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RODRIGO BORGES LIMA

A APLICABILIDADE DO TRATAMENTO RESTAURADOR ATRAUMÁTICO NAS


COMUNIDADES INDÍGENAS SATERÉ – MAWÉ DO RIO ANDIRÁ

BRASÍLIA
2003
RODRIGO BORGES LIMA

A APLICABILIDADE DO TRATAMENTO RESTAURADOR ATRAUMÁTICO NAS


COMUNIDADES INDÍGENAS SATERÉ – MAWÉ DO RIO ANDIRÁ

Monografia apresentada à Faculdade


de Ciências da Saúde da Universidade
de Brasília para obtenção do título de
Especialista em Odontologia em Saúde
Coletiva.

Orientador: Luciana Benevides Ferreira

BRASÍLIA
2003

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Sumário

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................1

2 REVISÃO DA LITERATURA ...........................................................................2

2.1TRATAMENTO RESTAURADOR ATRAUMÁTICO ........................................2

2.2RESTAURAÇÕES DE AMÁLGAMA E RESINAS.......................................... 14

2.3O DISTRITO SANITÁRIO ESPECIAL INDÍGENA DE PARINTINS ................ 16

2.4OS ÍNDIOS SATERÉ - MAWÉ........................................................................ 16

3 HIPÓTESE .....................................................................................................19

4 OBJETIVOS ................................................................................................... 20

5 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 21

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 22

7 CONCLUSÃO ................................................................................................ 25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................26

ANEXOS ................................................................................................................ 28

iii
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1 INTRODUÇÃO

O Tratamento Restaurador Atraumático - TRA é uma alternativa de

tratamento da cárie dentária, direcionado para a saúde pública cuja utilização teve

início na África, em meados dos anos 80, se difundindo para outras regiões do

mundo como Caribe e Tailândia. Foi posto em prática em situações clínicas em

meados dos anos 90 e idealizado para o atendimento a populações de áreas

carentes, como em países em desenvolvimento, onde falta infra-estrutura para a

realização de um tratamento odontológico tradicional (ABO-RJ, 2001).

Muitos estudos têm sido realizados sobre TRA, no sentido de avaliar e

demonstrar suas utilidades e aplicabilidade no tratamento odontológico preventivo

restaurador, principalmente em países em desenvolvimento áreas rurais e grupos

comunitário menos favorecidos dentro de países desenvolvidos.

A prova da efetividade da técnica foram os resultados obtidos nos campos

de refugiados da Tailândia ao final de 1 ano onde 79% das restaurações. TRA de

superfícies estavam em perfeitas condições. Através desse trabalho conclui-se que

em um ambiente de pouca tecnologia obteve grande efetividade (A.B.O. RJ, 2001).

Nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas o TRA tem sido indicado como

tratamento de escolha para procedimentos clínicos em saúde bucal. Portanto faz-se

necessária uma avaliação de sua aplicabilidade nas condições encontradas no

desenvolvimento de atividades em comunidades indígenas, assim como suas

vantagens e desvantagens.
2

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 TRATAMENTO RESTAURADOR ATRAUMÁTICO

FRENCKEN et al. (1991) realizaram um projeto em três vilas de um distrito

rural em Tailândia, com objetivo de avaliar restaurações e selamentos usando o

Tratamento Restaurador Atraumático (TRA), o Cimento ionômero de vidro utilizado

foi o Chem Fil. Participaram do projeto 277 pessoas e foram realizadas 529

restaurações e 148 selamentos utilizando o TRA, destas 45 restaurações e 15

selantes foram excluídos após um ano de avaliação, e os resultados obtidos após

este período foram os seguintes: na dentição decídua houve um sucesso de 79%

das restaurações de uma face e 55% nas restaurações de mais de uma face, a

diferença entre esses dois achados foi estatisticamente significantes (p<0,0001); na

dentição permanente, 93% das restaurações de um face foram consideradas boas e

não houve diferença estatística entre restaurações de uma face pequenas e grandes

nessa dentição; em relação aos selantes foi observado uma retenção de 73% na

dentição decídua e 78% na dentição permanente. Após um ano de avaliação os

resultados foram considerados muito encorajadores, em particular, os 93% de

sucesso das restaurações realizadas na dentição permanente, o que torna essa

técnica muito promissora.

FRENCKEN et al. (1996) em um programa de saúde oral em estudantes

de Zimbábue, realizou o Tratamento Restaurador Atraumático (TRA) utilizando o

cimento ionômero de vidro Chem Fil Superior® e avaliou durante um ano. Para o

trabalho foram examinados 569 estudantes com média de idade de 13,9 anos, a

prevalência de cárie encontrada foi de 41% com CPO-D de 1,1 e CPO-S de 1,4. As

lesões cariosas foram predominantemente oclusais, cerca de 81% dos casos,

seguido de cáries bucais, 13% dos casos. O Tratamento Restaurador Atraumático

(TRA) foi realizado em 87% dos estudantes, desse número cerca de 6% dos

estudantes apresentaram dor pós-operatória após o tratamento recebido e 95% dos


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estudantes entrevistados ficaram satisfeitos com o tratamento realizado. As

restaurações utilizando a técnica do tratamento restaurador atraumático foram

avaliadas após um ano e os resultados obtidos foram os seguintes: 93,4% das

restaurações permaneceram e cerca de 85% foram consideradas boas. As falhas

relatadas foram as seguintes: 2,8% das restaurações apresentavam defeito marginal

inaceitável, 1,9% das restaurações estavam ausentes e 0,9% apresentavam

excesso marginal. É importante salientar que após um ano de avaliação não foi

observado a presença de cáries primárias ou secundárias. Com relação aos selantes

como método preventivo os resultados obtidos foram os seguintes: a cárie foi

observada em apenas 0,8% das cicatrículas e fissuras seladas e o grau de retenção

após um ano foi de 73,7% com 60,3% estando com retenção completa e 13,4% com

retenção parcial. Os resultados obtidos neste estudo foram considerados muito

promissores e os estudantes que participaram da pesquisa ficaram muito satisfeito

com o tratamento que eles receberam, os dentes restaurados não apresentaram

recidiva de cáries e apenas 3 dentes selados apresentaram algum risco de cárie, as

principais falhas são atribuídas a erros do operador na hora da manipulação do

material ou devido a própria característica do material restaurador, o cimento

ionômero de vidro.

PHANTUMVANIT et al. (1996), realizaram um estudo onde eles

compararam o Tratamento Restaurador Atraumático com restaurações

convencionais de amálgama para o manejo da cárie dental. O presente estudo limita

os resultados a apenas restaurações de uma face na dentição permanente por um

período de três anos. Participou do estudo três vilas rurais do noroeste da Tailândia,

o CPO-D encontrado no grupo de adultos foi de 3,9 na vila onde foi utilizado o TRA,

3,6 na vila onde foi realizado as restaurações de amálgama e 3,4 na vila que não

recebeu tratamento. A técnica do TRA foi realizada em apenas uma vila onde 144

pessoas foram tratadas e cerca de 241 restaurações foram realizadas, sendo 147

colocadas em crianças acima de 12 anos e 94 em adolescentes e adultos. Em uma


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segunda vila, 205 restaurações convencionais de amálgama foram realizadas em

138 pessoas, sendo 96 em crianças e 109 em adultos, utilizando um equipamento

dental móvel. Ambas, restaurações a técnica do TRA e restaurações de amálgama

foram realizadas por um único dentista e duas enfermeiras dentais, sem a

administração local de anestesia. A avaliação clínica foi realizada após um, dois e

três anos depois de realizado os procedimentos, e os resultados foram os seguintes:

para o TRA a longevidade das restaurações foi de 93% no primeiro ano, 83% no

segundo ano e 71% no último ano de avaliação, estes resultados ficaram bem

próximos a longevidade das restaurações de amálgama que foram as seguintes,

98% no primeiro ano, 94% no segundo anos e no último ano foi de 85%, contudo

houve diferença estatística (p<0,001). Não foi observada diferença estatística entre o

TRA realizado em crianças e em adultos e também entre restaurações realizadas

pelo dentista e pelas enfermeiras dentais. Os resultados sugerem o Tratamento

Restaurador Atraumático (TRA) é uma técnica apropriada para o tratamento da cárie

dental, especialmente para lesões de apenas uma face. E devido a simplicidade da

técnica e a mínima intervenção da lesão de cárie ela é indicada para todas as

pessoas independentes das condições em que vivem, porém o TRA ainda está no

início e mais estudos precisam ser realizados.

QVIST et al. (1997), realizaram um estudo para comparar a longevidade e

efeitos cariostáticos entre restaurações feitas com um cimento ionômero de vidro e

restaurações feitas com amálgama em dentes decíduos, durante três anos.

Participaram do estudo 666 crianças, entre 3 – 13 anos. Foram realizados cerca de

515 restaurações utilizando o cimento ionômero de vidro Ketac-Fill, e 543

restaurações utilizando o amálgama Dispersalloy. 79% das restaurações feitas foram

classe II, as quais ficaram em contato com 593 superfícies não restauradas. Depois

de três anos 6% das crianças saíram do estudo e 33% dos dentes restaurados foram

exfoliados. Um total de 37% das restaurações de cimento de ionômero de vidro e

18% das restaurações de amálgama apresentam falhas (p<0,001). O maior número


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de falhas ocorridas foram nas restaurações de classe II de cimento de ionômero de

vidro, as quais mostraram uma sobrevivência de 50% por um período de 34 meses e

meio, devido principalmente há muitas fraturas, enquanto que 75% das restaurações

de amálgama de classe II sobreviveram (p<0,001). A progressão da cárie foi mais

encontrada em superfícies próximas de restaurações de amálgama e cerca de 21%

dessas cavidades precisaram ser restauradas contra 12% de superfícies adjacentes

a restaurações com cimento de ionômero de vidro (p<0,001). Os resultados após

três anos indicaram que as restaurações convencionais com ionômero de vidro não

são uma alternativa apropriada para o amálgama em todos os tipos de restaurações

na dentição decídua. Em particular, o pequeno tempo de longevidade das

restaurações classe II de ionômero não deve ser compensado pela redução na

progressão da cárie e a terapia restauradora deve ser utilizada em superfícies

adjacentes.

FRENCKEN et al (1998), dando continuidade a um trabalho anterior onde

ele avaliou o Tratamento Restaurador Atraumático (TRA) realizado em um programa

de saúde oral em Zimbábue, avaliou as restaurações realizadas utilizando esta

técnica após três anos de estudo. Participaram do estudo 569 estudantes com

média de idade 13,9 anos, onde foi o exame bucal, 81% das cáries encontradas

eram oclusais, seguido de cáries localizadas na face bucal, 13% dos casos. O

tratamento foi dividido entre selantes 41% dos casos e restaurações, 59% dos

casos. Foram realizados 307 restaurações de 1 face em 144 estudantes, cuja

distribuição é a seguinte: 49,3% dos estudantes receberam apenas uma

restauração, 23,6% receberam 2 restaurações, 9% receberam 3 restaurações,

10,4% receberam 4 restaurações e 7,6% receberam 5 ou mais restaurações.

Apenas 16 restaurações com mais de uma face foram realizadas, destas 10 foram

avaliadas depois de três anos. Após os três anos de avaliação os resultados foram

os seguintes: 68,5% das restaurações foram consideradas boas, 6,1% das

restaurações apresentavam pequenos defeitos marginais e 8,1% apresentavam um


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pequeno desgaste, 8,1% apresentavam defeitos marginais inaceitáveis, 6,1% das

restaurações haviam sido perdidas e 2,5% apresentavam desgaste excessivo.

Portanto após três anos de avaliação 85,3% das restaurações realizadas com a

técnica do TRA sobreviveram apesar de algumas apresentarem algum defeito. A

sobrevivência dos selantes durante este período foi a seguinte: 91,6% das

superfícies seladas sobreviveram após três anos sem desenvolvimento de cárie. Os

resultados obtidos nesse estudo de 85,3% de sobrevivência para as restaurações

são muito encorajadores, sendo bem melhores que o estudo realizado em Tailândia

onde a taxa de sobrevivência foi de 77% também realizando a técnica do

Tratamento Restaurador Atraumático, e é comparável com os 85% de efetividade

das restaurações de amálgama, também de uma face. Realizado por

PHANTUMVANIT em 1996, e não há dúvidas que as falhas ocorridas são devidas a

caracterísiticas do material. Portanto o TRA é uma opção apropriada para grupos

populacionais que não recebem cuidados preventivos e curativos.

FRENCKEN et al. (1998) realizaram um estudo para avaliar durante 3 anos

a efetividade de restaurações utilizando o Tratamento Restaurador Atraumático

(TRA) e selantes utilizando o cimento ionômero de vidro Fuji IX em Zimbábue.

Foram examinados 618 estudantes com média de idade de 14,1 anos. A prevalência

de cárie foi de 31% dos estudantes, o CPOD encontrado foi de 0,69 enquanto que o

CPOS foi de 0,95, não foi encontrado nenhuma restauração e o componente “C”

representou 86% dos casos. No início foram realizadas 297 restaurações de uma

face utilizando a técnica do TRA em 142 estudantes, e 95 selantes de cimento

ionômero de vidro em 66 estudantes. Depois de três anos foram avaliadas 206

restaurações e 66 selantes que haviam sido realizadas anteriormente. Após três

anos os resultados encontrados foram os seguintes: 63,6% das restaurações foram

consideradas boas, 15% das restaurações apresentavam pequenos defeitos

marginais, 6,8% apresentavam pequeno desgaste, 10,2% apresetam defeitos

grosseiros, 1,5% tinham desgaste excessivo e 1,9% haviam se perdido, a cárie só foi
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encontrada em apenas um dente 0,5%. Portanto após esse período cerca de 88,3%

das restaurações sobreviveram. Em relação aos selamentos 96,3% dos selantes

permaneceram durante três anos sem desenvolver cárie. Os resultados obtidos

nesse estudo são muito encorajadores e mais altos que os estudos realizados

anteriormente, um na Tailândia que foi 77% e outro também realizado no Zimbábue

que foi de 85,3%.

MALLOW et al. (1998) realizaram um trabalho para estimar a longevidade

do cimento ionômero de vidro Fuji II, utilizando o Tratamento Restaurador

Atraumático (TRA) em dentes permanentes, nos pacientes de um zona rural no

Cambodia. Participaram da pesquisa 53 estudantes entre 12 e 17 anos de uma

escola rural, foram realizados os exames e detectou-se que 92,1% das lesões

cariosas eram classe I ou classe V, após isso, as restaurações necessárias foram

feitas utilizando a técnica da restauração atraumática, porém não foi utilizado um

condicionador de dentina. Foram realizadas um total de 89 restaurações e avaliadas

por um período de 3 anos, os resultados obtidos após o primeiro ano foram os

seguintes: 86,4% das restaurações continuavam presentes e o grau de sucesso foi

de 76,3%. Após três anos de avaliação os resultados foram os seguintes: 79,5% das

restaurações ainda estavam presentes porém o grau de sucesso foi de apenas

57,9%. Os resultados sugerem que, as restaurações utilizando o TRA em dentes

permanentes usando o cimento ionômero de vidro Fuji II foram considerados após

três anos de avaliação tendo um sucesso moderado, porém melhores resultados

podem ser esperados se utilizarmos um condicionador de dentina em conjunto com

um cimento de ionômero de vidro mais novo e mais forte, sendo melhor indicado

para a técnica.

OLIVEIRA et al. (1998), citaram vários e chegam as seguintes indicações

para o Tratamento Restaurador Atraumático (TRA):

− Pessoas em áreas rurais e suburbanas em cidades industrializadas

ou não;
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− Grupos minoritários e pessoas que vivam em comunidades

carentes, menos privilegiadas, que não possui serviço básico de

atenção dentária nem possam arcar com os custos do tratamento

convencional;

− Grupos especiais, como comunidades de refugiados;

− Pacientes institucionalizados (por exemplo: em asilos, creches,

orfanatos).

OLIVEIRA et al. (1998), citaram ainda, vários autores e descreveram as

seguintes vantagens para o Tratamento Restaurador Atraumático (TRA):

− É uma técnica de baixo custo, que faz uso de instrumentos manuais

baratos e de fácil manejo, sem o emprego de eletricidade nem de

equipamentos especiais;

− Remoção apenas do tecido cariado, o que dá origem a pequenas

cavidades e preservação de tecido dentário sadio;

− Minimiza o uso de anestésico local, por limitar o aparecimento da

dor;

− Fácil limpeza e desinfecção do instrumental utilizado;

− O material restaurador empregado possibilita a união ao tecido

dentário;

− Possibilita a reintegração de dentes com cáries profunda na sua

função, sem desconforto no ato mastigatório;

− A liberação de fluoreto do Cimento Ionômero de Vidro pode prevenir

o aparecimento de cáries secundárias e, provavelmente,

remineralizar tecido dentinário.

− Tem-se a união de tratamento curativo e preventivo em um só

procedimento;

− A restauração danificada é facilmente reparável;


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− Por não fazer uso de motor e sugador, pode ser considerado uma

técnica de fácil aceitação por adultos e crianças;

− O Tratamento Restaurador Atraumático (TRA) pode auxiliar em

progrmas de promoção e educação para a saúde, particularmente

em áreas onde cuidados bucais baseiam-se em alívio da dor através

de extração e educação de saúde bucal.

OLIVEIRA et al. (1998), citaram vários autores e descreveram as seguintes

desvantagens para o Tratamento Restaurador Atraumático (TRA).

− A longevidade das restaurações e selantes se dá por um período de

tempo de três anos, em média;

− A técnica ainda não foi totalmente aceita pelo pessoal da área de

saúde;

− Restringe-se a cavidades de tamanho pequeno e médio, devido às

limitações do material;

− Possibilidade de cansaço manual, devido ao emprego de

instrumentos manuais por longo período de tempo;

− A manipulação do material sofre interferência por parte do operador

e por parte de situações climáticas;

− A técnica exige atenção constante em cada passo da fase a ser

executada;

− Há resistências em aceitar que a restauração com o cimento

ionômero de vidro (CIV) tenha caráter permanente;

− Falta de instrumento manuais mais apropriados à execução

operatório da técnica, com redução do cansaço manual.

OLIVEIRA et al. (1998), comparam o Tratamento Restaurador Atraumático

a adequação do meio bucal e dizem que a adequação do meio bucal é uma etapa

transitória, que faz parte da filosofia atual de promoção de saúde, e tão logo estejam

controlados os fatores causadores da doença cárie, as cavidades seladas devem ser


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reabertas e retratadas conforme a necessidade de cada paciente, enquanto que o

TRA é uma técnica de tratamento definitivo, que deve está sempre associado a

prevenção, e veio em socorro de programas de países onde o tratamento

odontológico destinado a uma parcela da população é esporádico, dependendo da

liberação de verbas, instalações e recursos humanos, baseando-se em intervenção

preventiva e extrações.

FRENCKEN e HOLGREM (2001) em seu livro “Tratamento Restaurador

Atraumático (TRA) para a Cárie Dentária”, descrevem a técnica do TRA da seguinte

maneira: Antes de começar o preparo cavitário, todos os instrumentais e materiais

necessários para a realização da técnica deverão estar dispostos de maneira lógica

e ordenada, ou seja, devem estar colocados na sequência em que serão usados,

esse procedimento economiza tempo e o operador se encontra no preparo e na

restauração da cavidade. Após o preparo do material deve ser realizado o

isolamento do campo operatório, o que é essencial para que não haja falhas durante

a realização da técnica. O isolamento é obtido através de rolos de algodão que

devem ser trocados regularmente, assim que estiverem saturados por saliva, para os

dentes inferiores, os rolos de algodão devem ser colocados nos dois lados do dente

que será restaurado e para uso em crianças pode-se utilizar grampos de algodão.

Depois do campo operatório devidamente isolado, deve ser realizado o exame do

dente e da extensão da lesão cariosa, removendo toda a placa e os restos de

alimentos das fóssulas e fissuras com uma sonda exploradora e com uma bolinha de

algodão molhada seguinda da secagem da superfície com uma bolinha de algodão

seca, em lesões cariosas onde a abertura da cavidade é pequena é necessário a

utilização de um machado de esmalte para obter um melhor acesso para as curetas

dentinárias. Em seguida as curetas dentinárias são usadas para remover a dentina

amolecida fazendo movimentos circulares de raspagem ao redor do eixo do

instrumento, é importante que a dentina amolecida da junção amelo-dentinária seja

removida primeira usando uma cureta de menor diâmetro, isso resulta em mais
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esmalte sem suporte, que poderá ser removido com o machado de esmalte para

melhorar ainda mais a visualização da cavidade, é importante se certificar de que

toda a dentina amolecida foi retirada da junção amelo-dentinário. Depois devemos

remover a dentina amolecida que está no assoalho da cavidade, não realizando

pressão excessiva, devendo ter cuidado em cavidades profundas para que não haja

exposição pulpar, a dentina descolorida ou pigmentada que estiver endurecida deve

ser mantida. Após isso é realizado o condicionamento dentinário com um material

fornecido pelo fabricante do Cimento Ionômero de Vidro que foi utilizado, para

remover toda a lama dentinária formada durante a instrumentação. Aplique o

condicionador à cavidade e fóssulas e fissuras por 10 a 15 segundos. Lave a

cavidade com uma bolinha de algodão molhada seguida de uma seca. Depois o

ionômero de vidro deverá ser espatulado conforme as recomendações do fabricante

e imediatamente inserido na cavidade, com a ajuda de uma espátula de inserção ou

um esculpidor, para que não comprometa a adesão química, primeiro acomode o

ionômero das paredes de esmalte socavado e depois preencha a porção central da

cavidade e as fóssulas e fissuras adjacentes. Esfregue uma pequena quantidade de

vaselina sobre o dedo indicardor enluvado e pressione firme o ionômero dentro da

cavidade e das fóssulas e fissuras, deslize o dedo de vestibular para lingual e de

mesial para distal, com a finalidade de que o material se espalhe por toda a

superfície oclusal. Após tomado presa o material remova os excessos da

restauração com um esculpidor ou uma cureta, depois verifique a oclusão e cubra a

restauração com vaselina ou verniz. Solicite ao paciente que evite comer por, pelo

menos, uma hora.

O TRA consiste na remoção de estrutura dentária cariada usando apenas

instrumentos manuais e restaurando a cavidade preparada com um material

restaurador adesivo, desenvolvido para esta finalidade, o cimento de ionômero de

vidro modificado. Este material também é utilizado como material preventivo em

fóssulas e fissuras dentes adjacentes a restauração. A aplicação desta técnica não


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requer modernos equipamentos elétricos e, além disso, a anestesia local é

raramente necessária (ABO - RJ, 2001).

FRENCKEN et al (2001) desenvolveram um projeto direcionado a saúde

bucal de refugiados em campos situados na fronteira entre Tailândia e Camboja

baseado em resultados de estudos sobre a efetividade de procedimentos

restauradores independentes de aparelhos elétricos. O objetivo foi fazer uma

investigação epidemiológica da saúde bucal da população de refugiados assim

como melhores as condições de saúde oral desta população. Para a descrição do

método, foi elaborado um manual que destaca a necessidade de atenção participar

a união amelo-dentinaria, utilizando um escavador horizontal em movimentos

circulares ao redor dessa união. Com esses métodos a exposição pulpar foi evitada.

O material restaurador de eleição é o cimento de ionômero de vidro (CIV)

modificado, por se aderir a dentina e continuar tendo efeitos preventivos pela

liberação de fluoretos Weerheijm et al (ABO – RJ, 2001), em um estudo sobre o

efeito do CIV sobre a dentina cariada verificou que em 45% da amostra a dentina

tornou-se com consistência endurecida. Remineralização e até hipermineralização

foi observada por Tem Cate e Van Duinem (ABO – RJ, 2001) na dentina após o uso

de restaurações com CIV O Fuji IX e o Ketac Molar são materiais dentários do tipo

cimento de ionômero de vidro essencialmente elaborados para serem utilizados na

técnica do TRA.

A técnica do TRA se enquadra perfeitamente dentro da filosofia moderna

do tratamento restaurador de lesões cariosas, baseada em mínima intervenção

restauradora e na precoce interceptação do processo carioso, através da aplicação

de fluoretos, selantes, restaurações preventivas e outras medidas de prevenção,

todo esse esforço tem como meta a preservação da estrutura dental sadia vale a

pena ressaltar que o TRA é um tratamento preventivo restaurador, fazendo-se

necessários programas preventivos e educação em saúde oral para que os fatores


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etiológicos da doença cárie sejam verdadeiramente controlados.

As limitações do uso das restaurações atraumáticas são basicamente

devido ao maior desgaste superficial e a menor dureza do material restaurador

quando comparado com os materiais convencionais como o amálgama e as resinas

compostas(FIGUEIREDO,2001).
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2.2 RESTAURAÇÕES DE AMÁLGAMA E RESINAS

Em que pesem os consideráveis avanços obtidos nos últimos anos no

campo dos compósitos, especialmente no que diz respeito ao seu emprego em

dentes posteriores, o amálgama de prata, ainda, continua a ocupar um lugar de

destaque dentro da odontologia restauradora (BARATIERI, 2002).

O amálgama possui esse alto emprego por dois motivos principais: ser

pouco sensível a técnica e o fato de ser um material “auto-selante”.

A tática operatória para realização das restaurações de amálgama envolve

algumas manobras iniciais, tais como: determinação da lesão cariosa, determinação

da relação do dente com antagônicos, etc. Após as manobras iniciais, deve-se

proceder a anti-sepsia, anestesia e um adequado isolamento do campo operatório. A

seguir, o preparo cavitário deverá ser realizado. Para tal, deve-se empregar, em alta

velocidade, uma broca nº 329 (casos de lesões incipientes) ou uma nº 330 (casos

de lesões amplas) (BARATIERI, 2002).

Em que pese o fato dos compósitos para dentes posteriores ainda não

terem alcançado um estágio de desenvolvimento que os credenciem a ser

empregados como substitutos universais do amálgama de prata, apresentando,

ainda hoje, limitadas indicações assim mesmo, vêm sendo cada vez mais

empregados por um certo número crescente de profissionais (BARATIERI, 2002).

Idealmente, as resinas compostas (no estágio em que se encontram) só

devem ser empregadas em dentes posteriores, quando a estética for de fundamental

importância, houver esmalte em todo o ângulo cavo-superficial da cavidade e não

houver contato cêntrico sobre a restauração (BARATIERI, 2002).

Existem algumas contra-indicações e vantagens da utilização das resinas

compostas. Entre as contra-indicações estão: pacientes com alto índice de cárie,


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pacientes que apresentam higiene bucal inadequada. As vantagens são: estética

superior; preservação de tecido dental sadio; ausência de vapores de mercúrio,

corrosão e correntes galvânicas; restaurações posteriores podem ser concluídas em

sessão única.

O preparo cavitário oclusal pode ser realizado com broca esférica ¼ ou ½

ou com broca em forma de pêra nº 329, devendo se restringir a remoção do tecido

cariado.
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2.3 O DISTRITO SANITÁRIO ESPECIAL INDÍGENA DE PARINTINS

O Distrito Sanitário Especial Indígena - DSEI, enquanto modelo de

organização de serviços, é um tipo de Sistema Local de Saúde. Ele configura um

espaço de atenção à saúde, com uma delimitação geográfica que contempla

aspectos demográficos e etnoculturais.

O DSEI Parintins está situado na divisa dos estados do Amazonas e Pará.

Incluindo os municípios de Parintins, Barreirinha, Maués, Nhamundá no Amazonas,

e Oriximiná, Óbidos e Santarém no Pará.

No DSEI Parintins conta com uma população de aproximadamente 8.500

indígenas de 7 etnias, que são elas: Sateré-Mawé, Hiskariana, Wai-Wai, Xerew,

Tirió, Zo’é e. As etnias estão distribuídas em 79 aldeias localizadas nos rios: Andirá,

Marau e Uaicurapá (Sateré-Mawé); Alto – Nhamundá (Hiskariana); Mapuera (Wai-

Wai, Xerew, Tirió, Katwena); Cuminapanema (Zo’é).

2.4 OS ÍNDIOS SATERÉ - MAWÉ

Os Sateré-Mawé, povo que habita a região do médio rio Amazonas, na

divisa dos estados do Amazonas com o Pará, integram o tronco lingüístico tupi. Os

homens atualmente são bilíngües, falando o Sateré-Mawé e o Português, mas a

maioria das mulheres, apesar dos 322 anos de contato com os brancos, só fala o

Sateré-Mawé.

Os Sateré-Mawé são os inventores da cultura do guaraná, isto é, foram

eles que transformaram uma trepadeira silvestre em arbusto cultivado. Á

domesticação desta planta somou-se a criação do processo de beneficiamento do

guaraná.

O guaraná é um produto por excelência da economia Sateré-Mawé. Dentre


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os seus produtos comercializáveis é o que obtém maior preço no mercado. O çapó –

guaraná em bastão relado na água – é a bebida cotidiana, ritual e religiosa, sendo

consumida em grandes quantidades.

Talvez, deva-se à grande importância do guaraná na sua organização

social e econômica, o fato dos Sateré-Mawé terem desenvolvido vocação para o

comércio. Além de exímios agricultores são também caçadores e coletores.

Na agricultura se destacam os plantios de guaraná e as roças de

mandioca. A farinha é a base da alimentação sendo também comercializada em

larga escala para as cidades vizinhas de Maués, Barreirinha e Parintins. Plantam

ainda, para consumo próprio, o jerimum, a batata doce, o cará branco e roxo, e uma

infinidade de frutas e em maior escala a laranja. Mel, castanha, diferentes

qualidades de coquinhos, formigas, lagartas complementam sua dieta. Coletam

ainda breu, cipós e vários tipos de palhas que além do consumo são

comercializados na cidade. Caçando e pescando os homens participam da dieta

alimentar, juntamente com a farinha de mandioca, beiju e tacacá feitos pelas

mulheres.

Os Sateré-Mawé possuem rica cultura material, sendo os teçumes sua

maior expressão. Eles designam por teçume o artesanato confeccionado pelos

homens: peneiras, cestos, tipis, abanos, bolsas, chapéus, paredes e coberturas de

casas etc, feitas talos e folhas de caranã e outros.

O primeiro contato do grupo com os não-índios se deu em 1669, com

jesuítas portugueses. A partir daí, e mesmo antes deste evento, devido às guerras

com os Munduruku e Parintintim, o território ancestral dos Sateré-Mawé foi

sensivelmente reduzido.

A proliferação de aldeias situadas nas margens dos rios Marau e Andirá

vem ocorrendo há aproximadamente oitenta anos, e se deve às interferências na


18

vida tradicional dos Sateré-Mawé, ocasionadas pelas missões religiosas, pelo extinto

SPI (Serviço de Proteção ao Índio), pela atual FUNAI (Fundação Nacional do Índio),

pela pressão dos regatões e pelas epidemias. Todos esses fatores levaram os

Sateré-Mawé a terem vontade de ficar mais próximos das cidades de Maués,

Barreirinha e Parintins.

Como os índios Sateré - Mawé do rio Andirá tem contato com a sociedade

nacional envolvente a mais de 300 anos (Lorenz,1992) foram adquiridos hábitos

alimentares cariogênicos, entretanto os hábitos de higienização bucal não foram

introduzidos na mesma proporção o que acarretou em um elevado CPO-D: 7,5 em

crianças de 12 anos (Guerra et al, 1998).

Esses índios moram longe da cidade, pois a comunidade mais próxima da

cidade fica a 8 horas de barco de Parintins. Nos pólos base não há equipamento

odontológico ou energia elétrica.


19

3 HIPÓTESE

A técnica de Tratamento Restaurador Atraumático parece ser a mais

adequada às condições de infra-estrutura para realização de atendimento clínico nas

comunidades indígenas do Distrito sanitário Especial Indígena de Parintins.


20

4 OBJETIVOS

− Verificar a viabilidade da execução do TRA nas comunidades

Indígenas do DSEI Parintins.

− Verificar a adesão do paciente ao TRA.


21

5 MATERIAL E MÉTODOS

ƒ Análise do projeto e relatórios das Ações de Saúde Bucal desenvolvidas no

DSEI Parintins para descrição da técnica aplicada;

ƒ Entrevistas com usuários a fim de avaliar sua compreensão e satisfação

com o tratamento realizado.


22

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As equipes de saúde bucal do DSEI Parintins, que realizam ações de

atenção em saúde bucal para as comunidades indígenas Sateré – Mawé do rio

Andirá, realizam suas atividades desde o ano 1999. Anteriormente esse tipo de

atendimento era realizado apenas por missionários religiosos e por equipes médicas

da FUNAI, porém de forma esporádica, e não percorriam todas as aldeias.

As equipes de saúde bucal do DSEI são compostas por 3 cirurgiões-

dentistas e 3 THD`s, que realizam atividades de promoção de saúde bucal, que

inclui distribuição gratuita de escova e creme dental, higienização bucal

supervisionada, aplicação tópica de flúor e restaurações com ionômero de vidro

(TRA) e exodontias.

Para a realização de suas atividades as equipes de saúde bucal se

deslocam por meio de voadeiras que são botes de alumínio com motores, em geral,

de 15HP, nas quais transportam os materiais por elas utilizados. Sendo que há

aldeias que só é possível chegar caminhando pela mata. Essas equipes contam

apenas com instrumentais, medicamentos e insumos odontológicos e não fazem

uso de equipos, cadeiras odontológicas ou qualquer aparelho elétrico, devido à

dificuldade de tranportá-los e por não haver energia elétrica nas aldeias.

Como citado anteriormente o TRA não necessita de equipamentos, já para

realização de restaurações de amálgama ou de resinas compostas é necessário o

uso canetas de alta rotação para realização do preparo cavitário, levando assim a

necessidade de energia elétrica para sua execução, provocando a impossibilidade

do uso desses materiais nas comunidades indígenas Sateré-Mawé do rio Andirá.

Desde que a técnica passou a ser utilizada nas comunidades, em 2002, foi

observado pela equipe um aumento crescente no número de indígenas receberam

restaurações. Em 2002 foram realizadas em nove viagens às aldeias 1.723

restaurações e em 2003 foram 1.199 restaurações realizadas em 6 viagens.

Foram realizadas entrevistas com 22 indígenas das comunidades de Nova


23

Alegria, Vila da Paz, Ponta Alegre, Molongotuba, Simão, Escola Agrícola São Pedro

e Vila Nova, sendo que em 17 entrevistas foi necessário ajuda da agente indígena

de saúde como tradutor.

Dos 22 entrevistados, 4 haviam feito tratamento odontológico antes da

criação dos DSEIs (GRAFICO 1). Dos 4 que haviam feito tratamento , 3 fizeram

exodontia com dentista prático na cidade de Parintins e 1 fez restauração de

amálgama no posto de saúde da Prefeitura de Parintins.

Apenas 6 pacientes haviam colocado outra “massinha”, sendo que todos

colocaram quando foi iniciado o atendimento odontológico pelas equipes de saúde

bucal do DSEI. Das 6 restaurações 5 caíram.

GRAFICO 1 – Realização de tratamento odontológico anterior à

implantação do DSEI Parintins.

4 pessoas
haviam feito
18% tratamento

18 pessoas não
haviam feito
tratamento

82%

Todos os entrevistados relataram ter gostado do tratamento restaurador

atraumático e conseguiram mastigar normalmente com o dente tratado.

Dos 22 entrevistados, 17 relataram que fazer o tratamento restaurador

atraumático é melhor que “arrancar” o dente. (GRÁFICO 2)


24

GRÁFICO 2 – Opção por Extração Dentária

Acham melhor
23%
arrancar o
dente
Não acham
melhor arrancar
o dente
77%

De acordo com as respostas colhidas no questionário, observou-se que

100% de do entrevistados estavam satisfeitos com a restauração feita utilizando-se o

TRA e relataram estar satisfeitos com o tratamento realizado, dizendo ainda

quererem que os odontólogos do DSEI continuem realizando o tratamento em área

indígena.

Em relação a importância de cuidar dos dentes, 17 pessoas entendem a

importância e 5 não entendem. As respostas mais comuns relativas à importância do

dentes foram: mastigações, socialização e boa saúde.

Houve resistência por parte dos indígenas no começo da aplicação da

técnica TRA, pois eles assimilavam a TRA à técnica de adequação do meio bucal

feita com cimento de óxido de zinco e eugenol (IRM), que possue baixa resistência e

que era usado na rotina de trabalho até 2001. Como era utilizado IRM, as

restaurações eram pouco duráveis e como a visitas da equipe odontológica eram de

3 em 3 meses ou até de 4 em 4 meses, muitos pacientes ficavam com a cavidade

exposta e com grau variado de incômodo, fazendo com que, ao retorno da equipe,

eles não quisessem mais que colocasse a “massinha branca” e sim “tirar” o dente.
25

7 CONCLUSÃO

É viável a realização de Tratamento Restaurador Atraumático em


comunidades indígenas, devido às vantagens de sua aplicação nas condições de
infra-estrutura encontrada nessas regiões, em comparação com técnicas tradicionais
de restauração, como amálgama e resinas, que necessitam de energia elétrica, por
exemplo.
Após quase 2 anos de utilização da TRA na área indígena, está havendo
um maior numero de pacientes a procura da equipe odontológica para “obturar” o
dente e não mais “tirar”.
Como 100% dos entrevistados aprovaram a nova técnica podemos concluir
que há uma ótima aceitabilidade por parte dos indígenas, o que ajuda na
aplicabilidade da técnica.
26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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UNIVERSIDADE DO PARANÁ. Normas para Apresentação de Documentos
Científicos. Curitiba: UFPR, 2001.
28

ANEXOS

ANEXO 1 – ROTEIRO DAS ENTREVISTAS

Para pacientes (e mães de crianças) que realizaram TRA

1. Nome

2. Idade

3. Comunidade

4. Já havia feito tratamento odontológico antes da criação do DSEI?

5. Se sim, que tratamento fez? Com quem (exército, padres)?

6. Já tinha colocado outros tipos de “massinha”? Ela saiu?

7. Achou melhor o TRA (explicar para o entrevistado o que é) que arrancar o


dente?

8. Consegue mastigar com o dente tratado?

9. Acha que é melhor arrancar o dente?

10. Está satisfeito, achou bom o tratamento feito nos dentes?

11. Quer que o dentista continue realizando este tipo de trabalho na comunidade?

12. Entende a importância de ter, cuidar e tratar dos dentes? Qual?


29

ERRATA

Sumário item 2.4, substituir “Os índios Sateré – MAWÉ” por OS ÍNDIOS SATERÉ
MAWÉ.

Págima 2, parágrafo 1, linha 13 acrescentar decídua após dentição

Págima 3, parágrafo 2, linha 6 substituir “CPOD” por CPO-D

Págima 7, parágrafo 2, linha 9 substituir “resultadis” por resultados

Págima 7, parágrafo 2, linha 13 substituir “segerem” por sugerem

Págima 8, parágrafo 11, linha 2 substituir “secndárias” por secundárias

Págima 9, parágrafo 10, linha 2 substituir “caréte” por caráter

Págima 9, parágrafo 12, linha 1 substituir “Rstaurador” por Restaurador

Págima 10, parágrafo 2, linha 16 substituir “um abolinha” por uma bolinha

Págima 11, parágrafo 1, linha 15 substituir “proção” por porção

Págima 11, parágrafo 1, linha 20 o paragráfo seguinte é cotinuação da linha

Págima 13, parágrafo 2, linha 2 substituir “menos” por menor

Págima 14, parágrafo 2, linha1 eliminar palavra “um”

Págima 17, parágrafo 1, linha 2 substituir “relato” por ralado

Págima 17, parágrafo 5, linha 2 substituir “jusuítas” por jesuítas

Págima 17, parágrafo 6, linha 2 substituir “proximidamente” por aproximadamente

Págima 22, parágrafo 1, linha 3 substituir “2000” por 1999

Págima 22, parágrafo 3, linha 4 antes da expressão “é possível” acrecntar a palavra



30

Págima 22, parágrafo 3, linha 5 antes da expressão “fazem uso” acrescentar a


palavra não

Págima 25, parágrafo 1, linha 5 substituir a pontuação “dois pontos” por ponto final

Págima 26, referência bibliográfica 13 substituir “Lorenz” por LORENZ


31

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