Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Durante muito tempo, a educação como instrução formal foi privilégio de poucos que
dispunham de tempo e dinheiro para investir. Os séculos anteriores à invenção da imprensa
foram marcados pela educação restrita apenas aos mais ricos ou a membros privilegiados de
certos grupos sociais, como o clero. Para a grande maioria das pessoas, educação significava
aprender por meio da imitação com a experiência dos mais velhos, de forma que a tradição foi
por muito tempo a principal fonte de aquisição de conhecimento.
Saltamos alguns séculos e hoje vemos que a educação formal não apenas se tornou comum,
mas sim uma exigência, um direito universal que, embora ainda não tenha sido assegurado
para absolutamente todos em nosso país, caminha a passos largos nessa direção.
Esse longo processo iniciou-se com a industrialização e a expansão das cidades que ocorreram
no período da Revolução Industrial. Anteriormente, até as primeiras décadas do século XIX, a
maioria da população europeia não tinha nenhum acesso a qualquer tipo de educação escolar.
Porém, o rápido avanço tecnológico exigia a formação de mão de obra instruída, capaz de
realizar as tarefas que exigiam maior nível de especialização. Na medida em que as ocupações
tornavam-se mais complexas, a educação tradicional recebida em casa tornava-se mais e mais
obsoleta, já que as experiências de trabalho diferenciavam-se cada vez mais no decorrer de
um curto espaço de tempo. Diante dessa necessidade, surgiram as primeiras escolas técnicas
que mais adiante tomariam o formato das escolas que vemos hoje.
Inserteza na educação
O desafio dos pais e professores é de preparar nossos jovens para galgar os novos degraus.
Isso exige, no entanto, também desenvolver uma consciência mais crítica para que os jovens
possam repensar e, se possível, assumir parcialmente o controle, o motor da escada. O que
sentimos neste mundo globalizado é que “a escada” está programada para um aumento
sucessivo e constante da velocidade e que ninguém mais tem a senha do sistema para mudar a
programação.
Este é também um dilema que vivem os educadores. Preparar os jovens desenvolvendo mais
potência e mais força para subir e galgar mais degraus. Ou ainda desenvolver a consciência
crítica e prepará-los para a reflexão e a mudança de atitude com relação aos desígnios deste
novo e complexo mundo globalizado e de avanço tecnológico sem precedentes na história da
humanidade.
Em 21 Lições para o Século XXI, Yuval Noah Harari afirma que a inovação é a única constante e
a humanidade está perante revoluções inéditas. Neste confronto com a imprevisibilidade do
nosso futuro, é exigido à Escola que encontre caminhos que formem e preparem os jovens
para desafios à escala global e com implicações em áreas tão complexas como a manipulação
genética, a inteligência artificial, a instrumentalização da informação, para além da nossa frágil
autodeterminação condicionada, nomeadamente pela ilusão das necessidades de consumo.
Assim a Escola começa, paulatinamente, a compreender que a sua atual, urgente e
imprescindível missão consiste em formar “alunos globais” e que o professor do novo milénio
tem, ele próprio, de se multifacetar, transmutar, para assumir o papel de “professor global”,
na medida em que o foco da Educação do século XXI já não é a instrução tradicional ou a mera
transmissão de conhecimento, porque esse está acessível através da tecnologia e não é
possível competir com ela. Agora, o desafio consiste em promover uma Educação
transformadora, porque a mudança é gerada pela Educação.