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ARTIGOS

Modelos de
comunicação e
divulgação científicas
- uma revisão de
perspectivas
Marcos Gonçalves Ramos INTRODUÇÃO quais cada pesquisador apresenta a sua
contribuição pessoal, é urna atividade co-
letiva na qual cada um de nós vai construindo
A parte inicial deste artigo* é menos uma a sua parte por cima do trabalho rea-
revisão de literatura que uma análise sin- lizado pelos nossos predecessores, numa
tética dos conceitos e metodologias dos colaboração competitiva com a dos nos-
estudos já desenvolvidos sobre os proces- sos contemporâneos. A natureza do sis-
sos de transmissão da informação intra- tema de comunicação é, portanto, vital para
comunidade científica e desta para a socie- a ciência, situando-se virtualmente no ama-
dade em geral, o que caracterizou, portan- go do método científico." (grifo nosso)
to, uma revisão de perspectivas teóricas. (Ziman)1.
Foi possível, assim, tanto a identificação
A ciência enquanto conhecimento público,
de abordagens (algumas divergentes) den-
ou seja, fruto do debate e do confronto de
tro de uma mesma área, tais como a socio-
idéias e conceitos, concretiza-se material-
logia do conhecimento e a comunicação ci-
mente quando o cientista publica sua "con-
entífica, quanto abordagens similares
oriundas de áreas distintas do saber, por tribuição pessoal, corrigida e purificada
exemplo, a filosofia, a bibliometria e a co- pela crítica recíproca"2 em um documento,
municação social. O procedimento serviu por exemplo, livro ou artigo de periódico.
para demonstrar a complexidade e relevân-
cia do tema em questão, caracterizado por O momento do debate interpessoal de pro-
seu enfoque multidisciplinar. blemas científicos é chamado de "comuni-
cação informaçãol", a qual tem, nos " co-
Resumo Apresentam-se, então, quatro modelos légios invisíveis", o seu maior exemplo.
básicos de comunicação científica, a sa- O termo traduz a filiação por interesses
O artigo apresenta quatro modelos básicos de ber, difusionista, paradigmático, crítico ou comuns, os membros de uma comunidade
comunicação e divulgação científicas, a saber: intelectual, mas não institucionalizada .
o difusionista, o paradigmático, o crítico ou
dialético e o culturalista.
dialético e o culturalista. Enfatiza, por meio de
uma revisão de perspectivas teóricas, a MODELOS DE COMUNICAÇÃO De maneira abrangente, a dinâmica da
complexidade e relevância deste tema, comunicação caracteriza-se pelo trâmite da
caracterizado por seu enfoque multidisciplinar.
CIENTÍFICA comunicação informal à comunicação for-
mal, esta última objetivada em uma série
Palavras-chave MODELO DIFUSIONISTA de produtos: livros, artigos, papers e ou-
tros. Tal processo foi caracterizado por
Transferência da informação; Comunicação A ciência da informação tem, nos fenôme- Christóvão4 : "suas relações formam uma
científica/Modelos/Revísão teórica. nos de geração, uso e transmissão da in- espécie de rede na qual fluem cientistas e
formação na comunidade científica, um dos produtos, interagindo aqui e ali conforme
Este artigo faz parte da tese Divulgação da seus principais objetos de estudo. Filóso- as necessidades da troca de informação
Informação em Energia Nuclear: ideologia, dis- fos e historiadores da ciência, como que estas possam acarretar (...) o cientista
curso e linguagem defendida em 14/08/92, para Popper, Price, Merton, Ziman e Bordieu, dispõe de liberdade para agir em toda a
obtenção do grau de mestre em Ciência da In- entre outros, são os autores que mais têm escala simultaneamente e num fluxo
formação pelo Instituto Brasileiro de Informação contribuído para o reconhecimento da im- contínuo".
em Ciência e Tecnologia (IBICT) e Escola de portância do sistema de comunicação da
Comunicação Eco (UFRJ), sob a orientação da ciência e de sua análise ulterior, nas áreas
Professora Lena Vania Ribeiro Pinheiro. Tam- Em um sistema de comunicação formal, o
de filosofia, ciência da informação e comu- meio de comunicação científica mais ca-
bém agradecemos o apoio dado pelo CNPQ e
nicação científica. Segundo Zimam, a ciên- racterístico é o artigo científico sobre o re-
Faperj para a realização da pesquisa e ao La-
boratório de Tecnologia da Informação- IBICT. cia, por sua própria natureza, "constitui um sultado de pesquisa publicado no periódi-
conjunto de conhecimentos públicos, aos co científico. "O seu formato geral tem

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permanecido quase inalterado durante três cessidade de representar um elemento ma de organização da estrutura cognitiva
séculos (...) eles possuem características empiricamente verificável (a informação), do mundo científico sobre a qual se assen-
significativas, as quais nos contam muita a fim de que se possa analisar, em termos tam as bases de comprometimento e con-
coisa sobre a comunidade científica e so- quantitativos, o contato feito. O conceito de senso aparente que fundam a ciência nor-
bre o modo como ela trabalha"5. transmissão de informação é mais válido mal e a gênese de sua tradição de pesqui-
em termos de seus produtos finais do que sa. Ele discorda, portanto, da teoria dos três
A literatura cientifica possui, então, segun- no processo como um todo e participante mundos de Popper, principalmente no as-
do Ziman , três características fundamen- de um contexto cultural definido, que no pecto que diz respeito à separação entre o
tais, a saber: modelo de Goffmam é simplesmente mundo 2 - a esfera subjetiva, mundos dos
inexistente. Isto, porque a informação, nes- estados mentais - e o mundo 3 - da reali-
a) fragmentária - devido à veiculação de te modelo, é um instrumento regulador, e dade inteligível (autônoma) do mundo do
artigos em periódicos que são, na não um instrumento de mudanças. conhecimento objetivo.
maioria das vezes, fragmentos de traba-
lhos científicos ainda em andamento; MODELO PARADIGMÁTICO Para Popper9, o processo de desenvolvi-
mento do conhecimento científico se dá
b) derivativa - por se apoiar em trabalhos Este fluxo da comunicação informal até sua mediante a corroboração de teorias: esco-
realizados anteriormente, o que é evi- integralização na literatura caracterizaria, lhe-se a mais improvável das teorias resis-
denciado pela utilização de referências em um dado momento, não apenas o es- tentes aos testes de verificação, ou, em
e citações; tágio de desenvolvimento de uma área de outras palavras, aquela que possa ser tes-
conhecimento, mas, sobretudo, a visão de tada mais severamente. Assim, uma lei ou
c) editada - ou seja, avaliada pelos mundo dos membros de sua comunidade: teoria produz apenas um conhecimento
referees (avaliadores). a escolha dos métodos a serem aplicados aproximativo do real, sempre sujeito a crí-
e, conseqüentemente, as observações e ticas e testes mais rigorosos.
Assim, para Ziman, as características do experiências consideradas relevantes.
sistema de comunicação formal refletem- Tal "conhecimento aproximado" não ocor-
se diretamente na estrutura intrínseca de Este modelo abrangente Kuhn8 chamou de re, pois, em um processo acumulativo e
seu veículo de comunicação mais utiliza- paradigma: contínuo (Price) ou de revoluções internas
do-o periódico científico. da "ciência normal" (Kuhn), mas por meio
"Essas transformações de paradigmas são de um processo cognitivo (e mesmo
O modelo de comunicação científica apre- revoluções científicas e a transição suces- evolutivo) de "re-criação" de teorias a par-
sentado não difere, em essência, de ou- siva de um paradigma a outro, por meio de tir de sua refutação por modelos mais preci-
tros modelos cujos autores também se si- uma revolução, é o padrão usual de de- sos dentro da objetividade do método
tuam em uma perspectiva difusionista da senvolvimento da ciência amadurecida (...) científico: a intersubjetividade do método
ciência em seus princípios e métodos. É o a criação de periódicos especializados, a é construído socialmente por cientistas que
caso, por exemplo, do "modelo epidêmico fundação de sociedades de especialistas submetem suas observações e teorias a
de transmissão de idéias", de Goffman7 : o e a reivindicação de um lugar especial nos um debate público entre os pares.
crescimento de uma lógica simbólica, como currículos de estudo têm geralmente esta-
de qualquer outra disciplina científica, é do associadas com o momento em que o MODELO DIALÉTICO
caracterizado pelo processo de evolução grupo aceita pela primeira vez um
e difusão. Isto é, dada uma certa justapo- paradigma único." Assim, Kuhn faz a dis- Segundo Habermas, "a ciência empírico-
sição de idéias na mente de um indivíduo, tinção entre ciência normal, paradigmática, analítica está voltada para a produção de
ou nas mentes de um grupo de indivíduos, da ciência emergente possível de suplan- regras, seja pela construção de teorias,
emergem, pois, sínteses e novos concei- tar as premissas teóricas existentes, inau- orientada criticamente, seja por veri-
tos. (...) Tem sido apontado que a trans- gurando, então, um novo modelo conceituai ficabilidade crítica (conforme proposto por
missão de idéias dentro de uma comuni- e operacional. Popper). A partir do jogo das conexões
dade científica e a transmissão de doen- hipotético-dedutivas, é possível se retirar
ças infecciosas são ambas casos especí- A teoria de crise e revolução de paradigmas leis (hipotéticas) com conteúdo empírico
ficos de um processo mais geral, o proces- científicos não ultrapassa por completo que, por sua vez, permitam formular prog-
so de comunicação. Conseqüentemente, a uma visão evolucionista e cumulativa do nósticos, desde que existam condições ini-
transmissão de idéias pode ser estudada desenvolvimento da ciência, mas abre a ciais básicas. Um possível conhecimento
em termos de um processo epidêmico". possibilidade de ruptura de processos: as empírico-analítico implica um conheci-
revoluções científicas são geralmente pre- mento capaz de previsão. Mas o sentido
Este modelo de materialização e cresci- cedidas pela intensificação do fenômeno destas previsões, seu valor técnico, é re-
mento da informação científica tem servi- de incomensurabilidade dos discursos sultante unicamente da regra, elemen-
do para nortear o planejamento de siste- científicos, ou seja, o choque causado por to de mediação entre a teoria e a realidade.
mas e serviços de informação, por exem- diversos discursos em suas diferentes (grifo nosso)
plo, na identificação de um crescimento maneiras de ver e praticar a ciência. Nos
exponencial da literatura científica, assim períodos de crise, os paradigmas corren- (...) Tomados conjuntamente, os dois mo-
como estudos bibliométricos que assina- tes não mais conseguem controlar, de mentos, isto é, a construção lógica do sis-
lam os cientistas "mais produtivos" e os modo unívoco e onisciente, a proliferação tema de proposições admitidas e o tipo de
"mais citados" e, ainda, os periódicos que de discursos e práticas, sendo, então, condição de verificabilidade, sugerem a
reúnem maior número de artigos, em um substituídos por aquele que melhor repre- interpretação: a teoria da ciência experi-
determinado período de publicação. sente a nova visão de mundo (e prática) mental dissocia a relação existente entre
da ciência. a realidade e ò interesse, mediante uma
Portanto, a analogia entre a transmissão ação racional que tem em vista as conse-
de um material infeccioso e a transmissão O modelo paradigmático de Kuhn apresen- qüências previsíveis. Nada mais é do que
de idéias/conhecimento vem atender a ne- ta, além de uma estrutura teórica, uma for- determinação do interesse intelectual pe-

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los recursos técnicos atuando sobre pro- MODELO CULTURALISTA na corrente francesa assumida por
cessos objetivados. Ele propõe, então, um Roqueplo e Jourdant.
quadro metodológico baseado em uma Na modernidade, talvez seja a ciência o
ciência históríco-hermenêutica, na qual "o instrumento ideológico mais importante das A definição de conceitos, como os de difu-
plano da linguagem formalizada e o da sociedades industrializadas, porque não são, divulgação, vulgarização e outros de-
experiência objetivada ainda não são dis- apenas oferece o conhecimento técnico pendem, basicamente, do contexto teórico
tintos. Nem a teoria é construída dedutiva- materializado em bens e formas de con- ou praxis na qual ela se insere. Na área de
mente, nem a experiência é organizada trole sócio-econômicas, mas também é res- economia, por exemplo, o conceito de di-
tendo em vista o resultado da operação. ponsável pela manipulação do imaginário fusão aparece ao fado do processo de ino-
O acesso aos fatos é dado por intermédio social: o discurso científico não só abran- vação de técnicas, "ele é normalmente usa-
da compreensão do sentido, em lugar da ge a produção bibliográfica veiculada na do para descrever a dispersão de discre-
observação" . comunicação formal, mas também o uni- tas mudanças técnicas identificáveis por
verso da comunicação informal, no qual os sucessivas ondas de adoções" .
Também baseado em um modelo dialético, cientistas exerceriam uma política interna
Bordieu11 analisa o campo científico en- do campo por meio de vocabulários com- Bueno16 amplia o concerto de difusão de
quanto um lugar de luta dividido entre dois plexos de trocas simbólicas e interpreta- Pasquali17 a todo e qualquer processo ou
grupos distintos, cujos agentes "estão de- ções, cujo uso depende tanto da estrutura recurso utilizado para a veiculação de in-
sigualmente dotados de capital cientifico do campo, quanto da posição de cada um formações científicas e tecnológicas. A ex-
e, portanto, desigualmente capazes de se dentro do campo.
tensão do conceito permite abranger os
apropriarem do produto do trabalho cientí-
fico que o conjunto dos concorrentes pro- periódicos especializados, os bancos de
As normas da ciência não definiriam, pois, dados, sistemas de informação e o próprio
duz pela sua colaboração, ao colocarem "claras obrigações sociais as quais os ci-
jornalismo científico.
em ação o conjunto dos meios de produ- entistas geralmente se adaptam, mas a
ção científica disponíveis". Assim existem vocabulários flexíveis empregados pelos
"os dominantes, ocupando as posições participantes nas suas próprias ações e a Desta forma, Bueno estabelece dois níveis
mais altas na estrutura de distribuição do de seus pares em vários contextos sociais. para o pleno desenvolvimento do fenôme-
capital científico, e os dominados, isto é, Os detalhes desta dinâmica social na no da difusão:
os novatos, que possuem um capital mais ciência não estão ainda bem estabeleci-
importante quanto maior é a importância dos". (Mulkay)'3 a) difusão para especialistas, entendida
dos recursos científicos acumulados no como disseminação da ciência e da
campo". Estas duas variáveis fundamentais que tecnologia;
regem a comunicação informal - negocia-
As estratégias de subversão " implicam a ção de significados e interpretação de da- b) difusão para o público em gera), ou seja,
redefinição completa dos princípios de dos (grifo nosso) - serão também incorpo- a divulgação científica.
legitimação da dominação" , quando mé- radas à dinâmica da produção do conheci-
todos e objetos da antiga ordem são des- mento-, o padrão de crescimento da ciên-
montados. Quanto maior a autonomia do cia não seria caracterizado por grandes "Na prática o que distingue as duas ativi-
campo científico (quando já estão revoluções de modelos teóricos cujos re- dades não é somente o objetivo do
objetivados o método e as normas de cen- comunicador, ou mesmo o tipo de veículo
sultados levariam a um maior conhecimen-
sura em mecanismos e disposições pró- to e, conseqüentemente, a um maior con- utilizado, mas, sobretudo, as característi-
prias), há maior homogeneidade entre os trole do real; "mas à criação e exploração cas particulares do código utilizado e do
interesses dos concorrentes estimulando de novas áreas de ignorância," (Holton)14 profissional que o manipula", (grifo nosso)
"acordos táticos" entre os participantes, ao
passo que decrescem as estratégias de Entretanto, é preciso ressaltar que a ciên- A disseminação científica apresenta, en-
subversão . cia da informação tem, na corrente tão, "não se pode falar aqui em termos
difusionista, um dos seus principais mode- de código fechado porque se destina à
Assim, as grandes revoluções periódi- los de teorizaçâo e prática. Neste modelo troca de conteúdos específicos de in-
cas previstas por Kuhn dão lugar a inú- de base analítica, persiste a dicotomia na formações a um público especializado
meras pequenas revoluções permanen- discussão entre internalismo/externalismo de uma área ou à áreas conexas. O có-
tes em que as forças de coesão que re- da ciência com a sociedade, já a teoria crí- digo está sujeito à tradução para os de-
gentes do funcionamento do campo de- tica de Habermas e a "moderna filosofia da mais integrantes de outras áreas de co-
finem tanto a ordem normal a ser segui- ciência" têm sugerido modelos outros que nhecimento. Assim, é difusão para o públi-
da, quanto o impacto "das rupturas" que levam em consideração a questão da lin- co leigo, visto que o código, o conteúdo e
se realizam com assistência institu- guagem, os mitos e o juízos de valor que mesmo o próprio ambiente em que ocorre
cional. Desta forma, as revoluções per- envolvem esta relação da ciência e a so- a disseminação eliminou, a priori, os não
manentes tornam-se cada vez mais des- ciedade. Estes últimos modelos serão dis- especialistas"19 .
providas de efeitos políticos em niveis cutidos ao lado dos estudos mais recentes
interno (comunidade científica) e exter- sobre a questão da divulgação. A divulgação científica, ao abranger o gran-
no (sociedade). de público, pressupõe um processo de
recodificação, isto é, a transposição da lin-
Estratégias de conservação e subversão
MODELOS DE DIVULGAÇÃO/ guagem especializada para uma linguagem
se equilibram em um universo em que a VULGARIZAÇÃO DA CIÊNCIA E não especializada, com o objetivo de tor-
ciência perde seu potencial de critica so- DA TECNOLOGIA nar o conteúdo acessível a uma vasta au-
bre as relações de dominação e regulação diência. A divulgação científica, portanto,
das forças produtivas para se tornar mais Introduziremos o termo vulgarização cien- inclui não apenas a mídia impressa (jor-
um instrumento de manutenção do Estado tífica (vulgarisation scientifíque) como si- nais, revistas e livros), mas também todos
e da classe dominante. nônimo de divulgação, tal como aparece os demais canais áudio-visuais.

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O conceito de jornalismo cientifico enquanto fronto com a crítica sociológica em tomo A estes três níveis de impacto da divulgação
mídia impressa, proposto por Bueno, é, na de suas funções e práticas exercidas. científica descritos nestas linhas de estudo
verdade, uma amálgama das caracte- correspondem três tipos diferentes de
rísticas básicas do jornalismo em sentido Com a caracterização geral das duas cor- recepção/apreensão da mensagem di-
amplo, enunciados por Otto Groth, aliada rentes, a primeira apresenta o vulgarizador fundida23: No primeiro, "o social é visto aqui
à definição dada por José Marques de como agente de transmissão do saber, vi- como sistema de filtros e amplificadores da
Melo. De tal maneira, que o jornalismo sando uma melhor integração do homem informação que se apresenta como um ele-
científico deve "apresentar atualidades so- da rua com a sociedade moderna, ao pas- mento neutro em relação aos objetivos do
bre os fatos (descobertas) e as pessoas so que a crítica sociológica revela, ao con- grupo ou servindo para melhorar as rela-
(cientistas e técnicos); universalidade na trário, que a vulgarização tende a manter ções entre o indivíduo com seu meio am-
cobertura dos diferentes ramos da ciência; a distância entre o público e a comunidade biente." O modelo epidêmico é o que mais
periodicidade no ritmo das publicações em científica. se aproxima deste tipo de análise.
conformidade com o crescimento da ciên-
cia e difusão, circulação pela coletividade De um modo geral, "os estudos sobre a
No segundo, leva-se em conta a elabora-
(...) o jornalismo científico é, então, um pro- divulgação científica têm se concentrado
ção conceituai, a qual o receptor submete
cesso social que se articula a partir da re- na questão da eficácia das ações e pro-
os materiais que ele recebe e os condicio-
lação (periódica/oportuna) entre organiza- gramas de vulgarização em relação aos
namentos sócio-culturais que envolvem este
ções formais (editoras/emissoras) e coleti- seus diversos objetivos visados. Nesta
processo de avaliação, seleção e in-
vidade (público/receptores), através de perspectiva, tais estudos tendem a exami-
terpretação de informações novas. É quan-
canais de difusão (jornal/revista/rádio/tele- nar tanto os aspectos cognitivos quanto os
do se coloca a seguinte questão sobre este
visão/cinema) que asseguram a transmis- aspectos afetivos e psicossociais em suas
processo de formulação/reformulação de
são de informações (atuais) de natureza qualidades de ajuda e/ou de obstáculo à
conceitos e idéias: "a que corresponde, de
científica e tecnológica em função de inte- recepção e ao impacto das mensagens di-
um ponto de vista sócia), esta maior capa-
resses e expectativas (universos culturais fundidas 22 ".
cidade de compreensão e este mais alto
ou ideológicos). (Bueno)20.
nível de informação (...) a difusão dos co-
Os autores destacam três linhas de pes- nhecimentos científicos e técnicos não le-
Deve-se observar, contudo, que este con- quisas para estes estudos: variam a aumentar as distâncias culturais
ceito partilha, com a perspectiva
já existentes ou as reduziriam de uma ma-
difusionista da ciência, seu modelo
A vulgarização cientifica e técnica como neira particular".
operacional: o jornalismo cientifico é tido
como um "processo social" que articula as meio de comunicação a partir do mo-
normas e princípios do "ethos da ciência" delo clássico de emissor, receptor, ca- O último nível diz respeita à incidência da
(universalismo, livre circulação de idéias e nal e mensagem. A diferença em rela- divulgação científica sobre a reestruturação
de informações, o cientista idealizado em ção a outros estudos de comunicação do espaço de vida dos indivíduos/grupos
sua busca desinteressada por novas des- que adotam o mesmo modelo reside no que foram alvo de seus produtos: "nós po-
cobertas que venham a impulsionar o pro- conteúdo da mensagem, ou seja, um demos observar, de fato, transformações
gresso da sociedade etc.) fato ou conceito de caráter técnico ou nas pessoas tocadas: seus novos conhe-
científico. São os estudos sobre o divul- cimentos impulsionaram uma recon-
Tal terminologia deixa apenas indicada a gador da ciência como "o terceiro ho- sideração de seus modos de vida e de tra-
existência de um "processo de recodi- mem", por exemplo. O agente capaz de balho, repercutindo sobre as estruturas
ficação" e de um código necessários para fazer a ligação entre "o homem da rua" profissionais nas quais eles se encontram
prática de divulgação em termos do trata- e o "cientista". inseridos, abrindo, assim, um processo de
mento da linguagem a ser utilizada. Mas trocas e de efeitos (...) é o nível no qual as
como se dá a construção deste código? A informação enquanto objeto de consu- pesquisas são as mais raras e as mais di-
Como é realizada a transposição da lingua- fíceis de conduzir, mas onde elas seriam
mo. Neste caso, deve-se fazer a distinção
gem de um sistema científico para outro as mais necessárias"24, sobretudo se nós
entre as abordagens que enfocam seja o
não cientifico? admitimos que o papel social da divulgação
consumo, seja a reprodução de um saber
vai além de uma simples difusão de
(sociologia da educação). A divulgação/
A EFICÁCIA DOS DISCURSOS X informações que assegurem nossa con-
vulgarização científica está voltada para
A ANÁLISE SOCIAL DA DIVULGAÇÃO fiança no papel da ciência e de seus agen-
satisfação de um público consumidor de
tes, os cientistas. Como o artigo de
sociedade tecnocrata, "despertando-lhe a
Conforme apontam Ackerman e Dulong21, Petterson25, que discute o papel dos meios
curiosidade e criando atitudes favoráveis
"existem duas correntes de pesquisa sem de comunicação na percepção dos riscos
para a incorporação da ciência e a técnica
comunicação uma com a outra: a primeira reais de contaminação pelos habitantes
na sociedade".
enfoca os problemas pedagógicos da difu- de Goiânia, na ocasião do acidente, em
são dos conhecimentos científicos, enfer- 1987.
A vulgarização e o processo de "de-
mos de sua eficácia "aquisição de um saber e gradação" de informação. Aqui o processo
de uma competência técnico-científica. A de difusão da informação é analisado em De um lado, as linhas de pesquisas ante-
outra, mais propriamente sociológica, função de um mecanismo possível de con- riormente descritas ampliaram o escopo da
coloca o fenômeno da vulgarização como trole para um melhor rendimento, isto é, o análise da divulgação científica e seu im-
fato social cuja significação relaciona-se conhecimento difundido é definido como pacto social, acabando por inseri-la em
com os mecanismos de repartição do um "bem, um objeto cultural, cuja forma um sistema de valores e significados
saber em um conjunto social". A oposição mais complexos. Por outro lado, o alcance
pode ser (pré) determinada idealmente", de
entre estas duas correntes situa-se na de seus resultados revelam-se limitados,
maneira a reduzir as diferenças conside-
divergência de dois tipos de discurso so- se reduzidos a critérios de eficiência,
radas negativas existentes entre o momen-
bre a imagem que o divulgador/vulga- controle das mensagens emitidas/
to da emissão inicial da mensagem e o pro-
rizador da ciência faz de si próprio em con- recebidas.
duto final recebido.

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Modelos de comunicação e divulgação científicas - uma revisão de perspectivas

Contraditoriamente, tais conceitos sobre- OS MECANISMOS DE Moscovici34 observa que "o campo de re-
põem, à análise sociológica dos fenôme- REPRESENTAÇÃO DA CIÊNCIA presentação da psicanálise engloba tanto
nos de divulgação, critérios de avaliação a imagem do analista quanto do analisa-
puramente técnicos e dificilmente opera- Nesta perspectiva, Jourdant conclui que a do, a ação da análise e a prática da qual
cionalizáveís em processos não mecânicos vulgarização cientifica objetiva menos ela mais se aproxima. Desta forma, o uni-
e repetitíveis. transmitir o conhecimento científico por si, verso da representação apresenta uma
que divulgar sua própria visão da ciência e hierarquia de grupos e elementos".
Em termos de análise semântica, "o sério da tecnologia em um dado momento: "a
controle da mensagem" parece menos im- vulgarização apenas indica o lugar do ver- Comparando-se, então, o conceito de re-
portante que a observação do processo de dadeiro, jogando com o verossímil" , ou presentação com o de conhecimento cien-
significação (semiosis) entre os agentes. seja, a vulgarização constrói um discurso tífico (enquanto um saber objetivo),
Os processos de representação não pos- secundário em relação à "re-presentação" Roqueplo35 estabelece três oposições bá-
suem elementos tangíveis de mensuração da ciência em seus agentes e objetos, por sicas que comprometeriam o objetivo dos
física, como se signos e símbolos pudes- meio da estrutura do mito, enquanto seu discursos de divulgação em levar este tipo
sem ser calculados em uma escala linear sistema de significação é construído a par- de conhecimento para o público:
(de graduação/degradação), onde fossem tir de materiais ideológicos comuns (mas
marcados os pontos inicial e final do pro- não necessariamente familiares) entre o 1) o conceito de científico é um nó de rela-
cesso de assimilação/inferprefação de uma emissor e receptor de uma mensagem, ções definidas em termos operacionais,
mensagem. permitindo-se, assim, a comunicação en- ao passo que a representação é o modo
tre eles. de conhecimento predominantemente
figurativo;
Se os esquemas de emissor/receptor/ca-
nal/mensagem e/ou o modelo epidêmico O público da vulgarização cientifica não
aprende a conhecer a ciência e a 2) o primeiro revela uma lógica de relações,
são funcionais e práticos para o enten-
tecnologia, mas sim a reconhecê-la por in- a segunda (a representação) revela uma
dimento do processo de comunicação e,
termédio de um sistema de ícones e sím- lógica de atributos, isto é, qualidades e
ainda, suas operacionalizações em termos
bolos (nomes de laboratórios, terminologia, propriedades dos elementos;
matemáticos levaram a concepções de
modelos cibernéticos como o de gráficos, aparelhos etc.). Tal sistema de
significação que recobre o discurso cientí- 3) em conseqüência, ocorre, ao nível da
Shannon, sua utilização para análise dos
fico de um novo sentido é chamado por linguagem, as divergências mais profun-
meios de divulgação implica o risco de
Jourdant de "cientificidade". das: a passagem do conhecimento co-
"fazer tabula rasa" de uma série de fenô-
mum ao conhecimento objetivo não
menos mais complexos que envolvem a
As pesquisas sobre as representações do pode se fazer no interior da linguagem
representação social da informação cien-
papel da ciência e da tecnologia tentam usual, esta serve apenas de comentá-
tífica e técnica.
aproximar o domínio da conduta socíal do rio e de acompanhamento.
Outro aspecto importante sobre os estu- indivíduo: as representações estão direta-
dos em torno da "eficiência informativa" da mente relacionadas às práticas cotidianas Nessa linha de pensamento, Migne36 con-
vulgarização e dos modos de aper- que elas orientam, às quais elas dão um clui que os discursos de divulgação não
feiçoamento de sua assimilação pelo pú- sentido e a partir das quais elas podem ser ultrapassam o universo do discurso - "a
blico, de maneira a criar "uma atmosfera a modificadas. divulgação dos conhecimentos passa pe-
mais favorável possível para os produtos las palavras, mas, muitas vezes, não faz
da ciência e da técnica" podem ter como Dois estudos que mais se destacaram nes- mais do que passar palavras".
objetivo final a adesão dos agentes a polí- ta linha de abordagem foram de S.
ticas científicas e programas de ação pre- Moscovici31 , "Psychanalyse son image et A divulgação/vulgarização usando de uma
determinados pelo Estado. son public", e de Roqueplo , "Le partage linguagem vazia que preenche uma função
du savoir"32. social de prestígio (tem-se a impressão de
Deste modo, a divulgação é vista como o conhecer, o objeto porque conhecemos as
processo mais amplo de persuasão e in- Moscovici realizou um estudo sobre a pe- palavras-chave sobre ele), e uma função
fluência social, no qual os estudos da área netração de teorias psicanalíticas no pú- psicológica (nós cremos saber porque nós
biomédica produziram o veemente traba- blico francês, Roqueplo traçou um movi- sabemos designar)... há, pois, "um mal
lho de Cavalieri27 sobre as implicações po- mento inverso, isto é, analisou como de- entendido lingüístico" onde a ilusão de ser
líticas da descoberta do DNA e o artigo de terminadas formas de representação da compreendido e a ilusão de poder com-
Gregory28 sobre a influência da opinião vida cotidiana são absorvidas pelos discur- preender se reforçam mutuamente". O co-
pública para o redimensionamento da pes- sos de vulgarização científica. Deve ser nhecimento científico na visões de Migne
quisa sobre "a síndrome da morte súbita ressaltado, entretanto, o fato de o autor e Nagel é uma correlação entre uma ex-
de crianças". retomar o conceito de representação pressão lingüística e uma manipulação
social expresso por Moscovici. (experimento), sem a qual os fenôme-
Estes mecanismos de persuasão também nos estudados ficariam no nível "da lin-
ocorrem no âmbito interno da ciência, não Assim, por representação entende-se o guagem e da fé".
apenas do ponto de vista da comunicação processo mediador entre o conceito e per-
informal, mas também da política cepção do objeto.(...) é o fenômeno (ligado Desta maneira, os estudantes de física não
institucional de determinados laboratórios aos processos de orientação de conduta e pretendem apenas aprender física, mas a
ou centros de pesquisas que privilegiam de comunicação social (...) talvez a passa- alcançar a forma de "refletir em física": ana-
grandes empresas da área de química e gem de teoria científica a uma representa- Usar seus modelos de operação, proble-
bioquímica, entre outras que apresentam ção social corresponda, justamente, à ne- mas e conceitos. A ciência é uma cons-
conhecimentos estratégicos para o forta- cessidade de sustentar comportamentos trução, e não uma mera contemplação,
lecimento da política e economia do Esta- adaptados aos estados de conhecimento revelação de uma descoberta mo-
do. (Capra)29 . do real (grifo nosso). mentânea37.

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Modelos de comunicação e divulgação científicas - uma revisão de perspectivas

Tais estudos têm levado à percepção mais 1º) Unidirecional: a popularização tem ape- gação. Entretanto, analisando outros arti-
ampla do valor social dos dicursos de di- nas canais muito indiretos de feedback gos de divulgação nas revistas Newsweek
vulgação, não se restringindo apenas a entre leitores e cientistas fontes. Isto e Times, que também publicaram artigos
uma análise estatística e cumulativa dos porque os cientistas estão mais volta- sobre o fenômeno de reversão magnética
conhecimentos publicados em revistas dos para opinião de seus pares e agen- da terra, os autores não citaram Uffen, Cox,
tidas como bem de consumo imediato. Es- tes de fomento, do que para a opinião Heezen e Glass. Estes eram os pesquisa-
tas perspectivas demonstram que as repre- pública em geral. O feedback é assu- dores mais ativos sobre a questão de
sentações subjetivas não organizam ape- mido pelos editores de revistas de di- geomagnetismo do observatório Lamont.
nas as informações recebidas - elas repro- vulgação e seus jornalistas.
duzem também, de um certo modo, a parti- Assim, o padrão de referência encontrado
lha social dos conhecimentos científicos e 2°) O processo de popularização é se- nas publicações de divulgação indicaram
das responsabilidades dos cientistas. qüencial: no sentido de que dados ini- a existência de rivalidades entre membros
ciais devem passar por alguma forma da comunidade de pesquisadores estudan-
Os discursos de divulgação consagram de avaliação dos pares antes que es- do o fenômeno de geomagnetismo e, pos-
espaços de "ignorâncias legítimas"38 e fi- tejam propriamente maduros para con- sivelmente, dentro do próprio laboratório.
xam um momento de intervenção e o pa- sumo e interpretação do público não
pel social dos especialistas; conservam, especializado. A contagem de palavras demonstrou que
assim, a hierarquia particular das compe- em três dos quatro casos, o artigo mais
tências instauradas na sociedade. 3°) Altamente seletivo: apenas a uma pe- popular dos pares é mais longo que seu
quena fração da produção científica é predecessor na publicação formal. De
PERSPECTIVA BIBLIOMÉTRICA dada uma atenção jornalística. São modo análogo, os índices de legibilidade
aproximadamente produzidos 400 000 da Scientific American foram tão altos
São poucos os estudos bibliométricos vol- artigos por ano, ao passo que o nível quanto aqueles apresentados nos periódi-
tados para a área de divulgação como a de produção de itens de divulgação (ar- cos científicos.
análise de citação realizada por Kidd39 em tigos, resenha, notas etc.) não excede
quatro pares de artigos publicados em pe- 2000. O autor conclui "que determinados dados
riódicos científicos (Science e Nature), sobre a existência de redes de trabalhos e
cujos conteúdos foram repassados para 4°) O processo de popularização envolve relacionamento intrapessoal que não são
jornais e revistas de divulgação (American tanto a consolidação quanto a seleção: discerníveis a partir de padrões normais de
Scientific, Time). Os artigos foram os se- o artigo de divulgação pode reunir uma citação foram identificados no Scientific
guintes: pequena subliteratura de relatórios ci- American (...). Entretanto, estas análises
entíficos originais provenientes de um não têm sido feitas em material de divul-
O primeiro par refere-se à área de variado conjunto de pesquisadores, e gação. Conseqüentemente, foi intrigante
geomagnetismo, publicado na revista alguns são resumos de revisões cientí- encontrar fenômenos análogos nestas pu-
Science (26/6/1964), com autoria de A. ficas. blicações" 40.
Cox, R.R. Dorll, G.B. Dalryple, intitulado
"Reversals of the earth's magnetic field" 5°) O processo de popularização requer a Estes resultados vão ao encontro dos es-
(Reversões do campo magnético da terra), função de acomodação: no sentido de tudos de Collins e Pinch41, que, ao anali-
e outro artigo publicado na Scientific adaptar o estilo, a forma do argumento sarem o debate entre parapsicólogos e
American 216 (02/1967), com os mesmos lógico e o vocabulário adequado pelo cientistas ortodoxos, identificaram dois
títulos e autores. público alvo. fóruns nos quais o debate se estruturou:

O segundo par é sobre tetradoxinas, de H.S À análise dos resultados, devido à amos- "De um lado há o que pode ser chamado
Mosher; F. A Fulrman, H.D Buchwald, H. tra restrita, não foi possível dar um trata- de "fórum constitutivo" - que compreende
G. Fischer, intitulado "Tarichatoxin- mento estatístico, mas serviu para gerar as teorias cientificas e experimentos e
tetrodotoxin: a potent neurotoxin," Science, hipóteses sobre o comportamento da lite- corresponde à publicação e crítica nos pe-
144 (23 May; 1964). O artigo de divulgação ratura de divulgação. riódicos científicos e, talvez, nas conferên-
teve autoria única de F. A Furmam, intitula- cias formais. Por outro lado, há o fórum no
do "Tetradotoxim", publicado no Scientific Nos últimos 20 anos, 1967-87, o atraso qual ações - segundo a antiga filosofia or-
American, 217 (08/1967). O terceiro par é entre a publicação em um periódico cientí- todoxa - não são supostas a afetar a cons-
sobre a física teórica, ambos de M. B. Green, fico e, a seguir, na revista Scientific tituição do 'conhecimento científico'. Nós
com o título de "Unification of faces and American caiu pela metade e ainda aumen- os chamaremos fórum contingente' onde
particles in superstring theory", publicado no tou o número de edições em outras revis- são encontrados os conteúdos de revistas
Nature, 314 (04/1985) e "Superstrings", tas congêneres. As referências presentes populares e semi populares, discussões e
Scientific American, 255 (09/1985). na Scientific American podem se referir a fofocas, a corrida por aumento de verbas
qualquer cientista não necessariamente e publicidade, o estabelecimento e reunião
O estudo, de caráter exploratório, serviu citado no artigo predecessor (Science ou de organizações profissionais e tudo o mais
para verificar a aplicabilidade de métodos Nature). que os cientistas fazem em conexão com
bibliométricos na área de divulgação cien- seus trabalhos, mas que não é encontrado
tífica e, ao lado de uma análise empírico e no "fórum constitutivo".
No caso do artigo sobre geomagnetismo17,
descritiva, fundamentar uma estrutura
novos nomes foram indicados na revista
conceituai básica sobre o comportamento
de divulgação. Isto porque alguns nomes No Brasil, um estudo bibliométrico foi de-
desta literatura.
referiam-se a nomes mais recentes naquela senvolvido por Cañadas42 sobre os dois
época da pesquisa e outros estavam liga- periódicos produzidos pela Sociedade Bra-
Segundo o autor, enquanto fluxo de comuni- dos a publicações mais clássicas ou de sileira para o Progresso da Ciência (SBPC),
cação, o processo de popularização da ci- caráter menos técnico e, portanto, mais quais sejam, Ciência Hoje e Ciência e Cul-
ência é visto em cinco proposições básicas: indicadas a aparecer na revista de divul- tura. A pesquisa priorizou a técnica de aná-

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Modelos de comunicação e divulgação científicas - uma revisão de perspectivas

lise de citações, tendo também estudado aos 282 500 000 exemplares: "visando a e cuja produção é destinada a revistas que
os fenômenos de vida média e um público mais amplo do que o da Ciên- se declaram explicitamente de "vulgariza-
obsolescência e chegado às seguintes con- cia Hoje e mais bem estruturada em ter- ção científica".
clusões: mos comerciais do que a revista Ciência
Ilustrada, a Superinteressante não se cons- Entretanto, apesar de não possuir status
"A revista Ciência Hoje, na sua apresen- trange em abordar temas situados além das pela comunidade científica, verificou-se
tação, ao público a que se destina e consi- fronteiras das ciências, como discos voa- que a prática da divulgação é mais forte
derando a informação que veicula, é con- dores e misticismo"43 . entre os cientistas situados no centro do
siderada como periódico de 'divulgação campo intelectual, ou seja, com mais alto
científica'. Este periódico contém, em seu Outro caso mencionado é a transforma- nível de formação universitária e que ocu-
modelo de divulgação, alguns processos ção do informativo semanal da Sociedade pam os graus mais elevados na hierarquia
semelhantes aos da comunicação científi- Brasileira para o Progresso da Ciência universitária
ca. As suas diferenças são o público alvo, (SBPC), chamado Informe, em um jornal-
o seu canal de comunicação formal, repre- Jornal Ciência Hoje - e também a Deste número, percebe-se quanto mais alta
sentado, principalmente, pelo livro, a reformulação da revista técnico-científica é a posição do cientista no campo intelec-
decodificação das informações e a citação Ciência e Cultura com mudanças de con- tual, mais ele é solicitado a fazer divulga-
de forma variada. Suas semelhanças es- teúdo e formato. ção científica. De modo análogo, quanto
tão representadas principalmente pela for- menor é o nível de formação do cientista,
ma de avaliação para publicação de arti- O Jornal Ciência Hoje, lançado em 6 de mais facilmente ele se recusa a participar
gos e os padrões temporais nos quais vei- abril de 1990, é inspirado no modelo da das atividades de divulgação, pois está
cula as informações, semelhantes aos que revista Ciência Hoje, aliado aos recursos menos investido de autoridade científica,
ocorrem na comunicação científica". da computação gráfica e à rede nacional o que na linguagem de Bordieu eqüivale a
de computadores, destinado aos membros ter um menor capital científico.
Já a revista Ciência e Cultura se apresen- da SBPC, sociedades científicas, profes-
ta ao seu público alvo e pela informação sores e estudantes, trazendo artigos, en- Esta situação é também conseqüência do
que veicula como um periódico de disse- trevistas, debates, notícias e serviços além fato de que a divulgação é uma atividade
minação científica do nível dois. Este pe- de publicidade, "inspirado no conteúdo e desprovida de legitimidade, porque ela
riódico reflete, no seu modelo de apresen- formato das revistas Nature (Ing) e Science obriga aquele que a exerce a submeter a
tação, todos os processos típicos da co- (EUA). A nova Ciência e Cultura trará notí- sua produção ao julgamento do público
municação científica: o seu público alvo são cias, resenhas, artigos, comunicações, externo "(...) contrariamente à produção
cientistas, o seu canal de comunicação perfil de cientistas, fórum de debates, pu- considerada científica. Um cientista que
principal está representado pelo artigo de blicidade, charges etc. vulgariza seus trabalhos opera em seu
periódico, não existe reformulação das in- nome próprio, uma vez que ele não está
formações veiculadas, a citação de textos No caso, a forma de apresentação de arti- nem delegando e nem é mandatário de
é livre, a avaliação de artigos para publi- gos e matérias de uma revista de divulga- uma instituição científica reconhecida"45 .
cação é feita por avaliadores e os padrões ção influenciou a reestruturação de forma-
temporais apresentados pela informação to e conteúdo de uma revista científica. Tal Assim, a divulgação escapa ao controle
transmitida caracterizam-se como proces- fato residiria não apenas na reorientação direto de uma instituição científica, só re-
sos idênticos aos da comunicação científi- de caráter estético, mas também em uma cebendo sua significação e legitimidade a
ca, salvo no que se refere ávida média — nova maneira de ler, ver e representar o partir daqueles que a praticam."(...) desta
idêntica para livros e artigos de periódicos". conhecimento científico. maneira, primeiramente os cientistas os
mais consagrados, detentores de um tipo
PERSPECTIVA CRÍTICA Para melhor determinar o valor da ativida- de autoridade pedagógica permanente
de da divulgação científica entre diferen- (Bordieu) se atribuem o direito e o privilé-
Observa-se, então, a partir dos estudos tes pesquisadores, foi realizada uma gio de vulgarizar seus escritos assumindo
anteriormente mencionados, uma aproxi- enquete pelo Centro de Sociologia Euro- os riscos inerentes. E, em segundo lugar,
mação em termos de forma e conteúdo na peu44 com 200 cientistas (103 físicos e 97 a instituição universitária delega objetiva-
apresentação dos discursos veiculados biólogos ligados ao ensino e à pesquisa mente para representar no exterior seus
nas revistas de divulgação e nos em Paris) que trabalham em laboratório de membros mais consagrados e integrados
periódicos científicos. setor público como faculdades de ciências ao seu sistema e que, portanto, mais in-
em Paris, Centre Nacionale de Ia tensamente encarnam seus valores e
Neste sentido, a linha divisória entre o pe- Recherche Scientifique (CNRS), Colégio normas"46 .
riódico científico e a revista de divulgação de France, Instituto Pasteur, entre outros.
começa a se tornar mais tênue, e, menos O universo foi dividido entre colégio A, com- Na terminologia de Boltanski e Maldidier,
que uma barreira, percebe-se mais um flu- preendendo os diretores e orientadores de o processo de acumulação do capital cien-
xo de influências entre os dois universos. pesquisas, professores e coordenadores tífico pelo qual o cientista adquire o reco-
Isto porque as revistas de divulgação res- de conferências, e o colégio B, com os es- nhecimento e notoriedade no campo é cha-
pondem às necessidades de informação de tagiários, assistentes e professores assis- mado processo de raridade e cresce a partir
um público consumidor de uma sociedade tentes. da aquisição de marcas sociais - graus
tecnocrata: é o caso dos EUA nas déca- universitários, trabalhos científicos publica-
das de 70/80, com o surgimento das revis- dos, premiações.
Interrogados sobre suas atividades de vul-
tas Discovery, Science Digest, Scientific
garização, 33% dos cientistas a justifica-
American. A vulgarização é, também, um dos meios
ram baseados em critérios sociais para dis-
tingui-las de suas atividades propriamente pelo qual cientistas renomados estendem
Conforme visto pela autora, dá-se a entra- sua ação para outros indivíduos, de outras
científicas. Esta definição social da vulga-
da no mercado editorial brasileiro da revis- classes sociais mais elevadas, aumentan-
rização é colocada pelo cientista como algo
ta Superinteressante, chegando em 1989 do, então, seu "status extracientífico", por
exterior em relação à instituição científica

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Modelos de comunicação e divulgação científicas - uma revisão de perspectivas

meio do jornalismo, entrevista, conferên- O modelo de divulgação de ambos baseia- mentação de um novo modelo de repre-
cias etc. (se faz conhecer, reconhecer e se no conhecimento científico, represen- sentação da ciência. Nós o chamaremos
honrar). tado pelo processo de inovação tecnoló- de "modelo culturalista", porque se situa,
gica. Supondo-se que os objetos técnicos por sua vez, na perspectiva teórica da
Os autores apontam uma contradição adquirem um modo de existência própria moderna filosofia da ciência. De acordo
entre os objetivos considerados "peda- e, independentemente do conhecimento com esta corrente de pensamento, tam-
gógicos" da divulgação e suas práticas abstrato que a princípio os gerou, estes bém a lógica da produção do conhecimen-
reais: "nós compreendemos, nestas con- museus objetivam transmitir o conhecimen- to está sujeita a instâncias sociais, ambi-
dições, que o tipo de vulgarização prati- to científico por meio de uma experiência güidades e paradoxos, mesmo que sob um
cada pelos cientistas mais reconhecidos sensitiva: visual, tátil ou mesmo olfativa, (aparente) rigor de representação mate-
está menos voltada à difusão de princí- como a exposição Plantas e Suas Essên- mática:
pios fundamentais, ou, ainda, à história cias (Plants and Their Scents), no Museu
de uma disciplina - o que teria, portan- de História Natural, em Paris. "... formulações matemáticas e princí-
to, uma função propriamente pedagógi- pios lógicos não têm significado até que
ca - que à difusão, ou se preferirmos, à Destes grandes empreendimentos culturais sejam interpretados em termos de pres-
divulgação de trabalhos que fizeram sua pode-se delinear sua base ideológica en- suposições não-formais; tais pressuposi-
reputação"47. quanto proposta consciente (planejada) de ções são derivadas socialmente, as pro-
representação de um objeto: a ciência vas matemáticas são produzidas por pro-
Assim, as atividades esotéricas (exteriores como tecnologia. Segundo Roqueplo, "nós cessos informais de negociação social."
à instituição científica) devem ser exercidas precisamos transmitir não o conhecimento (Bloor)51.
conforme as normas da instituição e ajus- por si próprio, mas o modo pelo qual ele é
tadas à posição ocupada pelo cientista no usado. À população poderia ser atribuída
Cada um dos modelos teóricos aqui anali-
campo, de outro modo ele pode ser excluí- uma nova tarefa: mudara maneira pela qual
sados envolve métodos e técnicas especí-
do, ao menos simbolicamente, da comuni- as pessoas vêem o mundo"48 .(grifo nosso).
ficos para coleta de dados e análise dos
dade científica. seus resultados. Por ser o modelo
Diferentemente das revistas de divulgação
difusionista o mais amplamente emprega-
A pesquisa desenvolvida por Boltanski e científica, com seu artigo escrito pelo cien-
do na área de ciência da informação, al-
Maldidier nos remete para as proposições tista e revisado por um jornalista espe-
guns de seus conceitos sobre os fenôme-
de Habermas, discutidas anteriormente, no cializado (e vice-versa), visando a comu-
nos anteriores referidos já estão mais
que diz respeito à relação entre os concei- nicar um aspecto do mundo científico (con-
sedimentados e difunfidos em maior núme-
tos de "conhecimento" e "interesse" para a certo, experimento, fato, teoria), estes pro-
ro de pesquisas.
produção da ciência de base empírico-ana- jetos buscam uma relação interativa do
Iítica. Cremos que tal quadro metodológico homem com os objetos técnico-científicos
de sua época, apesar de alguns pesquisa- Sem dúvida, a linha de pesquisa, os prin-
nos permita responder à seguinte pro-
dores afirmarem que o logus abstractum cípios e conceitos aqui apresentados, nas
posição: Qual(is) o(s) interesse(s) que
da ciência não é passível de comunicação perspectivas sociológicas de Mulkay,
orienta(m) as práticas de divulgação/vul-
aos não iniciados nas formas de constru- Bordieu e Habermas, não são facilmente
garização da ciência?
ção do discurso científico. operacionalizáveis em qualquer estudo de
caso sobre o comportamento da comuni-
ABRINDO NOVAS PERSPECTIVAS: Para outros, entretanto, esta incomuni- dade científica.
MODELO CULTURALISTA cabilidade do devir da ciência enquanto
forma de apreensão do real em uma lin- Porém, como bem frisou Cordeiro52, ao
Cabe, agora, fazer uma ressalva de outro guagem própria - conceitual (termos es- analisar os paradigmas da comunicação
tipo de apresentação, ou seja, as grandes pecíficos), simbólica (matemática em suas social:"(...) Esquecem estudantes e pro-
exposições de caráter permanente ou es- regras e fórmulas), lógica (indutiva, dedu- fessores que o primeiro critério das opções
porádicas realizadas em museus ou insti- tiva, heurística, binaria ou não, entre ou- metodológicas é de natureza epistemoló-
tuições científicas. É o caso da Cidade das tras) - não invalida o projeto de sua divul- gica. É ela que nos orienta a opção, ou
Ciências e da Indústria (Cité des Sciences gação, mesmo que no universo do mito. opções em torno da diversidade de
et de l'lndustrie), em La Villete, Paris, con- Popularizar a ciência significa "trazer dian- paradigmas, dos modelos e abordagens
siderada o maior centro centro cultural na te do público imagens e símbolos que con- teóricas. Todavia, propomos não aceitar
Europa voltado para ciência e tecnologia, juguem, por sua vez, uma imagem de ciên- passivamente tudo aquilo que foi
e o Palácio da Descoberta (Palais de Ia cia, mas permanecendo o conhecimento construído no campo epistemológico,
Decouverte), ambos na França. científico como um objeto alusivo"49 . (...) mas transgredir a epistemologia com
uma nova maneira de entender e in-
Neste sentido, Saunier define uma exposi- terpretar os novos fenômenos da comu-
O Protótipo Experimental da Comunidade nicação.
de Amanhã (The Experimental Prototype ção nos museus antes descritos como "um
of the Community of Tomorrow - EPCOT), sistema de comunicação articulado por
na Flórida, representa a nova geração de combinações de termos/mensagens, Assim, a visão mesma da ciência como
parques de diversão. A tecnologia apare- constitutivas de um tecido complexo de "um processo contínuo de reinter-
ce de duas maneiras: de um lado, enquan- objetos, imagens e textos. Assim, uma ex- pretação cultural por meio do qual cien-
to recurso, utilizando computadores que posição é um meio para fazer emergir res- tistas constróem suas versões do mun-
coordenam milhares de robôs e serviços postas sensoriais por meio de organização do físico" amplia o escopo das pesqui-
e, por outro lado, é o próprio tema tratado, e arranjo. Tais respostas não são puramen- sas sobre divulgação da ciência, à me-
ou seja, a comunidade de amanhã, te cognitivas, mas também a trazer prazer, dida que suas diversas publicações, ser-
biotecnologia e agricultura do futuro, no- envolvimento emocional, aprovação etc..." 50 viços e projetos podem ser analisados
vas formas de energia, transportes e con- O conceito de exposição enunciado por dentro de um processo simbólico e cul-
quista do espaço. Saunier pode ser comparado a uma experi- tural mais amplo.

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Modelos de comunicação e divulgação científicas - uma revisão de perspectivas

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Editions du Seuil, 1974. p. 254.
of diffusion, paradigmatic, critical or dialetical
and the culturalist pattern. It emphazises,
33. MOSCOVICI, S. apud ROQUEPLO, P. op.
through out a theoretical perspective review, cit. p. 153.
the complexity and the relevance of this
subject, which is characterized by its
34. MOSCOVICI, S. op. cit. p. 465.
multidisciplinary approach.
Marcos Gonçalves Ramos
35. ROQUEPLO, P. op. cit. p. 1.16-117.
Keywords
Mestre em Ciência da Informação pela
36. MIGNE, J. Pédagogie et representation.
ECO/UFRJ, IBICT/CNPq.
Information transfer; Scientifical Education Permanente, n.8, p. 67-
communication/Pattems/Theoretical review. 87,1970.

348 Ci. Inf., Brasília, v. 23, n. 3, p. 340-348, set./dez. 1994

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