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RASTREAMENTO DO CÂNCER

DE COLO DO ÚTERO

IESC IV
CÂNCER DE COLO DO ÚTERO

• É o terceiro tumor mais frequente na população feminina,


atrás do câncer de mama e do colorretal;

• Quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil;

• Década 90: 70% dos casos diagnosticados eram da doença


invasiva. Hoje, 44% dos casos são de lesão precursora do
câncer, chamada in situ.
Como diminuir a incidência..

Para a OMS, a única forma imediata de frear a expansão


da mortalidade por câncer é incrementar os serviços de
diagnóstico e de detecção da doença ainda em estágio
inicial.
DETECÇÃO PRECOCE

Mulheres com sinais e Mulheres


sintomas suspeitos assintomáticas

Rastreamento
Diagnóstico Precoce Aplicação sistemática de
Identificação da doença em
exames para identificar
estágio inicial por meio de
anormalidades sugestivas
avaliação diagnóstica
de câncer

Objetivo
Reduzir a incidência
ea
mortalidade
Estratégias de Rastreamento

Rastreamento Rastreamento organizado


oportunístico • as mulheres são
• o exame de rastreio é formalmente convidadas
ofertado às para os exames
mulheres que periódicos.
oportunamente • Melhores resultados e
chegam às unidades menores custos.
de saúde.
Cobertura do Rastreamento
Atingir alta cobertura da população alvo é o componente mais
importante no âmbito da atenção básica:
• redução da incidência
• redução da mortalidade

Países com cobertura Países com cobertura


superior a 50%: superior a 70%,
• Taxa de mortalidade < 3 • Taxa de mortalidade é
mortes por 100.000 igual ou menor a 2
mulheres/ ano mortes por 100.000
mulheres/ano.
Rastreamento no Brasil
• O padrão do rastreamento no Brasil é oportunístico, ou seja, as
mulheres têm se submetido ao rastreamento quando
procuram os serviços de saúde por outras
razões.

• 20 a 25% - fora do grupo etário;


• 50% - intervalo de um ano ou menos;

• Assim, há um contingente de mulheres supercontroladas e


outro contingente sem controle algum.
Taxa de Mortalidade por neo de Colo do Útero em SC - 2003 a
2013. Fonte: SES/SC - SIM e IBGE
6
5,29
5
5 4,63 4,58 4,51
4,45
4,02 4,17 4,1
3,92
4 3,58

0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
2013

REGIÃO SUL, 2013: 4,39 óbitos a cada 100.000 mulheres


BRASIL, 2013: 11,51 óbitos a cada 100.000 mulheres
Fonte: Inca
Diretrizes Técnicas do
Rastreamento do Câncer de Colo

• Recomendações de boas práticas (baseado nas


melhores evidências científicas disponíveis);

• Orienta para as melhores decisões numa área do


conhecimento;

• As regras não são universais, nunca são contempladas


todas as situações.
PERIODICIDADE

O exame citopatológico deve ser realizado em mulheres de 25 a


60 anos de idade, uma vez por ano e, após dois exames anuais
consecutivos negativos, a cada três anos.
A história natural da doença
• Longo período de lesões • NIC I:
precursoras,  Representa a expressão
• Assintomáticas, citomorfológica de uma
• Curáveis na quase infecção transiente
totalidade dos casos,  Têm alta probabilidade de
• Conhecidas como: regredir,
 neoplasias  Atualmente não é
intraepiteliais cervicais considerada como lesão
de graus II e III (NIC precursora do câncer do
II/III), ou lesões de alto colo do útero.
grau,
 adenocarcinoma in
situ.
POPULAÇÃO-ALVO

 Mulheres que nunca tiveram relação


sexual:

Não correm risco por não terem sido expostas


ao fator de risco necessário para essa
doença: a infecção persistente por tipos
oncogênicos do HPV.
 Mulheres com menos de 25 anos

 Há evidências de que o câncer é  A incidência do câncer invasor do


mais agressivo e inclui tipos colo do útero em mulheres até 24
histológicos mais raros; anos é muito baixa e o rastreamento
é menos eficiente para detectá-lo.
 Citologia corresponderia mais
frequentemente a NIC II do que a  O início mais precoce representaria
NIC III . As NIC II em mulheres um aumento de diagnósticos de
muito jovens tendem a ter lesões de baixo grau, e resultam num
comportamento evolutivo aumento significativo de
semelhante à NIC I. colposcopias e de sobretratamento,
além do maior risco para morbidade
 Resulta em substancial
obstétrica e neonatal associado a
sobretratamento e um modesto uma futura gestação.
benefício;
 Não tem impacto na redução da
incidência ou mortalidade;
 Mulheres jovens sexualmente ativas devem ser
orientadas sobre anticoncepção, doenças
sexualmente transmissíveis e práticas de sexo
seguro;

 Estas medidas podem ser implementadas sem a


necessidade da inclusão no programa de
rastreamento;

 Sinais e sintomas? Avaliação diagnóstica


Quando interromper o rastreamento?

 O rastreamento deve seguir até os 64 anos e, naquelas sem


história prévia de doença neoplásica pré-invasiva,
interrompidos quando elas tiverem dois exames negativos
consecutivos nos últimos cinco anos.

 Mulheres com mais 64 anos de idade e que nunca se


submeteram ao exame citopatológico : dois exames com
intervalo de um a três anos. Se ambos os exames forem
negativos, estas mulheres podem ser dispensadas do
rastreamento.
Situações especiais
 Gravidez:  Pós menopausa  Histerectomia total
• A JEC encontra-se
exteriorizada; • deve levar em • Por lesões benignas, sem
conta histórico história prévia de diagnóstico
• Não aumenta o risco de exames. ou tratamento de lesões
se utilizada técnica cervicais de alto
adequada. • Se necessário, grau, podem ser excluídas do
proceder à rastreamento, desde que
• Rastreamento deve estrogenização apresentem exames anteriores
seguir as previamente à normais.
recomendações de realização da
periodicidade e faixa coleta. • Por lesão precursora ou
etária como para as câncer do colo do útero a
demais mulheres, mulher deverá ser
acompanhada de acordo
com a lesão tratada.
Situações especiais
 Imunossuprimidas

HIV, uso de imunossupressores após


transplante de órgãos sólidos, em
A prevalência da infecção
tratamentos de câncer e usuárias crônicas
de corticosteroides. pelo HPV e a persistência
viral, assim como a
Inicia o rastreamento após o início infecção múltipla (por mais
da atividade sexual de um tipo de HPV), são
mais frequentes nesse
 com intervalos semestrais no grupo de mulheres
primeiro ano e, se normais, manter
seguimento anual
 Mulheres HIV positivas com
contagem de linfócitos CD4+ < 200
células/mm3 devem ter o
rastreamento citológico a cada 6
meses.
Adequabilidade da amostra
É definida como satisfatória ou insatisfatória

• Amostra insatisfatória para


avaliação
• Recomendação
Amostra cuja leitura esteja prejudicada:
 Razões de natureza técnica e de
O exame deve ser repetido
amostragem celular (material
em 6 a 12 semanas com
acelular ou hipocelular, <10% do
correção, quando possível, do
esfregaço);
problema que motivou o
 leitura prejudicada (>75% do
resultado insatisfatório .
esfregaço) por presença de sangue,
piócitos, artefatos de dessecamento,
contaminantes externos ou intensa
superposição celular.
Células presentes na amostra

A presença de células
representativas da (JEC), é
considerada como indicador da
É muito importante que os
qualidade da coleta, profissionais de saúde
atentem para a
 local onde se situa a representatividade da JEC,
quase totalidade dos sob pena de não propiciar à
cânceres do colo do útero.
 O uso da espátula de Ayre e mulher todos os benefícios
escova de canal aumenta em da prevenção do câncer
3 vezes a chance de do colo do útero.
obtenção de células
endocervicais .
Alterações benignas e queixas ginecológicas

Inflamação sem identificação de agente

Alterações inflamatórias persistentes, mesmo


após o tratamento, podem apresentar baixa
proporção (6,9%) de NIC II/III e câncer e alta O exame citopatológico
proporção de NIC I (35,9%). não deve ser utilizado
para diagnóstico dos
Recomendações
processos inflamatórios
Se queixa ginecológica, tratar a paciente.
Seguir a rotina de rastreamento. ou infecciosos vaginais
Na ausência de queixa ou evidência clínica de
colpite não há necessidade de
encaminhamento para exame ginecológico ou
tratamento ou repetição do exame.
Resultado indicando atrofia com inflamação

 Se laudo mencionar dificuldade


diagnóstica decorrente da atrofia,
deve-se proceder a
estrogenização: Na ausência de atipias, é um
achado fisiológico após a
• Via vaginal com creme de menopausa, pós-parto e
estrogênios conjugados ou durante a lactação.
estriol;
Recomendações
• Nova citologia coletada entre 5 a 7
dias após a parada do uso; Seguir a rotina de
rastreamento.
• Nas pacientes com história de
câncer de mama ou outras
contraindicações, o uso de
estrogênios deve ser avaliado para
cada paciente individualmente;
Achados Microbiológicos
 Lactobacillus sp; Cocos;
Outros Bacilos.

• São considerados achados A paciente com sintomas,


como corrimento, prurido ou
normais, pois fazem parte da
odor genital anormal, na
microbiota normal da vagina.
presença de agentes
• Na ausência de sinais e patogênicos
(Gardnerella/mobiluncus sp,
sintomas, a presença desses
Trichomonas vaginalis,
microorganismos não
Candida sp) deve ser
caracteriza infecção que
abordada conforme diretriz
necessite tratamento.
específica.
Recomendações:
Seguir a rotina de rastreamento.
 Citologia com células endometriais normais fora do
período menstrual ou após a menopausa, sem TRH

Recomendações • Demanda investigação da


cavidade endometrial visto
Seguir a rotina de
a possibilidade de
rastreamento citológico.
sinalizarem uma
Avaliar indicação de
anormalidade glandular
investigação da cavidade
no endométrio.
endometrial.
Células escamosas atípicas de significado indeterminado possivelmente
não neoplásicas (ASC-US).

30 anos ou Não
Sim mais?

Repetir citopatológico em 6 Repetir citopatológico em 12


meses meses

Resultado Não
Sim
normal?

Repetir cito em 6 ou 12
Colposcopia
meses e rastreio trienal
Células atípicas de origem indefinida, possivelmente não
neoplásicas ou células atípicas de origem indefinida,
quando não se pode afastar lesão de alto grau.

COLPOSCOPIA
Resumo de recomendações para conduta inicial frente aos resultados alterados de exames
citopatológicos nas unidades de Atenção Primária.
Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau – NIC I (LSIL)

• Manifestação citológica da infecção pelo


HPV, - alta prevalência e com potencial de
regressão frequente, especialmente em
mulheres com menos de 30 anos. Mulheres
imunossuprimidas,
• Repetir em seis meses na UBS. Infeccão ou devem ser
atrofia genital devem ser tratados antes da encaminhadas para
nova coleta. colposcopia após o
primeiro exame
• Se a citologia de repetição for negativa em citopatológico
dois exames consecutivos, a paciente mostrando LSIL.
retornar à rotina de rastreamento citológico
trienal na UBS.

• Se uma das citologias subsequentes no


período de um ano for positiva, encaminhar
para colposcopia.
 Lesão intraepitelial escamosa de
alto grau

Lesão intraepitelial de alto grau


não podendo excluir
microinvasão ou carcinoma
epidermóide invasor COLPOSCOPIA
Lesão intraepitelial de alto grau
não podendo excluir
microinvasão ou carcinoma
epidermóide invasor

 Adenocarcinoma in situ e invasor


Desafios

1- Rastreamento
organizado 2- Aumentar a
cobertura
3- Seguir as diretrizes
E o Laboratório?....

Como o profissional pode agir quando percebe que há problema


de qualidade no laboratório?
• Conhecer prestador de serviço
• Entrar em contato com a vigilância sanitária , que libera o
alvará sanitário anualmente. Um dos critérios é o controle de
qualidade.
• Se há dúvidas, pode-se solicitar auditorias
• Se o laboratório é de gestão estadual, pode-se entrar em
contato com a regional de Saúde.
Perguntas e respostas

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