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Comunicação Social/Jornalismo
ICSEZ/UFAM
1 ºEdição - 201 7.2
Distribuição Gratuita
Libras: professor cria dicionário Casa da Cultura: Grupos Esporte: conheça a história do
Sateré - Mawé alternativos movimentam o espaço futebol da ilha
PÁGINA 06 PÁGINA 07 PÁGINA 04 e 05
Opinião
A
laboratório do curso de ainda muito jovem, consegui ganhar muito
nualmente, no mês de junho, Parintins
Comunicação Social – Jornalismo torna-se um cartão de visitas da região e dinheiro, tinha uma família linda e bem
da Universidade Federal do Amazonas, recebe milhares de pessoas de várias estruturada. A droga me tirou tudo: minha família,
campus de Parintins. A primeira edição é partes do mundo, ávidas para conhecer a “ilha da meus filhos, minha casa e até mesmo minha
sempre carregada de expectativas. Foram magia” e prestigiar o Festival Folclórico, palco da dignidade. Hoje vivo jogado nas ruas e já cheguei
disputa dos bois Caprichoso e Garantido, ícones até a roubar para alimentar o vício. Minha família
muitos os desafios encontrados desde a da identidade cultural da cidade. fica muito triste porque eu não consigo sair dessa
concepção do projeto até o produto final. O Festival propaga e valoriza as vida. Eu já tentei, mas é mais difícil. Se aqui
Mas agora é grande a satisfação manifestações culturais da região, contribuindo tivesse um desses programas de ajuda, eu
em apresentar o Tupã News, jornal de oito com o crescimento econômico local. No entanto, estaria disponível".
apesar desse destaque no campo da cultura, Podemos pensar questões que envolvem
páginas produzido pelos alunos das Parintins, assim como muitas cidades brasileiras, o problema das drogas e da dependência
disciplinas Jornalismo Impresso III e enfrenta dificuldades nas áreas da educação, química: quais são os motivos que levam uma
Fotojornalismo. O conteúdo é diversificado e saúde, segurança, infraestrutura, dentre outras, pessoa a consumir e desenvolver dependência?
traz assuntos de interesse público com uma que não recebem investimentos apropriados dos Para o historiador Marcos Maia, graduado pela
órgãos públicos. Universidade do Estado do Amazonas, as razões
abordagem mais crítica, nem sempre Recentemente, um problema social que podem ser muitas e vão desde a falta de
presente nos veículos de comunicação de vem se agravando de forma rápida diz respeito à formação familiar e educacional até questões
Parintins. questão das drogas. Situada na zona leste da socioeconômicas e de caráter religioso. “Esses
Há reportagens que tratam de cidade, a lagoa da Francesa, mais são fatores determinantes, que influenciam a vida
especificamente a Feira do Bagaço, vem se da maioria dessas pessoas”, comenta,
temas complicados, como os problemas de configurando como um dos principais pontos de destacando ainda que o meio, a relação com os
saúde pública enfrentados pela população e reunião de usuários de crack, dentre outros amigos e a falta de oportunidades podem induzir
as que envolvem as controvérsias da Casa entorpecentes. O local é chamado por jovens e às pessoas ao uso de drogas.
da Cultura. Em outras, o leitor poderá adultos usuários de drogas de Cracolândia, numa O problema em Parintins é uma
referência ao espaço de mesmo nome na cidade realidade, e nem o estado nem o município
conhecer o processo de elaboração de um de São Paulo. voltam-se de maneira efetiva para buscar
dicionário trilíngue voltado para a população De acordo com um usuário de 35 anos estratégias de minimizar essa situação. Os
Sateré-Mawé e ainda entender o panorama que não quis se identificar, aqui nomeado de R. dependentes, a maioria em situação de rua,
histórico do futebol em Parintins. S., o crack é a droga do momento e vem sendo necessitam de projetos políticos que envolvam
consumida cada vez por um número maior de as áreas de assistência social, saúde, geração de
Na torcida de que este seja o pessoas. “Após consumi-la, o efeito alucinógeno emprego e renda. A atuação de profissionais
primeiro de muitos, desejamos a todos uma e viciante traz consigo consequências negativas especializados nessas áreas poderiam contribuir
excelente leitura. que podem levar até a morte”, explica. Num para melhorar a qualidade de vida dessas
relato emocionado, R.S. conta que perdeu pessoas que, em geral, são invisibilizadas,
trabalho e o convívio com a família por conta do silenciadas, esquecidas e vistas como um estorvo
vício: “Minha vida nunca foi fácil. Eu vim do Pará para a sociedade.
EXPEDIENTE
Jornal Laboratório do Curso de Comunicação
Social / Jornalismo do ICSEZ - Universidade
Federal do Amazonas. Produção dos alunos do
5º período, sob a orientação dos professores
Karliane Nunes (Jornalismo Impresso III) e Iury
Bueno (Fotojornalismo). 201 7.2
Direção do ICSEZ/UFAM : José Luiz Fonseca
Jornalista responsável: Karliane Nunes DRT-SP
4621 9
Reportagem e edição: Aldair Rodrigues, Andreza
Gonzaga, Ademar Viana, Albert Piedade, Adrelly
Ferreira, Brenda Reis, Cristiane Fraga, Débora
Corrêa, Diego Valente, Elisia Monteiro, Evelyn Brito,
Jackeline Menezes, Jéssica Figueiredo, José
Brilhante, Katriane Bernardes, Lara Souza, Leane
Oliveira, Letícia Lima, Luana Valente, Luane Batista,
Renan Mota, Rodrigo Lago, Suzane Barbosa, Thais
Barros, Thais Mota , Niash dos Anjos, Sabrina
Moraes, Thalita Dolfe , Raissa Costa
Fotografia: Fábio Modesto, Iara Azevedo, Kelly
Sobral, Letícia Lima, Lucas Medeiros, Onan
Ferreira , Renan Mota
Projeto gráfico e Diagramação: Jousefe Oliveira
Design / Criação de logo: Wando Luis Costa
Tiragem: 500 exemplares
Contato: Tupã News@gmail.com
Curso de Comunicação Social – Jornalismo
ICSEZ– UFAM - Estrada Macurany, Jacareacanga
Parintins – Amazonas
Email: tupanews@gmail.com
As matérias aqui publicadas não representam a
opinião da instituição e de seus dirigentes.
Reprodução permitida desde que citada a fonte.
Foto: Albert Piedade, Arte: Jousefe Oliveira
2
Uma luta diária
Saúde Pública
População sofre com falta de medicamentos e de médicos especialistas nas unidades de saúde
Cristiane Fraga, Débora Corrêa, Diego Valente,
Rodrigo Lago, Suzane Barbosa
DO AUGE À QUEDA
Os ícones do futebol local ainda resistem
"
possuía uma equipe de esporte que priorizava a Até mesmo o crescimento da cidade, que do futebol. Não era raro, por exemplo, que
transmissão de jogos nos finais de semana. Um contribuiu para a retirada de espaços onde se presidentes das equipes que detinham maior
dia antes dos clássicos, ia ao ar o programa praticava a poder aquisitivo
Manhã Esportiva, com Flávio Luiz, que percorria modalidade, é comprassem votos de
a cidade em busca de torcedores, transmitindo citado por ex- “O futebol de antigamente era clubes menores em
palpites sobre as partidas e animando os jogadores. determinadas situações.
ouvintes que iam no estádio. Wilson Ca- melhor do que o de agora. Os Muitas vezes, a moeda de
Atualmente, o futebol parintinense - bral, conhe- jogadores daquele tempo troca era apenas um jogo
dependente de patrocínio da prefeitura - é cido como de camisa, meiões e
praticado em campeonatos interbairros, com Soló, ex- treinavam como profissionais; chuteiras. O jornalista
pouca visibilidade e sem perspectiva de revelar jogador da esportivo Flavio Luiz, que
hoje não há responsabilidade
jogadores.
Formas de pagamento
Os jogadores mais badalados eram
pagos com terrenos, bicicletas, redes, reformas
Jack Clube,
Sul América e
São Cris-
tóvão, diz que
nos tempos
áureos do
dos próprios jogadores. Os
treinadores ensinavam; hoje
isso não acontece mais”
"
cobriu muitas dessas
reuniões, afirma: “A ideia
poderia ser maravilhosa,
mas só porque a sugestão
era do dirigente contrário,
os ‘figurões’ não
de casas e ranchos. Havia contratações e futebol parin- aceitavam. Algumas
contrapropostas dos comerciantes envolvidos no tinense, a vezes, cheguei a
futebol, como acontece nos clubes profissionais. cidade tinha presenciar ideias boas e o
Até pagamentos por fora existia: alguns poucos habitantes e muitos campos sobrando. “A cara, só porque era pago, votava contra. Era
torcedores satisfeitos com seu time ou seu garotada se divertia tranquila jogando bola. Hoje uma política suja que existia ali dentro, que
jogador preferido faziam questão de dar um em dia, para se conseguir um espaço no campo, acabou arruinando o futebol parintinense”.
“agrado” no final de cada jogo. na areia ou no sintético, tem que pagar. E assim Tentativa de recuperação
Em casos especiais, as negociações acabam restringindo o futebol de Parintins”,
eram firmadas com dinheiro, como no ocorrido comenta. Com o patrocínio da prefeitura em 201 3,
com Nilo, que discorre sobre a transação: “Preto A mudança de comportamento dos atletas o estádio Tupi Cantanhede foi reformado após
Buretama passou em seu carro e fez uma parintinenses (que mesmo amadores agiam anos de abandono. No entanto, a reinauguração
contraproposta para eu ficar no Sul América por como se fossem profissionais), também não alavancou nem o futebol nem o Campeonato
300 mil cruzeiros e foi embora. E os três irmãos repercutiu negativamente no futebol local. Entre Parintinense. Apenas em setembro deste ano, a
Garcia, do Amazonas Esporte Clube, ofereceram os anos de 1 989 e 1 990, os jogadores competição municipal de futebol foi reiniciada,
uma bicicleta, um rádio, cinco calças e camisas, “profissionais” não jogavam nos campos de deixando nos torcedores e jogadores uma
uma bateria e mais 1 00 mil para cobrir o cheque “pelada”. Atletas de primeira divisão eram esperança de que o futebol parintinense possa
de Buretama”. Quitações de dívidas dos jogadores de elite. Quando não estavam sobreviver. Atualmente, a escolinha de futebol
jogadores também eram usadas como forma de jogando, encontravam-se treinando, assistindo e Show de Bola – que não tem vínculo com os
pagamento: conta de energia, água, prestações e estudando o jogo do adversário. Eram clubes da cidade - vem realizando um trabalho
boletos. profissionais que levavam a sério o que faziam. nas categorias de base e contribuindo com o
Porém, sem a fiscalização dos clubes a que futuro do futebol em Parintins.
Histórias engraçadas pertenciam, a decadência foi se instalando no
cotidiano e os atletas começaram a participar, de
Nos jogos, eram muitas as mandingas. modo relaxado, de campeonatos variados.
Moisés Dray e João Novo, torcedores fanáticos Além disso, o alcoolismo foi mais um
do Amazonas e do Sul América, fator que contribuiu para a decadência dos
respectivamente, animavam as torcidas com
mascotes e performances. Dray se fantasiava de
teco-teco (avião de pequeno porte) e sua
atuação, antes do jogo, consistia em planar pelo
campo, fazendo sons típicos de um avião e
Foto: Renan Mota
C
Letras pela UEA em 201 5
atribui essa falta de informação à fragmentação ajuda muito, acredito que é um bom começo, ele
onstituída por um rico vocabulário, a que ocorreu no órgão a partir de 2009 no que tem que continuar. Quando eu vejo um livro de
língua Sateré-Mawé, membro único da concerne às funções das áreas da educação e da alguém que se importa com a tribo e faz um
família Mawé e parte do tronco linguístico saúde indígenas. Segundo ele, até aquele ano, a trabalho bom, eu me alegro muito”, diz o
Tupi, é falada e escrita por aqueles que fazem Funai cuidava dessas áreas e podia manter os professor Sateré, que destaca o seu desejo de
parte da etnia. De acordo com informações do dados atualizados. ver toda a sua tribo tendo acesso à educação.
Conselho Geral da Tribo Sateré-Mawé (CGTSM), Butel destaca a importância do A continuidade do projeto é um desejo
em 201 4, sua população somava minidicionário, pois a língua acaba se tornando também de Azevedo, que planeja aprofundar
aproximadamente 1 3.350 indígenas, vivendo na uma barreira para o estudante indígena que suas pesquisas em torno do tema, abrangendo
capital do estado, Manaus, e em comunidades migra para a área urbana e não compreende a outras línguas indígenas. Atualmente, o seu
dos rios Marau e Andirá, pertencentes aos língua portuguesa. Além de ajudar os alunos esforço é para viabilizar a publicação do
municípios de Maués e Barreirinha, que fazem Sateré, o livro tem como objetivo dar suporte aos minidicionário, o que requer apoio financeiro.
parte da microrregião de Parintins. professores que trabalham com essa questão. O Instituto Nacional de Estudos e
O Censo Escolar de 201 6, realizado pelo Ao longo da pesquisa, foram realizadas Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
Ministério da Educação (MEC), registrou a algumas oficinas de Libras para que Azevedo reforçou a política de acessibilidade para a
existência de 21 .987 estudantes surdos e 32.1 21 pudesse avaliar o nível de aceitação das crianças realização do Enem através da videoprova
com algum tipo de deficiência auditiva indígenas, e o resultado, segundo ele, foi muito traduzida em Libras, recurso este utilizado por
matriculados na educação básica. Ainda de positivo: “Quando eu mostrava, através do livro, 1 .635 participantes em 201 7. Ao todo, foram
acordo com a pesquisa, existem 2.81 9 escolas objetos utilizados na aldeia, eles demonstravam contabilizadas 4.390 solicitações de atendimento
indígenas em todo o Brasil, atendendo a receptividade e, à medida que a prática especializado para casos de surdez e deficiência
aproximadamente 1 95 mil estudantes indígenas, avançava, eles conseguiam se expressar e auditiva.
distribuídos desde a Educação Infantil até o sinalizar”, conta o pesquisador. “Desafios para a formação educacional
Ensino Médio. Samantha Rocha, coordenadora de surdos no Brasil” foi o tema da redação do
Diante desse contexto, o professor de pedagógica da Semed, esclarece que, no âmbito Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que
Língua Brasileira de Sinais (Libras) da educacional, as dificuldades enfrentadas pelo ocorreu em novembro deste ano. A presidente
Universidade Estadual do Amazonas (UEA), surdo relacionam-se sobretudo à falta de do Inep, Maria Inês Fini, declarou que é
Marlon Jorge Azevedo, que também é surdo, comunicação, o que exige na escola a presença confortante receber de milhares de jovens
criou o Minidicionário Indígena Sateré-Mawé em de um profissional especializado na língua de felicitações tanto pela temática escolhida quanto
Libras e Língua Portuguesa, resultado de sua sinais. Para minimizar a ausência desse tipo de pela equipe empenhada no primeiro dia de
dissertação de mestrado, defendida no Programa profissional em Parintins, Rocha explica que há prova.
de Pós-Graduação em Letras (PPGLA) da UEA um espaço reservado na sede da Semed.
Foto: Aldair Rodrigues
P
Foto-montagem Casa da Cultura sobre Bumbódromo: luta pela diversidade cultural
Em contraste à falta de investimento na
alco da maior festa folclórica do norte do de Parintins. A obra foi iniciada e logo Casa da Cultura, o Bumbódromo sediou, no dia
Brasil, desde 1 965 Parintins recebe interrompida, tendo a construção ficado 1 6/9/201 3, a inauguração do Liceu de Artes e
anualmente milhares de visitantes para inacabada e, após alguns anos, completamente Ofícios Claudio Santoro de Parintins, que contou
assistir a disputa entre os bumbás Garantido e abandonada pelos repre-sentantes muni-cipais. com um investimento estadual de
Caprichoso. A cidade abriga ainda diversas festas Foi a partir de 201 3 que diversos grupos passa- aproximadamente R$ 40 milhões. Essa
religiosas, pastorinhas e quadrilhas. No entanto, ram a dar vida ao local, ocupando-o como um discrepância exacerbou a insatisfação de grupos
não possui uma estrutura capaz de acolher espaço de expressão de manifestações artísticas alternativos da cidade, a exemplo do Movimento
expressões artísticas e culturais alternativas ao e culturais. Por outro lado, concomitante-mente, o Parintins sem Fantasia, que surgiu em 31 /8/201 3
circuito tradicional, comandado pelos bois espaço também passou a abrigar ações de com objetivo de questionar o poder público por
bumbás. vandalismo e a ser palco de usuários de drogas e meio de um documento que reivindicava o
Entre 1 993 e 1 997, Tonzinho Saunier, de prostituição. término da obra do prédio da Casa da Cultura.
então secretário municipal de cultura, buscou Em um gesto simbólico a favor da
atender a essa demanda através da elaboração Processo transparência do poder público, teve início um
de um projeto cuja principal proposta era a manifesto que reuniu artistas plásticos, grafiteiros
construção de um prédio que pudesse funcionar Em matéria publicada no ano de 201 3 e outros grupos. Na ocasião, foram derrubadas, a
como um espaço cultural. O projeto foi aprovado pelo jornal Gazeta Parintins, o advogado golpes de machado, as enormes placas de
e a verba no valor de R$ 500 mil chegou a ser Juscelino Melo Manso relatou que o processo da publicidade que escondiam a obra inacabada.
liberada pelo governo federal. No entanto, na Casa da Cultura já havia sido julgado e os Durante a ocupação, as paredes foram
época houve desvio de função dos responsáveis condenados tanto no Tribunal de escovadas e os artistas puderam pintar suas
representantes do poder público e a obra de Contas da União (TCU) quanto na Justiça obras no espaço, aproveitando a arquitetura e
construção da Casa da Cultura não teve Federal. Quando foi liberado o recurso para a decorando seu interior com painéis e grafites.
andamento. construção da obra, era necessário que o Em artigo publicado em 201 6 pelo jornal
município comprovasse a propriedade do terreno. Ilha Diário do Amazonas, o jornalista Wilson
Casa da Cultura O atual secretário de cultura e vice- Nogueira afirma que a cidade não vive só de boi
prefeito em exercício, Tony Medeiros, afirma que bumbá, carnaval e festas religiosas. De acordo
Localizada nas proximidades do a destinação daquela obra foi mal aplicada, e que com ele, a Casa da Cultura se tornou um símbolo
Bumbódromo, a Casa da Cultura foi criada com o na ocasião dois prefeitos foram condenados: da insatisfação da população com a violência,
propósito de acolher e expor as expressões Carlinhos da Carbrás (1 996-1 998) e Raimundo com os políticos corruptos e, principalmente, com
culturais, artísticas, artesanais, musicais, Reis (1 993-1 996). Diante disso, Medeiros a falta de transparência na administração pública.
performáticas e gastronômicas da cidade em sua esclarece que não é possível mais haver Na ocasião, a Câmara Municipal de Parintins
diversidade. Por conta de sua finalidade inicial, investimento federal porque na época houve abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito
ainda hoje, ela tem um forte valor simbólico para desvio de função. Os ex-prefeitos foram (CPI) para tratar desse assunto, no entanto nada
diversos grupos. condenados a ressarcir o dinheiro, que já foi resolvido.
Antes de sua construção, existia no local ultrapassava R$ 1 milhão.
um parque infantil que, depois de abandonado, foi Na matéria, o promotor de justiça André Por que se apropriam do espaço?
usado como campo de aviação. Com a Seffair afirmou que o prédio é patrimônio do
construção do aeroporto, por volta dos anos município. “O local não recebeu nenhuma Sobre a questão da apropriação da Casa
1 990, ficou sem utilidade, abrindo espaço para a reforma ou melhoria por falta de interesse da Cultura por grupos alternativos, o geógrafo
construção do prédio Alzira Saunier, mais político”, afirma Seffair. Já Medeiros alega que Estevan Bartolli, da Universidade Estadual do
conhecido como a Casa da Cultura de Parintins. “derrubar a Casa da Cultura é um problema Amazonas (UEA), explica: “Há uma crise do
A obra foi iniciada e logo interrompida, tendo a porque o processo ainda está rolando e é uma espaço público e do centro da cidade, que não
construção ficado inacabada e, após alguns anos, obra pública. É uma questão jurídica”, justifica. está preparado para receber jovens e esses
completamente abandonada pelos representantes Em conversa recente entre Medeiros e o grupos. Então, eles acabam se apropriando”.
municipais. prefeito Bi Garcia sobre a utilização do espaço, Também integrante da banda de rock BodóHell,
Com a construção do aeroporto, por volta este diz que não vai prometer nada à população: Bartolli diz se apropriar do espaço porque não há
dos anos 1 990, ficou sem utilidade, abrindo “Porque isso envolve uma verba maior e nesse nenhum outro lugar na cidade para a cena
espaço para a construção do prédio Alzira momento, não temos condições”, explica o musical. “Em Parintins, só existe espaço para
Saunier, mais conhecido como a Casa da Cultura prefeito. Na inauguração do Liceu de Artes boi, bares e igreja”, desabafa.
7
Ensaio
Proscênio do auto
do boi Mulambo
Dermison Salgado, Fabio Modesto, Jousefe Oliveira, Joyce Coelho
Niash dos Anjos, Rebeca Paulain, Roger Pimentel