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EDUCAÇÃO, POBREZA E

DESIGUALDADE SOCIAL

Algumas considerações
Abordar os que são constituídos como pobres: penetrar num
“universo marcado pela subalternidade, pela revolta silenciosa,
pela humilhação e alienação e sobretudo, pela resiliência aliada
às estratégias para melhor sobreviver, apesar de tudo”
(YAZEBK, 2010).

Os pobres representam a herança histórica da estruturação


econômica, política e social da sociedade brasileira. Trabalhar
com os pobres, implementar políticas e programas envolvendo as
populações pobres é construir mediações teóricas, técnicas,
políticas. “É um desafio porque supõe um movimento de
passagem de nossas concepções ontológicas, de nossos
fundamentos teórico-metodológicos para esse tempo miúdo, para
situações concretas” (YAZBEK, 2010, p. 154).
DADOS SOBRE A POBREZA E A CONCENTRAÇÃO DE
RENDA
OXFAM: parte de uma confederação global que
combate a pobreza , as desigualdades e as injustiças
em todo o mundo. São 19 organizações em 93 países.
Oxfam Brasil (São Paulo): formada por brasileiros,
organização sem fins lucrativos e independente.

RELATÓRIO OXFAM (21/01/2019)


As 26 pessoas mais ricas do mundo detêm a mesma
riqueza dos 3,8 bilhões mais pobres, que
correspondem a 50% da humanidade.
Riqueza ainda mais concentrada, pois, em 2017, os
mais ricos eram 43.
A fortuna dos bilionários aumentou 12% em 2018, o
equivalente a US$ 2,5 bilhões por dia.
A metade mais pobre do planeta, por outro lado, teve
seu patrimônio diminuído em 11% no mesmo
período.
Desde a crise econômica de 2007, o número de
bilionários dobrou no mundo, passando de 1.125 em
2008 para 2.208 em 2018.
Redistribuição de riquezas: o relatório
propõe taxação de 0,5% sobre a renda de bilionários
que fazem parte do 1% mais rico do mundo -
recursos suficientes para incluir 262 milhões de
crianças que estão fora da escola atualmente e
garantir serviços de saúde que salvariam a vida de
mais de 3 milhões de pessoas.
A retomada do crescimento
econômico, nos últimos 10 anos,
favoreceu o topo da pirâmide, não
foi redistributiva, foi concentradora.

Sistema tributário concentrador:


reduz as alíquotas máximas para
quem é muito rico (isso ocorreu em
todo o mundo).
• - 500 empresas multinacionais
• Privação de todo tipo privadas têm 52% do PIB do
de resposta efetiva à mundo (bancos, serviços e
precariedade, à empresas) - monopolizam um
desigualdade que poder econômico-financeiro,
destrói o estado social. ideológico e político que
gera desespero jamais um imperador ou papa
silencioso e secreto teve na história da
entre os cidadãos humanidade.

Consequências graves
para Democracia
NO BRASIL, a pobreza não pode ser explicada com base
numa suposta escassez de recursos, mas, deve considerar a
maneira pela qual se distribui a riqueza gerada socialmente –
com alto grau de desigualdade – e, mais do que isso, com alto
grau de concentração, com tendência a reproduzir-se ou,
mesmo, a aprofundar-se (LEITE, 2002).

Entendemos a pobreza como um fenômeno estrutural e


complexo, de caráter multidimensional e multifacetado, não
podendo ser considerada como mera insuficiência de renda,
mas também desigualdade na distribuição da riqueza
socialmente produzida, não acesso aos serviços públicos
básicos, à informação, ao trabalho digno, à participação social
e política.
POBREZA NO BRASIL
Pobreza no Brasil como decorrência da extrema desigualdade
estrutural, da profunda concentração de renda
Em 2016 - IBGE: 1% da população ganhava 36 vezes a renda
média da metade mais pobre. O grupo dos que tinham maior
rendimento possuíam uma parcela da massa de rendimento
superior à dos 80% da população com os menores rendimentos
(40,8%).
Dados do Cadastro Único do Ministério da Cidadania em
junho/2019: pobreza extrema no Brasil aumentou e já atinge
13,2 milhões de pessoas.
IBGE: Entre 2016 e 2017, o número dos extremamente pobres
(menos de R$ 140 mensais) , saltou de 6,6% para 7,4% dos
brasileiros.
Nos últimos sete anos, mais de 500 mil pessoas entraram em
situação de miséria.
Nordeste: pior cenário
De junho/2018 a junho/ 2019, Roraima e Rio de Janeiro
tiveram o maior aumento da extrema pobreza, com
incrementos de 10,5% e de 10,4%, respectivamente.

Em 2014, a Organização das Nações Unidas para a


Alimentação e a Agricultura (FAO) tirou o Brasil do Mapa da
Fome, composto por países em que mais de 5% da popul
Complexidade da discussão acerca da desigualdade
- e das formas de enfrentá-la no Brasil e da
importância (ou não) das políticas sociais nesse
cenário. Nosso passivo histórico é enorme.
RELATÓRIO OXFAM BRASIL:
Os 10% mais pobres da sociedade pagam mais
impostos proporcionalmente do que os 10% mais ricos
Brasil: apoia a sua carga tributária nos impostos
indiretos - isso pesa mais no bolso da classe média e
dos mais pobres.
Brasil: a cada R$ 1 que é arrecadado, R$ 0,22 são
impostos sobre a renda e o patrimônio .
Na média dos países essa parcela equivale a R$ 0,40
para cada R$ 1 pago em tributos.
O EIXO do debate público nos dias atuais deve ser a
deliberação sobre limites do poder econômico de
grandes empresas sobre o sistema político.
O campo teórico de concepções de pobreza aponta em
duas direções básicas: o critério da renda e a visão
multidimensional. Adotamos o pressuposto de que a
pobreza é um fenômeno estrutural e complexo,
multidimensional.

Desafio peculiar e gigantesco: grande área geográfica do Brasil


- dimensões continentais -profundas desigualdades
cristalizadas, imensa população em idade escolar (39,8 milhões
na educação básica pública em 2018); distribuição territorial
dessa população
Políticas/programas com bases conceituais em disputa, expressando
relações, conflitos e contradições resultantes da desigualdade do
capitalismo: construções históricas, e, colocadas em contexto
democrático, têm disputados seus meios e fins entre os projetos sociais
de sujeitos conscientes e ativos (Sposati ,2011)

Processo de construção/disputa inserido numa concepção de Estado


de Direito e democrático: conjunto de regras que estabelecem quem
está autorizado a tomar as decisões coletivas e com quais
procedimentos (Bobbio, 2000); sistema que constitui um terreno de
conflitos, que podem ser resolvidos de maneira pacífica e com
liberdade (Przeworski, 2011).

CONTEXTO DAS REFORMAS de enfrentamento à


pobreza dos governos 2004-2016
PRESSUPOSTOS:
O capitalismo não pode ser plenamente
democrático: sua promessa carrega um vazio de
possibilidade consequente ao seu princípio ativo:
distribuição excludente e sua representação
ideológica - expressa no formalismo jurídico (
tudo promete formalmente, mas pouco concretiza
no plano material). Boaventura de Sousa Santos:
Em sociedades dominadas por relações capitalistas, coloniais e
patriarcais, a Democracia está sempre em risco
Como a democracia representativa está muito mais
consolidada que a democracia participativa, a articulação
entre as duas terá sempre de ter presente esse desequilíbrio
Não há sociedades democráticas; há sociedades que, quando
governadas pela esquerda, estão em processo de democratização e,
quando governadas pela direita, em processo de
desdemocratização.

Nas condições atuais (forma anti-social de capitalismo : o


capitalismo financeiro), a dominação capitalista mais do que
nunca exige a dominação colonialista e sexista e as conquistas
contra a discriminação racial ou sexual são tão prontamente
revertidas quando necessário. (Boaventura de Sousa Santos)
• As condicionalidades reforçam a subalternização e a negação de
direitos, a visão dos pobres como responsáveis pela situação de
pobreza; retrocesso histórico, o “policiamento” das famílias pobres
(Medeiros, 2008);
• Proposta de proteção social reducionista e minimalista,
desconsidera as determinações mais gerais e estruturais, mantem a
situação de reprodução e controle da pobreza num patamar
controlável, mas sem obter sua ultrapassagem (SILVA e SILVA,
2008; FERREIRA, 2010);
• O PBF vai contra o processo de consolidação do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS) e o projeto de construção de um Sistema
de Proteção Social mais amplo e universal no país como um direito
constitucional universal (BRANDÃO, DALT; SILVA, 2009);

Críticas aos Programas de


Transferência de Renda- PTRs
• Acentua os processos criminalizadores dos segmentos
precarizados dos trabalhadores no âmbito do PBF (Neves,
2010);

• O PBF “como mediador” entre os interesses contraditórios


de classes, preservando interesses capitalistas e
“neutralizando” conflitos sociais, em busca do consenso
favorável à manutenção do modelo socioeconômico e
políticos adotados (GOMES, 2011);

• As complexas formas de exclusão contemporâneas não


podem ser superadas por PTRs e o caráter instável do PBF
não caminha na construção de um sistema consistente de
proteção social capaz de suportar embates eleitorais
(Grisotti; Ortiz, Gelinski, 2010).

Críticas aos PTRs


• Redução da pobreza e da desigualdade;
• Melhoria de indicadores educacionais e de saúde;
• Desmistificação dos receios de que o Programa pudesse
reduzir a participação dos seus beneficiários no
mercado de trabalho ou aumentar a fecundidade entre
as beneficiárias;
• Importância da garantia de rendimento como o
primeiro passo para a superação da pobreza, assim
como a possibilidade de permanência e
aproveitamento adequados da experiência escolar
(Lavinas; Barbosa, 2000);

IMPACTOS POSITIVOS
• A focalização como um instrumento dentro da política
social para reduzir desigualdades. o PBF gerou queda na
desigualdade de renda e na pobreza, mesmo na ausência de
crescimento econômico (CARVALHO SILVA, 2006);
• Famílias beneficiadas percebem melhorias significativas
em suas condições de vida, sobretudo relacionadas ao bem-
estar dos filhos e incentivo à permanência ou retorno de
jovens e adultos ao sistema educacional (Campos Filho,
2007);
• O foco na família e o repasse de benefício monetário,
atrelado ao acesso a serviços básicos se constituem em
inovações nas formas de atenção, nos serviços
(FONTENELE, 2007);

IMPACTOS POSITIVOS
O Brasil vem seguindo o sentido da regressão de suas políticas sociais.
Pode-se, resumidamente estar diante da transição de um complexo,
diversificado e universalista sistema de proteção e promoção social para
o de focalização e residualista.
O Estado de Direito Democrático se converte em Estado Democrático de
Direita. A convergência entre os interesses de poder/ acumulação capitalista, já
não assimila sequer o discurso democrático, mesmo retórico.

Estado Democrático de Direita: livra- se da legalidade que a sufoca (a


Constituição incorporou direitos demais, como se os direitos fossem
quantidades e não relações, golpe com aparência de institucionalidade
(legislativo), como procedimentalidade formal (judiciário) e com suporte
ideológico (mídia oligárquica).
Sucessivos esvaziamentos: esvaziamento do conteúdo ideológico dos projetos em
disputa, esvaziamento do alcance democrático dos projetos em disputa:
despolitização e burocratização da participação. JOSÉ GERALDO DE SOUSA
JUNIOR , professor da Faculdade de Direito e Ex-Reitor da UnB

CONTEXTO PÓS-GOLPE
BRASIL ( Estudo IBGE, Instituto Brasileiro de
Economia (Fundação Getúlio Vargas):
Após uma década de queda na desigualdade, milhões retornam à
miséria. Em dois anos, quase 2 milhões de indivíduos rumaram
para a pobreza extrema
DESMANTELAÇÃO DAS TÊNUES REDES DE PROTEÇÃO
SOCIAL A PARTIR DE 2016 E SUAS CONSEQUÊNCIAS:
Após uma década de uma redução jamais vista na desigualdade,
aqueles que vivem abaixo da linha de pobreza extrema ( ganhos
de 7 reais diários), saltaram de 13,5 milhões em 2016 para 15,2
milhões em 2017.
Famílias com renda mensal menor que 406 reais por mês: o total
subiu de 53,7 milhões para 55,4 milhões.
Desigualdade no mercado de trabalho: a renda dos 10% mais
ricos cresceu 3,3% e a fatia mais vulnerável da população teve
uma perda acumulada de mais de 20%.
Pesquisa do IPEA (2016) :Aumento nos pedidos de
benefícios como o Bolsa Família, auxílio-doença e o
Benefício de Prestação Continuada.
Os novos miseráveis do Brasil não estão apenas
cozinhando com lenha, trocando a casa por uma
marquise ou um viaduto. Na Zona da Mata
pernambucana, o governo lida com uma crise de fome
e desnutrição causada pelo empobrecimento da
população. Dependentes do trabalho braçal para o
setor sucroalcooleiro, os habitantes estão sem receber
salário.
As crianças já são as mais afetadas pela extrema
pobreza. O Unicef estima que seis em cada dez crianças
brasileiras são vítimas e sofrem as dimensões desse
drama.
Relatório sobre a insegurança alimentar no mundo : FAO
(Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura): no atual estado de desenvolvimento, a agricultura
mundial poderia alimentar normalmente 12 bilhões de seres
humanos, ou seja, quase o dobro da humanidade (7,7 bilhões de
pessoas hoje). Não há fatalidade. A fome é feita pelas mãos do
homem e pode ser eliminada pelos homens. Uma criança que
morre de fome é assassinada.
O debate sobre a necessidade de combate à fome – uma das
dimensões mais perversas da pobreza – tem um expoente no
Brasil, o cientista pernambucano Josué de Castro, referência
internacional, cuja enorme importância foi, ao se tornar
cidadão do mundo, desnaturalizar a fome e clamar por políticas
públicas de combate a ela.

Seminário de 2003 indicou a intervenção do Estado com um


autêntico programa keynesiano, de modo a criar mecanismos
emergenciais e permanentes para baratear o acesso à
alimentação à população de mais baixa renda e incluir os
excluídos mediante o aumento da renda, a universalização dos
direitos sociais e o fornecimento de direitos de compra de
alimentos.
Um enfoque sobre a Pobreza debatido/adotado/criticado por
grande parte dos cientistas sociais, formuladores de políticas
públicas e organismos internacionais na atualidade é o foco do
conceito de capacidades, elaborado por Amartya Sen, Prêmio
Nobel de Economia em 1998 e colaborador influente na
construção do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do
Programa das Nações Unidas de Desenvolvimento (PNUD).

Amartya Sen reinterpreta o pensamento de Adam Smith, e


propõe uma revisão dos conceitos keynesianos da economia do
bem-estar social e dos pressupostos da teoria da justiça de John
Rawls, promovendo uma verdadeira reestruturação do
pensamento liberal. A partir das formulações de Sen, a pobreza
designa a carência ou privação de capacidades para operar no
meio social, carência de oportunidades para alcançar níveis
minimamente aceitáveis de realizações, e isso pode independer
da renda individual.
Para Amartya Sen, “as características da desigualdade
em espaços diferentes (tais como renda, riqueza,
felicidade, etc), tendem a não convergir devido à
heterogeneidade das pessoas.” (SEN, 2008, p. 31).
Para além da preocupação com a mensuração da
pobreza, Sen considera que “oportunidades iguais
podem resultar em rendas bastante desiguais. Rendas
iguais podem associar-se a diferenças significativas na
riqueza[...]. Uma igual satisfação de necessidades pode
estar associada a diferentes liberdades de
escolha”(SEN, p. 31, 2008).
Martins (2008) relaciona a exclusão social à pobreza. Considera a exclusão
um sintoma grave da sociedade contemporânea, que transforma pessoas
humanas em seres descartáveis, banalizáveis, reduzidos à condição da
invisibilidade, de se tornar nada e ninguém. “A pobreza [...] é o pólo visível
de um processo cruel de nulificação das pessoas, descartadas [...] como se
elas fossem apenas matéria-prima da coisa a ser produzida, como se fossem
objeto e não mais sujeito” (MARTINS, 2008).
O ideal da ascensão social dos pobres por meio do trabalho, na década de
1950, reconfigurou-se nos tempos atuais e já não passa pela propriedade
imobiliária e pelo enraizamento. Agora, passa pelo consumo e pela
propriedade de bens móveis. “Os pobres, do mesmo modo que as elites e a
classe média, descobriram que na sociedade contemporânea o consumo
ostensivo é um meio de afirmação social e de definição de identidade”
(MARTINS, 2008)
Segundo Martins (2008), a preocupação de setores médios com os excluídos
– e com o que fazer com eles – expressa uma não-aceitação da forma como
estes resolvem os seus problemas. “Exclusão não diz respeito aos excluídos.
É, antes, uma imprecisão superficial sobre o outro por parte daqueles que
se consideram “incluídos” (humanizados) e não o são de fato” (p. 43).
PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA-
BRASIL(junho/2019)

• 14.072.368 milhões de
beneficiários famílias (13,5 MILHÕES
SETEMBRO)

repasse
• R$ 2.627.861.441,00(2,5
mensal bi em setembro)
• Recebimento mensal médio : R$
Valor 186,74 por família(189,21
médio set/19)

Fonte: Elaborado pela autora, com base nas informações do site do MDS (2019) http://www.mds.gov.br/
Acesso 23/07/2019 e 26/9/2019).
PIB do Brasil em 2018- 6,8
trilhões
PBF de 2019(projeção) –Total- 31,5
bilhões
Porcentagem do Programa Bolsa Família
em relação ao PIB /Brasil: 0,46%
EDUCAÇÃO BRASILEIRA – UM POUCO DE
HISTÓRIA
Período colonial – chegada dos jesuítas em 1534
O sistema colonial organizou-se sobre um modo de produção
escravocrata, primeiro sobre os índios e posteriormente a
escravidão se fundamenta basicamente na mão de obra do
negro africano. Intenso tráfico de escravos africanos.
Por 210 anos, de 1549, quando chegaram ao Brasil, até 1759,
quando se deu sua expulsão pelo Marquês de Pombal, os
jesuítas foram praticamente os únicos educadores do Brasil.
Nesses 210 anos, eles catequizaram os índios, formaram
novos sacerdotes e a elite intelectual brasileira, promoveram
o controle da fé e da moral dos habitantes e a difusão e
unificação da língua portuguesa de Norte a Sul do país
Constituição de 1824: apenas dois parágrafos: ao tratar da
"inviolabilidade dos direitos civis e políticos dos cidadãos
brasileiros", estabelece que "A instrução primária é gratuita a
todos os cidadãos" (art. 179, § 32).
Período de forte racismo e preconceito à prática do trabalho
manual, considerado indigno e degradante: “tese da
incapacidade do povo”.
Composição da sociedade imperial:
ELITES: escravocratas latifundiários, senhores de engenho,
fazendeiros do café (aristocratas livres);
CLASSE DOMINADA: colonos brancos e pobres, mestiços
(mamelucos, cafuzos e caboclos), negros escravos e alforriados
(semi-escravos

Brasil IMPÉRIO
O trabalho escravo e semi-escravo garantia a produção
econômica brasileira do açúcar, tabaco, algodão, café
A educação no período imperial formou as elites rurais
(aristocráticas e personalistas) e eram fator de distinção
entre o trabalho intelectual e o trabalho manual.
Educação classista, restrita às elites e com viés religioso
(jesuítico e escolástico).
A educação do povo: não era laica nem pública e estava
praticamente abandonada. Em 1888, o ensino era
acessível a tão somente 1,8% da população . A
quantidade de analfabetos chegava a 85%, sendo que,
dos 15% de alfabetizados, se forem relacionados
somente os que eram letrados, a porcentagem é
infimamente sumária.
D. Pedro II passou o ensino primário e secundário às
Províncias, que tentaram repassar esta
responsabilidade, principalmente o primário, aos
fazendeiros do café e senhores de engenho. Quanto
ao ensino superior, manteve centralizado.
Primário relegado ao abandono: pouquíssimas
escolas, sobrevivendo à custa do sacríficio de alguns
mestre-escolas, que, destituídos de habilitação para o
exercício de qualquer profissão rendosa, se viam na
contigência de ensinar.
CONSTITUIÇÃO DE 1891
- voto direto, descoberto e reservado aos homens maiores de 21
anos e separação entre Estado e Igreja.
- bandeira da laicidade, assim como a separação entre os poderes.
- separação entre Estado e Igreja;
- grande inovação : a laicidade do ensino - diferença entre
católicos e liberais, questão que se aprofundará no curso da
República.
- a proibição do voto aos analfabetos , exclusão do direito à
cidadania que somente será superada pela Constituição de 1988.

Primeira República(1889-
1930)
REVOLUÇÃO DE 1930 - CONSTITUIÇÃO DE
1934
Movimentos importantes : anarquismo, movimentos sindicais
Revoltas Tenentistas (1922 e 1924), Getúlio Vargas no poder, Revolução
Constitucionalista de 1932.
No campo econômico, em reação à crise de 1929, busca-se a substituição
de importações como alternativa ao desenvolvimento industrial.
Cria-se o Ministério de Educação e Saúde (1930), Reforma do ensino
superior e secundário.
No campo do ideário pedagógico: forte a influência do
ESCOLANOVISMO, traduzido no Manifesto dos Pioneiros da Escola
Nova (1932), marco referencial importante do pensamento liberal com
repercussões sobre ideias e reformas propostas
LUTAS IDEOLÓGICAS: CATÓLICOS X
LIBERAIS
ENSIno religioso "de freqüência facultativa [...] nas escolas
públicas primárias, secundárias, profissionais e normais" (art.
153).
Apoio irrestrito ao ensino privado através da isenção de
tributos a quaisquer "estabelecimentos particulares de
educação gratuita primária ou profissional, oficialmente
considerados idôneos" (art. 154)

FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO na Const. Fed. de 1934


UNIÃO: nunca menos de 10 % e os Estados e o Distrito
Federal nunca menos de 20 % da renda resultante dos
impostos na manutenção e no desenvolvimento do sistema
educativo”
- dispositivos relativos ao magistério: a isenção de impostos
para a profissão de professor (art. 113, inciso 36) e a exigência
de concurso público como forma de ingresso ao magistério
oficial (art. 158).
CONSTITUIÇÃO DE 1937- DITADURA DO
ESTADO NOVO
Constituição do Estado Novo: claramente inspirada nos
regimes fascistas europeus.
Competência da União para "fixar as bases e traçar as
diretrizes para a formação física, intelectual e moral da
infância e da juventude
O dever do Estado para com a educação é colocado em
segundo plano: função compensatória na oferta escolar
destinada à "infância e à juventude, a que faltarem os
recursos necessários à educação em instituições
particulares" (art. 129). Nesse contexto, o "ensino pré-
vocacional e profissional destinado às classes menos
favorecidas" é compreendido como "o primeiro dever do
Estado" em matéria de educação (art. 129)
Nesse contexto, o "ensino pré-vocacional e profissional
destinado às classes menos favorecidas" é compreendido
como "o primeiro dever do Estado" em matéria de educação
(art. 129)

Estado Novo inteiramente orientado para o ensino


profissional
A educação gratuita: a educação dos pobres.
Será exigida aos que não alegarem ou não puderem alegar
escassez de recursos, uma contribuição módica e mensal
para a caixa escolar.
Ensino religioso facultativo- acabou por tornar-se
compulsório, em se considerando a hegemonia da religião
católica sobre as demais, bem como a expressiva presença de
escolas confessionais no cenário brasileiro.
Consolidação das Leis do Trabalho (1943)
CONSTITUIÇÃO DE 1946
Fim da Segunda Guerra Mundial. Queda da ditadura
do Estado Novo em final de 1945.
Consolidam-se as condições que vão levar o país à
redemocratização.
Embora Vargas afaste-se do poder, a ordem getulista
se mantém.
A nova Constituição, orientada por princípios liberais
e democráticos restabelece o estado de direito e a
autonomia federativa.
Em 1947 ocorre a intervenção em mais de uma
centena de sindicatos e é decretada a ilegalidade do
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Lei Orgânica do Ensino Industrial – Lei Orgânica do Ensino
Secundário ,Lei Orgânica do Ensino Comercial. Criação do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai)
Acentua o dualismo que distingue a educação escolar das elites
daquela ofertada para as classes populares. Suas diretrizes vão
orientar a educação até a promulgação da primeira Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 4.024/61).
O texto de 1946 faz ressurgir o tema da educação como direito de
todos. Não há, entretanto, um vínculo direto entre esse direito e o
dever do Estado em um mesmo artigo.
MOVIMENTOS DE EDUCAÇÃO POPULAR da
década de 1960

MCP – Movimento de Cultura Popular do


Recife
CPC - Centros Populares de Cultura –
UNE
MEB- Movimento de Educação Popular

Presença de PAULO FREIRE


Constituição de 1967: o financiamento para a Educação
desaparece.
A vinculação seria reeditada muitos anos depois, por
força de Emenda Constitucional (EC) aprovada já na
década de oitenta. A partir de então, a União é
responsável pela aplicação de "nunca menos de treze por
cento, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
25%, no mínimo, da receita resultante de impostos na
manutenção e desenvolvimento do ensino" (EC nº 24/83,
art. 176, § 4º) emenda CALMON Lei nº
5.540/68 – reforma universitária
LEI 5.692/71 – ensino de 1º e 2º graus (Educação direito
de todos e dever do estado )
O ensino privado "merecerá amparo técnico e financeiro
dos Poderes Públicos, inclusive mediante bolsas de
estudo" (art. 176, § 2º).
MOVIMENTOS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO POLITICA NA
DÉCADA DE 1970
ANA DOIMO (1994) A vez e a voz do Popular- movimentos
sociais e participação politica na década de 1970
ATORES de DESTAQUE:
Igreja católica – CEBs, ecumenismo popular, Teologia da Libertação
segmentos da intelectualidade acadêmica, a chamada nova esquerda,
“o povo como sujeito da própria história”- Redes movimentalistas e o
papel das ONGs- novo sindicalismo

CONCEPÇÕES CRÍTICAS DA EDUCAÇÃO


“Teoria da reprodução” ou “teoria do sistema de ensino enquanto
violência simbólica” (Bourdieu- Passeron)
Teoria da escola enquanto aparelho ideológico de Estado” (Althusser)
Teoria da escola dualista” (Baudelot-Establet)

No Brasil: Paulo Freire (Pedagogia Libertadora)


e Demerval Saviani ( Abordagem histórico-crítica)
DÉCADA DE 1990

Recuo da igreja católica


OngS : ações mais propositivas em vez de mera assessoria
Intelectualidade acadêmica elege questões relativas à
transição politica e reengenharia
A Esquerda assume compromissos com o sistema partidário,
a reforma do Estado e a gestão da coisa pública
Eleições indiretas
Tancredo Neves para presidente e de José Sarney para vice.

Educação na Constituição de 1988- amplamente democrática

FUNDEF
FUNDEB
CONCEPÇÕES CRÍTICAS DA EDUCAÇÃO
“Teoria da reprodução” ou “teoria do sistema de
ensino enquanto violência simbólica” (Bourdieu-
Passeron)
Teoria da escola enquanto aparelho ideológico de
Estado” (Althusser)
Teoria da escola dualista” (Baudelot-Establet)

No Brasil: Paulo Freire (Pedagogia Libertadora)


e Demerval Saviani ( Abordagem
histórico-crítica)
GOVERNOS FHC – prioridade à educação
básica (segundo ALGEBAILE –
AMPLIAÇÃO PARA MENOS)

GOVERNOS LULA e DILMA – CONAEs


(2006 a 2010-2014)
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2014
– 2024)
Programas sociais- PBF - Plano Brasil Sem
Miséria-
Os governos LULA/DILMA:
Intersetorialidade entre os programas federais
Crescimento do número de jovens que ingressaram no ensino
médio na idade certa, aumento do acesso ao ensino superior, as
universidades chegaram ao interior do Brasil e os professores
ganharam um piso salarial.
O orçamento para a pasta, em 2003, era de R$ 18,1 bilhões,
pulando para R$ 54,2 bi, em 2010. Um salto de quase três vezes
o valor, em oito anos de governo Lula. Se considerarmos até
2016, ano em que Dilma sofreu o golpe, o montante atinge 100
bilhões.
Há, ainda, um fator que caminha junto com o dinheiro
investido no setor, que permitiria romper com o ciclo de
pobreza geracional e melhorar o resultado dos programas de
educação: o aumento da renda da população mais pobre. O
programa extrapolou o aspecto da transferência de renda para
se tornar um incentivo ao ensino.

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