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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE FILOSOFIA E ESTUDOS SOCIAIS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LÓGICA E METAFÍSICA

Título do projeto de pesquisa:

APLICABILIDADE DA ÉTICA E DA MORAL DENTRO DA


ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA

Vigência:fevereiro/2007 a fevereiro/2009)

Linha de pesquisa : FILOSOFIA DA AÇÃO

PESQUISADOR:
Beraldo Tomaz Boaventura
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Rio de Janeiro,
dezembro, 2006

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3

REQUERENTE 5

1. RESUMO 5

CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA 6

5. OBJETIVOS 8

6. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 10

7. METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE AÇÃO 11

8. RESULTADOS ESPERADOS 13

9. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO 13

10. PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA 14

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 15


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1. INTRODUÇÃO:
Estrutura e contexto deste projeto.

O presente projeto de pesquisa, Aplicabilidade da ética e da moral


dentro da argumentação jurídica está inserido em um projeto maior de
pesquisa, ensino e extensão: Argumentação jurídica e Argumentação
Moral. Conflitos de normas e situações Concretas: Ponderação ou
argumentação de adequação? coordenado pela professora Dr.a Marina
Velasco da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No que tange aos
aspectos restritos do meu projeto , ele constitui de pesquisa, visando
integrar alunos de graduação, tanto bolsistas de iniciação científica
quanto voluntários no estudo e na discussão da necessidade de uma
argumentação jurídica embasada na ética e na moral. Poderia incluir
também o ensino, mas apenas enquanto disciplinas que serão
ministradas no curso de filosofia versando sobre o tema do projeto, com o
intuito de incentivar a pesquisa e auxiliar os acadêmicos na produção
científica.
O projeto, Aplicabilidade da ética e da moral dentro da argumentação
jurídica, tem como idéia norteadora, a integração, não apenas da
pesquisa com o ensino e a extensão, como também das diferentes áreas
do saber que discutem estes temas, além de propiciar o diálogo com
diferentes instituições de ensino superior do estado do Rio de Janeiro, na
pessoa dos pesquisadores e de seus projetos integrados ao projeto
maior, bem como dos alunos que participarão da pesquisa. Na verdade, a
indagação sobre a necessidade de uma ética e de uma moral na
aplicabilidade da argumentação jurídica não tem a intenção de buscar
uma resposta única, mas suscitar o questionamento e o diálogo, visando,
ao integrar ensino e extensão, criar mecanismos de inserção da pesquisa
acadêmica junto à sociedade, com projetos de formação política, com
cursos ligados ao tema, com produção de material didático, etc.
O projeto constitui-se de vários projetos com predomínio da área de
filosofia, incluindo pesquisas que percorrem autores de várias épocas, do
4

mundo medieval ao contemporâneo. Além disso, inclui projetos na área


de ciência jurídica, avaliando as condições concretas do aperfeiçoamento
da argumentação jurídica e sentenças postuladas pelos magistrados,
sejam de primeira instância ou mesmo do STF e STJ.
O projeto: Aplicabilidade da ética e da moral dentro da argumentação
jurídica está composto por diferentes projetos de pesquisa de diferentes
áreas e instituições, como segue:
- Argumentação jurídica e Argumentação Moral. Conflito de normas em
situações concretas: ponderação ou argumento de adequação; Marina
Velasco, Dra. em Filosofia, UFRJ.
- Intuição e Lógica na Fundamentação das Ciências Formais; Roberto
Horácio de Sá Pereira, Dr. UFRJ
- Lógica, Ontologia, Ética; Raul Landim Dr. UFRJ.
- Funcamentos do Senso Comum, Mário Guerreiro; DR. UFRJ.
- Fórmulas do Imperativo Categórico; Guido de Almeida ; Dr. UFRJ.
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2. REQUERENTE:

PESQUISADOR Beraldo Tomaz Boaventura

CLASSE Candidato ao Mestrado

TITULAÇÃO Bacharel em Direito pela UNESA


Bacharel em Teologia pelo STBN

PRODUÇÃO CIENTÍFICA Currículo Lattes (em anexo)

3. RESUMO:

O presente projeto de pesquisa intitulado: Aplicabilidade da ética e da moral


dentro da argumentação jurídica pretende analisar a teoria da argumentação
jurídica ou do discurso jurídico de forma sistemática, alguns elementos
constituidores desta teoria, discutindo também seus aspectos formuladores e
sua constituição filosófica.
A gama de doutrinadores que lecionam sobre o assunto, como Chaim
Perelman, Ulfrid Neumann, Neil Maccormick, Klaus Gunther, Jurgen Habermas,
Manuel Atienza, Robert Alexy, dentre outros, não possibilita a discussão de tão
profundo tema neste momento.
A pretensão de alcançar linhas argumentativas entre a dialética jurídica e
uma definição a respeito dos princípios orientadores da correção jurídica, desejada
nas decisões judiciais, é que impulsionou a presente redação.
Não nos proporciona qualquer dúvida que todo o exercício do Direito está
ligado à possibilidade e capacidade de argumentação.
A reflexão necessária das argumentações produzidas na análise das
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normas, em especial, neste momento, dedicando-se à aplicação destas normas


jurídicas, evidentemente enfrenta duas, se não mais, vertentes problemáticas
quando da interpretação, produzida por juízes ou órgão representantes do poder do
Estado. Tratam-se dos fatos e do Direito.
A opção pelos dogmas ou estabelecimento de critérios na aplicação das
normas ao caso em concreto, sistematizando e até mesmo restringindo a vontade do
aplicador do Direito, impôs certa distância entre dois sistemas de argumentação
existentes:
este dogmático, onde casos abstratos sobre os limites da vida e liberdade dos
integrantes da
sociedade acabam por delimitar as conclusões para a melhor aplicação da norma; e
o de
solução de casos concretos, onde o aplicador do Direito tem que utilizar da norma
na
solução de casos como sobre a viabilidade da aplicação.
Evidentemente que, em ambos os aspectos interagem os casos concretos e
as soluções dogmáticas.
Este sistema de argumentação conduz à análise do processo de decisão do
juízo, resultado do estudo e da abordagem valorativa entre as informações
apresentadas no caso e as impressões inicialmente produzidas por este caso, em
uma das perspectivas
Com isso, pretendemos compreender o modo como estes autores pensaram
a ética e a moral e aplicá-las a uma argumentação em casos concretos . Com
base nestas análises procuraremos pensar os conflitos atuais e a recorrência
das decisões judiciais argumentativas numa visão ética onde possibilite uma
valoração do viver moral.

QUESTÕES DE SOBERANIA:
PARA ONDE DIRIGE-SE A HUMANIDADE, À PAZ PERPÉTUA OU À
HISTÓRIA DO MUNDO COMO O TRIBUNAL DO MUNDO?

4. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

Entre los caracteres psicológicos de la


cultura, dos parecen ser más importantes: el
fortalecimiento do intelecto, que comienza a dominar la
vida instintiva, y la interiorización de las tendencias
agresivas, con todas sus consecuencias ventajosas y
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peligrosas. Ahora bien: las actitudes psíquicas que nos


han sido impuestas por el proceso de la cultura son
negadas por la guerra en la más violenta forma y por eso
alzamos contra la guerra: simplesmente, no la
soportamos más, y no se trata aquí de una aversíon
intelectual y afectiva, sino que en nosotros, los pacifistas,
se agita una intolerancia constitucional, por así decirlo,
una idiosincrasia magnificada al máximo.
Sigmund Freud

O ideário iluminista do progresso humano calcado na razão fez eco


por muito tempo. Mesmo Freud (1856-1939), contemporâneo de Nietzsche (1844-
1900) e de sua crítica à racionalidade, compreende as pulsões humanas mais
bestiais, mas guarda uma esperança de redenção civilizatória com o progresso da
razão. Autores como Adorno (1903-1969) e Horkheimer (1895-1980) que viram o
nazismo tomando corpo e cooptando as massas em um período de franco
desenvolvimento intelectual puderam pensar o seu tempo a partir de uma crítica do
referido ideário, cunhando para isso o conceito de dialética negativa. Com este
conceito pretendiam mostrar as contradições da razão iluminista diante dos
descaminhos da guerra; do suposto progresso da civilização e da bestialidade dos
campos de concentração; da instrumentalização da razão produzindo tecnologias
mais aprimoradas e eficientes de destruição em massa.
Os autores que procuraram pensar os acontecimentos do séc. XX
tinham como referencial teórico pensadores como Kant (1724-1804) e Hegel (1770-
1831) e os desdobramentos destes pensamentos no avançar dos anos, tanto na
vertente marxista quanto na vertente freudiana e existencialista. O mundo, a partir
de então, sofreu uma série de transformações que não poderiam figurar nas
previsões de nenhum deles, no entanto, em termos gerais, a fé desconfiada na
razão e um certo ceticismo frente ao progresso científico continuaram presentes.
Se “a filosofia é como o pássaro de Minerva que alça o seu vôo
quando o sol já se pôs” como afirma Hegel no prefácio à Filosofia do Direito1, não
1
HEGEL, G.W.F.. Grundlinien der Philosophie des Rechts, Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1995, pg. 28. “
Quando a filosofia pinta o seu cinza sobre cinza é porque uma forma da vida envelheceu e, com o seu cinza
sobre cinza, ela não se deixa rejuvenescer mas apenas conhecer; a coruja de Minerva começa o seu vôo quando
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cabe ao filósofo prever o futuro, mas é sua tarefa compreender o presente,o que só
pode ser feito com base nas análises e experiências do passado. A coruja de Atena
(Minerva), a deusa da sabedoria, levanta seu vôo a noite, quando a natureza em
grande parte está quieta. Por isso, à filosofia, resta apenas olhar para trás e
aprender com os acontecimentos passados para não cometer os mesmos erros no
presente. Se não nos cabe prever o futuro, ao menos devemos procurar fazer o
melhor hoje para colhermos bons frutos no amanhã.
Diante destas conjecturas cabe-nos a pergunta: por que defender a
democracia? Caberia ainda indagar a razão de pensar a história, a racionalidade
iluminista e a guerra dentro de um projeto que pretende responder a pergunta acima.
Não procuraremos mostrar como os autores dos quais nos ocuparemos pensaram a
democracia, até porque ela não foi o objeto específico de suas análises, ao
contrário, procuraremos investigar como eles pensaram a razão, a história e o
destino na humanidade. Com isso pretenderemos avaliar seus acertos e equívocos
e além disso a atualidade de suas análises frente aos problemas contemporâneos. A
questão que nos ocupará será a da soberania das nações, das relações políticas e
econômicas entre os Estados sem a perda da soberania e da frágil paz reinante
entre eles.
Kant pensava que a humanidade caminhava para a solução racional
dos seus conflitos; que as nações deixariam de ver a guerra como a solução viável e
procurariam o diálogo e o consenso como padrões de relacionamento internacional,
chegando a antever uma espécie de organismo internacional funcionando como
mediador de conflitos. Isto foi expresso em seu opúsculo À paz perpétua e em
alguma medida nas suas teses sobre a história. Hegel não acreditava que as nações
abdicariam de sua soberania em prol de uma instância internacional reguladora dos
conflitos, ao contrário, supunha que as mesmas, por mais avançadas que
estivessem no seu regramento interno, ainda se portariam frente às demais como se
estivessem diante de um inimigo iminente. Deste modo, não via como solução viável
um organismo capaz de dirimir conflitos, até porque, neste estado de natureza
hobbesiano no qual as nações se encontravam (e ainda se encontram), somente a
força seria capaz de impor respeito, deste modo, um organismo internacional sem o
poder de exércitos não seria respeitado. Assim, não via de modo otimista os rumos
da humanidade, ao menos não via com olhos kantianos este destino e supunha que,

a noite chega”.
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ao longo da história, sempre haveria nações mais fortes e mais fracas e que a frágil
paz seria arranjada em torno destas diferenças de forças, sem que as nações
viessem a aceitar a abdicação de sua soberania em nome da paz. Por isso Hegel
sugere que à história cabe julgar a história e que ao filósofo não cabe fazer
previsões, mas apenas avaliar o passado e propor soluções, mas soluções calcadas
na própria história.
Frente a estas posições, caberá a nós avaliar o alcance das
investigações de autores de diferentes épocas, como Kant, Hegel, Freud, além de
Vico, que procuraram um princípio universalista de análise do homem e da história
a despeito da circunscrição a que todos nós estamos submetidos e, com isso,
pretenderam pensar maneiras de tornar a convivência humana mais harmoniosa e
menos belicosa.

5. OBJETIVOS

A pesquisa pretende dedicar-se à análise da concepção kantiana da


história e do destino histórico da humanidade bem como do tratamento hegeliano do
mesmo tema visto que sua visão se coloca sob um ângulo diametralmente oposto ao
kantiano. Se Kant crê que a insociável sociabilidade humana acabará por
desenvolver moralmente os homens a despeito de seus instintos belicosos e de
suas vontades interesseiras, Hegel, embora erroneamente interpretado como o autor
que propugna uma razão na história que se concretiza com a ajuda da astúcia da
razão, não crê na possibilidade de uma paz duradoura, como supunha Kant. Na
verdade, ele concebe a história como um desenvolvimento humano que sempre
necessitará de uma nação dominante, aquela que carrega em seu tempo o espírito
do mundo, tais nações, entretanto, viverão sempre entre seu apogeu e queda,
embora o tempo para tais acontecimentos seja imperscrutável. Com estas
considerações, Hegel opõe-se, como dito acima, à visão da história como um
caminho para a paz entre as nações, e afirma, ao final de sua Filosofia do Direito,
que a história do mundo é o tribunal do mundo (FD § 340). Com isso, Hegel
pretende dizer que cabe a história julgar a própria história e que o fim das
contradições, que poderia ocorrer com um acordo entre as nações, na forma de uma
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comunidade internacional como a antiga liga das nações ou a atual ONU, é uma
quimera vã. Tal idéia é claramente defendida por Kant na Paz Perpétua.
Estas investigações dos clássicos podem nos fornecer uma boa
base de análise para os conflitos atuais onde uma nova ordem internacional sob o
domínio da força ensaia ser instaurada, aos olhos de analistas que talvez a poucos
anos atrás acreditavam que a humanidade, com o fim do bloco comunista e da
guerra fria, caminhava para o estabelecimento de regras racionais de convivência
entre os povos, enfim, que a humanidade caminhava rumo à paz perpétua.
A pesquisa pretende investigar tais temas nos autores citados, mas
pretende também refletir sobre os acontecimentos históricos atuais. Para tanto, além
dos textos de Kant e Hegel, serão também objetos de análise a Ciência Nova de
Vico (1668-1744), talvez o primeiro autor a pensar a história como algo científico e
que influencia fortemente a visão da mesma que Hegel defende. Além disso, textos
de Freud dedicados a este tema serão também trabalhados, como O Porquê da
Guerra? E O Mal Estar da Civilização. Entremeando análises psicológicas
individuais para compreender as ações humanas de cunho coletivo, Freud
estabelece um elogio à razão como forma de solução de conflitos, embora mantendo
um pessimismo por saber que tal fato é muito difícil ou mesmo impossível de se
manter em seres que agem movidos por pulsões ininteligíveis e violentas. Segundo
Freud, a pulsão da violência primordial se mantém no homem apesar de todo o seu
refinamento e cultura e esta agressividade precisa apenas de um bom motivo para
se manifestar. Além disso, Freud afirma que toda ordem legal tem origem na força e
que esta, por isso, vem a ser o fundamento das ações humanas, tanto as boas
quanto as más, tanto as ações que pretendem regrar-se e reger-se pelo consenso
quanto as que pretendem guiar-se apenas pela violência. Pretendo ainda incluir nas
análises um texto recente de Habermas (1929-) que, ao som das bombas
explodindo ao sul da ex-Iugoslávia, foi uma das poucas vozes filosóficas a
empreender uma reflexão sobre a invasão de Kosovo pelas forças aliadas, apoiadas
pela ONU e pela OTAN. Nesta análise, Habermas reflete o significado de tal ação
sob a justificativa dos direitos humanos e afirma que, em tal caso, o direito
internacional foi quebrado, restando apenas, então, uma necessidade urgente de se
regrar a assim chamada invasão por razões humanitárias ou sob a égide dos direitos
humanos, sob pena de que essa justificativa poderia, doravante, ser utilizada para
qualquer tipo de invasão. Vide agora, poucos anos depois, a atitude americana de
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invadir o Iraque, sem o aval da ONU, sob a justificativa de eliminar as armas de


destruição em massa (um tipo de discurso semelhante a razões humanitárias). A
pesquisa não pretende soluções conclusivas de análise para tais conflitos e nem
uma chave de entendimento da história, até porque o movimento do mundo guarda
uma rapidez e novidade que não admite previsibilidade. No entanto, a reflexão sobre
o período atual, procurando explicações acuradas sobre os acontecimentos é um
dever de ofício. Para tanto nos ocuparemos a refletir sobre estes temas em autores
diversos, de épocas bastante diversas e mostrar a atualidade de suas reflexões e
inquietações. Com o resgate de tais interpretações pretendemos contribuir para a
reflexão sobre as relações internacionais na contemporaneidade e fornecer uma
base de análise para aqueles que se interessam por tais temas

6. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Precisar a compreensão de história de Kant e Hegel e o modo como eles


viam a soberania das nações diante dos conflitos internacionais e das
possíveis soluções destes conflitos;
 Identificar a influência de Vico, através do romantismo alemão, na
concepção de história de Hegel e qual a relação dele e dos românticos com
a concepção kantiana da história;
 Verificar até que ponto a investigação freudiana da psique humana pode nos
oferecer uma base distinta e eficaz de análise dos conflitos entre as nações e
da solução dos mesmos sem o uso da força;
 Concluir pela possibilidade ou impossibilidade do estabelecimento de regras
de convivência pacífica e duradouras entre os povos calcadas no direito
internacional, introduzindo nesta análise elementos de reflexão da teoria
crítica, tendo, porém, por base de análise, as conclusões de Kant e de Hegel;
 Elaborar textos de divulgação científica sobre os resultados obtidos. Para
tanto o projeto prevê a publicação de, no mínimo, dois artigos sobre estes
assuntos. O primeiro sobre a compreensão kantiana da história contraposta a
compreensão hegeliana e a influencia recebida do mesmo através do
pensamento de Vico, remontando para isso ao idealismo e ao romantismo
alemão. O segundo pretende analisar os autores atuais e os acontecimentos
presentes, levando em conta o que foi pesquisado anteriormente. Se tais
artigos se revelarem muito longos, poderão ser desmembrados em mais
artigos e ou comunicações.
 Introduzir os eventuais bolsistas de Iniciação Científica e os Voluntários que
se integrarem ao projeto, na complexidade do pensamento da história e da
soberania dos Estados nos autores propostos;
 Ministrar disciplinas no curso de Filosofia da UFG que abordem as questões
de soberania relativas ao direito e às relações internacionais com base,
principalmente, nas análises de Kant e de Hegel.
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7. METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE AÇÃO

 Teórica:

O método a ser privilegiado nesta investigação combinará a análise


conceitual com a análise histórica com o objetivo de:
. Identificar semelhanças e diferenças na análise da história nos autores
propostos;
. Avaliar o alcance de suas análises para a compreensão dos conflitos
atuais;
1ª etapa: tomar como referência básica as obras de Kant e de Hegel que
diretamente tratam do tema da pesquisa, quais sejam: À paz perpétua; Idéia de uma
história universal de um ponto de vista cosmopolita; Lições sobre a filosofia da
história universal; Linhas fundamentais da Filosofia do Direito;
2ª etapa: leitura seletiva dos demais textos que compõem o conjunto da
obra destes autores, buscando elementos que contribuam à análise do tema em
foco;
3ª etapa: leitura dos textos de Vico e Freud que tratam diretamente do
objeto da pesquisa; identificar a influência de Vico, via romantismo alemão, na
filosofia de Kant e de Hegel.
4ª etapa: empreender um estudo dos textos dos intérpretes do pensamento
de Kant e de Hegel relativos ao tema proposto, na perspectiva de examinar as
críticas que vêm sendo tecidas pelos comentadores, tanto aquelas que detectam as
ambigüidades e os equívocos, como aquelas que vêm apontando a singularidade da
posição de um e de outro e as contribuições que eles trazem para enriquecer o
debate sobre a filosofia da história, as relações internacionais e o pensamento
político contemporâneo.
5ª etapa: cotejar o resultado destas análises com o projeto da teoria crítica,
para avaliar os resquícios iluministas ainda em voga, e a contribuição que ela
oferece para a compreensão dos conflitos atuais.

 Prática:

 Meta 1: Construção do referencial teórico básico

1. Seleção da bibliografia básica de referência (para os bolsistas de iniciação


científica e voluntários que, no tempo certo, serão integrados ao projeto);
2. orientação aos bolsistas visando a elaboração do plano de trabalho e a
efetivação da inscrição como candidatos à bolsa junto à UFG;
3. integração de alunos voluntários que queiram participar do projeto mesmo
sem a bolsa de iniciação científica;
4. reuniões semanais de estudo com os bolsistas e voluntários (para
acompanhamento do desenvolvimento dos seus planos de trabalho);
5. reuniões mensais com toda a equipe do “grande” projeto de caráter
seminarial.

 Meta 2: Desenvolvimento da pesquisa


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1. Apresentação dos resultados da pesquisa em um Seminário aberto à


comunidade acadêmica e à comunidade em geral, previsto para o final de
cada ano letivo (novembro) durante a vigência do projeto;
2. produção de artigos parciais a serem publicados nas Revistas Philósophos,
Fragmentos de Cultura e/ou Estudos; produção de um artigo, a ser publicado
em um número especial em uma das revistas citadas (ao final do projeto).

 Meta 3: Participação e contribuição com o debate regional sobre


democracia

1. Participação no Colóquio previsto para acontecer no início de cada ano letivo


(maio), com o objetivo de discutir os “problemas do Estado democrático
contemporâneo”;
2. produção de artigos a serem publicados nos jornais locais, discutindo
aspectos ligados aos temas, objeto da programação dos colóquios.

 Meta 4: Participação e contribuição com o debate nacional sobre


democracia

1. Participação e apresentação dos resultados parciais da pesquisa em


Congressos nacionais sobre Filosofia Política e/ou outros;
2. publicação de resumos das comunicações em anais dos Congressos e/ou de
artigos completos em Revistas de outras instituições de ensino superior do
país.

8. RESULTADOS ESPERADOS

 Publicação de resumos em Anais de Congressos (das comunicações


apresentadas pela pesquisadora); em Colóquios e Jornadas de Iniciação
Científica (das comunicações apresentadas pelos bolsistas);

 publicação de resultados parciais da pesquisa por meio de artigos em revistas


da UFG/UCG e/ou de outras instituições de ensino superior do país;

 formação de recursos humanos para a pesquisa: (i) orientação de projetos e


monografias de graduação e, se for o caso, de especialização; (ii) orientação
de bolsistas de Iniciação Científica;

 produção de artigos ao longo do desenvolvimento do projeto, tal como


previsto na Meta 2, item 2.

 Elaboração de página eletrônica do grupo de pesuisa para fomentar a


discussão, a veiculação de textos e a disponibilização de referências
bibliográficas relativas ao projeto e aos sub-projetos de pesquisa.
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9. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Para o desenvolvimento deste projeto, estão previstas as seguintes


atividades:

 Pesquisa:
 Participação no processo de elaboração dos planos de trabalho dos bolsistas
(março e abril/2004);

 encontros semanais com os bolsistas visando o acompanhamento das


atividades previstas nos planos de trabalho (abril/2004 a abril/2008);

 encontros mensais com a equipe do projeto para debate de idéias e


avaliação do desenvolvimento da pesquisa como um todo, (abril/2004 a
abril/2008);

 elaboração da página eletrônica do grupo de pequisa (agosto/2004 a


dezembro/2004);

 revisão bibliográfica; releitura das obras de Kant e Hegel, com foco nos textos
que remetem ao objeto da pesquisa; fichamento/sistematização das notas
extraídas das leituras/análise dos dados (fevereiro/2004-dezembro/2004);

 leitura dos textos de Vico e Freud e dos comentadores selecionados;


fichamento/sistematização das notas extraídas das leituras; análise dos
dados (fevereiro/2005-dezembro/2005);

 atualização bibliográfica; leitura de comentadores e análise da possível


influência do pensamento de Vico nos autores em tela, via romantismo
alemão (fevereiro/2006-dezembro/2006);

 revisão das fases anteriores da pesquisa; análise dos dados obtidos; cotejar
os resultados obtidos com alguns aspectos da análise da teoria crítica; avaliar
a contribuição de análise destes autores para a compreensão da problemática
atual relativa à soberania das nações; discussão e redação do relatório final
(fevereiro/2007-dezembro/2007)

 apresentação dos resultados da pesquisa em um Seminário aberto à


comunidade acadêmica e à comunidade em geral, previsto para acontecer ao
final de cada ano letivo (novembro), em Goiânia (UCG), durante a vigência do
projeto;

 participação no Colóquio previsto para acontecer no início de cada ano letivo


(maio), em Goiânia (UCG), com o objetivo de discutir “os problemas do
Estado democrático contemporâneo”, ao longo da vigência do projeto;
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 elaboração de textos (comunicações) para serem apresentados nos


Congressos nacionais sobre Filosofia Política e/ou outros, a serem realizados
no período de vigência do projeto;

 participação e acompanhamento no processo de elaboração das


comunicações a serem apresentadas pelas bolsistas nos encontros e
jornadas científicas organizados pelo CNPq e/ou UCG-VPG/UFG, no período
de vigência do projeto;

 produção de três relatórios parciais a serem entregues à UFG ao final dos


anos de 2004, 2005 e 2006;

 entrega do relatório final à UFG (fevereiro/2008).

10. PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA

a) concessão de bolsas visando a incorporação de alunos ao projeto da


pesquisa, inscritos no Programa de Iniciação Científica (PIBIC/UFG)
b) material de consumo;
c) reprodução e encadernação de textos;
d) aquisição de obras pela Biblioteca Central da UFG;
f) apoio da Coordenação de Pesquisa da UFG para a apresentação/divulgação
dos resultados (parciais/final) da pesquisa em Congressos realizados em
âmbito nacional, no período de vigência do projeto;
g) apoio da Coordenação de Pesquisa da UFG visando a participação dos
bolsistas nas Jornadas e Encontros de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq –
UFG) a serem realizados no período de vigência da pesquisa;

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO T. & HORKHEIMER T., Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: J.


Zahar Ed., 1986.

BERLIN, I. , Vico e Herder. Brasília: Editora da UNB, 1982

FREUD, S., El malestar em la cultura. Madrid: Biblioteca Nueva, 1945, Tomo III.

________, El porque de la guerra. Madrid: Biblioteca Nueva, 1945, Tomo III.

________, El porvenir de una ilusion. Madrid: Biblioteca Nueva, 1945, Tomo III.

FUKUYAMA, F., La fin de l´histoire et le dernier homme. Paris: Flammarion, 1992.


16

HABERMAS, J., “ Bestialidade e humanidade. Uma guerra no limite entre direito e


moral”, in: Cadernos de filosofia alemã. São Paulo, Dpt° de Fil. USP, 1999, N° 5, p.
77 – 87.

HEGEL, G.W.F., La raison dans l´histoire. Paris: Hatier, 2000.

____________, Grundlinien der Philosophie des Rechts. Frankfurt/M: Suhrkamp,


1995, Werke 7.

____________, Lecciones sobre la filosofia de la historia universal. Madrid: Alianza


Ed., 1986.

____________, Enzyklopädie der philosophischen Wissenschaften I, III. Frankfurt/M:


Suhrkamp, 1995, Werke 8 e 10.

____________, Vorlesungen über die Philosophie der Geschichte. Frankfurt/M:


Suhrkamp, 1995, Werke 12.

____________, Phänomenologie des Geistes. Frankfurt/M: Suhrkamp, 1995, Werke


3.

HERDER, J. G., Também uma filosofia da história para a formacao da humanidade.


Lisboa: Edicoes Antígona, 1995.

KANT, I., Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita. São
Paulo: Brasiliense, 1986.

______, À Paz perpétua. Porto Alegre: L&PM, 1989.

______, La metafísica de las costumbres. Madrid: Tecnos, 1994.

______, Crítica da faculdade do juízo. Rio de Janeiro: Forense universitária, 1993.

VICO, G., Princípios de uma ciência nova. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

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