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HARVEY, David. A acumulação por Espoliação. in O Novo Imperialismo. Loyola. São Paulo.

p.115-148. 2010.

Ideias Principais:
 2 aspectos da acumulação: capitalista e não capitalista;
 Dialética “interior-exterior” (p.118) do capital;
 Embora Marx descreva a “acumulação primitiva”, ela ainda ocorre até dos dias de hoje.
 Privatização como prática da despossessão, principalmente de recursos naturais e coletivos
(p.131-133).

Autores trabalhados:
Rosa Luxemburgo (1968) p.115 para citar como a acumulação do capital tem dois aspectos; um
relacionado a práticas econômicas, e outro relacionado a “modos de produção não capitalistas”.
Também relaciona as crises ao subconsumo (p.116).
Hannah Arendt (1968) relata como a crise de 1860 e 1870 levaram se deram pela incapacidade
de investimento no território nacional na Inglaterra. (p.119).
Arundhati Roy (2001) p.133 descreve a privatização como “transferência de ativos produtivos
do Estado para Empresas privadas” “é um processo de despossessão bárbara numa escala sem
paralelo na história”.
Leitura Corrida:

Rosa Luxemburgo (1968) p.115 para citar como a acumulação do capital tem dois
aspectos; um relacionado a práticas econômicas, e outro relacionado a “modos de produção não
capitalistas”, formado pela “prática colonial, sistema internacional de empréstimos e a guerra”
(p.115). Esses dois aspectos são “organicamente vinculados” e devem ser analisados de maneira
conjunto na análise histórica.

Subconsumo ou sobreacumulação? (p.117)


Luxemburgo também relaciona as crises ao subconsumo e falta de capacidade de
absorção da produção. Assim, formações sociais não capitalistas são a única solução para este
sistema. Mantem-se pela força a subordinação dos territórios não capitalistas ao sistema. Em
contrapartida a crise de subconsumo, temos a de sobreacumulação, mais aceita para explicação
das crises como “falta de oportunidades de investimentos lucrativos”. A expansão geográfica se
faz como oportunidade de aplicação desses investimentos, e deve, portanto, não só abrir o
mercado nas regiões não capitalistas, mas também para investimentos, uso da força do trabalho,
do solo, etc. (p.117). Contudo, isso leva aquela velha questão trabalhada por Harvey, a exemplo
da Índia, que ação colonial deve compensar esses investimentos afim de evitar a formação de
um competidor capitalista nessas novas horas, o que demanda um forte uso da violência.
Também relata a criação do exército de reserva industrial (conceito dado por Marx), que
deve ser além do aumento da população (que é problemático), através de avanço tecnológico
poupador de trabalho, ou uso das reservas latentes, campesinos e população das colônias
(p.118), soluções que estão “fora de si mesmo”, um depender de um externo para atuação
capitalista, mesmo que no primeiro caso, seja ‘temporal”. Assim propõe a dialética “interior-
exterior” (p.118), processos de reprodução expandida de um lado, e do outro, violenta
espoliação.
Arendt (1968) p.119 relata como a crise de 1860 e 1870 levaram se deram pela
incapacidade de investimento no território nacional na Inglaterra. O que se seguiu foi uma série
de fraudes financeiras e de investimento. Os capitalistas então, seguiram para o Imperialismo,
para uma nova etapa da espoliação que tornou o capitalismo possível, se fazia necessária para
sua manutenção. Ao passo que Smith e Marx chamavam esse processo de “primitivo” ou
“original”, a autora descreve como uma “contínua força geográfica histórica da acumulação do
capital por meio do imperialismo” (p.119).

A reticência de Marx (p.120)


Os pressupostos de Marx, para o funcionamento da sociedade capitalista são o
funcionamento liberal, Estado garantidor, produção de mercadorias e venda da força de
trabalho. A atividade de acumulação pelo uso da violência e fraude é tido como uma etapa
anterior e original. Assim, Harvey decide trocar o termo de “acumulação primitiva” por
“acumulação por espoliação”

Acumulação por espoliação (p.121)


Marx descreve para a acumulação diversos processos, “mercadificação e privatização
das terras” com a expulsão de suas populações, conversão de direitos de propriedade em
exclusivos e privados, supressão ao direito a terras comuns, supressão das formas alternativas de
consumo e produção obrigando a venda da força de trabalho, processos coloniais neocoloniais e
imperialistas de apropriação ativos, monetização da troca, comercio de escravos, usura, dívida
nacional, e por último, sistema de crédito. O Estado por deter o monopólio da violência tem
papel fundamental nesse processo. Contudo, todas essas ações continuam a ocorrer até os dias
de hoje.
A acumulação primitiva também envolve a cooptação de sistemas culturais e de crença
para a modelo capitalista de produção, e quando não for possível, suprimidas. (p.122). Nesse
processo histórico, contudo, algumas formas de espoliação ganham mais desenvolvimento que
outras, em especial o crédito e a financeirização. Mas tem-se também os processos de patente de
propriedades culturais de povos, ou conhecimentos de plantas e animais na medicina,
privatização dos recursos naturais, e destruição da natureza ao ponto que só é possível a
produção de alimentos por meio capitalista (p.122).
A acumulação por espoliação envolve liberação de ativos por custos muito baixos. O
capital excedente por assim apropriar-se deles e lhes conferir lucro de maneira muito rápida.
Faz-se também a prática de criação e gerenciamento de crises a fim de desvalorização de
regiões, a fim que os investimentos possam entrar (p.125).
A contingência de tudo isso (p.126)
Quando esse processo passa a ser feito de forma dominantes pelas empresas e pelos
Estados? Ao exemplo da China, ela poder ser utilizada por em país que busque o
desenvolvimentismo, querendo avançar nas etapas da acumulação mundial (p.128), mas podem
ser impostos dos agentes externas ao país.
Tal processo de torna mais forte a partir da crise de 1973, a partir da financeirização,
com a orquestração dos EUA. (p.129), o que levou por exemplo, a criação de novos espaços de
acumulação como o sudeste asiático. Tem-se assim o contexto neoliberal, com o a necessidade
de comercio global mais livre e a privatização.

Privatização: o braço armado da espoliação (p.130)


A discussão começando apresento os pensadores neoliberais de 1930, Hayek, Mises,
Friedman e Popper. O fluxo de grupos de estudo dessa geração acabou por florescer nas décadas
de 1960 e 1970, com preposições políticas. É só com a crise de 1970, e o esgotamento da
proposta keynesiana que as preposições neoliberais começam a ganham espaço. Foram os
governos de Reagen a Thatcher que colocaram essas preposições em prática, acompanhados
pelos parâmetros de político do Banco Mundial e FMI (p.130). A privatização e a liberação de
mercado serviram assim a “expropriação de terras comuns” (p.130), e a abertura de novos
campos de investimento sanou a crise de sobreacumulação. A ‘redistribuição de ativos” serviu
então para concentrar mais ainda o controle e posse das estruturas antes comem nas classes
altas.
O exemplo da água na África do Sul pós Apartheid é elucidador (p.131). O
fornecimento de água foi privatizado, com a justificativa de que a cobrança sobre o serviço
serviria para o investimento e avanço do serviço. O que acabou por ocorrer foi que muitas
famílias não conseguiram pagar as taxas, com menos pagantes, as taxas sobem, e forma-se um
ciclo. Acompanhado a isso, tem-se o problema grave da interrupção do fornecimento, como o
consumo a água não tratado e doenças.
Outra força importante para a expulsão dos pequenos produtores de suas terras é a
competição com o mercado externo, que torna impossível adentrar no mercado, e a subsequente
venda da terra, fazendo-os compor a força de trabalho urbano empobrecida (p.133).
Arundhati Roy (2001) p.133 descreve a privatização como “transferência de ativos
produtivos do Estado para Empresas privadas”, incluindo os recursos naturais, que passam a
formas estoques das empresas “é um processo de despossessão bárbara numa escala sem
paralelo na história”.

Combates relativos à acumulação por espoliação (p.133)

Os domínios duais da luta anticapitalista e anti-imperialista (p.139)

O imperialismo como acumulação por espoliação (p.148)


Ação imperialista está para além da ação militar propriamente dita, se estende para a
atuação econômica, e está muito ligada a instituições como o FMI e o Banco Mundial.

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