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Sumário
1. Definição........................................................................................................................ 3
2. Epidemiologia................................................................................................................ 3
4. Diagnóstico.................................................................................................................... 8
5. Tratamento................................................................................................................... 12
Referências...................................................................................................................... 15
1. Definição
Lombalgia e suas sinonímias (dor lombar baixa; lumbago) descrevem um sintoma
e não um quadro nosológico definido. Sendo determinado por uma dor que está lo-
calizada na região lombar.
2. Epidemiologia
É esperado que em torno de 4 a cada 5 pessoas venham a sofrer com lombal-
gia durante a vida. Dessas, em torno de 66% terão recorrência e 33% venha a ficar
incapacitado no período de 365 dias. Segundo os dados globais 2010, do Global
Burden os Disease, a dor lombar resulta em mais incapacidades que qualquer
doença.
A lombalgia constitui a principal causa de ausência no trabalho. Como dito ante-
riormente, a dor lombar é, no geral, autolimitada, durando cerca de 1 semana e, após
8 semanas, cerca de 90% dos casos evoluem para cura, apesar da alta taxa de reinci-
dência. O pico de prevalência da lombalgia está entre 45 – 60 anos, sendo mais rein-
cidente em idades mais avançadas.
Os fatores de risco são dependem da causa. No entanto, de forma genérica, di-
versos fatores foram relacionados, direta e indiretamente, com risco aumentado
de um indivíduo desenvolver lombalgia recorrente. A obesidade é um dos fatores
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mais estudados, sendo diversos os mecanismos causais relacionados, como:
sobrecarga mecânica da coluna lombar, associação com inflamação sistêmica
crônica, associação com discopatia degenerativa e alterações da placa vertebral.
Ademais, outro fator de risco bem estabelecido é o tabagismo, em especial nos
pacientes mais jovens. A influência genética também tem sido bastante estu-
dada e, estudos em gêmeos revelam alto risco de desenvolver dor lombar se o
par gêmeo for portador dessa dor, com odds ratio (razão de chance) chegando
a 6 em monozigóticos e 2,2 em dizigóticos. Dessa forma, outros fatores de risco
associados são: aspectos psicológicos (histeria, neurose; quadros conversivos e
depressão) e nível de escolaridade (pessoas com menos anos de educação for-
mal estão mais sujeitas a desenvolver dor lombar); além dos serviços que envol-
vem levantamento de carga.
3. Etiologia e fisiopatologia –
origem das lombalgias
É de conhecimento geral que existem várias estruturas anatômicas que podem
gerar dor lombar, sendo que cada uma pode ter etiologia e fisiopatologia específica.
Porém, a etiologia exata de uma lombalgia aguda e crônica não conseguem ser defi-
nida em 4 de 5 casos.
Acredita-se que a maioria das lombalgias são de origem muscular, ocasionadas
por contraturas musculares. Afinal, a musculatura pode ser foco de dores e contratu-
ras crônicas, em um espectro que pode ir de uma síndrome dolorosa miofascial até
uma fibromialgia.
Outrossim, a fonte da dor lombar pode ser por conta do disco intervertebral, que
é inervado em seu ânulo fibroso. Chamada de axial, ou discogênica, essa dor, tem
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como principal teoria fisiopatológica a irritação dessas terminações nervosas livres
por substâncias do núcleo pulposo que, com elas, venha a entrar em contato por
fissuras no ânulo fibroso quando o disco é submetido a carga axial constante. Além
disso, sabe-se que os discos intervertebrais e o ligamento longitudinal adentram na
medula espinal, têm seus impulsos dolorosos levados pelos nervos sinovertebrais
até os gânglios simpáticos do tronco paravertebral e ascendem vários níveis até o
gânglio de L2, através dos ramos comunicantes.
Já as articulações zigapofisárias, ou facetas, são inervadas pelo ramo medial do
nervo dorsal primário, sendo responsáveis pela chamada dor facetaria. Existem dois
mecanismos que podem gerar alterações degenerativas das facetas articulares:
destruição da cartilagem articular, gerando dores semelhantes à osteoartrite de qual-
quer superfície articular, ou por hipertrofia facetaria gerando compressão do ramo
medial dorsal. Além disso, outras prováveis origens para a dor lombar, são: articu-
lação sacroilíaca; ligamentos (interespinhoso); e irritação mecânica ou química da
dura-máter.
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No geral, as etiologias podem ser classificadas em: mecânicas; inflamatórias; in-
fecciosas; metabólicas; tumores e dor visceral referida.
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presente. Em relação a fibromialgia, trata-se de um quadro poliálgico, ar-
ticular e muscular acompanhado de sono não reparador, cefaleia e fadiga
persistente.
• Infecciosas: As causas infecciosas são pouco frequentes. A dor lombar po-
de estar relacionada a diferentes agentes etiológicos, como staphylococcus
aureus. A suspeita deve ser aventada sempre que houver dor persistente,
presente no repouso e piorando aos movimentos, associada ou não à febre.
No geral, a infecção da vértebra ocorre por disseminação hematogênica de
outro foco, geralmente geniturinário, cutâneo ou respiratório. Outras etio-
logias possíveis são a brucelose, sendo extremamente rara, observada em
trabalhadores que manipulam carnes e a tuberculose, cursando com o cha-
mado Mal de Pott.
• Metabólicas: Dentre as causas metabólicas, as mais frequentes são: osteopo-
rose, osteomalácia e hiperparatireoidismo. Além disso, a presença de calcifica-
ções discais nos exames de imagem precisa servir de alerta, pois pode estar
relacionada à presença de doenças metabólicas subjacentes, como: doença
por depósito de pirofosfato de cálcio, ocronose e hemocromatose.
• Tumores de coluna: por serem bem raros, o diagnóstico de uma patologia
tumoral de coluna precisa ser bem analisado. Se a dor característica for
mais localizada, tende a ser um tumor benigno. Se a dor for mais difusa,
às vezes, associada a manifestações sistêmicas, tende a ser um tumor
maligno. De maneira geral, os tumores benignos envolvem o arco posterior
da vértebra, enquanto os malignos envolvem, inicialmente, o corpo verte-
bral. O tumor benigno mais comum da coluna vertebral é o hemangioma. O
Osteoma osteoide ocorre em adultos jovens, sendo uma suspeita nos ca-
sos de escoliose de início recente, associada a espasmo muscular em um
paciente jovem. No entanto, vale lembrar que as metástases são 25 vezes
mais frequentes do que os tumores primários na coluna. Os principais sí-
tios responsáveis são: neoplasias de mama, pulmão, próstata, rim, tireoide,
bexiga e cólon. Dentre os tumores malignos, o mais frequente é o mieloma
múltiplo, ocorrendo preferencialmente nos pacientes com mais de 50 anos
de idade, sendo a lombalgia o sintoma inicial em cerca de 35% dos casos.
Porém, sintomas sistêmicos como púrpuras, artralgias e hipercalcemia tam-
bém são frequentes.
• Dor visceral referida: A dor referida na região lombar e sacral pode ser conse-
quência de várias patologias. A lombalgia raramente é o único sintoma nesses
casos, porém, dor com ritmo próprio que não melhora ao repouso deve levar à
suspeita de dor referida. Exemplos: gravidez tubária, endometriose, aneurisma
de aorta; pancreatite.
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Anomalias Congênitas
Mecânicas Degenerativas
Traumatismo
Espondilite anquilosante;
AR; Fibromialgia
S. Aureus
Infecciosas TB
Etiologias
Brucelose
Osteoporose; Osteomalácia;
Metabólicas
LOMBALGIAS Hiperparatireoidismo
Benignos
Tumorais
Malignos
4. Diagnóstico
O histórico clínico e o exame físico são fundamentais para o diagnóstico da dor
lombar, em especial para indicar exames diagnósticos ou afastar causas de dor lom-
bar fora da coluna vertebral. Para a avaliação inicial de um paciente com dor lombar,
Deyo e Weinstein propõem um questionário simples de 3 perguntas:
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Durante a exame clínico, deve-se procurar por sinais de alerta que sugiram condi-
ções clínicas mais graves, como tumores ou infecções. Embora haja pouca evidência
de que estes sinais sejam preditores de achados radiológicos relevantes, uma inves-
tigação deve ser solicitada nos casos em que os pacientes apresentem esses sinais.
Além dos sinais clássicos, sugere-se investigação adicional para indivíduos com dor
que não respondem a 4 ou 6 semanas de tratamento conservador.
Alguns dados da história clínica podem sugerir doenças fora da coluna vertebral
causando a dor lombar. Dessa forma, o passado de doença arterial ou cardíaca
deve ligar o alerta para aneurismas da aorta abdominal; infecções urinárias de
repetição aumento o risco de pielonefrite e sintomas gastrointestinais podem su-
gerir espondiloartropatias soronegativas. Além disso, é importante frisar que dores
lombares ou radiculares causadas por alterações em articulações coxofemorais ou
sacroilíacas, também devem fazer parte dos possíveis diagnósticos diferenciais.
Nesse sentido, os sinais de Patrick e FABER são úteis para a tentativa de diferen-
ciação clínica.
Existem algumas características da dor que possibilitam o direcionamento diag-
nóstico, como:
• Dor discal – é tipicamente uma dor lombar baixa que se exacerba com a posi-
ção ereta mantida e, principalmente, sentada, podendo piorar com a flexão (Dor
axial), acometendo pacientes mais jovens, entre a terceira e quinta décadas de
vida;
• Dor facetaria – costuma apresentar piora com movimentos de extensão.
Normalmente, acomete pacientes com idades mais avançadas, da sexta déca-
da em diante.
• Dores relacionadas com neoplasias – as dores noturnas ou que não melhoram
com repouso devem alertar para neoplasias.
Quanto ao exame físico, deve ser iniciado com a análise da marcha. Porém, a
parte mais importante do exame é a palpação, podendo revelar pontos dolorosos
miofasciais paramedianos com a sensibilidade anormal durante pressão do espaço
interespinhoso na linha mediana, sinal que tende a ser indicativo de doença discal ou
instabilidade segmentar.
Além disso, é fundamental a identificação, durante a anamnese, de dores não
orgânicas. Existem alguns sinais clássicos que sugerem isso, sendo que, com a pre-
sença de 3 ou mais, a chance do sintoma não ser orgânico aumenta, como:
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5. Distração da manobra de elevação do membro inferior estendido: o sinal de
Laségue é positivo, porém, se sentado, a extensão do membro inferior não é
dolorosa;
6. Regionalização da sensibilidade: perda de sensibilidade que não segue
dermátomo;
7. Superação: resposta dolorosa exagerada a um estímulo que, quando repetido,
não tem a mesma reação.
Se liga! Red flags: Início gradual; idade < 20 ou > 50; Dorsalgia asso-
ciada; duração > 6 semanas; história de trauma; febre, calafrios e suor noturno;
perda de peso; piora com o repouso; analgesia ineficaz; história de neoplasia;
imunossupressão; procedimentos – bacteremia; uso de drogas EV; hipotensão;
palidez; hipertensão extrema; massa abdominal pulsátil; sensibilidade das apófi-
ses espinhosas; sinais neurológicos focais; retenção urinária aguda.
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a causa da dor lombar. A discografia com teste provocativo consiste na injeção de
contraste radiopaco intradiscal sob pressão menor que 50 psi e análise das caracte-
rísticas da ruptura anelar e, mais importante, avaliação da dor causada pela injeção.
Ademais, injeções intra-articulares podem ser utilizadas no auxílio diagnóstico de
dores facetarias e sacroilíacas.
Apesar das diversas ferramentas diagnósticas, alcançar um diagnóstico específi-
co da dor lombar frequentemente não é possível.
DIAGNÓSTICO
Baseado na clínica
Exames Complementares
RM
TC
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5. Tratamento
• Terapia não farmacológica: A terapia não farmacológica é baseada em mu-
danças comportamentais, como perda de peso, prática de exercício físico,
fisioterapia e medidas terapêuticas como: terapia cognitivo-comportamental,
acupuntura e outas. Como dito anteriormente, o repouso deve ser desencoraja-
do, e os pacientes devem ser orientados a manter suas atividades rotineiras, o
que leva a recuperação mais rápida e menor incapacidade a longo prazo.
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Considerando-se as terminações nervosas livres do ânulo fibroso como fontes de
dor, terapias intradiscais com esse alvo foram desenvolvidas. Dessas, a mais estu-
dada foi a terapia eletrotérmica intradiscal, que consistem na termoablação do ânulo
fibroso através de colocação do eletrodo guiada por radioscopia.
O procedimento mais estudado para o tratamento cirúrgico da lombalgia por
degeneração discal é a artrode-se do segmento envolvido. O racional para esse
tratamento seria a remoção de toda a origem da dor, por meio de uma discectomia
ampla, associada a substituição anatômica do disco e estabilização do segmento
vertebral. Uma das preocupações em se realizar uma fusão segmentar na coluna
lombar é o desenvolvimento de sobrecarga dos segmentos adjacentes com conse-
quente sintomatologia de incapacidade com seguimento de longo prazo.
LOMBALGIAS
Tratamento
SIM NÃO
NÃO SIM
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TC Sinais de alarme
Anomalias Congênitas
Exames
RM Complementares Refratariedade
Mecânicas Degenerativas
Suspeita de lombalgia
Traumatismo
Baseado na clínica Espondilite anquilosante;
AR; Fibromialgia
Diagnóstico S. Aureus
Infecciosas TB
Brucelose
Tratamento Etiologias
NÃO SIM
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Referências
MARTINS, Milton de Arruda. Clínica Médica. 2. ed. São Paulo: Manole, 2016.
SIRQUEIRA, MARIO G. Tratado de Neurocirurgia. 1. Ed – Barueri, SP: Manole, 2016.
Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: < https://www.
shutterstock.com/image-illustration/3d-illustration-showing-painful-herniated-
disc-1681729564 >. Acesso em: 24 de janeiro de 2023
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