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Jornal Laboratório do Curso de

Comunicação Social/Jornalismo
ICSEZ/UFAM
1 ºEdição - 201 7.2
Distribuição Gratuita

Parintins enfrenta crise na saúde pública

Libras: professor cria dicionário Casa da Cultura: Grupos Esporte: conheça a história do
Sateré - Mawé alternativos movimentam o espaço futebol da ilha
PÁGINA 06 PÁGINA 07 PÁGINA 04 e 05
Opinião

EDITORIAL “Cracolândia” à Francesa


F
Alberth Piedade, Letícia Lima
inalmente, sai o primeiro jornal

A
laboratório do curso de ainda muito jovem, consegui ganhar muito
nualmente, no mês de junho, Parintins
Comunicação Social – Jornalismo torna-se um cartão de visitas da região e dinheiro, tinha uma família linda e bem
da Universidade Federal do Amazonas, recebe milhares de pessoas de várias estruturada. A droga me tirou tudo: minha família,
campus de Parintins. A primeira edição é partes do mundo, ávidas para conhecer a “ilha da meus filhos, minha casa e até mesmo minha
sempre carregada de expectativas. Foram magia” e prestigiar o Festival Folclórico, palco da dignidade. Hoje vivo jogado nas ruas e já cheguei
disputa dos bois Caprichoso e Garantido, ícones até a roubar para alimentar o vício. Minha família
muitos os desafios encontrados desde a da identidade cultural da cidade. fica muito triste porque eu não consigo sair dessa
concepção do projeto até o produto final. O Festival propaga e valoriza as vida. Eu já tentei, mas é mais difícil. Se aqui
Mas agora é grande a satisfação manifestações culturais da região, contribuindo tivesse um desses programas de ajuda, eu
em apresentar o Tupã News, jornal de oito com o crescimento econômico local. No entanto, estaria disponível".
apesar desse destaque no campo da cultura, Podemos pensar questões que envolvem
páginas produzido pelos alunos das Parintins, assim como muitas cidades brasileiras, o problema das drogas e da dependência
disciplinas Jornalismo Impresso III e enfrenta dificuldades nas áreas da educação, química: quais são os motivos que levam uma
Fotojornalismo. O conteúdo é diversificado e saúde, segurança, infraestrutura, dentre outras, pessoa a consumir e desenvolver dependência?
traz assuntos de interesse público com uma que não recebem investimentos apropriados dos Para o historiador Marcos Maia, graduado pela
órgãos públicos. Universidade do Estado do Amazonas, as razões
abordagem mais crítica, nem sempre Recentemente, um problema social que podem ser muitas e vão desde a falta de
presente nos veículos de comunicação de vem se agravando de forma rápida diz respeito à formação familiar e educacional até questões
Parintins. questão das drogas. Situada na zona leste da socioeconômicas e de caráter religioso. “Esses
Há reportagens que tratam de cidade, a lagoa da Francesa, mais são fatores determinantes, que influenciam a vida
especificamente a Feira do Bagaço, vem se da maioria dessas pessoas”, comenta,
temas complicados, como os problemas de configurando como um dos principais pontos de destacando ainda que o meio, a relação com os
saúde pública enfrentados pela população e reunião de usuários de crack, dentre outros amigos e a falta de oportunidades podem induzir
as que envolvem as controvérsias da Casa entorpecentes. O local é chamado por jovens e às pessoas ao uso de drogas.
da Cultura. Em outras, o leitor poderá adultos usuários de drogas de Cracolândia, numa O problema em Parintins é uma
referência ao espaço de mesmo nome na cidade realidade, e nem o estado nem o município
conhecer o processo de elaboração de um de São Paulo. voltam-se de maneira efetiva para buscar
dicionário trilíngue voltado para a população De acordo com um usuário de 35 anos estratégias de minimizar essa situação. Os
Sateré-Mawé e ainda entender o panorama que não quis se identificar, aqui nomeado de R. dependentes, a maioria em situação de rua,
histórico do futebol em Parintins. S., o crack é a droga do momento e vem sendo necessitam de projetos políticos que envolvam
consumida cada vez por um número maior de as áreas de assistência social, saúde, geração de
Na torcida de que este seja o pessoas. “Após consumi-la, o efeito alucinógeno emprego e renda. A atuação de profissionais
primeiro de muitos, desejamos a todos uma e viciante traz consigo consequências negativas especializados nessas áreas poderiam contribuir
excelente leitura. que podem levar até a morte”, explica. Num para melhorar a qualidade de vida dessas
relato emocionado, R.S. conta que perdeu pessoas que, em geral, são invisibilizadas,
trabalho e o convívio com a família por conta do silenciadas, esquecidas e vistas como um estorvo
vício: “Minha vida nunca foi fácil. Eu vim do Pará para a sociedade.
EXPEDIENTE
Jornal Laboratório do Curso de Comunicação
Social / Jornalismo do ICSEZ - Universidade
Federal do Amazonas. Produção dos alunos do
5º período, sob a orientação dos professores
Karliane Nunes (Jornalismo Impresso III) e Iury
Bueno (Fotojornalismo). 201 7.2
Direção do ICSEZ/UFAM : José Luiz Fonseca
Jornalista responsável: Karliane Nunes DRT-SP
4621 9
Reportagem e edição: Aldair Rodrigues, Andreza
Gonzaga, Ademar Viana, Albert Piedade, Adrelly
Ferreira, Brenda Reis, Cristiane Fraga, Débora
Corrêa, Diego Valente, Elisia Monteiro, Evelyn Brito,
Jackeline Menezes, Jéssica Figueiredo, José
Brilhante, Katriane Bernardes, Lara Souza, Leane
Oliveira, Letícia Lima, Luana Valente, Luane Batista,
Renan Mota, Rodrigo Lago, Suzane Barbosa, Thais
Barros, Thais Mota , Niash dos Anjos, Sabrina
Moraes, Thalita Dolfe , Raissa Costa
Fotografia: Fábio Modesto, Iara Azevedo, Kelly
Sobral, Letícia Lima, Lucas Medeiros, Onan
Ferreira , Renan Mota
Projeto gráfico e Diagramação: Jousefe Oliveira
Design / Criação de logo: Wando Luis Costa
Tiragem: 500 exemplares
Contato: Tupã News@gmail.com
Curso de Comunicação Social – Jornalismo
ICSEZ– UFAM - Estrada Macurany, Jacareacanga
Parintins – Amazonas
Email: tupanews@gmail.com
As matérias aqui publicadas não representam a
opinião da instituição e de seus dirigentes.
Reprodução permitida desde que citada a fonte.
Foto: Albert Piedade, Arte: Jousefe Oliveira
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Uma luta diária
Saúde Pública

População sofre com falta de medicamentos e de médicos especialistas nas unidades de saúde
Cristiane Fraga, Débora Corrêa, Diego Valente,
Rodrigo Lago, Suzane Barbosa

A autônoma Tatiane Brito Paixão, 33 anos,


mãe de Artur Paixão, 1 1 , relata a sua
dificuldade para conseguir uma consulta
com o único médico urologista que atende na
Policlínica Padre Vitório, localizada no bairro
gratuita é grande. Além da população local, o
município atende pacientes de cidades vizinhas
como Barreirinha, Boa Vista do Ramos, Maués,
Nhamundá e alguns municípios do oeste do
Pará, como Terra Santa, Juruti, Faro e Oriximiná.
oficial, o fim do Programa e a farmácia foi
fechada. Os diretores de postos do município
foram unânimes em afirmar que todas as
pessoas consultadas saem com uma receita e
são atendidas com os medicamentos disponíveis
Nossa Senhora de Nazaré. Artur nasceu com Essa demanda deve-se ao fato de Parintins ser nas farmácias das unidades. No entanto, os
mielomeningocele congênita – também conhecida uma cidade polo regional de saúde da região do pacientes contradizem essa afirmação, conforme
como espinha bífida aberta -, uma doença rara Baixo Amazonas. explica Ermenegildo Martins de Almeida, 52,
caracterizada pela má formação da coluna acadêmico da
Foto: Iara Azevedo

vertebral e que pode causar fraqueza muscular Universidade do Estado do


ou até mesmo paralisia nos membros inferiores. Amazonas (UEA), que
Um tratamento adequado para a criança chegou de madrugada
requer a assistência de um conjunto de para esperar na fila do
especialistas: urologista, neurologista, fisiotera- posto Tia Leó: “O médico
peuta, além de pediatra e psicólogo. A maioria solicita os medicamentos,
dos postos de saúde de Parintins não mas dificilmente estão
disponibiliza todos esses profissionais, o que leva disponíveis na farmácia.
as pessoas a buscarem especialistas em outras Nós temos que comprar
unidades de saúde. “Na primeira semana, eu vim com nosso dinheiro”.
e não consegui uma ficha, porque tem que dormir Vagner Santos Andrade,
na fila para conseguir. Uma semana depois, 26, conciliador da 2ª vara
quem veio foi o meu marido, que madrugou na de Justiça, precisou marcar
fila, mas já tinha muita gente e ele acabou não uma consulta com o
conseguindo também. Por fim, conseguimos uma ortopedista para a mãe e
consulta com o urologista da cidade por meio da relata que não imaginava
gestora Maria José Bezerra, da Unidade Básica que seria tão difícil nem
de Saúde (UBS) Dr. Aldrin Verçosa, que que precisaria dormir na
conseguiu intermediar. Há somente um unidade de saúde para
especialista na área de urologia para a cidade Daizes Pimentel, subsecretária da Secretaria Municipal de Saúde conseguir atendimento. “Chega a ser humilhante
toda”, relata a mãe, indignada com a essa situação”, desabafa Vagner, depois de
precariedade dos serviços de saúde pública do Falta de Medicamentos quatro semanas tentando conseguir
município. agendamento para a mãe no posto Pe. Vitório.
Em Parintins, somente a Policlínica Pe. De acordo com o governador eleito
Vitório e a equipe do Núcleo de Assistência da Amazonino Mendes, em um vídeo postado em
Saúde da Família (Nasf) contam com 8/1 0 nas redes sociais e no portal do Marcos
fisioterapeutas: apenas sete profissionais para Santos, a saúde pública estadual passa por uma
atender a uma população de mais de 5 mil crise. Segundo ele, o déficit na área é de R$ 1 ,2 Distribuição de remédios e especialistas
deficientes físicos, segundo dados do último bilhão.
censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Em janeiro deste ano, a Secretaria Após dez meses de gestão do atual
Estatística (IBGE). Municipal de Saúde (Semsa) distribuiu para as prefeito Bi Garcia, a Semsa está em pleno
De acordo com a Organização Mundial da UBSs 600 mil unidades de medicamentos processo de reorganização da saúde pública do
Saúde (OMS), a média proporcional de básicos, como analgésicos, antibióticos, município. Segundo a subsecretária da área,
atendimento nos postos de saúde deve ser de um vermífugos e remédios para hipertensos e Daízes Pimentel, a população da cidade cresceu
médico para cada mil habitantes. A realidade diabéticos. de maneira rápida. Ela argumenta que hoje há
parintinense ainda está muito distante dessa Dos nove postos de saúde visitados por novos bairros como o Pascoal Alaggio, Vila
meta: para atender a uma população de 1 1 3.832 nossa equipe, apenas a farmácia do Tia Leó Cristina e União, além de outras áreas de
habitantes, o quadro médico dos postos de saúde dispunha de medicamentos para a população. ocupação espalhadas na cidade. Por conta
dispõe de apenas 49 profissionais. Isso indica a Nas demais, as prateleiras estavam ou vazias ou disso, a Secretaria está fazendo um balanço da
proporção de um médico para 2.323 cidadãos, com medicamentos insuficientes para atender os quantidade de moradores residentes em cada
mais do que o dobro de pessoas na pacientes que aguardavam, sem ter condições bairro e dos respectivos postos de atendimento,
recomendação da OMS. financeiras para comprá-los em farmácias de modo a avaliar quantas pessoas são
Dos 1 4 postos de saúde do município, privadas. “Acabei de vir da farmácia (do Pe. atendidas por cada posto.
nove estão concentrados na zona urbana e cinco Vitório) e não tem omeprazol (indicado para Em relação ao abastecimento de
nas zonas rurais. Nossa equipe de reportagem gastrite e úlcera gástrica) e bromoprida (utilizada remédios nas unidades de saúde, Pimentel
verificou que o quadro geral de profissionais da para aliviar náuseas e vômitos), medicamentos explica que a Secretaria tenta fazer a
saúde contratados pela prefeitura é de 49, sendo que foram passados pelo médico para o meu distribuição de forma organizada, tendo como
1 4 do Programa Mais Médicos (programa do filho. A atendente da farmácia fez só sorrir e dizer prioridade o atendimento da população mais
Governo Federal cujo objetivo é suprir a carência que não tem. Eu vou passar em outros postos, carente da cidade. Sobre a insuficiência de
de médicos nos municípios do interior e nas porque ele precisa tomar. Se não, vou ter que médicos especialistas nas UBSs, ela relata a
periferias das grandes cidades do Brasil), 1 5 arrumar o dinheiro para comprar”, diz Tatiane dificuldade de atender a demanda de cada
clínicos gerais e 20 especialistas que atuam nos Paixão, desolada com a situação do filho. bairro. “São poucos especialistas para muitas
postos de saúde. Em 2004, o então presidente Luís Inácio pessoas. É necessário fazer a redistribuição dos
A enfermeira Lilian Barreto, diretora Lula da Silva, lançou o Programa Farmácia médicos especialistas em cada posto de saúde.
interina da unidade de saúde Mãe Palmira, Popular, com o objetivo de ampliar o acesso aos Em algumas unidades, é preciso contar com
localizada no bairro Paulo Correa, pondera que medicamentos para o tratamento das doenças mais médicos que em outras”, justifica.
apesar dos esforços feitos para suprir as mais comuns entre os cidadãos brasileiros. A
necessidades da população, não conseguem ação do Programa atingiu a todos os estados,
atender a demanda de pacientes diariamente, incluindo a cidade de Parintins, que recebeu uma
pois a busca por serviços de saúde pública e farmácia popular. Contudo, em junho deste ano, o
presidente Michel Temer anunciou, em nota
3
FUTEBOL PARINTINENSE
Foto: Renan Mota Esportes

DO AUGE À QUEDA
Os ícones do futebol local ainda resistem

Ex-jogadores, jornalistas e torcedores responsabilizam o Festival


Folclórico, corrupção e alcoolismo pela decadência da modalidade
Ademar Viana, Leane Oliveira, José Brilhante,
Jackeline Menezes, Renan Mota, Thais Mota

S entado em meio aos seus troféus de


campeão, Nilo Gama (conhecido como
Baixinho), ex-jogador do Amazonas
Esporte Clube, Atlético Sul América e Nacional
Futebol Clube relembra como começou no
seu tempo na “beira” do Campo da Gávea,
oferecendo palpites e compartilhando experiência
com o seu time do coração.
Para chegar ao seu local preferido, pega
uma bicicleta Monark e cruza as ruas da cidade,
relação a isso, Nilo expõe seu desgosto: “O
futebol de antigamente era melhor do que o de
agora. Os jogadores daquele tempo treinavam
como profissionais; hoje não há responsabilidade
dos próprios jogadores. Os treinadores
futebol. Em 1 954, com apenas 1 5 anos, foi passa em frente à antiga sede do Clube ensinavam; hoje isso não acontece mais”,
descoberto por dois jogadores do Pará (Monte Amazonas, e relembra os tempos áureos, compara.
Rei e Vanderlei), no campinho da escola onde quando tinha fãs e sucesso. Todos os dias faz Nossa equipe de reportagem entrevistou
estudava em Roraima. Nascido em Parintins, esse trajeto após a merenda da tarde, quando a ex-jogadores, treinadores, torcedores fanáticos e
mudou-se para o estado roraimense com sua tia, ansiedade toma conta para ver os treinos. Às incentivadores do esporte. O tom das conversas
em 1 949. 1 6h, olha para o campo vazio, onde viveu foi de uma recordação nostálgica em relação a
Após ser revelado, os dois “olheiros” momentos de glória, e encara o um período considerado o auge do futebol
perguntaram se Baixinho queria ir para o Esporte descontentamento atual em relação às equipes parintinense: a alegria de lembrar os convites e
Clube Baré. E assim deu início à carreira que, na sua opinião, estão em processo de viagens para realização de amistosos e os jogos
futebolística em sua terra natal. Após 21 de anos desaparecimento, sem patrocínio e por falta de inesquecíveis contrasta com o aborrecimento que
de sucesso, aposentou-se em 1 975. Hoje, passa comprometimento dos próprios jogadores. Em marca o futebol local atual, em pleno declínio.
4
Esportes
Infraestrutura da modalidade Degradação atletas. Quando acontecia uma vitória, era
comum os dirigentes “presentearem” seus
Em 1 968, os times que possuíam maior Ex-jogadores, como Caçapava e Nilo, jogadores com grades de cerveja e outras
renda eram patrocinados, na maioria das vezes, citam o Festival Folclórico como um dos motivos bebidas alcoólicas, prática essa que se repete
pelos próprios presidentes e incentivadores. Dr. para a degradação do futebol. Segundo eles, ainda hoje.
Romualdo Corrêa, então presidente do todo o entusiamo da população local foi Outro problema citado refere-se a alguns
Amazonas, assalariava os atletas em 1 00 mil deslocada para a festa dos bumbás. Já o jogador dirigentes da época que, em reuniões da
cruzeiros e fazia o “plantel” mais competitivo do Michel Parintins aponta as novas tecnologias da Associação da Liga Esportiva Parintinense de
ano, segundo os entrevistados. Como nos clubes informação e a globalização como aspectos da Futebol (Alepin), tomavam as decisões tendo
profissionais, todos possuíam sedes. contemporaneidade que contribuem para a como critérios apenas suas vontades e gostos,
No campo da mídia, a rádio Alvorada desvalorização do futebol local. não necessariamente voltadas para a evolução

"
possuía uma equipe de esporte que priorizava a Até mesmo o crescimento da cidade, que do futebol. Não era raro, por exemplo, que
transmissão de jogos nos finais de semana. Um contribuiu para a retirada de espaços onde se presidentes das equipes que detinham maior
dia antes dos clássicos, ia ao ar o programa praticava a poder aquisitivo
Manhã Esportiva, com Flávio Luiz, que percorria modalidade, é comprassem votos de
a cidade em busca de torcedores, transmitindo citado por ex- “O futebol de antigamente era clubes menores em
palpites sobre as partidas e animando os jogadores. determinadas situações.
ouvintes que iam no estádio. Wilson Ca- melhor do que o de agora. Os Muitas vezes, a moeda de
Atualmente, o futebol parintinense - bral, conhe- jogadores daquele tempo troca era apenas um jogo
dependente de patrocínio da prefeitura - é cido como de camisa, meiões e
praticado em campeonatos interbairros, com Soló, ex- treinavam como profissionais; chuteiras. O jornalista
pouca visibilidade e sem perspectiva de revelar jogador da esportivo Flavio Luiz, que
hoje não há responsabilidade
jogadores.
Formas de pagamento
Os jogadores mais badalados eram
pagos com terrenos, bicicletas, redes, reformas
Jack Clube,
Sul América e
São Cris-
tóvão, diz que
nos tempos
áureos do
dos próprios jogadores. Os
treinadores ensinavam; hoje
isso não acontece mais”
"
cobriu muitas dessas
reuniões, afirma: “A ideia
poderia ser maravilhosa,
mas só porque a sugestão
era do dirigente contrário,
os ‘figurões’ não
de casas e ranchos. Havia contratações e futebol parin- aceitavam. Algumas
contrapropostas dos comerciantes envolvidos no tinense, a vezes, cheguei a
futebol, como acontece nos clubes profissionais. cidade tinha presenciar ideias boas e o
Até pagamentos por fora existia: alguns poucos habitantes e muitos campos sobrando. “A cara, só porque era pago, votava contra. Era
torcedores satisfeitos com seu time ou seu garotada se divertia tranquila jogando bola. Hoje uma política suja que existia ali dentro, que
jogador preferido faziam questão de dar um em dia, para se conseguir um espaço no campo, acabou arruinando o futebol parintinense”.
“agrado” no final de cada jogo. na areia ou no sintético, tem que pagar. E assim Tentativa de recuperação
Em casos especiais, as negociações acabam restringindo o futebol de Parintins”,
eram firmadas com dinheiro, como no ocorrido comenta. Com o patrocínio da prefeitura em 201 3,
com Nilo, que discorre sobre a transação: “Preto A mudança de comportamento dos atletas o estádio Tupi Cantanhede foi reformado após
Buretama passou em seu carro e fez uma parintinenses (que mesmo amadores agiam anos de abandono. No entanto, a reinauguração
contraproposta para eu ficar no Sul América por como se fossem profissionais), também não alavancou nem o futebol nem o Campeonato
300 mil cruzeiros e foi embora. E os três irmãos repercutiu negativamente no futebol local. Entre Parintinense. Apenas em setembro deste ano, a
Garcia, do Amazonas Esporte Clube, ofereceram os anos de 1 989 e 1 990, os jogadores competição municipal de futebol foi reiniciada,
uma bicicleta, um rádio, cinco calças e camisas, “profissionais” não jogavam nos campos de deixando nos torcedores e jogadores uma
uma bateria e mais 1 00 mil para cobrir o cheque “pelada”. Atletas de primeira divisão eram esperança de que o futebol parintinense possa
de Buretama”. Quitações de dívidas dos jogadores de elite. Quando não estavam sobreviver. Atualmente, a escolinha de futebol
jogadores também eram usadas como forma de jogando, encontravam-se treinando, assistindo e Show de Bola – que não tem vínculo com os
pagamento: conta de energia, água, prestações e estudando o jogo do adversário. Eram clubes da cidade - vem realizando um trabalho
boletos. profissionais que levavam a sério o que faziam. nas categorias de base e contribuindo com o
Porém, sem a fiscalização dos clubes a que futuro do futebol em Parintins.
Histórias engraçadas pertenciam, a decadência foi se instalando no
cotidiano e os atletas começaram a participar, de
Nos jogos, eram muitas as mandingas. modo relaxado, de campeonatos variados.
Moisés Dray e João Novo, torcedores fanáticos Além disso, o alcoolismo foi mais um
do Amazonas e do Sul América, fator que contribuiu para a decadência dos
respectivamente, animavam as torcidas com
mascotes e performances. Dray se fantasiava de
teco-teco (avião de pequeno porte) e sua
atuação, antes do jogo, consistia em planar pelo
campo, fazendo sons típicos de um avião e
Foto: Renan Mota

provocando a torcida adversária. João, por sua


vez, rebatia a afronta com um bode de
estimação, que chegava ao estádio vestido de
paletó para desfilar e fazer a alegria da torcida.
Em dia de clássico, as “cipoadas” de pião
roxo estalavam na arquibancada em momentos
de dificuldade ou de placar inferior. Muitas
torcedoras, carolas durante a semana,
transformavam-se durante os jogos em grandes
defensoras de seus times, entrando na
brincadeira e entoando gritos de guerra .
São muitos os casos gravados na
memória dos ex-jogadores. O jornalista Flavio
Luiz lembra que, uma vez, no momento em que o
jogador foi bater uma lateral, torcedores da
equipe oposta desferiram lambadas de cipó nas
costas do atleta, como forma de intimidar o
jogador. Em outro caso, para desfavorecer a
equipe contrária, houve até um desmaio
proposital com o objetivo de retirar o goleiro em
um dos jogos. A partida era entre os times locais
Nacional e Botafogo, e o goleiro deste último,
“Mário Pula-Pula”, estava “agarrando” tudo, para Encontro de gerações: Caçapava, Beto Pupunha, Michel Parintins, Soló e Nilo Gama
o desespero dos torcedores contrários.
5
Professor cria minidicionário
Educação

trilíngue para surdos Sateré-Mawé


O objetivo é auxiliar educadores das escolas indígenas no processo de ensino-
aprendizagem e melhorar a comunicação dos alunos com problemas auditivos

Aldair Rodrigues, Evelyn Brito, Lara Souza, Katriane Bernardes

de Parintins. e são poucas as escolas indígenas que possuem


Foto: Aldair Rodrigues

Foram muitos os problemas enfrentados uma proposta, de fato, construída pela


nesta etapa da pesquisa, dentre os quais comunidade indígena. “Normalmente, se faz
Azevedo destaca a dificuldade de acesso às educação indígena com livro didático do ‘branco’,
áreas indígenas e a indisponibilidade de dados e com projeto do ‘branco’ e com os saberes do
informações na Fundação Nacional do Índio ‘branco’”, enfatiza o coordenador.
(Funai) de Parintins. “Algumas comunidades são A pesquisa que culminou na produção
muito distantes e, em alguns trechos, o rio é do minidicionário contou com a participação de
muito estreito e perigoso”, explica o professor, entidades que buscam o bem-estar indígena,
enfatizando também a burocracia a ser dentre as quais a Casa de Trânsito Sateré-Mawé
enfrentada no processo de busca de dados. “Eu de Parintins, através do coordenador da
precisei da autorização do chefe da aldeia, e isso instituição e professor indígena José Douglas de
foi bastante complicado”, desabafa. Oliveira, que corrobora a importância do projeto
Minidicionário é resultado da dissertação de mestrado em O coordenador da Funai, Sérgio Butel, de Azevedo. “Esse livro é uma iniciativa que

C
Letras pela UEA em 201 5
atribui essa falta de informação à fragmentação ajuda muito, acredito que é um bom começo, ele
onstituída por um rico vocabulário, a que ocorreu no órgão a partir de 2009 no que tem que continuar. Quando eu vejo um livro de
língua Sateré-Mawé, membro único da concerne às funções das áreas da educação e da alguém que se importa com a tribo e faz um
família Mawé e parte do tronco linguístico saúde indígenas. Segundo ele, até aquele ano, a trabalho bom, eu me alegro muito”, diz o
Tupi, é falada e escrita por aqueles que fazem Funai cuidava dessas áreas e podia manter os professor Sateré, que destaca o seu desejo de
parte da etnia. De acordo com informações do dados atualizados. ver toda a sua tribo tendo acesso à educação.
Conselho Geral da Tribo Sateré-Mawé (CGTSM), Butel destaca a importância do A continuidade do projeto é um desejo
em 201 4, sua população somava minidicionário, pois a língua acaba se tornando também de Azevedo, que planeja aprofundar
aproximadamente 1 3.350 indígenas, vivendo na uma barreira para o estudante indígena que suas pesquisas em torno do tema, abrangendo
capital do estado, Manaus, e em comunidades migra para a área urbana e não compreende a outras línguas indígenas. Atualmente, o seu
dos rios Marau e Andirá, pertencentes aos língua portuguesa. Além de ajudar os alunos esforço é para viabilizar a publicação do
municípios de Maués e Barreirinha, que fazem Sateré, o livro tem como objetivo dar suporte aos minidicionário, o que requer apoio financeiro.
parte da microrregião de Parintins. professores que trabalham com essa questão. O Instituto Nacional de Estudos e
O Censo Escolar de 201 6, realizado pelo Ao longo da pesquisa, foram realizadas Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
Ministério da Educação (MEC), registrou a algumas oficinas de Libras para que Azevedo reforçou a política de acessibilidade para a
existência de 21 .987 estudantes surdos e 32.1 21 pudesse avaliar o nível de aceitação das crianças realização do Enem através da videoprova
com algum tipo de deficiência auditiva indígenas, e o resultado, segundo ele, foi muito traduzida em Libras, recurso este utilizado por
matriculados na educação básica. Ainda de positivo: “Quando eu mostrava, através do livro, 1 .635 participantes em 201 7. Ao todo, foram
acordo com a pesquisa, existem 2.81 9 escolas objetos utilizados na aldeia, eles demonstravam contabilizadas 4.390 solicitações de atendimento
indígenas em todo o Brasil, atendendo a receptividade e, à medida que a prática especializado para casos de surdez e deficiência
aproximadamente 1 95 mil estudantes indígenas, avançava, eles conseguiam se expressar e auditiva.
distribuídos desde a Educação Infantil até o sinalizar”, conta o pesquisador. “Desafios para a formação educacional
Ensino Médio. Samantha Rocha, coordenadora de surdos no Brasil” foi o tema da redação do
Diante desse contexto, o professor de pedagógica da Semed, esclarece que, no âmbito Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que
Língua Brasileira de Sinais (Libras) da educacional, as dificuldades enfrentadas pelo ocorreu em novembro deste ano. A presidente
Universidade Estadual do Amazonas (UEA), surdo relacionam-se sobretudo à falta de do Inep, Maria Inês Fini, declarou que é
Marlon Jorge Azevedo, que também é surdo, comunicação, o que exige na escola a presença confortante receber de milhares de jovens
criou o Minidicionário Indígena Sateré-Mawé em de um profissional especializado na língua de felicitações tanto pela temática escolhida quanto
Libras e Língua Portuguesa, resultado de sua sinais. Para minimizar a ausência desse tipo de pela equipe empenhada no primeiro dia de
dissertação de mestrado, defendida no Programa profissional em Parintins, Rocha explica que há prova.
de Pós-Graduação em Letras (PPGLA) da UEA um espaço reservado na sede da Semed.
Foto: Aldair Rodrigues

em 201 5. “Temos a sala de Atendimento Educacional


O produto trilíngue (Sataré-Mawé, Língua Especializado (AEE), mas o que acontece é que
Portuguesa, Libras) é direcionado ao ensino- são colocados profissionais que contemplam um
aprendizagem dos indígenas surdos Sateré- pouco de cada deficiência, sendo que o surdo
Mawé e disponibiliza um conteúdo variado com exige um conhecimento mais especializado não
destaque para técnicas de traduções linguísticas só sobre a didática mas também sobre a língua
de fácil compreensão. usada para a comunicação”, conclui.
Segundo Azevedo, a ideia surgiu a partir A ausência de profissionais
de uma conversa com um grupo de surdos especializados em Libras também é uma
pesquisadores da Federação de Surdos no Rio realidade nas escolas indígenas que possuem
de Janeiro em 1 990. “Nesse encontro, um dos alunos com deficiência. Para o coordenador da
participantes me perguntou se havia surdos Funai, Butel, isso não é exclusividade de
indígenas no Amazonas. Então, comecei a Parintins. Trata-se de um problema presente na
pesquisar em lugares das microrregiões de maioria dos municípios que tem alunos indígenas
Parintins e viajei para seis municípios: e que, para garantir aquilo que a lei determina
Barreirinha (Ponta Alegre), Nhamundá, Boa Vista quanto ao direito indígena a uma educação
do Ramos, Maués, Urucará e São Sebastião do específica e adequada ao costume de cada povo,
Uatumã. Nessa primeira pesquisa, encontrei dez mantém as escolas com dificuldades. Um
indígenas surdos Sateré-Mawé”, afirmou. problema grave é a ausência de um Projeto
O pesquisador realizou um mapeamento Político-Pedagógico próprio.
com o objetivo de averiguar a quantidade de Ainda de acordo com Butel, nesse Produto trilíngue possui técnicas de tradução linguística de
indígenas surdos nos municípios da microrregião sentido as discussões ainda estão engatinhando fácil compreensão
6
Cultura
TERRA DO FOLCLORE SEM CASA DA CULTURA
Grupos que compõem a cena cultural alternativa de Parintins apropriam-se da
casa abandonada como espaço de expressão da diversidade artística
Andreza Gonzaga, Elisia Monteiro, Raissa Costa, Thalita Dolfe
Cláudio Santoro, em 201 3, o governador da
Foto: Kelly Sobral

época, Omar Aziz, disse: “Eu dei uma casa da


cultura muito maior do que essa, que é
justamente o Cláudio Santoro”.
Medeiros comenta ainda que surgiram
várias ideias de utilização da Casa da Cultura:
um mercado de artesanato ou até mesmo uma
secretaria de turismo e/ou de cultura. No
entanto, a prefeitura não dispõe de verba: “Nós
não temos dinheiro da prefeitura para investir. O
governo federal não tem como investir mais, e o
governo estadual que construiu a maior casa da
cultura do norte do Brasil, que seria justamente o
Bumbódromo”, desabafa.
Enquanto segue a celeuma no campo
administrativo, diversos grupos da cidade –
incluídas bandas de rock, grafiteiros, skatistas e
capoeiristas – se apropriam do espaço,
utilizando-o como meio de manifestação e de dar
vida ao projeto inacabado, através de suas
expressões artístico-culturais.
Manifesto

P
Foto-montagem Casa da Cultura sobre Bumbódromo: luta pela diversidade cultural
Em contraste à falta de investimento na
alco da maior festa folclórica do norte do de Parintins. A obra foi iniciada e logo Casa da Cultura, o Bumbódromo sediou, no dia
Brasil, desde 1 965 Parintins recebe interrompida, tendo a construção ficado 1 6/9/201 3, a inauguração do Liceu de Artes e
anualmente milhares de visitantes para inacabada e, após alguns anos, completamente Ofícios Claudio Santoro de Parintins, que contou
assistir a disputa entre os bumbás Garantido e abandonada pelos repre-sentantes muni-cipais. com um investimento estadual de
Caprichoso. A cidade abriga ainda diversas festas Foi a partir de 201 3 que diversos grupos passa- aproximadamente R$ 40 milhões. Essa
religiosas, pastorinhas e quadrilhas. No entanto, ram a dar vida ao local, ocupando-o como um discrepância exacerbou a insatisfação de grupos
não possui uma estrutura capaz de acolher espaço de expressão de manifestações artísticas alternativos da cidade, a exemplo do Movimento
expressões artísticas e culturais alternativas ao e culturais. Por outro lado, concomitante-mente, o Parintins sem Fantasia, que surgiu em 31 /8/201 3
circuito tradicional, comandado pelos bois espaço também passou a abrigar ações de com objetivo de questionar o poder público por
bumbás. vandalismo e a ser palco de usuários de drogas e meio de um documento que reivindicava o
Entre 1 993 e 1 997, Tonzinho Saunier, de prostituição. término da obra do prédio da Casa da Cultura.
então secretário municipal de cultura, buscou Em um gesto simbólico a favor da
atender a essa demanda através da elaboração Processo transparência do poder público, teve início um
de um projeto cuja principal proposta era a manifesto que reuniu artistas plásticos, grafiteiros
construção de um prédio que pudesse funcionar Em matéria publicada no ano de 201 3 e outros grupos. Na ocasião, foram derrubadas, a
como um espaço cultural. O projeto foi aprovado pelo jornal Gazeta Parintins, o advogado golpes de machado, as enormes placas de
e a verba no valor de R$ 500 mil chegou a ser Juscelino Melo Manso relatou que o processo da publicidade que escondiam a obra inacabada.
liberada pelo governo federal. No entanto, na Casa da Cultura já havia sido julgado e os Durante a ocupação, as paredes foram
época houve desvio de função dos responsáveis condenados tanto no Tribunal de escovadas e os artistas puderam pintar suas
representantes do poder público e a obra de Contas da União (TCU) quanto na Justiça obras no espaço, aproveitando a arquitetura e
construção da Casa da Cultura não teve Federal. Quando foi liberado o recurso para a decorando seu interior com painéis e grafites.
andamento. construção da obra, era necessário que o Em artigo publicado em 201 6 pelo jornal
município comprovasse a propriedade do terreno. Ilha Diário do Amazonas, o jornalista Wilson
Casa da Cultura O atual secretário de cultura e vice- Nogueira afirma que a cidade não vive só de boi
prefeito em exercício, Tony Medeiros, afirma que bumbá, carnaval e festas religiosas. De acordo
Localizada nas proximidades do a destinação daquela obra foi mal aplicada, e que com ele, a Casa da Cultura se tornou um símbolo
Bumbódromo, a Casa da Cultura foi criada com o na ocasião dois prefeitos foram condenados: da insatisfação da população com a violência,
propósito de acolher e expor as expressões Carlinhos da Carbrás (1 996-1 998) e Raimundo com os políticos corruptos e, principalmente, com
culturais, artísticas, artesanais, musicais, Reis (1 993-1 996). Diante disso, Medeiros a falta de transparência na administração pública.
performáticas e gastronômicas da cidade em sua esclarece que não é possível mais haver Na ocasião, a Câmara Municipal de Parintins
diversidade. Por conta de sua finalidade inicial, investimento federal porque na época houve abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito
ainda hoje, ela tem um forte valor simbólico para desvio de função. Os ex-prefeitos foram (CPI) para tratar desse assunto, no entanto nada
diversos grupos. condenados a ressarcir o dinheiro, que já foi resolvido.
Antes de sua construção, existia no local ultrapassava R$ 1 milhão.
um parque infantil que, depois de abandonado, foi Na matéria, o promotor de justiça André Por que se apropriam do espaço?
usado como campo de aviação. Com a Seffair afirmou que o prédio é patrimônio do
construção do aeroporto, por volta dos anos município. “O local não recebeu nenhuma Sobre a questão da apropriação da Casa
1 990, ficou sem utilidade, abrindo espaço para a reforma ou melhoria por falta de interesse da Cultura por grupos alternativos, o geógrafo
construção do prédio Alzira Saunier, mais político”, afirma Seffair. Já Medeiros alega que Estevan Bartolli, da Universidade Estadual do
conhecido como a Casa da Cultura de Parintins. “derrubar a Casa da Cultura é um problema Amazonas (UEA), explica: “Há uma crise do
A obra foi iniciada e logo interrompida, tendo a porque o processo ainda está rolando e é uma espaço público e do centro da cidade, que não
construção ficado inacabada e, após alguns anos, obra pública. É uma questão jurídica”, justifica. está preparado para receber jovens e esses
completamente abandonada pelos representantes Em conversa recente entre Medeiros e o grupos. Então, eles acabam se apropriando”.
municipais. prefeito Bi Garcia sobre a utilização do espaço, Também integrante da banda de rock BodóHell,
Com a construção do aeroporto, por volta este diz que não vai prometer nada à população: Bartolli diz se apropriar do espaço porque não há
dos anos 1 990, ficou sem utilidade, abrindo “Porque isso envolve uma verba maior e nesse nenhum outro lugar na cidade para a cena
espaço para a construção do prédio Alzira momento, não temos condições”, explica o musical. “Em Parintins, só existe espaço para
Saunier, mais conhecido como a Casa da Cultura prefeito. Na inauguração do Liceu de Artes boi, bares e igreja”, desabafa.
7
Ensaio

Proscênio do auto
do boi Mulambo
Dermison Salgado, Fabio Modesto, Jousefe Oliveira, Joyce Coelho
Niash dos Anjos, Rebeca Paulain, Roger Pimentel

Ensaio fotográfico feito na lixeira pública de Parintins, tendo


como objetivo causar reflexões sobre o probelma do lixo no
município.

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