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Licitações
Recomendação inicial: indica-se a leitura dos seguintes diplomas legislativos sobre a matéria:
- Lei n. 8666/93 – Lei de Licitações;
- Lei n. 10.520/02 – Lei do Pregão;
- Decreto n. 5450/05 – regulamento federal do pregão eletrônico;
- Lei n. 12.232/10 – licitação para serviços de publicidade;
- Lei n. 12.462/11 – RDC – regime de contratação diferenciada;
- Lei 13.303/2016 – Empresas estatais.
Jurisprudência: STF, STJ e TCU.
Contratações Públicas
A contratação pública é considerada tradicionalmente um fenômeno do tipo “2D”, ou seja, é
pensada como tendo apenas duas dimensões: a licitação e o contrato.
(d) melhor equivalência entre o encargo (objeto) a ser cumprido e a remuneração a ser
paga.
Conceito de licitação
Hely Lopes Meirelles: “Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a
Administração seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse”.
José dos Santos Carvalho Filho: “Licitação é procedimento vinculado”. Isto é, fixadas as
regras para a licitação, o administrador deve observá-las rigorosamente.
De nada adianta a pluralidade de ofertas se não for selecionada a melhor proposta; também
não é suficiente uma boa oferta escolhida de forma pessoal e arbitrária.
Finalidades
2) Oferecer iguais condições a todos que queiram contratar com a Administração Pública.
Princípio da impessoalidade.
A descrição do objeto
A descrição do objeto deve garantir a qualidade da solução idealizada para atender à
necessidade. Toda definição do objeto tem de preservar um razoável padrão de qualidade na
sua descrição.
A decisão foi proferida em ação popular ajuizada pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-
SP). A juíza argumentou que a contratação não é necessária “para o bom funcionamento do
STF” e que “os itens exigidos destoam da realidade socioeconômica brasileira”, defendendo
que o edital tem potencial lesivo à moralidade pública.
“O edital ora impugnado pode até estar formalmente perfeito e estabelecido de acordo com a
lei (em sentido estrito), mas o que está em análise é se o objeto licitado fere o senso de ética
comum e o conceito do que se entende por boa gestão pública. E tal análise deve considerar
especialmente a realidade social do nosso país e o fato de que o Brasil vem enfrentando um
período de gravosas dificuldades econômicas e muitas deficiências orçamentárias, o que
atinge a todos”, diz a magistrada na decisão.
Pressupostos da Licitação
Existe muita divergência doutrinária em relação aos pressupostos da licitação e com relação
aos efeitos destes pressupostos.
A Lei 8.666/1993 aplica-se às três órbitas da Federação e vincula todos os Poderes dos entes
políticos. A expressão “Administração Pública”, utilizada de modo generalizado, não
significa “Poder Executivo”. Os órgãos do Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do
Tribunal de Contas e do Ministério Público, quando efetivam contratação com terceiros,
desempenham atividade de natureza administrativa. Sujeitam-se, nesse ponto, aos princípios
e regras atinentes à atividade administrativa do Estado.
Administração indireta
Entidades
CF Art. 37, XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia
mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir
as áreas de sua atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)
Autarquias
O conceito legal de autarquia está no artigo 5º do Dec-Lei 200/67:
Uma vez que as autarquias são pessoas jurídicas de direito público e submetem-se a regime
jurídico de direito público, seus bens são públicos, elas gozam de imunidade tributária
recíproca, pagam suas dívidas pelo regime de precatórios e, em se tratando de
demandas envolvendo autarquias federais, a competência para julgamento é da justiça
federal, nos termos do artigo 109, inciso I, CF.
O artigo 58 da Lei 9.649/98 possuía vários parágrafos prevendo que os aludidos conselhos
seriam pessoas privadas, parágrafos esses impugnados. Uma das razões foi, justamente, essa
previsão de serem pessoas privadas.
INFORMATIVO Nº 289
TÍTULO Fiscalização de Profissões e Delegação
PROCESSO ADI - 1717
Julgando o mérito de ação direta ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil
- PC do B, pelo Partido dos Trabalhadores - PT e pelo Partido Democrático
Trabalhista - PDT, o Tribunal julgou procedente o pedido formulado na
ação para declarar a inconstitucionalidade do art. 58, caput e
parágrafos 1º, 2º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º da Lei 9.649/98, que previam a
delegação de poder público para o exercício, em caráter privado, dos
serviços de fiscalização de profissões regulamentadas, mediante
autorização legislativa. Reconheceu-se a inconstitucionalidade dos
dispositivos atacados uma vez que o mencionado serviço de fiscalização
constitui atividade típica do Estado, envolvendo, também, poder de
polícia, poder de tributar e de punir, insuscetíveis de delegação a
entidades privadas. ADI 1.717-DF, rel. Min. Sydney Sanches, 7.11.2002.
(ADI-1717)
Na referida ADI, o STF afirmou que a OAB não integra a Administração Indireta. Por
tal razão, não precisa realizar concurso público para suas contratações, nem observar a
Lei 8.666/93, quando vier a contratar obras e serviços. Além disso, não se submete ao
controle do TCU (único conselho de fiscalização profissional que não se submete ao
controle do TCU).
Fundamentou-se a não subsunção ao controle do TCU no fato de a OAB não ser um conselho
igual aos demais. Prova disso é que somente a OAB detém legitimidade para ajuizar ação
direta de inconstitucionalidade e, ao longo da história, foi uma entidade que se insurgiu
contra os atos da ditadura, de modo que seria temerário estabelecer um controle pelo TCU.
Fundações públicas:
Há 3 tipos de fundações:
As fundações públicas têm sua criação autorizada por lei específica, após o que seus atos
constitutivos são levados a registro no RCPJ.
Sua criação ocorre em razão de uma lei autorizativa. Repise-se: a lei não as cria; apenas,
autoriza sua criação, o que se dá com o registro de seus atos constitutivos no registro
competente.
Lei 13.303/2016
Art. 3o Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica
de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio
próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
Fundamento constitucional
Regramento próprio para as licitações: O regramento da licitação aplicável para essas pessoas
jurídicas será estudado após o exame da Lei 8.666/93.
Organizações sociais
O terceiro setor compreende entidades privadas sem fins lucrativos ou econômicos que
exploram atividades de interesse coletivo. O seu nome (terceiro) surge por exclusão dos
demais setores: estatal (primeiro setor) e o privado empresarial (segundo setor).
Em face do que dispõe o vigente Código Civil, integram o terceiro setor as associações que
somente podem ser constituídas para fins "não econômicos" (Cód. Civil, art. 53, caput) e as
fundações que somente podem desenvolver fins "religiosos, morais, culturais ou de
assistência" (Cód. Civil, art. 62, parágrafo único).
Organização social é uma pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos. É uma
pessoa jurídica que não integra a estrutura da administração pública. Uma pessoa
jurídica recebe a qualificação de “organização social” quando atende a requisitos da Lei n.
9637/98. Esta qualificação concede alguns benefícios, v.g., isenção fiscal, repasse de bens,
dentre outras vantagens.
Benefícios:
Destinação de recursos orçamentários
Permissão gratuita de uso de bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de
gestão
Cessão especial de servidor público para as organizações sociais, com ônus público.
É preciso lembrar que as organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado. A
princípio, as organizações sociais não precisam licitar, porque estão fora da estrutura da
administração pública, não existe regra que as obriguem licitar.
Marçal Justen Filho: Não é exagero reconhecer a tendência ao surgimento de um novo ramo
do direito, versando sobre o que se pode denominar de “direito administrativo não-estatal”.
Relaciona-se a atividades de interesse coletivo, norteadas à promoção dos valores
fundamentais e que envolvem, em muitos casos, a transferência de recursos públicos. A
complexidade do regime jurídico correspondente impede o seu tratamento no âmbito do
direito administrativo tradicional, que versa sobre uma atividade desenvolvida por
entidades estatais. Mais do que isso, é inquestionável que a atuação dessas entidades,
mesmo quando envolver recursos de origem pública, não se subordina à Lei 8.666/1993.
Veja-se o Dec. 6.170/2007 Art. 11. Para efeito do disposto no art. 116 da
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a aquisição de produtos e a
contratação de serviços com recursos da União transferidos a entidades
privadas sem fins lucrativos deverão observar os princípios da
impessoalidade, moralidade e economicidade, sendo necessária, no mínimo,
a realização de cotação prévia de preços no mercado antes da celebração do
contrato.
Lei n. 13.019/2014 Art. 1o Esta Lei institui normas gerais para as parcerias
entre a administração pública e organizações da sociedade civil, em regime
de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público
e recíproco, mediante a execução de atividades ou de projetos previamente
estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração,
em termos de fomento ou em acordos de cooperação.(Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015)
Nessa hipótese, a pessoa jurídica de direito privado atua em parceria com o poder
público. Assim, não há uma substituição do poder público, mas uma atuação conjunta.
Todas essas instituições são dotadas de personalidade jurídica de direito privado, são geridas
pela iniciativa privada e não se sujeitam à intervenção estatal no desempenho de suas
atividades. Ocorre que tais entidades são beneficiárias de recursos de natureza pública.
Existem contribuições de natureza tributária cobradas dos integrantes das diversas categorias
profissionais, em cujo proveito se desenvolve a atuação das entidades. Outros recursos (de
natureza pública ou privada) podem ser alocados em benefício das entidades.
Por sua vez, o STF entende que tais verbas, quando ingressas nas pessoas jurídicas do
sistema S, perdem a natureza pública:
O TCU diz que são sujeitas ao dever de licitar, mas não precisam seguir o específico
procedimento licitatório da Lei n. 8.666/93. Quer dizer, essas entidades precisam seguir um
procedimento licitatório, mas não necessariamente o previsto na Lei n. 8666/93. Podem
editar regulamento interno com procedimento próprio previsto em seus regimentos
internos.
a) art. 22, XXVII, CF: estabelece a competência privativa da União para legislar sobre
normas gerais de licitação e contratação;
b) art. 37, XXI, CF: consagra a regra da licitação e admite que a lei estabeleça exceções;
c) art. 173, § 1.º, III CF: remete ao legislador a tarefa de elaborar o Estatuto próprio das
empresas estatais econômicas, o qual conterá regras próprias de licitações e contratos.
A competência para legislar sobre licitação está prevista no art. 22, XXVII, CF:
Apesar de a previsão estar no art. 22, da CF, que trata da competência privativa da União, a
competência para legislar sobre licitações e contratos é uma competência concorrente, à
União cabe apenas legislar sobre as normas gerais.
Cabe aos Estados elaborar normas específicas para a esfera estadual, aos municípios elaborar
normas específicas para a esfera municipal e à União elaborar (também) normas específicas
para a esfera federal. Todas devem ser compatíveis com a Lei Geral.
Em regra, a Lei n. 8.666/93 tem aplicação no âmbito nacional, porém, em algumas situações
a Lei de Licitações traz normas específicas que fogem à competência de normas gerais da
União.
O Supremo reconheceu que a União não se limitou a editar normas gerais, porém a
Corte não declarou as normas específicas como inconstitucionais, preferiu dar
“interpretação conforme”. Entendeu que, quando a União edita normas específicas,
estas disposições não se aplicam nem aos estados e bem aos municípios, aplicam-se
apenas à esfera federal. Em resumo, à União cabe editar normas gerais (aplicáveis a
todos) e a editar normas específicas (aplicáveis apenas ao âmbito federal).
O Supremo entendeu que a disposição era constitucional, isto porque estados e municípios
têm competência para editar matérias locais sobre licitação. O Supremo também disse que
existe uma lacuna no art. 9º da Lei de Licitações.
O TCU manteve decisão que aplicou multa ao gestor público em razão da subcontratação
irregular da empresa responsável pela elaboração do projeto básico disponibilizado na
licitação para elaborar o projeto executivo da obra. No entendimento do Tribunal, "a vedação
à subcontratação da autora do Projeto Básico pela empresa executora da obra não é tema
controverso. Está claramente disposta no art. 9º, I, § 3º, da Lei 8.666/1993, e já foi questão
enfrentada por este Tribunal (Acórdão 2.006/2006-TCU-Plenário) justamente em processos
relativos a obras em aeroportos". Diante do exposto, foi aplicada ao agente responsável pela
subcontratação a multa prevista pelo art. 58, inc. II, da Lei nº 8.443/92, fixada no valor de R$
5.000,00. Em embargos de declaração, o apenado tentou reverter a aplicação da penalidade
alegando contradição no julgado, todavia, seus argumentos foram rejeitados, mantendo-se a
condenação, consoante se infere dos termos do Acórdão: “(...) ACORDAM os Ministros do
Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo
relator, com fulcro nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 277, inciso III, e
287 do Regimento Interno/TCU, em: 9.1. conhecer dos Embargos de Declaração opostos pelo
Sr. omissis para, no mérito, negar-lhes provimento e manter em seus exatos termos a
deliberação embargada”. (TCU, Acórdão nº 157/2013 – Plenário, Rel. Ministro Aroldo
Cedraz, j. em 06.02.2013.)
O TJ/SP entendeu que “Supunha-se que o projeto seria elaborado por pessoa física, sócia de
uma pessoa jurídica, e que essa última pretenda participar da licitação. A aplicação mecânica
do princípio da distinção entre a pessoa jurídica e seus sócios conduziria a reconhecer-se o
direito de a sociedade participar da licitação. Isso reduziria, de modo sensível, a eficácia da
regra moralizadora do art. 9º, inc. I”. (TJ/SP, Apelação com Revisão nº 78292354, Rel. Gama
Pellegrini, j. em 09.09.2008.)
Obs: Proibição do art. 9º, III, da Lei 8.666/93 permanece mesmo que o servidor esteja
licenciado
O art. 9º trouxe várias vedações, mas não estabeleceu a proibição do agente político contratar
com a administração. Por isto, não há problema de Estados e Municípios vedarem esta
situação. Ademais, a vedação está de acordo com os princípios da moralidade e da
impessoalidade.