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ISBN: 978-65-5637-062-0
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(Unicamp – Campinas)
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Edleise Mendes
(UFBA – Salvador)
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(UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná)
Eni Puccinelli Orlandi
(Unicamp – Campinas)
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APRESENTAÇÃO .....................................................................................................7
Simone Guesser
Núbia Ferreira Rech
APRESENTAÇÃO
Simone Guesser
Núbia Ferreira Rech
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INTRODUÇÃO
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que pensamento e linguagem sejam uma mesma coisa constitui o que ele
chama de “absurdo convencional”, que o autor caracteriza como sendo
“[…] uma afirmação totalmente contrária ao senso comum, mas em que
todos acreditam porque têm a vaga lembrança de tê-la escutado em al-
gum lugar e porque ela tem muitas implicações” (PINKER, 2002, p. 62).
Pretendemos defender aqui que Pinker está correto e que há razões
convincentes para crer que pensamento e linguagem são elementos que
constituem módulos diferentes na mente. Vamos aos argumentos.
Comecemos por observar nossos animaizinhos domésticos. Qual-
quer pessoa que já tenha tido um cachorrinho de estimação (algumas
raças são muito inteligentes) sabe que esses bichinhos são afetuosos e
demonstram carinho e respeito por seus cuidadores; algumas pessoas são
capazes mesmo de jurar que seus cãezinhos conseguem compreender
cada palavra do que falam. Quando o cuidador chega da rua, o cãozinho
certamente corre até ele abanando o rabinho, em demonstração de que
sentiu a sua falta. Não é incomum que o seu bichinho perceba quando
você está chateado e venha deitar-se perto ou demonstrar carinho. Com
certeza, esse tipo de atitude por parte dos cães pode ser uma evidência
de que eles raciocinam, que compreendem os comandos dos cuidadores,
que estão atentos ao comportamento das pessoas com as quais convivem.
Esses animais domésticos, entretanto, não possuem linguagem articulada.
Mas não parece prudente tratar apenas dos pets, quando sabemos por
experiência que o domínio de línguas naturais é uma habilidade exclusi-
vamente humana1. Vamos, então, tratar dos bebês humanos. É possível
perceber em bebês ainda bem novos, com poucos dias de vida, diversas
demonstrações de raciocínio, como quando sorriem ao reconhecerem o
rosto do pai ou da mãe, ou quando expressam por meio do choro algum
tipo de sensação como fome ou descontentamento pela “fralda cheia”,
apesar de ainda não dominarem uma língua. Se é verdade que esses
humanos em miniatura já raciocinam, mesmo que ainda não dominem
1 Não vamos adentrar aqui a discussão sobre estudos que atestam que alguns primatas sejam
capazes de se comunicar utilizando as línguas de sinais, como os de Gardner e Gardner (1969).
Para discussões sobre esse assunto, indicamos a leitura de Hess (2008) e as críticas a estudos
dessa monta como a que se encontra em Pinker (2002).
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Note que em (5) e (6) não há sujeito9, mas em (7) temos o pronome
it. Crucialmente, em inglês não é possível produzir frases em que não
haja algum elemento na posição de sujeito – nem mesmo em orações
“sem sujeito”! Ou seja, enquanto em português podemos ter sujeitos
expressos ou ocultos/desinenciais, em inglês toda frase precisa ter um
sujeito expresso.
Apesar de aprendermos na escola que o português permite (ou mes-
mo favorece) o uso de sujeitos ocultos, diversos estudos têm mostrado
que o português falado no Brasil vem, na verdade, empregando cada vez
mais sujeitos preenchidos10. Isso significa que, embora nosso julgamento
possa considerar que (8) é uma frase perfeitamente possível, na prática,
quando falamos, tendemos a usar frases como (9)11:
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14 O texto foi retirado do Banco de Dados de Escrita do Ensino Fundamental II (TENANI, s.d.).
Código de identificação: Z08_5A_07M_05. Os destaques (sublinhado) são nossos.
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15 Neste capítulo vamos enfocar apenas a questão da aposição de frases relativas, embora os
estudos sobre processamento abranjam diversos outros tipos de construção, cf. Maia, (2015),
Leitão (2015), Garcia (2015), Maia (2018), dentre outros.
16 Maia (2015) aponta outras questões que se somam a esse modelo de análise baseado em dois
estágios, como a interferência de fatores semânticos, pragmáticos, discursivos e de frequência
no processamento. Não vamos nos demorar nessa questão por entender que um aprofundamento
de discussões dessa monta acaba por extrapolar os objetivos e o escopo deste capítulo, além
de jamais (ainda que detalhados) fazer jus à profundidade das discussões e às possibilidades
e vieses de pesquisa na área de processamento de frases. Recomendamos a leitura atenta de
Maia (2015; 2018) para um aprofundamento de tais noções.
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(15) Someone shot the servant of the actress who was on the balcony.
Alguém atirou na empregada da atriz que estava na varanda.
(FERNÁNDEZ, 2002, p. 12).
Essa questão seria diferente em alemão, língua com uma forte sen-
sibilidade a processos de conexão anafórica envolvendo a aposição de
orações relativas (FERNÁNDEZ, 2002, p. 30); nessa língua, os falantes
tendem a preferir a associação da frase relativa ao nominal mais alto no
SN complexo.
Para falantes monolíngues do português, a preferência pela aposição
da frase relativa que modifica um SN complexo, como ocorre no período
em (15), tende a ser semelhante ao que acontece em alemão (aposição
ao SN mais alto); é o que atesta o trabalho de Maia (2005). Os dados de
Maia ainda corroboram os resultados de Fernández (2005) para falantes
monolíngues do inglês, quanto à preferência pela aposição da relativa
ao SN mais baixo.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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1. INTRODUÇÃO
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2. NORMA E GRAMÁTICA
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p. 60). Portanto, esse quadro não comporta três visões sobre esse con-
junto de regras, mas apenas uma: aquelas regras que são seguidas. Como
estamos diante de um conhecimento inconsciente, não é prerrogativa do
falante seguir ou não essas regras. É exatamente isso que o parágrafo
que tipifica a gramática internalizada esclarece: “o falante natural de
uma língua obedece minimamente às convenções estabelecidas pelo
grupo social de usuários, respeitando os acordos praticados no nível
morfológico, sintático e semântico” (p. 81).
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10 Isso só quando a situação permitir. É importante ter em mente que não é nosso objetivo trans-
formar os professores de português em linguistas.
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(4)
a. Na faculdade é bom porque eu posso aprender novas coisas, discutir
ideias de grandes pesquisadores sem medo. Em que outro lugar eu tenho
liberdade de fazer isso senão na faculdade?
b. Se tu liga para reclamar, tu fica esperando na linha um montão de
tempo até tu se cansar e desligar.
c. Nós estamos vivendo um momento bonito. Todos nós precisamos ver
as coisas direito e avaliar. Só depende de nós. É para nosso crescimento!
d. A situação está complicada… eles estão matando, eles estão roubando,
eles estão fazendo trote… eles estão sem dó de ninguém.
Os pronomes eu, tu, nós e eles nos exemplos acima são usados sem
que seu referente seja identificado no texto ou no discurso. Nesse caso,
dizemos que sua referência é indefinida.
Vejamos exemplos com pronomes de tratamento11:
(5)
a. #Imagina o senhor gritar por socorro na rua e não conseguir ninguém
para ajudar o senhor.
b. #Difícil quando Vossa Senhoria não está preocupada com outras
pessoas.
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(6)
É muito triste quando você chega num lugar e você num é bem atendido.
Até parece que você tá pedindo favor.
(7)
a. Elas falaram bem ontem.
b. *As elas falaram bem ontem.
(8)
a. Vossa Alteza falou bem ontem.
b. A Vossa Alteza falou bem ontem.
13 As propriedades sintáticas apresentadas foram baseadas nos seguintes trabalhos: a) uso de artigo
diante de pronomes pessoais e de pronomes de tratamento - Bhat (2004) e Lopes (2007); b)
combinação de pronomes pessoais e de pronomes de tratamento com numerais - Bhat (2004);
e c) modificação de pronomes pessoais e de pronomes de tratamento - Bhat (2004) e Heine
e Song (2011). A propriedade relativa ao emprego de pronomes possessivos com pronomes
pessoais e com pronomes de tratamento é de nossa autoria.
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(9)
a. Você falou bem ontem.
b. *O você falou bem ontem.
(10)
a. Nós vamos sair por ali.
b. Nós cinco vamos por ali.
c. *Cinco nós vamos por ali.
(11)
a. Os senhores vão sair por ali.
b. Os nove senhores vão sair por ali.
c. ?Os senhores nove vão sair por ali.
(12)
a. Vossas Majestades vão sair por ali.
b. Vossas duas Majestades vão sair por ali.
c. *Vossas Majestades duas vão sair por ali.
(13)
a. Vocês vão sair por ali.
b. Vocês três vão sair por ali.
c. *Três vocês vão sair por ali.
14 Para esse argumento, não usamos o pronome o senhor devido ao fato de já haver o artigo
definido em sua estrutura.
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(17)
a. Você precisa de ajuda.
b. *Meu você precisa de ajuda.
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(19)
a. O senhor já decidiu o que vai beber?
b. O nobre senhor já decidiu o que vai beber?
c. O senhor de refinado gosto já decidiu o que vai beber?
(20)
a. Vossa Senhoria já decidiu o que vai beber?
b. Vossa nobre Senhoria já decidiu o que vai beber?
c. Vossa Senhoria de refinado gosto já decidiu o que vai beber?
(21)
a. Você já decidiu o que vai beber?
b. *Você nobre já decidiu o que vai beber?
c. *Você de refinado gosto já decidiu o que vai beber?
pronomes
propriedades Pessoais Você Tratamento
Leitura indefinida O
Combinação com artigo O O
Combinação com numeral
Combinação com possessivo O O
Modificação O O
Fonte: Elaboração dos autores.
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(22)
a. Você chegou a tempo.
b. Ele / ela chegou a tempo.
c. O grupo chegou a tempo.
d. O livro chegou a tempo.
(23)
a. Vocês chegaram a tempo.
b. Eles / elas chegaram a tempo.
c. Os grupos chegaram a tempo.
d. Os livros chegaram a tempo.
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(24)
Mudanças e reorganizações na 2ª pessoa do português brasileiro
a. existência dos pronomes de 2ª pessoa tu e você;
b. identificação de subsistemas pronominais: subsistemas em que se usa
exclusivamente você (com formas variantes você, ocê, cê); subsistemas
em que se usa exclusivamente ou majoritariamente tu e subsistemas em
que se verifica variação entre tu e você;
c. desaparecimento do pronome vós e uso de vocês (e suas variantes
ocês e cês) como a 2ª pessoa do plural;
d. utilização dos pronomes acusativos o, a, os e as com referência à
2ª pessoa;
e. emprego do pronome lhe como acusativo de 2ª pessoa e
f. uso dos pronomes seu, sua, seus e suas como possessivos de 2ª pessoa
e consequente variação com teu, tua, teus e tuas.
Em relação ao pronome seu (e suas variantes seus, sua e suas), a
análise tradicional o apresenta como pronome possessivo de 3a pessoa:
(25)
[A Maria]1 entrou no seu1 quarto, mexeu nas suas1 coisas e saiu.
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(26)
[Ana]1 , [a Maria]2 entrou no seu1 quarto, mexeu nas suas1 coisas e saiu.
Fonte: Internet.
A figura acima é muito conhecida. Apareceu em diversos sites e blogs
de língua portuguesa e foi usada, na maioria das vezes, com fins cômicos
para ressaltar o “erro”20 do estudante que, em vez de escrever o nome de cada
20 Estamos grafando a palavra erro entre aspas para mostrar que algumas respostas dos alunos
não deveriam ser consideradas erradas, porque são fruto de um raciocínio guiado por uma
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a. Raciocínio do aluno
Base: sua gramática internalizada, na qual seu = de você, do interlocutor
Interpretação feita pelo aluno: “Agora escreva ao lado de cada numeral
o seu (= de você) próprio nome”
gramática internalizada e que, portanto, têm coerência gramatical. Tais respostas, dependen-
do do contexto, podem ser inadequadas ou inesperadas em relação àquilo que se cobra nas
atividades, mas não erros.
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(29)
a. Vai ter festa lá em casa hoje. Cada pessoa traz só suas bebidas.
b. Ninguém sai sem sua identificação.
c. Todas as pessoas têm que saber seu lugar.
(30)
a. Os jovens precisam saber sobre seus direitos.
b. O cliente deve escolher seu voo com cuidado.
c. Uma pessoa séria se preocupa só com sua vida.
21 Calindro (2019) mostra como o conhecimento das diferentes gramáticas dos pronomes
possessivos do português brasileiro pode ser usado proveitosamente no ensino desse tópico
gramatical nas aulas de português como segunda língua.
22 Embora sendo de 3ª pessoa, a literatura mostra que esses referentes apresentam propriedades
semânticas específicas: são sintagmas quantificados, como em (29), ou sintagmas genéricos,
como em (30). Remetemos o leitor interessado às referências apresentadas para mais detalhes.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Eloisa Pilati1
1. INTRODUÇÃO
1 Agradeço ao CNPq pelo apoio à realização deste trabalho por meio da concessão de bolsa de
pesquisa, 309250/2018-8.
2 Para conceituar materiais manipuláveis no campo da gramática, estabeleço um paralelo com o
conceito de materiais manipuláveis da matemática. Cito, por exemplo, a definição de Moyer
(2001): “Math manipulatives are physical objects that are designed to represent explicitly and
concretely mathematical ideas that are abstract”.
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6 Considerando que a presente obra pretende fazer uma “transposição didática” entre o conhe-
cimento científico e o conhecimento linguístico necessário para que os usuários da língua
compreendam processos sintáticos básicos, optei por não trazer discussões teóricas acerca
dos fenômenos analisados. Para aprofundamento nessas questões sugiro que o leitor pesquise
nos excelentes manuais de linguística gerativa que temos no país.
7 É importante ressaltar que o passo a passo apresentado acima possui fins didáticos e traz a
discussão sobre a formação da oração em um nível adequado aos objetivos da educação básica,
para compreender a teoria sugiro os manuais de Teoria Gerativa, como Kato & Nacimento
(2001) e Mioto, Silva e Lopes (2007).
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8 Para uma avaliação crítica do método tradicional de ensino dos termos da oração e uma proposta
alternativa a esse modelo, recomendo a leitura do capítulo Termos da oração, Duarte (2007).
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10 Sobre conhecimento prévio do estudante na sala se aula, sob uma ótica gerativista, conferir
também Vicente e Pilati (2012).
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atividade seriam: “Como nós pensamos sobre isso? Como nós podemos
pensar sobre isso? Como nós devemos pensar sobre isso?”.
Fazendo uma interpretação da afirmação de Thompson (1994),
podemos dizer que o uso de materiais manipuláveis auxilia o
desenvolvimento de habilidades metacognitivas dos alunos em
relação ao seu saber linguístico e gramatical. Além disso, auxilia no
desenvolvimento de habilidades metacognitivas, que será importante
para os alunos terem maior autonomia nas atividades que envolvem seus
conhecimentos linguísticos, tais como a escrita, leitura e interpretação
de textos.
Levando as reflexões de Thompson para a área da gramática,
sabemos que os alunos têm de fazer operações mentais complexas, com
base somente nas orações apresentadas na lousa, ou no livro didático. A
representação dos termos da oração em estruturas concretas permite aos
alunos manipular as estruturas sintáticas, avaliar os resultados de suas
escolhas lexicais, entender as relações entre períodos e textos e analisar
os resultados de suas opções. Nesse contexto, os materiais manipuláveis
tornam-se oportunidades lúdicas e interessantes para diversos tipos de
atividades em sala de aula.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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1. INTRODUÇÃO1
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como: “há muita repetição de palavras”, “há muito uso de aí, então”,
“os alunos não usam o ponto final”. Tais comentários são geralmente
associados a um texto no qual “falta coesão”. Alegamos, neste capítulo,
que essa “falta de coesão” se refere, na realidade, a mecanismos coesivos
da língua falada menos monitorada transferidos e usados na produção da
língua escrita mais monitorada – por essa razão, as aspas. É sobre isso
que falaremos na seção seguinte. É relevante dizer que o corpus foi tra-
zido por professores da rede pública que frequentaram, entre os anos de
2017 e 2019, o curso de extensão “A gramática e a linguística na sala de
aula”, ofertado pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
(FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
Na segunda seção deste capítulo, apresentamos os arcabouços teóri-
cos que embasam a nossa proposta, a saber: a linguística textual (KOCH,
1989; LOPES FÁVERO, 1991; ANTUNES, 2009) e a linguística formal
(FREGE, 1948; DAVIDSON, 1967; PARSONS, 1990; CHIERCHIA;
MCCONNELL-GINET, 2000). Nessa seção, também apresentamos
a metodologia ativa (JOHNSON; JOHNSON; SMITH, 1998; JOHN-
SON; JOHNSON, 2008; BACICH; MORÁN, 2015; MORÁN, 2015;
PILATI, 2017) a qual temos no horizonte na elaboração dos exercícios
apresentados aqui.
Mais adiante, na seção Sugestões para o professor da educação
básica, trazemos uma série de exercícios para se trabalhar mecanismos
coesivos por reiteração (e.g. hiperônimos, hipônimos, sinônimos e profor-
mas) e por conexão (e.g. mas, e, etc.). O entendimento desses conceitos
se dará por meio da discussão dos conceitos de sentido e referência – tão
caros à linguística formal. Tudo isso, com propostas de atividades que
são dinâmicas, focam na cooperação em grupo e colocam os alunos como
agentes de seu aprendizado.
Esperamos que este capítulo contribua para refletirmos, enquanto profis-
sionais do ensino de língua portuguesa, sobre onde e como localizar e analisar
a questão da “falta de coesão” nos textos dos nossos alunos. Que o professor
entenda por que ela ocorre e consiga conscientizar seus alunos, através de uma
abordagem ativa, acerca dos mecanismos coesivos das diferentes modalidades
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2. A PROPOSTA
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(1)
Jorge achou que o cargo era ideal para ele. (MÜLLER; VIOTTI, 2003,
p. 153).
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(2)
a. A roupa está seca.
b. A roupa está enxuta.(MÜLLER; VIOTTI, 2003, p. 149).
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a TV. Após essa apresentação, o professor pediu que eles elaborassem um texto argumentativo
dizendo se concordavam ou não com a opinião da Marina.
11 Uma vez que queremos dar enfoque apenas nos problemas de coesão, os demais problemas
presentes nos textos 1 e 2 (e.g. ortografia) serão ignorados.
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Proposta: (i) Divida a turma em grupos; (ii) Dê para cada grupo textos
nessas diferentes modalidades, mas que abordem o mesmo tópico; e (iii)
Os grupos devem trabalhar para elicitar as diferenças entre tais textos.
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Exemplo:
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não são todas as modalidades de textos escritos que comportam esse uso
de mecanismos coesivos da fala. Os textos a serem trabalhados agora
podem ter sido escritos anteriormente pelos próprios alunos ou um texto
que o professor tenha. Um exemplo de atividade com essa finalidade é
ilustrado abaixo13:
Proposta: (i) Peça que alunos tragam um texto por eles anteriormente es-
crito (opcionalmente distribua textos com forte influência da oralidade);
e (ii) Os alunos devem analisá-los e dizer, justificando as respostas, se o
texto se assemelha mais à estrutura de um texto escrito mais monitorado
ou a de um texto falado menos monitorado.
Exemplo:Textos 1 e 2 acima.
13 As correções de textos são usualmente feitas pelos docentes. Aqui, após dar as ferramentas
analíticas aos alunos (textos escritos vs. textos falados), o objetivo é que eles se tornem cor-
retores do próprio texto.
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14 Antunes (2009) defende que o mas é um recurso coesivo de conexão por oposição. No entanto,
na semântica formal, considera-se mas como um operador de adição com a mesma semântica
que e, e a oposição que percebemos com mas é uma implicatura pragmática convencional.
O texto 2 mostra que seu autor emprega mas como um recurso coesivo de adição, uma vez
que tal expressão, nesse texto, não é empregada pelo aluno para opor ideias. Na fala, o mas
pode aparecer mais naturalmente como mecanismo coesivo de adição (como assumido pela
semântica formal), mas o aluno deve ser conscientizado que, na escrita monitorada, trata-se
de um mecanismo para opor ideias, e não um mero conectivo entre sentenças.
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Exemplo:
“Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo que
amava Juca que amava Dora que amava […]”
Texto 6: Exemplo de texto recursivo. (Chico Buarque, Flor da idade. Chico 50 anos: o
cronista. Universal, 1999).
Jogo 1: (i) divide-se a sala em grupos, (ii) o grupo deve usar elementos
criadores de recursividade para criar a maior sentença possível, (iii) o
grupo escolhe o integrante com a melhor memória para falar a sentença,
(iv) o integrante do grupo que falar a maior sentença de memória ganha.
Jogo 2: (i) um aluno fala uma sentença, (ii) o próximo aluno deve inserir
um mecanismo recursivo e torná-la maior, (iii) o próximo aluno deve
inserir mais um mecanismo coesivo e torná-la ainda maior. Segue um
exemplo:
Aluno A: Eu fui ao mercado.
Aluno B: Eu fui ao mercado e comprei batatas.
aluno C: Eu fui ao mercado e comprei batatas que estavam em promoção…
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Exemplo:
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Exemplo:
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17 É provável que, entre as respostas fornecidas pelos alunos, ocorra o pronome ele. O professor
deve aproveitar para introduzir a propriedade de pronomes de possuírem uma referência
variável conforme o contexto. Para aprofundar esse assunto, sugerimos ao professor a leitura
de Koch (1989) e Marcuschi (2008).
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18 É importante dizer que a repetição é também um mecanismo coesivo, pois ela causa linearidade
e conexão entre as palavras dos diferentes enunciados do texto; no entanto, como visto, ela é
comum à fala menos monitorada e, na escrita mais monitorada, pode ter objetivos específicos
a depender das intenções do autor. Deve ater-se também aos gêneros discursivos (Marcuschi,
2009), pois, a depender, a repetição pode causar incômodo quando empregada em excesso.
19 Agradecemos a(o) revisor(a) anônimo(a) por pontuar isso em sua leitura.
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Proposta: PARTE I
(i) Os alunos devem pesquisar em casa os conceitos de hiperonímia,
hiponímia, sinonímia e proforma21; (ii) O professor pode começar a aula
usando diagramas de Venn com palavras para verificar o entendimento
do aluno dos conceitos de hiperônimo, hipônimo e sinônimo (e.g. per-
guntar qual é o hipônimo e qual é o hiperônimo na figura 2 abaixo); e (iii)
A fim de verificar o entendimento do conceito de proforma, o professor
pode colocar várias sentenças no quadro, e o grupo pode adivinhar o
tipo de proforma, como ilustrado em (A) abaixo22.
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Exemplo:
Proposta: PARTE II
(i) Uma vez familiarizados com os conceitos, dividem-se os alunos
em grupos; (ii) O professor dá duas sentenças e uma categoria, como
ilustrado nas sentenças em (B) abaixo; (iii) O grupo deve substituir o
item repetido por outro de acordo com a categoria dada, como ilustrado
nos exemplos em (C); e (iv) O grupo que fizer a substituição em menos
tempo marca um ponto.
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(C) a. O brasileiro gosta muito de futebol. Não é à toa que esse esporte
é praticado nos quatro cantos do país (Substituição por um hiperônimo).
b. João é marido da Maria. Ele é arquiteto (Substituição por proforma
pronominal).
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Exemplo:
Exemplo:Textos 3 e 4.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. 5. ed. São Paulo: Parábola.
2009.
ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola. Editorial,
2005. Resenha de MARCUSCHI, L. A. (2009). Tudo o que você queria saber
sobre como construir um bom texto sem se estressar. Revista Virtual de Estudos da
Linguagem – ReVEL, v. 4, n. 6, mar. 2006. Disponível em: http://www.revel.inf.br/
files/resenhas/revel_6_lutar_com_palavras.pdf. Acesso em: 30 set. 2009.
BACICH, L.; MORÁN, J. Aprender e ensinar com foco na educação híbrida. Revista
Pátio, n. 25, p. 45-46, jun. 2015.
BEAUGRANDE, R.-A. D.; DRESSLER, W. U. Introduction to Text Linguistics.
New York: Longman, 1981.
CANÇADO, M. Manual de Semântica: Noções básicas e exercícios. 2. ed. Belo
Horizonte: UFMG. 2008.
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1. INTRODUÇÃO
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(1)
a. Mãe, tem suco na geladeira.
b. Mãe, tem suco na geladeira?
c. Mãe, tem suco na geladeira!
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4 Para Luft (2002, p. 75), “[m]ais importante que a pausa é a mudança de tom. A vírgula corres-
ponde muito mais a mudança de tom do que a pausa”. Neste trabalho, manteremos a palavra
pausa por ser o termo que aparece amplamente nas gramáticas e livros didáticos de português.
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(2)
a. A Adriana, aquela novata do grupo da noite, foi transferida.
b. Crianças, venham jantar!
c. O bolo ficou bonito, macio e gostoso.
(3)
Os alunos de sintaxe do semestre passado têm interesse na monitoria.
(4)
Muitos alunos têm interesse na monitoria.
5 Vamos deixar em aberto como se mede exatamente essa extensão: se em termos de segmentos
fonético-fonológicos, se em termos de unidades prosódicas, se em termos da quantidade de
palavras ou se em termos da estrutura sintática.
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(5)
Amanhã, todos estarão descansados.
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vírgula no texto com crianças que ainda não têm consciência da sintaxe.
Vejamos os exemplos abaixo:
(6)
a. Logo pela manhã, os jornais traziam os detalhes da tragédia.
b. Ele, um rapaz bondoso, ajudou o pobre homem.
c. Trouxemos do mercado pão, frutas, verduras e suco.
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Repetição
(8)
a. A noiva chegou linda, linda, linda!
b. Ficamos muito, muito tristes com sua história.
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Aposto explicativo
(12)
a. Chomsky, um grande nome da atualidade, estará aqui na universidade.
b. Conheci o Chomsky, um grande nome da atualidade.
(15)
As crianças acabaram de chegar.
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(16)
a. Entregamos os documentos ao funcionário.
b. As pessoas demonstravam muita necessidade de atenção.
c. O jogador se mostrava certo da vitória.
d. Relativamente a esse assunto, não tenho nada a acrescentar.
(17)
Foi convocada uma reunião pelo diretor.
(18)
a. A nossa coordenadora é competente.
b. As pessoas ouviam os fatos assustadas.
c. Encontrei os livros da biblioteca completamente rasgados.
151
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(19)
a. As lojas fizeram uma grande liquidação ontem.
b. As lojas fizeram ontem uma grande liquidação.
c. As lojas fizeram, ontem, uma grande liquidação.
d. As lojas ontem fizeram uma grande liquidação.
e. As lojas, ontem, fizeram uma grande liquidação.
f. Ontem as lojas fizeram uma grande liquidação.
g. Ontem, as lojas fizeram uma grande liquidação.
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(20)
P1: A Maria enviou o e-mail ao aluno?
P2: Enviou.
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primeiros anos de vida. Para Chomsky (1998), por exemplo, nosso conhe-
cimento gramatical estaria consolidado aproximadamente aos três anos de
idade. Até mesmo quando aprendemos vocabulário novo, não aprendemos
simplesmente a palavra de forma isolada. Isso não faria o menor sentido,
levando-se em conta toda a bagagem gramatical naturalmente adquirida!
Sendo assim, além de sermos capazes de aplicar essas regras gramaticais
pré-internalizadas ao novo vocábulo – modificando-o para gênero, número
e grau, se se tratar de um elemento nominal, ou acrescentando a ele infor-
mações de pessoa, número, tempo, modo, aspecto, se se tratar de um verbo,
só para citar alguns exemplos – e de sermos capazes de “inventar” novos
vocábulos, tomando emprestadas raízes de outras línguas, por exemplo,
e a elas acrescentando morfemas específicos da nossa própria língua (cf.
GUERRA VICENTE; PILATI (2016), para atividade direcionada à sala de
aula), também possuímos uma habilidade extraordinária e pouco explorada
em sala de aula, que é a de sabermos exatamente quais palavras podem
combinar-se e quais não podem.
Para usar um termo mais técnico, chamaremos essa propriedade
de seleção. Dentro desse raciocínio, um vocábulo seleciona outros que
podem e/ou devem estar associados a ele. Aqui, por estarmos estudando
a estrutura da oração, vamos nos deter nas propriedades de seleção se-
mântica dos verbos. Tomemos como exemplo as seguintes frases:
(21)
a. Ana embrulhou o presente.
b. #O presente embrulhou Ana.
c. *Ana embrulhou.
d. *Embrulhou o presente.
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(22)
a. Ana sorriu.
b. *Ana sorriu o livro.
c. *Sorriu.
(23)
a. Ana enviou o e-mail ao aluno.
b. ?Ana enviou o e-mail.
c. *Ana enviou ao aluno.
d. *Enviou o e-mail ao aluno.
e. *Enviou o e-mail.
f. *Enviou ao aluno.
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(24)
Os alunos responderam a prova em duplas ontem.
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(25)
a. As crianças elogiaram as professoras.
b. As professoras elogiaram as crianças.
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b. os alunos
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(27)
Os alunos responderam a prova em duplas ontem.
a. Quem respondeu a prova em duplas ontem?
Resposta: [os alunos]
b. O que os alunos fizeram?
Resposta: [responderam a prova em duplas ontem]
c. O que os alunos fizeram ontem?
Resposta: [responderam a prova em duplas]
d. O que os alunos fizeram em duplas ontem?
Resposta: [responderam a prova]
e. O que os alunos responderam em duplas ontem?
Resposta: [a prova]
f. Quando os alunos responderam a prova em duplas?
Resposta: [ontem]
g. Como os alunos responderam a prova ontem?
Resposta: [em duplas]
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(28)
161
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25 Existe um outro sintagma, não presente na oração em (25). Trata-se do sintagma adjetival (SAdj
ou AdjP, do inglês adjectival phrase) que aparece em construções como as exemplificadas
abaixo:
(i)
a. O vento [adjunto adnominal forte] agitava as árvores.
b. Os animais tinham água e comida [adjunto adnominal abundantes].
c. As árvores estavam adaptadas àquele solo [adjunto adnominal profundo].
d. O solo tinha sido coberto por folhas [adjunto adnominal secas].
(ii)
a. Com a chegada da primavera, as árvores ficaram [predicativo do sujeito floridas].
b. Os pássaros voavam entre as árvores [predicativo do sujeito felizes].
c. O clima deixava as pessoas [predicativo do objeto esperançosas].
Como se vê, o sintagma adjetival está associado às funções sintáticas de adjunto adnominal e
de predicativo.
26 Sugerimos a leitura de Lemle (1984), Lobato (1986), Othero (2006, 2009) e Kenedy e Othero
(2018), caso o leitor tenha interesse em uma descrição detalhada da organização interna de
todos os sintagmas do português.
27 A preposição é a única palavra do português que, sozinha, não produz um sintagma gramatical.
Um sintagma preposicional gramatical em português precisa ter, além da preposição, pelo
menos, um substantivo (no período simples) ou uma oração (no período composto):
(i)
a. *As pessoas viviam suas vidas sem.
b. As pessoas vivam suas vidas [sem medo].
c. As pessoas viviam suas vidas [sem fazer mal algum aos outros].
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(29)
Sujeito – Verboauxiliar – VerboprinCipal – Objeto – Adjunto adverbial
(30)
a. A prova, os alunos responderam em duplas ontem.
b. Os alunos, em duplas, responderam a prova ontem.
c. Os alunos responderam ontem a prova em duplas.
d. Ontem, em duplas, os alunos responderam a prova.
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(31)
Critérios sintáticos para o emprego da vírgula no período simples
a. Enumeração
b. Inversão
c. Inserção
4.1.1 A enumeração
(32)
a. Os alunos leram o texto ontem.
b. Os alunos, os professores e os coordenadores leram o texto ontem.
29 Como os autores estudam todas as possibilidades de emprego da vírgula (ou seja, no período
simples e no período composto), eles ainda listam mais um contexto, que é o da elipse. Para
mais detalhes, remetemos o leitor a esses trabalhos.
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(33)
a. O céu ficou limpo, limpo.
b. O velocista terminou a corrida bem, bem, bem atrás.
4.1.2 A inversão
Outra propriedade dos constituintes é que eles apresentam uma
ordem externa, isto é, uma ordem em relação aos outros constituintes
da oração. Como consequência disso, as línguas possuem uma ordem
canônica para a organização sintática dos sintagmas dentro das orações.
Vimos que o português é uma língua S-V-O, ou seja, nessa língua, su-
jeitos antecedem verbos, os quais, por sua vez, antecedem seus objetos.
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(34)
a. O professor já ensinou esse conteúdo aos alunos.
b. Esse conteúdo, o professor já o ensinou aos alunos.
c. Aos alunos, o professor já lhes ensinou esse conteúdo.
(35)
a. Os espectadores assistiam ao filme encantados.
b. Os espectadores assistiam, encantados, ao filme.
c. Os espectadores, encantados, assistiam ao filme.
d. Encantados, os espectadores assistiam ao filme.
(36)
a. Os compradores tocavam nos produtos com muito cuidado.
b. Os compradores tocavam, com muito cuidado, nos produtos.
c. Os compradores, com muito cuidado, tocavam nos produtos.
d. Com muito cuidado, os compradores tocavam nos produtos.
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4.1.3 A inserção
(37)
a. A Lucia, excelente pesquisadora, lançou um novo livro.
b. Não encontrei o Pedro, aquele seu novo vizinho.
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(39)
a. Mesmo assim, ele saiu de casa.
b. O casal foi, enfim, feliz.
c. Depois de tudo, o colaborador foi demitido.
d. Recebi o recado ontem, aliás, antes de ontem.
e. Eles fizeram muitas coisas para vender, por exemplo, bombons,
balas, bolo, salgados.
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(40)
a. Os vendedores do bairro reclamam da falta de segurança.
b. Os vendedores do bairro, reclamam da falta de segurança. O
(41)
a. O médico examinou o paciente.
b. O paciente foi examinado pelo médico.
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(42)
a. Os convidados comeram o bolo.
b. Os convidados comeram, o bolo. O
c. Os convidados gostaram muito da festa.
d. Os convidados gostaram muito, da festa. O
e. Os convidados entregaram os presentes aos aniversariantes.
f. Os convidados entregaram, os presentes aos aniversariantes. O
g. Os convidados entregaram os presentes, aos aniversariantes. O
h. Os convidados entregaram, os presentes, aos aniversariantes. O
(43)
a. A entrega do prêmio aos ganhadores vai ser mostrada na TV.
b. Aquela pessoa é muito fiel aos seus princípios.
c. Paralelamente àquela rua fica o parque.
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se sombreadas, ao passo que as partes que não devem ser saturadas nem
mesmo são projetadas no quadro35:
(44)
(45)
35 Note-se que, ao sugerirmos esse tipo de atividade, não estamos querendo “reinventar a roda”.
Trata-se de um recurso básico e intuitivo inspirado em representações de grades temáticas já
presentes em manuais de Linguística Formal (cf. Haegeman, 1991 e Carnie, 2013) e na tabela
abaixo, elaborada por Duarte (2007, p.191) com base no raciocínio de Rocha Lima (1972):
De acordo com a autora, “os predicadores verbais podem projetar estruturas com até três ar-
gumentos. O argumento externo, à esquerda, e dois internos, à direita” (Duarte 2007, p. 191,
grifo da autora).
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(46)
a. O professor reprovou a Ana.
b. Ana reprovou.
(47)
a. O Paulo quebrou a janela.
b. A janela quebrou.
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(48)
a. Eu rolei a bola.
b. A bola rolou.
(54)
a. Dentro do prazo, Ana enviou o e-mail ao aluno.
b. Ana, dentro do prazo, enviou o e-mail ao aluno.
c. Ana enviou, dentro do prazo, o e-mail ao aluno.
d. Ana enviou o e-mail, dentro do prazo, ao aluno.
181
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(55)
a. Esse bolo de chocolate, ficou muito gostoso.
b. As crianças, brincavam no jardim.
182
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eles tenham uma postura mais reflexiva. Isso não é novo! Camara Junior
(2004), em 1957, já havia proposto que desvios de estudantes revelam
tendências gerais da língua. Ou seja, um desvio não revela um erro, um
desconhecimento da regra, mas revela como atua a gramática interna a
que tanto nos referimos neste capítulo.
Voltando aos nossos dados em (55), que tendências seriam essas que
fazem surgir exemplos com vírgula separando o sujeito do verbo (ou do
predicado)? Já vimos na seção 1.1 que, com sujeitos pesados, geralmente
fazemos uma pausa entre sujeito e predicado. Nos exemplos em (55),
no entanto, não há sujeitos pesados; logo, a explicação de pausa devido
ao peso do sujeito não pode ser usada para explicar a vírgula nesses
exemplos. O que levaria, então, uma pessoa a colocar vírgulas em (55)?
Nossa ideia é a de que a vírgula tem a ver com a topicalização.
Desde o trabalho de Pontes (1987), sabemos que o português é uma
língua que usa, de modo muito produtivo, a estratégia de topicalização, ou
seja, a presença de um constituinte no início da oração com ou sem pausa:
(56)
a. Raiva e ódio, já basta o meu trabalho.
b. Cada pessoa, ela tem um jeito diferente.
c. A televisão, eu comprei no cartão.
d. Sorvete, eu gosto de morango com calda.
e. Essa casa aqui, eu nunca mais vou passar nem perto.
183
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(57)
a. Um homem estranho ligou para você.
b. Ligou para você um homem estranho.
c. As encomendas chegaram.
d. Chegaram as encomendas.
e. Todas as pessoas já foram consultadas.
f. Já foram consultadas todas as pessoas.
g. A casa nova ficou muito linda!
h. Ficou muito linda a casa nova!
184
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
185
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REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
191
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192
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(1)
O Pedro mora lá/ali.
196
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(2)
He knocked loudly at the door.
Ele bateu ‘berrantemente’ na porta.
(3)
He wrote an extremely interesting book.
Ele escreveu um livro extremamente interessante.
(4)
He started smoking very heavily.
Ele parou de fumar muito bruscamente.
(5)
You are probably right.
Você está provavelmente certo.
197
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(6)
Francês
Même les roi-s se tromp-ent.
Mesmo os reis RFL estar.errado-
IND:PRS:3PL
‘Mesmo os reis cometem enganos.’
(RAMAT; RICCA, 1998, p. 188).
198
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199
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(7)
A hierarquia universal dos advérbios (adaptado de Cinque (1999, p.
106), com base em Santana (2005) e Tescari Neto (2013)):
(8)
francamente (ModoAto de fala) > surpreendentemente (ModoMirativo):
a. Francamente, surpreendentemente o ladrão foi embora sem ao menos
tentar abrir o cofre.
b. *Surpreendentemente, francamente o ladrão foi embora sem ao menos
tentar abrir o cofre.
200
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(9)
surpreendentemente (ModoMirativo) > felizmente (ModoAvaliativo):
a. Surpreendentemente, felizmente o ladrão foi embora sem ao menos
tentar abrir o cofre.
b. *Felizmente, surpreendentemente o ladrão foi embora sem ao menos
tentar abrir o cofre.
(10)
felizmente (ModoAvaliativo) > evidentemente (ModoEvidencial):
a. Felizmente, evidentemente o ladrão foi embora sem ao menos tentar
abrir o cofre.
b. *Evidentemente, felizmente o ladrão foi embora sem ao menos tentar
abrir o cofre.
(11)
evidentemente (ModoEvidencial) > provavelmente (ModalidadeEpistêmica):
a. Evidentemente, provavelmente o ladrão foi embora sem ao menos
tentar abrir o cofre.
b. *Provavelmente, evidentemente o ladrão foi embora sem ao menos
tentar abrir o cofre.
201
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202
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5 A consulta foi feita em 9 de abril de 2020 aos sites/blogues abaixo, indicados, no quadro 1,
pelo número colocado diante do site.
1 – https://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf77.php
2 – https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/classificacao-dos-adverbios.htm
3 – https://www.normaculta.com.br/adverbio/
4 – https://www.significados.com.br/adverbio/
5 – https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/adverbio.htm
6 – https://www.infoescola.com/portugues/adverbios/
7 – https://www.todamateria.com.br/adverbio/
8 – http://www.novagramaticaonline.com/2014/12/gramatica-online-classes-gramaticais_2.html
9 – https://www.materias.com.br/portugues/tipos-classificacao-dos-adverbios.html
10 – https://www.portalsaofrancisco.com.br/portugues/adverbios
6 Para a classificação semântica das palavras denotativas, consultamos, no dia 9 de abril de
2020, os seguintes sites/blogues, cujo número indicado corresponde à sua identificação no
quadro 2:
1 – https://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf79.php
2 – https://www.portugues.com.br/gramatica/palavras-denotativas.html
3 – https://recantodasletras.com.br/gramatica/1080177
4 – https://descomplica.com.br/artigo/o-que-sao-palavras-denotativas/410/
5 – https://www.proenem.com.br/enem/palavras-denotativas/
6 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Palavra_denotativa
7 – https://www.portalsaofrancisco.com.br/portugues/palavras-denotativas
8 – https://escolakids.uol.com.br/portugues/palavras-e-locucoes-denotativas.htm
9 – https://professorfabianosales.blogspot.com/2011/01/palavras-denotativas.html
10 – https://www.colegioweb.com.br/classes-gramaticais/adverbios-improprios-ou-palavras-
denotativas.html
7 Uma vez que as assim chamadas “palavras denotativas” apresentam comportamento mor-
fossintático em certa medida distinto do das outras classes de advérbios, são tratadas como
uma subcategoria à parte, o que mais uma vez deixa claro quão compósita é a classe dos itens
comumente arrolados como advérbios.
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sugerida na seção 2, dois advérbios por vez, nas duas ordens possíveis:
A>B; B>A. As frases em (8-11), apresentadas na seção 2, são ótimos
exemplos a ilustrarem essa metodologia. Assim, advérbios oracionais
tendem a preferir posições mais altas (antes do sujeito, em português),
de modo que será melhor posicioná-los à esquerda (como nos exemplos
(8-11)). Advérbios predicativos tendem a se colocar ou entre o sujeito
e o verbo (V) ou entre o V e o complemento (como, por exemplo, em
“O João (sempre) compra (sempre) na FNAC” ou “O João (ainda) estu-
da (ainda) no COTUCA”). Advérbios baixos devem ser ultrapassados
pelo V, que se move, nessa língua, até uma posição medial (TESCARI
NETO, 2013) – como percebemos em “O João (*completamente) co-
meu (completamente) o bolo”, em que o advérbio completamente deve
obrigatoriamente ser colocado depois do verbo. Isso deve ser levado em
conta na elaboração dos testes, de modo que fatores externos à ordem
relativa dos advérbios não interfiram no experimento.
Ao final, os alunos deverão chegar a um estrato da hierarquia univer-
sal de Cinque (1999), apresentada na seção 2. Naturalmente lidarão com
menos classes, cerca de doze, apenas: as que identificarem nos materiais
consultados. Mas o trabalho já vale pela sua proposta de introduzir os
alunos a uma interessante metodologia científica que combina, por um
lado, uma formalização reconhecidamente importante, do ponto de vista
da epistemologia da ciência (CHOMSKY, 1986b, cap. 2; PIRES DE
OLIVEIRA, 2010), qual seja, os julgamentos de gramaticalidade, e, de
outro, uma metodologia bastante “matemática”, baseada em relações de
precedência-e-transitividade – os testes cartográficos (tal qual largamente
explorados em Cinque (1999) e colaboradores).
Assim, considerando as classes dos quadros da seção 3, pode-se
elaborar testes de precedência-e-transitividade, que permitam determinar
uma ordem dos advérbios considerados (quadro 1), de um lado, e uma
ordem das palavras denotativas (quadro 2), de outro. É possível ainda,
uma vez estabelecida a ordenação dos itens do quadro 1 e a ordenação
dos itens do quadro 2, combinar ambas as hierarquias, verificando se é
possível estabelecer uma ordenação hierárquica geral, em que as pala-
vras denotativas são integradas à estrutura da oração, entremeando as
211
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posições dos advérbios. Tescari Neto (2017b) fez isso com os advérbios
focalizadores, ampliando, assim, a hierarquia de Cinque (1999). Vale
ressaltar que a ordem a que se chegará, ao cabo do miniprojeto, deverá
encontrar correspondência, ao menos parcialmente, com a hierarquia de
Cinque, pelo menos para os casos em que as categorias cinquenianas
correspondem às categorias descritas pelos alunos.
O miniprojeto de pesquisa, portanto, tem a importância de propor
uma reflexão sobre um fato linguístico valendo-se, para isso, de elementos
da metodologia da Cartografia Sintática. Para além dessa importância, o
miniprojeto deverá propor reflexões epistemológicas gerais (e o profes-
sor de gramática pode fazê-lo com o auxílio do professor de Filosofia,
numa perspectiva interdisciplinar) sobre o fazer em ciência: sobre a
natureza das variáveis a serem usadas, bem como os critérios utilizados
para determiná-las. Tais reflexões transcendem os limites do puramente
científico e é importante o professor insistir numa reflexão sobre as ca-
tegorias criadas em/pela Sociedade, como gênero, orientação política,
orientação sexual, classe social etc. Isso é promover a cidadania, o que
está na base dos objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais e da
Base Nacional Comum Curricular.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
217
gramátiCa, aquisição e proCessamento linguístiCo
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Não há dúvida de que vamos à escola para aprender algo que ainda
não sabemos. A função da escola seria diminuta se o que devesse ser
aprendido já fosse de conhecimento geral na sociedade. Assim, por
exemplo, vamos à escola para aprender a ler e a escrever, habilidades que
devem ser treinadas especificamente nas crianças logo nos seus primeiros
anos de escolarização; mas também vamos à escola aprender um padrão
de língua que não está à nossa disposição no círculo familiar. O problema
é que o acesso a esse padrão de língua se faz via uma tradição de estudos
gramaticais que oferece inúmeras dificuldades à aprendizagem.
218
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(1)
a. Nesta foto, o homem [sorridente] é o meu irmão.
b. Nesta foto, o homem [que está sorrindo] é o meu irmão.
(2)
Nesta foto, o homem [que está comendo uma melancia] é o meu irmão.
219
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(3)
a. Um [velho] amigo abraçou o meu irmão.
b. *Um [que era velho] amigo abraçou o meu irmão.
c. # Um amigo [que era velho] abraçou o meu irmão.
Sempre é possível dizer que os adjetivos que podem aparecer na
posição pré-verbal são poucos e que se trata de uma exceção; de qual-
quer maneira, esse conjunto de fatos mostra que a relação entre o que a
tradição gramatical chama de adjetivos e aquilo que chama de orações
adjetivas é bem menos direta do que os nomes sugerem.
De todo modo, há pelo menos duas observações sobre essas constru-
ções, comuns a todas as gramáticas tradicionais, que parecem relevantes.
A primeira é que as orações adjetivas são introduzidas por um
pronome relativo, que, para Cunha e Cintra (2001, p. 342), são “assim
chamados porque se referem, de regra geral, a um termo anterior – o
antecedente”, o que é sem dúvida uma característica dos pronomes nas
línguas humanas. Mas os pronomes relativos fazem mais do que isso,
reconhecem os gramáticos: eles introduzem a oração ao mesmo tempo
que exercem uma função sintática dentro da sentença em que estão que
é independente da função sintática que o seu antecedente tem. Observe
(4), exemplo adaptado de Rocha Lima (1972, p. 268):
(4)
Havia um homem que era ateu.
220
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(5)
a. O homem [que morreu] era meu vizinho.
b. O homem, [que é mortal], pensa que vai viver para sempre.
221
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que duas sentenças que possuem um núcleo nominal comum possam vir
a constituir uma única sentença complexa. Esse processo pode acontecer
de dois modos, dependendo de qual oração será a sentença principal e
qual será a subordinada. Os exemplos a seguir ilustram esse ponto – em
(6) temos períodos simples, em (7) as duas possibilidades de períodos
compostos, para usar os termos tradicionais:
(6)
a. O Pedro namora [uma moça].
b. [Essa moça] estuda computação.
(7)
a. O Pedro namora [[uma moça] que estuda computação].
b. [[Essa moça] que o Pedro namora] estuda computação.
222
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(8)
a. Quem que curte essa guria?
a’. Quem que o Pedro curte?
b. Quem que estuda computação?
b’. O que que essa guria estuda?
223
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(9)
a. Quem que curte [[uma guria] que estuda computação]?
b. * O que que o Pedro curte uma guria que estuda?
(10)
a. O que que o Pedro disse [que essa guria estuda]?
b. O que que essa guria [que o Pedro curte] estuda?
6 Essa afirmação está longe de ser verdadeira, porque na gramática tradicional faltam inúmeras
informações sobre o que são e que propriedades têm mesmo as construções do português
padrão, aquela variedade da língua que ela se dispõe a tratar.
224
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Não vamos desenvolver uma análise muito técnica aqui para não
tornar o texto incompreensível para quem não domina esse arcabouço
teórico; todavia, ficará claro que estamos usando outra forma de pensar
os fenômenos gramaticais, o que vai nos permitir avançar no conheci-
mento do que é PB, para finalmente podermos conversar sobre o que os
professores do ensino fundamental e médio podem fazer para minimizar
os problemas de aprendizagem dessas estruturas.
(11)
a. O menino [com quem eu jogava bola] é o presidente do clube.
b. O menino [que eu jogava bola com ele] é o presidente do clube.
c. O menino [que eu jogava bola] é o presidente do clube.
225
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9 O caso mais clássico de elipse é aquele em que temos identidade total entre o sintagma elidido
e aquele que é o seu “antecedente”, como em (i). Observe a estranheza da elipse quando ela
é aplicada a um sintagma que não tem identidade (categorial, no caso) com aquele que seria
o seu “par” – na primeira oração de (ii), o verbo pede um sintagma preposicional, mas na
segunda, um sintagma nominal:
(i) A Maria gosta de chocolate e o Pedro também gosta [de chocolate]
(ii) ?? A Maria gosta de chocolate e o Pedro ama [chocolate]
228
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(12)
a. Eu falei com essa moça por telefone.
b. * Eu falei essa moça por telefone.
c. Essa moça, eu falei com ela por telefone.
(13)
a. Essa é a moça [que eu falei por telefone].
b. Essa é a moça [que eu falei com ela por telefone].
c. Essa é a moça [com quem eu falei por telefone].
d. *Essa é a moça [quem eu falei por telefone].
229
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(14)
*Essa é [a moça] com que /com quem você falou com ela por telefone.
(15)
a. *Esse é o livro [do qual o aluno [que estava precisando] faltou].
b. Esse é o livro [que o aluno [que estava precisando (dele)] faltou].
10 Como bem lembra o parecerista do capítulo, Marchesan (2012, p. 27-8) observa que, ao con-
trário do inglês, por exemplo, não é possível usarmos o pronome quem como pronome relativo
a não ser que ele seja precedido de preposição. Daí o contraste entre (13c) e (13d) no texto.
230
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4. AS RELATIVAS NA ESCOLA
Tipo de relativa
Cortadora Sujeito/OD Resumptiva Padrão Total
(preposicionada)
Nº Percent. Nº Percent. Nº Percent. Nº Percent.
Não 3 27% 8 73% - - - - 11
esc.
1ª - - 2 100% - - - - 2
2ª - - 3 100% - - - - 3
3ª 2 40% 3 60% - - - - 5
4ª 1 33% 2 67% - - - - 3
5ª 1 11% 8 89% - - - - 9
6ª 2 18% 9 82% - - - - 11
7ª 2 13% 12 80% 1 7% - - 15
8ª 4 25% 12 75% - - - - 16
11 Não podemos perder de vista que o trabalho foi feito no final dos anos 90, quando a seriação
escolar era um pouco diferente: o 1º grau se compunha de oito séries, para serem cursadas dos
7 aos 14 anos completos; o 2º grau possuía 3 séries, cursadas dos 15 aos 17 anos completos.
231
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Quadro 3: Distribuição dos tipos de relativa por série do 1º grau, não escolarizados e
falantes universitários em narrativas orais (adaptado de CORRÊA, 1998, p. 74).
Quadro 4: Relativas de sujeito e objeto direto por nível de escolaridade nos dados de fala
(extraído de CORRÊA, 1998, p. 76).
232
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12 Note que as relativas padrão preposicionadas não aparecem na fala dos não escolarizados,
apenas as relativas cortadoras; de qualquer modo, sua preferência é por relativas de sujeito e
de objeto direto.
233
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234
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(16)
… no momento em que sua mão estava perto da carteira …
235
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(17)
a. É aquela a moça que o garçom deixou a carteira em cima da mesa
que ela sentou.
b. Esses professores que a gente vai entrar em contato com eles são
novos.
c. Xadrez é um jogo que nunca pude aprender suas regras.
d. Língua extinta é aquela que não possuímos prova de sua existência13.
236
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(18)
a. Xadrez é um jogo cujas regras nunca pude aprender.
b. Língua extinta é aquela de cuja existência não possuímos provas.
237
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(19)
a. O Pedro namora [uma moça].
b. [Essa moça] estuda computação.
(20)
a. O Pedro namora [[uma moça] que estuda computação].
b. [[Essa moça] que o Pedro namora] estuda computação.
16 Observe que, do ponto de vista da comunicação, essas duas maneiras de obter uma sentença
complexa não são em absoluto idênticas, cada uma carregando seu próprio conjunto de pres-
supostos, por exemplo.
238
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(21)
a. Eu gostei desse livro.
b . O livro foi escrito pela Maria.
(22)
a. Eu gostei desse livro [que foi escrito pela Maria].
b. O livro [de que eu gostei] foi escrito pela Maria.
c. O livro [que eu gostei (dele)] foi escrito pela Maria.
239
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(23)
a. O Pedro viu a Maria no parque.
b. O parque faz exposição de flores.
(24)
a. O Pedro viu a Maria no parque que faz exposição de flores.
b. O parque em que/onde o Pedro viu a Maria faz exposição de flores.
c. O parque que/onde o Pedro viu a Maria faz exposição de flores.
240
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(25)
a. O pai do menino morreu.
b. Eu encontrei o menino.
(26)
a. Eu encontrei o menino [cujo pai morreu].
b. O pai do menino [que eu encontrei] morreu.
(27)
a. o livro do menino > … menino cujo livro …
b. o pai do menino > … menino cujo pai …
c. os personagens do filme > … filme cujos personagens …
d. o cabo do pente > … pente cujo cabo …
17 Não são possíveis construções em que o nome preposicionado por de expressa, por exemplo,
material de que é feito (vaso de cerâmica > *… cerâmica cujo vaso …) ou assunto (livro de
química > *… química cujo livro…).
241
gramátiCa, aquisição e proCessamento linguístiCo
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
(28)
É que nenhuma dessas reformas alterará os direitos adquiridos pelos
cidadãos brasileiros. Como menos fosse sê-lo-ia pela minha formação
democrática e pela minha formação jurídica.
18 Disponível em https://oglobo.globo.com/brasil/veja-integra-do-discurso-de-michel-te-
mer-19296029 (acessado em 28 mar. 2020). Agradeço imensamente a Maria José Foltran por
ter chamado a minha atenção para esse dado, fornecendo-me a referência.
242
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(29)
[…] todos nós compreendemos o momento difícil, delicado, ingrato
que estamos todos passando.
REFERÊNCIAS
BAGNO, M. Por que “norma”? Por que “culta”? In: BAGNO, M. (org.). A norma
oculta: língua & poder na sociedade brasileira. São Paulo: Parábola, 2003. p. 39-70.
BELLETTI, A.; FRIEDMANN, N.; BRUNATO, D.; RIZZI, L. Does gender make a
difference? Comparing the effect of gender on childen’s comprehension of relative
clauses in Hebrew and Italian. Lingua, v. 122, n. 10, p. 1053-69, ago. 2012.
CAMARA JR., J. M. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes, 1970.
CORRÊA, V. R. Oração relativa: o que se fala e o que se aprende no português do
Brasil. 1998. Tese (Doutorado) – Unicamp, Campinas, 1998.
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GROLLA, E. Aquisição da periferia esquerda da sentença em português brasileiro.
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Amanda de Moura
Marcus Maia
1. INTRODUÇÃO
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vimos, ele não poderia ser interpretado. Como já dissemos acima, quan-
do um sintagma-QU está deslocado na periferia esquerda da oração, ele
está em uma posição não argumental, que não atribui caso e nem papel
temático. Essa busca ativa tem, portanto, o objetivo de encontrar rapi-
damente, no interior da oração, a posição em que o elemento deslocado
poderia receber caso e papel temático.
De acordo com o Princípio do Antecedente Ativo – PAA (CLIF-
TON; FRAZIER, 1989), ao se deparar com uma estrutura-QU, pressio-
nado pelos limites da memória de trabalho para resolver logo a análise
da construção, o parser dispara uma busca pelo primeiro local onde o
sintagma-QU possa ter sido originado. Observem-se, por exemplo, as
seguintes frases apresentadas pelos autores, neste artigo seminal:
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(13) Que livro o professor que escreveu a tese perdeu na sexta no parque?
(14) Que copo o professor que escreveu a tese perdeu na sexta no parque?
(15) Que livro o professor escreveu a tese e perdeu na sexta no parque?
(16) Que copo o professor escreveu a tese e perdeu na sexta no parque?
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4. O DISCURSO EM PERGUNTAS-QU
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5. EXPERIMENTO 1
(21)
Discurso enfocando DP QU e lacuna preenchida
Discurso: O professor acabou de escrever um livro
PQ – Que livroi / o professor / escreveu/ a tese / sem ler ti / durante /
a pesquisa?
O professor escreveu a tese. SIM
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(22)
Discurso enfocando DP QU e lacuna não preenchida
Discurso: O professor acabou de escrever um livro
NQ – Que livroi / o professor / escreveu ti / sem ler / a tese / durante /
a pesquisa?
O professor escreveu o livro. SIM
(23)
Discurso enfocando DP Preenchedor e lacuna preenchida
Discurso: O professor acabou de escrever uma tese
PO – Que livroi / o professor / escreveu/ a tese / sem ler ti / durante /
a pesquisa?
O professor escreveu a tese. SIM
(24)
Discurso enfocando DP Preenchedor e lacuna não preenchida
Discurso: O professor acabou de escrever uma tese
NO – Que livroi / o professor / escreveu ti / sem ler / a tese / durante /
a pesquisa?
O professor escreveu o livro. SIM
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5.1 MATERIAIS
5.2 PARTICIPANTES
5.3 PROCEDIMENTO
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(25)
O professor acabou de escrever um livro.
NQ – Que livro o professor escreveu sem reler a tese durante a pesquisa?
O professor escreveu o livro
(26)
O professor acabou de escrever uma tese.
NO – Que livro o professor escreveu sem reler a tese durante a pesquisa?
O professor escreveu o livro.
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5.3.2 Discussão
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6. EXPERIMENTO 2
(27)
Lacuna preenchida e QU referencial
PR – Que livroi o professor escreveu uma tese sem reler ti durante a
pesquisa?
O professor escreveu uma tese. SIM
(28)
Lacuna não preenchida e QU referencial
NPR – Que livroi o professor escreveu ti sem reler uma tese durante
a pesquisa?
O professor escreveu um livro. SIM
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(29)
Lacuna preenchida e QU não referencial
PNR – O quei o professor escreveu uma tese sem reler ti durante a
pesquisa?
O professor escreveu uma tese. SIM
(30)
Lacuna não preenchida e QU não referencial
NPNR – O quei o professor escreveu ti sem reler uma tese durante a
pesquisa?
O professor escreveu uma tese. SIM
6.1 MATERIAIS
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6.2 PARTICIPANTES
6.3 PROCEDIMENTO
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Gráfico 5: Índice do Número Total de Fixação (ms) na área crítica nas 4 condições
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6.5 DISCUSSÃO
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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
– Passiva pronominal
(2) Distribuíram-se doces entre os alunos do quarto ano.
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1 A questão não é tão simples, pois obviamente outros papéis temáticos podem estar presentes,
a depender do tipo de verbo. Verbos psicológicos, por exemplo, como amar ou admirar, não
apresentam um agente, e sim um experienciador. Na literatura em aquisição da linguagem,
inclusive, tem-se apontado que as passivas de verbos psicológicos são geralmente adquiridas
mais tardiamente do que passivas de verbos agentivos (MARATSOS et al., 1985).
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(7) O menino, a menina abraçou ele. (em vez de: O menino foi abraçado
pela menina.)
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Kato (2005) chama atenção para essa distância entre a língua falada
e a língua escrita no Brasil, remetendo às noções de gramática nuclear, in-
ternalizada (gramática da fala natural) e a gramática do letrado (gramática
da escrita). O processo de aquisição da linguagem permite a identificação
de uma gramática particular da língua de exposição da criança. Essa
apreensão se dá de maneira natural e espontânea (inconsciente), segundo
o arcabouço gerativista (CHOMSKY, 1986; 1995). Assim, a aquisição
natural (por via das interações verbais) leva a criança a constituir uma
gramática nuclear. No entanto, a exposição a textos escritos e/ou variantes
mais formais pode levar à formação de uma periferia marcada, onde se
situa aquilo que se aprende como restrito à gramática da escrita, a qual
requer uma aprendizagem mais consciente e não apenas a exposição a
dados naturais. É a formação dessa periferia marcada que define o letrado
brasileiro (KATO, 2005, p. 133):
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3. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
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3.1 MÉTODO
Participantes
Participaram 79 alunos, assim distribuídos: 33 alunos, cursando o
4º ano; 27 alunos, cursando o 6º ano; 19 alunos, cursando o 9º ano, em
uma escola particular do subúrbio do Rio de Janeiro.
Material
Os exercícios eram apresentados em uma folha, previamente digi-
tados, com quatro exercícios. À turma do 4º ano, os exercícios propostos
contemplaram subtração com dezenas, divisão com resto, multiplicação e
subtração com centenas. Para a turma do 6º ano, os exercícios propostos
contemplaram subtração com centenas, subtração com fração, multipli-
cação e proporcionalidade (regra de três simples). Para a turma do 9º
ano, os exercícios apresentavam sistemas de equações de primeiro grau
com duas incógnitas, sistema de equações de primeiro grau com sistema
indeterminado, frações e equações de primeiro grau com duas incógnitas.
A seguir, fornecem-se exemplos dos exercícios propostos:
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Procedimento
As crianças foram submetidas ao experimento na própria escola. O
pesquisador conversou com a turma e esclareceu que os pais/responsá-
veis haviam autorizado que eles participassem da pesquisa2, informando
2 A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UERJ, tendo sido apresentados
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aos pais/responsáveis, e o Termo de Assen-
timento aos menores (CAAE: 39974214.4.0000.5282).
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3.2 RESULTADOS
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3.3 DISCUSSÃO
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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SOBRE AS ORGANIZADORAS
Simone Guesser
Graduada em Letras - Português pela Universidade Federal de Santa Catari-
na (2004). Mestre em Linguística pela Universidade de Siena, Itália (2007),
instituição em que também se pós-graduou em Ciências Cognitivas (2008) e
obteve doutoramento em Informática, Lógica Matemática e Ciências Cogni-
tivas (2011). Seus interesses de pesquisa incluem teoria e análise gramatical,
aquisição da linguagem e relação entre teoria gramatical e ensino. É professora
da graduação e do mestrado em Letras da Universidade Federal de Roraima e
atua (de 2020 a 2022) como professora visitante do Programa de Pós-graduação
em Estudos Linguísticos da Universidade Federal da Fronteira Sul. Coordena
o LEGAL/PPGL-UFRR (Laboratório de Estudos sobre Gramática e Aquisição
da Linguagem).
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SOBRE OS AUTORES
Amanda de Moura
Doutoranda em Linguística na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
tendo recebido o prêmio de Aluna Nota 10 pela Faperj durante o curso de
mestrado em Linguística na UFRJ. Faz parte do grupo de pesquisadores do
Laboratório de Psicolinguística Experimental (LAPEX) desde 2013, quando
cursava a graduação em Letras: Português/Inglês. Atua principalmente nos
seguintes temas: processamento de frases, interrogativas-QU, Efeito da Lacuna
Preenchida e predição, manipulando adjuntos, a grade argumental dos verbos,
ilhas sintáticas, plausibilidade semântica e discurso. Tem experiência com
experimentos de Leitura Automonitorada e Rastreamento Ocular.
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Eloisa Pilati
Licenciada e Bacharel em Letras: Português (1998), realizou mestrado e douto-
rado em Linguística, na Universidade de Brasília (2000-2006) e pós-doutorado
no Massachusetts Institute of Technology – MIT (2015). É professora da
Universidade de Brasília, no Departamento de Linguística Português e Lín-
guas Clássicas (LIP), atuando na graduação e na pós-graduação. Atualmente
é Coordenadora de Integração das Licenciaturas no Decanato de Ensino de
Graduação da UnB. Lidera os Grupos de Pesquisa: “O Centro-Oeste na história
do Português Brasileiro”, “Novas perspectivas para a língua portuguesa na sala
de aula” e “Observatório do Novo Ensino Médio” registrados no CNPq. De-
senvolve pesquisas em duas áreas principais: linguística teórica e educação. No
campo teórico, investiga a sintaxe da ordem de palavras, ordem verbo-sujeito,
sujeitos nulos e fenômenos de concordância nas línguas naturais e, na área
educacional, pesquisa temas relacionados a metodologias de ensino de língua
portuguesa, neurociências e aprendizagem e uso de materiais manipuláveis no
ensino de gramática. Faz parte do Comitê Científico da Revista da Associação
Brasileira de Linguística e é pesquisadora produtividade PQ, nível 2, do CNPq.
É Pesquisadora Associada da Rede Nacional de Ciência para Educação.
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Leonor Simioni
Licenciada em Letras: Português/Italiano pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Santa
Catarina, na área de aquisição de linguagem, e Doutora em Linguística pela
Universidade de São Paulo, na área de sintaxe, com doutorados-sanduíche na
University of Maryland e na Universiteit Utrecht. Professora da Universidade
Federal do Pampa desde 2012. Tem se dedicado à investigação de diferentes
fenômenos sintáticos do português brasileiro, à descrição do português uru-
guaio, e à contribuição das teorias formais para o ensino de língua.
Marcus Maia
Doutor em Linguística pela University of Southern California – USC, (1994).
Realizou estágio de pós-doutorado na área de Processamento da Linguagem
como pesquisador visitante na City University of New York – CUNY (2003-
2004). Foi professor visitante no Language Acquisition Research Center da
University of Massachusetts, Amherst (2012), e no Departamento de Lin-
guística da Massey University, Nova Zelândia (2017). Atualmente é profes-
sor titular de Linguística do Departamento de Linguística e do Programa de
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Mariana Perigrino
Professora de Língua Portuguesa da Educação Básica. Mestre em Linguística
pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), na área de forma e
funcionamento das línguas naturais, com subárea de Gramática. Licenciou-se
em Letras: Língua Portuguesa pela UNICAMP. Integrante do LaCasa (La-
boratório de Cartografia Sintática: Pesquisa e Ensino). Tem experiência em
Letras, Linguística e Educação, sobretudo na área de teoria gramatical, sintaxe
gerativa, ensino de gramática e de Língua Portuguesa.
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Patrícia Rodrigues
Professora associada do Departamento de Literatura e Linguística da Universi-
dade Federal do Paraná desde 2010, atuando na graduação e na pós-graduação.
Atuou também como professora da Pontifícia Universidade Católica-PR (2003-
2008) e da Universidade Estadual de Londrina (2008-2010). Possui mestrado
e doutorado em Linguística pela Universidade do Quebec em Montreal, e
pós-doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2017-2018).
Tem experiência na área de Linguística, na abordagem da Teoria Gerativa,
com ênfase em Sintaxe e suas interfaces com a Semântica e com a Pragmática.
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