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ANALISTA DE TRIBUNAIS DO TRABALHO

Direito Civil - Aulas 3 e 4


Luciano Figueiredo

Negócio Jurídico II - objeto lícito, possível, determinado ou


Tema VII determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Material para o Curso Módulo Básico dos
Tribunais. I – Capacidade do Agente: Já estudada na
Elaboração: Luciano L. Figueiredo1. aula de Pessoa Física.

1. Conceito de Negócio Jurídico. II – Objeto Lícito, Possível, Determinado ou


Determinável.
2. Planos do Negócio Jurídico.
III – Forma Prescrita ou Não Defesa em Lei.
2.1. Plano de Existência.
Art. 107. A validade da declaração de
O plano de existência do negócio jurídico vontade não dependerá de forma
não foi incluso pelo legislador civil na especial, senão quando a lei
Codificação, sendo, porém, diuturnamente expressamente a exigir.
tratado pela doutrina.
Hipóteses em que a vontade é
É o plano do “ser” do negócio jurídico. vinculada?

a) Agente Art. 108. Não dispondo a lei em


contrário, a escritura pública é
b) Objeto essencial à validade dos negócios
jurídicos que visem à constituição,
c) Forma transferência, modificação ou renúncia
de direitos reais sobre imóveis de
d) Vontade Exteriorizada valor superior a trinta vezes o maior
salário mínimo vigente no País.
2.2. Plano de Validade.
IV – Consentimento Válido.
Validade é sinônimo de adequação ao
sistema jurídico, verificando-se se o negócio Pode ser pelo silêncio? Art. 111 do CC:
existente pertence ao ordenamento jurídico.
Art. 111. O silêncio importa anuência,
Art. 104. A validade do negócio jurídico quando as circunstâncias ou os usos o
requer: autorizarem, e não for necessária a
I - agente capaz; declaração de vontade expressa.

2.2.1 Teoria das Invalidades.


1 Advogado. Sócio do Figueiredo & Figueiredo
Advocacia e Consultoria. Graduado em Direito pela Duas observações iniciais:
Universidade Salvador (UNIFACS). Especialista (Pós-
Graduado) em Direito do Estado pela Universidade
I. As nulidades nunca são implícitas (exigem
sempre texto de lei). Não há nulidade, seja
Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Direito Privado
absoluta ou anulabilidade (relativa), sem
pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor disposição legal.
de Direito Civil. Palestrante. Autor de Artigos
Científicos e Livros Jurídicos. Periscope: II. As nulidades admitem gradação.
@lucianofigueiredo. Instagram:
@lucianolimafigueiredo. Periscope: a) Nulidades Absolutas.
@lucianofigueiredo. Fan Page: Luciano Lima
Figueiredo. Twitter: @civilfigueiredo. Hipóteses:

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Art.166. É nulo o negócio jurídico se sujeitando a prazo prescricional


quando: (imprescritível) ou decadencial.
I - celebrado por pessoa
absolutamente incapaz; # Atenção: apesar de o juiz poder
II - for ilícito, impossível ou reconhecer ex ofício a nulidade, ele não tem
indeterminável o seu objeto; permissão para supri-la, ainda que a
III - o motivo determinante, comum a requerimento da parte (art. 168 p.u, CC/02).
ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em Parágrafo único. As nulidades devem ser
lei; pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do
V - for preterida alguma solenidade negócio jurídico ou dos seus efeitos e as
que a lei considere essencial para a encontrar provadas, não lhe sendo permitido
sua validade; supri-las, ainda que a requerimento das
VI - tiver por objetivo fraudar lei partes.
imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar b) Nulidade Relativa (Anulabilidade).
nulo, ou proibir-lhe a prática, sem
cominar sanção. Hipóteses:

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, Art. 171. Além dos casos
mas subsistirá o que se dissimulou, se expressamente declarados na lei, é
válido for na substância e na forma. anulável o negócio jurídico:
§ 1o Haverá simulação nos negócios I - por incapacidade relativa do
jurídicos quando: agente;
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos II - por vício resultante de erro, dolo,
a pessoas diversas daquelas às quais coação, estado de perigo, lesão ou
realmente se conferem, ou transmitem; fraude contra credores.
II - contiverem declaração, confissão,
condição ou cláusula não verdadeira; Características:
III - os instrumentos particulares forem
antedatados, ou pós-datados. 1. O ato anulável atinge interesses
§ 2o Ressalvam-se os direitos de particulares, legalmente tutelados (por isso a
terceiros de boa-fé em face dos gravidade não é tão relevante quanto na
contraentes do negócio jurídico hipótese de nulidade);
simulado 2. Não se opera de pleno Direito (ope
iudicis);
Características: 3. Admite confirmação expressa ou tácita
(ratificação, convalidação ou saneamento);
1. O ato nulo atinge interesse público 4. Somente pode ser arguida pelos legítimos
superior; interessados;
2. Opera-se de pleno Direito (ope legis); 5. A anulabilidade somente pode ser
3. Não admite confirmação (ratificação), mas arguida, pela via judicial, em prazos
pode ser convertido; decadenciais de 4 (regra geral) ou 2 (regra
4. Pode ser arguida pelas partes, por supletiva) anos, salvo norma específica sem
terceiro interessado, pelo Ministério Público, sentido contrário (art. 178 e 179).
quando lhe couber intervir, ou, até mesmo,
pronunciada de ofício pelo Juiz ex ofício; Art. 178. É de quatro anos o prazo de
5. A ação declaratória de nulidade é decadência para pleitear-se a anulação do
decidida por sentença de natureza negócio jurídico, contado:
declaratória de efeitos ex tunc; I - no caso de coação, do dia em que ela
6. A nulidade, segundo o novo Código Civil, cessar;
pode ser reconhecida a qualquer tempo, não

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II - no de erro, dolo, fraude contra credores, espécie, respeitadas determinadas


estado de perigo ou lesão, do dia em que se circunstâncias.
realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo
cessar a incapacidade. contiver os requisitos de outro, subsistirá
este quando o fim a que visavam as partes
Art. 179. Quando a lei dispuser que permitir supor que o teriam querido, se
determinado ato é anulável, sem estabelecer houvessem previsto a nulidade.
prazo para pleitear-se a anulação, será este
de dois anos, a contar da data da conclusão # Exemplo: Compra e venda por escritura
do ato. particular de imóvel acima de 30 salários:
juiz pode considerar convertendo em
6. Quais são os efeitos da decisão? promessa de compra e venda, e depois
possibilitando a adjudicação compulsória do
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito bem.
antes de julgada por sentença, nem se
pronuncia de ofício; só os interessados a II) Ratificação (Saneamento,
podem alegar, e aproveita exclusivamente Convalidação ou Confirmação).
aos que a alegarem, salvo o caso de
solidariedade ou indivisibilidade. Art. 169. O negócio jurídico nulo não é
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, suscetível de confirmação, nem convalesce
restituir-se-ão as partes ao estado em que pelo decurso do tempo.
antes dele se achavam, e, não sendo
possível restituí-las, serão indenizadas com Art. 172. O negócio anulável pode ser
o equivalente. confirmado pelas partes, salvo direito de
terceiro.
Fiquem atentos:
Na hora da prova?
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das
partes não pode ser invocada pela outra em 1. (Ano: 2015. Banca: FCC. Órgão: TRT -
benefício próprio, nem aproveita aos co- 3ª Região (MG)Prova: Analista Judiciário
interessados capazes, salvo se, neste caso, - Área Judiciária)
for indivisível o objeto do direito ou da Pedro comprou, por valor inferior ao de
obrigação comum. mercado, rara e valiosa coleção de selos
pertencente a Lucas, que tinha 14 anos e
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito não foi representado quando da
anos, não pode, para eximir-se de uma celebração do negócio. Passados alguns
obrigação, invocar a sua idade se meses e não entregue o bem, Pedro
dolosamente a ocultou quando inquirido pela procurou Lucas oferecendo-lhe
outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, suplementação do preço, a fim de que as
declarou-se maior. partes ratificassem o ato. A pretendida
ratificação :
c) Princípio da conservação dos atos e
negócios jurídicos. a) não poderá ocorrer, salvo se Lucas for
assistido quando da confirmação.
I) Conversão Substancial. b) poderá ocorrer, pois os negócios
anuláveis podem ser confirmados pela
É uma medida sanatória por meio da qual vontade das partes.
aproveitam-se os elementos materiais de um c) deverá ocorrer, em prestígio ao princípio
negócio jurídico inválido, convertendo-o em da conservação dos contratos.
negócio válido de fins lícitos. Está prevista d) não poderá ocorrer, porque o negócio
no art. 170 e consiste na recategorização de jurídico nulo não é suscetível de
determinado negócio para outro de diferente confirmação.

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e) poderá ocorrer apenas pelo juiz, depois


da intervenção do Ministério Público. Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos
efeitos jurídicos, a condição cujo implemento
III) Redução do Negócio Jurídico. for maliciosamente obstado pela parte a
quem desfavorecer, considerando-se, ao
Permite uma invalidade parcial. contrário, não verificada a condição
maliciosamente levada a efeito por aquele a
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, quem aproveita o seu implemento.
a invalidade parcial de um negócio jurídico Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos
não o prejudicará na parte válida, se esta for casos de condição suspensiva ou resolutiva,
separável; a invalidade da obrigação é permitido praticar os atos destinados a
principal implica a das obrigações conservá-lo.
acessórias, mas a destas não induz a da
obrigação principal. b) Termo

2.3 Plano de Eficácia I) Inicial (dies a quo) x Final (Dies ad quem)

Tem como elementos acidentais ou Art. 131. O termo inicial suspende o


acessórios, opostos pela vontade humana a exercício, mas não a aquisição do direito.
negócios com fundo patrimonial:
II) Forma de Contagem:
a) Condição
Art. 132. Salvo disposição legal ou
I) Suspensiva x Resolutiva convencional em contrário, computam-se os
II) Lícita x Ilícita (Puramente prazos, excluído o dia do começo, e incluído
Potestativa x Meramente ou o do vencimento.
Simplesmente Potestativa).
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado,
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as considerar-se-á prorrogado o prazo até o
condições não contrárias à lei, à ordem seguinte dia útil.
pública ou aos bons costumes; entre as § 2º Meado considera-se, em qualquer mês,
condições defesas se incluem as que o seu décimo quinto dia.
privarem de todo efeito o negócio jurídico, § 3º Os prazos de meses e anos expiram no
ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das dia de igual número do de início, ou no
partes. imediato, se faltar exata correspondência.
§ 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que de minuto a minuto.
lhes são subordinados:
I - as condições física ou juridicamente II) Regras Importantes:
impossíveis, quando suspensivas;
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa Art. 133. Nos testamentos, presume-se o
ilícita; prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos,
III - as condições incompreensíveis ou em proveito do devedor, salvo, quanto a
contraditórias. esses, se do teor do instrumento, ou das
circunstâncias, resultar que se estabeleceu
Art. 124. Têm-se por inexistentes as a benefício do credor, ou de ambos os
condições impossíveis, quando resolutivas, contratantes.
e as de não fazer coisa impossível.
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos,
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo
negócio jurídico à condição suspensiva, se a execução tiver de ser feita em lugar
enquanto esta se não verificar, não se terá diverso ou depender de tempo.
adquirido o direito, a que ele visa.

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c) Modo ou Encargo reconhecido pelo STJ na hipótese de não


observância do dever de informação:
Art. 136. O encargo não suspende a
aquisição nem o exercício do direito, salvo Recurso especial. Civil. Indenização.
quando expressamente imposto no negócio Aplicação do princípio da boa-fé
jurídico, pelo disponente, como condição contratual.Deveres anexos ao contrato.
suspensiva. - O princípio da boa-fé se aplica às relações
contratuais regidas pelo CDC, impondo, por
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo conseguinte, a obediência aos deveres
ilícito ou impossível, salvo se constituir o anexos ao contrato, que são decorrência
motivo determinante da liberalidade, caso lógica deste princípio.
em que se invalida o negócio jurídico. - O dever anexo de cooperação
pressupõe ações recíprocas de lealdade
3. Regras Interpretativas dos Negócios dentro da relação contratual.
Jurídicos. - A violação a qualquer dos deveres
anexos implica em inadimplemento
3.1 Boa-Fé: A Regra de Ouro. contratual de quem lhe tenha dado causa.
- A alteração dos valores arbitrados a título
Subjetiva – Bona Fides romana. de reparação de danos extrapatrimoniais
somente é possível, em sede de Recurso
Objetiva - treu und glauben - Germânica Especial, nos casos em que o quantum
determinado revela-se irrisório ou
Funções da Boa-Fé Objetiva: exagerado.
Recursos não providos.
a) Função Interpretativa. (REsp 595631 / SC. Relatora Ministra
Nancy Adrighi. 3 Turma. Julgado
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser em:08.06.2004.)
interpretados conforme a boa-fé e os usos
do lugar de sua celebração. O CJF reconhece como um dos deveres
anexos o de mitigação por parte do credor -
Enc. 27. Art. 422: na interpretação da Duty to Migate the Own Loss ou o dever do
cláusula geral da boa-fé, deve-se levar em credor de mitigar as próprias perdas:
conta o sistema do Código Civil e as
conexões sistemáticas com outros estatutos Enc. 169 – Art. 422: O princípio da boa-fé
normativos e fatores metajurídicos. objetiva deve levar o credor a evitar o
agravamento do próprio prejuízo
b) Função Integrativa.
c) Função de Controle.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a
guardar, assim na conclusão do contrato, Art. 187. Também comete ato ilícito o titular
como em sua execução, os princípios de de um direito que, ao exercê-lo, excede
probidade e boa-fé. manifestamente os limites impostos pelo seu
fim econômico ou social, pela boa-fé ou
En. 24.: Art. 422.: em virtude do princípio da pelos bons costumes.
boa-fé, positivado no art. 422 do novo
Código Civil, a violação aos deveres anexos En. 26 Art. 422.: a cláusula geral contida no
constitui espécie de inadimplemento, art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz
independentemente de culpa. interpretar e, quando necessário, suprir e
corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva,
O descumprimento de tais deveres entendida como a exigência de
denomina-se de violação positiva do comportamento leal dos contratantes.
contrato ou adimplemento fraco, sendo
Aplicação: Do pré-contrato ao pós-contrato?

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c) Error in Persona (sobre a pessoa)


Enc. 25 - Art. 422: o art. 422 do Código Civil d) Error in Iures (sobre o direito)
não inviabiliza a aplicação pelo julgador do
princípio da boa-fé nas fases pré-contratual Art. 139. O erro é substancial quando:
e pós -contratual. I - interessa à natureza do negócio, ao
objeto principal da declaração, ou a alguma
Enc. 170 – Art. 422: A boa-fé objetiva deve das qualidades a ele essenciais;
ser observada pelas partes na fase de II - concerne à identidade ou à qualidade
negociações preliminares e após a essencial da pessoa a quem se refira a
execução do contrato, quando tal exigência declaração de vontade, desde que tenha
decorrer da natureza do contrato. influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa
3.2 Demais Regras Interpretativas. à aplicação da lei, for o motivo único ou
principal do negócio jurídico
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com
a cláusula de não valer sem instrumento Falso motivo.
público, este é da substância do ato.
Art. 140. O falso motivo só vicia a
Art. 112. Nas declarações de vontade se declaração de vontade quando expresso
atenderá mais à intenção nelas como razão determinante.
consubstanciada do que ao sentido literal da
linguagem. Erro de transmissão de vontade.
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a
renúncia interpretam-se estritamente. Art. 141. A transmissão errônea da vontade
por meios interpostos é anulável nos
4. Defeitos do Negócio Jurídico. mesmos casos em que o é a declaração
direta.
4.1. Vícios de Consentimento (de
vontade). Erro de cálculo.

a) Erro ou Ignorância. Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza


a retificação da declaração de vontade.
Erro principal ou essencial ou determinante.
Na hora da prova?
Art. 138. São anuláveis os negócios
jurídicos, quando as declarações de vontade 2. (FCC – TRT 11 - Analista Judiciário –
emanarem de erro substancial que poderia Área Judiciária/2012) Em um negócio
ser percebido por pessoa de diligência jurídico uma parte pensa que a outra
normal, em face das circunstâncias do parte está doando um bem quando na
negócio. verdade o bem está sendo oferecido à
venda. Neste caso, ocorreu
O erro acidental ou acessório.
A) error in negotio tratando-se de erro
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou substancial que poderá anular o negócio
da coisa, a que se referir a declaração de jurídico.
vontade, não viciará o negócio quando, por B) error in corpore tratando-se de erro
seu contexto e pelas circunstâncias, se substancial que poderá anular o negócio
puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. jurídico.
C) erro acidental que não anula o negócio
Hipóteses de erro. jurídico, devendo as partes adequá-los à
situação real.
a) Error in negotio (sobre o negócio)
b) Error in corpore (sobre o objeto)

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D) erro acidental que anula o negócio importância que tiver proveito


jurídico, não cabendo perdas e danos à econômico;
parte prejudicada.
E) error juris tratando de erro substancial b) Se representação convencional –
que poderá anular o negócio jurídico. responsabilidade solidária.

b) Dolo. Dolo recíproco.

Dolo principal. Art. 150. Se ambas as partes procederem


com dolo, nenhuma pode alegá-lo para
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis anular o negócio, ou reclamar indenização.
por dolo, quando este for a sua causa.
Na hora da prova?
Dolo acessório.
3. (Ano: 2015. Banca: FCC. Órgão: TRT -
Art. 146. O dolo acidental só obriga à 3ª Região (MG)Prova: Analista Judiciário
satisfação das perdas e danos, e é acidental - Área Judiciária).
quando, a seu despeito, o negócio seria Marcela permutou um televisor avariado
realizado, embora por outro modo. com um celular avariado de Marina.
Ambas sabiam que os respectivos bens
Dolo negativo. estavam deteriorados e ambas
esconderam tal circunstância uma da
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o outra buscando tirar vantagem na
silêncio intencional de uma das partes a transação. Julgando-se prejudicada,
respeito de fato ou qualidade que a outra Marina ajuizou ação contra Marcela
parte haja ignorado, constitui omissão requerendo a invalidação do negócio e
dolosa, provando-se que sem ela o negócio indenização. O juiz deverá :
não se teria celebrado.
a) desacolher ambos os pedidos, pois, se as
Dolo de terceiro. duas partes procedem com dolo, nenhuma
pode alegá-lo para anular o negócio nem
Art. 148. Pode também ser anulado o reclamar indenização.
negócio jurídico por dolo de terceiro, se a b) acolher apenas o pedido de invalidação
parte a quem aproveite dele tivesse ou do negócio, pois esta pode ser reconhecida
devesse ter conhecimento; em caso inclusive de ofício.
contrário, ainda que subsista o negócio c) acolher apenas o pedido de indenização,
jurídico, o terceiro responderá por todas as em razão do princípio que veda o
perdas e danos da parte a quem ludibriou. enriquecimento sem causa.
d) acolher ambos os pedidos, pois o dolo de
Dolo do Representante. uma parte não anula o da outra.
e) acolher apenas o pedido de invalidação,
Art. 149. O dolo do representante legal de desde que formulado no prazo decadencial
uma das partes só obriga o representado a de quatro anos da celebração do negócio.
responder civilmente até a importância do
proveito que teve; se, porém, o dolo for do
representante convencional, o representado c) Coação Moral.
responderá solidariamente com ele por
perdas e danos. Requisitos para que a coação possa viciar o
negócio:

a) Se representação legal – o I. A coação deve ser a causa do ato;


representado apenas responde até a II. Gravidade: A coação deve imputar ao
coagido um verdadeiro temor de dano sério;

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III. Injustiça (ilícita, contrária ao direito, parte a que aproveite dela tivesse ou
abusiva); ameaça do exercício normal do devesse ter conhecimento; mas o autor da
direito não é coação, idem temor coação responderá por todas as perdas e
reverencial. danos que houver causado ao coacto.
d) Lesão.
Art. 153 do CC:
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma
Art. 153. Não se considera coação a pessoa, sob premente necessidade, ou por
ameaça do exercício normal de um direito, inexperiência, se obriga a prestação
nem o simples temor reverencial. manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
I. Iminência ou Atualidade: A coação deve
ser atual ou iminente (é para afastar a § 1º Aprecia-se a desproporção das
coação impossível); prestações segundo os valores vigentes ao
II. A coação deve constituir ameaça de tempo em que foi celebrado o negócio
prejuízo à pessoa, parente ou terceiros e os jurídico.
seus respectivos bens.
§ 2º Não se decretará a anulação do
Se a coação for dirigida a pessoa que não é negócio, se for oferecido suplemento
da família, caberá ao magistrado analisar. suficiente, ou se a parte favorecida
Art. 151 do CC: concordar com a redução do proveito.

Art. 151. A coação, para viciar a declaração Requisitos:


da vontade, há de ser tal que incuta ao
paciente fundado temor de dano iminente e a) Objetivo: manifesta desproporção
considerável à sua pessoa, à sua família, ou entre as prestações estabelecidas no
aos seus bens. negócio. Observa-se que o CC não
quantificou o valor, falando em
Parágrafo único. Se disser respeito a desproporcionalidade como conceito
pessoa não pertencente à família do aberto, sem definir o padrão
paciente, o juiz, com base nas quantitativo.
circunstâncias, decidirá se houve coação.
b) Subjetivo: Inexperiência, a qual é
Na análise dos requisitos leva-se em percebida pelas condições pessoais
consideração as circunstâncias subjetivas do contratante, ou premente
da vítima. Art. 152 do CC: necessidade do lesado no momento
da contratação, levando a outra parte
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em a um lucro exagerado.
conta o sexo, a idade, a condição, a saúde,
o temperamento do paciente e todas as Enunciado 290, CJF: A lesão acarretará a
demais circunstâncias que possam influir na anulação do negócio jurídico quando
gravidade dela. verificada, na formação destes, a
desproporção manifesta entre as prestações
Coação exercida por terceiros. assumidas pelas partes, não se presumindo
a premente necessidade ou a inexperiência
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação do lesado.
exercida por terceiro, se dela tivesse ou
devesse ter conhecimento a parte a que Diga-se que vem entendendo-se ser
aproveite, e esta responderá solidariamente dispensável o dolo de aproveitamento
com aquele por perdas e danos. pela parte que objetiva beneficiar-se:

Art. 155, CC – Subsistirá o negócio jurídico,


se a coação decorrer de terceiro, sem que a

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E. 150 – Art. 157: A lesão de que trata o art. a) Anterioridade do Crédito;


157 do Código Civil não exige dolo de b) Eventus Damni e
aproveitamento. c) Consilium Fraudis

E é em atenção ao princípio da conservação Hipóteses nas quais o CC presume a má-fé:


dos contratos: Enunciados 149 e 291,
ambos do CJF: Art. 158. Os negócios de transmissão
gratuita de bens ou remissão de dívida, se
E. 291 – Art. 157. Nas hipóteses de lesão os praticar o devedor já insolvente, ou por
previstas no art. 157 do Código Civil, pode o eles reduzido à insolvência, ainda quando o
lesionado optar por não pleitear a anulação ignore, poderão ser anulados pelos credores
do negócio jurídico, deduzindo, desde logo, quirografários, como lesivos dos seus
pretensão com vista à revisão judicial do direitos.
negócio por meio da redução do proveito do § 1º Igual direito assiste aos credores cuja
lesionador ou do complemento do preço. garantia se tornar insuficiente.
§ 2º Só os credores que já o eram ao tempo
E. 149 – Art. 157: Em atenção ao princípio daqueles atos podem pleitear a anulação
da conservação dos contratos, a verificação deles.
da lesão deverá conduzir, sempre que
possível, à revisão judicial do negócio Art. 159. Serão igualmente anuláveis os
jurídico e não à sua anulação, sendo dever contratos onerosos do devedor insolvente,
do magistrado incitar os contratantes a quando a insolvência for notória, ou houver
seguir as regras do art. 157, § 2º, do Código motivo para ser conhecida do outro
Civil de 2002. contratante.

e) Estado de Perigo Art. 162. O credor quirografário, que receber


do devedor insolvente o pagamento da
Art. 156. Configura-se o estado de perigo dívida ainda não vencida, ficará obrigado a
quando alguém, premido da necessidade de repor, em proveito do acervo sobre que se
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de tenha de efetuar o concurso de credores,
grave dano conhecido pela outra parte, aquilo que recebeu.
assume obrigação excessivamente onerosa.
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa direitos dos outros credores as garantias de
não pertencente à família do declarante, o dívidas que o devedor insolvente tiver dado
juiz decidirá segundo as circunstâncias. a algum credor.

Qual a consequência do estado de Presunção de boa-fé.


perigo?
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e
E. 148, CJF – Art. 156: Ao “estado de valem os negócios ordinários indispensáveis
perigo” (art. 156) aplica-se, por analogia, o à manutenção de estabelecimento mercantil,
disposto no § 2º do art. 157. rural, ou industrial, ou à subsistência do
devedor e de sua família.
4.2 Vícios Sociais.
# Fraude Contra Credores x Fraude à
a) Fraude Contra Credores. Execução.

O patrimônio do devedor é o domicílio da b) Simulação.


garantia do credor (Alexandre Câmara).
Classificação:
Requisitos:
- Absoluta

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Luciano Figueiredo

- Relativa (ou dissimulação)

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado,


mas subsistirá o que se dissimulou, se
válido for na substância e na forma.
§ 1º Haverá simulação nos negócios
jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos
a pessoas diversas daquelas às quais
realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão,
condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem
antedatados, ou pós-datados.

# Reserva Mental

Art. 110, CC – A manifestação de vontade


subsiste ainda que o seu autor haja feito a
reserva mental de não querer o que
manifestou, salvo se dela o destinatário
tinha conhecimento.

Na hora da prova?

4. (FCC/ TRT/ 9 R/ 2013) Em relação à


interpretação do negócio jurídico, é
correto afirmar que:

a) quaisquer negócios jurídicos onerosos


interpretam- se estritamente.
b) na vontade declarada atender-se-á mais à
intenção das partes do que à literalidade da
linguagem.
c) a renúncia interpreta-se ampliativamente.
d) o silêncio da parte importa sempre
anuência ao que foi requerido pela outra
parte.
e) como regra geral, não subsiste a
manifestação da vontade se o seu autor
houver feito a reserva mental de não querer
o que manifestou.

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ANALISTA DE TRIBUNAIS DO TRABALHO
Direito Civil - Aulas 3 e 4
Luciano Figueiredo

GABARITO

1. D
2. A
3. A
4. B

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