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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

Mecânica dos Solos


Notas de Aula
Volume 2

Curso de graduação em Engenharia Civil


UNIDADE 1: MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DO SOLO

Roteiros usuais

O passo inicial de qualquer programa de investigação, tanto para a engenharia como


para estudos do meio ambiente, geralmente compreende o levantamento bibliográfico, a
coleta de mapas e as atividades de campo e de laboratório.

Após a pesquisa da bibliografia, realiza – se o estudo de fotografias aéreas e de imagens


orbitais que, em geral, é seguido de mapeamento geológico – geotécnico preliminar de
campo, para melhor direcionar as investigações geofísicas e as sondagens mecânicas.
À medida que o estudo avança, são realizadas investigações detalhadas com
amostragem dos materiais obtidos por meio de poços, trincheiras e testemunhos de
sondagens para testes preliminares. Em alguns casos são, ainda, realizados ensaios in
situ.

As investigações podem prosseguir com a execução de sondagens e ensaios geofísicos


sobre alvos determinados, como as bases das estruturas previstas, áreas de empréstimo
ou para disposição de rejeitos, taludes instáveis, etc.

Ocasionalmente, realizam – se sondagens mecânicas e ensaios geofísicos nas fases


iniciais de investigação, com a finalidade de oferecer subsídios para a escolha de
alternativas com concepções de obras diferentes, como por exemplo, estrada em corte
ou túnel, desvio de rio por meio de canal ou túnel.

Métodos e Etapas de Projeto.

Métodos Utilizados.

Os principais métodos utilizados são:


• Sensoriamento remoto.
• Mapeamento geológico.
• Ensaios geofísicos.
• Sondagens mecânicas (métodos diretos).

O sensoriamento remoto é um recurso técnico indispensável nos trabalhos de


mapeamento geológico – geotécnico, pela possibilidade de obtenção de informações da
superfície do terreno, por meio de imagens aéreas e orbitais. O baixo custo por unidade
de área e a redução do tempo, nos trabalhos de levantamento de campo, são as
principais vantagens desta técnica.

O mapeamento possibilita o acesso direto aos materiais que estão expostos na


superfície. Permite identificar os litotipos e delimitar os diferentes corpos presentes na
área, caracterizar qualitativa ou quantitativamente as feições estruturais e coletar
amostras para ensaios de laboratório.

Em geral, os ensaios geofísicos e o sensoriamento remoto são chamados de métodos


indiretos de investigação. Estes métodos utiliza as feições topográficas, as
morfológicas e as propriedades físicas do terreno para determinar, indiretamente, a
distribuição e o posicionamento dos corpos geológicos e suas características físicas e
tecnológicas. Os métodos geofísicos constituem um conjunto de ensaios de campo que
não alteram as propriedades físicas do material ensaiado. Estes métodos também
apresentam excelente relação custo/benefício, pois possibilitam levantamentos de
grandes áreas em curto período de tempo. Os principais métodos geofísicos utilizados
na Geologia de Engenharia são: sísmicos, geoelétricos e potenciais. A maioria desses
métodos desenvolveu – se a partir da indústria do petróleo e da prospecção mineral,
principalmente para garantir maior portabilidade dos equipamentos e aumento de
resolução.

Os métodos diretos compreendem as escavações realizadas com o intuito de prospectar


os maciços, as sondagens mecânicas e os ensaios. Com as sondagens dos materiais ao
longo da linha de perfuração: descrevem – se testemunhos, variações litológicas,
estruturas geológicas e as características geotécnicas dos materiais.Quando as condições
geológicas indicam possibilidade de variações importantes, na seqüência vertical das
camadas geológicas, são feitas sondagens estratigráficas para definição do quadro
geológico da área.

Os ensaios in situ são realizados em furos de sondagens ou em porções do maciço, em


geral, em blocos com tamanho superior a um metro cúbico. Esses ensaios são realizados
para a caracterização de permeabilidade e da resistência do maciço ou das estruturas
geológicas. Nos laboratórios, realizam – se ensaios em amostras para a caracterização
geológica – geotécnica dos diferentes materiais. Para tanto empregam – se
equipamentos eletromecânicos comumente aclopados a microcomputadores.

Cada um desses métodos tem capacidade limitada para caracterizar o meio físico. As
informações obtidas por qualquer dos métodos requerem, comumente, extrapolações
para individualizar diferentes corpos com comportamento geotécnico homogêneo.
Nestes casos, a utilização combinada de dois ou mais métodos de investigação mostra
resultados de melhor qualidade.

Como conseqüência do desenvolvimento da aquisição digital de dados e de programas


computacionais para tratamento das informações coletadas, ocorreu um natural avanço
na aplicação dos métodos de investigação na solução de problemas geológico –
geotécnicos.

Fases de Projeto.

As atividades sugeridas por etapas ou fases de projeto são apresentadas a seguir, de


forma genérica, tendo em vista que a programação de trabalhos de investigação depende
das condições geológicas de cada local e das necessidades de cada tipo de obra.

A fase de inventário, algumas vezes denominado plano diretor, os estudos são


realizados no âmbito regional, com o objetivo de estabelecer alternativas para a
construção de obras ou para a intervenção no meio físico. Nesta fase são realizados
levantamentos bibliográficos e consultas a mapas geológicos e estruturais, de escala
regional ou local. Se forem disponíveis, recorre – se também a cartas geotécnicas,
pedológicas, geomorfológicas, etc. É freqüente, ainda, utilizar – se fotografias aéreas ou
imagens orbitais para reconhecimento de feições geológicas ou geotécnicas de âmbito
regional, para então executar a interpretação preliminar. As informações de
subsuperfície, na fase de inventário podem ser obtidas por meio de ensaios geofísicos,
sondagens a trado e poços de inspeção, devido ao baixo custo.
Na fase seguinte, denominada viabilidade, corresponde ao anteprojeto, o objetivo é
verificar a possibilidade de desenvolver uma alternativa para a execução do
empreendimento que seja viável técnica e economicamente.

1. Investigação de Superfície

Interpretação de Imagens

A utilização de imagens da superfície da Terra, com o objetivo de conseguir dados do


meio físico,é uma prática que vem sendo aplicada há mais de 60 anos. A interpretação
de imagens obtidas por sensoriamento remoto, fotos aéreas e imagens orbitais, é um
recurso técnico indispensável para os trabalhos de mapeamento geológico – geotécnico,
por ser um método relativamente barato e rápido.
A técnica de interpretação de fotografias aéreas pretas e branco, ou fotointerpretação
envolve o reconhecimento de vários elementos: tonalidade e textura da imagens,
morfologias ou forma de relevo, características da rede de drenagem, forma dos vales,
vegetação etc.

Mapeamento

A construção de grandes obras civis e o uso adequado do solo exigem o conhecimento


prévio das condições geológico – geotécnicas dos terrenos. O mapeamento é um método
de investigação que procura identificar tais condições, caracterizando as diferentes
unidades presentes na área e o seu comportamento, quando submetidas a diferentes
solicitações. É necessária a associação entre as características dos elementos geológicos
e os problemas das causas de acidentes ocorridos ou passíveis de ocorrer.

2. Investigações Geofísicas

Os métodos geofísicos permitem determinar a distribuição, em profundidade, de


parâmetros físicos dos maciços, tais como velocidade de propagação de ondas acústicas,
resistividade elétrica, contrastes de densidade e campo magnético da Terra. Estas
propriedades guardam estreitas relações com algumas características geológico –
geotécnicas do maciço, como o grau de alteração e de fraturamento e tipo litológico,
aspectos fundamentais na investigação de uma determinada área.
Os principais métodos geofísicos utilizados na Geologia de Engenharia são:
• Métodos Geoelétricos: eletrorrestividade (sondagem elétrica
vertical e caminhamento elétrico).
• Métodos Sísmicos: refração, reflexão, ensaios entre furos
(tomografia), utilizados na superfície terrestre, e perfilagem sísmica contínua,
sonografia e ecobatimetria, utilizados na investigação de áreas submersas (rio, lago e
mar).
• Métodos Potenciais: magnetometria e gravimetria.

A utilização de métodos geofísicos na Geologia de Engenharia dá – se


principalmente na fase de reconhecimento da área de interesse, visando a construção de
uma obra civil. Neste caso, o objetivo é a definição de grandes feições, como contatos
litológicos, zonas de fraturas e profundidade do topo rochoso. Assim, na análise dos
dados geofísicos, juntamente com informações obtidas pelos de mapeamentos
geológicos convencionais e de sondagens mecânicas, permite a tomada de decisões,
principalmente na definição dos melhores locais para implantação de obras.

3. Planejamento

A inclusão de ensaios geofísicos, como complementação de outras atividades de


investigação ou ensaios de caracterização geológico – geotécnica de uma determinada
área, deve necessariamente ser precedida de análise quanto a:
• Natureza do problema geotécnico a ser avaliado.
• Relação custo/benefício.
• Topografia.
• Dados preexistente.

4. Aplicabilidade

As medidas geofísicas propriamente ditas são bastante precisas. A ambigüidade surge


na interpretação dos dados geofísicos, já que não é único o modelo geológico que se
ajusta aos dados obtidos. O sucesso na interpretação dos dados vai depender,
fundamentalmente, de informações geológicas preexistentes e da experiência do
profissional que irá interpretar os dados adquiridos.

3. Métodos Geoelétricos

A investigação geofísica através de métodos geoelétricos (inclui – se nestes métodos, os


elétricos e eletromagnéticos), envolve a detecção, na superfície de terrenos, dos efeitos
produzidos pelo fluxo de corrente elétrica em subsuperfície.

Os métodos geoelétricos são amplamente empregados para:


• Determinação da posição e geometria do topo rochoso;
• Caracterização de estratos sedimentares;
• Identificação de zonas de falhas, zonas alteradas e/ou fraturadas, contatos
litológicos, cavidades e diques;
• Caracterização de materiais impermeáveis e permeáveis, o que permite
delimitar zonas potenciais de contaminação;
• Localização de corpos condutores (sulfetos maciços, grafita, águas
termais, etc) e corpos resistentes (carvão, domos salinos, etc);
• Identificação do N.A;
• Identificação da direção e sentido do fluxo dos fluidos subsuperficiais.

3.1. Eletrorresistividade

Dentre as principais propriedades elétricas utilizadas na investigação geoelétrica destaca


– se a eletrorresistividade ou resistividade elétrica, que diz respeito à dificuldade
encontrada pela corrente elétrica para se propagar num meio qualquer. Nas rochas, os
mecanismos de propagação de corrente elétrica podem ser eletrônicos ou iônicos. O
primeiro é devido ao transporte de elétrons na matriz da rocha, governado pelo modo de
agregação dos minerais e do grau de impurezas; o segundo refere – se ao deslocamento
de íons existentes na água contida nos poros e fissuras das rochas.
• Sondagem elétrica vertical: O método de sondagem elétrica vertical
(SEV), consiste em medir, na superfície terrestre, o parâmetro resistividade elétrica,
com o emprego de um arranjo (simétrico ou assimétrico) de eletrodos de emissão e de
recepção.
• Caminhamento elétrico: O principal objetivo do caminhamento elétrico é
o estudo da distribuição horizontal do parâmetro resistividade elétrica a uma ou várias
profundidades, aproximadamente constantes, abaixo do ponto de interesse na superfície.
As investigações através do caminhamento elétrico ocorrem normalmente ao longo de
perfis e os resultados obtidos são analisados conjuntamente em planta (uma para cada
profundidade de interesse) ou em seções com várias profundidades de investigação.

3.2. Potencial Espontâneo e Polarização Induzida

Outro fenômeno de importância na investigação geoelétrica é o da polarização, que


pode ser natural (espontânea) ou induzida. Esta última dá origem ao método geoelétrico
de prospecção de cobre, chumbo e zinco.

3.3. Condutividade

A condutividade elétrica dos terrenos, base dos métodos eletromagnéticos, é a medida


da facilidade com que a corrente elétrica flui através dos materiais (solo ou rocha). Com
poucas exceções – minerais metálicos, grafita e algumas argilas – os solos são, de uma
maneira geral, pouco condutores e qualquer fluxo de corrente elétrica através destes
materiais é devido principalmente à presença de água e seu conteúdo iônico.

3.4. Radar de Penetração no Solo.

A utilização do radar de penetração no solo (GPR – Ground Penetrating Radar) como


método de investigação geofísica de subsuperfície no Brasil é bastante recente. Os
sinais são emitidos e recebidos através de antenas dispostas na superfície do terreno. As
medidas de tempo de percurso das ondas eletromagnéticas são efetuadas ao longo de
uma linha e, quando justapostas lado a lado, fornecem uma imagem detalhada (de alta
resolução) da subsuperfície ao longo do perfil estudado.

4. Métodos Sísmicos

Os métodos sísmicos têm por objetivo estudar a distribuição em profundidade do


parâmetro velocidade de propagação das ondas acústicas,que está intimamente
relacionado com características físicas do meio geológico, tais com densidade,
constantes elásticas, porosidade, composição mineralógica e química , conteúdo de água
e tensão de confinamento. A importância destas características, nos estudos geológicos
– geotécnicos de maciços, garantem aos métodos sísmicos grande aplicabilidade na
Geologia de Engenharia. Além disso, no ensaio sísmico, amostram – se volumes
representativos e não – perturbados do maciço, o que não ocorre com os ensaios de
laboratório realizados em pequenas amostras.

Os principais métodos sísmicos utilizados na Geologia de Engenharia são:


• Na investigação terrestre: refração, reflexão e ensaios entre furos
(tomografia).
• Na investigação de áreas submersas: perfilagem sísmica
contínua, sonografia e ecobatimetria.

4.1. Sísmica de Refração

A sísmica de refração tem sido aplicada largamente na Geologia de Engenharia,


principalmente na determinação da profundidade do topo do embasamento rochoso e da
espessura das camadas sotopostas ao embasamento, além de fornecer subsídios que
possibilitam a avaliação do grau de escarificabilidade de maciços rochosos.
Este método consiste de medições de tempo de propagação das ondas acústicas que
viajam através dos meios subjacentes e refratam ao longo das interfaces com os meios
de maior velocidade de propagação, retornando à superfície onde são captadas pelos
geofones.

5. Tipos de Métodos de Investigação

5.1. Sondagem a Percussão (SPT - STANDART PENETRATION TEST)

É o mais importante teste a ser executado em qualquer obra de engenharia, e o mais


utilizado no Brasil pela sua eficiência e pela sua simplicidade a obtenção dos resultados.
Consiste na coleta de amostra semideformada a retirada de metro em metro e na
cravação de um barrilete amostrador padrão nos seus últimos 30cm por um peso de
65kilos solto em queda livre a uma altura de 75cm estabelecendo uma relação que
transforma em SPT e serve como referencia para o calculo dos projetos de fundação.
Em seu relatório deve constar um gráfico com os valores de penetração obtidos e a
classificação das camadas geológicas além do nível de água e a cota deste furo com a
data inicial e final de execução.

Número de furos de sondagem SPT:


• Um furo de sondagem para cada 200 m2 de projeção de área construída, até
projeção de 1200 m2.
• Um furo de sondagem adicional para cada 400 m2 de área de projeção para área
entre 1200 e 2400 m2 .
• Para projeção acima de 2400 m2 o número de furos de sondagem será fixado
para cada caso em particular, observando o bom senso do profissional.
• Para pequenas áreas o número mínimo de furos de sondagem será:
2 furos para projeção entre 200 e 400 m2
2
3 furos para projeção entre 200 e 400 m
Tabela 1
2
Área projeção em m Número de furos SPT

<200 2

200 a 600 3

600 a 800 4

800 a 1000 5

1000 a 1200 6

1200 a 1600 7

1600 a 2000 8

2000 a 2400 9

> 2400 à critério

5.2. Sondagem a percussão com medição de torque

Basicamente é o mesmo ensaio acrescido com a medição do torque a cada metro de


penetração fazendo uma nova relação e estabelecendo alem dos itens da sondagem a
percussão simples um gráfico com as medidas obtidas no torquimetro que pode ser
manual ou digital.

5.3. Sondagem Rotativa

Muito importante para mineração e análise onde se obtém dificuldade na penetração por
motivo de rocha ou mate.

5.4. Sondagem com Amostragem em Circulação Reversa

Por esse método não se obtém testemunhos íntegros das rochas atravessadas mas sim
amostras trituradas ou pulverizadas pela ferramenta cortante e recolhidas na boca do
furo em ciclones. Essa sondagem pode ser rotativa ou rotopercussiva.

Em ambos os casos, utilizam-se hastes de paredes duplas, cilíndricas e concêntricas em


que o fluido de perfuração é injetado no espaço anelar entre os dois tubos e retorna pelo
interior do tubo central sendo recolhido na superfície sem entrar em contato com as
paredes do furo.
5.5. Sistema Rotopercussivo

A sondagem rotopercussiva é comumente utilizada na indústria mineral devido à


representatividade das amostras recolhidas. Um bit com botões de metal duro acoplado
a martelo especial é impactado por ação do ar comprimido e gira acionado pela sonda
através das hastes de perfuração, pulverizando as rochas atravessadas. Esse pó,
direcionado pela reversão de fluxo do ar na face do bit (sem utilização de cross-over) é
conduzido pelo interior do tubo interno e recolhido na superfície em ciclones. Uma
amostra é coletada a cada metro de avanço.

5.6 Sistema Rotativo Rotary

Na perfuração Rotary são utilizadas hastes duplas, concêntricas e circulação invertida


ou reversa. Como fluido pode ser usado ar comprimido ou lama de perfuração. A
amostra é desagregada, contínua e é coletada na superfície através de ciclones ou
peneiras concentradoras.

O método é aplicado em rochas com baixo grau de coesão, como aluviões ou lateritas
brandas, obtendo bons resultados em aluviões com cassiterita, ouro, diamante, etc.

5.7. Sondagem Rotativa a Diamante

A sondagem rotativa a diamante é o método mais utilizado na exploração mineral e


definição de jazidas e desenvolvimento de lavra. Com equipamentos relativamente
leves, de fácil transporte e manuseio, são obtidas amostras (testemunhos) desde a
superfície até grandes profundidades, que retratam fielmente as características físicas,
químicas e geológicas das rochas atravessadas.

A sondagem rotativa a diamante é executada por dois métodos diferentes:

Método Convencional:

Neste método, concluído o corte de um segmento de rocha, o conjunto cortante –


barrilete e hastes de perfuração – é alçado até a superfície para coleta do testemunho. A
medida que aumenta a profundidade do furo essas manobras tornam-se mais demoradas
e, por isso, o método é mais adequado às sondagens rasas.

5.8. Roto Pneumático em Circulação Reversa

A perfuração de poços por esse método consiste na utilização de um conjunto de hastes


de perfuração dotados de camisas internas e martelos de fundo com button bit's
especiais que permitem a passagem do ar pelo espaço anelar entre a camisa e a haste. O
material é retirado do poço pelo espaço interno da camisa. Tal operação reduz a
possibilidade de perda do ferramental.
5.9. Percussiva a Cabo

Método aplicado em perfuração de rochas carbonáticas, que são são solúveis e apresentam
fendas e cavernas tornando impossível o avanço da perfuração com injeção de lama ou
rotopercussivo usual. Nesta situação as perfuratrizes percussoras a cabo operam com
maior eficácia usando trépanos. Atualmente mesmo a perfuração com com dureza elevada é
factível com a utilização de trépanos nos quais são inseridos botões de vídea.

6. Rotopercussivo com Revestimento Simultâneo – “overburden”:

Moderna tecnologia na qual o avanço da perfuração é acompanhado pelo revestimento


simultâneoo do poço. Para isso utilizam-se
utilizam se martelos pneumáticos com bit’s que se
expandem ao perfurar e que podem ser retraídos, possibilitando sua extração pelo
interior do revestimento.
6.1. Rotativo com Circulação Direta – Rotary
Método empregado na perfuração de rochas decompostas e rochas sedimentares, com
injeção direta do fluido de perfuração. A GEOSOL está equipada com sondas capazes
de perfurar em diâmetro de até 26" e atingir profundidades em torno de 800 metros.

Atualmente nossos técnicos de campo possuem profundo conhecimento a respeito dos


modernos fluidos de perfuração. As sondas operam utilizando equipamentos e
acessórios que possibilitam uma melhor performance durante a perfuração, tais como
desarenadores, peneiras de lama, Martin Decker, laboratórios portáteis de análises de
fluido, etc.

6.2. Roto Pneumático

A GEOSOL opera modernos martelos pneumáticos, que perfuram poços rapidamente


em rochas cristalinas. O furo tem trajetória vertical e retilínea e o diâmetro é uniforme.

Compressor portátil de altas vazão e pressão de trabalho.Empregado na perfuração de


poços em rochas cristalinas e desenvolvimento de poços em rochas sedimentares.

Roto Pneumático

6.3. Roto Pneumático em Circulação Reversa

A perfuração de poços por esse método consiste na utilização de um conjunto de hastes


de perfuração dotados de camisas internas e martelos de fundo com button bit's
especiais que permitem a passagem do ar pelo espaço anelar entre a camisa e a haste. O
material é retirado do poço pelo espaço interno da camisa. Tal operação reduz a
possibilidade de perda do ferramental.

6.4. Percussiva a Cabo

Método aplicado em perfuração de rochas carbonáticas, que são solúveis e apresentam


fendas e cavernas tornando impossível o avanço da perfuração com injeção de lama ou
rotopercussivo usual. Nesta situação as perfuratrizes percussoras a cabo operam com
maior eficácia usando trépanos. Atualmente mesmo a perfuração com dureza elevada é
factível com a utilização de trépanos nos quais são inseridos botões de vídea.
UNIDADE 2: TENSÕES NO SOLO

2.1 INTRODUÇÃO
O solo ao sofrer solicitações se deforma, modificando o seu volume e forma
iniciais. A magnitude das deformações apresentadas pelo solo irá depender de suas
propriedades elásticas e plásticas e do carregamento a ele imposto. O conhecimento das
tensões atuantes em um maciço de terra, sejam elas devido ao peso próprio ou
provenientes de um carregamento em superfície (alívio de cargas provocado por
escavações) é de vital importância no entendimento do comportamento de praticamente
todas as obras de Engenharia geotécnica. Nos solos ocorrem tensões devidas ao seu
peso próprio e a carregamentos externos.

2.2 CONCEITO DE TENSÕES NUM MEIO PARTICULADO


Para o estudo das tensões no solo aplica-se os conceitos da Mecânica dos
SÓLIDOS DEFORMÁVEIS aos SOLOS, para tal deve-se partir do CONCEITO DE
TENSÕES. Considera-se que o solo é constituído de um sistema de partículas e que
FORCAS APLICADAS a eles são transmitas de partícula a partícula, como também são
suportadas pela água dos vazios.
As FORÇAS APLICADAS são transmitidas de partícula a partícula de forma
complexa e dependendo do tipo de mineral. No caso de PARTÍCULAS MAIORES, em
que as três dimensões ortogonais são aproximadamente iguais, como são os grãos de
silte e de areia a transmissão de forças se faz através do contado direto mineral a
mineral. No caso de PARTÍCULAS DE MINERAL ARGILA sendo elas em numero
muito grande, as forças em cada contato são muito pequenas e a transmissão pode
ocorrer através da água quimicamente adsorvida. Em qualquer caso, entretanto, a
transmissão se faz nos contatos e, portanto, em áreas muito reduzidas em relação a
área total envolvida.
Um corte plano numa massa de solo interceptaria grãos e vazios e, só
eventualmente alguns contatos. Considere-se, porém, que tenha sido possível colocar
uma placa plana no interior do solo.
Diversos grãos transmitirão forças à placa, forças estas que podem ser
decompostas em forças normais e tangenciais à superfície da placa. Como é impossível
desenvolver modelos matemáticos com base nestas inúmeras forças, a sua ação é
substituída pelo conceito de Tensão em um ponto (desenvolvido pela mecânica do
contínuo). “De acordo com a mecânica do contínuo o estado de tensão em qualquer
plano passando por um ponto em um meio contínuo é totalmente especificado pelas
tensões atuantes em três planos mutuamente ortogonais, passando no mesmo ponto. O
estado de tensões é completamente representado pelo tensor de tensões naquele ponto.
O tensor de tensões é composto de nove componentes, formando uma matriz simétrica.”

Sejam F, N1 e T1 forças aplicadas a um ponto do solo.


N1
Fx é a componente F
tangencial de F.
Fy
Fy é a componente T1 Fx
Normal de F.
B

A TENSÃO NORMAL é a somatória das forças normais ao plano, dividida pela


área total que abrange as partículas em que estes contatos ocorrem:
∑N
σ=
área
E a TENSÃO CISALHANTE é a somatória das forças tangenciais, dividida pela
área.

τ= ∑T
área

O que se considerou para o contato entre o solo e a placa pode ser também
assumido como válido para qualquer outro plano.

2.3 TENSÖES DEVIDAS AO PESO PRÓPRIO DO SOLO

Nos solos, ocorrem tensões devidas ao peso próprio e às cargas aplicadas. Na


análise do comportamento dos solos, as tensões devidas ao peso tem valores
consideráveis, e não podem ser desconsideradas. Quando a superfície do terreno é
horizontal, aceita-se intuitivamente, que a tensão atuante num plano horizontal a uma
certa profundidade seja normal ao plano. De fato, estatisticamente, as componentes das
forças tangenciais ocorrentes em cada contato tendem a se contrapor, anulando a
resultante.
Num plano horizontal, acima do nível de água, como o plano A mostrado na
figura 1, atua o peso de um prisma de terra definido por este plano.

Quando a superfície de um terreno for horizontal aceita-se que em um elemento de solo


situado abaixo do NT a uma profundidade “z”, não haverá tensões cisalhantes em planos
verticais e horizontais, portanto estes serão os planos principais de tensões.

Em uma situação de tensões geostáticas, portanto, a tensão normal vertical inicial( σvo )
no ponto “A” pode ser obtida considerando o peso do solo acima do ponto “A” dividido
pela área (b2).

O peso do prisma dividido pela área, indica a tensão vertical:

γn V
σV = = γnz A
área
Quando o solo é constituído de camadas aproximadamente horizontais, a tensão
vertical resulta da somatória do efeito das diversas camadas, ou seja, se o solo acima do
ponto “A” for estratificado, isto é, composto de “n” camadas, o valor de σvo é dado pelo
somatório ,
onde “i” varia de 1 a n.

A figura 2 mostra um diagrama de tensões com a profundidade de uma seção de solo,


por hipótese seco.

3. PRESSÃO NEUTRA
Tomamos, agora, o plano B, abaixo do lençol freático, situado na profundidade
zw. A tensão total no plano B será a soma do efeito das camadas superiores. A água no
interior dos vazios, abaixo do nível d’água, estará sob uma pressão que independe da
porosidade do solo, depende apenas de sua profundidade em relação ao nível freático.
No plano considerado, a pressão da água será dada por:
u = (zB – zw) γw
ou
u = γw z Coluna De Água , sendo γw o peso específico da água.

4. PRINCÍPIO DAS TENSÕES EFETIVAS


O princípio da tensões efetivas foi postulado por TERZAGHI, para o caso dos
solos saturados, a tensão em um plano qualquer deve ser considerada como a soma de
duas parcelas:
a) a tensão transmitida pelo contato entre as partículas, chamada de TENSÃO

EFETIVA ( σ ) ou (σ’);
b) pela pressão da água, denominada PRESSÃO NEUTRA ou PORO PRESSÃO.
O princípio das tensões efetivas diz que:
A tensão efetiva, para solos saturados, pode ser expressa por:

σ=σ−u
sendo σ a tensão total
Todos os efeitos mensuráveis resultantes de variações de tensões nos solos,
como compressão, distorção e resistência ao cisalhamento são devidas a VARIAÇÕES
DE TENSÕES EFETIVAS.

4.1 COROLÁRIOS DO PRINCÍPIO DAS TENSÕES EFETIVAS


1. O comportamento de dois solos com a mesma estrutura e mineralogia será o
mesmo desde que submetido ao mesmo estado de tensões efetivas.

2. Se um solo for submetido a um carregamento ou descarregamento sem qualquer


mudança de volume ou distorção, não haverá variação de tensões efetivas.

3. Um solo expandirá (e perderá resistência) ou comprimirá (ganhará resistência) se


a poro pressão isoladamente aumentar ou diminuir.

5. USO DO PESO ESPECÍFICO SUBMERSO

Nos locais do solo abaixo do nível de água (NA) o cálculo das tensões efetivas
poderia ser simplificado pelo uso do conceito de PESO ESPECÍFICO SUBMERSO.
Neste caso a tensão total abaixo do NA será dada por

σv = γsat .z
Através de uma esponja cúbica, com 10 cm de aresta, colocada num recipiente
como mostra a figura 3, poderemos visualizar o conceito de tensão efetiva.

Na posição (a), com água até a superfície superior, as tensões resultam do seu
peso e da pressão da água; ela está em repouso.
Quando se coloca um peso de 10N sobre a esponja , as tensões no interior da
esponja serão majoradas e a pressão aplicada será de 1kPa (10N/0,01 m2). O acréscimo
de tensão foi efetivo, pois a esponja se deformará expulsando água do seu interior.

Se o nível da água fosse elevado de 10cm, a pressão atuante sobre a esponja


seria também de 1kPa (10 kN / m3 x 0,1 m), e as tensões no interior da esponja seriam
majoradas deste mesmo valor. Mas a esponja não se deforma. A pressão da água atua
também nos vazios da esponja e a estrutura sólida não “sente” a alteração das pressões.
O acréscimo de pressões foi neutro
.

No solo ocorre o mesmo fenômeno. Se é aplicado um carregamento na


superfície do terreno, as tensões efetivas aumentam, o solo se comprime e parte da água
é expulsa de seus vazios, mesmo que lentamente. Se o nível de uma lagoa se eleva , o
aumento da tensão total provocado pela elevação é igual ao aumento da pressão neutra
nos vazios e o solo não se comprime .
No perfil do subsolo a seguir o nível de água está na cota -1,0m. As tensões
totais são calculadas como foi mostrado anteriormente. As pressões neutras são
resultantes da profundidade, crescendo linearmente.

As tensões efetivas são as diferenças. Se o nível d’água for rebaixado, as tensões


totais pouco se alteram, porque o peso específico do solo permanece o mesmo.

A pressão neutra diminui e, consequentemente, a tensão efetiva aumenta.

Cálculo das tensões efetivas com o peso específico aparente submerso.

No exemplo anterior o acréscimo de tensão efetiva da cota -3m até a cota -7m, é
o resultado do acréscimo da tensão total menos o acréscimo da pressão neutra. O
acréscimo da tensão efetiva também pode ser calculado por meio do peso específico
submerso do solo.

O acréscimo da tensão efetiva também pode ser calculado por meio do peso
específico submerso do solo.
UNIDADE 3: COMPACTAÇÃO DOS SOLOS

3.1. INTRODUÇÃO
Muitas vezes na prática da engenharia geotécnica, o solo de um determinado local
não apresenta as condições requeridas pela obra. Ele pode ser pouco resistente, muito
compressível ou apresentar características que deixam a desejar do ponto de vista
econômico. Uma das possibilidades é tentar melhorar as propriedades de engenharia do
solo local.
A compactação é um método de estabilização e melhoria do solo através de
processo manual ou mecânico, visando reduzir o volume de vazios do solo. A
compactação tem em vista estes dois aspectos: aumentar a intimidade de contato entre
os grãos e tornar o aterro mais homogêneo melhorando as suas características de
resistência, deformabilidade e permeabilidade.
A compactação de um solo é a sua densificação por meio de equipamento
mecânico, geralmente um rolo compactador, embora, em alguns casos, como em
pequenas valetas até soquetes manuais podem ser empregados. Um solo, quando
transportado e depositado para a construção de um aterro, fica num estado relativamente
fofo e heterogêneo e, portanto, além de pouco resistente e muito deformável, apresenta
comportamento diferente de local para local.
A compactação é empregada em diversas obras de engenharia, como: aterros para
diversas utilidades, camadas constitutivas dos pavimentos, construção de barragens de
terra, preenchimento com terra do espaço atrás de muros de arrimo e reenchimento das
inúmeras valetas que se abrem diariamente nas ruas das cidades. Os tipos de obra e de
solo disponíveis vão ditar o processo de compactação a ser empregado, a umidade em
que o solo deve se encontrar na ocasião e a densidade a ser atingida.
O início da técnica de compactação é creditada ao engenheiro Ralph Proctor, que,
em 1933, publicou suas observações sobre a compactação de aterros, mostrando ser a
compactação função de quatro variáveis: a) Peso específico seco; b) Umidade; c)
Energia de compactação e d) Tipo de solo. A compactação dos solos tem uma grande
importância para as obras geotécnicas, já que através do processo de compactação
consegue-se promover no solo um aumento de sua resistência e uma diminuição de sua
compressibilidade e permeabilidade.
A tabela abaixo apresenta os vários meios empregados para estabilizar um solo:
MÉTODOS TIPOS
Confinamento (solos com atrito)
Pré-consolidação (solos finos
FÍSICOS argilosos)
Mistura (solo + solo)
Vibroflotação
Sal
Cal
QUÍMICOS Cimento
Asfalto
Etc.
MECÂNICOS Compactação

3.2. DIFERENÇAS ENTRE COMPACTAÇÃO E ADENSAMENTO


Pelo processo de compactação, a diminuição dos vazios do solo se dá por
expulsão do ar contido nos seus vazios, de forma diferente do processo de adensamento,
onde ocorre a expulsão de água dos interstícios do solo. As cargas aplicadas quando
compactamos o solo são geralmente de natureza dinâmica e o efeito conseguido é
imediato, enquanto que o processo de adensamento é deferido no tempo (pode levar
muitos anos para que ocorra por completo, a depender do tipo de solo) e as cargas são
normalmente estáticas.

3.3. ENSAIO DE COMPACTAÇÃO


Aplicando-se uma certa energia de compactação (um certo número de passadas de
um determinado equipamento no campo ou um certo número de golpes de um soquete
sobre o solo contido num molde), a massa específica resultante é função da umidade em
que o solo estiver. Quando se compacta com umidade baixa, o atrito as partículas é
muito alto e não se consegue uma significativa redução de vazios. Para umidades mais
elevadas, a água provoca um certo efeito de lubrificação entre as partículas, que
deslizam entre si, acomodando-se num arranjo mais compacto.
Na compactação, as quantidades de partículas e de água permanecem constantes;
o aumento da massa específica corresponde à eliminação de ar dos vazios. Há, portanto,
para a energia aplicada, um certo teor de umidade, denominado umidade ótima, que
conduz a uma massa específica máxima, ou uma densidade máxima.

3.4. ENSAIO NORMAL DE COMPACTAÇÃO

O ensaio de Proctor foi padronizado no Brasil pela ABNT (NBR 7.182/86). Em


última revisão, esta norma apresenta diversas alternativas para a realização do ensaio.
Descreveremos inicialmente, nos seus aspectos principais, aquela que corresponde ao
ensaio original e que ainda é a mais empregada.
A amostra deve ser previamente seca ao ar e destorroada. Inicia-se o ensaio,
acrescentando-se água até que o solo fique com cerca de 5% de umidade abaixo da
umidade ótima. Não é tão difícil perceber isto, como poderia parecer à primeira vista.
Ao se manusear um solo, percebe-se uma umidade relativa que depende dos limites de
liquidez e de plasticidade.
- Uma porção do solo é colocada num cilindro padrão (10cm de diâmetro, altura de
12,73cm, volume de 1.000cm3) e submetida a 26 golpes de um soquete com massa de
2,5Kg e caindo de 30,5cm, ver Figura 01. Anteriormente, o número de golpes era de
25; a alteração da norma para 26 foi feita para ajustar a energia de compactação ao valor
de outras normas internacionais. Levando em conta que as dimensões do cilindro
padronizado no Brasil são um pouco diferente das demais. A porção do solo
compactado deve ocupar cerca de um terço da altura do cilindro. O processo é repetido
mais duas vezes, atingindo-se uma altura um pouco superior à do cilindro, o que é
possibilitado por um anel complementar. Acerta-se o volume raspando o excesso.
- Determina-se a massa específica do corpo de prova obtido. Com uma amostra de
seu interior, determina-se a umidade, Com estes dois valores, calcula-se a densidade
seca. A amostra é destorroada, a umidade aumentada (cerca de 2%), nova compactação
é feita, e novo par de valores umidade-densidade seca é obtido. A operação é repetida
até que se perceba que a densidade, depois de ter subido, já tenha caído em duas ou três
operações sucessivas. Note-se que, quando a densidade úmida se mantém constante em
duas tentativas sucessivas, a densidade seca já caiu. Se o ensaio começou, de fato, com
umidade 5% abaixo da ótima, e os acréscimos forem de 2% a cada tentativa, com 5
determinações o ensaio estará concluído (geralmente não são necessárias mais do que 6
determinações).
Figura 01: Equipamento de Compactação

3.5. CURVA DE COMPACTAÇÃO


Com os dados obtidos, desenha-se a curva de compactação, que consiste na
representação da densidade seca em função da umidade, como se mostra na Figura 02,
geralmente, associa-se uma reta aos pontos ascendentes do ramo seco, outra aos pontos
descendentes do ramo úmido e unem-se as duas por uma curva parabólica. Como se
justificou anteriormente, a curva define uma densidade seca máxima, à qual
corresponde uma umidade ótima.
No próprio gráfico do ensaio pode-se traçar a curva de saturação que corresponde
ao lugar geométrico dos valores de umidade e densidade seca, estando o solo saturado.
Da mesma forma, pode-se traçar curvas correspondentes a igual grau de saturação. A
curva de compactação é definida pela equação:
Sγ s γ w
γd =
Sγ w + γ s w

Para solo saturado, S = 1;

γsγw
γd =
γw + γsw
Onde:
γd – massa específica (ou peso específico) aparente seca do solo;
Gs – densidades dos grãos do solo;
γw – massa específica da água (ou peso específico);
e – índice de vazios;
w – teor de umidade.

Figura 02: Curva de Compactação

O ramo da curva de compactação anterior ao valor de umidade ótima é


denominado de “ramo seco” e o trecho posterior de “ramo úmido” da curva de
compactação. No ramo seco, a umidade é baixa, a água contida nos vazios do solo está
sob o efeito capilar e exerce uma função aglutinadora entre as partículas. À medida que
se adiciona água ao solo ocorre a destruição dos benefícios da capilaridade, tornando-se
mais fácil o rearranjo estrutural das partículas. No ramo úmido, a umidade é elevada e a
água se encontra livre na estrutura do solo, absorvendo grande parte da energia de
compactação.

3.6. VALORES TÍPICOS


De maneira geral, os solo argilosos apresentam densidades secas baixas e umidade
ótimas elevadas. Solos siltosos apresentam também valores baixos de densidade,
freqüentemente com curvas de laboratório bem abatidas. As areias com pedregulhos,
bem graduados e pouco argilosos, apresentam densidades secas máximas elevadas e
umidades ótimas baixas.

3.7. METODOS ALTERNATIVOS DE COMPACTAÇÃO


A norma Brasileira de ensaio de compactação prevê as seguintes alternativas de
ensaio:
a) Ensaio sem reuso do material: é utilizada uma amostra virgem para cada ponto da
curva;
b) Ensaio sem secagem previa do material: dificulta a homogeneização da umidade.
Para alguns solos a influência da pré-secagem é considerável;
c) Ensaio em solo com pedregulho: quando o solo tiver pedregulho a norma NBR
7.182/86 indica que a compactação seja feita num cilindro maior, com 15,24cm de
diâmetro e 11,43 cm de altura, volume de 2.085 cm3. Neste caso o solo é compactado
em cinco camadas, aplicando-se 12 golpes por camada, com um soquete mais pesado e
com maior altura de queda do que o anterior (massa de 4,536 kg e altura de queda de
47,5 cm).

3.8. ENERGIA DE COMPACTAÇÃO


A densidade seca máxima e a umidade ótima determinada no ensaio descrito
como Ensaio Normal de Compactação ou Ensaio Proctor Normal não são índices físicos
do solo. Estes valores dependem da energia aplicada na compactação. Chama-se energia
de compactação ou esforço de compactação ao trabalho executado, referido a unidade
de volume de solo após compactação. A energia de compactação é dada pela seguinte
fórmula:

M.H.Ng.Nc
EC =
V

Sendo:
M – massa do soquete;
H – altura de queda do soquete;
Ng – o número de golpes por camada;
Nc – número de camadas;
V – volume de solo compactado.
3.9 INFLUÊNCIA DA ENERGIA DE COMPACTAÇÃO
A medida que se aumenta a energia de compactação, há uma redução do teor de
umidade ótimo e uma elevação do valor do peso específico seco máximo. O gráfico da
figura 03 mostra a influência da energia de compactação no teor de umidade ótimo
hótimo e no peso específico seco máximo γdmáx.
Tendo em vista o surgimento de novos equipamentos de campo, de grande porte,
com possibilidade de elevar a energia de compactação e capazes de implementar uma
maior velocidade na construção de aterros, houve a necessidade de se criar em
laboratório ensaios com maiores energias que a do Proctor Normal. As energias de
compactação usuais são de 6kgf/cm3 para o Proctor Normal, 12,6 kgf/cm3 para o
Proctor Intermediário e 25 kgf/cm3 para o Proctor Modificado.

Figura 03: Influência da energia de compactação γdmáx e hótimo

3.9.1 Ensaio Proctor Normal


O ensaio Proctor Normal utiliza o cilindro de 10 cm de diâmetro, altura de
12,73cm e volume de 1.000cm3 é submetida a 26 golpes de um soquete com massa de
2,5Kg e caindo de 30,5cm. Corresponde ao efeito de compactação com os equipamentos
convencionais de campo.

3.9.2 Ensaio Modificado


O ensaio Modificado utiliza o cilindro de 15,24 cm de diâmetro, 11,43 cm de
altura, 2.085 cm3 de volume, peso do soquete de 4,536 kg e altura de queda de 45,7 cm
aplicando-se 55 golpes por camada. É utilizado nas camadas mais importantes do
pavimento, para os quais a melhoria das propriedades do solo, justifica o emprego de
uma maior energia de compactação.

3.9.3 Ensaio Intermediário


O ensaio denominado Intermediário difere do modificado só pelo número de
golpes por camada que corresponde a 26 golpes por camada, sendo aplicado nas
camadas intermediárias do pavimento.

3.10 CURVA DE RESISTÊNCIA


A compactação do solo deve proporcionar a este, para a energia de compactação
adotada, a maior resistência estável possível. O gráfico da figura 04 apresenta a variação
da resistência do solo, obtida por meio de um ensaio de penetração realizado com uma
agulha Proctor, em função de sua umidade de compactação. Conforme se pode
observar, quanto maior a umidade menor a resistência do solo.
Os solos não devem ser compactados abaixo da umidade ótima, por que ela
corresponde a umidade que fornece estabilidade ao solo. Não basta que o solo adquira
boas propriedades de resistência e deformação, elas devem permanecer durante todo o
tempo de vida útil da obra.
Conforme se pode notar do gráfico, caso o solo fosse compactado com umidade
inferior a ótima ele iria apresentar resistência superior àquela obtida quando da
compactação no teor de umidade ótimo, contudo este solo poderia vir a saturar em
campo (em virtude do período de fortes chuvas) vindo alcançar uma umidade
correspondente a curva de saturação do solo, para o qual o solo apresenta valor de
resistência praticamente nulo. No caso do solo ser compactado na umidade ótima, o
valor de sua resistência cairia um pouco, estando o mesmo ainda a apresentar
características de resistência razoáveis.
Figura 04: Curva de Resistência, compactação e índice de
vazios

3.11. EQUIPAMENTOS DE CAMPO


Os princípios que estabelecem a compactação dos solos no campo são
essencialmente os mesmos discutidos anteriormente para os ensaios em laboratórios.
Assim, os valores de peso específico seco máximo obtidos são fundamentalmente
função do tipo do solo, da quantidade de água utilizada e da energia específica aplicada
pelo equipamento que será utilizado, a qual depende do tipo e peso do equipamento e do
número de passadas sucessivas aplicadas.
A energia de compactação no campo pode ser aplicada, como em laboratório, de
três maneiras diferentes: por meios de esforços de pressão, impacto, vibração ou por
uma combinação destes. Os processos de compactação de campo geralmente combinam
a vibração com a pressão, já que a vibração utilizada isoladamente se mostra pouco
eficiente, sendo a pressão necessária para diminuir, com maior eficácia, o volume de
vazios interpartículas do solo.
Os equipamentos de compactação são divididos em três categorias: os soquetes
mecânicos; os rolos estáticos e os rolos vibratórios.

3.11.1 Soquetes
São compactadores de impacto utilizados em locais de difícil acesso para os rolos
compressores, como em valas, trincheiras, etc. Possuem peso mínimo de 15Kgf,
podendo ser manuais ou mecânicos (sapos). A camada compactada deve ter 10 a 15cm
para o caso dos solos finos e em torno de 15cm para o caso dos solos grossos.

3.11.2 Rolos Estáticos


Os rolos estáticos compreendem os rolos pé-de-carneiro, os rolos lisos de roda de
aço e os rolos pneumáticos.

• Pé-de-Carneiro
Os rolos pé-de-carneiro são constituídos por cilindros metálicos com
protuberâncias(patas) solidarizadas, em forma tronco-cônica e com altura de
aproximadamente de 20cm. Podem ser alto propulsivos ou arrastados por trator. É
indicado na compactação de outros tipos de solo que não a areia e promove um grande
entrosamento entre as camadas compactadas.
A camada compactada possui geralmente 15cm, com número de passadas
variando entre 4 e 6 para solos finos e de 6 e 8 para solos grossos. A Figura 05 ilustra
um rolo compactador do tipo pé-de-carneiro.
As características que afetam a performance dos rolos pé-de-carneiro são a
pressão de contato, a área de contato de cada pé, o número de passadas por cobertura e
estes elementos dependem do peso total do rolo, o número de pés em contato com o
solo e do número de pés por tambor.

Figura 05: Rolo Pé-de-Carneiro

• Rolo Liso
Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia úmida ou
água, a fim de que seja aumentada a pressão aplicada. São usados em bases de estradas,
em capeamentos e são indicados para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada,
lançados em espessuras inferiores a 15cm.
Este tipo de rolo compacta bem camadas finas de 5 a 15cm com 4 a 5 passadas.
Os rolos lisos possuem pesos de 1 a 20t e freqüentemente são utilizados para o
acabamento superficial das camadas compactadas. Para a compactação de solos finos
utilizam-se rolos com três rodas com pesos em torno de 7t para materiais de baixa
plasticidade e 10t, para materiais de alta plasticidade. A Figura 06 ilustra um rolo
compactador do tipo liso.
Os rolos lisos possuem certas desvantagens como, pequena área de contato e em
solos mole afunda demasiadamente dificultando a tração.

Figura 06: Rolo Liso

• Rolo Pneumático
Os rolos pneumáticos são eficientes na compactação de capas asfálticas, bases e
subbases de estradas e indicados para solos de granulação fina e arenosa. Os rolos
pneumáticos podem ser utilizados em camadas de até 40 cm e possuem área de contato
variável, função da pressão nos pneus e do peso do equipamento.
Pode-se usar rolos com cargas elevadas obtendo-se bons resultados. Neste caso,
muito cuidado deve ser tomado no sentido de se evitar a ruptura do solo. A Figura 07
ilustra um rolo pneumático

Figura 07: Rolo Pneumático


3.11.3 Rolos Vibratórios
Nos rolos vibratórios, a freqüência da vibração influi de maneira extraordinária
no processo de compactação do solo. São utilizados eficientemente na compactação de
solos granulares (areias), onde os rolos pneumáticos ou pé-de-carneiro não atuam com
eficiência. Este tipo de rolo quando não são usados corretamente produzem super
compactação. A espessura máxima da camada é de 15cm. O rolo vibratório pode ser
visto na figura 08.

Figura 8: Rolo Vibratório

3.12. ESCOLHA DOS EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO

a) Solos Coesivos
Nos solos coesivos há uma parcela preponderante de partículas finas e muito finas
(silte e argila), nas quais as forças de coesão desempenham papel muito importante,
sendo indicado a utilização de rolos pé-de-carneiro e os rolos conjugados.

b) Solos Granulares
Nos solos granulares há pouca ou nenhuma coesão entre os grãos existindo,
entretanto atrito interno entre os grãos existindo, entretanto atrito interno entre eles,
sendo indicado a utilização rolo liso vibratório.
c) Mistura de Solos
Nos solos misturados encontra-se materiais coesivos e granulares em porções
diversas, não apresenta característica típica nem de solo coesivo nem de solo granular,
sendo indicado a utilização de pé-de-carneiro vibratório

d) Mistura de argila, silte e areia


Rolo pneumático com rodas oscilantes.

e) Qualquer tipo de solo


Rolo pneumático pesado, com pneus de grande diâmetro e largura.

3.13. CONTROLE DE COMPACTAÇÃO


Para que se possa efetuar um bom controle de compactação do solo em campo,
temos que atentar para os seguintes aspectos:
- tipo de solo;
- espessura da camada;
- entrosamento entre as camadas;
- número de passadas;
- tipo de equipamento;
- umidade do solo;
- grau de compactação alcançado.

Assim alguns cuidados devem ser tomados:


1) A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a espessura
da camada compactada deverá ser menor que 20cm.
2) Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível da
umidade ótima.
3) Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se refere à
umidade quanto ao material.

Na prática, o procedimento usual de controle de compactação é o seguinte:


- Coletam-se amostras de solo da área de empréstimo e efetua-se em laboratório o
ensaio de compactação. Obtêm-se a curva de compactação e daí os valores de peso
específico seco máximo e o teor de umidade ótimo do solo.
- No campo, à proporção em que o aterro for sendo executado, deve-se verificar,
para cada camada compactada, qual o teor de umidade empregado e compará-lo com a
umidade ótima determinada em laboratório. Este valor deve atender a seguinte
especificação: wcampo – 2%< Wótima < wcampo + 2%.
- Determina-se também o peso específico seco do solo no campo, comparando-o
com o obtido no laboratório. Define-se então o grau de compactação do solo, dado pela
razão entre os pesos específicos secos de campo e de laboratório (GC = γd campo/ γdmáx)
x100. Deve-se obter sempre valores de grau de compactação superiores a 95%.
- Caso estas especificações não sejam atendidas, o solo terá de ser revolvido, e uma
nova compactação deverá ser efetuada.
UNIDADE 4 - HIDRÁULICA DOS SOLOS

4.1 Introdução

Às vezes o engenheiro se defronta com situações em que é necessário controlar o


movimento de água através do solo e, evidentemente, proporcionar uma proteção contra
os efeitos nocivos deste movimento.

Do ponto de vista prático, a água pode ser considerada incompressível e sem nenhuma
resistência ao cisalhamento, o que lhe permite, sob a ação de altas pressões, penetrar em
micro fissuras e poros, e exercer pressões elevadas que levam enormes maciços ao
colapso.

Um aspecto importante em qualquer projeto em que se tenha a presença de água é a


necessidade do reconhecimento do papel que os pequenos detalhes da natureza
desempenham. Assim, não basta apenas realizar verificações matemáticas, mas também
recorrer a julgamentos criteriosos dessas particularidades, pois que elas nem sempre
podem ser suficientemente quantificadas.

O objetivo básico desta unidade é fornecer as informações necessárias para o


entendimento físico da presença da água nos solos e para a resolução de problemas que
envolvem percolação de água no solo.

4.2 Ocorrência de água subterrânea

O interior da Terra, composto de diferentes rochas, funciona como um vasto


reservatório subterrâneo para a acumulação e circulação das águas que nele se infiltram.
As rochas que formam o subsolo da Terra, raras vezes, são totalmente sólidas e maciças.
Elas contêm numerosos vazios (poros e fraturas) denominados também de interstícios,
que variam dentro de uma larga faixa de dimensões e formas,dando origem aos
aqüíferos.

Apesar desses interstícios poderem atingir dimensões de uma caverna em algumas


rochas, deve-se notar que a maioria tem dimensões muito pequenas. São geralmente,
interligados, permitindo o deslocamento das águas infiltradas.

A água subterrânea é originada predominantemente da infiltração das águas das chuvas,


sendo este processo de infiltração de grande importância na recarga da água no subsolo.

A recarga depende do tipo de rocha, cobertura vegetal, topografia, precipitação e da


ocupação do solo. A utilização desta água é feita através de poços caseiros e profundos,
conforme a profundidade alcançada. O processo de formação do lençol freático é
mostrado na Figura 4.1.
Figura 4.1: Ciclo Hidrológico: Infiltração e formação de lençol freático

Problemas relativos às águas subterrâneas são encontrados em um grande número de


obras de Engenharia. A ação e a influência dessas águas têm causado numerosos
imprevistos e acidentes, sendo os casos mais comuns verificados em cortes de estradas,
escavações de valas e canais, fundações para barragens, pontes, edifícios, etc.

Nas obras que necessitam de escavações abaixo do lençol freático, como por exemplo, a
construção de edifícios, barragens, túneis, etc; pode ser executado um tipo de drenagem
ou rebaixamento do lençol freático. A água existente no subsolo pode ser eliminada por
vários métodos.

A posição do lençol freático no subsolo não é, entretanto, estável, mas bastante variável.
Isso representa dizer que, em determinada região, a profundidade do lençol freático
varia segundo as estações do ano.

Essa variação depende do clima da região, e dessa maneira, nos períodos de estiagem, a
posição do lençol freático sofre normalmente um abaixamento, ao contrário do período
das cheias, quando essa posição se eleva.

A ocorrência de leitos impermeáveis (argila, por exemplo) ocasiona aprimoramento


localizado de certas porções de água, formando um lençol freático ou nível d’água
suspenso, que não corresponde ao nível d’água principal.

Em conseqüência da infiltração, a água precipitada sobre a superfície da terra penetra no


subsolo e através da ação da gravidade sofre um movimento descendente até atingir
uma zona onde os vazios, poros e fraturas se encontram totalmente preenchidos d’água.
Esta zona é chamada zona saturada ou freática. Essa zona é separada por uma linha
conhecida como nível freático ou lençol freático, abaixo da qual estará o solo na
condição de submersão (se em condição de água livre), e acima estará o solo saturado
até uma determinada altura.
4.3 Fenômenos capilares

Capilaridade ou ação capilar é a propriedade física que os fluidos têm de subirem ou


descerem em tubos extremamente finos. Essa ação pode fazer com que líquidos fluam
mesmo contra a força da gravidade ou à indução de um campo magnético.

Se um tubo que está em contato com esse líquido for fino o suficiente, a combinação de
tensão superficial, causada pela coesão entre as moléculas do líquido, com a adesão do
líquido à superfície desse material, pode fazê-lo subir por ele. Esta capacidade de subir
ou descer resulta da capacidade de o líquido "molhar" ou não a superfície do tubo.

Em alguns solos ocorre a capilaridade, que é a ascensão da água entre os interstícios de


pequenas dimensões deixados pelas partículas sólidas, além do nível do lençol freático.
A altura alcançada depende da natureza do solo.

Na figura a seguir verifica-se que o solo não se apresenta saturado ao longo de toda
altura de ascensão capilar, mas somente até um certo nível, denominado nível de
saturação.

O corte, na Figura 4.2, mostra-nos uma distribuição de umidade do solo e os diferentes


níveis e condições da água subterrânea em uma massa de solo. Observa-se que o
fenômeno de capilaridade ocorre em maiores proporções em solos argilosos. A altura
capilar é calculada pela teoria do tubo capilar, que considera o solo um conjunto de
tubos capilares.

Figura 4.2 – Distribuição de umidade no solo

A altura capilar que a água alcança em um solo se determina, considerando sua massa
como um conjunto de tubos capilares, formados pelos seus vazios, sendo que estes
tubos são irregulares e informes.

Figura 4.3 – Tubos capilares


O peso de água num tubo com raio r e altura de ascensão capilar hc é :

Considerando a tensão superficial T atuado em toda a superfície de contato água –tubo,


a força resultante é igual a:

Igualando-se as expressões tem-se:

ou para fins práticos:

onde d é o diâmetro dos poros.

Portanto nos solos arenosos e pedregulhosos onde os poros são maiores, a altura de
ascensão capilar está entre 30cm e 1 m, nos solos siltosos e argilosos a altura de
ascensão capilar pode chegar a dezenas de metros, devido os poros destes solos serem
menores.

O fenômeno de capilaridade influencia no cálculo da tensão efetiva ( σ’), pois água nos
vazios do solo, na faixa acima do lençol freático, mas com ele comunicada, está sob
uma pressão abaixo da atmosférica.

A pressão neutra é negativa. Neste caso a tensão efetiva será maior que a tensão total. A
pressão neutra negativa provoca uma maior força nos contatos dos grãos, aumentando a
tensão efetiva.

No exemplo a seguir vemos que o solo superficial é uma areia fina, cuja ascensão
capilar deve ser superior a um metro. A água tende a subir por capilaridade e toda faixa
superior poderá estar saturada, com água em estado capilar.
Como podemos ver a pressão neutra varia linearmente, desde zero na cota do nível
d’água até o valor negativo na superfície, correspondente à diferença de cota. Portanto a
camada superior de 1 m não está seca, a tensão efetiva passa a ser de 10kN/m2 e não
nula. Como a resistência das areias é diretamente proporcional à tensão efetiva, a
capilaridade confere a este terreno uma sensível resistência.

4.4 Permeabilidade

A permeabilidade é a propriedade que o solo apresenta de permitir o escoamento da


água através dele.

O movimento de água através de um solo é influenciado por uma série de fatores,


devido a sua natural heterogeneidade. Nos solos granulares, a água se movimenta
livremente nos vazios, ao contrário dos solos finos, argilosos, onde a presença de cargas
elétricas na superfície dos minerais e a presença de moléculas de água adsorvidas nessa
superfície dificultam essa movimentação.

O conhecimento da permeabilidade de um solo é de fundamental importância em


diversos problemas de engenharia, tais como : drenagem, rebaixamento do nível d’água,
recalques, barragens, etc.

A água se movimenta pelos vazios do solo devido à gravidade. Segundo a lei de


Bernoulli, existem três cargas disponíveis em um ponto do fluido:
• carga de posição (definido por um referencial);
• carga de pressão;
• carga cinética.

A lei de Bernoulli pode ser resumida na expressão:

A parcela no interior do solo é muito pequena e pode ser desprezada, reduzindo a


expressão para:

Para que haja fluxo é necessário que a energia total em cada ponto seja diferente. A
água flui do ponto de maior energia para outro de menor energia. No esquema mostrado
na figura a seguir há uma porção de solo conectada a dois reservatórios com níveis dos
reservatórios na mesma cota, portanto, não há fluxo.
Aumentando o potencial do lado esquerdo a água fluirá para a direita, conforme
ilustrado na figura seguinte:

Mantendo-se o nível dos reservatórios constantes e impondo à amostra, de comprimento


L, um gradiente hidráulico i = ∆h/L, a vazão é dada pela Lei de Darcy, a partir da
velocidade de percolação v = Ki:

O gradiente hidráulico (i), ou perda de carga unitária é a relação entre a perda de carga
hidráulica (h1 - h2) e a distância de percolação “L” onde ocorreu a perda.

A Lei de Darcy é válida para um escoamento “laminar”, tal como é possível e deve ser
considerado o escoamento na maioria dos solos naturais.
Escoamento laminar é quando as trajetórias das partículas d’água não se cortam; em
caso contrário denomina-se turbulento.

A figura a seguir mostra a variação da velocidade com o gradiente hidráulico nos


escoamentos laminares ( v < vcrítica ) e escoamentos turbulentos ( v > vcrítica ).

4.4.1 Determinação do Coeficiente de Permeabilidade (K)

A determinação do coeficiente de permeabilidade de um solo pode ser feita:


- por meio de fórmulas que o relacionam com a granulometria (Hanzen);
- em laboratório através dos permeâmetros;
- in loco pelos “ensaios de bombeamento” ou pelo ensaio do tubo aberto;
- para as argilas, a permeabilidade se determina a partir do ensaio de adensameto.

4.4.1.1 Fórmula de Hanzen

Allen Hazen, ensaiando areias com diâmetro efetivo compreendido entre 0,1 e 3,0 mm,
chegou a relação que fornece o coeficiente de permeabilidade para esse solos:

K = C (d10)2
onde:

K – coeficiente de permeabilidade (cm/s);

d10 ou de – diâmetro efetivo (cm);

C – coeficiente utilizado que varia de 100 a 150, utilizando-se geralmente 116.

Esta fórmula é válida somente para solos arenosos (areias fofas e uniformes).
4.4.2 Fatores que influenciam a permeabilidade

Os principais fatores que influenciam no coeficiente de permeabilidade são:

 Granulometria - O tamanho das partículas que constituem os solos influencia no


valor de “k”.

 Índice de vazios - A permeabilidade dos solos esta relacionada com o índice de


vazios, logo, com a sua porosidade. Quanto mais poroso for um solo (maior a
dimensão dos poros), maior será o índice de vazios, por conseguinte, mais
permeável (para argilas moles, isto não se verifica).

 Composição mineralógica - A predominância de alguns tipos de minerais na


constituição dos solos tem grande influência na permeabilidade.

 Temperatura - Quanto maior a temperatura, menor a viscosidade d’água,


portanto, maior a permeabilidade, isto significa que a água mais facilmente
escoará pelos poros do solo.

 Fluído - O tipo de fluído que se encontra nos poros. Nos solos, em geral, o
fluído é a água com ou sem gases (ar) dissolvidos.

 Grau de saturação – a presença de ar, mesmo em pequena quantidade, dificulta


a passagem da água pelos vazios, resultando maiores permeabilidades `a medida
em que o solo tende a se tornar saturado.
UNIDADE 5 - TENSÕES DEVIDO A APLICAÇÃO DE CARGAS

Muitos problemas em obras de engenharia são causados por recalques, empuxos de


terras e capacidade de carga dos solos. Por isso é necessário conhecer as distribuição de
pressões (tensões) que ocorrem nas várias profundidades abaixo da superfície do solo,
devido ao peso próprio e por carregamentos induzidos.

As pressões (tensões) existentes nos maciços terrosos decorrem:


• Peso próprio do solo ( pressões virgens)
• Cargas estruturais aplicadas (pressões induzidas)

A pressão vertical resultante em um ponto P no interior de um maciço, considerando-se


uma carga aplicada no fundo de uma cava de uma fundação será dada como:

como veremos a seguir.

5.1 DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES

Ao se aplicar uma carga na superfície de um terreno, numa área bem definida, os


acréscimos de tensão numa certa profundidade não se limitam à projeção da área
carregada. Nas laterais da área carregada também ocorrem aumentos de tensão, que se
somam às anteriores devidas ao peso próprio.

5.1.1 TENSÕES DE ESPRAIAMENTO OU HIPÓTESE SIMPLES

Uma prática corrente para se estimar o valor das tensões em certa profundidade consiste
em se considerar que as tensões se espraiam segundo áreas crescentes, mas sempre se
mantendo uniformemente distribuídas.
Exemplo: Calcular a tensão no plano situado à profundidade de 5 metros, considerando
que a área carregada tem comprimento infinito. Considerar areia pura (φ0 = 40º).

Obs.: Esse método deve ser entendido como uma estimativa grosseira, pois as tensões
em uma determinada profundidade não são uniformemente distribuídas, mas se
concentram na proximidade do eixo de simetria da área carregada, apresentando a forma
de um sino.

5.1.2. BULBO DE TENSÕES

Denominam-se isóbaras as curvas ou superfícies obtidas ligando-se os pontos de mesma


tensão vertical. Este conjunto de isóbaras forma o que se chama BULBO DE
TENSÕES.
5.1.3. DISTRIBUIÇÃO BASEADA NA TEORIA DA ELASTICIDADE

Neste caso, o solo é considerado como um material:


 Homogêneo: mesmas propriedades em todos os pontos.
 Isotrópico: mesmas propriedades em todas as direções.
 Elástico: as tensões crescem linearmente com as deformações e o corpo recupera
a forma e o volume iniciais ao cessar a ação das forças.

5.1.3.1. SOLUÇÃO DE BOUSSINESQ (CARGA CONCENTRADA)

A equação de Boussinesq determina os acréscimos de tensões verticais devidos a uma


carga pontual aplicada na superfície.

Exemplo: Utilizando a solução de Boussinesq, determinar os acréscimos de pressão nos


pontos A e B.

5.1.3.2. SOLUÇÃO DE CAROTHRES (Carga distribuída ao longo de uma faixa)

Determina os acréscimos de tensões verticais devidos a um carregamento


uniformemente distribuído ao longo de uma faixa de comprimento infinito e largura
constante.
Exemplo: Uma fundação em sapata corrida com 2m de largura é carregada
uniformemente por uma tensão igual a 2,5 kgf/cm2. Determine os acréscimos de tensão
vertical (σz) devido ao carregamento em um ponto situado a 3 m abaixo do centro da
fundação. (Lembrete: kgf/cm2 = tf/m2)

5.1.3.3. SOLUÇÃO DE STEINBRENNER (Carga distribuída sobre uma placa


retangular)

Steinbrenner construiu um gráfico integrando a fórmula de Boussinesq que permite a


determinação de σz a uma profundidade z abaixo do vértice A de um retângulo de lados
a e b (a > b), uniformemente carregado por uma tensão p.

O ábaco de Streinbrenner é a solução gráfica da seguinte equação:


Para o cálculo em qualquer outro ponto, divide-se a área carregada em retângulos com
uma aresta na posição do ponto considerado e calcula-se separadamente o efeito de
retângulo. σz será a soma das ações de cada uma das áreas.
5.1.3.4. FÓRMULA DE LOVE

Determina o acréscimo de tensão em pontos ao longo de uma vertical passando pelo


centro de uma área circular uniformemente carregada.

onde R é o raio da área carregada e z a profundidade considerada.

O bulbo de pressão correspondente está indicado na figura abaixo:

5.1.3.5. ÁBACO DE NEWMARK

Determina σz a uma profundidade z abaixo de uma vertical passando pela aresta da área
retangular.

São definidas as seguintes relações com os parâmetros m e n:


Em função destes parâmetros, a solução de Newmark é:

Considera-se a tensão como uma função dos parâmetros m e n e toda a expressão acima
pode ser tabelada, de forma que: σz = p.I , sendo que I se encontra tabelado.

Para o cálculo em qualquer outro ponto, divide-se a área carregada em retângulos com
uma aresta na posição do ponto considerado e calcula-se separadamente o efeito de
retângulo. σz será a soma das ações de cada uma das áreas.
5.1.3.6. GRÁFICO DE FADUM

Permite determinar o acréscimo de tensão vertical (σz) sob um carregamento triangular


de comprimento finito.
5.1.3.7. GRÁFICO DE OSTERBERG

Permite calcular o acréscimo de tensão devido a uma carga em forma de trapézio


retangular, infinitamente longo.

Com as indicações da figura e o gráfico de Osterberg, obtém-se:


Gráfico de Osterberg
5.2 Acréscimo de Tensão devido a Carregamentos de Aterros
UNIDADE 6 - RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

6.1 Introdução

Define-se como resistência ao cisalhamento do solo a tensão cisalhante que ocorre no


plano de ruptura no instante da ruptura. A figura abaixo mostra um exemplo de ruptura
de solos de encostas.

A ruptura em si é caracterizada pela formação de uma superfície de cisalhamento


contínua na massa de solo. Existe. portanto, uma camada de solo em torno da superfície
de cisalhamento que perde suas características durante o processo de ruptura, formando
assim a zona cisalhada, conforme mostrado na figura abaixo. Inicialmente há a
formação da zona cisalhada e, em seguida, desenvolve-se a superfície de cisalhamento.
Este processo é bem caracterizado, tanto em ensaios de cisalhamento direto, como nos
escorregamentos de taludes.
A analise da estabilidade de uma determinada estrutura é feita seguindo a metodologia
mostrada na figura a seguir.

i) recolhe-se amostra indeformada no campo


ii) realizam-se ensaios de laboratório
iii) determinam-se os parâmetros que definem o comportamento tensão x deformação x
resistência
iv) utilizam-se teorias e metodologias de dimensionamento que fornecem o fator de
segurança.

6.2 Critérios de ruptura

A ruptura é um estado de tensões arbitrário, o qual é escolhido na curva tensão x


deformação, dependendo do critério de ruptura escolhido.

Independente do critério de ruptura, em geral trabalha-se com o conceito de Envoltória


de ruptura (ou de resistência) a qual define o lugar geométrico dos estados de tensão na
ruptura. Assim sendo, estados de tensão inferiores aos da envoltória correspondem a
situações de estabilidade. A região acima da envoltória corresponde a estados de tensão
impossíveis de ocorrer.

Alguns critérios de ruptura estão apresentados a seguir:

a) Critério de Rankine - a ruptura ocorre quando a tensão de tração se iguala à tensão


normal máxima (σmax) observada em ensaio de tração.
b) Critério de Tresca: a ruptura ocorre quando a tensão de cisalhamento se iguala à
tensão de cisalhamento máxima (τmax) observada em ensaio de tração.

c) Critério de Mohr: a ruptura ocorre quando no plano de ruptura a combinação das


tensões normais e cisalhantes (σ,τ) é tal que a tensão de cisalhamento é máxima; isto é,
τf = f(σ
σ). Esta combinação de tensões, avaliada através do círculo de Mohr, resulta
numa em uma Envoltória curva que circunscreve os círculos correspondentes à ruptura.

d) Critério de Mohr-Coulomb: este critério é assume que a Envoltória de Mohr é


definida por uma linha reta, definida como:
É importante observar que para um determinado solo, a Envoltória de Ruptura varia em
função do tipo de ensaio; isto é, c e φ variam com:
i) condições de drenagem
ii) velocidade de ensaio (argilas)
iii) direção do ensaio (solo anisotropico)
iv) trajetória de tensões (variação de σ2)
v) compacidade da amostra
6.3 Mecanismos de deformação
Em um meio granular, as deformações são decorrentes de distorção (ou quebra) da
partícula e deslocamento relativo entre partículas como resultado de deslizamento ou
rolamento.

Estes dois mecanismos sempre ocorrem simultaneamente. Entretanto, a magnitude das


deformações causadas pelo deslocamento relativo entre partículas é muito superior à
originada da distorção da partícula.

6,3.1 Resposta do solo ao confinamento

Grandes deformações volumétricas podem ser geradas a partir do aumento da tensão de


confinamento. As deformações volumétricas geradas pela compressão isotrópica (σx =
σy = σz) são geradas pela alteração de posição das partículas. Neste processo as
partículas sofrem rolamento e deslizamento relativo, mobilizando tensões cisalhantes
nos contatos. Entretanto, ao longo de um plano, estas tensões cisalhantes se anulam. Isto
é, apesar da existência de tensões cisalhantes nos contatos entre partículas, a tensão
cisalhante em qualquer plano é nula.

Deformação normal

Trajetória de tensão para condição isotrópica


6.3.2 Resposta do solo ao cisalhamento

No cisalhamento alguns solos sofrem, além das deformações cisalhantes, compressão


ou expansão.

Deformação sob cisalhamento

6.3.3 Comportamento Tensão x Deformação

A curva tensão x deformação é não-linear, podendo ou não apresentar pico bem


definido. Com isso, a definição do módulo de deformabilidade (E) irá variar com do
nível de tensões e de deformações. Na figura a seguir mostram-se os módulos tangente
inicial (E´) e o módulo secante (Es´) associado à ruptura.
Curva tensão x deformação – cisalhamento

Todos os solos apresentam curvas tensão x deformação que variam em função do


confinamento. A variação de Ei com a tensão confinante (σ3) é representada pela
equação

onde K e n são parâmetros adimensionais e Pa a pressão atmosférica (=101,3 kPa). A


função da pressão atmosférica é possibilitar a transformação de unidades, já que os
valores de K e n independem da unidade adotada. A variação de Ei com a tensão
confinante (σ3) está representada graficamente na figura abaixo.
Normalização da Curva tensão x deformação

6.3.3.1 Caracterização de ruptura

Existem diferentes formas de se caracterizar ruptura a partir de curvas tensão x


deformação. A figura abaixo mostra como diferentes critérios podem ser adotados:
(1) tensão de pico;
(2) máxima razão das tensões principais;
(3) deformação limite;
(4) estado crítico, a partir do qual as deformações passam a ser nulas;
(5) resistência residual.
Critérios de ruptura para solos

O critério de máxima tensão desviadora, ou pico da curva tensão-deformação é um dos


mais tradicionais associados com a ruptura de corpos de prova. No entanto, nem sempre
a curva tensão-deformação apresenta pico, e outro critério de ruptura deve ser
estabelecido. No entanto, a escolha do critério de ruptura nem sempre é tão óbvia.

Existem também materiais que se comportam com enrijecimento progressivo (strain-


hardening) e, não há uma ruptura definida na curva tensão-deformação. O critério de
ruptura utilizado para esse caso pode ser o de deformação, que, no entanto, é de difícil
aplicação uma vez que o acréscimo de deslocamento conduz a parâmetros de resistência
sempre superiores.

Alguns autores propuseram um critério de ruptura para estes solos baseado na


inclinação da curva tensão-deformação. De acordo com esses autores, a ruptura nesses
solos pode ser assumida quando a curva tensão-deformação permanece com uma
inclinação constante α, e a tensão cisalhante de ruptura corresponderia ao deslocamento
no qual a condição de α constante prevalece
Definição da Tensão Cisalhante na Ruptura

O critério da resistência residual é indicado para solos nos quais grandes deformações
são previstas. Alternativamente, o critério de condição de deformação limite pode ser
mais apropriado.

6.4 Determinação da envoltória de resistência

Uma vez caracterizado o critério de ruptura, a envoltória é obtida realizando-se ensaios


com diferentes condições iniciais que permitam a definição dos estados de tensão na
ruptura. Na figura abaixo mostra-se que a partir de curvas σ X ε definem-se os círculos
de ruptura (ou residual)

Determinação da envoltória

A Envoltória de Mohr Coulomb tangencia o círculo de Mohr em um plano diferente do


plano de τmax.
Critério de ruptura de Mohr-Coulomb

No plano de ruptura as tensões atuantes são σnf e τf . A ruptura ocorre neste plano como
resultado de uma combinação de efeitos. No plano de τmax, apesar da tensão cisalhante
ser maior do que τf, a tensão normal, atuante neste plano, σ = (σ1 + σ3)/2, também é
superior à σnf , garantindo a estabilidade nesta direção. Em outras palavras, a tensão
máxima de cisalhamento não define a ruptura e sim uma combinação de tensões (σ, τ).

6.4.1 Observações Adicionais

O critério de ruptura de Mohr-Coulomb não considera a influência da tensão principal


intermediária (σ2); isto é, assume-se que os diferentes tipos de solicitação pressupõem a
mesma envoltória. Indiretamente, assume-se que os estados de deformação não
interferem na resistência. Na realidade, esta hipótese não se justifica uma vez que as
diferentes relações tensão – deformação (tabela a seguir) acarretam em comportamentos
distintos.

Tabela de relações tensão x deformação

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