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Orientadores:
Orientador: Profª Doutora Maria Joana Castelo Branco de Assis Teixeira Neiva
Correia
Júri:
Orientador: Profª Doutora Maria Joana Castelo Branco de Assis Teixeira Neiva
Correia
Março, 2015
II
AGRADECIMENTOS
Antes de tudo gostaria de agradecer a Deus que tornou o impossível em possível, que ajudou
as vencer as barreiras e dificuldades encontradas ao longo desta trajetória que se tornou
numa caminhada de muito aprendizado.
A minha família pelo apoio moral em especial a minha Mãe, Teresa Pereira, que apoio-me
incondicionalmente e esteve sempre presente em todos momentos.
A minha orientadora, Professora Doutora Maria Joana Neiva (IST), pela paciência, dedicação
e pelos conhecimentos transmitidos ao longo deste trabalho.
Ao meu coorientador, Professor Doutor António André Chivanga Barros (ISPTEC), pelo apoio
incondicional e pelo exemplo de disciplina transmitido.
A Professora Doutora Maria Matilde Marques (IST), pelo carinho, dedicação e ajuda na
integração ao curso.
Ao Engenheiro Nanga João (ISPTEC) e toda a sua equipa que incansavelmente ajudou na
montagem dos sistemas de destilação reactiva usados neste trabalho para a produção de
biodiesel.
A Engenheira Carina Domingues (IST) pela ajuda na realização dos ensaios no laboratório do
Centro de Processos Químicos do IST.
III
RESUMO
O biodiesel tem potencial para ser substituto do combustível fóssil para motores a diesel. No
entanto, a sua utilização em grande escala é actualmente travada pelo custo das matérias-
primas e custo de produção que é mais elevado do que o diesel fóssil. Assim, neste trabalho
fez-se um estudo sobre a viabilidade de utilização de óleo de palma produzido em Angola
com um índice de acidez entre 10 – 21 mg KOH/g para produção de biodiesel numa coluna
de destilação reactiva. A coluna de destilação reactiva montada neste trabalho permite a
realização das reações de esterificação e de transesterificação em série.
Os ensaios realizados na coluna de destilação reactiva permitiram uma redução de 96% dos
ácidos gordos inicialmente presentes no óleo. Contudo, a reação de transesterificação não
ocorreu sendo necessário ajustar ainda as condições operatórias nomeadamente em termos
de caudais, tempo de residência e caudais de recirculação das fases.
iii
ABSTRACT
Biodiesel has potential to be a substitute for fossil fuel for diesel engines. However, it is not used
on a large scale because of the costs associated to feedstocks and production process, which
is higher than fossil diesel. In this work it was carried out a study on the feasibility of palm oil
produced in Angola with an acid number between 10 - 21mg KOH / g for biodiesel production
in a reactive distillation column. The reactive distillation column assembled in this work enables
the realization of esterification and transesterification reactions in series.
To estimate the most favorable operating conditions for bidiesel production, it was necessary
to carry out several tests in a batch stirred reactor. In these tests, it was studied the effect of
various esterification and transesterification operating variables in biodiesel properties. These
variables were the molar ratio methanol / oil, mass percentage of catalyst and the reaction
temperature. The biodiesel produced was analyzed to determine the density, viscosity, acid
number, refractive index, using the reference methods, and the FAME content by near infrared
spectroscopy. The results showed that using a molar ratio methanol / oil 6: 1, 0.8 wt% H2SO4 and
0.8 wt% KOH, 63 ± 2 ° C and 1 hour of reaction is possible to produce biodiesel containing 98%
of FAME.
The experiments carried out in the reactive distillation column allowed a 96% reduction of the
initial fatty acids content of palm oil. However, the yield of the transesterification reaction was
negligible and it is still necessary to adjust and optimize the operating conditions such as length
of the esterification and transesterification modules, the flow rates, the residence time and the
flow rates of phases recirculation.
v
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS..................................................................................................................................... III
RESUMO ........................................................................................................................................................ iv
ABSTRACT ...................................................................................................................................................... v
1. Introdução ............................................................................................................................................ 1
vi
CAPÍTULO 3: MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................................... 38
3.3.3 – Determinação da Massa Específica Pelo Densímetro Mettler Toledo 30PX ............ 52
vii
4.2.1.5 – Índice de Refração ....................................................................................................... 73
4.2.1.6 – Efeito da Razão Molar no Teor em FAME ................................................................. 74
4.2.1.7 – Outros Parâmetros de Qualidade do Biodiesel Previstos Pelo FT-NIR ................. 75
4.2.2 – Efeito das Massas de Catalisador ácido e alcalino ..................................................... 76
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
Figura 28: Espectro de infravermelho dos óleo de palma bruto e aquecido. ............................. 63
Figura 29: Índice de acidez após a reação de esterificação em função da razão molar
metanol/óleo para o óleo de palma bruto e aquecido, 1h, 63˚C e 500rpm, 0.9% H2SO4. ........ 65
Figura 30: Conversão dos FFAs após a reação de esterificação em função da razão molar
metanol/óleo para o oleo de palma bruto e aquecido, 1h, 63˚C e 500rpm, 0.9% H 2SO4. ........ 66
Figura 31: Massa específica em função da razão molar das amostras de biodiesel obtidas a
partir do óleo de palma bruto (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H2SO4 e
Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1). ........................ 68
Figura 32: Massa específica em função da razão molar das amostras de biodiesel obtidas a
partir do óleo de palma aquecido (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H2SO4 e
Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1). ........................ 69
Figura 33: Viscosidade Cinemática em função da razão molar das amostras de biodiesel
obtidas a partir do óleo de palma bruto (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H2SO4 e
Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1). ........................ 71
Figura 34: Viscosidade Cinemática em função da razão molar das amostras de biodiesel
obtidas a partir do óleo de palma aquecido (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H2SO4 e
Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1). ........................ 71
Figura 35: Efeito da razão molar sobre o teor em FAME (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%
H2SO4 e Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1) .......... 74
Figura 36: índice de Acidez após a reação de esterificação em função da percentagem de
catalisador. Razão molar metanol/óleo 6:1,1h, 63˚C e 500 rpm. .................................................... 77
Figura 37: Conversão dos FFAs na reação de esterificação em função da percentagem de
catalisador. Razão molar metanol/óleo 6:1,1h, 63˚C e 500 rpm. .................................................... 78
Figura 38:Teor em FAME em função da percentagem de catalisador. Esterificação e
Transesterificação: razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1 respectivamente, 1h, 63˚C e 500rpm.
....................................................................................................................................................................... 82
Figura 39: Índice de acidez em função da temperatura de reação. Esterificação: 1h, 0.4%
H2SO4 e 500rpm. ......................................................................................................................................... 85
Figura 40: Teor de FAME em função da temperatura de reação. Esterificação e
transesterificação: 0.4% H2SO4 e 0.8% KOH, razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1, 1h e 500rpm
respectivamente. ...................................................................................................................................... 89
Figura 41: Diferença do biodiesel produzido em diferentes quantidades de catalisador. ....... 91
Figura 42: Teor em FAME do biodiesel em função da massa específica (nº de amostras - 9) . 92
Figura 43: Teor em FAME do biodiesel em função da viscosidade (nº amostras - 8).................. 92
Figura 44: Teor em FAME em função do índice de refração (nº de amostras - 7). ..................... 93
Figura 45: Espectro de infravermelho do produto obtido................................................................. 95
Figura 46: Dinâmica da coluna de destilação obtida durante o aquecimento do álcool em
excesso utilizado no processo. ............................................................................................................... 97
x
LISTA DE TABELAS
xi
Tabela 22: Índice de acidez após a reação de esterificação e conversão dos FFAs do óleo de
palma. Razão molar metanol/óleo 6:1,1h, 63˚C e 500 rpm. ............................................................ 77
Tabela 23: Massa específica das amostras de biodiesel obtidas a partir do óleo de palma no
estudo da massa de catalisador. Esterificação e Transesterificação: razão molar metanol/óleo
– 6:1 e 3:1 respectivamente, 1h, 63˚C e 500rpm. ................................................................................ 79
Tabela 24: Viscosidade Cinemática a 40˚C do biodiesel. Esterificação e Transesterificação:
razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1 respectivamente, 1h, 63˚C e 500rpm. ............................... 80
Tabela 25: Índice de acidez e de refração do biodiesel. Esterificação e Transesterificação:
razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1 respectivamente, 1h, 63˚C e 500rpm. ............................... 81
Tabela 26: Teor em FAME do biodiesel. Esterificação e Transesterificação: razão molar
metanol/óleo – 6:1 e 3:1 respectivamente, 1h, 63˚C e 500rpm. ...................................................... 82
Tabela 27: Parâmetros determinados através das calibrações no FT-NIR do biodiesel.
Esterificação e Transesterificação: razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1 respectivamente, 1h,
63˚C e 500rpm. ........................................................................................................................................... 83
Tabela 28: Condições de reação no estudo da Temperatura de Reação, 1h e 500rpm. ........ 84
Tabela 29: Índice de acidez após a reação de esterificação e conversão dos FFAs ............... 85
Tabela 30: Massa específica do biodiesel obtida no estudo da temperatura de reação.
Esterificação e transesterificação: 0.4% H2SO4 e 0.8% KOH, razão molar metanol/óleo – 6:1 e
3:1, 1h e 500rpm respectivamente. ....................................................................................................... 86
Tabela 31: Viscosidade cinemática do biodiesel no estudo da temperatura de reação.
Esterificação e transesterificação: 0.4% H2SO4 e 0.8% KOH, razão molar metanol/óleo – 6:1 e
3:1, 1h e 500rpm respectivamente. ....................................................................................................... 87
Tabela 32: Índice de acidez e de refração do biodiesel. Esterificação e transesterificação: 0.4%
H2SO4 e 0.8% KOH, razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1, 1h e 500rpm respectivamente. ....... 88
Tabela 33: Teor de FAME do biodiesel. Esterificação e transesterificação: 0.4% H2SO4 e 0.8%
KOH, razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1, 1h e 500rpm respectivamente. ............................... 89
Tabela 34: Parâmetros determinados através das calibrações no FT-NIR do biodiesel.
Esterificação e transesterificação: 0.4% H2SO4 e 0.8% KOH, razão molar metanol/óleo – 6:1 e
3:1, 1h e 500rpm respectivamente. ....................................................................................................... 90
Tabela 35: Parâmetros de qualidade do biodiesel obtido nas condições optmizadas a partir
do óleo de palma bruto com um índice de acidez de 20.72 mg KOH/g. Esterificação e
Transesterificação: 0.8% H2SO4 e 0.8% KOH, razão molar metanol/óleo: 6:1 e 3:1, 4 minutos, 63˚C
e 500rpm respectivamente. .................................................................................................................... 91
Tabela 36: Caracterização Físico-Química do Biodiesel ................................................................... 94
Tabela 37: Condição de operação da coluna de destilação reactiva ....................................... 96
Tabela 38: Resultados do Ensaio ............................................................................................................ 97
xii
ABREVIATURAS
ANP 07/2008 - Resolução nº 07 de 2008 (RANP 07/08) da Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP) – Brasil
ASTM D6751 – Norma Americana para o biodiesel preparada pela American Society for
Testing and Materials.
IA – Índice de acidez
IR – Índice de refração
NA – Não analisado
PC – Percentagem de catalisador
RM – Razão molar
TR – Temperatura de reação
xiii
CAPÍTULO 1: APRESENTAÇÃO E OBJECTIVOS DO TRABALHO
1. Introdução
No entanto, o elevado nível de consumo pode conduzir à exaustão dos recursos naturais. Por
outro lado, o destino final dos resíduos gerados durante o processamento dos recursos e dos
resíduos do produto final são também preocupações actuais. De facto, os impactos
ambientais da actividade humana tornam-se cada vez mais complexos, pois podem gerar
reações em cadeia, com efeitos sinergéticos que repercutem sobre o(s) ecossistema (s), com
acumulação de ações sobre outras e, por isto, produzem-se resultados inesperados (Barros et
al, 2008).
Assim, necessita-se de uma nova forma de pensar e de agir, possibilitando inserir de forma
consciente, novos padrões de consumo em nível planetário, para um novo olhar sobre o
planeta sustentado na mudança de paradigmas. Existe a necessidade premente de uma
mudança de concepção ambiental, para privilegiar a qualidade de vida ao invés da
quantidade de bens à disposição dos indivíduos. Neste mesmo raciocínio, Souza (2003)
destaca que “precisamos ver diferente, deslocar e renovar o nosso ponto de vista para
compreender e agir diferentemente. Aprendizagem e mudança são inseparáveis, pois não é
possível mudar sem aprender (ver o novo), ou aprender sem mudar”. Sabe-se que é muito
difícil mudar os padrões de vida da atual sociedade, porém é necessário encontrar caminhos
capazes de mobilizarem a sociedade para debater e “ver o novo” de forma consciente,
buscando alternativas que minimizem os impactos negativos gerados pelo homem. A busca
por ações políticas, inovações tecnológicas e educação ambiental, tem sido a alternativa
de grande valia para a minimização dos impactos negativos e para viabilizar a
sustentabilidade e garantir, não somente a preservação do meio ambiente, mas também a
preservação da espécie humana.
É nestes termos que se pretende desenvolver, neste trabalho, estudos que levem a uma
proposta de processos alternativos que permitam o uso de oleaginosos como matéria-prima,
óleo de palma bruto e aquecido produzidos em Angola, para a produção de biodiesel por
catálise homogéneanuma coluna de destilação reativa. A proposta do óleo de palma como
1
matéria-prima para a produção de biodiesel perspectiva a ampliação da matriz energética
da República de Angola e a inserção de combustíveis de baixo impacto ambiental como
alternativa aos combustíveis fósseis utilizados no país.
Em Angola a produção de biodiesel a partir de óleo de palma tem caráter inovador e merece
destaque, pois o óleo de palma é uma biomassa produzida abundantemente em Angola, na
região de Caxito, Uíge, Cabinda e Kwanza Norte e concentra quantidades significativas de
triglicerídeos e ácidos gordos livres que podem ser convertidos em ésteres.
2
Capítulo 4: Resultados e Discussão – neste capítulo são apresentados e discutidos os
resultados;
3
CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 – Biocombustíveis
Biocombustível Matéria-prima
4
Nos biocombustíveis de terceira geração estão incluídos, por exemlo, os biocombustíveis
produzidos a partir de microalgas(Sims et al., 2008).
Segundo a revisão estatística da BP sobre a Energia Mundial de Junho de 2014 mostra que
houve um aumento significativo na produção de biocombustíveis no período de 2003 a 2013
nas regiões do Norte da América, Sul e Centro da América, não tendo sido registado o mesmo
aumento no resto do mundo. A mesma revisão da BP aponta que a produção de bioetanol
é dominada pela América do Norte, Sul e Centro e a produção de biodiesel é dominada pela
Europa e Eurasia (ver figura 1). Enquanto a produção de biocombustíveis em África é inferior
a 0.05% (BP Statistical Review of World Energy 2014).
Com base nestas informações verifica-se que as indústrias de Biodiesel na América e Europa
até mesmo na Asia têm registado forte crescimento ao passo que o desenvolvimento destas
indústrias em Africa é incipiente. Observa-se, desta forma o desenvolvimento de infraestruturas
fragmentadas e a instabilidade política de muitas nações Africanas como factores limitantes
do crescimento, a curto prazo, da indústria de produção de biodiesel. Contudo, perpectiva-
se um potencial crescente, a longo prazo, quando as condições acima referenciadas forem
minimizadas.
No entanto, Gerrit Smith, Director na Biomeer Pty Ltd (2011) sediada na Africa do Sul, afirma
que África apresenta grande potencial para a produção de biocombustíveis devido a
abundancia de terra e agua para cultivar a matéria-prima mas que a falta de infraestruturas
e a competição alimento versus combustível continuara a impedir o desenvolvimento deste
tipo de iniciativas (European Biofuels Tecnology Platform, 2014).
5
Com relação a Angola, o governo angolano aprovou em 2012, a estratégia de produção de
biocombustíveis, com vista a contribuir para o desenvolvimento rural através da integração
económica dos produtores agrícolas nas comunidades rurais na cadeia de produção dos
biocombustíveis.
O boletim informa ainda que o Executivo angolano pretende reduzir as emissões de gases que
danificam a atmosfera e o meio ambiente e possibilitar que o país participe no mercado de
crédito de carbono ao abrigo do protocolo de Quioto (ANIP Newsletter 31-Julho-2012).
Dentro desta perspectiva foi criada a BIOCOM, primeira empresa de Angola a produzir e a
comercializar açúcar, bioetanol e energia eléctrica a partir da biomassa. A BIOCOM está
instalada no polo industrial de Capanda, na província de Malanje, município de Cacusso,
numa área de 42.500 hectares dos quais 36.921 são agricultáveis e 5.579 destinam-se a áreas
de preservação permanente da vegetação nativa (Companhia de Bioenergia de Angola,
2015).
2.2 – Biodiesel
Devido ao aumento dos preços do petróleo, aos recursos limitados de petróleo fóssil e às
preocupações ambientais, a produção de biodiesel tem sido foco de investigação na
perspectiva da utilização de matérias-primas renováveis. Em termos ambientais, a utilização
de biodiesel permite reduzir as emissões de CO2 fóssil e de diversos poluentes atmosféricos
(Balat et al., 2009).
6
2.2.1 – Vantagens e Desvantagens do Uso de Biodiesel
Como será descrito mais à frente, o biodiesel é produzido a partir de óleos vegetais através
de uma reação de transesterificação com um álcool catalisada por um catalisador ácido ou
alcalino.
Os óleos vegetais podem ser obtidos pelo esmagamento dos grãos e pela subsequente
prensagem a frio, sendo que os materiais suspensos são retirados do óleo bruto pela operação
de sedimentação ou de filtração (Almeida, 2007).
Os óleos e gorduras são constituídos essencialmente por triglicerídeos que são moléculas
resultantes da combinação de três moléculas de ácidos gordos com o glicerol. Os
7
triglicerídeos podem ser simples quando são constituídos por ácidos gordos do mesmo tipo ou
mistos quando os ácidos gordos que o constituem são diferentes.
Os ácidos gordos podem ser saturados (sem duplas ligações) ou insaturados (com duplas
ligações). Os ácidos gordos insaturados apresentam isomeria espacial e suas estruturas são
conhecidas como isómeros cis e trans. Estes podem ser: mono, di, ou tri-insaturados,
dependendo do número de duplas ligações (Almeida, 2007).
O óleo vegetal também pode ser considerado como combustível alternativo para motores
diesel e para queimadores como óleo de aquecimento. Contudo, devido a elevada
viscosidade, os óleos vegetais quando usados em motores concebidos para queimar
combustível diesel não permitem uma atomização adequada do combustível o que resulta
numa combustão incompleta e geram-se resíduos de carbono que podem danificar o motor
(Walesk Castro et al., 2005). Mesmo que, ao contrário da gasolina e do diesel obtido do
petróleo, o óleo vegetal é renovável, reduz as emissões de CO2, bem como livre de enxofre e
metais pesados.
Em todo o mundo, as matérias-primas gordas mais típicas para a produção de biodiesel são
os óleos vegetais. Neste grupo, a escolha da matéria-prima vária de acordo com as suas
propriedades físico-químicas e a sua disponibilidade (KNOTHE et al., 2006).
8
Figura 2: Principais matérias-primas para a produção de biodiesel no mundo (Silva, 2012)
Tal como descrito anteriormente, os óleos vegetais apresentam na sua composição ácidos
gordos com cadeias de triglicéridos, sendo o conhecimento do tipo de ácidos gordos
presentes nos óleos muito importante visto que estes definem algumas das propriedades do
biodiesel, como por exemplo a viscosidade, índice de cetano, estabilidade oxidativa, índice
de iodo e outras propriedades a frio (Baptista et al., 2008).
Os ácidos gordos insaturados presentes nos óleos são líquidos a temperatura ambiente,
diferentemente das gorduras, que são ricas em ácidos gordos saturados, sendo, portanto,
sólidas a temperatura ambiente. Assim, cadeias grandes (ésteres alquílicos do ácido erúcico
(C12:1), araquidônico (C20:4) ou eicosanóico (C20:2) devido ao processo de pré-
aquecimento tornam o combustível de uso difícil em regiões com temperaturas baixas
(Peruzzolo, 2014).
Quanto menor o número de insaturações ou seja duplas ligações das moléculas, maior o
número de cetano do combustível, o que resulta numa melhor "qualidade da combustão".
Por outro lado, um aumento do teor de cadeias saturadas provoca também um aumento no
ponto de turvação e temperatura limite de filtrabilidade, o que representa maior sensibilidade
aos climas frios. Entretanto, um elevado número de insaturações torna as moléculas menos
estáveis quimicamente, o que pode provocar inconvenientes devido à sua menor
estabilidade oxidativa e maior tendência para polimerizar com a consequente formação de
resíduos sólidos durante o armazenamento e transporte (Canha et al., 2012). Desta forma,
tanto os ésteres alquílicos de ácidos gordos saturados (láurico C12:0, palmítico (C16:0),
esterárico C18:0) como os de poli-insaturados (linoleico C18:2, linolénico C18:3) possuem
alguns inconvenientes. De uma forma geral, um biodiesel com predominância de ácidos
gordos combinados, mono-insaturados (oleico C18:1, rinoleico C18:1), são os que apresentam
os melhores resultados em termos da qualidade do biodiesel produzido (RAMOS, 2011).
9
Tabela 2: Principais ácidos gordos presentes nos óleos vegetais (Perruzzolo, 2014)
Linolénico 𝐶𝐻3 𝐶𝐻2 𝐶𝐻 = 𝐶𝐻𝐶𝐻2 𝐶𝐻 = 𝐶𝐻𝐶𝐻2 𝐶𝐻 = 𝐶𝐻(𝐶𝐻2 )7 𝐶𝑂𝑂𝐻 C18:3 Óleo de linhaça
Na Tabela 3 apresenta-se os principais ácidos gordos presentes nos óleos mais utilizados como
matéria-prima para a produção de biodiesel.
Ácidos Gordos %m/m Óleo de Colza Óleo de Palma Óleo de Soja Óleo de Jatropha
Oléico C18:1 33 38 – 52 19 – 34 37 – 63
Erúcico C22:1 23
Específico
10
2.2.4 – Óleo de Palma
A palma (Elaes guineensis) é uma palmeira oleaginosa de origem africana (Golfo da Guiné).
Entre as oleaginosas cultivadas, a palma ou dendezeiro como é conhecido é a planta que
apresenta a maior produtividade por área cultivada. Produz, em média, 10 vezes mais óleo
do que a soja. Em condições ecológicas excelentes, pode produzir até 8 toneladas de óleo
por ha/ano (Sampaio, 2011).
Dos frutos da palmeira oleaginosa obtém-se dois tipos de óleo: o óleo de palma (mesocarpo)
e o óleo de palmiste (amêndoa), ambos com composições e características diferentes
(QUIJANO, 1997).
Figura 3: Frutos da palmeira, o dendém, recolhidos na Fazenda Esperança – Kwanza Sul - Angola
O palmiste é um óleo láurico (constituído maioritariamente por ácido láurico), com alta
concentração de ácidos gordos saturados e com coloração que varia do amarelo-claro ao
amarelo-pardo. Gorduras láuricas são derivadas de frutos de algumas palmeiras, sendo o
coco e o palmiste as fontes comercialmente mais importantes. Estas gorduras diferenciam-se
das outras pelo seu alto teor de ácidos gordos saturados (cerca de 90 %), destes 40 – 50 % de
ácido láurico. O óleo de palmiste é utilizado como matéria-prima para a fabricação de
chocolates, sabonetes finos e cosméticos (VIEIRA et al., 1997).
Nos últimos anos, o óleo de palma tem ocupado um lugar de destaque na produção mundial
de óleos e gorduras. Esse fato é resultado do incremento no preço do óleo de soja desde os
anos de 2001/02, o que aumenta a diferença entre os preços dos dois produtos e
consequentemente a competitividade do óleo de palma no mercado mundial.
O processo de extração do óleo de palma difere da maioria dos óleos de grãos por ser
extraído por prensagem e dispensa o uso de solventes. Este procedimento eleva o óleo de
palma a categoria de óleo natural, igual ao azeite extra virgem. As principais etapas da
produção do óleo de palma consistem em: esterilização dos cachos, debulhamento,
11
digestão e prensagem, clarificação e purificação, recuperação das amêndoas e refinação
(pré-tratamento ácido, desodorização/desacidificação) (QUIJANO, 1999).
O óleo de palma é produzido a partir do mesocarpo dos frutos da palmeira oleaginosa que
representa 60% da composição total do fruto da palmeira. A Figura 4 apresenta a
composição global do fruto da palmeira oleaginosa.
A Figura 5 descreve a composição global do mesocarpo, cujo óleo contém cerca de 39%
deste componente. O óleo de palma bruto é obtido a partir do mesocarpo do fruto da
palmeira, depois de passar por diversos processos tais como: esterilização, extração, stripping
e purificação.
De acordo com Sambanthamurthi et al. (2000), o óleo de palma cru ou bruto é composto
principalmente por acilgliceróis, matéria insaponificável e de impurezas em percentagem
reduzida. A maioria dessas impurezas promove efeitos indesejáveis no óleo, que podem ser:
diferença de coloração, sabor e odor. Dessa forma, devem ser removidas durante o processo
12
de purificação, para obtenção de um óleo refinado de boa qualidade, garantindo perdas
mínimas ou danos ao óleo e aos componentes desejáveis.
O óleo de palma bruto apresenta uma mistura de cinco grupos químicos principais
apresentados na Tabela 4 (Sampaio, 2011).
As propriedades físicas, químicas e nutricionais dos óleos dependem da natureza dos ácidos
gordos e dos triglicerídeos que os compõem. O perfil e o teor de ácidos gordos no óleo variam
de acordo com a oleaginosa da qual foi extraído e até mesmo dentro de uma mesma
espécie pode haver pequenas variações que dependem do clima, do solo de plantio e do
adubo utilizado na plantação da oleaginosa.
13
Tabela 5: Características Físico-Químicas do Óleo de Palma.
Ponto de Fusão ºC 33 - 40
Valores de Referência: RDC Nº 482, de 23/09/1999, da Agência Nacional da Vigilância Sanitária - ANVISA.
O óleo de palma faz parte do quotidiano de vários povos de diferentes regiões do mundo
especialmente do povo angolano que o utiliza na culinária ou em cosméticos. Rico em
carotenoides e outros compostos nutracêuticos, o produto pode perder essas propriedades
quando submetido a tratamentos térmicos para a redução do índice de acidez do óleo. Para
se obter um óleo refinado de qualidade, com índice de acidez abaixo de 0,3%, o óleo de
palma é submetido a temperaturas muito elevadas, o que pode causar a perda total dos
caratenóides e entre 10% e 35% dos esteróis e tocoferóis (antioxidantes) (Sampaio, 2011).
14
geralmente ocorre devido as elevadas condições de temperatura associadas com a
presença de vapor presente no processo de desodorização. As etapas da reação são dadas
de acordo com a reação 1.
O O
O R1 O R1
O O
O
H2O +
O R2 HO R3
O R2
O Calor
O R3 OH
O R1 OH
O O O
H2O + HO R1
O R2 O R2
Calor
OH OH
OH OH
O O
H2O
O R2 OH + HO R2
Calor
OH OH
15
Tabela 6: Efeito do aquecimento em algumas propriedades físico-químicas do óleo de palma
Aquecimento Convencional
16
de ter como objectivo a retirada da acidez do óleo pode também estimular a formação de
acidez por causa das condições extremas de refinação física.
Por sua vez, Ribeiro et al (2012) realizaram um estudo do perfil lipídico do óleo de palma bruto
submetido a aquecimento com o objectivo de observar alterações na proporção de ácidos
insaturados em relação ao óleo de palma bruto. Para isto, foi comparado o perfil lipídico
obtido por cromatografia gasosa, do óleo de palma bruto e com o óleo aquecido. Neste
estudo o óleo de palma foi avaliado em três condições: óleo de palma bruto (referencia),
óleo de palma aquecido durante 5 minutos num intervalo de temperatura entre 180˚C e 200˚C
e óleo de palma aquecido durante 20 minutos num intervalo de temperatura entre 180˚C e
200˚C.
A Figura 6 mostra o perfil dos ácidos gordos identificados no óleo de palma bruto, aquecido
por 5 minutos e por 20 minutos através da cromatografia gasosa.
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
C12:0 C14:0 C16:0 C16:1 C18:0 C18:1 C18:2
Figura 6: Ácidos gordos do óleo de palma bruto, aquecido por 5 minutos e por 20 minutos (Ribeiro et al., 2012).
17
R'COO CH2 R'COO CH2
B (4)
R'COO CH + BH R'COO CH +
H2C O H2C OH
diglicérido
2.3 – Processo de Produção do Biodiesel
2.3.1 – Transesterificação
R'COO CH R'COO CH2
2
A transesterificação
R'COO
é CH
usada para
+ ROH descrever uma classeHC
de reacções
OH orgânicas
+ RCOOR' (5)na qual um
éster é transformado em outro, através da troca dos grupos alcóxidos.
H2C OH H2C OH
A reação ocorre entre um mol de triglicerídeo e três moles de um álcool de cadeia curta,
monoglicérido
+ 3 ROH HC OH + 3 R' O C R
R'COO CH
H2C OH
R'COO CH2
Ésteres Alquílicos
Triglicérido Reação 2:Álcool Glicerol
Reação de transesterificação. (biodiesel)
[Felizardo et al., 2008]
Tabela 7: Comparação entre a reação de transesterificação com catálise heterogénea e homogénea (Wisrchral,
2012).
Tratamento posterior Catalisador não pode ser Catalisador pode ser recuperado
regenerado, deve ser neutralizado,
conduzindo a produção de resíduos
químicos
18
Transesterificação via Catálise Homogénea Básica
De acordo com Garcia (2006) mesmo quando a reação é realizada à temperatura ambiente,
a catálise básica é mais rápida em comparação com a catálise ácida. Dentre os
catalisadores básicos mais utilizados podem-se citar os hidróxidos e alcóxidos de sódio ou de
potássio. O mecanismo da reação de transesterificação via catálise homogénea básica
proposto por Marciniuk (2007) é apresentado na reação 3.
Reação 3: Mecanismo de reação química de transesterificação via catálise homogénea básica (Marciniuk, 2007)
19
Descrição do Mecanismo:
1. Na primeira etapa ocorre a reação entre uma base e um álcool para a produção do
catalisador protonado com alcóxido;
2. Na segunda etapa, ocorre o ataque nucleofílico do alcóxido ao grupo carbonilo do
triglicerídeo que dá lugar a formação de um complexo intermediário tetraédrico;
3. O complexo intermediário tetraédrico dá lugar a formação de um anião do
diglicerídeo e o éster monoalquílico (Garcia, 2006);
4. Com a desprotonação do catalisador, então regenerado e condicionado, ocorre a
reação com a segunda molécula de álcool. Assim, todos esses mecanismos
acontecem e reiniciam até que os diacilglicerídeos e monoacilglicerídeos sejam
convertidos em ésteres monoalquílicos e glicerol (Marciniuk, 2007).
A transesterificação via catálise homogénea ácida é utilizada como alternativa para evitar a
formação de sabão ao longo do processo de conversão da matéria-prima em biodiesel, via
catálise homogénea. Para tal, os ácidos mais usados são ácidos de Bronsted, como o ácido
clorídrico, ácido sulfúrico e ácido sulfónico (Marciniuk, 2007). O mecanismo da reação via
catálise homogénea ácida é apresentado na reação 4 abaixo:
20
Reação 4: Mecanismo de reação química de transesterificação via catálise homogénea ácida (Marciniuk, 2007)
Descrição do Mecanismo:
Quando o teor de FFA presente no óleo for elevado (superior a 2 mgKOH/g) a produção de
biodiesel através de catálise básica é comprometida. Assim, vários autores afirmam quanto a
21
necessidade de realizar uma reação de esterificação prévia à reação de transesterificação
básica (Felizardo et al., 2008).
22
A aplicação da catálise ácida para a esterificação dos ácidos gordos livres dos óleos e
gorduras como pré-tratamento para a catálise básica é normalmente aplicada para evitar a
formação de sabões e aumentar o rendimento da reação.
Um ácido carboxílico transforma-se directamente num éster quando aquecido com a adição
de um álcool, na presença de uma pequena quantidade de ácido mineral, normalmente o
H2SO4 concentrado ou HCl anidro de acordo com a reação 6 abaixo.
𝐻2 𝑆𝑂4
𝑅1 − 𝐶𝑂𝑂𝐻 + 𝐶𝐻3 − 𝑂𝐻 ⇔ 𝐶𝐻3 − 𝑂 − 𝐶𝑂 − 𝑅1 + 𝐻2 𝑂
Esta reação é reversível e, geralmente, quando se atinge o equilíbrio, são presentes massas
significativas de reagentes e produtos. De facto, quando se faz reagir um mol de um ácido
gordo com um mol de álcool etílico na presença de massa de ácido sulfúrico verifica-se que,
ao atingir-se o equilíbrio (depois de um certo tempo), tem-se uma mistura de cerca de dois
terços de éster e água e um terço de ácido e álcool. Obtém-se, evidentemente, a mesma
mistura em equilíbrio. Se o ponto de partida consistir em um mol de éster e de um mol de
água, também na presença de H2SO4, obtém-se as massas nas mesmas proporções descritas
acima. De facto, um catalisador, como o iao hidrónio que catalisa a reação directa, a
esterificação, catalisa também, necessariamente a reação inversa, a hidrólise.
A esterificação directa, todavia, tem a vantagem de ser uma síntese de uma só operação e
o conhecimento do equilíbrio químico envolvido permite melhorar o desempenho da reação.
Se um dos reagentes, álcool ou ácido for acessível, pode ser utilizado em excesso com o
objectivo de deslocar o equilíbrio no sentido da formação dos produtos e aumentar assim o
rendimento da reação em ésteres (Morrison, 2002).
23
2.3.2 – Rota Metílica versus Rota Etílica
A produção do biodiesel pode ser realizada utilizando-se as rotas etílica ou metílica, pois tanto
os esteres metílicos quanto os esteres etílicos podem ser utilizados como combustíveis em
motores a diesel. Algumas das vantagens e desvantagens das duas alternativas são
destacadas na Tabela 8. Neste trabalho utilizou-se a rota metílica.
1. O preço do metanol é menor que o do etanol; 1. Apesar de poder ser produzido a partir
2. Consumo de metanol no processo de da biomassa, é tradicionalmente um
transesterificação é cerca de 45% menor que do produto fóssil;
etanol anidro; 2. Mais volátil, tendo, portanto maior risco
3. Para uma mesma taxa de conversão e mesmas de incendio. Chama invisível.
condições operacionais, o tempo de reação 3. O transporte é controlado, pois é
para o metanol é menor do que o tempo do matéria-prima para extração de
etanol; drogas;
4. Os equipamentos de processo da fábrica com 4. É tóxico.
rota metílica são cerca de um quarto do volume
dos equipamentos para a rota etílica, para uma
Metílica
mesma produtividade;
5. Considerando a mesma produção de biodiesel, o
consumo de vapor na rota metílica é cerca de
20% menor do que o consumo na rota etílica, e o
consumo de energia eléctrica é menos da
metade.
24
Tabela 9: Vantagens e desvantagens da rota etílica (Kalvelage, 2014).
Etílica 1. Se for produzido a partir da biomassa, produz um 1. Os esteres etílicos possuem maior
biodiesel 100% renovável; afinidade pela glicerina, o que torna
2. Produz biodiesel com maior índice de cetano e difícil a separação;
maior lubricidade; 2. Dependendo do custo da matéria-
3. Apresenta menor risco de incêndios; prima, a produção do biodiesel etílico
4. Não é tão tóxico como o metanol. pode ser até 100% maiores que o
metílico;
3. Os equipamentos do processo da rota
etílica são cerca de quatro vezes o
volume dos equipamentos da rota
metílica, para uma mesma
produtividade e qualidade;
4. Possui ponto de azeotropia, quando
misturado com água, dificultando a
separação. Com isso a desidratação
requer maiores custos energéticos e
investimentos em equipamentos.
Assim, o rendimento da reação aumenta com as razões molares álcool/óleo acima dos
valores estequiométricos de 3:1, sendo utilizado um excesso de álcool, usualmente de 6:1 até
12:1 para deslocar o equilíbrio químico. Porém ao aumentar o excesso de álcool, maior será
o custo de recuperação (HE et al.,,2006). No caso de óleos com alto teor de ácidos gordos
25
livres, como por exemplo óleos residuais de frituras, as reações são realizadas com os
catalisadores ácidos e com razões molares de metanol até 15:1 (Peruzzolo, 2014).
Até determinados valores, a taxa de conversão de ésteres aumenta com o tempo de reação.
No começo, a reação é lenta devido à dispersão dos reagentes na mistura; depois de certo
tempo, a reação avança rapidamente, em geral com 3 minutos de reação o rendimento
atinge o seu máximo que se mantém relativamente inalterado com o aumento do tempo de
reação. O excesso de tempo de reação pode causar uma diminuição do rendimento devido
à reação inversa de transesterificação (Peruzzolo, 2014).
Por sua vez, Ma et al., (1999) estudaram o efeito do tempo de reação de transesterificação
do sebo bovino com metanol. A reação foi muito lenta durante o primeiro minuto devido a
mistura e a dispersão do metanol no sebo de boi. Do minuto 1 ao minuto 5 a reação
prosseguiu rapidamente. O rendimento aparente aumentou de 1 a 38. O rendimento atingiu
o seu valor máximo em cerca de 15 minutos. A quantidade de di- e monoglicerídeos
aumentou no início e depois diminui. No final, a quantidade de monoglicerídeos foi maior do
que a de diglicerídeos.
Reação 7: Produção de sabões por reação do ácido gordo livre com um catalisador alcalino.
Bradshaw e Meuly (1944) e Feuge e Grose (1949) destacaram também a importância do uso
de óleos secos e livres de ácidos gordos livres (˂0,5%). Freedman et al., (1984) afirmou que a
produção de esteres será significativamente reduzida se os reagentes não atenderem a esses
requisitos. Felizardo et al. [2008] referem que uma acidez entre 1 a 4 % ainda permite a
utilização de catalisadores alcalinos, sendo necessário contudo prever o gasto do catalisador
com neutralização dos ácidos gordos livres
O efeito dos ácidos gordos livres e da água na reação de transesterificação de gorduras foi
investigado por Ma et al. (1999) e os resultados obtidos mostraram que o teor de água no sebo
27
de vaca devia ser mantido abaixo de 0,06% m/m e o teor de ácidos gordos livres do sebo
bovino devia ser mantido abaixo de 0,5% m/m para se obter a melhor conversão em esteres.
A destilação reativa ou catalítica surge como uma alternativa aos processos de separação
multicomponentes e têm sido uma nova alternativa para reduzir o número de equipamentos
em processos clássicos, cuja energia total gerada na reação é utilizada para a separação
dos componentes por diferença de volatilidade, o que conduz a uma grande economia
energética (BONIFÁCIO, 1999). Esta metodologia é sustentada pelos princípios de
intensificação de processos.
Na produção de biodiesel, este tipo de processo tem como vantagens a redução de custos
associados com a aquisição dos equipamentos pois as duas etapas
(esterificação/transesterificação) do processo são realizadas em uma única unidade,
resultando em menores custos com bombas, tubagens, instrumentação e integração
28
energética. Miranda Galindo et al., (2011) afirmam que o custo variável e as necessidades
energéticas dos processos de produção de biodiesel realizados através da destilação reativa
foram reduzidos em 20%, ou mais, quando comparados com o processo convencional da
reação de esterificação/transesterificação seguido da operação de destilação.
Tabela 10: Temperatura de ebulição dos componentes envolvidos na produção de biodiesel, (He et al, 2004).
Etanol 78,4°C
Glicerol 290°C
29
Figura 8: Diagrama esquemático do sistema de destilação reactiva para a produção de biodiesel usado por
Noshadi et al., (2012)
Peruzzolo, 2014 realizou estudos da produção de biodiesel por transesterificação com catálise
homogénea utilizando uma coluna de destilação reativa. O estudo realizado buscou avaliar,
mediante planeamento factorial, os parâmetros do processo de maior impacto sobre a
conversão do óleo de soja em biodiesel destacando o tempo de pré-mistura, razão molar
álcool etílico/óleo de soja e a concentração de KOH. As condições de operação foram: 6
litros de álcool etílico aquecidos até 80 ̊ C no refervedor; refluxo total do condensado ao topo
da coluna, com vazão média de 30 mL/min; pressão atmosférica; temperatura de 78 ̊ C no
topo; alimentação da mistura dos reagentes previamente aquecidos a 55 ̊ C no topo da
coluna; destilação secundária do biodiesel a 90 ̊ C; destilação a 500 mmHg de vácuo e por
fim a separação das fases e coleta das amostras. O biodiesel produzido foi caracterizado em
relação ao teor de ésteres via cromatografia gasosa e analisado fisicamente quanto a
densidade. A melhor conversão de óleo foi de 97,2% em teor de éster e com massa específica
de 873 kg/m3.
A Áustria foi o primeiro país a definir e aprovar os padrões de qualidade para o biodiesel,
aplicados a ésteres metílicos de colza (Lobô et al., 2009). Assim, padrões de qualidade foram
30
sendo estabelecidos em outros países. Atualmente o padrão de qualidade é estabelecido na
União Europeia através da norma EN 14214 do Comitê Europeu de Normalização (Comité
Européen de Normalisation- CEN) e o padrão de qualidade americano, elaborado pela ASTM
(American Society of Testing and Materials), através da norma ASTM D6751, figuram como os
mais conhecidos e são geralmente usados como referência ou base para outros padrões.
A Norma Europeia EN 14214 e a Norma Americana ASTM D6751 estabelecem os valores limite
para 25 propriedades do biodiesel, que são apresentados na Tabela 11.
31
Tabela 11: Padrões de qualidade do biodiesel, Lobô et al., 2009
32
Tabela 11: Padrões de qualidade do biodiesel, Lobô et al., 2009. Continuação
33
Tabela 11: Padrões de qualidade do biodiesel, Lobô et al., 2009. Continuação 2
Sintoma da presença
de água;
Glicerina Total, máx. %massa 0,25 0,24 Soma da glicerina livre Depósitos de
e glicerina ligada; carbono no motor.
Esterificação
incompleta;
34
Tabela 11: Padrões de qualidade do biodiesel, Lobô et al., 2009
do tempo de vida
do motor
Resíduos.
35
2.6 – Produção de Biodiesel a partir do óleo de Palma
A produção do biodiesel a partir do óleo de palma tem merecido certo destaque devido as
características físico-químicas apresentadas por este tipo de óleo, vários trabalhos foram
desenvolvidos utilizando o óleo de palma como matéria-prima na produção do biodiesel,
para diferentes metodologias. Alguns autores tiveram sucesso nas metodologias aplicadas,
outros continuam à procura de novos métodos para a produção de biodiesel que atenda as
especificações internacionais a partir do óleo de palma. Assim apresenta-se uma breve
revisão dos trabalhos realizados nesta área.
Noiroj et al., (2008) realizou estudos de transesterificação com catálise heterogénea utilizando
KOH/Al2O3 e NaOH/NaY como catalisadores com óleo de palma (massa específica 901kg/m 3,
viscosidade cinemática 40,51mm2/s e FFA de 0,359%), e obtiveram um rendimento máximo de
91,07% e 92,84% em FAME. As condições ótimas para KOH/Al2O3 consistiram no tempo de
reação de 2 horas, 25% em massa de catalisador, razão molar metanol/óleo 15:1 mol/mol e
com uma agitação de 300 rpm a 60˚C. Por outro lado, o catalisador KOH/NaY promoveu um
tempo de reação de 3 horas. A produção do biodiesel foi realizada num processo em
descontínuo.
Por sua vez, Chongkhong et al., (2008) utilizando como matéria-prima o Palm Fatty Acid
Distillate – PFAD (93% em massa de FFA), dado o caracter ácido da matéria-prima, recorreu a
uma reação de esterificação catalisada por H2SO4 seguida por uma transesterificação
catalisada por NaOH com as condições óptimas baseadas numa razão molar metanol/PFAD
de 4,3:1 mol/mol, 90 minutos de tempo de reação e 1,834% em massa do catalisador H2SO4.
Para todas as razões molares estudadas, o teor em FAME foi aumentado com a temperatura
no intervalo de 70 - 100˚C. O teor máximo em FAME foi de 98% e a reação foi realizada em
regime descontínuo.
Taufiq et al. (2011) produziram biodiesel a partir do óleo de palma através de reação de
transesterificação com catálise heterogénea usando NaOH/Al2O3 como catalisador
heterogéneo e obtiveram uma conversão de 99% nas seguintes condições de reação: razão
molar (metanol/óleo) 15:1 mol/mol, 60˚C de temperatura, 3 horas de tempo de reação e 3%
em massa do catalisador.
36
Deshpande et al., (2012) estudaram a produção do biodiesel a partir do óleo de palma
(densidade=907kg/m3; viscosidade = 42.5mm2/s; índice de acidez=0.437mgKOH/g; índice de
iodo=40 gI2/100g) por reação de transesterificação com NaOH como catalisador e metanol
como reagente. A reação de transesterificação foi efectuada em descontinuo. As variáveis
estudadas na reação de transesterificação foram: catalisador (0.15%, 0.5% e 1.5% NaOH
m/m), três razões molares álcool/óleo (0.15; 0.25 e 0.45 v/v) tempo de reação (0.5 – 3h)a uma
temperatura de 60±2. A reação de transesterificação foi também estudada em diferentes
intervalos de temperaturas entre 40˚C - 70˚C mantendo outros parâmetros constantes.
Nas condições estudadas por Deshpande et al., (2012) conseguiram uma conversão em
esteres metílicos acima dos 90% e verificaram que um aumento da razão molar álcool/óleo
conduz a uma maior conversão e usando concentração de catalisador acima de 0.5% NaOH
m/m há uma redução no rendimento e observa-se formação de sabão durante a lavagem
do biodiesel com água de-ionizada morna. O efeito da temperatura de operação foi
estudado no intervalo de 40˚C, 60˚C e 70˚C mantendo os outros parâmetros constantes.
Deshpande et al., (2012) verificaram que próximo ao ponto de ebulição do metanol a 60˚C,
o rendimento em ésteres metílicos é máximo com uma hora de tempo de reação enquanto
a 40˚C o rendimento foi baixo e o tempo de reação foi maior. Neste trabalho, o efeito do
tempo de reação de 0.5 – 3 h no rendimento da reação foi também investigado e Deshpande
et al., (2012) concluiu que a conversão era inferior para os tempos reduzidos, inferiores a 1h.
O aumento do tempo de reação para além de 1h não foi detetada nenhuma alteração
percetível no rendimento.
37
CAPÍTULO 3: MATERIAIS E MÉTODOS
Os ensaios descritos neste trabalho foram realizados nos laboratórios do Instituto Superior
Politécnico de Tecnologias e Ciências (ISPTEC) em Luanda (Angola) e nos Laboratórios do
Centro de Processos Químicos do Instituto Superior Técnico de Lisboa (Portugal). Para isto, o
óleo de palma utilizado para a produção do biodiesel foi produzido na Fazenda Esperança
localizada na comuna do Nhime que dista 42 kms da Cidade do Sumbe, Capital da Província
de Kwanza Sul. Neste capítulo são apresentados os procedimentos adotados para a
execução dos ensaios experimentais de produção do óleo de palma, reação de
esterificação e transesterificação com catalisador homogéneo em regime descontínuo e
numa coluna de destilação reactiva, bem como as técnicas de caracterização do óleo de
palma e do biodiesel produzido.
A produção do óleo de palma foi realizada na Fazenda Esperança, cujo processo foi
acompanhado “in loco” com base na descrição metodológica seguinte:
Do óleo assim produzido foi recolhida uma amostra de 200 litros que foi transportada para
os laboratórios do ISPTEC, em Luanda, para ser utilizada nos ensaios de produção de
biodiesel. O uso de uma única amostra para todos os ensaios possibilitou a consistência
na avaliação dos diversos parâmetros relacionados com as metodologias adotadas neste
trabalho.
38
Figura 9: Produção do óleo de palma na Fazenda Esperança – Kwanza Sul - Angola
39
3.2.2 – Produção do Óleo de Palma Aquecido
O procedimento seguido para produzir o óleo de palma aquecido foi o seguinte: aqueceu-
se uma certa massa de óleo de palma num fogão de cozinha durante cerca de 20 minutos,
a uma temperatura entre 200 - 250˚C. Este procedimento foi efectuado com o objectivo de
obter um óleo de palma com menor índice de acidez visto que, durante o aquecimento são
libertados os ácidos gordos mais voláteis presentes no óleo (Sampaio, 2011) e também como
forma de simular óleo usado em fritura de alimentos.
40
3.2.3.1 – Reacção de Esterificação
41
Figura 10: Fluxograma da Produção do biodiesel em escala de bancada, Barros et al, 2008.
42
3.2.4 – Planeamento Experimental
O planeamento experimental pode ser usado tanto para o estudo de um produto, tanto no
desenvolvimento de um processo quanto na solução de problemas do processo, para
melhorar o seu desempenho ou obter um processo que seja robusto ou não-sensível a fontes
externas de variabilidade.
a) Índice de acidez;
b) Viscosidade;
c) Índice de refração;
d) Massa específica;
e) Teor em FAME
43
Para o desenvolvimento deste planeamento experimental foram definidas como principais
actividades, no contexto cronológico as descritas abaixo:
b) Quantidade de catalisador
Identificada a razão molar de metanol/óleo que permitiu obter uma maior conversão nesta
etapa estudou-se a influência da percentagem de catalisador. Estes ensaios foram realizados
utilizando as seguintes condições experimentais: razão de metanol/óleo óptima determinada
anteriormente, temperatura- 63ºC, catalisador - 0.9% em massa, tempo-1h, catalisador- 0.4,
0.6, 0.8,1,1.25, 1.5%.
c) Temperatura da reação
44
3.2.5 – Produção do Biodiesel na Coluna de Destilação Reactiva 1
45
Figura 13: Diagrama esquemático da coluna de destilação reactiva 1
46
f) Para garantir que a temperatura na base seja mantida constante durante o processo e
similar aquela das melhores condições de operação dos processos em descontínuo;
g) O óleo é alimentado na coluna na forma líquida até a base da coluna com
borbulhamento intenso decorrente da interação entre as fases vapor ascendente e
líquido descendente cuja intensificação da mistura deve-se à presença do enchimento
utilizados para aumentar a área de transferência de massa;
h) Neste percurso são retiradas nas laterais amostras do líquido descendentes para posterior
caracterização;
i) Os produtos de reação são colectados na base da coluna e redirecionados para o
tanque de biodiesel para a separação das fases e posterior purificação e
caracterização;
j) As amostras retiradas das diferentes secções da coluna de destilação reactiva foram
purificadas para posterior caracterização;
k) Os produtos de reação foram colocados num funil de separação e deixados em repouso
para a separação de fases, sendo o biodiesel a fase leve e o glicerol a fase pesada;
47
3.2.6.2 Procedimento Adoptado na Coluna de Destilação Reactiva 2
48
grau de conversão, o consumo de energia baseado nos balanços de energia e o fecho dos
balanços de massa para se determinar as taxas de conversão da massa do óleo em biodiesel.
Além do mais, com base nos resultados preliminares, pode-se explorar o uso de óleos com
elevada degradação biológica, isto é, elevado índice de acidez e o seu desempenho no
processo.
Óleo
Óleo
Óleo
Óleo
Esterificação
Entrada do KOH
Esterificação
Esterificação
Entrada do KOH
Figura 14: Coluna de destilação reactiva 2
Esterificação
Entrada do KOH
Transesterificação
Transesterificação 49
Entrada do KOH
Transesterificação
Figura 15: Diagrama esquemático da Coluna de Destilação Reactiva 2
50
coloração rósea clara que perdure pelo menos cerca de 30 segundos. Anotar o volume
consumido, VA.
Onde:
(𝑀´ − 𝑚)
𝑑 = ∗ 𝑑 á𝑔𝑢𝑎 𝑎 𝜃 ° 𝐶
(𝑀´´ − 𝑚)
Onde:
51
Figura 16: Determinação da massa específica pelo método do picnómetro
52
Figura 17: Determinação da massa específica pelo densímetro Mettler Toledo.
A viscosidade das amostras de óleo de palma e biodiesel foram medidas num viscosímetro
de Ostwald mediante o seguinte procedimento:
1. Lavar com acetona extra pura e secar inicialmente o viscosímetro para eliminar resíduos
de outras amostras;
2. Colocar o viscosímetro num banho termostatizado apoiado sobre um suporte universal. A
temperatura no banho deve ser 40ºC e mantida constante durante toda medição;
3. Colocar cerca de 2/3 da amostra líquida no reservatório inferior do viscosímetro de
Ostwald (2 ramos)
4. Aguardar cerca de 30 minutos, para que a amostra alcance a temperatura do banho.
5. Por sucção, através de uma pompete, elevar o líquido no interior do tubo até preencher
a dilatação pequena e passar um pouco da marca superior do viscosímetro.
Primeiramente deixar escoar o líquido para verificar se o escoamento corre
convenientemente e sem gotas aderidas às paredes do tubo;
6. Voltar a aspirar o líquido até 3 cm acima da marca superior e manter este nível. Retirar a
pompete e quando o líquido chegar ao menisco do traço superior do viscosímetro ligar o
cronómetro que deve ser parado quando o líquido alcançar a marca inferior. Assim,
mede-se o tempo de escoamento da amostra que permite calcular a viscosidade através
da Equação 3;
53
ɳ1 𝑡1
=
ɳ2 𝑡2
Onde:
Figura 18: Banho termoestatizado para a determinação da viscosidade com viscosímetro de Ostwald.
ɳ=𝑡 ×𝑘
54
Figura 19: Banho termoestatizado para a determinação da viscosidade com viscosímetro de Ubbelohd.
O índice de refração foi medido num refratómetro tipo Abbe. Primeiramente verificar se o
aparelho encontra-se bem calibrado por medição do índice de refração de uma amostra de
água. Para a realização da leitura do índice de refração, deve-se colocar o líquido sob
investigação no prisma do refratómetro e em seguida, observar no ocular do refratómetro a
escala que aparece no campo visual e fazer então a leitura da escala.
55
3.3.7 – Espectros de Infravermelho
No ISPTEC os espectros das amostras de óleo de palma e biodiesel foram recolhidos num
espectrómetro de FTIR TermoScientific nicolet is10. No IST os espectros foram recolhidos num
espectrofotómetro da FT-NIR da BOMEM FTLA2000-100, ABB CANADA, equipado com uma
fonte de luz de SiC e um detector DTGS. A aquisição dos espectros (em duplicado) foi feita
utilizando o software BOMEM Grams/32. O acessório utilizado foi um dispositivo ATR de reflexão
única horizontal (HATR), equipado com um cristal de ZnSe de 2 mm de diâmetro, da PIKE
Technologies.
A calibração existente para determinação do teor em ésteres foi desenvolvida para uma
gama de concentrações em ésteres determinada por cromatografia gasosa entre 78,4 –
99,3% com um erro de previsão de 1% (Baptista et al., 2008). Estas calibrações podem ser
utilizadas para amostras fora da gama de calibração com um erro superior. Assim, por
exemplo, quando se apresenta um teor em FAME numa amostra de biodiesel de 10%, este
valor é apenas indicativo porque o erro a ele associado pode ser estimado em cerca de 5%.
Além disso, no desenvolvimento destas calibrações foram utilizadas poucas amostras de
biodiesel produzidas a partir de óleo de soja e nenhuma a partir do óleo de palma utilizado
neste trabalho, o que pode também levar a uma determinação com um erro superior.
57
Tabela 12: Parâmetros a utilizar no aparelho Rancimat.
Parâmetro Valores
t(˚C) 110
∆t(˚C) 0.3
K (𝜇𝑆/𝑐𝑚) 200
Aval. 2:∆𝐾 *
Aval. 3: ∆𝑡 *
Constantes das células (cm) 1.03, 0.89, 1.02, 0.86, 0.95, 0.98
Ep stop OFF
Heater stop ON
Air stop ON
** - A escolha do tempo de análise depende do tipo de amostra em questão (em caso de dúvida, colocar
58
3.3.10 – Determinação do Teor de Água pelo Método de Karl Fisher
59
Capítulo 4: RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o presente trabalho foram utilizadas como matéria-prima, o óleo de palma bruto,
produzido na Fazenda Esperança localizada na província do Kwanza-Sul (Angola) como
descrito no Capítulo 3, e este mesmo óleo aquecido. O óleo de palma bruto foi submetido ao
aquecimento por 20 minutos num intervalo de temperatura entre 200 - 250˚C, com objectivo
de reduzir o elevado índice de acidez e simular o uso do óleo de palma usado na fritura de
alimentos e avaliar o seu comportamento como matéria-prima para a produção de biodiesel.
O óleo de palma apresenta coloração avermelhada, devido ao seu alto teor natural de
carotenóides. Estes componentes encontrados em sua composição são a principal
característica funcional, pois trazem importantes benefícios à saúde. É também rico em
tocoferóis e tocotrienóis, sendo a maior parte composta de γ –tocotrienol, α–tocotrienol e δ-
tocotrienol (Sampaio, 2011). Como consequência destas características e do elevado teor
das cadeias saturadas como o C16:0, o óleo de palma é altamente estável à oxidação.
60
Conforme descrito na literatura (Jaarin et al., 2012), apesar da composição em ácidos gordos
não ser significativamente alterada, o aquecimento provoca a oxidação do óleo, com o
consequente aumento do índice de peróxido, e a degradação dos antioxidantes naturais
acima referidos. Por essa razão, conforme apresentado na Tabela anterior, a estabilidade
oxidativa do óleo baixa de 15h para 2 h após aquecimento.
Figura 25: Óleo de palma bruto e óleo de palma aquecido (20 min, 200 -250˚C) respetivamente.
De acordo com a Figura 26, a estabilidade oxidativa do óleo de palma bruto utilizado neste
trabalho é mais elevada do que as apresentadas por Portela (2009) para os óleos de girassol,
canola, milho e soja, constituindo-se numa das principais vantagens para o uso de óleo de
palma como matéria-prima para a produção de biodiesel.
61
Óleo de Soja 12,55
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Figura 26: Estabilidade Oxidativa de óleos (palma- Tabela 13, outros óleos- Portela, 2009)
Figura 27: Espectro de infravermelho do óleo de palma bruto (superior) e aquecido (inferior).
62
Figura 28: Espectro de infravermelho dos óleo de palma bruto e aquecido.
De acordo com o planeamento acima apresentado, foram realizados ensaios com vista à
determinação do efeito da razão molar álcool:óleo, percentagem de catalisador,
temperatura de reação e tempo de reacção nas propriedades do biodiesel produzido a partir
de óleo de palma com vista à identificação das condições óptimas.
63
Tabela 14: Estudo da razão molar: 1h, 63±2◦C, 0.9% H2SO4 para a esterificação e 0.9% KOH para a transesterificação
Em função das condições de reação aplicadas mediu-se o índice de acidez após a reação
de esterificação, como forma de avaliar o grau de conversão dos ácidos gordos em ésteres,
Os resultados são apresentados na Tabela 15 e nas Figuras 29 e 30 abaixo.
Tendo em conta que o teor em ácidos gordos livres (%) é metade do índice de acidez (mg
KOH/g) a conversão dos FFA pode ser estimada pela equação 5:
Onde:
ɳ % é a conversão dos FFAs; IAo é o índice de acidez do óleo; FFA0 representa o teor em
ácidos gordos livres inicial do óleo; IAf é o índice de acidez final após a reação de
esterificação; FFAf representa o teor em ácidos gordos livres final.
64
Tabela 15: – Índice de acidez após a reação de esterificação e conversão dos FFAs do óleo de palma bruto e
aquecido, 1h, 63˚C e 500rpm, 0.9% H2SO4.
Os resultados presentes na Tabela 15 podem ser melhor visualizados na Figura 29 que relaciona
o índice de acidez como função da razão molar. Observa-se que quanto maior a razão molar
menor o índice de acidez justificada pela efectividade da reação de conversão dos ácidos
gordos em ésteres metílicos.
18
16
Índice de acidez após a
ÍNDICE DE ACIDEZ (MG KOH/G)
14 reação de esterificação
do óleo de palma bruto
12
Índice de acidez após a
10 reação de esterificação
do óleo de palma
8 aquecido
Índice de acidez
necessário para
6 aplicação da etapa
alcalina
4
0
0 03:01 04:01 05:01 06:01 07:01
RAZÃO MOLAR METANOL/ÓLEO (MOLE/MOLE)
Figura 29: Índice de acidez após a reação de esterificação em função da razão molar
metanol/óleo para o óleo de palma bruto e aquecido, 1h, 63˚C e 500rpm, 0.9% H2SO4.
65
120
CONVERSÃO DOS FFAS, %
100
Conversão dos
80 FFAs do óleo de
palma bruto
60
40
Conversão dos
FFAs do óleo de
20
palma aquecido
0
0 03:01 04:01 05:01 06:01 07:01
RAZÃO MOLAR METANOL/ÓLEO, MOLE/MOLE
Figura 30: Conversão dos FFAs após a reação de esterificação em função da razão molar
metanol/óleo para o óleo de palma bruto e aquecido, 1h, 63˚C e 500rpm, 0.9% H2SO4.
Ding et al., 2012, estudaram a conversão dos ácidos gordos numa reação de esterificação
do óleo de cozinha usado com elevado índice de acidez. Os autores observaram que a
conversão dos FFAs aumentou de 80% para 94% quando a razão volume metanol/óleo passou
de 10% para 20% depois de uma reação de 5horas, sob condições de 0.4% quantidade de
H2SO4 e 50˚C.
De acordo com as Tabelas e Figuras anteriores, é possível concluir que para as razões molares
entre 3:1 a 6:1o índice de acidez resultante é inferior ao valor de 2 mgKOH/g considerado
adequado para a reação de transesterificação alcalina. O IA final mais elevado no ensaio
com a razão molar 7:1 não deve estar relacionado com uma menor conversão dos FFA em
FAME mas sim com uma remoção deficiente do metanol e, consequentemente, da acidez
mineral. De facto, provavelmente, o tempo e condições de secagem não foram suficientes
para a remoção completa da quantidade mais elevada de metanol.
66
contabilizado nos cálculos da massa de metanol fresco a adicionar na reação de
transesterificação para determinada razão molar de metanol:óleo a estudar.
Como foi referido no Capítulo 3, neste trabalho a massa específica foi determinada através
de dois métodos: picnómetro e densímetro automático. Assim, na determinação da massa
específica efectuada logo após a produção do biodiesel nos laboratórios do ISPTEC em 2014
foi utilizado o método do picnómetro, ao passo que o densímetro automático foi utilizado nas
determinações efectuadas no IST em Janeiro de 2015. Por outro lado, a massa específica foi
também prevista com base nos espectros de infravermelhos próximos de algumas amostras
recolhidos no IST e recorrendo a calibrações disponíveis no laboratório de biodiesel. Os
resultados obtidos são apresentados na Tabela 16.
Tabela 16: Efeito da razão molar sobre a massa específica do biodiesel (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H 2SO4 e
Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1); (BOB – Biodiesel obtido a partir do óleo
de palma bruto; BOA - Biodiesel obtido a partir do óleo de palma aquecido).
ANP 07/2008 - BRASIL: 860 -900 kg/m3; EN14214 - EU: 860 - 900 kg/m3; ASTM D6751 EUA: ---------
67
Como é possível verificar na Tabela referenciada não se observaram variações significativas
da massa específica dos produtos da reação e todos eles cumprem com as especificações
contidas nas Normas de qualidade deste tipo de combustíveis.
885
Massa Específica kg/m3
880
875 Massa Específica -
Picnómetro
870
Massa Específica -
865 Densímetro Automático
860 Massa Específica -
Previsão FT-NIR
855
03:01 04:01 05:01 06:01 07:01
Razão Molar metanol/óleo mol/mol
Figura 31: Massa específica em função da razão molar das amostras de biodiesel obtidas
a partir do óleo de palma bruto (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H2SO4 e
Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1).
68
Massa Específica a 20˚C
ANP 07/2008 - BRASIL: 860 -900 kg/m3;
EN14214 - EU: 860 - 900 kg/m3;
ASTM D6751 EUA: ---------
BOA
885
Massa Específica kg/m3
880
875 Massa Específica -
Picnómetro
870
Massa Específica -
865 Densímetro Automático
860 Massa Específica -
855 Previsão FT-NIR
03:01 04:01 05:01 06:01 07:01
Razão Molar metanol/óleo mol/mol
Figura 32: Massa específica em função da razão molar das amostras de biodiesel obtidas
a partir do óleo de palma aquecido (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H2SO4 e
Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1).
Como foi referido, a massa específica do biodiesel está directamente relacionada com a
estrutura molecular das suas moléculas contidas neste biocombustível (Baptista et al., 2008).
Quanto maior o comprimento da cadeia carbónica do alquiléster, maior é a massa
específica. No entanto, este valor decrescerá com o aumento do número de insaturações
presentes na molécula. A presença de impurezas também pode influenciar na massa
específica do biodiesel como por exemplo, os triglicéridos do óleo, o álcool ou substâncias
adulterantes (Lobô et al., 2009).
No que diz respeito às diferenças dos valores de densidade medidos pelos 2 métodos é
possível verificar que de um modo geral os valores medidos no IST são ligeiramente superiores
o que se pode ficar a dever aos diferentes métodos utilizados e/ou à deterioração do
biodiesel durante o armazenamento.
De facto, por exemplo, a resolução brasileira 07/2008 estabelece que o biodiesel produzido
tem um prazo máximo de validade de um mês, a contar da data de certificação para ser
comercializado. Passado este prazo, deve ser realizada nova análise da massa específica a
20˚C e, havendo diferença inferior a 3.0 kg/m3 em relação ao valor do certificado deverão
ser novamente analisados o teor de água, o índice de acidez e a estabilidade oxidativa a
110˚C. Se a diferença for superior que 3.0 kg/m3 deverão ser reavaliados todos os parâmetros
de qualidade contidos na resolução.
Por último verificou-se que o aquecimento do óleo não afectou a densidade das amostras de
biodiesel.
69
4.2.1.3 – Efeito da Razão Molar Sobre a Viscosidade Cinemática
Tabela 17: Efeito da razão molar sobre viscosidade cinemática do biodiesel (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%
H2SO4 e Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1)
ANP 07/2008 - BRASIL: 3 – 6; EN14214 - EU: 3,5 - 5,0; ASTM D6751 EUA: 1,9 - 6,0
70
Os resultados presentes na Tabela 19 podem ser melhor visualizadas nos gráficos das Figuras
33 e 34, onde se observa como varia a viscosidade em função da razão molar.
6
5
Viscosimetro
4
Ostwald
3
Viscosimetro
2 Ubbelohd
1
Viscosidade -
0 Previsão FT-NIR
03:01 04:01 05:01 06:01 07:01
Razão Molar Metanol/Óleo, mole/mole
Figura 33: Viscosidade Cinemática em função da razão molar das amostras de biodiesel
obtidas a partir do óleo de palma bruto (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H2SO4 e
Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1).
5
4 Viscosimetro
3 Ostwald
2 Viscosimetro
Ubbelohd
1
Viscosidade -
0
Previsão FT-NIR
03:01 04:01 05:01 06:01 07:01
Razão Molar Metanol/Óleo, mole/mole
Figura 34: Viscosidade Cinemática em função da razão molar das amostras de biodiesel
obtidas a partir do óleo de palma aquecido (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H2SO4 e
Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1).
71
com a razão molar 3:1 apresenta maior viscosidade pelo que deverá ter uma menor
conversão em ésteres em comparação com as outras amostras deste estudo.
O índice de acidez é uma medida da quantidade de ácidos gordos livres existentes no óleo
ou no biodiesel, mas pode ser influenciado pela eficiencia do processo de produção do
biodiesel (lavagens, etc). A medição do índice de acidez no biodiesel é de grande
importância porque influencia o modo de envelhecimento do biodiesel (Felizardo et al. 2006).
No que diz respeito à utilização do biodiesel, um elevado valor do índice de acidez pode
favorecer a deposição de sedimentos no motor e desgaste da bomba e filtro de combustível
(Colombo, 2011).
Neste trabalho, conforme descrito no Capítulo 3, o índice de acidez foi determinado pelo
método titrimétrico usando para tal uma solução de KOH 0.1M e fenolftaleína como
indicador. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 18.
Tabela 18: Efeito da razão molar sobre o índice de acidez do biodiesel (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H2SO4 e
Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1)
BOB BOA
72
Os resultados obtidos mostram que tendo em conta o erro do método experimental (0.04
mg KOH/g), todas as amostras de biodiesel produzido estão dentro das especificações
estabelecidas pelas normas EN14214 e ASTMD6751.
Diferentes métodos têm sido utilizados para se determinar o teor em FAME do biodiesel. Estes
métodos incluem a espectroscopia de ressonância magnética nuclear do 1H, espectroscopia
de infravermelho, cromatografia liquida de alta resolução (HPLC) e cromatografia gasosa. No
entanto, a cromatografia gasosa é o método analítico recomendado pela EN14214 para
avaliar a conversão em FAME.
O índice de refração é uma técnica analítica não destrutiva, rápida e que não necessita de
pré-tratamento da amostra. Embora este método tenha recebido pouca atenção para o uso
na monitorização da qualidade do biodiesel, uma vez que os possíveis componentes da
mistura de reação, isto é, monoglicerídeos, diglicerídeos, triglicerídeos e ésteres metílicos, têm
índices de refração diferentes, pode ser uma técnica analítica alternativa. Na literatura, é
descrito que o índice de refração pode ser correlacionado com a composição do biodiesel
e pode ser utilizado como medida da taxa de conversão da reação de transesterificação
(Geacai et al., 2012).
Tabela 19: Efeito da razão molar sobre o índice de acidez do biodiesel (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H2SO4 e
Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1)
BOB BOA
73
4.2.1.6 – Efeito da Razão Molar no Teor em FAME
Como foi referido no Capítulo 3, a determinação do teor em FAME no biodiesel foi efectuada
por espectroscopia de infravermelhos próximos (NIR) utilizando as calibrações disponíveis no
IST. Os resultados obtidos são apresentados na Figura 35. De referir que esta calibração foi
estabelecida para uma gama de teor em ésteres entre 78.4% e 93.3% com amostras de
biodiesel de soja, colza, palma e óleos alimentares usados [Baptista et al., 2008]. Para amostras
que não sejam consideradas outliers o erro de calibração é de 1% ou seja semelhante ao erro
de determinação da cromatografia gasosa que é de 1.5%. Contudo, as amostras de biodiesel
produzidas neste trabalho foram consideradas como amostras estranhas ou outliers pelo que
é expectável que o erro associado aos valores apresentados seja mais elevado.
120
100
80
FAME (%)
60
40
20
0
03:01 04:01 05:01 06:01 07:01
BOB 63,06 93,02 92,67 90,17 95,42
BOA 71,9 94,65 91,64 95,54 95,92
Figura 35: Efeito da razão molar sobre o teor em FAME (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H2SO4 e
Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1)
Com base nos resultados apresentados verifica-se que a partir da razão molar de
metanol:óleo de 4:1 o teor em FAME do biodiesel é superior a 90%. Contudo, nas condições
estudadas (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H 2SO4 e Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm,
0.9%KOH razão molar óleo/metanol 3:1), o teor imposto pelas normas (>96.5%) só foi atingido
para a razão molar de 7:1.
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑏𝑖𝑜𝑑𝑖𝑒𝑠𝑒𝑙
𝑅% = × 100%
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 ó𝑙𝑒𝑜
Equação 6: Cálculo do rendimento em massa do biodiesel
74
4.2.1.7 – Outros Parâmetros de Qualidade do Biodiesel Previstos Pelo FT-NIR
No IST, para além da calibração para prever a massa específica, viscosidade e o teor em
FAME do biodiesel, foram desenvolvidas também calibrações para determinar o teor em
água, teor em metanol, índice de iodo (Baptista et al, 2008a). A calibração para
determinação do teor em água foi desenvolvida na gama 218-1859 ppm com um erro de
87ppm, a calibração para o metanol foi desenvolvida para teores entre 2 e 3300 ppm com
um erro de 109 ppm e a calibração para o índice de iodo foi desenvolvida para a gama 62-
132 g I2/100g com um erro de previsão de 1g I2/100g.
De referir que um teor elevado em metanol está relacionado com problemas no processo de
purificação do biodiesel nomeadamente nas etapas de lavagem e secagem, enquanto um
teor em água elevado pode estar relacionado com uma secagem deficiente e/ou com a
degradação do biodiesel durante a armazenagem.
Tabela 20: Parâmetros determinados através de calibrações no FT-NIR do biodiesel obtido a partir do óleo de palma
bruto e aquecido (Esterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9% H2SO4 e Transesterificação: 1h, 63˚C, 500rpm, 0.9%KOH razão
molar óleo/metanol 3:1).
Normas
Teor em água: ANP 07/2008, EN14214, ASTM D6751 – 500ppm; Teor em metanol: ANP 07/2008, EN14214 – 2000ppm;
925 857
RM 6:1 NA NA 60 61
473* 687*
1012
RM 7:1 1006 NA NA 61 61
514*
75
As previsões NIR, mostram que o teor em água e metanol das amostras analisadas são
superiores aos limites máximos das Normas. Contudo, é importante não esquecer que estas
amostras foram também identificadas como outliers nas calibrações utilizadas e que o teor
em metanol estimado está completamente fora da gama de calibração pelo que os erros
de estimativa podem ser elevados. Assim, como forma de comparar os valores obtidos através
desta previsão foi medido o teor em água de algumas amostras pelo método de Karl Fisher
descrito no capítulo 3. Os resultados obtidos por este método estão mais próximos do limite
estabelecidos pelas normas.
Como foi referido, o índice de iodo está directamente relacionado com o tipo de cadeias
dos ácidos gordos e nomeadamente com o número de insaturações de um material lipídico,
ou seja, o índice de iodo aumenta com o aumento do número de insaturações. Assim, como
seria de esperar para um biodiesel produzido a partir de óleo de palma, o índice de iodo
previsto é de cerca de 62 g I2/100 g ou seja inferior ao biodiesel de canola (115.0 g I 2/100g),
linhança (210.0 g I2/100g), colza (108.0 g I2/100g), girassol (141.0 g I2/100g), (Maria Moraes,
2008) e jatropha (101 g I2/100g) (Silva, 2012). Por outro lado os valores obtidos estão dentro do
limite estabelecido pela norma EN14214 que fixa um valor máximo de 120 g I 2/100g.
Tabela 21: Condições de reação no estudo da massa de catalisador (63ºC; 1h; 500 rpm)
76
4.2.2.1 Efeito da Quantidade de Catalisador Sobre Reação de Esterificação
Tabela 22: Índice de acidez após a reação de esterificação e conversão dos FFAs do óleo de palma. Razão molar
metanol/óleo 6:1,1h, 63˚C e 500 rpm.
Índice de Acidez [mg KOH/g] ɳ (%) Índice de Acidez [mg KOH/g] ɳ (%)
25
ÍNDICE DE ACIDEZ, MG KOH/G
20
15
10
0
ÓLEO PC 0.4 PC 0.6 PC 0.8 PC 1.0 PC 1.2
Figura 36: índice de Acidez após a reação de esterificação em função da percentagem de catalisador. Razão molar
metanol/óleo 6:1,1h, 63˚C e 500 rpm.
77
100
95
BOB
85
BOA
80
75
PC 0.4 PC 0.6 PC 0.8 PC 1.0 PC 1.2
Percentagem do Catalisador, H2SO4 (%)
Figura 37: Conversão dos FFAs na reação de esterificação em função da percentagem de catalisador. Razão molar
metanol/óleo 6:1,1h, 63˚C e 500 rpm.
78
Tabela 23: Massa específica das amostras de biodiesel obtidas a partir do óleo de palma no estudo da massa de
catalisador. Esterificação e Transesterificação: razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1 respectivamente, 1h, 63˚C e
500rpm.
ANP 07/2008 - BRASIL: 860 -900 kg/m3; EN14214 - EU: 860 - 900 kg/m3; ASTM D6751 EUA: ---------
79
4.2.2.3 – Efeito da Quantidade de Catalisador na Viscosidade Cinemática
Tabela 24: Viscosidade Cinemática a 40˚C do biodiesel. Esterificação e Transesterificação: razão molar metanol/óleo
– 6:1 e 3:1 respectivamente, 1h, 63˚C e 500rpm.
ANP 07/2008 - BRASIL: 3 – 6; EN14214 - EU: 3,5 - 5,0; ASTM D6751 EUA: 1,9 - 6,0
Todos os valores apresentados estão dentro dos limites estabelecidos pelas normas ANP
07/2008, EN14214 e ASTM D6751.
80
4.2.2.4 – Índice de Acidez e de Refração do Biodiesel
Tabela 25: Índice de acidez e de refração do biodiesel. Esterificação e Transesterificação: razão molar metanol/óleo
– 6:1 e 3:1 respectivamente, 1h, 63˚C e 500rpm.
As normas estabelecem que o biodiesel deve ter um indice de acidez maximo de 0.5
mgKOH/g, no entanto observa-se que algumas amostras apresentam um valor ligeiramente
acima do exigido que pode estar associado ou lavagem e secagem não eficientes.
Entretanto, de uma forma geral, o indice de acidez para o intervalo da massa de catalisador
selecionado para este estudo é satisfatório.
81
4.2.2.5 – Efeito da Quantidade de Catalisador no Teor em FAME
Tabela 26: Teor em FAME do biodiesel. Esterificação e Transesterificação: razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1
respectivamente, 1h, 63˚C e 500rpm.
FAME (%)
Amostra
BOB BOA
PC 0.4 85 89
PC 0.6 85 89
PC 0.8 95 92
PC 1.0 95 93
PC 1.2 88 92
96
94
92
Teor em FAME, %
90
88
86 BOB
84 BOA
82
80
78
PC 0.4 PC 0.6 PC 0.8 PC 1.0 PC 1.2
Percentagem do Catalisador, %
Figura 38:Teor em FAME em função da percentagem de catalisador. Esterificação e Transesterificação: razão molar
metanol/óleo – 6:1 e 3:1 respectivamente, 1h, 63˚C e 500rpm.
Verifica-se, que nas condições estudadas, a massa de catalisador alcalino é uma variável
importante e que é necessário utilizar 0.8 ou 1% de KOH para se obter um teor de FAME no
biodiesel superior a 90%. De referir que, conforme foi descrito anteriormente, os erros
associados a estas previsões podem ser superiores a 2% visto que estas amostras também
foram classificadas como outliers á calibração. O decrescimo de conversão no ensaio com
82
uma percentagem de catalaisador de 1.2% pode estar relacionado com a existência de uma
menor quantidade de catalisador alcalino efectivamente disponivel para a transesterificação
por ter sido parcialmente consumido na reação de neutralização da maior quantidade de
H2SO4.
A Tabela 27 apresenta os valores do teor em água, metanol e índice de iodo previstos com
base no espectro NIR das amostras.
Tabela 27: Parâmetros determinados através das calibrações no FT-NIR do biodiesel. Esterificação e
Transesterificação: razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1 respectivamente, 1h, 63˚C e 500rpm.
Normas
Teor em água: ANP 07/2008, EN14214, ASTM D6751 – 500ppm; Teor em metanol: ANP 07/2008, EN14214 – 2000ppm;
1057
PC 1.0 946 4824 7959 62 63
776*
986
PC 1.2 1042 8188 8604 63 64
642*
Apesar das limitações já discutidas, as previsões NIR, mostram que o teor em água e metanol
destas amostras são superiores aos limites máximos das Normas. No entanto, observou-se que
os valores de teor em água medidos pelo método de Karl Fisher são inferiores aos previstos no
NIR. Por outro lado, o índice de iodo, como seria de esperar para um biodiesel de palma,
cumpre as Normas.
83
4.2.3 – Efeito da Temperatura de Reação
Para a reação de esterificação usou-se uma razão molar metanol:óleo de 6:1, 0.4% de H2SO4
e fez-se variar as temperaturas de reação. Os resultados da conversão dos ácidos gordos na
reação de esterificação são apresentados na Tabela 29.
84
Tabela 29: Índice de acidez após a reação de esterificação e conversão dos FFAs
25
Índice de Acidez, mg KOH/g
20
BOB
15
BOA
10
Índice de acidez
5 exigido para aplicar a
etapa alcalina
0
Óleo TR 40 TR 45 TR 50 TR 55 TR 60
Temperatura de Reação ˚C
Figura 39: Índice de acidez em função da temperatura de reação. Esterificação: 1h, 0.4% H2SO4 e 500rpm.
Com excepção do valor obtido para o BOB à temperatura de 60ºC que pode estar
relacionado com a contaminação da amostra com acidez mineral, os resultados
apresentados mostram que todas as amostras apresentam uma acidez adequada à
transesterificação.
85
4.2.3.2 – Efeito da Temperatura na Massa Específica
Tabela 30: Massa específica do biodiesel obtida no estudo da temperatura de reação. Esterificação e
transesterificação: 0.4% H2SO4 e 0.8% KOH, razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1, 1h e 500rpm respectivamente.
ANP 07/2008 - BRASIL: 860 -900 kg/m3; EN14214 - EU: 860 - 900 kg/m3; ASTM D6751 EUA: ---------
Tal como foi observado nos estudos anteriores a massa específica das amostras encontram-
se dentro dos limites estabelecidos pelas normas ANP 07/2008 e EN14214.
86
4.2.3.3 – Efeito da Temperatura Sobre a Viscosidade Cinemática
ANP 07/2008 - BRASIL: 3 – 6; EN14214 - EU: 3,5 - 5,0; ASTM D6751 EUA: 1,9 - 6,0
Todos os valores apresentados estão dentro dos limites estabelecidos nas normas ANP
07/2008, EN14214 e ASTM D6751.
87
4.2.3.4 – Índice de Acidez e de Refração do Biodiesel
Tabela 32: Índice de acidez e de refração do biodiesel. Esterificação e transesterificação: 0.4% H2SO4 e 0.8% KOH,
razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1, 1h e 500rpm respectivamente.
88
4.2.3.5 – Efeito da Temperatura Sobre Teor de FAME
Tabela 33: Teor de FAME do biodiesel. Esterificação e transesterificação: 0.4% H2SO4 e 0.8% KOH, razão molar
metanol/óleo – 6:1 e 3:1, 1h e 500rpm respectivamente.
FAME (%)
Amostra
BOB BOA
TR 40±5 77 97
TR 45±5 97 97
TR 50±5 95 NA
TR 55±5 92 90
TR 60±5 89 93
120
100
Teor em FAME %
80
60
BOB
40 BOA
20
0
TR 40 TR 45 TR 50 TR 55 TR 60
Temperatura ˚C
Figura 40: Teor de FAME em função da temperatura de reação. Esterificação e transesterificação: 0.4% H2SO4 e 0.8%
KOH, razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1, 1h e 500rpm respectivamente.
89
Como foi referido os intervalos de temperatura foram muito reduzidos e portanto não se
observam diferenças significativas em termos de conversão em FAME. Além disso, os
problemas associados ao controle da temperatura e o erro da determinação dos FAME nestas
amostras podem justificar que o teor em FAME não tenha aumentado com o aumento da
temperatura. De facto, está descrito na literatura que o aumento da temperatura da
reacção favorece a reacção [ Felizardo et al., 2006; Ding et al., 2012]
As amostras de biodiesel BOB TR 45, BOA TR 40 e BOA TR 45 apresentaram teor em FAME acima
do valor minimo exigido pelas normas ANP 07/2008 e EN 14214.
Outro aspecto observado nestes ensaios foi a formação de sabão após a reação de
transesterificação quando se utilizou 0.4% de H2SO4 na esterificação e 0.8% de KOH na
transesterificação. Contudo, nos ensaios em que se utilizou a mesma percentagem de
catalisador na esterificação e na transesterificação não se observou a formação de tanto
sabão que foi favorecida pela existência de um maior excesso de KOH.
A Tabela 34 apresenta os teores em água, metanol e índice de iodo das amostras em que se
estudou o efeito da temperatura determinados por NIR,
Tabela 34: Parâmetros determinados através das calibrações no FT-NIR do biodiesel. Esterificação e transesterificação:
0.4% H2SO4 e 0.8% KOH, razão molar metanol/óleo – 6:1 e 3:1, 1h e 500rpm respectivamente.
Normas
Teor em água: ANP 07/2008, EN14214, ASTM D6751 – 500ppm; Teor em metanol: ANP 07/2008, EN14214 – 2000ppm;
NA – não analisado
90
Figura 41: Diferença do biodiesel produzido em diferentes quantidades de catalisador.
Com base nos resultados obtidos nos estudos da razão molar, percentagem de catalisador e
temperatura de reação, foi então realizado um ensaio com todas as condições que
permitiram a melhor conversão no sentido de poder cruzar a relação entre elas e avaliar a
sua eficácia. Assim, os resultados obtidos deste ensaio são apresentados na Tabela 35.
Tabela 35: Parâmetros de qualidade do biodiesel obtido nas condições optmizadas a partir do óleo de palma bruto
com um índice de acidez de 20.72 mg KOH/g. Esterificação e Transesterificação: 0.8% H2SO4 e 0.8% KOH, razão molar
metanol/óleo: 6:1 e 3:1, 4 minutos, 63˚C e 500rpm respectivamente.
91
4.2.5 – Relação Entre o Teor em FAME e Outras Propriedades do Biodiesel
Tal como foi referido anteriormente, deverá existir uma relação entre o teor em FAME do
biodiesel e outras propriedades como a viscosidade, índice de refração ou densidade. Assim,
tentou-se verificar se os resultados das análises efectuadas permitiam estabelecer estas
relações que poderão permitir em ensaios futuros dispor de um método expedito de estimar,
por exemplo, o teor em FAME com base numa análise de viscosidade. Os resultados são
apresentados nas Figuras abaixo.
100,00
95,00
90,00
85,00
FAME %
TODOS AS AMOSTRAS
80,00
65,00
60,00
872 874 876 878 880 882
Massa Específica kg/m3
95,00
90,00
85,00
80,00
FAME %
Série1
70,00
92
Conforme previsto, observa-se nas Figuras 42 e 43 que a maior conversão em FAME
corresponde a uma menor massa específica e menor viscosidade.
100,00
95,00
90,00
R² = 0,9246
80,00
Série1
75,00
Linear (Série1)
70,00
65,00
60,00
1,441 1,442 1,443 1,444 1,445 1,446 1,447
índice de Refração, 25˚C
Segundo estudos realizados por Santos et al., 2012, o índice de refração medido a 40˚C diminui
linearmente com o aumento do teor em FAME do óleo de soja determinado por
cromatografia gasosa, obtendo um R2 de 0.9997. O mesmo comportamento é observado na
Figura anterior embora com um coeficiente de correlação menor que poderá estar associado
com o facto das análises NIR terem sido efectuadas meses depois das determinação do
índice de refração e também destas amostras terem sido consideradas outliers da calibração
e por isso o erro de determinação ser superior.
A viscosidade, massa específica e índice de refração são parâmetros de fácil medição e que
não exigem equipamentos caros e complicados. Deste modo, com os resultados aqui
apresentados mostram que apesar não ter sido efectuada uma análise mais detalhada a
metodologia pode ser muito útil para o controlo rápido e de baixo custo da conversão do
óleo de palma em FAME no processo de produção do biodiesel.
O biodiesel tem potencial para ser uma alternativa ao gasóleo, no entanto a sua utilização é
actualmente travada pelo seu preço que é mais elevado do que o combustível de petróleo.
Sendo assim, é importante explorar todas as possibilidades utilizando matérias-primas mais
baratas e tentando reduzir o custo de produção de biodiesel. Nesta perspectiva, neste
93
trabalho procedeu-se à montagem e arranque de uma coluna de destilação reactiva para
produzir biodiesel a partir do óleo de palma.
Sustentado nos resultados provenientes dos ensaios em reactores descritos nos itens anteriores,
foram realizados ensaios numa coluna de destilação reativa com o objectivo de produzir o
biodiesel a partir do óleo de palma de acordo com o procedimento descrito no Capítulo 3.
Foram utilizadas duas colunas de destilação distintas e os resultados são apresentados a
seguir.
94
Figura 45: Espectro de infravermelho do produto obtido.
A metodologia adotada nesta coluna possibilitou obter um produto com a massa específica
e a viscosidade dentro das Normas do biodiesel. Os demais parâmetros não foram analisados,
o funcionamento da coluna deverá ser melhorado nomeadamente no que diz respeito à
reação de transesterificação.
95
A principal limitação observada neste estudo está relacionada com a efectividade de mistura
decorrente dos baixos caudais de reagentes testados neste trabalho. De qualquer modo, os
ensaios realizados permitiram efectuar o arranque da coluna, detectar e resolver os
problemas que surgiram e estabelecer a metodologia futura. Para melhorar o desempenho
da coluna dever-se-ão estudar maiores caudais das fases e outros valores das diferente
variáveis operatórias de modo a encontrar as condições que conduzem às maiores taxas de
conversão do óleo em biodiesel.
Como descrito nos procedimentos metodológicos, depois de feitos os cálculos das massas
necessárias para a reação, foi inicialmente pesado o álcool que foi inserida no balão existente
na base da coluna. Em seguida, preparou-se a solução de álcool com o catalisador ácido e
básico, bem como o óleo de palma. Foram inseridos nas respectivas buretas que foram
posicionadas nos respectivos bocais de alimentação. Depois disso, iniciou-se o aquecimento
progressivo da coluna até o alcance do estado estacionário quando se iniciou a alimentação
dos reagentes. Na etapa de aquecimento da coluna com o álcool, o processo foi mantido
sob refluxo total e controlada a dinâmica da coluna, fazendo-se a leitura da temperatura em
quatro pontos ao longo deste equipamento, com os termopares. Na Figura 47 é observado a
rampa característica deste tipo de processo, para os quatro termopares utilizados.
De referir que as válvulas das buretas de alimentação foram abertas cuidadosamente para
garantir as vazões previamente determinadas e todas relacionadas com as relações
estequiométricas ou razões molares estudadas na etapa anterior deste trabalho.
96
Figura 46: Dinâmica da coluna de destilação obtida durante o aquecimento do álcool em excesso utilizado no
processo.
Nº Amostra Índice de Acidez Conversão dos FFAs Massa Específica FAME [%]
[mg KOH/g] [%] [kg/m3]
A tabela anterior permite verificar que apenas houve conversão dos FFAs ou seja o sistema
de destilação proposto neste trabalho permitiu apenas a realização da reação de
esterificação. Melhores resultados poderão ser obtidos com a optimização da coluna. Foram
efectuados outros ensaios mas os resultados obtidos são similares e por isso não se
apresentam.
97
CAPÍTULO 5: CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
5.1 – CONCLUSÕES
98
5.2 – RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
99
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