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Vigência:fevereiro/2007 a fevereiro/2009)
PESQUISADOR:
Beraldo Tomaz Boaventura
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Rio de Janeiro,
dezembro, 2006
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
REQUERENTE 5
1. RESUMO 5
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA 6
5. OBJETIVOS 8
6. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 10
8. RESULTADOS ESPERADOS 13
9. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO 13
1. INTRODUÇÃO:
Estrutura e contexto deste projeto.
2. REQUERENTE:
3. RESUMO:
QUESTÕES DE SOBERANIA:
PARA ONDE DIRIGE-SE A HUMANIDADE, À PAZ PERPÉTUA OU À
HISTÓRIA DO MUNDO COMO O TRIBUNAL DO MUNDO?
4. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA
cabe ao filósofo prever o futuro, mas é sua tarefa compreender o presente,o que só
pode ser feito com base nas análises e experiências do passado. A coruja de Atena
(Minerva), a deusa da sabedoria, levanta seu vôo a noite, quando a natureza em
grande parte está quieta. Por isso, à filosofia, resta apenas olhar para trás e
aprender com os acontecimentos passados para não cometer os mesmos erros no
presente. Se não nos cabe prever o futuro, ao menos devemos procurar fazer o
melhor hoje para colhermos bons frutos no amanhã.
Diante destas conjecturas cabe-nos a pergunta: por que defender a
democracia? Caberia ainda indagar a razão de pensar a história, a racionalidade
iluminista e a guerra dentro de um projeto que pretende responder a pergunta acima.
Não procuraremos mostrar como os autores dos quais nos ocuparemos pensaram a
democracia, até porque ela não foi o objeto específico de suas análises, ao
contrário, procuraremos investigar como eles pensaram a razão, a história e o
destino na humanidade. Com isso pretenderemos avaliar seus acertos e equívocos
e além disso a atualidade de suas análises frente aos problemas contemporâneos. A
questão que nos ocupará será a da soberania das nações, das relações políticas e
econômicas entre os Estados sem a perda da soberania e da frágil paz reinante
entre eles.
Kant pensava que a humanidade caminhava para a solução racional
dos seus conflitos; que as nações deixariam de ver a guerra como a solução viável e
procurariam o diálogo e o consenso como padrões de relacionamento internacional,
chegando a antever uma espécie de organismo internacional funcionando como
mediador de conflitos. Isto foi expresso em seu opúsculo À paz perpétua e em
alguma medida nas suas teses sobre a história. Hegel não acreditava que as nações
abdicariam de sua soberania em prol de uma instância internacional reguladora dos
conflitos, ao contrário, supunha que as mesmas, por mais avançadas que
estivessem no seu regramento interno, ainda se portariam frente às demais como se
estivessem diante de um inimigo iminente. Deste modo, não via como solução viável
um organismo capaz de dirimir conflitos, até porque, neste estado de natureza
hobbesiano no qual as nações se encontravam (e ainda se encontram), somente a
força seria capaz de impor respeito, deste modo, um organismo internacional sem o
poder de exércitos não seria respeitado. Assim, não via de modo otimista os rumos
da humanidade, ao menos não via com olhos kantianos este destino e supunha que,
a noite chega”.
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ao longo da história, sempre haveria nações mais fortes e mais fracas e que a frágil
paz seria arranjada em torno destas diferenças de forças, sem que as nações
viessem a aceitar a abdicação de sua soberania em nome da paz. Por isso Hegel
sugere que à história cabe julgar a história e que ao filósofo não cabe fazer
previsões, mas apenas avaliar o passado e propor soluções, mas soluções calcadas
na própria história.
Frente a estas posições, caberá a nós avaliar o alcance das
investigações de autores de diferentes épocas, como Kant, Hegel, Freud, além de
Vico, que procuraram um princípio universalista de análise do homem e da história
a despeito da circunscrição a que todos nós estamos submetidos e, com isso,
pretenderam pensar maneiras de tornar a convivência humana mais harmoniosa e
menos belicosa.
5. OBJETIVOS
comunidade internacional como a antiga liga das nações ou a atual ONU, é uma
quimera vã. Tal idéia é claramente defendida por Kant na Paz Perpétua.
Estas investigações dos clássicos podem nos fornecer uma boa
base de análise para os conflitos atuais onde uma nova ordem internacional sob o
domínio da força ensaia ser instaurada, aos olhos de analistas que talvez a poucos
anos atrás acreditavam que a humanidade, com o fim do bloco comunista e da
guerra fria, caminhava para o estabelecimento de regras racionais de convivência
entre os povos, enfim, que a humanidade caminhava rumo à paz perpétua.
A pesquisa pretende investigar tais temas nos autores citados, mas
pretende também refletir sobre os acontecimentos históricos atuais. Para tanto, além
dos textos de Kant e Hegel, serão também objetos de análise a Ciência Nova de
Vico (1668-1744), talvez o primeiro autor a pensar a história como algo científico e
que influencia fortemente a visão da mesma que Hegel defende. Além disso, textos
de Freud dedicados a este tema serão também trabalhados, como O Porquê da
Guerra? E O Mal Estar da Civilização. Entremeando análises psicológicas
individuais para compreender as ações humanas de cunho coletivo, Freud
estabelece um elogio à razão como forma de solução de conflitos, embora mantendo
um pessimismo por saber que tal fato é muito difícil ou mesmo impossível de se
manter em seres que agem movidos por pulsões ininteligíveis e violentas. Segundo
Freud, a pulsão da violência primordial se mantém no homem apesar de todo o seu
refinamento e cultura e esta agressividade precisa apenas de um bom motivo para
se manifestar. Além disso, Freud afirma que toda ordem legal tem origem na força e
que esta, por isso, vem a ser o fundamento das ações humanas, tanto as boas
quanto as más, tanto as ações que pretendem regrar-se e reger-se pelo consenso
quanto as que pretendem guiar-se apenas pela violência. Pretendo ainda incluir nas
análises um texto recente de Habermas (1929-) que, ao som das bombas
explodindo ao sul da ex-Iugoslávia, foi uma das poucas vozes filosóficas a
empreender uma reflexão sobre a invasão de Kosovo pelas forças aliadas, apoiadas
pela ONU e pela OTAN. Nesta análise, Habermas reflete o significado de tal ação
sob a justificativa dos direitos humanos e afirma que, em tal caso, o direito
internacional foi quebrado, restando apenas, então, uma necessidade urgente de se
regrar a assim chamada invasão por razões humanitárias ou sob a égide dos direitos
humanos, sob pena de que essa justificativa poderia, doravante, ser utilizada para
qualquer tipo de invasão. Vide agora, poucos anos depois, a atitude americana de
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6. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Teórica:
Prática:
8. RESULTADOS ESPERADOS
9. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Pesquisa:
Participação no processo de elaboração dos planos de trabalho dos bolsistas
(março e abril/2004);
revisão bibliográfica; releitura das obras de Kant e Hegel, com foco nos textos
que remetem ao objeto da pesquisa; fichamento/sistematização das notas
extraídas das leituras/análise dos dados (fevereiro/2004-dezembro/2004);
revisão das fases anteriores da pesquisa; análise dos dados obtidos; cotejar
os resultados obtidos com alguns aspectos da análise da teoria crítica; avaliar
a contribuição de análise destes autores para a compreensão da problemática
atual relativa à soberania das nações; discussão e redação do relatório final
(fevereiro/2007-dezembro/2007)
FREUD, S., El malestar em la cultura. Madrid: Biblioteca Nueva, 1945, Tomo III.
________, El porvenir de una ilusion. Madrid: Biblioteca Nueva, 1945, Tomo III.
KANT, I., Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita. São
Paulo: Brasiliense, 1986.
VICO, G., Princípios de uma ciência nova. São Paulo: Abril Cultural, 1979.