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Lei de Acesso à Informação

(LAI)
Lei nº 12.527/11
Profª Mariana Barreiras
Consultora da Câmara dos Deputados
CF

Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou
geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado
CF

Acesso à Informação é
direito fundamental
Abrangência da LAI (Arts. 1º e 2º)
• União, Estados, DF e Municípios
• Executivo, Legislativo, Judiciário + Corte de contas e MP
• Administração Indireta
• Entidades privadas que recebam recurso público (publicidade relativa
aos recursos públicos)
Abrangência da LAI
Súmula CMRI nº 7/2015
• “CONSELHOS PROFISSIONAIS – Não são cabíveis os recursos de que
trata o art. 16 da Lei nº 12.527, de 2011, contra decisão tomada por
autoridade máxima de conselho profissional, visto que estes não
integram o Poder Executivo Federal, não estando sujeitos, em
consequência, à disciplina do Decreto nº 7.724/2012.”
Diretrizes da LAI (Art. 3º)
• Publicidade como preceito geral
• Sigilo como exceção
• Divulgação de informações de interesse público independentemente de
solicitações
• Utilização de meios de comunicação de TI
• Fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na Administração
• Desenvolvimento do controle social da Administração
DICA

www.acessoainformacao.gov.br
Princípios
• Acesso é a regra, o sigilo, a exceção (divulgação máxima)
• Requerente não precisa dizer por que e para que deseja a
informação (não exigência de motivação)
• Hipóteses de sigilo são limitadas e legalmente estabelecidas (limitação
de exceções)
• Fornecimento gratuito de informação, salvo custo de reprodução
(gratuidade da informação)
• Divulgação proativa de informações de interesse coletivo e geral
(transparência ativa)
• Criação de procedimentos e prazos que facilitam o acesso à
informação (transparência passiva)
Dever do Estado (Art. 5°)
Garantir o direito de acesso à informação, que será
franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis,
de forma transparente, clara e em linguagem de fácil
compreensão.
Inaplicabilidade da LAI (Art. 7º, §1º)

• Informações de projetos de P&D cujo sigilo seja imprescindível


à segurança da sociedade e do Estado
TARJA (Art.7º, §2º)
Quando não for
autorizado acesso
integral à informação
por ser ela
parcialmente sigilosa, é
assegurado o acesso à
parte não sigilosa por
meio de certidão,
extrato ou cópia com
ocultação da parte sob
sigilo.
Documentos preparatórios (Art. 7º, § 3º)
O direito de acesso aos documentos ou às informações neles contidas utilizados
como fundamento da tomada de decisão e do ato administrativo será
assegurado com a edição do ato decisório respectivo.

Documentos utilizados como fundamento de uma tomada de decisão =


documentos preparatórios

CGU: negativa de acesso a documentos preparatórios deve ser utilizada apenas


nos casos em que a decisão final possa de alguma maneira ser comprometida
(Parecer da CGU referente ao processo de pedido de informação nº 00077.000840/2013-10)
Extravio (Art. 7º, §§ 5º e 6º)
• Informado do extravio da informação solicitada, poderá o interessado
requerer à autoridade competente a imediata abertura de sindicância
para apurar o desaparecimento da respectiva documentação.

• O responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de


10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que comprovem sua
alegação.
Gratuidade (art. 12)
• A busca e o fornecimento da informação são gratuitos, ressalvada a
cobrança do valor referente ao custo dos serviços e dos materiais
utilizados, tais como reprodução de documentos, mídias digitais e
postagem.

• Está isento de ressarcir os custos dos serviços e dos materiais


utilizados aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo
sem prejuízo do sustento próprio ou da família
Transparência ativa
(Art. 8º)
Transparência ativa – mínimo (Art. 8º, §1º)
• I - registro das competências, estrutura organizacional, endereços,
telefones e horários de atendimento ao público;
• II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recursos;
• III - registros das despesas;
• IV - informações sobre licitações, inclusive editais, resultados e contratos;
• V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, projetos e
obras de órgãos e entidades; e
• VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
Transparência ativa – mínimo (Art. 8º, §2º)
Órgãos públicos deverão utilizar todos os
meios e instrumentos legítimos de que
dispuserem, sendo obrigatória a
divulgação na internet
Site na Internet deve (Art. 8º, §3º)
• I - conter ferramenta de pesquisa
• II - possibilitar a gravação de relatórios
• III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em formatos
abertos, estruturados e legíveis por máquina;
• IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da
informação;
• V - garantir a autenticidade e a integridade das informações;
• VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;
• VII - indicar local e instruções para comunicação, por via eletrônica ou
telefônica, com o órgão ou entidade detentora do sítio; e
• VIII - garantir a acessibilidade de conteúdo a deficientes
Divulgação na internet (Art. 8º, §4º)
• Municípios com população até 10.000 hab:

❑ dispensados das informações na internet

❑Permanece obrigatoriedade de divulgar informações em tempo


real sobre execução orçamentária e financeira
Transparência passiva
Pedido de Acesso
Procedimento de Acesso

•1. Pedido de Acesso


•2. Recurso ao
Pedido de Acesso
Pedido de Acesso (Art. 10)
• Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
acesso a informações aos órgãos públicos da
Administração Direta e Indireta (U,E,DF,M).
• Por qualquer meio legítimo
• Deve poder ser pela internet
• Deve conter:
• a identificação do requerente e
• a especificação da informação requerida.
Pedido de Acesso (Art. 10, §3º)

São vedadas exigências sobre:


• A identificação do requerente que inviabilizem o pedido
• Os motivos determinantes da solicitação
Pedido de Acesso

• Identificação do requerente: OBRIGATÓRIA


• Motivo do pedido: PROIBIDO
Pedido de Acesso
(Art. 11, §5º)
• A informação
armazenada em
formato digital será
fornecida nesse
formato, caso haja
anuência do
requerente.
Pedido de Acesso (Art. 11, §§ 1º e 2º)

Pedido

Acesso imediato ou
resposta em 20d + 10d
Pedido de Acesso (Art.11, §1º, incisos I a III)
Respostas Acesso
possíveis

Recusa justificada

Comunicação de
que não possui o
dado

Informação de que
o dado está
disponível
Pedido de Acesso

O prazo para resposta do pedido poderá ser


prorrogado por 10 dias, mediante justificativa
encaminhada ao requerente antes do término
do prazo inicial de 20 dias.
Pedido de Acesso (Art. 11, §4º)
Quando não for autorizado o acesso,
o requerente deverá ser informado
sobre:
• possibilidade de recurso
• prazos
• condições para sua interposição
• autoridade competente para sua
apreciação
Pedido de Acesso
Pedido

Acesso imediato ou
resposta em 20d + 10d

10d da ciência: RECURSO


Recursos no Pedido de Acesso (Arts. 15 e 16)

Prazo para interposição: 10 dias


Instâncias recursais:
* Autoridade hierarquicamente superior
* CGU
* CMRI
Prazo para decisão do recurso: 5d
Pedido de Acesso e Recursos

Recurso para Recurso


Pedido Imediato Resposta autoridade Decisão Recurso Decisão para
ou 20d 10 d superior 5d 10d para CGU 5d 10d CMRI
(+10)
Pedido de Acesso (Art. 21)
Regra: deve haver transparência
Exceção: deve haver sigilo sobre informações imprescindíveis
para a segurança da sociedade e do Estado
Exceção da exceção: ainda que imprescindíveis para a
segurança da sociedade e do Estado, as informações
necessárias para a tutela de direitos fundamentais ou para
demonstrar a prática de violações de direitos humanos
praticadas por agentes públicos devem ser fornecidas.
Pedido de Acesso e Recursos
QUADRO-RESUMO
É gratuito (exceto custos de reprodução (em situação
de pobreza, nem a reprodução pode ser cobrada))
Prazo para resposta: IMEDIATA ou 20d + 10d
Prazo para interpor recurso: 10d
Prazo para julgamento do recurso: 5d
3 Instâncias recursais: autoridade superior / CGU /
CMRI
Classificação
Classificação (Art. 23)
São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado
e, portanto, passíveis de classificação as informações cuja divulgação ou
acesso irrestrito possam:
• I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do
território nacional;
• II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações
internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter
sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;
• III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
• IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou
monetária do País;
Classificação (Art. 23)
São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado
e, portanto, passíveis de classificação as informações cuja divulgação ou
acesso irrestrito possam:
• V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das
Forças Armadas;
• VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento
científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, instalações ou
áreas de interesse estratégico nacional;
• VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades
nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou
• VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação
ou fiscalização em andamento, relacionadas com a prevenção ou
repressão de infrações.
Classificação (Art. 24)
Prazos máximos de restrição, a partir da data de sua produção:

• I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;


• II - secreta: 15 (quinze) anos; e
• III - reservada: 5 (cinco) anos.

OU EVENTO ANTERIOR
Classificação (Art. 24, §2º)
Informações que puderem colocar em risco
a segurança do Presidente e Vice-
Presidente da República e respectivos
cônjuges e filhos(as) serão classificadas
como reservadas e ficarão sob sigilo até o
término do mandato em exercício ou do
último mandato, em caso de reeleição.

RECATADA = RESERVADA
Classificação (Art. 24, §4º)

Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o


evento que defina o seu termo final, a informação
tornar-se-á, automaticamente, de acesso público.
ULTRASSECRETO (Art. 27, inc. I)
• Presidente da República;
• Vice-Presidente da República;
• Ministros de Estado e autoridades com as mesmas
prerrogativas;
Ratificação • Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
pelo Ministro
em 30d • Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes
no exterior
Você foi para o US?
Sim.
Ultrassecreto Comeu bem?
CO MI
Mas não era caro?
Sim, mas eu PRE VI os gastos e paguei em CHEque
SECRETO (Art. 27, inc. II)

• As autoridades do Ultrassecreto
• Titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e
sociedades de economia mista = Administração Pública Indireta
RESERVADO (At. 27, inc. III)

• As autoridades do Ultrassecreto e do Secreto


• Ocupantes de cargo de direção, comando ou chefia, nível DAS
101.5, ou superior, ou de hierarquia equivalente

• RESERVADO = DAS 5
DELEGAÇÃO (Art. 27, §1º)
• LAI → A competência para classificação como ultrassecreta e
secreta poderá ser delegada pela autoridade responsável a
agente público, inclusive em missão no exterior, vedada a
subdelegação.
Pedido de Reavaliação da
Classificação
Reavaliação (Arts. 17 e 24)
Quem faz?
Autoridade classificadora ou hierarquicamente superior

Em que hipóteses?
Mediante provocação ou de ofício

Qual o resultado possível?


Manutenção, desclassificação, reclassificação ou redução do
prazo de sigilo.

Precisa haver pedido prévio de acesso?


Não.
Pedido de desclassificação (art. 17)

• Instâncias Recursais:

• Pedido de desclassificação de informação reservada → Recurso à


autoridade superior → Recurso ao Ministro

• Pedido de desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta


→ Recurso à autoridade superior → Recurso ao Ministro →
Recurso à CMRI
Instâncias Recursais
Autoridade
Ministro CGU CMRI
superior

Pedido de Acesso à
SIM
Informação SIM NÃO SIM

Pedido de
desclassificação de
SIM SIM NÃO NÃO
informação
reservada
Pedido de
desclassificação de
SIM SIM NÃO SIM
informação secreta
ou ultrassecreta
Informações pessoais
Informações Pessoais (Art. 31)
O tratamento das informações pessoais deve ser feito
de forma transparente e com respeito à intimidade,
vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como
às liberdades e garantias individuais.
Informações Pessoais (Art. 31, § 1º)
Acesso restrito a:
• a agentes públicos legalmente autorizados
• própria pessoa a que elas se referirem
Independe de classificação
Prazo máximo de restrição: 100 anos

Permitida divulgação ou acesso por terceiro em caso


de:
• previsão legal
• consentimento expresso da própria pessoa
Informações Pessoais (Art. 31, §3º)
Consentimento para acesso por 3º desnecessário:
I. prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização
única e exclusivamente para o tratamento médico;
II. realização de estatísticas e pesquisas científicas de
evidente interesse público ou geral, previstos em lei,
sendo vedada a identificação da pessoa a que as
informações se referirem;
III. cumprimento de ordem judicial;
IV. defesa de direitos humanos de terceiros;
V. proteção do interesse público e geral preponderante.
Informações Pessoais (Art. 31, § 4º)

A restrição de acesso à informação relativa à vida


privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser
invocada
• com o intuito de prejudicar processo de apuração
de irregularidades em que o titular das informações
estiver envolvido,
• bem como em ações voltadas para a recuperação de
fatos históricos de maior relevância.
Informações pessoais
QUADRO RESUMO

• Restrição sem classificação por até 100 anos.


• Durante o prazo de 100 anos podem ser acessadas:
• - pelas próprias pessoas a quem se referem;
• - por agentes públicos legalmente autorizados;
• - por terceiros diante de previsão legal;
• - por terceiros diante de consentimento expresso da pessoa a quem os dados se referem
(desnecessário o consentimento para casos médicos de incapazes, estatísticas ou pesquisas sem
identificação da pessoa, ordem judicial, direitos humanos, interesse público);
• - para apuração de irregularidades;
• - para a recuperação de fatos históricos.
• Após o prazo de 100 anos: inexiste restrição de acesso
Condutas ilícitas (Art. 32)

Ensejam a responsabilidade do agente público


ou militar
Condutas ilícitas (Art. 32)
• I - recusar-se a fornecer informação, retardar o seu
fornecimento, ou fornecê-la de forma incorreta,
incompleta ou imprecisa;
• II - utilizar indevidamente ou subtrair informação que se
encontre sob sua guarda;
• III - agir com dolo ou má-fé nas solicitações de acesso à
informação;
• IV - divulgar ou acessar (ou permitir) informação sigilosa
ou informação pessoal;
Condutas ilícitas (Art. 32)
• V – impor sigilo à informação para obter proveito ou
para ocultar ato ilegal;
• VI – ocultar da revisão de autoridade superior
informação sigilosa para beneficiar ou prejudicar
alguém;
• VII – subtrair ou destruir documentos sobre possíveis
violações de direitos humanos por agentes do Estado.
Condutas ilícitas (Art. 32, §1º)
Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e
do devido processo legal, as condutas ilícitas serão
consideradas:
• I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças
Armadas, transgressões militares médias ou graves,
desde que não configurem crime ou contravenção
penal;
• II - infrações administrativas, que deverão ser apenadas,
no mínimo, com suspensão.
• Poderá o militar ou agente público responder, também,
por improbidade administrativa
Condutas ilícitas (Art. 33)
Sanções para pessoa física ou entidade privada:
I - advertência;
II - multa; (cumulativamente)
III - rescisão do vínculo com o poder público;
IV - suspensão de participar de licitação e impedimento
de contratar com a administração pública por até 2 (dois)
anos; e
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
com a administração pública, até que seja promovida a
reabilitação.
Condutas ilícitas (Art. 34)
Divulgação ou utilização indevida de informações:

• Órgãos e entidades públicas respondem diretamente


por danos
• Responsabilidade objetiva do Estado
• Cabe apuração de responsabilidade funcional nos casos
de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de
regresso.
Unidades previstas pela
LAI
Unidades previstas na LAI – QUADRO RESUMO
UNIDADES PREVISTAS PELA LAI
UNIDADE ÂMBITO TEMA
CMRI (Comissão Mista de Reavaliação Casa Civil Revisão ou prorrogação de
de Informações) classificação; julgamento de recursos
NSC (Núcleo de Segurança e GSI Credenciamento e segurança das
Credenciamento) informações
Autoridade de Monitoramento Cada órgão ou entidade Cumprimento da LAI internamente,
com recomendações e orientações;
elaboração de relatórios periódicos.

Controladoria-Geral da União Presidência da República Monitoramento da implementação;


realização de campanhas e
capacitação; elaboração de relatório
anual para o Congresso Nacional;
julgamento de recursos.

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