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A JUSTIÇA DENTRO/NA SOCIEDADE DE “IGUAL PARA IGUAL”

O QUE É JUSTIÇA SOCIAL?


Em 2007 proclamou-se o dia 20 de fevereiro, como o Dia Mundial
da Justiça Social, na Assembleia das Nações Unidas, e foi
comemorado pela primeira vez no dia 20 de fevereiro de 2009.
Mesmo com a criação de uma data comemorativa para promover a
consciencialização da importância da igualdade entre os povos, o
respeito às diversidades culturais, a promoção do desenvolvimento
social e a ideia de justiça social, na prática, essas questões ainda
não estão consolidadas. Alcançar a justiça social não é tarefa fácil,
ainda mais porque existe um certo desconhecimento em torno do
tema. Muitos, ainda não sabem o que é e qual a importância desse
conceito, pois trata-se de um princípio importante para coexistência
pacífica entre os indivíduos e a sociedade.
QUANDO SE COMEÇOU A FALAR EM JUSTIÇA SOCIAL?
A noção de justiça social como conhecemos hoje, baseada
em princípios morais e políticos, fundamentada nas ideias
de igualdade e solidariedade, começou a ser desenvolvida ainda
no século XIX.
Nessa época, essa ideia estava associada à busca de um equilíbrio
social, de modo que todas as pessoas que compõem a sociedade
tenham os mesmos direitos. Ou seja, procurava-se concretizar a
noção de que uma sociedade justa deve estar comprometida com a
garantia de direitos básicos como educação, saúde, trabalho,
acesso à justiça, etc.
Dessa forma, é fundamental criar mecanismos de proteção para
amenizar as desigualdades sociais.
Assim, a noção moderna de justiça social passou a ser ligada à
busca de uma sociedade igualitária. Era uma resposta às
desigualdades sociais da sociedade europeia, que ainda se
orientava pelas ideias de diferenciação e subordinação. Isso porque
o modelo de desenvolvimento europeu estava baseado na
industrialização, que desde o início gerou desigualdades entre
classes sociais.
Com o advento da globalização, a partir do final do século XX, uma
série de problemas sociais foram realçados. O processo de
integração económica e cultural de diferentes nações agravou ainda
mais as desigualdades sociais. As mudanças, que ocorreram com a
ascensão da tecnologia da informação têm reduzido o número de
pessoas nas empresas, aumentando o desemprego estrutural e a
precarização das condições de trabalho. Esta realidade tem
causado uma série de problemas sociais, como a violência urbana,
a pobreza, vulnerabilidade etc.
Os problemas da desigualdade têm feito com que os indivíduos e
instituições pensem sobre essa questão fundamental para a
sociedade. Estudos, relatórios e pesquisas são desenvolvidos com
o intuito de se compreender e intervir neste problema através do
princípio da justiça social.
MAS O QUE É JUSTIÇA SOCIAL?
Entende-se que o conceito de justiça social está relacionado com as
desigualdades sociais e as ações voltadas para a resolução desse
problema. Assim, a justiça social consiste no compromisso do
Estado e instituições não governamentais em procurar
mecanismos para compensar as desigualdades sociais geradas
pelo mercado e pelas diferenças sociais.
Um dos pensadores que melhor definiu e delineou os principais
elementos para alcançar esse princípio foi John Rawls. Nos seus
estudos teóricos sobre a temática, esse autor estabeleceu três
pontos para alcançar um princípio de equidade:
1. garantia das liberdades fundamentais para todos;
2. igualdade de oportunidades;
3. manutenção de desigualdades apenas para favorecer os mais
desfavorecidos.
Dessa forma, a ideia de justiça social tem como um dos seus
principais objetivos promover o crescimento de um país para além
das questões económicas. Por esta lógica, entende-se que a justiça
social é um mecanismo que procura fornecer o que cada cidadão
tem direito: assegurar as liberdades políticas e os direitos básicos,
oferecer transparência na esfera pública e privada e oportunidades
sociais.
OS CAMINHOS PARA A JUSTIÇA SOCIAL

A centralidade da justiça social está ligada à ideia de viver bem no


país. Nesse caso, a procura de elementos que estabeleçam formas
de compensação para as pessoas em desvantagem social,
económica e política tem sido fundamental. O Governo e
organizações da sociedade civil devem desenvolver políticas
públicas que possam fornecer compensações, capazes de melhorar
a vida de pessoas socialmente vulneráveis. Exemplos disto são os
investimentos em educação, saúde, justiça social, as políticas
sociais voltadas para as crianças, com o intuito de romper com o
processo de pobreza, etc. Estas iniciativas visam melhorar as
condições dos que vivem em situações precárias ou de
vulnerabilidade.
A ideia de justiça social passa também pela garantia de qualidade
de vida a toda a população. Cabe ao governo oferecer saúde de
qualidade, estabelecer políticas de combate à mortalidade infantil,
proteção ao meio ambiente, educação, etc.
Os caminhos para a justiça social passam também pela garantia de
igualdade de raça, género, orientação sexual, etc. Para diminuir
essas desigualdades, é fundamental que existam leis de proteção
a mulheres, negros, homossexuais, entre outras minorias. Para
isso, é importante que a elaboração dessas leis assegurem direitos
para estas minorias, além disso deve incentivar
a participação desses cidadãos na vida pública.
Assim, a justiça social procura a integração dos povos, garantindo
também o direito de igualdade entre imigrantes e,
consequentemente, assegurando condições de vida digna
aos refugiados.
A IMPORTÂNCIA DA JUSTIÇA “DE IGUAL PARA IGUAL”

Mesmo com a existência de tantos mecanismos de promoção da


justiça social, ainda existem sérias dificuldades para transformar
esse princípio em realidade. Isso porque a pobreza, a discriminação
e a negação dos direitos humanos continuam a dominar as relações
humanas.
A justiça social é essencial para a coexistência pacífica dos povos e
para o desenvolvimento social e económico. Assim, quando
procuramos promover o respeito ao género, raça, religião,
sexualidade, estamos a promover uma maior integração social,
fundamental para o desenvolvimento. É preciso exercitar os
princípios da justiça social todos os dias, visando uma melhor
convivência e maior qualidade de vida.
O Direito de acesso à Justiça surgiu com os novos direitos sociais,
isto é, como um aprofundamento dos aspetos substanciais dos
Direitos Humanos. Como tal, o acesso à justiça é um conceito mais
amplo do que o acesso aos tribunais, pois engloba o
reconhecimento de que todos têm direito à proteção da lei. O
acesso à Justiça está interligado, de facto, com a manutenção dos
demais direitos fundamentais, pois estes ficariam sem sentido se
não fosse possível fiscalizar a sua correta aplicação. O respeito e a
proteção dos Direitos Humanos só podem ser garantidos com a
disponibilidade de soluções jurídicas eficazes, processualmente,
quer no plano nacional, quer num plano internacional. O direito de
acesso à Justiça tem, com efeito, para além do seu cunho mais
técnico-jurídico, uma dimensão de cidadania. Esta dimensão implica
a garantia de proteção de todas as pessoas, e em especial as mais
vulneráveis, por exemplo, através de mecanismos de apoio
judiciário, evitando a existência de um sistema judicial com
diferenças, pondo ricos para um lado e pobres do outro. O acesso à
Justiça, portanto, é também uma componente essencial de cada
ordem jurídica nacional, do seu sistema jurídico-judiciário, e um
traço essencial do Estado de direito. Permite às pessoas reivindicar
ativamente uma plena cidadania, através do uso de todos os
direitos fundamentais de que são titulares. O acesso à justiça
permite, de forma sintetizada três garantias:
 assegurar a adequação do nível das estruturas nacionais e
dos procedimentos de queixas em caso de violação dos
direitos fundamentais, e a disponibilidade de meios eficazes,
justos e protetores, inclusive meios informais e meios de
resolução alternativa dos litígios;
 assegurar soluções jurídicas e reparações eficazes,
acessíveis e atempadas, incluindo compensação, sanções
penais, e reparações cíveis;
 assegurar que sejam desenvolvidas medidas preventivas,
incluindo a sensibilização do público através de programas de
educação sobre o direito e a Justiça, bem como treinos de
pessoal judicial com foco geral e foco especial sobre pessoas
com eventuais vulnerabilidades no acesso à Justiça. Para
concluir, o acesso à Justiça não significa apenas o acesso ao
contraditório e aos tribunais. O acesso à Justiça implica que
as autoridades públicas se comportem não só corretamente,
mas também proactivamente, para que todos tenham uma
compreensão básica dos seus direitos e a capacidade para
fazer cumprir os mesmos.
Uma sociedade justa terá que ter inevitavelmente uma justiça justa.
Antes de qualquer consideração jurídica propriamente dita, teremos
de refletir sobre o que nos move como seres humanos, de mais
definitivo e profundo. Temos de falar das motivações e das virtudes
pessoais e sociais.
A justiça, definida como «virtude que consiste no respeito dos
direitos de cada pessoa e na atribuição daquilo que é devido a cada
um».
É de realçar que a referência é feita a cada um, a cada pessoa,
logo, onde houver desrespeito em relação a quem quer que seja – e
exatamente pela sua dignidade pessoal – a justiça é lesada, e por
vezes perde a legitimidade e o nome.
No exercício da decisão e do comportamento, a justiça chama pela
prudência, «uma virtude que permite que a inteligência dirija cada
ação, tendo em conta o discernimento e a escolha do que é honesto
e conveniente à conduta social».
Justiça e prudência, referem-se à moderação com que cada um
deve manter-se na vida. A benevolência, que o Dicionário define
como «atitude de estima e afeto para com alguém», e que
deveremos alargar a todos e a tudo o que humanamente interesse.
O querer realmente bem aos outros, como virtude ativa, tem como
sujeito cada um de nós e, como destinatários principais, os outros
todos que connosco compõem a humanidade e a sociedade que
somos.
É necessário promover uma justiça que legitimamente o seja e
respeite os próprios limites. E por justiça não se entende outra coisa
senão o vínculo necessário para manter unidos os interesses
particulares, que sem isso voltariam ao antigo estado de
insociabilidade; todas as penas que ultrapassam a necessidade de
conservar este vínculo são injustas por natureza.
O bem do ser humano é o único propósito da sociedade e da
justiça. Para haver justiça temos que acolher os “olhares da
humanidade”: primeiro, porque pode acontecer que, de modos
diferentes, nos acabemos por identificar com esses outros que
habitam outras paragens e não somente com a nossa comunidade
local; segundo, porque as nossas escolhas e as nossas ações
podem afetar as vidas dos outros, estejam eles longe ou perto; e
terceiro, porque o que eles conseguem ver, a partir das respetivas
perspetivas históricas e geográficas, pode ajudar-nos a ultrapassar
o nosso próprio “paroquialismo”.
A justiça constrói-se ao ritmo da sociabilidade efetiva (vizinhança),
na nossa capacidade de sermos uns com os outros, numa
comunhão de sentimentos e reflexão.

INTRODUÇÃO
Atualmente, os diplomatas portugueses já não são recrutados entre
os filhos de boas famílias, não têm como principais qualidades ser
bem educados e falar línguas, nem como principais ocupações
receber pessoas em casa e assistir a festas. A atividade diplomática
tornou-se bastante mais visível, com um conteúdo útil aos olhos da
opinião pública e suscetível de motivar os jovens.
Os concursos para a carreira diplomática "têm vocação anual" e
neles podem participar quaisquer licenciados, sem limite de idade.
Todos os concorrentes precisam de dominar pelo menos duas
línguas, o francês e o inglês. Quem for selecionado terá de passar
obrigatoriamente dois anos no MNE como adido (categoria). Mas só
ao fim de um ano é confirmado na carreira, ascendendo à categoria
seguinte, de secretário de embaixada. A partir daqui, há que ir
subindo os sucessivos patamares até chegar finalmente a
embaixador. É uma longa carreira, que demora entre 25 e 30 anos
a percorrer, da base ao topo. Há embaixadores portugueses que
não são diplomatas de carreira, são os chamados "embaixadores
políticos", instituição muito antiga em Portugal, uma vez que a
profissionalização da diplomacia só ocorreu no liberalismo. Mesmo
assim, os sucessivos governos, monárquicos e republicanos, antes
e depois do 25 de Abril, recorreram sempre a "embaixadores
políticos": no regime salazarista. A principal missão da diplomacia
portuguesa, antes do 25 de Abril, era a defesa das colónias. Os
diplomatas estavam muito isolados, muito fechados sobre si
próprios, não estavam habituados a uma participação ativa. Agora
mudou tudo e, sendo um país médio, temos interesses muito
alargados, somos chamados para os assuntos mais diversos. A
adesão de Portugal à União Europeia foi uma espécie de vendaval,
exigindo aos diplomatas portugueses um protagonismo político e
um dinamismo de atuação até então inéditos.
Hoje, o corpo diplomático já não é um corpo profissional fechado,
nem pela base de recrutamento nem pela natureza da profissão,
que implica uma multiplicidade de contactos internacionais e uma
grande variedade de 'dossiers'. Um diplomata tem de resolver
problemas de repatriamento e de organizar operações de auxílio a
refugiados e o seu trabalho quase se confunde com o de um
funcionário de uma organização não governamental. A profissão de
diplomata é de certa forma uma profissão generalista, mas com a
complexidade que a negociação moderna exige. Os nossos
interesses variam consoante os postos e se, em certas cidades de
África, se exige alguém decidido, afoito, enérgico, há outros em que
é preciso outro tipo de pessoa, mais cerebral ou mais política.
Sejam quais forem as tarefas a desempenhar, a principal missão
dos diplomatas é dar informações ao Governo, muitas vezes
secretas.
A diplomacia só se abriu às mulheres a seguir ao 25 de Abril e,
desde então, a presença feminina afirmou-se rapidamente.
Atualmente temos cerca de 13 mulheres embaixadoras a
representar Portugal no estrangeiro.

CONCLUSÃO:
Conclui-se, pois que uma sociedade mais justa não se alcança
apenas com base no principio da distribuição de recursos
produtivos e de renda. A justiça social já não se cinge só a questões
de distribuição, abrange também questões de representação,
identidade e diferença, isto é, torna-se necessário incluir
indicadores e processos de reconhecimento das diferenças culturais
e o respeito por elas.
Viver numa sociedade mais justa, é viver numa sociedade que, por
querer efetivamente sê-lo, garante a cada um o que lhe é devido,
enquanto pessoa entre pessoas.  A responsabilidade pela criação
de uma sociedade mais justa, está do lado dos poderes públicos.
O trabalho que um diplomata de carreira pode assumir não tem só a
ver com reuniões formais em organizações como as Nações
Unidas, ou tratar do comércio e parcerias entre um país e outro. A
primeira linha de ação de um diplomata foca-se nos cidadãos, e a
segunda, nos interesses nacionais.
Para além de grandes missões e grandes decisões ao representar o
país, o diplomata tem de cuidar de muita papelada e comandar
setores específicos na embaixada, de modo a promover para todos
os cidadãos igual acesso a uma sociedade mais justa para todos.

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