Justificativa
Para a gestão adequada dos recursos hídricos, visando fundamentalmente propiciar a
utilização racional das águas disponíveis, reduzir os conflitos advindos do seu uso múltiplo e
subsidiar o planejamento de políticas públicas, é fundamental conhecer as disponibilidades
hídricas da região ou da bacia hidrográfica.

Ressalta-se que os conflitos de usos naturais e usos antropogénicos dos recursos hídricos na
bacia de Búzi, principalmente pela escassez tendem a aumentar no futuro. Estes conflitos poderão
ser amenizados sempre que a gestão da água considerar a bacia hidrográfica como unidade de
planejamento, e a distribuição da água puder ser acordada entre os próprios usuários. O
desenvolvimento industrial e o crescimento desordenado da densidade populacional do Chimoio
intensificam a estes conflitos (EGIRH, 2005).

Destaca-se que também existem conflitos devido a disponibilidade qualitativa, por causa da
poluição hídrica devido aos lançamentos de efluentes e resíduos nocivos na bacia de Búzi. Existe
um aspecto vicioso nestes conflitos, pois o consumo excessivo de água reduz a vazão de estiagem
deteriorando a qualidade das águas, comprometidas pelo lançamento de poluentes. Esta
deterioração torna a água ainda mais imprópria para o consumo (ESTRATEGIA NACIONAL
DE GESTAO DE RECURSOS HIDRICOS, 2007).

Para minimizar as consequências deste quadro devastador, é necessário definir todo um


conjunto de ações e estratégias coordenadas, de modo a melhorar as capacidades do controlo da
quantidade e qualidade da água retirada para fins de usos energéticos, industriais, agrícolas e para
pastagens de animais, atendendo que são os sectores que consomem mais água.

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2.Objectivos

2.1.Geral
 Avaliar a disponibilidade hídrica na bacia de Búzi para abastecimento da cidade de
Chimoio.

2.2.Específicos
 Analisar a disponibilidade hídrica usando a curva de permanência (Q90).
 Analisar a demanda de água da bacia.
 Identificar os principais problemas de abastecimento de água na cidade de Chimoio.

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3.Revisão da literatura
Para dar melhor compreensão a cerca do conteúdo do presente trabalho, importa-nos antes
de tudo, debruçarmo-nos a cerca de alguns conceitos e definições que serão referenciados ao
longo do texto inerentes a disponibilidade hídrica e as metodologias das suas avaliações.

3.1. Ciclo hidrológico


A água, existente praticamente em todo o planeta, na atmosfera, na superfície dos
continentes, nos mares, oceanos e subsolo, encontra-se, nos seus diferentes estados físicos, em
permanente circulação, desenvolvendo um processo denominado ciclo hidrológico, ele não têm
início e nem fim, mas tem se adotado o inicio pela evaporação nos oceanos. O vapor resultante é
transportado em massa de ar que, sob certas condições de pressão e temperatura, condensa
formando nuvens que dão origem às chuvas vide figura no 1 abaixo (SANTOS et al, 2001).

Figura no 1 Ciclo hidrológico

Fonte: (DNAEE, 2001)

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3.1.1 Bacia hidrográfica


Segundo VAN DER ZAAG (2007), bacia hidrográfica é uma área definida
topograficamente, drenada por um curso de água ou por um sistema interligado de cursos de
água, tal que, todos os caudais efluentes sejam descarregados através de uma única secção de
referência da bacia. Por outro lado o sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio
principal e seus tributários.

3.2. Disponibilidade hídrica


Em uma política participativa e sustentável de recursos hídricos, os factores hidrológicos e
ecológicos crescem em importância com relação aos tradicionais factores administrativos,
económicos e políticos, sob esta óptica o conceito da disponibilidade hídrica é uma das muitas
variáveis a serem consideradas nas actividades de gerenciamento de recursos hídricos (BULLER,
1996).

Disponibilidade hídrica pode ser entendida como o total desta vazão, a medida que uma
parte é utilizada pela sociedade para o seu desenvolvimento e uma parte é mantida na bacia para a
sua conservação da integridade do seu sistema ambiental, bem como para atender a usos que não
necessitam extrair ou derivar de um curso natural, como a navegação e recriação. Estas vazões na
literatura da língua inglesa, são chamadas de “instream flow” (KRAMER, 1998). Mas segundo
CRUZ & TUCCI (2008), a disponibilidade hídrica é a vazão que pode ser utilizada nas diversas
actividades de consumo e desenvolvimento da sociedade, sem que para isto ocorra o
comprometimento da demanda ecológica. No entanto no que concerne a disponibilidade hídrica
existe uma correlação de ideias dos dois autores.

3.2.1. Curva de permanência


A curva de permanência é uma variação do diagrama de frequências relativas acumuladas,
na qual a frequência de não superação é substituída pela percentagem de um intervalo de tempo
específico em que o valor da variável, indicado em abscissas, foi igualado ou superado. Em
hidrologia, a curva de permanência é muito usada para ilustrar o padrão de variação de vazões,
em particular, é frequente o emprego da curva de permanência de vazões para o planejamento e
projeto de sistemas de recursos hídricos (NAGHETTINI, 2014). De acordo com SEARCY, citado
por FARIA (2012) a curva de permanência fornece uma visão geral das características duma
bacia hidrográfica com objetivo principal de compará-las às outras bacias quanto às análises de
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viabilidade no uso e controle da disponibilidade hídrica, o gráfico a baixo ilustra o exemplo de


uma curva de permanência.

Gráfico no 1 Curva de permanência

Fonte: (UFMG)

3.2.2. Demanda de água


A demanda de água corresponde à vazão de retirada, ou seja, a água captada destinada a
atender os diversos usos consumptivos (AGENCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2009).

Mas de acordo com o DEPARTAMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO


INTERNACIONAL (DDI, 2003), a demanda de água é definida como o volume de água
requerido pelos usuários para satisfazer as suas necessidades, ou o número de pessoas que podem
utilizar água se tiver acessibilidade.

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Actualmente, o volume de água retirado da natureza pelo homem é da ordem de 3.500 km3
por ano, quase o dobro da média de vazão de todos os cursos de água da Terra. Isto só é possível
em decorrência do ciclo hidrológico, o qual renova por cerca de vinte vezes ao ano a água doce
dos corpos hídricos (rios, lagos, lençóis subterrâneos, etc.), (JUNIOR, 2004).

O crescimento da população e a melhoria da renda das pessoas acarretam o aumento


contínuo do consumo de água e das derivações para irrigação e para uso industrial, doméstico e
urbano. Nos países desenvolvidos, o consumo vem-se estabilizando, mas continua a se elevar nos
países em desenvolvimento, onde se concentra a maior parte do crescimento populacional e há
muito o que se fazer para melhorar a qualidade de vida das pessoas, estima-se que a demanda de
água para usos industriais e domésticos, que representam menor parcela de consumo, cresça mais
rápido do que a demanda para irrigação. No entanto verificamos vários tipos de demandas em
contorno da disponibilidade hídrica (JUNIOR, 2004).

Demanda social - A preocupação com o aumento da demanda e a carência de recursos


hídricos, no contexto da sustentabilidade ambiental discutida na conferência das nações unidas
sobre o meio ambiente e o desenvolvimento (Eco-92) gerou a necessidade de definir critérios e
parâmetros de avaliação da disponibilidade hídrica de uma região ou pais, de forma a hierarquizar
as demandas e disponibilidade regionais e subsidiar as políticas públicas de gestão dos recursos
hídricos e de desenvolvimento social (VAN DER ZAAG, 2000).

A demanda industrial da água decorre de seu aproveitamento para arrefecimento de


processos com geração de calor, como fonte de energia hidráulica ou para geração de vapor com
altas pressões, objectivando a geração de energia eléctrica, como elemento de desagregação ou
diluição de partículas minerais, como insumo de processo industrial e finalmente como meio
fluido para transporte (PEREIRA, 2005).

Demanda de água na agricultura o sector agrícola é o sector que mais consome água, pois as
chuvas nem sempre são suficientes para suprir a umidade necessária para a produção agrícola, a
alternativa para os produtores é a irrigação uma actividade que consome mais de dois terços de
água doce utilizada no planeta. Se isso não ocorre a planta não se desenvolve e pode morrer ou

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ficar pequena, diminuindo a quantidade de graus produzidos. A irrigação é a garantia de


produtividade agrícola, independente da pluviosidade de um determinado ano (TUCCI &
MENDES, 2006). De acordo com TINDIZI, (2008), a demanda mundial para produção de
alimentos aumenta progressivamente a taxas muito altas, atualmente a maioria dos países,
continentes e regiões, a água consumida na agricultura é cerca de 70% da disponibilidade total,
no entanto segundo os autores citados acima, percebe-se que há uma enorme necessidade de
redução de uso intensivo de água no sector agrícola, com a introdução de tecnologias adequadas,
eliminação de desperdícios e introdução de reúso e reciclagem.

A demanda de água pecuária ocorrem em estabelecimentos rurais, podendo determinar a


implantação de pequenos sistemas de abastecimento com nenhum ou com sistema de tratamento
simplificado (PEREIRA, 2005). De acordo com NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC,
2007), a exposição do animal a elevadas temperaturas do ar afeta a utilização da água de duas
maneiras, a primeira pela redução no consumo de alimentos e a segunda pela estimulação
positiva dos mecanismos fisiológicos de resfriamento evaporativo e cutâneo.
Outro fator importante na determinação da quantidade de água ingerida é a raça do animal,
em geral, as espécies e raças mantidas ou selecionadas para condições sazonais de escassez de
água apresentam menor ingestão de água (NRC, 2007)

Demanda doméstica a utilidade de água no consumo doméstico é similar ao consumo industrial,


uma vez que os usuários de ambos são unidades económicas individuais e que de uma maneira
geral, tendem a minimizar seus custos, para cada um deles a gestão da demanda de água é
simplesmente uma questão de efetividade de custo, ou seja, o retorno (sob qualquer forma)
compensará os investimentos, (tempo, dinheiro ou esforço) empregados na economia de água
(STUDART & CAMPOS, s/d).

4. Análise da qualidade de água bruta

Não existe na natureza água quimicamente pura, expecto nos laboratórios. Sua composição
e qualidade é muito variável e está determinada pelo substrato do solo por onde a água transita ou
onde está armazenada. Desta forma, quando se refere aos padrões de qualidade da água, não se

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refere a um estado de pureza e sim em condições físicas, químicas e biológicas adequadas ao


consumo humano e animal (AMARAL, 2003). Segundo D’ ÁGUILA et al (2000), a qualidade de
água depende de todas fases de tratamento distribuição e armazenamento do produto. Assim, para
que um programa de qualidade cumpra com sucesso suas funções é necessário que não só a
tecnologia disponível para o tratamento e distribuição seja adequada, mas também que o sistema
de armazenamento seja eficiente.

4.1. Características Físicas


Embora as características físicas da água tenham importância relativamente pequena do
ponto de vista sanitário, elas podem ser determinantes na escolha da tecnologia de tratamento.
Normalmente, as características físicas são facilmente verificadas, com destaque para os
seguintes parâmetros: cor, turbidez, sabor e odor, temperatura e condutibilidade elétrica (DI
BERNARDO et al., 2002).

Temperatura: A origem natural da temperatura é a transferência de calor por radiação, condução


e convecção (atmosfera e solo). Em geral, a origem antropogénica se dá por despejos industriais
(normalmente, indústrias canavieiras e usinas termoelétricas).
As elevações da temperatura aumentam as taxas de reações físicas, químicas e biológicas
na faixa usual de temperatura. Provocam também a diminuição na solubilidade dos gases a
exemplo do oxigênio dissolvido (VON SPERLING, 2005).

Turbidez: De acordo com CONPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO


AMBIENTAL (CETESB, 2008), a turbidez pode ser definida como uma medida do grau de
interferência a passagem da luz através do líquido. A alteração a penetração da luz na água
decorre da presença de material em suspensão, sendo expressa por meio de unidades de turbidez
também denominadas unidades de Jackson ou nefelométricas.

Alta turbidez reduz a fotossíntese de vegetação, esse desenvolvimento reduzido de plantas


pode por sua vez, suprimir a produtividade de peixes. Logo, a turbidez pode influenciar nas
comunidades biológicas aquáticas. Além disso, afecta adversamente os usos doméstico, industrial
e recreacional de uma água (CETESB, 2008).

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4.1.1. Características Químicas

As variáveis químicas resultam de ciclos e processos que ocorrem na água e podem estar
associados aos compostos orgânicos ou aos compostos inorgânicos presentes na massa líquida
(VON SPERLING, 2005).

PH (potencial hidrogénico): Por influênciar em diversos equilíbrios químicos que ocorrem


naturalmente ou em processos unitários de tratamento de águas, o pH é um parâmetro importante
em muitos estudos no campo do saneamento ambiental. Nos sistemas biológicos formados nos
tratamentos de esgotos, o pH é também uma condição que influência decisivamente no processo
de tratamento (FILHOS, s/ d).

Normalmente, a condição de pH que corresponde à formação de um ecossistema mais


diversificado e a um tratamento mais estável é a de neutralidade, tanto em meios aeróbios como
nos anaeróbios. Nos reatores anaeróbios, a acidificação do meio é acusada pelo decréscimo do
pH do lodo, indicando situação de desequilíbrio (FILHOS, s/ d).

Fósforo Total: O fósforo está presente no ambiente sob várias formas, grande parte destas com
facilidade de reação com coloides, matéria orgânica e outros compostos afins, constituindo na
maioria das vezes ligações de difícil solubilização. Nos meios aquáticos, pode ser encontrado sob
as formas orgânicas e mineral (ANDREOLI & CARNEIRO, 2005).

Ambas podem ser dissolvidas ou particuladas em água, dependendo basicamente da


estruturação química e do composto a que são ligadas. Quando adsorvido pela matéria orgânica,
por argilas silicatadas ou por íons metálicos, os complexos de fósforo têm maior dificuldade de
solubilização (ANDREOLI & CARNEIRO, 2005).

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4.2. Características Micro Biológicas

Coliformes Termo tolerantes: São definidos como microrganismos do grupo coliforme capazes
de fermentar a lactose a 44-45°C, sendo representados principalmente pela Escherichia coli e,
também por algumas bactérias dos gêneros Klebsiella, Enterobacter e Citrobacter. Dentre esses
microrganismos, somente a E. coli é de origem exclusivamente fecal, estando sempre presente,
em densidades elevadas nas fezes de humanos, mamíferos e pássaros, sendo raramente
encontrada na água ou solo que não tenham. Os coliformes termo tolerantes não são dessa forma,
indicadores de contaminação fecal tão bons quanto a E. coli, mas seu uso é aceitável para
avaliação da qualidade da água. São disponíveis métodos rápidos, simples e padronizados para
sua determinação e se necessário, as bactérias isoladas podem ser submetidas a diferenciação
para E. coli (ANDRADE, s/d).

Enterococos: Os entero cocos são um subgrupo dos Estreptococos representados por S. faecalis,
S. faecium, S. gallinarum e S. avium. Os entero cocos são diferenciados dos demais strepto cocos
por sua capacidade de crescerem em cloreto de sódio a 6,5%, em pH 9,6 e em temperatura entre
10 oC e 45 oC. O grupo é um valioso indicador bacteriano para determinação da extensão da
contaminação fecal de águas superficiais recreacionais. Estudos em águas de praias marinhas e de
água doce indicaram que as gastroenterites associadas ao banho estão diretamente relacionadas à
qualidade das águas recreacionais e que os entero cocos são os mais eficientes indicadores
bacterianos de qualidade de água (ANDRADE, s/d).

5. Sistema de abastecimento de água


Um sistema de abastecimento de água pode ser concebido e projectado para atender a
pequenos povoados ou as grandes cidades, variando nas características e no porte de suas
instalações. Caracteriza-se pela retirada da água da natureza, adequação de sua qualidade,
transporte até os aglomerados humanos e fornecimento à população em quantidade compatível
com suas necessidades (SOUSA, 2001).

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Como definição o sistema de abastecimento público de água constitui-se no conjunto de


obras, instalações e serviços, destinados a produzir e distribuir água a uma comunidade, em
quantidade e qualidade compatíveis com as necessidades da população, para fins de consumo
doméstico, serviços públicos, consumo industrial e outros usos (SOUSA, 2001).

De acordo com VAZ (1997) sistema de abastecimento de água é o serviço público


constituído de um conjunto de sistemas hidráulicos e instalações responsáveis pelo suprimento de
água para atendimento das necessidades da população de uma comunidade, de acordo com a
figura representada esquematicamente a baixo.

Figura no 2 Sistema de abastecimento de água

Fonte: (UFRGS)

As unidades que compõem o sistema de abastecimento de água são manancial, captação,


adução, tratamento, reservação, rede de distribuição e alguns casos de estações elevatórias de
recalque.

Manancial
É toda fonte de onde se retira a água utilizada para abastecimento residencial, comercial,
industrial e outros fins. De maneira geral, quanto à origem, os mananciais são classificados em:

Manancial Superficial: é toda parte de um manancial que escoa na superfície terrestre,


compreendendo os córregos, rios, lagos, represas e os reservatórios artificialmente construídos
com a finalidade de reter o volume necessário para proteção de captações ou garantir o
abastecimento em épocas de estiagem (TSUTIYA,2005).

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Manancial Subterrâneo: é aquele cuja água vem do subsolo, podendo aflorar à superfície
(nascentes, minas etc.) ou ser elevado à superfície por meio de obras de captação são: poços
rasos, poços profundos e galerias de infiltração (TSUTIYA,2005).

Captação
A captação é o conjunto de equipamentos e instalações utilizados para a retirada de água do
manancial. Independentemente do tipo de manancial, alguns cuidados são universais. Em
primeiro lugar, a captação deve estar num ponto em que, mesmo nos períodos de maior estiagem,
ainda seja possível a retirada de água em quantidade e qualidade satisfatórias. Em segundo lugar
a qualidade da água bruta deve ser compatível com as tecnologias de tratamento acessíveis, que
devem apresentar viabilidade e técnica além de assegurar condições sanitariamente seguras para a
comunidade em questão, que devera ser consultada (TSUTIYA, 2005).

Adução

A origem da palavra adução (latim adductio, ação de conduzir) determinou a sua escolha
como termo técnico que designa o conjunto de obras destinadas a transportar a água desde a
origem até à distribuição. Embora haja muitos exemplos de sistemas de abastecimento de água
em que a adução é de reduzida dimensão, a verdade é que, qualquer interrupção que venha a
sofrer afetará o abastecimento à população. A adução faz-se por meio das chamadas adutoras que
podem ser canais e galerias, em superfície livre, e condutas em pressão. Nestas últimas, o
escoamento pode processar-se por ação da gravidade ou por meio de bombagem (SOUSA, 2001).

Estações elevatórias
São unidades providas de bombas hidráulicas e tanques que elevam e aumentam a pressão
do líquido em um sistema de captação ou distribuição de água (MATSINHE & RIETVELD,
2005).

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Estações tratamento

Por melhor que seja a qualidade da água bruta aquela captada no manancial, ainda assim ela
necessita de alguma espécie de tratamento para se tornar apta ao consumo humano, além da
potabilidade o tratamento visa a prevenir o aparecimento de doenças de vinculação hídrica o
aparecimento da cárie dentária por meio de fluore tacão e ainda proteger o sistema de
abastecimento dos efeitos da corrosão e do encrustamento (RODRIGO et al., 2007).

Reservatório
Tem como finalidade em garantir uma altura manométrica constante para as bombas,
permitindo o seu dimensionamento na eficiência máxima, quando alimentado diretamente pela
adutora de recalque melhoria das condições de pressão da água na rede de distribuição,
possibilitam melhor distribuição da água aos consumidores e melhores pressões nos hidrantes
(principalmente quando localizados junto às áreas de máximo consumo). Permite uma melhoria
na distribuição de pressões sobre a rede, por constituir fonte distinta de alimentação durante a
demanda máxima, quando localizado à jusante dos condutos de recalque além de outras
vantagens como conservação da água, evitar interrupções (RODRIGO et al., 2007).

Rede de distribuição
Segundo ADASA (2013), rede de distribuição é a unidade do sistema constituída por um
conjunto de tubagens, acessórios, que conduz a água tratada com uma determinada pressão para
os diferentes pontos de consumo. As redes são constituídas por dois tipos de canalizações:
a) Principais: são as canalizações de tubagens de maior diâmetro, responsável pela
alimentação das tubagens secundárias. Estas canalizações de tubagens são conhecidas como
condutas.
b) Secundárias: são canalizações de tubagens de menor diâmetro que abastecem a água aos
consumidores a serem atendidos pelo sistema.

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5.1. Principais problemas de abastecimento de água


E de constatar que os principais problemas de abastecimento de água estão em torno da
fonte abastecedora, participação dos usuários, do público, da iniciativa privada e do sector
público, devem ser um dos eixos principais da governança dos recursos hídricos no contexto de
bacias hidrográficas, essa participação deverá melhorar e aprofundar a sustentabilidade da oferta,
demanda e da segurança coletiva da população em relação à disponibilidade e vulnerabilidade
(ROGERS, 2006).

5.1.1. Importância do sistema de abastecimento de água

A importância do sistema de abastecimento é que ele fornece à população a água necessária


ao desenvolvimento de suas atividades no dia-a-dia, isto é, sem a distribuição deste recurso as
populações não teriam como se desenvolver uma vez que a água é um bem natural que é
indispensável a sobrevivência do homem e do meio ambiente (DE MORAIS, 2011).

No entanto o sistema de abastecimento de água é uma solução coletiva que apresenta as


seguintes vantagens: maior facilidade na proteção do manancial que abastece a população, já que
só há um ponto de distribuição de água, ainda que oriunda de vários locais de captação desse
manancial, maior facilidade na manutenção e supervisão das unidades que compõem o sistema e
maior controle da qualidade da água consumida e por último, ganhos de escala (DE MORAIS,
2011).

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6. METODOLOGIA

6.1. Descrição da área de estudo


O rio Búzi nasce no Zimbabwe acerca de 120 m de Altitude, junto a fronteira
Moçambicana, entra em Moçambique um pouco a norte de Espunganbera, mede em toda sua
extensão 397 km e desagua no Oceano Indico depois de atravessar as províncias de Manica e
Sofala (LAZARO, 1997).

A área total da bacia hidrográfica são 29.720 km2, dos quais 25.860 km2 (87%) são em
território Moçambicano. Tem como principais afluentes o Lucite e o Revué na sua margem
esquerda, ambos com pequenas áreas no Zimbabwe, para além de vários outros pequenos
afluentes (LAZARO, 1997).

Figura no 3: Mapa da Bacia do Búzi


Fonte: SILVA, 2011

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A região pode subdividir-se em duas zonas principais: a zona litoral onde se inserem as
baixas aluvionares dos principais cursos de água sujeitas as inundações frequentes ate uma
altitude de 200 m, e a vertente montanhosa dos 200 aos 2500 m de altitude na escarpa de Manica.
Numa parte considerável da bacia hidrográfica situa-se na zona montanhosa drenando as elevadas
precipitações que ai ocorrem (LAZARO 1997).

A bacia é limitada a oeste por rochas do complexo cristalino, com rochas metamórficas,
riolitos e basaltos das formações do Karroo. Depois de uma transição de formações sedimentares
pós-Karroo do período cretáceo, os sedimentos quaternários formam a parte mas baixa da bacia
hidrográfica. O regime de caudais apresenta valores mínimos em Setembro-Outubro, um lento
crescimento de Novembro-Dezembro, valores máximos entre Janeiro e Abril e um decréscimo
até Setembro (CONSULTEC, 1998).

Clima

De acordo com a classificação climática de Koppen, o clima é do tipo tropical chuvoso de


savana na faixa litoral e moderadamente húmido no interior. A estação húmida vai de Novembro
até Março com a humidade relativa a variar de 75% na zona litoral para 65% no interior. A
precipitação decresce também de 1.200 mm junto à costa para 900 mm no interior do país, a
evapotranspiração potencial média anual, calculada pelo método de Perman, desce de 1.600 mm
junto à foz do rio, até 1.200 mm junto à fronteira (CONSULTEC, 1998).

A principal actividade económica nesta bacia é a agricultura, que é praticada


maioritariamente em sistemas de pequena escala, encontra-se no interior do distrito uma
açucareira denominado Companhia de Búzi actualmente fora de produção como consequência do
período de guerra e em fase de privatização, além disso encontram-se actividades industriais e
comerciais, as principais estruturas hidráulicas da bacia do Búzi são a barragem de Chicamba e o
açude de Mavúze (DEUTSCHE GESELLSCHAFT FUR TECHNISCHE ZUSAMMENARB EIT
GMBH, 2002).

A barragem de Chicamba destina-se a produção de energia eléctrica e a abastecimento de


água na cidade de Chimoio, tem uma capacidade total de armazenamento de água de 2020 Mm3 a

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água libertada é usada a jusante no açude de Mavúze, construido em 1953 também para a
produção de energia eléctrica e para irrigação (CONSULTEC, 1998).

A necessária consciencialização da necessidade de prevenção e mitigação dos desastres


naturais, num cenário de pobreza com inúmeras prioridades, só fará sentido baseando-se num
plano bem estruturado para a gestão, revelando-se as disponibilidades hídricas e as demandas de
água para diferentes sectores (CALHMAN, 2008).

6.1.1. Infra-estrutura do abastecimento de água da cidade de Chimoio


A principal estrutura hidráulica na bacia do Búzi é a barragem do Chicamba, que se destina a
produção de energia eléctrica e ao abastecimento de água na cidade de Chimoio. A barragem de
Chicamba localiza-se a 40 km da cidade de Chimoio, a Eletricidade de Moçambique (E.D.M) é a
proprietária desta infra-estrutura hidráulica, vide a figura no 4 abaixo.

Figura no 4: Barragem de Chicamba


Fonte: Autor, 2016

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Para atingir objetivos deste trabalho foi adaptada uma linha metodológica que consistiu
num estágio profissional na ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DAS ÁGUAS DE CENTRO
(ARA-CENTRO), consultas bibliográficas e pesquisas na internet de modo a facilitar a
compreensão geral sobre dados relevantes relacionados com o tema, levantamentos de dados
relativos a precipitação, vazão observada do rio e vazão extraída pelas actividades económicas na
área de estudo. Neste contexto o fluxograma mostra duma forma resumida todas fases das
actividades metodológicas do tema em estudo (Figura no 5).

Revisão Bibliográfica

Estagio

FIPAG Ara- Centro E.D.M

D. Agrícola D. Gado
Recolha das Demanda
amostras
Seleç. D. Estaç. Hidrométr
D.a.domest D.f. domestic
Análise da
qualidade de água Proc. De dados

Problemas de Curva de permanência Calculo das


abastecimento Demandas
Anals. Da dispon. Hidrica

Figura no 5: Fluxograma de actividades


Fonte: Autor, 2016

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6.2. Descrição do fluxograma

Para descrever o Fluxograma toma-se como ponto de partida a revisão bibliográfica onde
foram abordados conceitos relativos a disponibilidade hídrica e as metodologias da sua avaliação,
bem como aspectos de investigação de outros autores. Em seguida o estagio na ARA-CENTRO
na qual foi feita a colecta de dados de vazões e medições de escala numa serie histórica de (2009-
2015), quanto as precipitações medias a serie histórica foi de (1952-2015) extraído pela empresa
na bacia de Búzi, também foram extraídos dados de demanda agrícola e demanda de
abeberamento de gados.

Também foram extraídos dados hidrométricos das estações mais significativas,


nomeadamente estação de Manica (E 277), estacão de barragem de Chicamba (E 256) e estação
de Mavuzi (E 699), fez-se algumas entrevistas aos funcionários do Fundo de Investimento e
Património de Abastecimento de Água da Cidade de Chimoio (FIPAG), moradores de alguns
bairros da cidade a fim de recolher algumas informações inerentes ao abastecimento de água e
usou-se também o laboratório da FIPAG, para análise da qualidade da água bruta não tratada.

A (E.D.M), sendo o proprietário da barragem do Chicamba, tem na sua base de dados os


usuários da barragem do chicamba e a quantidade de água retirada por eles, com base das
informações adquiridas pela empresa da FIPAG e pela ARA-CENTRO ela faz os estudos das
demandas a partir do seu departamento hidrológico.

Para o enriquecimento da pesquisa, a (E.D.M.) disponibilizou-se em fornecer informações


inerentes aos usuários da barragem e as demandas extraídas pela FIPAG para consumo
domestico.

Com base no estágio e nas informações adquiridas, foi possível fazer-se a curva de
permanência a partir das principais actividades ou tarefas que retiram água da bacia hidrográfica
e se fazer a análise da disponibilidade hídrica na bacia de búzi.

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6.2.1. Cálculo da disponibilidade hídrica da bacia

Para o cálculo da disponibilidade hídrica da bacia de búzi baseou-se na elaboração de três


curvas de permanência obtido pelos dados históricos da série (2009-2015) e para extração da
vazão Q90 foi adquirida através da média entre as três curvas, considerando como vazão mínima
(90 % de permanência). Para a construção da mesma foram consideradas os seguintes passos
propostos por (FENNESSEY, 1990), começando por:

 Dados históricos de vazões médias mensais (vide no anexo nº 1, 2 e 3)


adquiridos em três postos de estação dos quais: Manica (E 277), Chicamba (E
256) e Mavuzi (E 699).
 As probabilidades foram calculadas pela equação nᵒ 1 e, ordenadas numa
coluna de 1 a 100%, em seguida as frequências calculadas segundo a equação
nᵒ 2, e depois foram obtidas as vazões de permanência de cada posto
hidrométrico, com auxílio ao programa estatístico EXCEL.

(2)

Onde:

Q- Vazões observadas;

- Número de ordem;

N -Número da série das vazões observadas;

F- Frequência ou percentis das vazões observados;

P- Probabilidade ou as garantias das vazões observadas.

 No final foram traçadas as curvas de permanências com base na coluna das


probabilidades (eixo das abcissas) e das vazões calculadas (eixo das
ordenadas).
Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 22
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Foi usado o método da curva de permanência porque fornece uma visão geral das
características hidrológicas de uma bacia, quanto a análise de viabilidade no uso e
controle das disponibilidades hídricas.

6.2.2. Estimativa de número de habitantes da cidade de Chimoio


A população da cidade de Chimoio foi estimada com base no uso do método geométrico,
que é um dos métodos gráficos que representam a evolução da população proposto pelo DE
SOUSA (2001), o mesmo vem ilustrado na expressão 3. A população inicial e a sua taxa de
crescimento foram obtidas com auxílio nos documentos ligados censos populacionais dos anos
passados, onde contatou-se no censo de 2007 a população foi de 238.976, com uma taxa de
crescimento de 4%.

Pf  Po  (1  i ) n (3)

Em que: Pf = população futura (habitantes);


Po = população inicial (habitantes);
= taxa de crescimento populacional (%);
n = tempo em anos;

6.3. Cálculo da demanda actual de água para consumo domestico

Para o cálculo da demanda actual de água baseou-se na equação de GUIMARÃES et al,


(2007) que diz que a demanda de água pode ser determinada levando em conta diversas
categorias de consumo, alcance do projecto e etapas de construção.

Vários autores como MELLO (s/d) e DE ZOTTI (2013), afirmam que quando não há
registos dos consumos que possibilitam o cálculo dos coeficientes de variação (K1 e K2) nos
SAA, são recomendados os seguintes valores: K1 = 1,2 e K2 = 1,5

No cálculo da demanda actual de água para o consumo doméstica usou-se a equação no 4,


onde estimou-se o número de habitantes com base no método geométrico, do ano 2016 (340,140
habitantes, da cidade de Chimoio), consumo médio per capita e os coeficientes K1 e K2.

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Qad = (4)

Onde:
Qad : Demanda actual de água para o consumo doméstico (m/s);
P : População total (hab);
q : Consumo médio per capita (l/hab.dia);
K1 : Coeficiente de consumo máximo diário;
K2 : Coeficiente de consumo máximo horário.

Para a obtenção do consumo médio per capita da água fornecida pela FIPAG na cidade de
Chimoio, baseou-se na ideia de (DE NORONHA, 2012), defendendo que uma das formas de se
obter o consumo médio per capita de uma região, consiste em dividir o volume de água gasto por
ano pela população abastecida, em seguida dividir pelos dias do ano, segundo a equação no 5.

q – consumo médio per capita (m3/ano.hab)


V – volume de água (m3)
P – população abastecida (hab)

Demanda de água para gados


Para o cálculo de água para o abeberamento do gado bovino, suíno e caprino considerou-se
o número de cabeças de gados por região em contorno da bacia e as suas necessidades per capita,
e usou-se a formula no 6, proposta por (DEVENDRA & MC LEROY, 1999).

Dg = (6)

Onde: Dg – é a demanda de água para o abeberamento do gado ( )


Y – é o número de animais
Cp – é o consumo de água por cabeça por dia, para o gado bovino, suíno e caprino, assumiu-se
um valor de 40, 10 e 5 litros/cabeça/dia respectivamente

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Ano – é respectivo aos dias do ano (dias)

6.3.1. Cálculo da demanda de água para uso agrícola

A eficiência de irrigação é um parâmetro que permite ilustrar em que medida um


determinado sistema de rega é eficiente no transporte de água até a planta. A rega por gravidade
quer seja por sulcos (hortícolas, feijões, milho) ou por inundação (arroz, fruteiras), e manual
(regadores) são os métodos mais utilizados (MAFALACUSSER et al, 2001). Usou-se a fórmula
abaixo para o cálculo da demanda agrícola.

Di = (7)

Onde:
Di – é a demanda de água para o uso agrícola (m3); A – é a área de cultivo (ha) e;
Dliqd – é a quantidade de água aplicada a cada cultura a diferentes profundidades e durante todo
o ciclo (m3/ha).

6.3.2. Cálculo da demanda futura de água para o consumo domestico

Para o cálculo da demanda futura de água para o consumo doméstico fornecida pela
FIPAG, fez-se uma estimativa do crescimento populacional num período total de 25 anos com
base na equação no 3. Com a ajuda da equação no 8 proposta por GUIMARÃES et al, (2007) fez-
se os cálculos da demanda futura de água para consumo domestico.

Qfd = (8)

Onde:
Qfd : Demanda futura de água para o consumo doméstico (m/s);
Pf : População futura (hab);
q : Consumo médio per capita (l/hab.dia);
K1 : Coeficiente de consumo máximo diário;
K2 : Coeficiente de consumo máximo horário
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6.4. Análise de qualidade de água bruta

Para conhecer a qualidade da água utilizada, atendendo que a listagem dos padrões de
qualidade de água é muito extensa e os usos pela água são diversos. Pela insuficiência de
informação para determinar os padrões de qualidade em todos os seus usos, neste trabalho
baseou-se nos padrões de qualidade de água para abastecimento público e foram realizados
exames laboratoriais para os parâmetros físico-químicos (pH, nitrato, nitrito, sólidos dissolvidos
totais, turbidez, cor, condutividade elétrica, cloretos, temperatura e cálcio), pela falta de
equipamentos para a analise micro biológica não se chegou a fazer. Estas análises foram baseadas
nas normas nacionais estabelecidas pelo Ministério de Saúde.

Nos exames físico-químicos foi utilizado o peagâmetro para indicação do pH da água, o


turbidímetro indicando o grau de turbidez das amostras, o método de evaporação para
determinação dos sólidos dissolvidos totais, e a espectrofotometria para determinação de nitratos,
nitritos e arsênio.

Considerando que a qualidade das águas variam em função de diversos factores, tais como
uso e ocupação do solo da bacia de drenagem e da existência de indústrias, com lançamento de
efluentes diversificados, verifica-se a importância da análise por ponto, na identificação de
trechos mais críticos. As colectas foram realizadas em garrafas de água plásticas, com volume de
um litro.

6.5. Principais problemas de abastecimento de água

Para a identificação dos principais problemas de abastecimento de água da cidade de


Chimoio, foram feitas algumas entrevistas aos funcionários da empresa de FIPAG e alguns
munícipes escolhidos aleatoriamente em 10 bairros distintos com maior número de habitantes,
nomeadamente (25 de Junho, bairro 4, bairro 5, 7 de Abril, 16 de Junho, 7 de Setembro, Heróis
Moçambicanos, Chinfura, Bloco 9 e 3 de Fevereiro), segundo o critério de VIEIRA (2009), que
diz que o tamanho da amostra depende do número total da população, ou seja se a população total
abrangida não for superior a 100 usa-se 30%, 10% se estiver no intervalo de 100-200 e 5% se
estiver no intervalo de 200-500. Estas entrevistas basearam-se em um questionário de caráter

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 26


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qualitativo e quantitativo objetivando identificar as condições das fontes de abastecimento, o


manejo do solo, a destinação das águas, dejetos, e efluentes como também, a regularidade e
monitoria do sistema de abastecimento destinado ao consumo familiar.

6.5.1 Cálculos de Índice de perdas físicas do sistema do abastecimento

O índice de perdas físicas é um dos indicadores mais importantes para a ilustração da


eficiência no sistema de abastecimento de água, para o seu cálculo baseou-se na fórmula proposta
por (CARVALHO et al, 2012) que diz:

IPF = (9)

Onde :
V - volume captado (m3)
V- volume distribuído (m3)
IPF – índice de perdas físicas (%)

De acordo com SANTOS (2008), a avaliação do desempenho do sistema de abastecimento


de água a partir das perdas físicas seguem os seguintes parâmetros apresentados abaixo.

 IPF > 40% sistema com má eficiência


 40% > IPF < 25% sistema com eficiência intermediaria
 IPF < 25% sistema com boa eficiência

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7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1. Análise da disponibilidade hídrica e demanda hídrica na bacia


De acordo com as analises feitas em torno deste trabalho, cujo objetivo principal é de
avaliar a disponibilidade hídrica na bacia de Búzi, obtiveram-se os seguintes resultados ilustrados
abaixo.

7.1.1. Disponibilidade hídrica usando curva de permanência

As vazões anuais retiradas das estações hidrométricas de três postos dos quais: Manica
(E 277), Chicamba (E 256) e Mavuzi (E 699) a 90% de permanência de garantia foram de 2.12,
2.18 e 3.93 m³/s (vide em anexo no 1, 2 e 3) correspondendo a uma média de vazão mínima anual
de 2,74 m³/s. Esta vazão é a estimativa da disponibilidade hídrica do rio, contudo demandas
acima deste valor poderão criar escassez de água aos usuários desta bacia.

O gráfico no 2 representa a curva de permanência mensal da estação hidrométrica de


Chicamba (E 256), que permite visualizar a potencialidade natural do rio apresentando o grau
de permanência ou garantias de vazão na estação.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 28


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Curva de Permanência da Estação de Chicamba


140
130
120
110
100
Caudal (m³/s)

90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Probablidades

Gráfico no 2: Curva de Permanência da Estação de Chicamba (E256)


Fonte: ARA-CENTRO, 2015
Elaborado: Autor, 2016

De acordo com os resultados obtidos acima, nota-se a presença de grandes declividades


da curva de permanência, denotando o fluxo do caudal altamente variável com predominância
do escoamento direto, atendendo que a bacia de búzi possui como fonte de alimentação a
chuva e afluentes de outro rio como o Lucite e o Revué.

Na parte inferior da curva de permanência do gráfico no 2 a declividade nos da


informação quanto as características hidrológicas do aquífero da bacia do rio búzi em relação a
sua capacidade de armazenamento. Apesar de armazenar água suficiente para a tender a demanda
actual deve-se fazer uma gestão de modo a suprir necessidades futuras, vendo que a demanda tem
aumentado e a sua capacidade de armazenamento cada vez mais tem se encontrado a baixar.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 29


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7.2. Influência da precipitação na bacia hidrográfica de búzi


O gráfico abaixo representa o resultado referente as precipitações médias na bacia do búzi
desde os anos 1952 a 2015.

60.0

50.0
Precipitação (mm )

40.0

30.0

20.0

10.0

0.0
1952 1954 1956 1958 1960 1962 1964 1966 1968 1971 1973 1975 1977 2009 2011 2013 2015

Tempo ( Anos )

Gráfico no 3: gráfico de precipitação


Fonte: ARA-CENTRO, 2015
Elaborado: Autor, 2016

De acordo com o gráfico, nota-se que a distribuição das chuvas ou o percurso das
precipitações na bacia do búzi ao longo dos 63 anos não se dão de forma regular. Visto que, o
período de anos que vão desde 2008 a 2012 registou-se menores valores da precipitação numa
média de 0,7 mm, as maiores precipitações registaram-se nos períodos de 1954 a 1964 com uma
média de 31 mm.

Neste contesto verifica-se que no período chuvoso há maior disponibilidade hídrica pois
maiores precipitações são directamente proporcionais a maiores vazões, ocorrendo o mesmo no
período de estiagem, isto é, há menor disponibilidade hídrica em função das baixas precipitações.
Entretanto, esta variação do regime de chuvas influenciou directamente no caudal do rio, a pesar
da bacia não ser somente dependente da chuva, contando afluentes de outros rios como o Lucite e
o Revué.

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7.2.1. Análise da demanda actual e futura de água para consumo domestico


O gráfico no 4 abaixo, ilustra a quantidade de água extraída pela FIPAG na bacia
hidrográfica do búzi a partir dos anos de 2011 a 2015 para abastecimento da cidade de Chimoio.

0.14

0.12

0.1
Demanda (m³/s)

2011
0.08
2012
0.06
2013
0.04 2014
0.02 2015

Gráfico no 4: gráfico da demanda hídrica da FIPAG


Fonte: EDM, 2015
Elaborado: Autor, 2016

O gráfico acima descreve a demanda hídrica extraída pela FIPAG num período de 5 anos,
observa-se no gráfico no 4, que existe uma grande variação de extração de caudais mensais ao
longo dos anos, visto que o ano que ouve menor extração da demanda foi em 2011 numa média
de 0,90 m3/s e o ano que se verificou a maior extração da demanda foi em 2015 numa média de
1.018 m3/s, tendo-se verificado o aumento de 0,118 m3/s devido ao crescimento populacional,
industrial, agrícola, etc.

Segundo o censo de 2007 a população de Chimoio foi de 238.976 habitantes e a população


final projetada para o ano de 2016 é de 340.140 habitantes, tendo como taxa de crescimento 4%,
com este crescimento populacional a demanda hídrica também aumenta segundo as suas
necessidades.

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Actualmente a cidade de Chimoio consta com uma demanda hídrica domestica de 1,018
3
m /s mas deste valor apenas 0,598 m³/s, é que chega aos habitantes da cidade de Chimoio, tendo
como media o consumo per capta de 63.45 l/hab.dia, que ainda se encontra abaixo da media
estabelecida pelo BOLETIM DA REPÚBLICA I SÉRIE – Número 26/ 2003, recomendado em
áreas em que o abastecimento é feito para mais de 2000 habitantes no mínimo o consumo per
capta deve ser de 120 l/hab.dia.

A média não alcançada deve-se ao facto da deficiência do sistema de abastecimento da


cidade de Chimoio, visto que fornecesse o precioso líquido somente nas primeiras horas do dia,
tendo somente 8 horas de duração.

Fazendo-se uma projeção futura nota-se que da que a 30 anos a população de Chimoio em
2046 será de 745.288 habitantes e passara a ter uma demanda hídrica doméstica de 2,23 m3/s
nota-se que também a um aumento da demanda hídrica doméstica numa média de 1,21 m3/s visto
que o aumento populacional é diretamente proporcional a sua demanda domestica consoante as
suas necessidades diárias, isto significa que se a demanda domestica ira aumentar
significativamente, a demanda agrícola terá tendência em aumentar, demanda do consumo de
água dos animais também vai aumentar e se as condições climáticas manterem-se como esta ou
seja, se não haver registos de precipitações de grande magnitude iram-se verificar grandes
problemas de água. Vide o gráfico no 5 a baixo da relação entre o consumo domestico actual e
consumo domestico futuro.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 32


Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para Abastecimento da Cidade de Chimoio

2.5
Demanda de água ( m³/s)

1.5

0.5

0
Demanda doméstica actual Demanda doméstica futura

Gráfico no 5: gráfico da demanda domestica actual e futura


Fonte: EDM, 2015
Elaborado: Autor, 2016

7.2.2. Demanda de água para abeberamento de gado, bovino, suíno e caprino

Segundo DFID (2003), a estimativa do consumo total de água dos animais é relativamente
simples. A avaliação do consumo dos animais deve ser realizada, usando dados típicos de água
do consumo per capita para cada tipo de animal e determinando o número de cada tipo de gado
na área que está sendo avaliada.
Na região da bacia segundo os estudos feitos constatou-se uma média de 900 cabeças de
gado bovino, 700 cabeças de gado suíno e 1350 cabeças de gado caprino, correspondendo uma
demanda hídrica de 0.01314 Mm3 de gado bovino, 0.002555Mm3 de gado suíno e
0.00246375Mm3 de gado caprino, vide gráfico no 6 abaixo.

O alto índice do volume de água para o gado bovino deve-se ao seu porte corporal e
funções tarifárias desempenhadas por ela diariamente e o baixo índice do volume de água para o

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 33


Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para Abastecimento da Cidade de Chimoio

gado caprino deve-se aos mesmos factos, ou seja seu peso e suas actividades diárias, atendendo
que o gado caprino tem a capacidade de resistir a secas. O gado bovino tem um consumo
percapta de 40 litros/cabeça/dia e enquanto gado caprino tem 5 litros/cabeça/dia.

0.014 0.01314

0.012
Volume (Mm³)

0.01

0.008

0.006

0.004 0.002555 0.00246375


0.002

0
Bovino suino caprino

Gráfico no 6: gráfico da demanda de água para a beberamento de gado


Fonte: Ara-Centro, 2015
Elaborado: Autor, 2016

De acordo com o gráfico acima é de salientar que o sector de abeberamento de gados retira
da bacia 0, 38 m3/s de água mas consomem 0,21 m3/s isso pode ser que seja devido as perdas por
evaporação que se fazei sentir, dificuldades de transporte para seus corais, reservatórios de
armazenamento de água deficiente e dentre demais factores.

Nos dias mais quentes de Verão os rebanhos bebem três a quatro vezes ao dia. De manhã,
quando saem para o pasto dirigem-se a um local onde haja água, voltam a beber a meio da manhã
antes de se dirigirem para o abrigo onde vão permanecer durante as horas de calor e normalmente
ficam perto de locais com água, tornam a beber ao fim da tarde quando voltam para o pastoreio e
muitas vezes bebem ainda à noite, tornando o verão o período que é mais extraída água na bacia
para o abeberamento dos animais.

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7.2.3. Demanda de água para agricultura


A população a volta da bacia de búzi a maior parte vive na base de agricultura, com áreas
medias irrigadas de 10 a 15 ha, praticando agricultura de subsistência. Tendo como referencia o
cultivo de milho e do amendoim, de acordo com os dados coletados a agricultura retira da bacia
1.26 m3/s vide o gráfico a baixo.

Demanda de água para agricultura


0.7
Demanda de água (m³/s)

0.6

0.5

0.4

0.3 0.607638889

0.2
0.347222222
0.1

0
Milho Amendoim

Gráfico no 7: gráfico da demanda de água para agricultura


Fonte: Ara-Centro, 2015
Elaborado: Autor, 2016

De acordo com o gráfico acima nota-se que a cultura de milho consome mais água que a
cultura de amendoim, esta variação deve-se a dotação da demanda liquida fornecida por (FAO,
1995), que estabelece que a cultura de milho tem como demanda liquida 3500 m3/ha e a culta de
amendoim com 2000 m3/ha. A cultura de milho e amendoim gastam 0,95 m3/s daquilo que é
extraído da bacia para agricultura que é 1,26 m3/s, sendo outra quantidade de água utilizada para
outras culturas não muito significativa como couve e tomate.

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Demanda hidrica actual


Consumo domestico Agricultura Pastoricia

14%

38%

48%

Gráfico no 8 : gráfico da demanda hídrica actual da bacia de Búzi


Fonte: Ara-Centro, 2015
Elaborado: Autor, 2016

Segundo o gráfico acima se constata que a agricultura é o sector que mais extrai água na
bacia de Búzi, depois é seguida pela FIPAG e depois vem o abeberamento dos gados. Visto que a
cidade tem-se verificado nos últimos anos um alto crescimento demográfico, assim
impulsionando o aumento da demanda hídrica para a satisfação das diversas actividades inerentes
ao desenvolvimento da cidade.

Segundo o estudo feito não se constatou a retirada da água por nenhuma industria nesta
bacia, generalizando em suma as actividades consumptivas da bacia têm uma demanda hídrica de
2,65 m³/s abaixo da disponibilidade hídrica da bacia que é de 2,74 m³/s, apesar de estar abaixo da
disponibilidade hídrica dizer que esta muito próximo, que futuramente a retirada de água na bacia
por sectores industriais, poderá causar sérios riscos de se verificar períodos largos de estiagens,
veja o gráfico no 9 abaixo da relação entre a demanda hídrica actual, a disponibilidade hídrica e a
demanda hídrica futura.

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6 5.8
Demanda de água (m³/s)

3 2.65 2.74

0
Demanda hídrica actual Disponibilidade hídrica Demanda hídrica futura

Gráfico no 9: gráfico da demanda actual, futura e a disponibilidade hídrica


Fonte: Ara-Centro, 2015
Elaborado: Autor, 2016

O gráfico acima mostra a relação entre as demandas hídricas e a disponibilidade hídrica da


bacia, nota-se que actualmente a bacia de búzi contem água disponível para satisfazer as
necessidades actuais, mas tudo indica que futuramente se não se for a tomar as devidas
precauções inerentes a gestão da bacia consoante o crescimento demográfico da cidade de
Chimoio, poderá se verificar grandes problemas de abastecimento de água, visto que não terá
disponibilidade hídrica suficiente para satisfazer a demanda futura.

Actualmente a cidade constata uma demanda de 2,65 m3/s que se encontra próximo da
disponibilidade hidrica que é de 2,74 m3/s, mais ainda abaixo. Visto que a retirada de água na
bacia continua crescendo, futuramente a demanda passara a ser de 5,8 m3/s o que não será
possível ser atendida pela bacia.

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7.3. Análise da qualidade de água bruta

Na tabela abaixo estão representados resultados dos parâmetros de qualidade de água


analisadas nas três estações hidrométricas nomeadamente Chicamba( E 256), Mavuzi (E 699) e
Manica( E 277) no período de ( 2015-2016) vide tabela no1.

Principais Estações Hidrométricas

Caracteristicas fisica/químicas Chicamba (E 256) Mavuzi ( E 699) Manica ( E 277)


pH 7,79 8,12 7,61

C. Eletrica μ/cm 147 182 146


Turvação (NTU) 6 8 8,6
Temperatura (oC) 20,37 17,73 20.96

Calcio (mg/l CaCO3) 37 54 71


Solidos disso. totais (SDT ppm) 74 91 73
Cor 15 17,7 20
Nitratos (mg/l NO3) < 0,5 < 0,5 < 0,5
Nitritos (mg/l NO2) < 0,003 < 0,003 < 0,003
Cloretos (mg/l ) 150 120 177

Tabela no 1 : Análise da qualidade da água bruta da bacia de Búzi


Fonte: FIPAG

De acordo com os resultados acima, a maior parte dos resultados estão dentro dos
parâmetros estabelecidos por MINISTÉRIO DA SAÚDE (Diploma Ministerial no 180/2004).
Com exceição da turvação das três estações acima, que estão fora dos parâmetros. Pois o limite
máximo para turvação estabelecido é de 5 NTU, acima deste valor protegei os microrganismos
dos efeitos das desinfeções e estimulam o crescimento bacteriano no sistema da distribuição
provocando doenças hídricas.

Também encontra-se o carbonato de cálcio (CaCO3) fora do parâmetro em duas estações,


nomeadamente as estações de Mavuzi (E 699) e Manica (E 277), que se encontram acima daquilo
que é recomendado. O limite máximo estabelecido é de 50 mg/l, acima deste valor compromete a
qualidade da água para consumo humano.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 38


Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para Abastecimento da Cidade de Chimoio

Por fim encontra-se a cor também fora dos parâmetros recomendados em duas estações,
nomeadamente nas estações de Mavuzi (E 699) e Manica (E 277), sendo o limite máximo
permitido para água de consumo humano 15 UC (Unidade de cor), acima deste valor
constata-se a presença de ferro e outros metais e não só pode resultar da contaminação da
água por influentes industriais e pode ser o primeiro indício de uma situação perigosa.

Apesar da maior parte dos parâmetros das estações hidrométricas acima


mencionadas encontrarem-se dentro dos parâmetros estabelecidos pelo MINISTÉRIO DA
SAÚDE, a água da bacia de Búzi não serve para consumo humano sem que passe pelo processo
de tratamento, pois os valores da turvação, cálcio e a cor que se encontram acima dos parâmetros
normais tornam a água impropria para o consumo e poderão causar grandes riscos a saúde
humana.

7.4. Principais problemas de abastecimento de água na Cidade de Chimoio


A Cidade de Chimoio é abastecida pela empresa FIPAG, na qual tem se deparado com
vários problemas em contorno do abastecimento do precioso liquido, dentre eles destacam-se: o
roubo da água, perdas de carga, adutoras em estados imperfeitos, falta de pressão e dentre os
outros, vide as figuras abaixo.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 39


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Figura no 6 : Desvio de água para consumo domestico


Elaborado: Autor, 2016

O esforço da FIPAG afim de garantir que a água chegue ao ponto de consumo com caudal
adequado e com carga suficiente ao consumidor, tem se deparado com o desvio do precioso
liquido por parte da população não abrangida pelo sistema de abastecimento de água, devido as
suas politicas de aquisição para a instalações do sistema, isso acarreta diversos prejuízos a
empresa e aos seus clientes devido as perdas excessivas como a figura abaixo mostra.

O aumento das perdas aparentes, que são basicamente acções de carácter gerências
possibilita a diminuição da receita tarifária, prejudicando a eficiência dos serviços prestados e o
desempenho financeiro. Além disso, o aumento de perdas contribui indirectamente para a
redução da oferta efectiva de água, ou seja atendimento de novos consumidores.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 40


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Figura no 7 : Perdas de água para consumo domestico


Elaborado: Autor, 2016

A água potável é essencial à vida humana e um bem cada vez mais escasso. Sendo o
abastecimento humano prioritário, as concessionárias regionais e municipais tem por obrigação
uma boa administração de perdas e um consequente melhor aproveitamento dos recursos
hídricos.

A figura abaixo ilustra a quantidade captada pela empresa da FIPAG no ano de 2015 e a
quantidade distribuída pela mesma empresa no mesmo ano, posteriormente destaca-se as perdas
efectuadas do mesmo ano vide as figuras abaixo.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 41


Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para Abastecimento da Cidade de Chimoio

1600000

1400000

1200000
Volume (m³)

1000000

800000 Captado
Distribuido
600000

400000

200000

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ags Set Out Nov Dez

Gráfico no 10 : Relação entre volume captado e distribuído


Fonte: FIPAG, 2015
Elaborado: Autor, 2016

De acordo com a figura acima destacam-se os meses de Outubro a Março como os meses
com maiores volumes de água captados, consequentemente maior volume de água distribuída,
isto porem deve-se aos factos climatológicos ou seja, no verão o consumo de água tem a
tendência de aumentar, visto que as suas temperaturas são elevadíssimas.

Os meses de Abril a Setembro, verifica-se a redução do volume de água captada e


consequentemente a redução do volume da água distribuída, isso é devido o registo de
temperaturas baixas, que proporciona o menor consumo de água, ou seja, no inverno por causa do
frio as pessoas têm menor uso de água.

O gráfico no 11 abaixo descreve o comportamento das perdas físicas de água durante o ano
de 2015 na empresa FIPAG.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 42


Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para Abastecimento da Cidade de Chimoio

5
4.5
Indice de perdas ( %)

4
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ags Set Out Nov Dez

IP

Gráfico no 11: Índice de perdas de água para consumo


Fonte: FIPAG, 2015
Elaborado: Autor, 2016

Segundo o gráfico acima verificamos que existe semelhança com o gráfico da relação do
volume captado e o volume distribuído, pois os meses que se retiram maior volume de água na
bacia são os meses que se constatam maiores índices de perdas físicas de água ou seja, de
Outubro a Março se verificou 23,35% de perdas físicas de água.

E os meses que se verificaram menores índices de perdas foram de Abril a Setembro com
17,53% de perdas físicas de água, esta variação deve-se, a vários factores dentre eles se
encontram os climatológicos, mas também com os furtos de água e a má gestão do sistema do
abastecimento de água, como se verificam nas figuras no 6 e 7 acima.

Fazendo análise anual o sistema de abastecimento de água da cidade de Chimoio perde


40,88% da quantidade de água distribuída, sendo assim de acordo com SANTOS (2008), o
sistema tem um mau desempenho, pois é maior que 40% previstos anualmente.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 43


Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para Abastecimento da Cidade de Chimoio

7.4.1. Índice de satisfação da população pelos serviços da FIPAG


Consoante a entrevista feita a população abastecida pela empresa FIPAG, tirou-se a
sensibilidade delas pelos serviços prestados pela empresa vide o gráfico abaixo.

Índice de satisfação de água abastecida

60%
Percentagens de familílias

50%

40%

30% 57%
43%
20%

10%

0%
Satisfeitas com a quantidade e Não satisfeitas com a quantidade e
qualidade de água qualidade de água

Gráfico no 12: Índice de satisfação da quantidade e qualidade de água abastecida pela


FIPAG
Fonte: FIPAG, 2015
Elaborado: Autor, 2016

De acordo com o gráfico acima, nota-se a plena diferença entre a percentagens das famílias
satisfeitas e não satisfeitas com a quantidade e qualidade de água abastecida pela FIPAG, 57% da
população esta feliz pelos serviços prestados pela FIPAG e 43% não se encontram satisfeitas
pelos serviços da mesma, esta diferença tem como as principais causas as variações das
regularidades oferecidas pela empresa, a qualidade da água, a monitoria do sistema de
abastecimento de água e dentre outros factores.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 44


Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para Abastecimento da Cidade de Chimoio

8. Conclusão
De acordo com os resultados conclui-se que a bacia de Búzi tem uma disponibilidade
hídrica de 2,74 m3/s valor pela qual é considerado como a vazão mínima, sem comprometer a
vazão ecologia do rio. Actualmente a cidade de Chimoio constata uma demanda hídrica de 2,65
m3/s ainda abaixo da disponibilidade hídrica da bacia.

Segundo as analises feitas, a demanda hídrica futuramente passara acima da disponibilidade


hídrica da bacia com 5,8 m3/s o que causara grandes problemas dos usuários da bacia visto que a
bacia não terá a disponibilidade de água suficiente para satisfazer a esta demanda.

Em relação aos indicadores da qualidade da água bruta, a bacia tem a qualidade de água
comprometida em relação ao consumo domestico, visto que a turvação, o carbonato de cálcio e a
cor, se encontram fora dos parâmetros estabelecidos pelo MINISTÉRIO DA SAÚDE, isto indica
que sem que se faça o tratamento a água não serve para o consumo domestico.

Quanto aos problemas de abastecimento de água, a Cidade de Chimoio a pesar da bacia ter
uma disponibilidade de água suficiente para o seu abastecimento, verifica-se vários problemas
tanto pela entidade abastecedora ( FIPAG), como para a população abastecida. A FIPAG não
consegue cobrir o abastecimento de água a toda população, e a população abastecida não tem
água regularmente. Visto que só fornece água 8 horas durante o dia, a população tem desviado
água para suprir as suas necessidades, provocando a falta de pressão e baixo rendimento do
sistema de abastecimento de água.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 45


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7.5.1. Recomendações
Com base nas conclusões tiradas na pesquisa, são apresentadas as seguintes recomendações:

a) Para a empresa Ara-Centro:


 Regularização de vazões para melhor gerenciamento na bacia de Búzi, detalhando
alternativas necessárias aos usuários da bacia para suprir as demandas futuras;
 Considerar as prioridades ecológicas, havendo uma limitação para exploração de água de
modo a evitar o consumo excessivo comprometendo a disponibilidade hídrica da bacia;
 Ter uma base de dados mas concisa de todos os usuários da bacia e a quantidade de água
retirada por eles;
 Dialogo constante com os usuários a montante como no a jusante, de modo a precaver-se
dos períodos de seca assim como de chuva;
 Um estudo relativo ao valor da vazão ecológica da bacia do Búzi;
 Melhorar a gestão da água através do desenvolvimento e implementação de uma politica
nacional integrada de gestão de água, associada a instrumentos legais e uma estratégia
para usos agrícolas e outros, bem como para a mitigação de riscos derivados de mudanças
climáticas.

b) Para empresa FIPAG:


 Desenhar programas específicos de sustentabilidade e manutenção da cobertura,
focando os seguintes aspetos: capacitação dos técnicos locais, educação e assistência
aos clientes, recolha de informações sobre as fontes avariadas, reforço monitorização
a pós a construção de um sistema de abastecimento e reabilitação;
 Melhorar a qualidade, aumentar a cobertura e sustentabilidade;
 Aumentar a eficiência dos sistemas do abastecimento de água através de programas
adequados da gestão de procura;
 Assegurar a sustentabilidade dos sistemas de abastecimento a longo prazo;
 Aumento de técnicos do laboratório e capacitações frequentes.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 46


Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para Abastecimento da Cidade de Chimoio

c) Para empresa E.D.M:


 Dinâmica na recolha de informações climatológicas, de modo a melhorar a sua base de
dados;
 Aumento de técnicos do departamento de hidrologia e meio ambiente;
 Controlo rígido sobre os usuários da barragem do Chicamba e a quantidade de água
retirada por elas;
 Um estudo relativo sobre o valor da vazão ecológica sobre a barragem do Chicamba;
 Regularização de vazões para melhor gerenciamento da barragem do Chicamba,
detalhando alternativas necessárias aos usuários da bacia para suprir as demandas futuras.

d) Aos próximos investigadores que se interessarem com a temática:


 Abordagens inerentes a analise, tratamento e disseminação de informação de
abastecimento de água no meio rural;
 Conciliar conflitos decorrentes de uso e aproveitamento de água
 Desenvolver estudos de modo a manter operacional as redes hidrológicas para recolher e
manter actualizados os dados hidrológicos necessários ao desenvolvimento e gestão das
bacias hidrográficas.

Edson Subtil da Costa Eng. Rural – Água e Saneamento Página 47


Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para Abastecimento da Cidade de Chimoio

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Avaliação da Disponibilidade Hídrica na Bacia de Búzi para Abastecimento da Cidade de Chimoio

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APÊNDICES & ANEXOS
LISTA DE APÊNDICES

Apêndice no 1: Bacia de Búzi

Apêndice no 2: Curva de Permanência da Estação Hidrométrica de Manica (E 277)

5
Caudal (m³/s)

0
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Probablidades

I
Apêndice no 3 : Curva de Permanência da Estação Hidrométrica de Mavuzi (E 699)

Curva de Permanência da Estação de Mavuzi


160
150
140
130
120
110
Caudal (m³/s)

100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Probablidades

Apêndice no 4: Demandas actuais da bacia

Actividades Vazão m3/s


Consumo domestico 1.018

Agricultura 1.26

Pastorícia 0.38

Total 2.65

II
Apêndice no 5: Demandas futuras da bacia

Actividades Vazão m3/s


Consumo domestico 2.23

Agricultura 2.74

Pastorícia 0.83

Total 5.8

Apêndice no 6: Demandas anuais da FIPAG ( m3/s)

Meses 2011 2012 2013 2014 2015


Janeiro 0.041525 0.040995 0.078738 0.039105 0.075878
Fevereiro 0.103936 0.078249 0.047936 0.05312 0.054734
Março 0.037717 0.047412 0.048655 0.037851 0.045294
Abril 0.052644 0.081191 0.077879 0.08867 0.050734
Maio 0.087822 0.089908 0.081594 0.086083 0.093457
Junho 0.088412 0.054838 0.054838 0.080493 0.078057
Julho 0.0906 0.055208 0.086571 0.051543 0.116353
Agosto 0.049747 0.101412 0.052539 0.043824 0.086888
Setembro 0.056461 0.091422 0.076364 0.052477 0.120819
Outubro 0.090468 0.07524 0.047973 0.076447 0.093391
Novembro 0.082703 0.07748 0.07794 0.078448 0.075389
Dezembro 0.126118 0.079813 0.087472 0.112128 0.127871
Total 0.908152 0.87317 0.818499 0.800189 1.018865
Em uso 0.075679 0.072764 0.068208 0.066682 0.084905

III
Apêndice no 7: Falta de manutenção da adutora de abastecimento de água

Apêndice no 8: Relaçao de volume capatado e destribuido (m³) em relaçao a indice de perda (%)

Meses Captado Destribuido IP


Jan 509967 492448 3.43
Fev 576498 553975 3.68
Mar 611685 591573 3.28
Abr 599139 581614 2.92
Mai 674601 654370 2.99
Jun 545746 532029 2.51
Jul 581916 567025 2.55
Ago 639771 622763 2.73
Set 477498 459976 3.8
Out 625921 598683 4.35
Nov 585615 562023 4.02
Dez 744489 710507 4.56

IV
Apêndice no 9: Entrevista por via inquerito aos funcionarios da FIPAG e aos seus clientes

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL


Inquérito inerente a quantidade e qualidade de água para abastecida pela empresa
FIPAG na cidade de Chimoio, especificamente nos bairros: 25 de Junho, bairro 4, bairro 5, 7 de
Abril, 16 de Junho, 7 de Setembro, Heróis Moçambicanos, Chinfura, Bloco 9 e 3 de Fevereiro.

Identificação

Nome do inquerido: ……………………………………………………….

Empresa FIPAG: ……………………........

Data: ………/………/………….

1. Existem problemas locais que influenciam no abastecimento de água a população?


i. SIM ……. ii. NÃO……

2. Têm recebido queixas pelos clientes inerentes a qualidade de água abastecida?


i. SIM ……. ii. NÃO……

3. A empresa FIPAG abastece a água a população regularmente?


i. SIM ……. ii. NÃO……

4. A FIPAG tem realizado estudos inerentes a disponibilidade hídrica do manancial em função


do crescimento demográfico da cidade do Chimoio?
i. SIM ……. ii. NÃO……

V
5. Alguma vez a FIPAG já teve que reduzir a expansão dos seus serviços por falta de
disponibilidade hídrica no manancial?
i. SIM ……. ii. NÃO……

Identificação

Nome do inquerido: ……………………………………………………….

Bairro: ……………………........

Data: ………/………/………….

1. A quantidade de água abastecida pela empresa FIPAG satisfaz a necessidade de uso?


i. SIM ……. ii. NÃO…….

2. Tem alguma noção/ideia de porquê o tratamento da água antes do consumo?


i. SIM ……. ii. NÃO…….

3. A água abastecida pela FIPAG tem sido com regularidade?


i. SIM ……. ii. NÃO…….

4. Tens alguma ideia de importância do tratamento de água?


i. SIM ……. ii. NÃO…….

5. Já houve casos de diarreia, cólera, disenteria, malaria e outras doenças por causa do consumo
da água abastecida pela FIPAG?
i. SIM ……. ii. NÃO…….

6. Sente-se feliz com os serviços da FIPAG, em particular com a qualidade de água


fornecida pela FIPAG?
i. SIM ……. ii. NÃO……

VI
LISTA DE ANEXOS

Anexo nº 1: Vazão (m3/s) Extraida na Estação Hidrométrica de Manica (E277)

Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2009 1.28 4.24 4.65 5.40
2010 1.99 1.99 3.70 3.10 2.60 2.41 2.35 2.25 2.26 2.31 2.16 5.16
2011 3.50 3.10 3.46 3.56 3.00 2.84 3.19 2.83 2.25 2.59 2.49 2.38
2012 2.39 2.35 2.31 2.37 2.25 2.40 1.90 2.04 2.56 3.99 2.20 2.08
2013 2.41 2.35 2.25 2.26 2.32 2.30 5.10 3.40 3.10 3.46 3.56 3.00
2014 4.40 4.30 3.36 3.31 4.40 3.40 2.96 2.82 3.15 2.84 2.60 2.57
2015 2.46 2.40 2.37 2.38 2.31 2.36 2.23 2.41 1.90 2.04 2.40 4.76
Fonte: ARA-CENTRO, 2015

Anexo nº 2: Vazão (m3/s) Extraida na Estação Hidrométrica de Chicamba (E256)

Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2009 2.14 1.33 2.33 1.59
2010 2.22 1.76 1.84 7.35 3.18 2.50 2.63 3.18 5.13 3.33 2.30 170
2011 116 52.0 21.8 13.4 7.10 3.15 6.26 2.43 2.05 6.34 1.35 1.72
2012 55.4 33.1 27.4 20.4 11.1 6.10 6.30 7.59 7.19 6.97 5.06 15.0
2013 5.80 12.3 45.4 3.14 5.20 14.2 3.14 4.12 6.42 25.1 73.4 27.8
2014 16.0 15.7 11.9 9.50 7.40 7.40 6.25 7.10 8.10 13.6 11.6 10.8
2015 10.1 11.1 15.1 3.65 9.76 11.5 6.34 3.43 7.25 6.56 9.20 10.4
Fonte: ARA-CENTRO, 2015

Anexo nº 3: Vazão (m3/s) Extraida na Estação Hidrométrica de Mavuzi (E699)

Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2009 11.7 12.3 12.5 11.8
2010 13.0 13.3 17.5 21.3 17.7 14.6 15.1 14.0 14.4 14.1 14.0 14.1
2011 33.4 180 143 90.1 51.4 36.2 35.1 32.3 36.9 35.1 27.3 36.6
2012 30.6 87.3 58.1 32.1 56.6 31.2 20,9 29.7 32.5 38.7 28.7 33.7
2013 26.5 60.6 24.8 25.1 58.6 47.8 34.2 36.1 15.2 31.2 9.31 3.63
2014 94.6 43.4 27.3 58.8 69.7 22.2 19.7 19.6 19.7 19.7 21.8 25.5
2015 25.6 20.6 13.2 8.12 2.32 2.10 3.23 2.02 2.00 4.23 2.97 2.43

VII
Fonte: ARA-CENTRO, 2015

Anexo nº 4: Precipitaçao na bacia de Búzi

Anos Precipitance
media (mm)
1952 12.7
1953 46.9
1954 22.5
1955 27.2
1956 31
1957 22.6
1958 34.5
1959 34.8
1960 37.6
1961 19.7
1962 51.2
1963 23.2
1964 34.5
1965 25.4
1966 27
1967 37
1968 41.2
1970 27.5
1971 20.8
1972 14
1973 24.8
1974 30.8
1975 3
1976 50.6
1977 7.5
2008 0.7
2009 0.7
2010 0.7
2011 0.7
2012 0.7
2013 0.8
2014 6.2
2015 5.8

VIII
Fonte: ARA-CENTRO, 2015

Anexo no 5 : Volumes anuais da FIPAG ( m3 )

Meses 2011 2012 2013 2014 2015


Janeiro 111220 109800 210891 104738 203232
Fevereiro 251442 189300 115966 128508 132412
Março 101021 126988 130317 101379 121315
Abril 136452 210448 201862 229832 131503
Maio 235223 240810 218542 230564 250315
Junho 229163 142140 107290 208638 202324
Julho 242662 147870 231873 138054 311641
Agosto 133243 271621 140721 117379 232721
Setembro 151224 244866 204534 140555 323601
Outubro 242310 201524 128490 204756 250139
Novembro 221513 207522 208754 210116 201921
Dezembro 337795 213772 234286 300323 342489
Total 2393268 2306661 2133526 2114842 2703613
Média 225338 204523 203198 172655.5 217976.5
Fonte: FIPAG, 2015

Anexo no 6 : Parâmetros de qualidade de água para consumo domestico

Caracteristicas Fisicas/ Quimicas Limite máximo admissível

pH 6.5 – 8.5
C. Eletrica μ/cm 50 - 2000
Turvação (NTU) 5
Temperatura (oC) 23 - 30
Calcio (mg/l CaCO3) 50
Solidos disso. totais (SDT ppm) 1000.00
Cor 15
Nitratos (mg/l NO3) 50
Nitritos (mg/l NO2) 3.0
Cloretos (mg/l cl) 250

Fonte: Ministério da Saúde (Diploma Ministerial no 180/2004)

IX

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