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TÍTULO: ABORTO E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

AUTORA: MARIA DO CARMO ALVES BARBOSA

CURSO DE DIREITO 5º SEMESTRE – PERÍODO NOTURNO

DISCIPLINA: DIREITO PENAL

DOCENTE: PROF. MARCELO ALESSANDER DE FREITAS

RESUMO
Este trabalho visa, através da legislação brasileira, prestar esclarecimento sobre o devido valor
do conhecimento e do ato de trazer a prática do aborto para uma discussão necessária de quem
pratica ou defende a ideia de praticar tal ato. Neste sentido, é de suma importância saber as
leis e jurisprudências brasileiras que tratam sobre o aborto. Por este motivo, falar sobre o
aborto exige habilidade, competência e análise profunda, tanto no campo teórico ou histórico,
tendo em vista os efeitos bons ou ruins diante dos efeitos analisados em curto ou em longo
prazo. Portanto, o aborto viola um direito de todos os direitos concedidos na Constituição
brasileira, que é o direito à vida.
Palavras-chave: Aborto. Leis brasileiras. Viola. Vida.
ABSTRACT

This work aims, through Brazilian legislation, to provide clarification on the due value of
knowledge and the act of bringing the practice of abortion to a necessary discussion of those
who practice or defend the idea of practicing such an act. In this sense, it is extremely
important to know the Brazilian laws and jurisprudence dealing with abortion. For this reason,
talking about abortion requires skill, competence and in-depth analysis, both in the theoretical
or historical field, in view of the good or bad effects in the face of the effects analyzed in the
short or long term. Therefore, abortion violates a right to all rights granted in the Brazilian
Constitution, which is the right to life.

Keywords: Abortion. Brazilian laws. Viola. Life.

INTRODUÇÃO

Falar sobre aborto é um tema difícil de ser questionado porque, desde a antiguidade era
tratado como: a ética, a moral, a religião, à medicina e finalmente no ramo do direito. De
acordo com Antonio Houaiss (2007), diz o seguinte: abortar significa expulsar naturalmente
o feto, ou retirá-lo por meios artificiais, sem que ele tenha condições de sobrevivência fora
do útero, interromper o processo de gestação, provocando a morte do feto. (HOUAISS, 2007,
p. 24). Em outras palavras, pode-se dizer que o aborto é o ato voluntário ou involuntário de
impedir uma gravidez natural, isto é, interrompendo, com isto, o nascimento de uma nova
vida em formação. Por isso, é necessário saber as leis e jurisprudências brasileiras que tratam
sobre o aborto. Fernando Capez, em livro intitulado Curso de Direito Penal, volume 2, parte
especial (2018), faz o seguinte conceito de aborto:
Considera-se aborto a interrupção da gravidez, com a consequente destruição do
produto da concepção. Consiste na eliminação da vida intrauterina. Não faz parte do
conceito de aborto a posterior expulsão do feto, pois pode ocorrer que o embrião
seja dissolvido e depois reabsorvido pelo organismo materno em virtude de um
processo de autólise; ou então pode suceder que ele sofra processo de mumificação
ou maceração, de modo que continue no útero materno. A lei não faz distinção entre
óvulo fecundado (3 primeiras semanas de gestação), embrião (3 primeiros meses) ou
feto (a partir de 3 meses), pois em qualquer fase da gravidez estará configurado o
delito de aborto, quer dizer, entre a concepção e o início do parto.
(CAPEZ, 2018, p. 133).

De acordo com o Código Penal, o aborto no Brasil é crime, contudo, em algumas situações, a
conduta é permitida. Veja o que nos diz o Código Penal Comentado por Maurício Schaun Jalil
e Vicente Greco Filho (2019):
Aborto promovido pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena
– detenção de 1 (um) a 3 (três) anos.
Aborto provocado por terceiro. Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da
gestante: Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena – reclusão de 1
(um) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14
(quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental ou se o consentimento é obtido
mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um
terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a
gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, o qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. (FILHO et al. 2019, p. 353-
359).

1.PRECEDENTES HISTÓRICOS

No que se refere aos precedentes históricos, Capez (2018) afirma:


A prática do aborto nem sempre foi objeto de incriminação, sendo muito comum a
sua realização entre os povos hebreus e gregos. Em Roma, a Lei das XII Tábuas e as
leis da República não cuidavam do aborto, pois consideravam o produto da
concepção como parte do corpo da gestante e não como ser autônomo, de modo que
a mulher que abortava nada mais fazia que dispor do próprio corpo. Em tempos
posteriores o aborto passou a ser considerado uma lesão ao direito do marido à
prole, sendo a sua prática castigada. Foi então com o cristianismo que o aborto
passou a ser efetivamente reprovado no meio social, tendo os imperadores Adriano,
Constantino e Teodósio reformado o direito e assimilado o aborto criminoso ao
homicídio. (Op. Cit. p. 133).

Conforme a citação acima, percebe-se que a realização do aborto não era tido como prática
criminosa, uma vez que o homem não tinha capacidade de raciocinar, de entender, que a
realização desse ato viesse, a luz da ação, interromper a vida do feto, tendo em vista que
naquela época não havia estudos médicos a respeito do tema. Diante desses fatos, a raça
humana considerava que o fruto da concepção era parte do próprio corpo da mulher gestante,
não acreditando ser uma outra pessoa a parte, por este motivo, ao praticar o aborto, a mulher
não estaria fazendo mal a outro indivíduo, pois estava prejudicando apenas o seu próprio
corpo.
A Bíblia Sagrada não fala especificamente sobre o caso do aborto. Não há nada escrito na
bíblia diretamente dizendo: não abortarás. Contudo, a Palavra de Deus oferece uma
cosmovisão e ensinamentos decididos em favor da vida. Por exemplo, como está escrito no
livro de Êxodos capítulo 21 e versículos 22 e 23. Observe-se:

Se alguns homens pelejarem, e um ferir umas mulher grávida, e for causa de que
aborte, porém não havendo outro dano, certamente ser multado, conforme o que lhe
impuser o marido da mulher, e julgarem os juízes. Mas se houver morte, então darás
vida por vida. (Êxodo 21:22-23).

Percebe-se que a Bíblia fala de maneira indireta sobre o aborto, citando homens brigando (...).
Neste caso, há menção da existência do aborto.
Ainda, Capez (2018) cita:
Nosso entendimento: a destruição e/ou eliminação de embriões excedentários não
configura aborto, uma vez que não se trata de vida intrauterina (o feto está fora do
útero) – e o Direito Penal não admite analogia em norma incriminadora – nem
homicídio, pois o embrião não pode ser considerado pessoa humana. (Op. Cit.
p,134).

CONCLUSÕES

Concluímos que o aborto mencionado no Código Penal: a. aborto promovido pela gestante ou
pelo seu consentimento, conforme art. 124; b. provocar aborto sem o consentimento da
gestante, descrito no art. 125; c. aborto promovido com o consentimento da gestante,
conforme o art. 126 e Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é
maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido
mediante fraude, grave ameaça ou violência; d. art. 127 diz: as penas cominadas nos dois
artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios
empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, o qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. E por último, Art. 128 - Não
se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou,
quando incapaz, de seu representante legal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA SAGRADA. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. rev. atual. São
Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2007.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, parte especial, 18. ed. Atualizada. São Paulo:
Saraiva Educação, 2018.
FILHO. Acácio Miranda da silva [et al.]: coordenadores Maurício Schaun Jalil e Vicente
Greco Filho. Código Penal Comentado: doutrina e jurisprudência - 2ª ed. São Paulo: Manole,
2019.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

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