Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv8n8-149
RESUMO
O abuso sexual contra crianças e adolescentes é um dos principais problemas de saúde
pública mundial, que pode causar consequências físicas e psicológicas de curto e longo
prazo. O objetivo desse estudo é revisar a literatura sobre os sinais e sintomas
relacionados ao abuso sexual em crianças e adolescentes que podem ser identificados pelo
cirurgião-dentista. As manifestações orofaciais mais comuns são compostas por
lacerações, hematomas ou abrasões no lábio, língua, freios labiais e linguais, gengiva,
mucosa oral, traumatismos dentários, equimoses, mordidas e arranhões. As lesões bucais
de violência sexual são difíceis de diagnosticar, porque podem ser confundidos com
acidente ou doença, mas sinais como eritema, úlcera, petéquias no palato pode ser
significado de abuso sexual através do sexo oral forçado, além da presença de sintomas
das doenças sexualmente transmissíveis na região orofacial e orofaríngea. Muitas vítimas
não apresentam os sinais físicos supracitados, portanto, os aspectos psicológicos devem
ser levados em consideração. O medo por parte dos profissionais da saúde de enxergar a
violência é um fato, uma vez que temem pela reação dos familiares, o incorreto
diagnóstico e desconhecimento de como realizar a notificação. Em casos de suspeita de
abuso sexual, o cirurgião-dentista deve registrar no prontuário do paciente, seguido de
notificação aos órgãos competentes. Conclui-se que o odontólogo é um profissional capaz
de atuar na identificação de casos envolvendo abuso sexual infantil.
ABSTRACT
Sexual abuse against children and adolescents is one of the main public health problems
around the world that can cause physical and psychological short and long-term
consequences. The objective of this study is to review the literature on signs and
symptoms related to sexual abuse in children and adolescentes that can be identified by
the dentist. The most common orofacial manifestations are composed of lacerations,
bruises or abrasions on the lip, tongue, labial and lingual frenums, gingiva, oral mucosa,
dental trauma, ecchymosis, bites and scratches. Oral lesions from sexual violence are
difficult to diagnose, because they can be confused with accident or disease, but signs
such as erythema, ulcer, petechiae on the palate can be a sign of sexual practice through
forced oral sex, in addition to the presence of symptoms of sexually transmitted infections
in the orofacial and oropharyngeal region. Many victims do not show the physical signs
mentioned above, therefore, the psychological aspects must be taken into account. The
fear on the part of healthcare professional of seeing violence is a fact, since they fear the
reaction of family members, the incorrect diagnosis and lack of knowledge of how to
carry out the notification. In cases of suspected sexual abuse, the dentist must record it in
the patient’s medical record, followed by notification to Organs competente bodies. It is
conclued that the dentist is a professional capable of acting in the identification of cases
involving child sexual abuse.
Keywords: child sexual abuse, orofacial manifestation, role of the dentist, child abuse,
legal dentistry.
1 INTRODUÇÃO
O abuso ou maus-tratos infantil é qualquer ato ou omissão que maltrate as crianças
de forma física, psicológica, sexual, negligente ou de exploração comercial, causando
uma série de problemas na saúde e no desenvolvimento da mesma 1. O abuso sexual é um
problema de saúde mundial e a maior parte das vítimas é formada por crianças e
adolescentes 1,2. A violência sexual consiste em realizar atos que obrigam as crianças e
os jovens a serem usadas para satisfazer de forma sexual, um ou mais adultos. E através
desse meio podem ser usadas chantagens emocionais, ameaças e agressões físicas 1.
Na maioria dos casos, a violação é feita por pessoas que participam do convívio
da criança ou do adolescente 3,4. A maioria das vítimas é do sexo feminino 1,4,5,6. A prática
sexual que envolve contato físico consiste em toques, carícias, beijos na boca, sexo oral,
atos com ou sem penetrações. Mas não ocorre somente com o toque físico e as crianças
devem ser alertadas sobre os sinais de quem sofre essas violações. Esse tipo de abuso
também pode ser executado através de falas erotizadas, exibição de material pornográfico
para menores de idade, exibicionismo ou o ato de observar as partes íntimas das vitimas
4,5,6
.
A violência sexual é o tipo de abuso contra criança mais silencioso em
comparação aos outros, podendo causar grandes consequências psicológicas e físicas,
prejudicando a saúde da vítima, sendo uma delas, a concepção de doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs) 6,7,8,9. O contágio é realizado através do contato sexual sem o uso
de preservativo com uma pessoa infectada 4.
Os maus-tratos contra crianças e adolescentes vêm aumentando gradualmente e
se propagando nos últimos anos. No cenário mundial, em decorrência da pandemia do
coronavírus, que vem acontecendo desde o final do ano 2019, o número de casos de abuso
sexual aumentou de forma significativa, mas houve a diminuição enorme das denúncias.
Foram registradas mais de 17.000 denúncias feitas pelo Disque 100 antes da pandemia
no ano de 2019. Em 2021, até 12 de maio, foram registradas mais de 6 mil denúncias de
violência sexual infantil. Devido ao fechamento das escolas e creches, lugares de
socialização da criança e por estarem mais expostas ao seu possível abusador, as
denúncias realizadas para o Disque 100 diminuíram em comparação ao ano antes da
pandemia 10,11,12.
As lesões físicas mais comuns do abuso são na cabeça, pescoço, rosto e boca, por
isso é de grande importância que cirurgiões-dentistas saibam diagnosticá-las, já que
atuam em regiões de cabeça e pescoço. As manifestações orofaciais são compostas por
lacerações, hematomas ou abrasões no lábio, língua, freios labiais e linguais, gengiva,
mucosa oral, fratura dentária, luxação dentária, avulsão dentária, equimoses, mordidas e
1,2,3
arranhões . Além de lesões provenientes das doenças sexualmente transmissíveis
(DSTs), podendo manifestar-se na cavidade oral através de lesões ulcerativas, vesículas
1,3,4
bolhosas e secreções . Os ferimentos são sugestivos de abuso, porque as crianças
brincam e se movimentam de forma independente, e nem toda DST vai ser decorrente do
abuso sexual 5.
As injúrias bucais mais prevalentes decorrentes da violência sexual são realmente
algo mais difícil de diagnosticar, porque pode ser confundido com acidente ou doença.
Mas sinais bucais como eritema, úlcera, petéquias no palato e lacerações dos freios pode
ser significado de prática sexual através do sexo oral forçado, inclusive a presença de
sintomas das DSTs na região orofacial e orofaríngea como as manifestações
condilomatosas, herpes, secreção por gonorreia, candidíase, sífilis, HIV/AIDS, podem ser
sinais de abuso sexual infantil. As patologias como sífilis e HIV/AIDS são mais raras de
surgirem, mas devem ser levadas em consideração 1,4.
Além do mais, sinais como dificuldade de deglutição, descontrole dos esfíncteres
e problemas para andar podem ser evidências de violação sexual. Muitas das crianças
violentadas sexualmente não apresentam sinais clínicos óbvios, então o comportamento
da mesma deve ser observado pelo profissional durante a consulta como a timidez
excessiva, falta de confiança, o desconforto de sentar na cadeira odontológica,
descontrole durante o atendimento e a criança não permitir inserir instrumentos
odontológicos na boca 1,3,4.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Os estudos presentes na literatura mostraram que a violência sexual é uma questão
de saúde pública mundial na qual o cirurgião-dentista faz parte. Esse assunto é muito
importante para a formação do mesmo e envolve vários fatores, como questões sociais,
políticas, econômicas e culturais 1,2,3,4. Foram constatados que o predomínio das vítimas
é crianças e adolescentes do sexo feminino, porém pode acontecer com qualquer idade
1,2,4,5,6,7,8 1,6
ou ambos os sexos . Geralmente, os agressores são do sexo masculino .
Infelizmente, as pesquisas revelam que os abusadores geralmente são do âmbito
intrafamiliar 1,3,4,6,7,8,9,10.
Foi realizado um levantamento de estudos publicados sobre o aumento de casos
1,3,10,11,12
de abuso sexual nos últimos anos . Devido à pandemia da Covid-19, houve o
distanciamento das crianças com o sistema de apoio público e institucional, como as
escolas e o contato com o profissional da saúde, então ficou mais difícil de identificar a
violência infantil. O estudo revela que houve um declínio significativo no número das
denúncias de abuso sexual feitas para o Disque 100 e por outro lado, houve um aumento
dos casos, já que as vítimas estão mais próximas do seu possível abusador nesse período
da pandemia 10,11,12.
A maior parte dos estudos mostraram que a prevalência das injúrias em crianças
abusadas fisicamente é na região orofacial 1,2,3,4,5,6,7,8,9,13. As lesões causadas pela violação
sexual podem estar presentes na cavidade bucal, independente da presença delas nos
órgãos genitais. A maioria dos estudos revela que as principais manifestações orofaciais
clínicas que podem ser indicadores de possível abuso sexual em pacientes pediátricos são
petéquias encontradas na junção do palato duro e mole causadas por felação, marcas de
mordidas, arranhões, equimoses por sucção no pescoço, traumatismo dentário, laceração
de freios labiais e linguais - principalmente em crianças de 1 a 8 anos de idade - podendo
apresentar hematomas ou ulcerações nos lábios, língua e mucosa oral pela prática sexual
também 3,4,5,6,7.
Fonte: Neville BW, Damm DD, White DK. 1999. Pág. 181 14.
Figura 2 – Um freio labial rasgado sem uma explicação suficiente é suspeito de abuso infantil para bebês
e crianças.
Fonte: Bosschaart AN, Hermansson A, van Zeben-van der Aa T. 2014. Pág. 22. Disponível em:
https://cdn.gn1.link/iapo/imageBank/xii_manual_portugues_capitulo_1.pdf 15.
Uma das observações feita em dois estudos é que as lacerações dos freios linguais
e labiais podem ocorrer acidentalmente em crianças que estão aprendendo a andar, porém
se a lesão for encontrada numa criança fora da faixa etária, é altamente sugestiva de abuso
sexual 6,7. Os frênulos podem ser rompidos através do sexo oral forçado 2,3,4
. As marcas
de mordidas também são algo difícil de identificar, porque pode ser confundido com
mordidas de animais ou até mesmo de outras crianças. Porém, a mordida humana é
geralmente superficial e de formato ovoide com a presença de hematomas, abrasões ou
equimoses, devido ao ato de sugar durante a mordida. Já a mordida de animal, apresenta-
se de forma profunda em conjunto de lacerações e avulsões dos tecidos 3,7.
Figura 3 – O bebê de um ano e quatro meses, hospitalizado com marcas de mordida no corpo e violência sexual.
Existem outras lesões que podem ser mais específicas e claras quanto à violação
sexual, o cirurgião-dentista deve estar atento para as doenças sexualmente transmissíveis
(DSTs) na cavidade oral, como o condiloma acuminado, sífilis, gonorreia oral e perioral,
candidíase, herpes e as manifestações resultantes do HIV/AIDS 1,3,4,5,6,7,8,9. A gonorreia é
a patologia mais frequente em crianças vítimas de violência sexual. Os sintomas podem
aparecer nos lábios, na língua, no palato, na face, e especialmente, na faringe. Podendo
causar eritema, ulcerações e lesões com presença de pústulas, vesículas e
7,8
pseudomembranosas . Apesar da sífilis e as manifestações orais do HIV/AIDS serem
patologias raras, não devem ser descartadas, é necessário investigar a origem da doença
1,8
.
O condiloma acuminado é causado pelo vírus do papiloma humano (HPV) e o
aparecimento dessa doença em crianças pode ser indicativo de que elas estão sendo
violentadas sexualmente, devido ao contato sexual direto ser a principal via de
contaminação. Pode manifestar-se na região oral em forma de verruga agrupada, aspecto
de couve-flor, fixa, roseada, com borda delimitada e indolor 7,8,18
. “O diagnóstico
diferencial para o condiloma acuminado começa com a sua manifestação oral onde,
diferentemente do papiloma, se encontra agrupado a outros condilomas. Este possui ilhas
delgadas apoiadas sobre papilas epiteliais maiores que a verruga comum e o papiloma
escamoso 18.”
Outro ponto importante que pode ser avaliado é através da anamnese e exame
físico detalhado realizado pelo cirurgião-dentista, como no caso de uma menina de cinco
anos, que compareceu a clínica odontológica acompanhada do responsável com a queixa
de “caroço perto da gengiva em céu de boca”. A profissional suspeitou de uma doença
sexualmente transmissível pelo Papiloma Vírus Humano (HPV), confirmado
posteriormente por exames específicos. Outra observação feita no exame intraoral é a
lesão presente no palato que pode acontecer decorrente do sexo oral (Figura 5) 19.
3 CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS
Em decorrência do estupro, pode causar graves problemas na saúde da criança e
do adolescente como a gravidez indesejada, a concepção de doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs), deficiências físicas como lesão da uretra, hímen, área interna e
externa da vagina e/ou ânus e lesões na mucosa oral, pode provocar hemorragias, choques
4 CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS
Existem evidências que o abuso sexual provoca traumas de âmbito emocional nas
crianças e jovens, podendo persistir na fase adulta. Essas vítimas podem se tornar
vulneráveis, assim podendo ser violadas outras vezes ou podem se tornar adultos
abusadores repetindo o ciclo 8. Os danos psicológicos em curto prazo são o medo do
agressor e de pessoas do sexo do agressor; isolamento social; ansiedade; depressão;
transtornos alimentares, dissociativos e do sono; sentimentos de rejeição, confusão,
humilhação, vergonha e medo; comportamentos de agressividade e rebeldia; falta de
confiança; comportamento sexual impróprio. Nesse tipo de violência, o cirurgião-dentista
não encontrará sinais visíveis, então é considerável prestar atenção no comportamento do
paciente 3,4,6,7,8,9,10,13.
Na escola, o desenvolvimento da criança pode ser afetado devido ao estresse pós-
traumático, ansiedade e hiperatividade, assim o aluno pode ter dificuldades em fazer
3,5,6,7,8,13
amizades e prestar atenção . Outras consequências de nível tardio podem se
manifestar através de comportamentos suicidas; fobias mais agudas; maior intensidade
da ansiedade, depressão, raiva e isolamento; imagens distorcidas do mundo e dificuldade
de perceber a realidade; sensação crônica de perigo; abuso de álcool e outras drogas;
disfunções sexuais; disfunções menstruais 8,9,10,13.
De acordo com uma das literaturas, a desordem psicológica possui relação com as
alterações bucais, já que as mordidas crônicas no lábio e na mucosa são mais frequentes
em pessoas estressadas e ansiosas. Então, em decorrência do abuso pode acabar
provocando lesões na mucosa oral como a mucocele 13. A mucocele é o derramamento de
mucina no interior dos tecidos moles, provocada pela ruptura do ducto salivar.
Geralmente, o aparecimento dessas lesões é no lábio inferior e dorso da língua ao trauma
local que são provocadas por mordidas. O prognóstico da mucocele é excelente, desde
que haja a remoção do fator etiológico, podendo ocorrer à recidiva, caso não o elimine 13.
Fonte: Silva AF, Silva SOA, Lima LCN, Pinheiro JC, Silva GB, Figueiredo CVO, Carvalho SPM.
Disponível em: https://revistas.brazcubas.br/index.php/roubc/article/view/853/939 13.
5 DISCUSSÃO
Com o presente estudo, pode-se observar que as manifestações orofaciais mais
prevalentes na cavidade bucal são lacerações, hematomas ou abrasões no lábio, língua,
freios labiais e linguais, gengiva, mucosa oral, traumatismos dentários, equimoses,
1,2,3,4,5,6,7
mordidas e arranhões . Além de lesões decorrentes das doenças sexualmente
1,3,4,5,6,7
transmissíveis (DSTs) . Em relação às DSTs, a maioria incluiu a gonorreia oral,
1,3,4,5,6,7,8. 1,4,5,6,8
sífilis, condiloma Por outro lado, observou-se a herpes, além desses .A
candidíase e as manifestações do HIV/AIDS não foram descritas em todas as literaturas,
porém foram mencionadas em alguns estudos 1,4,8.
A maioria apontou que sinais como petéquias palatinas e doenças sexualmente
transmissíveis presentes na cavidade oral, podem ser altamente indicativo de abuso sexual
1,3,4,5,6,7
. Vários ferimentos podem ser confundidos com acidentes como as marcas de
mordidas e as lacerações dos freios, que podem ser causadas por outros motivos. Houve
uma observação sobre as marcas de mordidas, que devem ser suspeitas quando
apresentam certo padrão, de forma ovoide e com presença de equimoses 3,7. E a laceração
do freio labial e lingual sem uma justificativa concreta ou fora da faixa etária, pode ser
causada pelo sexo oral forçado 2,3,4,6,7.
Quanto às lesões provocadas pela prática sexual em pacientes pediátricos, vários
confirmaram que é algo muito sugestivo, porque as crianças não irão apresentar sinais
clínicos óbvios, então a característica emocional da criança deve ser levada em
consideração durante o atendimento odontológico 1,2,3,4,5,6,7.
Em sua maioria, comprovam que a violação sexual ocorre geralmente no ambiente
intrafamiliar 1,3,4,6,7,8,9,10. Sobre a prevalência, o sexo feminino é o mais afetado, diante os
estudos presentes 1,4,5,6,7,8. Relataram que a criança abusada pode acabar se tornando um
abusador no futuro ou acabar sendo mais vulnerável a ser abusada novamente 8.
No que se refere aos casos de abuso sexual nos últimos anos, observou-se um
1,3,10,11,12
aumento significativo . No final de 2019, na pandemia da Covid-19, ocorreu a
diminuição das denúncias que são feitas para o Disque 100. Com o isolamento social,
mostrou que esse quadro intensificou pela ausência de supervisão, o que dificultou a
possível identificação de casos que ocorrem no convívio intrafamiliar, assim
prejudicando a saúde física e mental da criança 10,11,12.
No que diz respeito ao abuso sexual, pode provocar grandes traumas psicológicos
2,3,5,6,7,8,9,10,13
na vida das vítimas . Na maioria das investigações, afirmaram que pode
prejudicar o desenvolvimento da criança na escola e no convívio com outras pessoas
3,5,6,7,8,9,10,13
. De acordo com buscas feitas, a vítima futuramente pode ter uma série de
problemas como o uso de drogas em excesso, alcoolismo e graves problemas psicológicos
como a depressão 6,8,9,13.
A literatura relata que distúrbios psicológicos possuem relações com alterações
bucais. Então, fizeram observações sobre a mucocele, que são injúrias constantes em
pessoas ansiosas e nervosas, característico de crianças que estão sendo abusadas
fisicamente 13.
Sobre as consequências físicas como lesões nas genitálias, gravidez indesejada,
hemorragias e suas consequências, incontinência fecal, irregularidades menstruais e as
sequelas decorrentes das doenças sexualmente transmissíveis, podem ocorrer devido ao
estupro. Então, é necessário ter o conhecimento de como dar o suporte ideal para as
vítimas, assim evitando danos físicos e melhorando sua qualidade de vida 8,9.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As lesões decorrentes de abuso sexual infantil podem estar presentes na cavidade
oral, portanto o cirurgião-dentista pode ser o primeiro profissional a identificar lesões de
violência sexual infantil. As principais manifestações orofaciais em crianças violentadas
sexualmente são petéquias palatinas por felação, marcas de mordidas, arranhões,
equimoses por sucção no pescoço, traumatismo dentário, lacerações, hematomas e
abrasões de freios labiais e linguais, língua, lábios e mucosa oral, além dos sinais e
sintomas das doenças sexualmente transmissíveis na região orofacial e orofaríngea.
Os cirurgiões-dentistas possuem dificuldades na identificação e condução dos
casos de abuso por falta de conteúdo na graduação. Com isso, ocorre omissão e muitas
denúncias não são realizadas. Compete ao profissional reconhecer precocemente os sinais
e sintomas relacionados ao abuso sexual infantil, levando em consideração fatores físicos
e psicológicos. O dentista deve estar ciente também das ações legais que precisam ser
tomadas para garantir a segurança e o bem-estar da criança como a notificação aos órgãos
competentes, a fim de evitar negligências. Em casos de suspeita de violência sexual, o
cirurgião-dentista deve notificar ao Conselho Tutelar ou Juizado da Infância e Juventude,
ou realizar a notificação discando para o número 100 ou para polícia.
REFERÊNCIAS
1. Figueiredo MC, Frassetto PM, Guimarães LF, Boaz CM. Violência sexual contra
crianças e seus aspectos relevantes para o profissional de saúde: relato de caso clínico.
ConScientiae Saúde [Internet]. 2011 [acesso em 2021 set 26]. 10(4): 2-5. Disponível em:
https://periodicos.uninove.br/saude/article/view/3003
2. Rosa ACMA, Miasato JM, Teixeira DA, Oliveira LMC, Silva LAH, Tesch FC. A
conduta do cirurgião-dentista frente aos maus-tratos infantis: Uma revisão de literatura.
Rev UNINGUÁ [Internet]. 2021 [acesso em 2021 set 26]. 58:1-10. Disponível em:
https://revista.uninga.br/uninga/article/view/3585/2389
4. Santos JLN, Fujii LLR, Miranda FS. Abuso sexual infantil: O papel do cirurgião
dentista. Rev FIMCA [Internet]. 2021 [acesso em 2021 set 26]. 8(2): 9-11. Disponível
em: https://ojs.fimca.com.br/index.php/fimca/article/view/232/158
5. Rover ALP, Oliveira GC, Nagata ME, Ferreira R, Molina AFC. Violência contra a
criança: Indicadores clínicos na odontologia. Brazilian Journal of Development
[Internet]. 2020 [acesso em 2021 set 26]. 6(7): 3-10. Disponível em:
https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/12740/10689
6. Alves MA, Fonseca BA, Soares TRC, França AKA, Azevedo RN, Tinoco RLR.
Importância do cirurgião-dentista no diagnóstico de abuso sexual infantil. Rev Brasileira
de Odontologia Legal [Internet]. 2016 [acesso em 2022 jan 21]. 3(2): 92-99. Disponível
em: https://portalabol.com.br/rbol/index.php/RBOL/article/view/73/91
10. Rita ACMS, Castro ACG, Roberti BN, Teixeira ID, Menezes LBR, Tavares MB, Dias
VCA, Vale VAL, Grillo CFC. Violência infanto-juvenil intrafamiliar e doméstica: O
impacto do distanciamento social e a importância da conscientização em meio à pandemia
de COVID-19. Rev Eletrônica Acervo Saúde [Internet]. 2020 [acesso em 2021 set 26].
12(10): 2-8. Disponível em:
https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/4689/2852
11. Brasil. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Disque 100 tem
mais de 6 mil denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes em 2021.
Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. 2021 maio 17 [acesso em 2021 set 26].
Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2021/maio/disque-100-
tem-mais-de-6-mil-denuncias-de-violencia-sexual-contra-criancas-e-adolescentes-em-
2021
12. Brasil. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Ministério divulga
balanço de denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes em 2019.
Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. 2020 maio 21 [acesso em 2021 set 26].
Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/maio/ministerio-
divulga-balanco-de-denuncias-de-violacoes-de-direitos-de-criancas-e-adolescentes-em-
2019
13. Silva AF, Silva SOA, Lima LCN, Pinheiro JC, Silva GB, Figueiredo CVO, Carvalho
SPM. Recidiva de mucocele em paciente infantil com distúrbios psicológicos
ocasionados por violência doméstica: Relato de caso. Revista de Odontologia da Braz
Cubas [Internet]. 2020 [acesso em 2022 jan 24]. 10(2): 47-55. Disponível em:
https://revistas.brazcubas.br/index.php/roubc/article/view/853/939
14. Neville BW, Damm DD, White DK. Atlas Colorido de Patologia Oral Clínica. 2. ed.
SL. Guanabara Koogan; 1999.
15. Bosschaart AN, Hermansson A e van Zeben-van der Aa T. Crianças Vítimas de Maus
Tratos e a Repercussão na Área da Otorrinolaringologia. In: Sih T, Chinski A, Eavey R.
XII Manual de Otorrinolaringologia Pediátrica. São Paulo. Vida & Consciência; 2014
[acesso em 2022 abr 29]. Disponível em:
https://cdn.gn1.link/iapo/imageBank/xii_manual_portugues_capitulo_1.pdf
16. No AM, bebê com marcas de mordidas e vítima de estupro segue internado.
Amazonas. G1 [Internet]. 2016 jun 13 [acesso em 2022 abr 29]; Rede Amazônica.
Disponível em: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2016/06/no-am-bebe-com-
marcas-de-mordida-e-vitima-de-estupro-segue-internado.html
17. Menino leva 21 pontos no rosto ao ser mordido por cão enquanto tirava selfie. Jornal
Extra [Internet]. 2016 jun 14 [acesso em 2022 abr 29]; Mundo. Disponível em:
https://extra.globo.com/noticias/mundo/menino-leva-21-pontos-no-rosto-ao-ser-
mordido-por-cao-enquanto-tirava-selfie-19711808.html
18. Freitas MRC, Lima Júnior JS, Santos EA, Santos WB, Silva PHE, Corrêa VC.
Condiloma acuminado: Aspectos, diagnóstico e notificação de casos de abuso sexual
infantil. In: Anais do VIII Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA),
2019, Universidade Federal do Pará. Anais do COESA; 2019. p. 1-2. Disponível em:
https://www.coesa.ufpa.br/arquivos/2019/expandido/ensino/saude_publica/ENS038.pdf
19. Agora News Piracicaba. Alerta Hoje nossa postagem não é bem o que gostaríamos de
colocar aqui, mas é necessária [...] [Internet]. São Paulo; 2020 ago 26 [acesso em 2022
abr 29]. Facebook: @agoranewspiracicaba. Disponível em:
https://m.facebook.com/AgoraNewsPiracicaba/posts/174588137499868/?_rdr
20. Silveira CG. Mãe que soube de estupro de garoto ao ir a dentista vai procurar
psicólogo. São Paulo. G1 [Internet]. 2015 ago 27 [acesso em 2022 abr 29]; Itapetininga e
Região. Disponível em:
https://m.facebook.com/AgoraNewsPiracicaba/posts/174588137499868/?_rdr