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Febre
Febre
A febre é a manifestação mais comum sugestiva da presença de uma doença infecciosa, apesar de que
nem toda febre reflecte uma infecção. Sua importância prática é notável pois é a manifestação que na
maioria das vezes mais preocupa o paciente e a sua família.
Definições:
2.1.1 Febre: é uma elevação anormal da temperatura corporal que ultrapassa a variação diária
normal, e ocorre como resposta a uma alteração no centro termorregulador do hipotálamo (SNC).
São consideradas temperaturas normais as seguintes: axilar 35,5 37º C, bucal 36 37,4º C, rectal
36 37,5º C. Reveja a aula 4 de semiologia 2.
Hipotálamo
2.1.2 Síndrome febril é o conjunto de sinais e sintomas inespecíficos (astenia, náuseas, vómitos,
diarreia, artralgia, mialgia, taquicardia, taquipneia, calafrios, sudorese) que acompanham a
elevação da temperatura.
2.1.3 Pirógenos são substâncias capazes de determinar desequilíbrio térmico com surgimento de
febre. Podem ser exógenos ou endógenos.
2.1.4 Pirógenos exógenos são substâncias produzidas por bactérias, vírus, fungos, complexos
antígeno-anticorpo, capazes de determinar o desequilíbrio térmico com surgimento de febre.
2.1.5 Pirógenos endógenos são substâncias que surgem em resposta ao pirógeno exógeno e que
actuam sobre o hipotálamo para desencadear a febre.
A febre, como já foi dito acima, é uma resposta do organismo a determinado processo infeccioso. A
febre segue diferentes padrões e evolui como um dos principais indicadores de orientação diagn óstica.
A forma como se instala o processo pode ser sugestiva, por ex: a febre de instalação súbita é comum nas
infecções agudas, como é o caso da pneumonia; a febre de instalação lenta/progressiva é comum nas
infecções crónicas (por ex: tuberculose), e o término da mesma, se desaparece gradualmente (como na
febre tifoide) ou rapidamente (como na pneumonia) também pode conduzir ao diagnóstico.
Existem vários factores que podem influenciar a presença de febre. Destes, as doenças infecciosas
ocupam um lugar pioneiro, contudo, é importante que o clínico tenha em mente que a febre nem
sempre é de causa infecciosa e que nem sempre uma doença infecciosa é acompanhada de febre, e isto
é particularmente comum nos idosos ou mesmo nos pacientes imunodeprimidos (ex: D.Mellitus, HIV+).
Outras causas da febre são: doenças auto-imunes, doenças endócrinas, neoplasias e doenças
reumáticas. Há fármacos que também podem induzir a febre, por ex: nevirapina, abacavir, cotrimoxazol.
O clínico deve sempre procurar relacionar as alterações identificadas (sintomas, sinais, resultados de
análises) com a origem e evolução da febre. Várias podem ser as causas de febre com foco:
Infecções localizadas
Olhos: Conjuntivite
Ouvidos: Otite
Pele e tecidos moles celulite, erisipela, piomiosite (eritema, dor localizada, flutuação pus)
Infecções Sistémicas
2.5.2 Febre sem foco é a febre sem causa aparente ou sem causa localizada depois de uma
avaliação completa (anamnese, exame físico e exames auxiliares). Também chamada de febre de
origem obscura (FOO) que é classificada em: FOO clássica, FOO hospitalar, FOO neutropénica e
FOO associada ao HIV. Geralmente, o diagnóstico de febre sem foco é mais dificil e não óbvio
mesmo após anamnese e exame físico.
Baciloscopia de expectoração
Cultura de expectoração e doslíquidos corporais se houver derrames nas cavidades (líquido pleural,
peritoneal, articular)
Hemocultura
Porque parte significativa dos exames acima descritos geralmente não estão disponíveis ao nível do
TMG, pode ser necessário referir estes pacientes para beneficiarem de seguimento apropriado.
Para o diagnóstico da origem da febre o clínico deve seguir o padrão geral de avaliação de paciente que
inclui: história clínica detalhada e exames auxiliares de diagnóstico (quando necessário):
3.1 Anamnese
3.1.1 Identificação
Dados da identificação podem sugerir a causa da febre. A idade, sexo, profissão pode identificar
patologias relacionadas com doenças infecciosas (descrito na aula de anamnese n°3).
Cronologia início, duração, periodicidade. Febre com menos de 2 semanas é referida como febre
aguda e febre com mais de duas semanas é referida como febre crónica. É necessário fazer esta
diferenciação, pois as causas de febre aguda são diferentes das causas de febre crónica.
Bacterianas pneumonias agudas, amigdalites, otites, sinusites, conjuntivites, infecções urinárias, febre
tifóide, meningococcémia
Virais HIV
Bacterianas tuberculose, brucelose, febre tifóide (na co-infecção com schistossomíase), peste
Característica e evolução da febre aqui deve-se estabelecer o tipo de febre (contínua, remitente,
intermitente, recorrente, héctica) já descritas na aula 3 de anamnese.
Relação com outros sintomas ou sinais é uma parte importante para o diagnóstico da febre visto que
na febre focal facilmente se identifica o local anatómico e a patologia. Exemplo: febre e dor de ouvido,
otorreia purulenta sugere otite, febre associada com diarréia e vómitos faz pensar em gastroenterite,
febre associada a dor ao urinar sugere infecção urinária, febre associada a tosse e expectoração e
dispnéia sugere pneumonia. Os sinais e sintomas associados podem ser cutâneos (ex: colecção de pús) e
a sua observação deve ser valorizada durante o exame físico.
Situação da febre no momento actual, contactos com pessoas doentes e tratamentos anteriores
efectuados estas componentes podem fornecer pistas importantes que podem auxiliar no diagnóstico.
Por exemplo: febre em um paciente que esteve em contacto com um caso de tuberculose, fornece uma
pista para pensar na tuberculose como causa, ou uma febre em que o paciente já tomou medicamentos
contra malária e não melhorou, fornece outro tipo de orientação diagnóstica.
É necessário efectuar uma revisão pelos sistemas em busca de possíveis associações da febre
com manifestações de determinado sistema. Febre associada a cefaléia, vómitos em jacto pode
sugerir meningite ou febre associada a dor articular e dificuldade na mobilização articular
orienta para patologias músculo-esqueléticas (artrites, osteomielites).
Os passos do exame físico relacionados com a febre já foram descritos na aula de anamnese
Após a anamnese, exame físico e realização de exames auxiliares (disponíveis ao nível do TMG), o clínico
estabelece suas hipóteses diagnósticas tendo em conta se está perante uma febre com foco ou sem
foco, aguda ou crónica e, de acordo com a epidemiologia das doenças infecciosas, do local onde se
encontra. Pela definição de Petersdorf e Beeson, a febre só se considera como sendo de causa obscura
após 1 semana de investigação hospitalar, contudo, nalguns casos graves (coma, choque séptico), o
clínico deve iniciar com o tratamento empírico mesmo antes da identificação do foco ou da chegada de
resultados de exames.
Na prática clínica os exames auxiliares iniciais mais frequentemente solicitados ao nível do TMG:
Hemograma, VS e hematozoário
Caso o clínico não consiga identificar a origem da febre após a realização da anamnese e destes exames,
deve avançar com outros exames (listados acima) e se necessário referir o paciente após devida
estabilização, para que este possa beneficiar de seguimento mais especializado. O diagrama abaixo,
indica a conduta a realizar perante este tipo de casos:
Relação com outros sintomas ou sinais é uma parte importante para o diagnóstico da febre visto que
na febre focal facilmente se identifica o local anatómico e a patologia. Exemplo: febre e dor de ouvido,
otorreia purulenta sugere otite, febre associada com diarréia e vómitos faz pensar em gastroenterite,
febre associada a dor ao urinar sugere infecção urinária, febre associada a tosse e expectoração e
dispnéia sugere pneumonia. Os sinais e sintomas associados podem ser cutâneos (ex: colecção de pús) e
a sua observação deve ser valorizada durante o exame físico.
Situação da febre no momento actual, contactos com pessoas doentes e tratamentos anteriores
efectuados estas componentes podem fornecer pistas importantes que podem auxiliar no diagnóstico.
Por exemplo: febre em um paciente que esteve em contacto com um caso de tuberculose, fornece uma
pista para pensar na tuberculose como causa, ou uma febre em que o paciente já tomou medicamentos
contra malária e não melhorou, fornece outro tipo de orientação diagnóstica.
É necessário efectuar uma revisão pelos sistemas em busca de possíveis associações da febre
com manifestações de determinado sistema. Febre associada a cefaléia, vómitos em jacto pode
sugerir meningite ou febre associada a dor articular e dificuldade na mobilização articular
orienta para patologias músculo-esqueléticas (artrites, osteomielites).
Os passos do exame físico relacionados com a febre já foram descritos na aula de anamnese
Após a anamnese, exame físico e realização de exames auxiliares (disponíveis ao nível do TMG), o clínico
estabelece suas hipóteses diagnósticas tendo em conta se está perante uma febre com foco ou sem
foco, aguda ou crónica e, de acordo com a epidemiologia das doenças infecciosas, do local onde se
encontra. Pela definição de Petersdorf e Beeson, a febre só se considera como sendo de causa obscura
após 1 semana de investigação hospitalar, contudo, nalguns casos graves (coma, choque séptico), o
clínico deve iniciar com o tratamento empírico mesmo antes da identificação do foco ou da chegada de
resultados de exames.
Na prática clínica os exames auxiliares iniciais mais frequentemente solicitados ao nível do TMG:
Hemograma, VS e hematozoário
RX (tórax, seios perinasais)
Caso o clínico não consiga identificar a origem da febre após a realização da anamnese e destes exames,
deve avançar com outros exames (listados acima) e se necessário referir o paciente após devida
estabilização, para que este possa beneficiar de seguimento mais especializado. O diagrama abaixo,
indica a conduta a realizar perante este tipo de casos: