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Setembro.

2018

RASTREAMENTO DA
DISFUNCAO TIREOIDIANA

Sumário
Sumário ................................................................................................................................................... 1
Rastreamento da Disfuncao Tireoidiana ................................................................................................. 2
Há indicação para avaliar disfunção tireoidiana em pacientes adultos assintomáticos? Em quais
situações recomendá-la e quais exames solicitar? ............................................................................. 2
Qual o principal exame para diagnosticar distúrbio tireoidiano em paciente assintomático? .......... 2
O que é importante saber ................................................................................................................... 3
Em quais situações o TSH deve ser associado à dosagem do T4 livre?............................................... 3
Existe indicação para solicitar a dosagem do T3? ............................................................................... 3
Referências .............................................................................................................................................. 5
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Rastreamento da Disfuncao Tireoidiana


Há indicação para avaliar disfunção tireoidiana em pacientes
adultos assintomáticos? Em quais situações recomendá-la e
quais exames solicitar?
O objetivo do rastreamento é identificar pessoas portadoras de doenças tireoidianas subclíni-
cas e beneficiá-las com o tratamento precoce. No entanto, os benefícios e os potenciais riscos
desse procedimento ainda não foram comprovados cientificamente. As evidências atuais são
insuficientes quanto à recomendação do rastreamento indiscriminado de doença tireoidiana
em adultos assintomáticos, exceto na gravidez. As publicações que demonstraram benefícios
do tratamento de doenças tireoidianas subclínicas, principalmente em pacientes com hipoti-
reoidismo subclínico, têm limitações metodológicas que comprometem suas conclusões. Não
existe consenso entre as diversas sociedades de especialidades sobre quais pacientes devem
ser submetidos ao rastreamento de disfunção tireoidiana. A maior parte o recomenda para os
pacientes com condições clínicas consideradas de risco para o desenvolvimento de disfunção
tireoidiana, relacionadas a seguir.
▪ Pacientes com parentes de primeiro grau com doença autoimune tireoidiana.
▪ História pregressa de disfunções e cirurgias tireoidianas, irradiação cervical (radioterapia
externa) ou uso pregresso de iodo radioativo para tratamento de hipertireoidismo.
▪ Mulheres com história de infertilidade, abortamentos espontâneos ou partos pré-termo
recorrentes, tireoidite e depressão pós-parto.
▪ Mulheres com idade igual ou acima de 60 anos.
▪ Usuários de medicação que interferem na função tireoidiana. Ex: lítio, amiodarona e ou-
tros (Quadro 1).
▪ Portadores de doenças autoimunes: diabetes tipo 1, anemia perniciosa, miastenia gravis,
doença celíaca, artrite reumatoide, insuficiência adrenal (doença de Addison).
▪ Pacientes com as seguintes condições: síndromes de Down, síndrome de Turner, hiper-
tensão arterial, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial, dislipidemias, depressão, osteopo-
rose e hiperprolactinemia.

Qual o principal exame para diagnosticar distúrbio


tireoidiano em paciente assintomático?

A dosagem do TSH é o exame indicado para essa finalidade, pois quando normal tem alto valor
preditivo negativo para afastar disfunção tireoidiana no paciente assintomático.
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O que é importante saber

▪ Há grande variação diurna dos níveis de TSH em dias diferentes e eles são influenciados
por vários fatores, portanto, oscilações em diversas dosagens podem ocorrer e nem sem-
pre têm significado clínico.
▪ Pequenas mudanças da concentração do T4 causam alterações significativas dos níveis do
TSH.
▪ As dosagens de T4 e T3 não devem ser solicitadas com a finalidade de rastreamento, pois
esses hormônios podem estar em níveis normais na presença de disfunção tireoidiana
inicial.
• TSH tende a se elevar com o envelhecimento, mas tal alteração nem sempre significa do-
ença subclínica a ser tratada.
▪ Vários medicamentos interferem na secreção e nas dosagens hormonais (Quadro 1).

Em quais situações o TSH deve ser associado à dosagem do


T4 livre?

No diagnóstico e no monitoramento nas seguintes situações:


▪ Disfunção tireoidiana na gravidez;
▪ hipertireoidismo subclínico e clínico;
▪ hipotireoidismo central resultante do acometimento hipofisário ou hipotalâmico;
▪ seguimento de pacientes com carcinoma diferenciado de tireoide e com indicação de su-
pressão do TSH.

Existe indicação para solicitar a dosagem do T3?

▪ As dosagens de T3 total e livre não têm utilidade no rastreamento do hipotireoidismo ou


no diagnóstico em pacientes com suspeita clínica dessa condição, pois esse hormônio en-
contra-se, na maioria das vezes, em níveis normais, mesmo em pacientes com doença
clínica;
▪ situações excepcionais para sua solicitação: pacientes com suspeita de tireotoxicose por
T3 ou no início de tratamento do hipertireoidismo.
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Quadro 1. Medicamentos que interferem na secreção e/ou dosagem dos hormônios


tireoidianos

▪ Diminuem a secreção do TSH: glicocorticoides, dopamina, octreotida, bexaroteno,


opiáceos, bromocriptina, cabergolina, fentolamina e hormônio de crescimento.
▪ Alteram a secreção de hormônios tireoidianos: amiodarona, lítio, iodetos, tionami-
das, aminoglutamida, perclorato.
▪ Diminuem a absorção de T4: colestiramina, colestipol, sucralfato, sulfato ferroso,
hidróxido de alumínio, inibidores da bomba de prótons, compostos com cálcio.
▪ Alteram transporte de T3 e T4 no plasma: estrógenos, SERMs, metadona, heroína,
fluoracil, andrógenos e esteroides anabolizantes, furosemida, salicilatos, meclofe-
namato, heparina, clofibrato.
▪ Alteram o metabolismo de T3 e T4: fenobarbital, rifampicina, fenitoína, carbama-
zepina, betabloqueadores, contrastes iodados.
▪ Disfunção mediada por citocinas: interferon alfa.
▪ Imunobiológicos: alemtuzumabe.
▪ Inibidoresda tirosina-quinase: sunitinibe, imatinibe.
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Referências
1. Rugge JB, Bougatsos C, Chou R. Screening and treatment of thyroid dysfunction: an ev-
idence review for the U.S. Preventive Services Task Force. Ann Intern Med. 2015;
162:35-45.

2. LeFevre ML. Screening for thyroid dysfunction: U.S. Preventive Task Force Recommen-
dation Statement. Ann Intern Med. 2015; 162 (9): 641-50.

3. Sgarbi JA, Teixeira PFS, Maciel LMZ, Mazeto GMFS, Vaisman M, Montenegro Júnior RM.
et al. Consenso brasileiro para a abordagem clínica e tratamento do hipotireoidismo sub-
clínico em adultos: recomendações do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira
de Endocrinologia e Metabologia. Arq Bras Endocrinol Metab. 2013: 57(3):166-183.

4. Roelfsema F, Veldhuis JD. Thyrotropin secretion patterns in health and disease. Endocrine
Rev. 2013; 34(5):619-57.

5. Garber JR, Cobin RH, Gharib H, Hennessey JV, Klein I, Mechanick JI, et al. American Asso-
ciation of Clinical Endocrinologists and American Thyroid Association Taskforce on Hypo-
thyroidism in Adults. Clinical practice guidelines for hypothyroidism in adults: cospon-
sored by the American Association of Clinical Endocrinologists and the American Thyroid
Association. Thyroid. 2012; 22:1200-35.

6. Jonklaas J, Bianco AC, Bauer AJ, Burman KD, Cappola AR, Celi FS. et al. Thyroid. Guidelines
for the treatment of hypothyroidism: Prepared by the American Thyroid Association Task
Force on Thyroid Hormone Replacement. Thyroid. 2014; 24(12):1670-1751.

Para maiores informações, consultar o


protocolo de dengue Unimed-BH disponível em:
http://goo.gl/VS33VR
E o estudo completo em: http://goo.gl/nhl6Ag

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