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LIVRO
LUZ E POESIA
CICLOPE Ensaios
Luz e Poesia: ensaios 2
AUTORES

ÁDRELLY FERREIRA
Manaura – acadêmica de Jornalismo UFAM Parintins

ALANDERSON COLEHO DAS CHAGAS


Inhamundaense – acadêmico de Jornalismo UFAM Parintins

BRENDA VIANA REIS


Parintinense – acadêmica de Jornalismo UFAM Parintins

CARLOS JORGE BARROS MONTEIRO


Caxiense – Prof. Dr. UFAM Parintins

INÁRALY OLIVEIRA SERRÃO


Itacoatiarense – acadêmica de Jornalismo UFAM Parintins

IURY BUENO
Mestre
GERSON ANDRÉ ALBUQUERQUE FERREIRA
Parintinense – Prof. Dr. UFAM Parintins

JOUSEFE DAVID MATOS DE OLIVEIRA


Parintinense – Licenciado em Artes Visuais e técnico
do laboratório de fotografia da UFAM Parintins

KATRIANE BERNARDES DOS SANTOS


Santarena – acadêmica de Jornalismo UFAM Parintins

LEANDRA DE SOUZA TAVARES


Parintinense – acadêmica de Jornalismo UFAM Parintins

MARIA ELÍSIA NUNES MONTEIRO


Parintinense – acadêmica de Jornalismo UFAM Parintins

RAMON CORREIA COSTA


Parintinense – acadêmico de Jornalismo UFAM Parintins
Luz e Poesia: ensaios 3
Luz e Poesia: ensaios 4

UFAM - UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS


Prof.º Dr. Sylvio Mário Puga Ferreira
Reitor
Prof.º Dr. Jacob Moisés Cohen
Vice-Reitor
Prof.º Dr. David Lopes Neto
Pró-Reitor de Graduação
Prof.º Dr. João Ricardo Bessa Freire
Pró-Reitor de Extensão
Prof.ª Dra. Maria de Nazaré de Lima Ramos
Diretora depto. programas e projetos de extensão universitária - DPROEX
Prof.ª Dra. Cláudia Guerra Monteiro
Diretora do departamento de políticas afirmativas – DPA
Prof.ª MSC. Almir Oliveira de Menezes
Diretor depto. acompanhamento e avaliação de impacto das ações de extensão universitária – DEAA
Prof.º Paulo Ariston de Almeida Ramos
Diretor do departamento de articulação e planejamento da extensão - DARPEX

Comitê de Extensão ICSEZ-UFAM Parintins


Coordenadora: Prof.ª Dra. Valmiene Sousa
Vice-coordenadora: Prof.ª Dra. Maria Audirene Cordeiro

ICSEZ - INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, EDUCAÇÃO E ZOOTECNIA


Prof.º Dr. José Luiz Pereira da Fonseca
Diretor
Prof.º Dr. Tiago Viana da Costa
Coordenador Acadêmico

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO


Prof.º Dr. Lucas Milhomens
Coordenador
Prof.º Dr. Carlos Jorge Barros Monteiro
Vice-Coordenador

Esta obra foi financiada com recursos do PACE - Programa Atividade Curricular de Extensão
Universidade Federal do Amazonas.
Parintins, Amazonas - 2019
Luz e Poesia: ensaios 5 Luz e Poesia: ensaios 5
CARLOS JORGE BARROS MONTEIRO
JOUSEFE DAVID MATOS DE OLIVEIRA
KATRIANE BERNARDES DOS SANTOS

Organizadores

LUZ E POESIA
Ensaios

COPYRIGHT @ Carlos Barros Monteiro; Jousefe David Matos de Oliveira; Katriane Bernardes dos Santos(Orgs.), 2019
Luz e Poesia: ensaios 6
Coordenação Editorial - Carlos Jorge Barros Monteiro (Mtb Nº 26.935/SP)

Capa e Contra-capa – Iury Bueno (in memoriam)

Edição e diagramação - Jousefe Oliveira

Revisão - Katriane Bernardes

Biblioteca nacional
Prefixo Editorial: 67959
Número ISBN: 978-85-67959-54-2
Título: Luz e poesia: ensaios
Tipo de Suporte: E-book
Formato Ebook: PDF
Ano 201 9
Luz e Poesia: ensaios 7

Dedicamos este livro em memória


de Iury Bueno
Luz e Poesia: ensaios 8

PREFÁCIO

"L
uz e Poesia”, duas palavras que apontam para o arrebatamento que essa
obra representa: primeiramente, como não poderia deixar de pontuar, são,
essencialmente, duas linguagem que melhor representam a trajetória
pessoal e profissional do professor Iury Bueno, que está entre os idealizadores do
projeto; seguidamente porque traduzem a sensibilidade que tanto a fotografia,
quanto a literatura agregam na representação do cotidiano.
Sobre o primeiro arrebatamento, gostaria de assinalar que a memória do
fotógrafo, artista e professor estão visíveis no direcionamento das imagens que
compõem toda a produção, não apenas nas que ele assina (capa e contra-capa),
mas por todo o conjunto e demais sessões, cujos títulos ainda reverberam parte do
seu olhar sobre o mundo. Esse trabalho traz saudade, ao mesmo tempo que
acalento, porque ratifica a capacidade que o artista tem de se manter vivo, mesmo
quando não está mais entre nós; e também porque evidencia a capacidade
generosa da profissão de professor, que compartilha e se reinventa a partir do
trabalho dos alunos.
No que tange o segundo entusiasmo, o livro é uma descoberta, um achado de
textos delicados e críticos de uma Parintins cheia de cores, de detalhes, de alegrias
e de lacunas. Na sua completude, remete aos versos de Manoel de Barros, quando
diz cada coisa ordinária é um elemento da poesia, todas “as coisas que não
pretendem”. Essa obra não pretende, mas torna-se. É pura poesia. Neste sentindo,
finalizo, ponderando que foi uma imensa honra ter sido convidada para assinar este
prefácio, num encontro de duas palavras tão sensíveis e delicadas, que trazem luz e
esperança para um mundo tantas vezes tão cinza. Parabéns ao todos os envolvidos!

Thaisa Bueno
Professora Doutora - Universidade Federal do Maranhão - Campus Imperatriz (UFMA)
Luz e Poesia: ensaios 9

SUMÁRIO

1- Apresentação.............................................................................................1 1

2- A Paisagem como um rosto........................................................................1 2

3- Invisível sensível .....................................................................................28

4- O não lugar ...............................................................................................33

5- A poesia que nasce das coisas ..................................................................44

6- Pequenas metamorfoses da morte ..........................................................48

7- Homem concreto ......................................................................................59

8- Embalos ....................................................................................................69

9- Guarda - rostos.........................................................................................73

9- Palimpsestos sentimentais, casas paredes, bolhas e pinturas.................77


Luz e Poesia: ensaios 10

"... As coisas estão acontecendo, sempre há um ser passageiro que a poesia e a


fotografia desejam apreender, apresentar de uma só vez, como uma exaltação."
Adolfo Montejo Navas
Luz e Poesia: ensaios 11 Luz e Poesia: ensaios 11

Apresentação

O
livro Luz e Poesia: ensaios é resultado do Projeto de Extensão intitulado: Ciclope:
coletivo fotográfico, desenvolvido no Instituto de Ciências Sociais, Educação e
Zootecnia (ICSEZ), da Universidade Federal do Amazonas, campus - Parintins,
coordenado até setembro de 2018 pelo professor Iury Bueno. Após seu falecimento, a
coordenação do PACE ficou sob a responsabilidade do professor Carlos Jorge Barros
Monteiro.
A proposta desta obra se delineia sob a luz da poética, entre a imagem e a palavra;
fotografia e poesia, dividindo as páginas que o caro leitor contemplará. Neste espaço, algo
a mais será compartilhado para com o público, além do deleite estético que o livro
apresenta. Trará, à luz do conhecimento empírico e literário, a proposta de diluição da
subjetividade. Assim, caro leitor, não verás nas páginas deste livro, nas fotografias e
poesias nelas escritas a identificação dos autores, pois a proposta central do projeto foi a
produção imagética e literária de forma coletiva. Desse modo, o livro não possui um só
rosto, mas um multifacetado e pluralidades que se encaminham para um só objetivo: a
coletividade em prol da cultura e da expressão artística.
Estas diferentes narrativas, construídas coletivamente pelos alunos, participantes do
projeto se encaixam em capítulos. Cada um com sua poética, e em cada palavra, o elo entre
essas duas linguagens, imagem e verbo, foto e verso, tão distintas em alguns aspectos,
porém tão semelhantes em sua essência. Ao mesmo tempo, o livro é um meio de registro
documental para homenagear o professor Iury Carlos Bueno, que está presente em cada
página, por meio de seus ensinamentos em sala de aula, como luz que guiou cada aluno na
busca pelo conhecimento.
Assim, a justificativa do título do livro “Luz e Poesia”. Fotografia é luz! E suas
imagens, como os rostos em paredes descascadas, tão característicos de sua obra,
tornaram-se luz para as nossas mentes, e por meio dela nos guiou para construirmos esta
obra. O triunfo mais duradouro para arte e a literatura é a descoberta da beleza, e neste
livro dedicamos em memória ao professor Iury Bueno, registrada como uma fotografia,
eternizada feito poesia.

Jousefe de Oliveira
Técnico do lab. fotografia e colaborador do projeto Ciclope.'
Luz e Poesia: ensaios 12

A paisagem como um rosto


Luz e Poesia: ensaios 13

Te buscamos, luz. Queremos luz todos nós.


A luz jamais mergulha para sempre.
Vai, mas volta, sempre.
Continuamente te buscamos
Na esperança sempiterna de vida e acalanto.
Vai, mas volte, nossa luz!
Luz e Poesia: ensaios 14 Luz e Poesia: ensaios 14

A janela é o olhar da alma de uma casa.


Luz e Poesia: ensaios 15 Luz e Poesia: ensaios 15

Enquanto o sol se põe em um horizonte certo,


Sinto a incerteza de um futuro quente, frio, alvo, e infinito….
Luz e Poesia: ensaios 16 Luz e Poesia: ensaios 16

Para onde foi o azul dos Dos pássaros que ainda


Teus olhos, Choram
Dama das águas escuras? Por um tempo que já não
Para onde foi o teu Possui o verde vívido de
Grito?Ouço somente os Outrora.
Gemidos
Luz e Poesia: ensaios 17

Uma canoa, Canoinha.. Descansa…


E das sombras embalo as minhas doces
Lembranças.
Luz e Poesia: ensaios 18

Acho estranho o vento que sopra do norte

O cantar da coruja lembra-me da morte

O verde dessa mata mantêm a própria sorte.


Luz e Poesia: ensaios 19

Há uma misteriosa beleza na escuridão,

Pessoas enjauladas parecem pedir perdão

Hoje, a aurora queima o dia, a noite e o chão!


Luz e Poesia: ensaios 20

Duas faces
Luz e sombra
O mundo e nós mesmos
Há sempre um lado iluminado
E outro escuro.
Luz e Poesia: ensaios 21

Em que espelho foi parar


A luz divina?
Um fio de água repousa
A felicidade deve ser isso
Um instante quente e calmo
Como um pôr do sol.
Luz e Poesia: ensaios 22

Os homens criaram pequenas estrelas


Estúpidas e frias,
Vaga-lumes de metal
Iluminando viadutos
Ruas sozinhas,
Vidas adultas
O mal da humanidade
Se espreita na escuridão.
Luz e Poesia: ensaios 23

Águas calmas me dão medo


Misteriosas águas escondem segredo
Um raio de tempestade corta a árvore ao meio
Mãe natureza nos aperta entre o ventre e o seio.
Luz e Poesia: ensaios 24

Ser como a rua


Longa, fria, escura
Encobrindo os matos
Engolindo limos
Se banhando ao sol
Molhar-se com as chuvas
Quebrando lentamente
A passagem dolorosa
Do tempo.
Luz e Poesia: ensaios 25

Para onde foi nossa liberdade?


Cavalos relincham
E riem da ignorância dos homens
Cachorro atravessa a rua
Gatos pulam nos quintais
Bem-te-vis avisam nas árvores
As ruas, sempre as ruas,
O local das grandes conquistas.
Luz e Poesia: ensaios 26

Escrever para que


A poesia não morra
Antes da última luz
Do dia,
Escrever como
Escravo
De si mesmo
Que dedica cada
Verso em um salto
Infinito ao eterno
Ser principalmente
Como o barco
Que rasga
A misteriosa
Face da paisagem
Com suas águas,
Matas,visagens…
Luz e Poesia: ensaios 27 Luz e Poesia: ensaios 27

Tudo o que me vêm à memória tem gosto


Cigarras cantando nas mangueiras,
O azul límpido do céu no mês de agosto
Sapos orquestrando a melodia misteriosa da noite.
Vaga-lumes dominam o mundo, e eu longe, das buzinas,
Da cidade, de tudo. E enquanto sinto o vento balançar,
Castanheiras dançam trazendo paz ao lugar
Ah o silêncio! Eternas saudades de outros tempos.
Luz e Poesia: ensaios 28

Invisível sensível
Luz e Poesia: ensaios 29

A fé é isso:
Uma força invisível que move corações.
Luz e Poesia: ensaios 30

A fé que move montanhas, move-me ao meu encontro


Um santo negro clareia meu ser
Torres de igreja tocando o céu
É possível crer
E enquanto escrevo esse poema de oração
Rabiscam na terra o pó de nosso corpo
Desfazendo-se no chão.
Luz e Poesia: ensaios 31

Portal do paraíso
Portas do inferno
O sol que racha
As paredes
Temporais de
Inverno
Tudo ao silêncio
Na fé se fortalece
Enquanto contemplo
A fotografia
A eternidade
Em mim cresce.
Luz e Poesia: ensaios 32

Janelas de vidro
Contém uma beleza
Intacta
Luzes do alvorecer
Em meu peito
Encarna
O verbo se fez carne
E verso se fez amor
Das súplicas das
Madrugadas
Orações, pedidos
Dor!
Luz e Poesia: ensaios 33

O não lugar
Luz e Poesia: ensaios 34

Enquanto fico em
silêncio,
Esperando esse
Poema
Nascer de uma foto
Tocar a alma
Das coisas
Iluminadas,
Deixar meus rastros
Na última luz
Do dia,
Enquanto ele pousa,
O mundo todo
Descansa.
Luz e Poesia: ensaios 35

Depois da meia noite


O tempo demora

Ouço o latido do
Cachorro la fora

Dentro de mim
A insônia
Me devora.
Luz e Poesia: ensaios 36

Ao longe, meus olhos entristecidos admiram o ciclo de uma


Manada escrava, refém dos altos e baixos dos preços que hora
E outra são abusivos.
Luz e Poesia: ensaios 37

Pobre homem, ainda sem rumo para seguir. Espero que no


Curso deste rio, encontre algo para perseguir....
Luz e Poesia: ensaios 38

Talvez centenas de olhos estejam a usufruir deste fim


De tarde, mas só os meus olhos trazem consigo dores
Infindáveis.
Luz e Poesia: ensaios 39

Das janelas do prédio da minha universidade, luto para


Encontrar identidade, mesmo que dos meus companheiros
Só venha rivalidade.
Luz e Poesia: ensaios 40

Sempre que abro


Uma janela
Sinto como um
Espalhar
Dos meus
Pensamentos
Talvez, cansados
De tantos desvaneios
Por si só
Meus pensamentos
Resolveram
Continuar
A vagar...
Luz e Poesia: ensaios 41

Um caminho
É uma página
Em branco
A poesia escorre
Lentamente pelas
Bordas do quadro
E se desenha
Em um verso
Imaculado,
Vejo o registro
E ele em silêncio
Me fala:
Eu existo!
Luz e Poesia: ensaios 42

Pare! stop!
Veja! See!
Feel!
....
As línguas estrangeiras
E as nossas
Possuem um certo
Vazio,
Nas pronúncias
Consonantais
Exalam crises
Existenciais,
O vento que sopra
Da boca
Renuncia
O tempo que não volta
Atrás.
Luz e Poesia: ensaios 43

Um cheiro de uma
Planta
Qualquer,
Lembra uma igreja,
Todo cheiro, aroma,
Perfume, cerveja
Até que um dia
Você olha e lembra
A fotografia
Tem cheiro
E ela lembra
Um poema.
Luz e Poesia: ensaios 44

A poesia que nasce das coisas


Luz e Poesia: ensaios 45

Essa luta incessante por espaço me entristece


Enquanto poeta faço dessas linhas um alerta
Permita que nossas flores tenham espaço
Para criar mais de uma pétala.
Luz e Poesia: ensaios 46 Luz e Poesia: ensaios 46

Oh meu povo que tanto sofre


Pena que tua ignorância
É maior que tua sorte
Não percas tempo
A ti lamentar,
Pois tu és o único
Culpado daquilo que estar
A ti matar.
Luz e Poesia: ensaios 47 Luz e Poesia: ensaios 47

Neste lugar onde tudo pode


Se criar
Até no lixo um coração pode
Brotar.
Luz e Poesia: ensaios 48

Pequenas metamorfoses da morte


Luz e Poesia: ensaios 49 Luz e Poesia: ensaios 49

Preciso falar do gato que sobe as muralhas do lamento


Seu miado rasga, e a morte se assusta com o seu rabo
Abanando ao vento.
Luz e Poesia: ensaios 50 Luz e Poesia: ensaios 50

Tive um sonho quando menino


Papagaio rasgava no espinho
Crianças correndo descalças
Pé rachando ao sol e cheiro de cachaça
Linhas tênues da infância
Hoje o esqueleto, jazia a esperança
Como cruz ,os gravetos, papagaio, criança.
Luz e Poesia: ensaios 51 Luz e Poesia: ensaios 51

O que por natureza é pequeno, tornar-se grande junto de


Outros de sua espécie. Não se espante, apenas vislumbre
A força que vêm daquilo que se põe de maneira frágil.
Luz e Poesia: ensaios 52 Luz e Poesia: ensaios 52

Sentinela de asas negras, voa...


E um corpo apodrecido, repousa
É justificada a cor negra que esta
Ave carrega,
Pois a última visão da morte,
É escura, vazia, eterna.
Luz e Poesia: ensaios 53 Luz e Poesia: ensaios 53

Milhares de pontos
Pretos
Zumbiam em
Mesas
De bar,
Em almoços de
Meio dia
Transavam nas
Ceias
Do lar,
Gatos e cachorros
Morriam,
Nas ruas e meio
Fio,
Moscas zumbiam
Famintas,
A podre carne
Lhe serviu.
Luz e Poesia: ensaios 54 Luz e Poesia: ensaios 54

Os abutres dançam pequenos furacões no céu,


Redemoinhos ao contrário, fazem de suas Carniças, réus
Revoada das aves negras, espreitam no entardecer
Camuflam-se em galhos secos, Esperando a morte
Aparecer.
Luz e Poesia: ensaios 55 Luz e Poesia: ensaios 55

Borboletas quebrando
Casulos,
E eu estático, pálido
Mudo,
Borboletas tons
De cinza,
Avistamos bem melhor
De cima
Tão breve é a nossa
Sina,
Pequenas metamorfoses
Da vida.
Luz e Poesia: ensaios 56

O rosto da morte não tem face


Tem múltiplas cabeças, Infinitos disfarces
A morte é o esquecimento
De nossa existência.
Luz e Poesia: ensaios 57

Embuás cavam a terra em infinitos buracos,


Cada um constrói pequenos túmulos do acaso,
Os póros de nossas pele envelhecerá,
E o pó de nossa existência fundirá com os
Quatro elementos: A terra, o fogo, a água e o ar.
Luz e Poesia: ensaios 58

A caveira é um
Rosto
Universal
Representa a
Escultórica
Vida,
Tanto do bem,
Quanto do mal,
A humanidade
Envaidecida
Ignora
Seu caminho
Mortal.
Luz e Poesia: ensaios 59

Homem concreto
Luz e Poesia: ensaios 60

Em tão pouco tempo, ela tornou-se mãe


Em tão pouco tempo, tornou-se mulher
Espero que em tão pouco tempo
Deixe de lhe faltar o alimento que tanto quer.
Luz e Poesia: ensaios 61

Lá estava ela a esperar


O 'cara do leite' passar
Como se fosse um ritual
Que jamais se deve deixar
Dos poucos minutos
Que ele se dispõe a falar
É para lembrar das paixões
Que outrora deixou passar.
Luz e Poesia: ensaios 62

Nem tuas pernas


Cansadas são
Capazes
De te fazer parar
Pois ao final do dia
Sempre haverá tuas
Crianças para
Alimentar.
Luz e Poesia: ensaios 63

Passarte uma vida a protejer tuas crias do sol,


Mas tuas crias preferem deixar-te andar
E o sol a te queimar.
Luz e Poesia: ensaios 64 Luz e Poesia: ensaios 64

É sempre uma
Tristeza
Ver uma grade
A se levantar
Pois isso
Significa que
É mais um
Preso em
Seu próprio
Lar.
Luz e Poesia: ensaios 65

Caminhando por esta cidade sempre se pode encontrar


Um trabalhador a se lamentar,
Mas quando estou diante de um trabalhador
Que vive a nos transportar
Ele de imediato se põe a falar
"Onde a pobreza impera reclamar
Fica sempre em último lugar, o que nos resta
É continuar a nos calar".
Luz e Poesia: ensaios 66

Sabes onde cada rua desta cidade termina, só não


Sabes onde e nem quando o sofrimento de tuas
Pernas terminarão.
Luz e Poesia: ensaios 67 Luz e Poesia: ensaios 67

Já vi pescador marceneiro e o seu barco talhar


Já vi pescador eletrecista e a energia restaurar
Já vi pescador professor e aos filhos ensinar
Só não vi pescador folgar, pois quem nasce
Sem oportunidade, sua única sina é trabalhar.
Luz e Poesia: ensaios 68 Luz e Poesia: ensaios 68

Percorrer este rio, ora turbulento


Ora silencioso, é contar com a sorte
Pois, parte dele a decisão de me deixar
A vida ou me presentear com a morte.
Luz e Poesia: ensaios 69

Embalos
Luz e Poesia: ensaios 70

Fotografei o movimento
Contínuo do embalo
Os nós dos punhos de rede
Lembra-me do laço
A dança das redes
Banzeirando....
Nos barcos
Luz e Poesia: ensaios 71 Luz e Poesia: ensaios 71

Rede Verde
Ondas suaves
Um rio sublinhando
Ondas de mares
Enquanto nela durmo
Em sonho
Espanto os males.
Luz e Poesia: ensaios 72

Duas redes transaram


Uma azul
Outra encarnada
No final
Se enrolaram
Em um transe embalo
Ao nada.
Luz e Poesia: ensaios 73

Guarda - rostos
Luz e Poesia: ensaios 74 Luz e Poesia: ensaios 74

Mistério da luz quente


Do meio dia
Desfoca lentamente
Essa fotografia
Uma cor / luz/ rosa avermelha
Versos, poesia.
Luz e Poesia: ensaios 75 Luz e Poesia: ensaios 75

Cor lilás / Santas luzes


Morena
Auréolas da paz
Luz do entardecer,
Serena
Que no horizonte se desfaz.
Luz e Poesia: ensaios 76 Luz e Poesia: ensaios 76

Um espectro
De luz
Atravessa
O guarda-chuva
E a luz
Que nela forma
Cai perfeira
Feito luva
Um rosto
Indefinido
Formosa,
Feito musa.
Luz e Poesia: ensaios 77

Palimpsestos sentimentais
Casas paredes, bolhas e pinturas
Luz e Poesia: ensaios 78

Em geral as pinturas das paredes das velhas casas, trazem


sensações que variam de acordo com as características do
tempo e da condição humana de quem as vê. Nos períodos
ensolarados as paredes descascam-se como peles humanas
como se pretendessem revelar um interior chamuscado em
formas explosivas. Em algumas vezes suas cores
transparecem vazios contidos no interior de bolhas
arrebentadas ou prestes a arrebentarem-se pelo efeito do
apedrejamento das gotas caídas pela repetição do orvalho ou
do período chuvoso. Assemelham-se a uma pele arregaçada
em uma natureza morta.
Luz e Poesia: ensaios 79

À noite, essas bolhas parecem


frias, tristes e úmidas cuja
fisionomia varia de acordo
com as cores, sejam elas
amarela, branca ou azul.
Essas bolhas quando
explodem imprimem em suas
rachaduras produzem efeitos
visuais que considero
poéticas impressos embora
com contornos aleatórios.
Assim, cada uma dessas casas
velhas traz enfeites
derradeiros. Cuja marca final
é composta por meio de uma
barra esverdeada formada
pelo musgo ou limo, tal como
os sinais de nosso corpo em
seu amadurecimento e/ou
envelhecimento até seu
esgotamento ou sua queda
final para alimentar outras
naturezas.
Luz e Poesia: ensaios 80

As cores brancas chamam


atenção pela sua clareza.
As de cor amarela, por si
descrevem uma sensação
desgaste, marcada pela
expressão “amarelada pelo
tempo”.
Tenho medo de passar por
entre a tonalidade
amarelas, porque minha cor
tem se tornado amarelada
como a última fase das
velhas paredes. Já as
paredes azuis me produzem
um embotamento e por isso
não sei falar muito sobre
elas, sobretudo as paredes
azuis com tons claros que
se assemelham a mortalhas
de cetim.
Luz e Poesia: ensaios 81 Luz e Poesia: ensaios 81

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS (UFAM)


Campus Parintins

Diretor do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia -ICSEZ


Prof. Dr. José Luiz Pereira da Fonseca

Coordenador Acadêmico do ICSEZ


Prof. Dr. Tiago Viana da Costa

Coordenador do curso de Comunicação Social - Jornalismo


Prof.º Dr. Lucas Milhomens
Vice-Coordenador
Prof.º Dr. Carlos Jorge Barros Monteiro

Parintins - 2019
Luz e Poesia: ensaios 82 Luz e Poesia: ensaios 82

Alunos

Ádrelly Ferreira
Alanderson Coelho das Chagas
Brenda Viana Reis
Ináraly Oliveira Serrão
Jousefe Oliveira
Leandra de Souza Tavares
Maria Elísia Nunes Monteiro
Ramon Correia Costa

Coordenador do projeto
Prof.º Dr. Carlos Jorge Barros Monteiro - MTb Nº 26.935/SP
Prof.º Dr. Iury Carlos Bueno (in memoriam)

Colaborador
Prof.º Dr. Gerson André Albuquerque Ferreira

Organização
Prof.º Dr. Carlos Jorge Barros Monteiro
Jousefe David Matos de Oliveira
Katriane Bernardes dos Santos

Arte e diagramação
Jousefe David Matos de Oliveira

Capa e Contra-capa
Iury Bueno
Luz e Poesia: ensaios 83

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