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ANALISTA DE TRIBUNAIS DO TRABALHO - 2016

Direito Civil – Aulas 05 e 06


Luciano Figueiredo

Material para o Curso Módulo Básico dos Tribu- de culpa do devedor, responderá este pelo equiva-
nais. lente e mais perdas e danos.
Elaboração: Luciano L. Figueiredo. - Deterioração (Perda parcial) – Arts. 235 e 236
Advogado. Sócio do Figueiredo & Figueiredo
Advocacia e Consultoria. Graduado em Direito Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor
pela Universidade Salvador (UNIFACS). Especia- culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou
lista (Pós-Graduado) em Direito do Estado pela aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que
Universidade Federal da Bahia (UFBA). perdeu.
Mestre em Direito Privado pela Universidade Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor
Federal da Bahia (UFBA). Professor de Direito exigir o equivalente,
Civil. Palestrante. Autor de Artigos Científicos e ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com
Livros Jurídicos. Periscope: @lucianofigueiredo. direito a reclamar, em um ou em outro caso, indeni-
Instagram: @lucianolimafigueiredo. Periscope: zação das perdas e danos.
@lucianofigueiredo. Fan Page: Luciano Lima Fiquem atentos:
Figueiredo. Twitter: @civilfigueiredo.
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coi-
Direito Obrigacional sa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos
Tema IX quais poderá exigir aumento no preço; se o credor
não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
1. Conceito Parágrafo único. Os frutos percebidos são do deve-
Consiste em uma relação jurídica de crédito transi- dor, cabendo ao credor os pendentes.
tória entre o credor (sujeito ativo) e o devedor (sujei-
to passivo), tendo por objeto uma prestação (dar, Na hora da prova?
fazer ou não fazer),
devida pelo segundo ao primeiro e a qual é garanti- 1 – (Prova: FCC - 2010 - TRT - 22ª Região (PI) -
da pelo patrimônio. Analista Judiciário - Área Judiciária); Disciplina:
Direito Civil | Assuntos: Direito das Obrigações;
Débito x Responsabilidade?
Nas obrigações de dar coisa certa, deteriorada a
2. Classificação Básica das Obrigações. coisa sem culpa do devedor, o credor poderá:

O objeto das obrigações é a prestação, a qual pode a) exigir duas similares à que se deteriorou.
ser: b) exigir o equivalente, mais perdas e danos.
c) resolver a obrigação e exigir perdas e danos.
a) Positiva d) aceitar a coisa, abatendo de seu preço o valor
a. Dar que perdeu.
i.Coisa Certa e) aceitar a coisa e exigir perdas e danos
ii.Coisa Incerta
2.2 Obrigação de Dar Coisa Incerta.
b. Fazer
a) Negativa Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos,
a. Não-Fazer pelo gênero e pela quantidade.
2.1 Obrigação de Dar Coisa Certa.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se
acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário não resultar do título da obrigação; mas
o contrário resultar do Título ou das circunstâncias não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a
do caso. prestar a melhor.
O que acontece se houver a perda da coisa na obri-
gação de dar coisa certa? Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o
disposto na secção antecedente.
- Perecimento (Perda Total) – Art. 234 O que acontece na hipótese de perda do objeto?

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor
se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que
ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a por força maior ou caso fortuito.
obrigação para ambas as partes; se a perda resultar
3.3 Obrigação de Fazer.

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§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não


- Fungível: não personalíssima, substituíveis. quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a
escolha se não houver acordo entre as partes.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, Art. 253. Se uma das duas prestações não puder
será livre ao credor mandá-lo executar à custa do ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível,
devedor, havendo recusa ou mora deste, sem preju- subsistirá o débito quanto à outra.
ízo da indenização cabível. Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder
cumprir nenhuma das prestações, não competindo
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o cre- ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar
dor, independentemente de autorização judicial, o valor da que por último se impossibilitou, mais as
executar ou mandar executar o fato, sendo depois perdas e danos que o caso determinar.
ressarcido. Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma
- Infungível: personalíssima (intuito persona). Ape- das prestações tornar-se impossível por culpa do
nas pode ser adimplida pelo devedor. devedor,
o credor terá direito de exigir a prestação subsisten-
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e te ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por
danos o devedor que recusar a prestação a ele só culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem
imposta, ou só por ele exeqüível. inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de
qualquer das duas, além da indenização por perdas
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossí- e danos.
vel sem culpa do devedor, resolver-se-á a obriga- Art. 256. Se todas as prestações se tornarem im-
ção; se por culpa dele, responderá por perdas e possíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a
danos. obrigação.
3.4 Obrigação de Não-Fazer (Negativa). 4.2 Obrigações Divisíveis e Indivisíveis.
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, um credor em obrigação divisível, esta presume-se
desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne im- dividida em tantas obrigações, iguais e distintas,
possível abster-se do ato, que se obrigou a não quantos os credores ou devedores.
praticar.
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a presta-
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abs- ção tem por objeto uma coisa ou um fato não susce-
tenção se obrigara, tíveis de divisão,
o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena por sua natureza, por motivo de ordem econômica,
de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
perdas e danos. Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a
prestação não for divisível, cada um será obrigado
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o pela dívida toda.
credor desfazer ou mandar desfazer, independen- Problema: Indivisibilidade quando da existência de
temente de autorização judicial, sem prejuízo do mais de um credor (art. 260).
ressarcimento devido. Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá
cada um destes exigir a dívida inteira; mas o deve-
4. Classificação Especial. dor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
As principais são: II - a um, dando este caução de ratificação dos ou-
4.1 Obrigações Alternativas. tros credores.
Art. 261. Se um só dos credores receber a presta-
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha ção por inteiro, a cada um dos outros assistirá o
cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber caiba no total.
parte em uma prestação e parte em outra. Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódi- obrigação não ficará extinta para com os outros;
cas, a faculdade de opção poderá ser exercida em mas estes só a poderão exigir, descontada a quota
cada período. do credor remitente.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não ha- Parágrafo único. O mesmo critério se observará no
vendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, caso de transação, novação, compensação ou con-
findo o prazo por este assinado para a deliberação. fusão.
E se converter em perdas e danos?

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Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obriga- Art. 388. A remissão concedida a um dos co-
ção que se resolver em perdas e danos. devedores extingue a dívida na parte a ele corres-
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver pondente; de modo que,
culpa de todos os devedores, responderão todos ainda reservando o credor a solidariedade contra os
por partes iguais. outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedu-
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os ção da parte remitida.
outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e
danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidarie-
2 – (FCC - 2010 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista dade.
Judiciário - Área Judiciária) - Execução de Man- 5. Teoria Geral do Pagamento.
dados / Direito Civil / Direito das Obrigações.
O que é pagamento?
Uma obrigação indivisível resolveu-se em per- 5.1. Requisitos ou Condições do Pagamento.
das e danos por culpa de um dos três devedo-
res. Nesse caso, a) Subjetivos:

a) o devedor culpado responderá pelas perdas e > Quem deve pagar?


danos e os outros ficarão exonerados da obrigação. Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida
b) todos os devedores responderão pelas perdas e pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos
danos em sua totalidade em razão da indivisibilida- meios conducentes à exoneração do devedor.
de, com direito de regresso contra o culpado.
c) todos os devedores responderão pelas perdas e Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a
danos de forma proporcional à sua parte na obriga- dívida em seu próprio nome, tem direito a reembol-
ção. sar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direi-
d) a obrigação será considerada extinta e todos os tos do credor.
devedores ficarão exonerados. O devedor pode se opor ao pagamento feito pelo
e) todos os devedores responderão pelas perdas e terceiro?
danos em sua totalidade em razão da indivisibilida-
de, sem direito de regresso contra o culpado. Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com des-
conhecimento ou oposição do devedor, não obriga a
4.3 Meio, Resultado e Garantia. reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha
4.4 Obrigações solidárias. meios para ilidir a ação.
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obri-
gação concorre mais de um credor, ou mais de um > A quem se deve pagar?
devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida
toda. Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da quem de direito o represente, sob pena de só valer
lei ou da vontade das partes. depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direi- em seu proveito.
to a exigir do devedor o cumprimento da prestação E o credor putativo?
por inteiro.
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor
um ou de alguns dos devedores, parcial ou total- putativo é válido, ainda provado depois que não era
mente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido credor.
parcial, todos os demais devedores continuam obri- b) Objetivos.
gados solidariamente pelo resto. I. Princípio da Identidade.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solida- Art. 313. O credor não é obrigado a receber presta-
riedade a propositura de ação pelo credor contra um ção diversa da que lhe é devida, ainda que mais
ou alguns dos devedores. valiosa.
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao cre- II. Princípio da Indivisibilidade.
dor as exceções que lhe forem pessoais e as co- Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto
muns a todos; não lhe aproveitando as exceções prestação divisível, não pode o credor ser obrigado
pessoais a outro co-devedor. a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa assim não se ajustou.
de um dos devedores solidários, subsiste para todos III. Princípio do Nominalismo.
o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas
e danos só responde o culpado. no vencimento, em moeda corrente e pelo valor
nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.

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IV. Princípio do Aumento Progressivo.


I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressi- II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a
vo de prestações sucessivas. credor hipotecário, bem como do terceiro que efeti-
va o pagamento para não ser privado de direito
c) Prova do pagamento. sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
regular, e pode reter o pagamento, enquanto não Art. 347. A sub-rogação é convencional:
lhe seja dada. I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro
e expressamente lhe transfere todos os seus direi-
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada tos;
por instrumento particular, designará o valor e a II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a
espécie da dívida quitada, quantia precisa para solver a dívida, sob a condição
o nome do devedor, ou quem por este pagou, o expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direi-
tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do tos do credor satisfeito.
credor, ou do seu representante. Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabele- todos os direitos, ações, privilégios e garantias do
cidos neste artigo valerá a quitação, se de seus primitivo, em relação à dívida, contra o devedor
termos ou das circunstâncias resultar haver sido principal e os fiadores.
paga a dívida.
Presunções relativas de pagamento: Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas perió- poderá exercer os direitos e as ações do credor,
dicas, a quitação da última estabelece, até prova em senão até à soma que tiver desembolsado para
contrário, a presunção de estarem solvidas as ante- desobrigar o devedor.
riores. 6.2 Dação em Pagamento (Datio in Soluntum).

Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva Art. 356: O credor pode consentir a receber presta-
dos juros, estes presumem-se pagos. ção diversa da que lhe é devida.

Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a pre- Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em
sunção do pagamento. pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva,
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os
operada se o credor provar, em sessenta dias, a direitos de terceiros.
falta do pagamento. 6.3 Novação.
d) Lugar do pagamento. Art. 360. Dá-se a novação:
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do I - quando o devedor contrai com o credor nova
devedor, salvo se as partes convencionarem diver- dívida para extinguir e substituir a anterior;
samente, ou se o contrário resultar da lei, da natu- II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando
reza da obrigação ou das circunstâncias. este quite com o credor;
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, III - quando, em virtude de obrigação nova, outro
cabe ao credor escolher entre eles. credor é substituído ao antigo, ficando o devedor
Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de quite com este.
um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far- Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou
se-á no lugar onde situado o bem. tácito, mas inequívoco, a segunda obrigação con-
Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não firma simplesmente a primeira.
efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem
devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o cre- o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o
dor. primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substitui-
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em ou- ção.
tro local faz presumir renúncia do credor relativa- Art. 364. A novação extingue os acessórios e garan-
mente ao previsto no contrato. tias da dívida, sempre que não houver estipulação
6. Formas Especiais de Pagamento. em contrário. Não aproveitará, contudo,
ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anti-
6.1 Pagamento por sub-rogação. crese, se os bens dados em garantia pertencerem a
terceiro que não foi parte na novação.
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito,
em favor:

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Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anulá-


veis, não podem ser objeto de novação obrigações Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não
nulas ou extintas. efetuar o pagamento e o credor que não quiser re-
Súmula. 286, STJ: A renegociação de contrato ban- cebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a con-
cário ou a confissão da dívida não impede a possibi- venção estabelecer.
lidade de discussão sobre eventuais ilegalidades
dos contratos anteriores. Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao
6.4 Compensação. devedor, não incorre este em mora.
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo Precisa da culpa?
credor e devedor uma da outra, as duas obrigações
extinguem-se, até onde se compensarem. A corrente majoritária entende que a comprovação
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas da mora exigirá a prova da culpa, como já entendeu
líquidas, vencidas e de coisas fungíveis. o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ao sustentar que
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas “Não cabe a multa moratória se não há fato imputá-
fungíveis, objeto das duas prestações, não se com- vel ao devedor” (REsp. 474.395/RS).
pensarão, verificando-se que diferem na qualidade, Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que
quando especificada no contrato. sua mora der causa, mais juros, atualização dos
6.5 Consignação em Pagamento. valores monetários segundo índices oficiais regu-
Art. 335. A consignação tem lugar: larmente estabelecidos, e honorários de advogado.
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, re-
cusar receber o pagamento, ou dar quitação na Art. 399. O devedor em mora responde pela impos-
devida forma; sibilidade da prestação,
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito
no lugar, tempo e condição devidos; ou de força maior, se estes ocorrerem durante o
III - se o credor for incapaz de receber, for desco- atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o
nhecido, declarado ausente, ou residir em lugar dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse
incerto ou de acesso perigoso ou difícil; oportunamente desempenhada.
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitima- b) Do Credor.
mente receber o objeto do pagamento; Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. de dolo à responsabilidade pela conservação da
Art. 336. Para que a consignação tenha força de coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas em-
pagamento, será mister concorram, em relação às pregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la
pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisi- pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu
tos sem os quais não é válido o pagamento. valor oscilar entre o dia estabelecido para o paga-
Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio mento e o da sua efetivação.
entre credores que se pretendem mutuamente ex- Segundo a súmula 380 do Egrégio SUPERIOR TRIBU-
cluir, poderá qualquer deles requerer a consigna- NAL DE JUSTIÇA a “simples propositura da ação de
ção. revisão de contrato não inibe a caracterização da
7. Inadimplemento. mora do autor”.
7.1 Absoluto.
Pode ser por fato do interesse do credor? c) Constituição em Mora
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que
sua mora der causa, mais juros, Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e
atualização dos valores monetários segundo índices líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de mora o devedor.
advogado. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudi-
tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exi- cial.
gir a satisfação das perdas e danos. O que é a mora ex re e o dies interpellat pro homi-
Segundo o Enunciado 162 do CJF, todavia, “A inuti- ne?
lidade da prestação que autoriza a recusa da pres-
tação por parte do credor deve ser aferida objetiva- O que é a mora ex persona?
mente, consoante o princípio da boa-fé e a manu- Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito,
tenção do sinalagma e não de acordo com o mero considera-se o devedor em mora, desde que o pra-
interesse subjetivo do credor”. ticou.
7.2 Relativo ou Mora.
De acordo com a Súmula 76 do SUPERIOR TRIBUNAL
a) Do Devedor. DE JUSTIÇA, no compromisso de compra e venda,

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ainda que não registrado, aplica-se a necessidade Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláu-
interpelação prévia. sula penal, desde que, culposamente, deixe de
Na forma do art. 398 do CC e da súmula 54 do SU- cumprir a obrigação ou se constitua em mora.
PERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, nas obrigações prove- Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é
nientes de ato ilícito, considera-se o devedor em necessário que o credor alegue prejuízo.
mora desde a data do ato ilícito. Eis o conteúdo da Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao
Súmula: “os juros moratórios fluem a partir do even- previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir
to danoso, em caso de responsabilidade extracon- indenização suplementar se assim não foi conven-
tratual”. É da denominada mora presumida ou irre- cionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo
gular. da indenização, competindo ao credor provar o pre-
d) Purgação da Mora juízo excedente.
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para
Art. 401. Purga-se a mora: o caso de total inadimplemento da obrigação, esta
I - por parte do devedor, oferecendo este a presta- converter-se-á em alternativa a benefício do credor.
ção mais a importância dos prejuízos decorrentes Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula
do dia da oferta; penal não pode exceder o da obrigação principal.
II - por parte do credor, oferecendo-se este a rece- Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqüitati-
ber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da vamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido
mora até a mesma data. cumprida em parte, ou se o montante da penalidade
8. Arras. for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a
natureza e a finalidade do negócio.
Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, Enunciado 355 do CJF vaticina que: “Não podem as
uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou partes renunciar à possibilidade de redução da
outro bem móvel, deverão as arras, em caso de cláusula penal se ocorrer qualquer das hipóteses
execução, ser restituídas ou computadas na presta- previstas no art. 413 do Código Civil, por se tratar
ção devida, se do mesmo gênero da principal. de preceito de ordem pública”.
E é na linha desta perspectiva cogente, que o
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o Enunciado 356 do mesmo CJF conclui que: “Nas
contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo- hipóteses previstas no artigo 413 do Código Civil, o
as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, juiz deverá reduzir a cláusula penal de ofício” por se
poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e tratar de ius cogente.
exigir sua devolução mais o equivalente, com atuali- 10. Transmissão das Obrigações.
zação monetária segundo índices oficiais regular-
mente estabelecidos, juros e honorários de advoga- 10.1 Cessão de Débito ou Assunção de Dívida.
do.
Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação
suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as do devedor, com o consentimento expresso do cre-
arras como taxa mínima. Pode, também, a parte dor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se
inocente exigir a execução do contrato, com as per- aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o
das e danos, valendo as arras como o mínimo da credor o ignorava.
indenização.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de prazo ao credor para que consinta na assunção da
arrependimento para qualquer das partes, as arras dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
ou sinal terão função unicamente indenizatória. Nes- Requisitos da cessão de débito ou assunção de
te caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da dívida:
outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais
o equivalente. Em ambos os casos não haverá direi- I. Existência de uma obrigação válida
to a indenização suplementar. II. Anuência expressa do credor (pois muda a garan-
Súmula 412: No compromisso de compra e venda tia patrimonial da dívida)
com cláusula de arrependimento, a devolução do III. A substituição do devedor, mantendo-se a mes-
sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em do- ma a obrigação.
bro, por quem o recebeu, exclui indenização maior,
a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios Confunde-se com novação subjetiva passiva?
e os encargos do processo. Observações:
9. Cláusula Penal a) As garantias dadas pelo devedor primitivo só
permanecem se ele consentir (art. 300).

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Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor Como fica a responsabilidade civil do credor originá-
primitivo, consideram-se extintas, a partir da assun- rio?
ção da dívida, as garantias especiais por ele origina- Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente,
riamente dadas ao credor. ainda que não se responsabilize, fica responsável
b) O novo devedor pode opor as antigas defesas ao cessionário pela existência do crédito ao tempo
pessoais do devedor primitivo? Não! Pode apenas em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe
opor as exceções comuns (Art. 302 CC). cabe na cessão por título gratuito, se tiver procedido
Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor de má-fé.
as exceções pessoais que competiam ao devedor Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente
primitivo. não responde pela solvência do devedor.
10.2 Cessão de crédito. Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário
pela solvência do devedor, não responde por mais
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a do que daquele respondeu, com os respectivos
isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, juros; mas tem de ressarci-lhe as despesas da ces-
ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva são e as que o cessionário houver feito com co-
da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de brança.
boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. Crédito penhorado pode ser cedido?
Onerosa ou Gratuita?
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode
A regra geral é que o crédito pode ser cedido. Po- mais ser transferido pelo credor que tiver conheci-
rém, há exceções: mento da penhora; mas o devedor que pagar, não
tendo notificação daquela, fica exonerado, subsis-
I. Natureza do crédito não permite – Ex: direito aos tindo somente em face do credor os direitos de ter-
alimentos ceiros
10.3 Cessão de Contrato ou Cessão de Posição
II. A lei proíbe – Ex: Art. 1749, III (aqui a lei proíbe a Contratual.
cessão do crédito). Existe no Brasil? Necessária?
Há divergência sobre a relevância de seu regramen-
Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não to:
pode o tutor, sob pena de nulidade: a) Doutrina Unitária
III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, b) Doutrina atomista
contra o menor. Requisitos da cessão e contrato:
III. Se o contrato vedar por cláusula expressa (pacto
non cedendo). I. Anuência da parte contrária.
II. A celebração de um negócio jurídico entre ceden-
Confunde-se com a novação subjetiva ativa? te e cessionário.
III. Integralidade da cessão (deve ser global).
O devedor tem que consentir?

Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em


relação ao devedor, senão quando a este notificada;
mas por notificado se tem o devedor que, em escrito
público ou particular, se declarou ciente da cessão
feita.
Notificado o devedor, poderá ele opor ao novo cre-
dor, defesas que tinha contra o credor original?

Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as


exceções que lhe competirem, bem como as que,
no momento em que veio a ter conhecimento da
cessão, tinha contra o cedente.
É possível a prática de atos conservatórios?

Art. 293. Independentemente do conhecimento da


cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os
atos conservatórios do direito cedido.

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ANALISTA DE TRIBUNAIS DO TRABALHO - 2016
Direito Civil – Aulas 05 e 06
Luciano Figueiredo

GABARITO

1. D
2. A

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