Você está na página 1de 6

CONSTITUCIONALISMO EM PORTUGAL

A Monarquia Constitucional

A Constituição de 1822 resultou da primeira experiência parlamentar do País: as


Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa de 1822, eram
formadas por uma só Câmara, eleitas por sufrágio direto, secreto. Vigorou entre 1822-
23 e 1836-38.
A Carta Constitucional de 1826 substitui a Constituição aprovada pelas Cortes.
É "outorgada" pelo Rei, D. Pedro IV e vigorou durante 72 anos.
É criada a Câmara dos Pares. A Câmara dos Deputados passa a ser
eleita por sufrágio censitário - um sistema de eleição indireta.
A Constituição de 1838 é uma constituição compromisso, entre as teses liberais
de 1822 e as conservadoras. expressas na carta de 1826. Manteve-se o 
sistema de duas Câmaras na composição das Cortes. A eleição dos Deputados e dos
Senadores passa a ser feita por sufrágio direto, continuando a manter-se, no entanto,
o sufrágio censitário. 

A República

Na Constituição de 1911, o Congresso era formado por duas Câmaras - a dos 


Deputados e a do Senado. Consagra-se o sufrágio direto mas não a universalidade. 
Com apenas 87 artigos - o que faz desta a mais pequena das seis Constituições
portuguesas - a Constituição de 1911 muda o regime (acaba a Monarquia), institui a
laicização do Estado, mas não universaliza o sufrágio nem os direitos políticos e
sociais.

Constituição de 1933 - A Assembleia Nacional era o único órgão de


Soberania diretamente eleito. O Presidente da República tinha o poder de dissolver o
parlamento sempre que o entendesse, bastando para isso
ouvir o Conselho de Estado. Encomendada por Salazar, a Constituição que institui a
ditadura do Estado Novo vigoraria até 1974, restringindo fortemente os direitos
políticos e a liberdade de expressão.

A Revolução de 1974 e a Constituição de 1976


Esta é a primeira Constituição que consagra o voto universal. Só em 1976, pela
primeira vez, foi instituído o voto universal a todos os cidadãos.
A Constituição de 1976 institui um sistema misto parlamentar presidencial. 
O Presidente da República e a Assembleia da República são eleitos por
sufrágio eleitoral direto. A Assembleia da República é composta por Deputados eleitos
por sufrágio eleitoral, direto e secreto, com candidaturas reservadas aos
Partidos e segundo o sistema proporcional. Tem vastos poderes e competências tanto
em matéria política como legislativa. 
A Constituição de 1976 foi revista em 1982, 1989, 1992 e 1997.

Alterações à Constituição de 1976

As duas revisões de 1982 e 1989 alteraram muito a componente ideológica e o


equilíbrio de poderes entre o Parlamento e o Presidente da República.
Entre 1933 e 1974, Portugal viveu a mais longa ditadura da Europa, sob o governo de
António de Oliveira Salazar.

O fim da ditadura foi o início da democracia em Portugal e com ela o reaproximar


de Portugal à Europa comunitária.
Constituição da República Portuguesa atual

VII REVISÃO CONSTITUCIONAL [2005]

Princípios fundamentais

Artigo 1.º

República Portuguesa

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade


popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Artigo 2.º

Estado de direito democrático

A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no


pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de
efetivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de
poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento
da democracia participativa.

Artigo 3.º

Soberania e legalidade

1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na
Constituição. 
2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática. 
3. A validade das leis e dos demais atos do Estado, das regiões autónomas, do poder local e de
quaisquer outras entidades públicas depende da sua conformidade com a Constituição.

Artigo 296.º

Data e entrada em vigor da Constituição

1. A Constituição da República Portuguesa tem a data da sua aprovação pela Assembleia


Constituinte, 2 de Abril de 1976.

2. A Constituição da República Portuguesa entra em vigor no dia 25 de Abril de 1976.


COMO CRIAR UM PARTIDO POLÍTICO

A Constituição proíbe a formação de associações armadas ou de tipo militar,


militarizadas ou paramilitares, bem como de organizações racistas ou de ideologia
fascista.
 Para se criar e iniciar um partido político têm que se inscrever no Tribunal
Constitucional, com o mínimo de 7500 assinaturas.
 O requerimento é feito por escrito, acompanhado do projeto de estatutos, do
programa político e da denominação, da sigla e do símbolo do partido.
 Tem de incluir o nome completo, o número do cartão de cidadão) e o número
do cartão de eleitor de todos os signatários. Aceite a inscrição, o Tribunal
Constitucional envia a decisão, juntamente com os estatutos do partido político,
para publicação no Diário da República.
 Se a criação de partidos é livre, a participação nos mesmos também. Ninguém
pode ser obrigado a filiar-se ou a deixar de se filiar num partido político, nem
ser coagido a permanecer nele por qualquer meio.
 A ninguém pode ser negada a filiação ou determinada a expulsão de qualquer
partido por motivos de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem,
religião, instrução, situação económica ou condição social. Também ninguém
pode ser beneficiado, ou prejudicado, ou privado de qualquer direito devido ao
seu partido.
 Não podem requerer a inscrição nem estar filiados em partidos políticos,
enquanto estiverem em funções:
- militares ou agentes militarizados dos quadros permanentes;
- agentes dos serviços ou das forças de segurança;
- magistrados judiciais;
- magistrados do Ministério Público;
- diplomatas de carreira.
 Não podem ser dirigentes políticos de partidos os diretores-gerais da
Administração Pública, os presidentes dos órgãos executivos dos institutos
públicos e os membros das entidades administrativas independentes (como a
Comissão Nacional de Eleições).
 A lei estabelece as regras de financiamento dos partidos políticos. É obrigatória
a prestação de contas no Tribunal Constitucional.

Desde 1975 que todas as eleições em Portugal são ganhas pelos mesmos partidos:
ora o PS, ora o PSD.

Existe um partido-sistema, com duas cabeças que são os partidos que têm liderado os
governos.

Os novos partidos e movimentos que tentam singrar na política portuguesa

A caminho das três eleições agendadas para 2019, há várias novas forças políticas,
ainda em formação ou já constituídas, que se perfilam como alternativas aos partidos
tradicionais. Mas os obstáculos legais e burocráticos são muitos e os casos de
sucesso, desde 1975, são raros. “Os portugueses preferem a abstenção ao voto de
protesto”.

Nos últimos anos têm surgido vários partidos novos em Portugal, ou tentativas de os
criar, mas os casos de sucesso (designadamente a eleição de deputados à
Assembleia da República) têm sido raros.

Temos cinco partidos médios e grandes. À esquerda, a diversidade impera. À direita,


menos, mas o facto de já existirem dois, tem bloqueado o aparecimento de outros.

Quem quer criar um novo partido tem que andar na rua, à procura de quem o queira
apoiar e recolher assinaturas. Já muitos fizeram este percurso.

Mas a fase das assinaturas não é a mais difícil. O principal desafio não é a formação
ou a sobrevivência [do partido], mas sim ter votos.

Formas criativas de fazer política

O que diferencia os pequenos dos grandes partidos? A criatividade, por exemplo.


Existem formas de fazer política mais baratas, mais ecológicas e mais eficientes. Uma
ideia original, que chame a atenção e que faz toda a gente falar disso, tem mais
impacto do que se calhar 500 cartazes e passa uma mensagem bastante forte e
eficaz.

Portanto, a solução é “fazer política de forma diferente”, embora estejamos


conscientes de que o facto de se ter uma cara conhecida pode ajudar. Na verdade, os
partidos pequenos tentam ir buscar figuras conhecidas, até fora da política, mas
sempre com projeção e dimensão mediática. 

Você também pode gostar