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APTOparterentes

Biológicos: Avaliação de
Riscos e Medidas de
controlo e proteção
AGENTES BIOLOGICOS:
Avaliação de riscos e medidas
de controlo e proteção
Organização dos serviços de
segurança e saúde do trabalho
Tal como em qualquer outro setor, as atividades que envolvam o risco
de exposição a agentes biológicos obrigam à existência de serviços de
segurança e saúde no trabalho, que podem assumir qualquer das
modalidades previstas na lei:

 Internos e Externos

Contudo, quando as atividades impliquem a exposição a agentes


biológicos dos grupos 3 ou 4 e tenham mais de 50 trabalhadores, a
entidade empregadora é obrigada a organizar serviços internos.

Avaliação de Riscos
A avaliação de riscos constitui a base da abordagem à gestão dos
perigos e riscos da Segurança e Saúde no Trabalho, permitindo
identificar os agentes biológicos causadores de risco, a possibilidade
da sua propagação e o tempo de exposição efetiva ou potencial para
os trabalhadores. Paralelamente permite formular orientações para a
aplicação de medidas de proteção dos trabalhadores a agentes
biológicos perigosos.
A proteção dos trabalhadores baseia-se fundamentalmente na
avaliação dos riscos de exposição, os quais são determinados, por um
lado pelas características dos agentes envolvidos na atividade e por
outro, pela adequação das instalações, equipamentos e práticas de
trabalho.

Identificação e avaliação dos


riscos
As características dos agentes biológicos, a sua virulência, forma de
entrada no organismo e sua interação com as defesas do indivíduo
são determinantes no aparecimento de uma doença.

A identificação dos riscos deve ser efetuada considerando os


seguintes parâmetros, sem carácter cumulativo:

1. Natureza e grupos dos agentes biológicos, de acordo com o seu


risco infecioso
2. Tempo de exposição dos trabalhadores a esse agente
3. Quantidade do agente no material que se manipula
4. Nas atividades que impliquem a exposição a várias categorias
de agentes biológicos, a avaliação dos riscos deve ser feita com
base no perigo resultante da presença de todos esses agentes
5. Vias de entrada no organismo
6. As informações técnicas existentes sobre doenças relacionadas
com a natureza do trabalho
7. Os potenciais efeitos alérgicos ou tóxicos resultantes do trabalho
A figura seguinte apresenta um esquema de avaliação do risco
biológico.

Magnitude do Risco
Determinando o nível de exposição, a valoração realiza-se
normalmente por comparação com critérios de referência. (por
exemplo para os agentes químicos, os valores limite de exposição
VLE, OS Threshold Limit Values, TLV e os Índices biológicos de
exposição IBE.

O critério de valoração estabelece-se partir dos resultados obtidos


pelos estudos que relacionam os níveis de exposição com os efeitos
produzidos. Normalmente expressam-se em concentrações,
quantidades máximas permitidas de contaminante. A valoração da
exposição em relação a este critérios permite estimar o risco que para
a saúde do trabalhador representa essa mesma exposição.

No caso dos agentes biológicos, o nível máximo tolerável será aquele


a partir do qual se manifestam os efeitos tóxicos, alergénicos ou
infeciosos. Não obstante não existirem estudos suficientes que
relacionem os níveis de exposição com os efeitos produzidos, não se
estabelecerão limites de exposição toleráveis.

A valoração do risco pode ser efetuada utilizando como linha


orientadora a Informação Técnica 006/2013 da DGS (Gestão do
Risco Biológico e a Notificação de acordo com O Decreto-Lei n.º
84/97, de 16 de Abril), a qual relaciona a probabilidade de ocorrência e
a estimativa da gravidade do dano.

O resultado da aplicação da grelha de avaliação permitirá hierarquizar


os níveis de risco e adotar as respetivas medidas de controlo e
proteção.

Medidas de controlo
Efetuada a avaliação de riscos, importa estabelecer as medidas de
controlo a aplicar.

Medidas estruturais
As medidas de controlo devem considerar meios de prevenção tanto
na fase de conceção das instalações e da utilização de dispositivos,
nomeadamente, equipamentos e instrumentos que deverão ser
usados para contenção dos materiais perigosos na origem, como
durante a fase de laboração.
Medidas de confinamento
As medidas de confinamento dependem do grupo de risco e podem
dividir-se em 4 níveis.

Medidas de prevenção e redução dos riscos


da exposição
O risco para os trabalhadores deve evitar-se, se possível, ou reduzir-
se ao mais baixo nível.

O empregador deve proceder, sempre que possível à substituição de


agentes perigosos por outros agentes que, em não sejam perigosos
ou causem menos perigo para a segurança ou saúde dos
trabalhadores.

Estabelecer procedimentos de trabalho adequados e utilizar medidas


técnicas apropriadas para evitar ou minimizar a libertação de agentes
biológicos. Exemplo: minimizar a formação de bioaerossóis utilizando
cabines de segurança biológica ou extração localizada.
Reduzir ao mínimo possível o número de trabalhadores expostos.

Adotar medidas de proteção coletiva complementadas com medidas


de proteção individual quando a exposição não puder ser evitada por
outros meios. Nota: Os equipamentos de proteção individual (EPI)
podem constituir eles próprios uma fonte de contaminação.

Adotar medidas seguras para a receção, manipulação e transporte de


agentes biológicos;

 Utilizar meios seguros para a recolha, armazenamento e


evacuação de resíduos, incluindo recipientes seguros e
identificados e o seu tratamento prévio;
 Sinalizar adequadamente os locais (perigo biológico, proibição
de fumar, etc.);
 Estabelecer planos de emergência para fazer face à libertação
acidental de agentes biológicos, especialmente no caso dos
grupos 3 e 4.

Equipamentos de Proteção Individual


 Luvas;
 Máscaras, gorros e óculos de proteção;
 Capotes (aventais);
 Botas.

Regras básicas de higiene


Vigilância médica
A periodicidade mínima dos exames de vigilância da saúde dos
trabalhadores é estabelecida pela legislação e deve constar do plano
mínimo de vigilância médica. No entanto, quando estão envolvidos
agentes biológicos, esta periodicidade pode ser alterada pelo médico
do trabalho e o exame anterior a qualquer exposição possível é
particularmente relevante.

Os procedimentos mais importantes são os seguintes:

 Registo da história clínica e profissional do trabalhador


 Avaliação individual do estado de saúde do trabalhador
 Vigilância biológica, sempre que necessária
 Rastreio de efeitos precoces e reversíveis

Formação e informação dos trabalhadores


Aos trabalhadores deve ser assegurada formação e informação
adequadas sobre:

 Natureza dos microrganismos


 Riscos potenciais para a saúde
 Precauções a tomar para evitar a exposição aos riscos
existentes
 Normas de higiene
 Conceito de desinfeção e descontaminação dos equipamentos e
superfícies
 Utilização dos equipamentos e do vestuário de proteção
 Procedimentos de emergência em caso de acidente

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Agentes Biológicos no
Local de Trabalho
Agentes biológicos no local de
trabalho

O que é o risco biológico


O risco biológico é a possibilidade de um trabalhador sofrer um dano como
consequência da exposição ou contacto com agentes biológicos durante a realização da
sua atividade laboral.

O que são agentes biológicos


Os agentes biológicos definem-se, de acordo com a Diretiva 2000/54/CE do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 18 de setembro de 2000 relativa à proteção dos
trabalhadores contra riscos ligados à exposição a agentes biológicos durante o trabalho,
como microrganismos – bactérias, vírus e fungos, incluindo os geneticamente
modificados, as culturas de células e os endoparasitas humanos suscetíveis de provocar
infeções, alergias ou toxicidade no corpo humano.

Os agentes biológicos reconhecidamente infeciosos para o ser humano são parte


integrante do anexo à Portaria nº 1036/98 de 15 de Dezembro.

Agentes biológicos no local de


trabalho
A Portaria n.º 405/98, de 11 de julho alterada pela Portaria nº 1036/98, de 15 de
dezembro, aprova a classificação dos agentes biológicos. Estas portarias apresentam
uma listagem exaustiva de diversos agentes biológicos, em função da sua natureza –
bactérias, vírus, fungos e parasitas, e do seu grau de perigosidade – classe 1, 2, 3 e 4.
Classificação dos agentes biológicos

 
Bactérias

As bactéria classificam-se quanto:

 À constituição da parece celular em 2 grandes grupos: Gram Positivas (possuem


uma quantidade maior de peptidioglicano, o que confere maior rigidez e
espessura) e Gram Negativas (observa-se uma menor quantidade de
peptidioglicano);
 À morfologia, sendo os mais vulgares os cocos (forma esférica), os bacilos
(forma de bastonete), os espirilos (forma espiralada) e os vibriões (forma de
vírgula);
 À respiração;
 Ao movimento: as bactérias móveis deslocam-se através de flagelos ou pilus;
 Ao metabolismo associado à fonte de energia (fototróficas e quimiotróficas) e
fonte de carbono (autotróficas e heterotróficas).

 
 

A patogenicidade das bactérias depende da sua capacidade em interferir com as células


do hospedeiro (aderir e/ou entrar) ou, ainda, de libertar toxinas. Também a dimensão do
inóculo é um fator determinante no estabelecimento de infeção e varia muito entre as
várias espécies.

Vírus
São as formas de vida mais simples, constituídas unicamente por material genético que
precisam sempre de um hospedeiro (ser vivo que é infetado) para se poderem
reproduzir. Os vírus são partículas infecciosas de reduzidas dimensões, cujo diâmetro
situa-se na gama dos 18 nm aos 300 nm. Os vírus penetram no organismo quando há
quebra da integridade da pele ou através das membranas mucoepiteliais.
*O COVID 19 não apresenta até ao momento( Abril 2020) uma classificação formal
segundo a Autoridade para a Saúde e a Segurança (HSA), apesar de a maioria dos
vírus pertencentes à família Coronaviridae se classificar como grupo de risco 3.
Alguns países, como a Alemanha, Bélgica, Reino Unido e Canadá classificaram-no
provisoriamente como grupo de risco 3.

Fungos
Os fungos são seres unicelulares e pluricelulares, eucariotas cujo habitat natural é o
solo. Existem 3 tipos de fungos: leveduras, bolores e cogumelos. Apresentam uma
estrutura vegetativa chamada micélio, podendo apresentar hifas e reproduzem-se a partir
de esporos.

Há condições ambientais que promovem a presença de diversos fungos que poderão


desencadear reações alérgicas, infeções ou intoxicações nos trabalhadores que estão
expostos a eles. As dimensões dos esporos fúngicos rondam os 10 μm. Estes esporos
podem ser um estímulo antigénico e induzir reações de hipersensibilidade alérgica em
indivíduos previamente sensibilizados. As manifestações clínicas mais comuns incluem
rinite, asma brônquica, alveolites e várias formas de atopia.

Parasitas
Os parasitas são organismos muito complexos e podem ser unicelulares (protozoários)
ou pluricelulares (helmintas e artrópodes).

O seu tamanho é muito variável, em que os protozoários podem possuir um diâmetro


situado entre 1 – 2 μm enquanto os helmintas podem medir até 10 m de comprimento.
As vias mais comuns de penetração no organismo são a ingestão oral, a cutânea e outras
superfícies. Também, muitas das doenças causadas por parasitas são transmitidas
através da mordida de vetores artrópedes.

Como se transmitem os agentes


biológicos
As vias de transmissão dos agentes biológicos são:

 Transmissão direta: Contacto pessoa a pessoa (mãos) durante o manuseamento


de materiais contaminados e quando não são cumpridas as regras básicas de
higiene (ex.: lavagem inapropriada das mãos).
 Transmissão indireta: Contacto através de equipamentos contaminados tais
como por exemplo: descontaminação deficiente de materiais ou equipamentos
contenção e eliminação inapropriada de material cortante ou perfurante. Pode
ocorrer mediante um veículo de transmissão (ex.: materiais contaminados, água,
alimentos, etc.) ou mediante um vetor (ex.: inseto).
 Transmissão aérea: As bactérias no ar não se apresentam como partículas
livres mas estão contidas nas escamas de pele ou em gotículas libertadas
durante, por exemplo, a operação de equipamentos. Uma vez libertadas, estas
partículas vão geralmente assentar nas superfícies horizontais, ou então, as
gotículas podem secar e constituir núcleos que, devido ao seu baixo peso, ficam
suspensas no ar, podendo ser inaladas.

As vias de entrada dos agentes biológicos são:

 Respiratória ou inalatória: é a principal via de entrada dos agentes biológicos.


A exposição deve-se a presença de agentes biológicos no ambiente de trabalho
na forma de bioaerossóis.
 Dérmica ou cutânea: a entrada do agente biológico é possível por meio da pele
íntegra, pele lesada ou por meio das mucosas (olhos, nariz, boca). A exposição
durante o manuseamento de materiais contaminados como, ferramentas,
superfícies, matéria-prima ou, com pessoas ou animais contaminados.
 Digestiva ou oral: a via de entrada do agente biológico ocorre através da
ingestão de alimentos, água ou outro tipo de elementos contaminados. Em
ambiente profissional acontece sobretudo por práticas desadequadas de higiene
(não lavar as mãos frequentemente, por exemplo).
 Percutânea: a entrada do agente biológico dá-se por inoculação nas camadas
profundas da pele. A exposição ocorre como consequência de um acidente com
materiais corto-perfurantes, como uma picada de agulha, corte, mordedura ou
picada de animal.

Quais os danos que podem


provocar os agentes biológicos
no trabalhador
Os agentes biológicos podem causar três tipos de doenças:

 Infeções causadas por parasitas, vírus ou bactérias (ex.: Brucelose – atividades


agrárias; Tétano – construção civil);
 Alergias causadas pela exposição a poeiras orgânicas provenientes do bolor ou
do pó de farinha e partículas de descamação, enzimas e ácaros;
 Envenenamento ou efeitos tóxicos causados por toxinas produzidas por fungos
e bactérias.

Alguns riscos biológicos podem causar cancro (ex.: Hepatite B – cancro fígado) ou
danos no feto

A perigosidade de um agente biológico e a sua capacidade de causar dano estabelece-se


sobretudo pela classificação no grupo de risco em que se insere. Esta classificação é
efetuada em função dos seguintes critérios:

 Capacidade de infetar seres humanos


 Possibilidade de se transmitir entre seres humanos e de se propagar na
coletividade
 A gravidade da doença que causa e a disponibilidade de fármacos ou profilaxia
de combate aos danos provocados pela mesma.

Quais as atividades em que


existe risco de exposição a
agentes biológicos
Algumas das atividades em que se verifica a exposição a agente biológico do grupo 2, 3
ou 4, classificados de acordo com a Portaria n.º 1036/98, de 15 de Dezembro, e onde o
risco profissional é mais significativo são:
Sempre que, no desempenho das suas atividades, os trabalhadores entrem em contacto
com:

 materiais naturais ou orgânicos, tais como terra, argila, materiais de origem


vegetal (feno, palha, algodão, etc.)
 substâncias de origem animal (lã, pêlo, etc.)
 alimentos
 poeiras orgânicas (por ex. farinha, partículas de descamação e poeiras de papel)
 resíduos, águas residuais
 sangue e outros fluidos corporais

poderão estar expostos a agentes biológicos.

Modelo de Plano de Contingência (COVID-19) para Empresas – DESCARREGAR

SST – Lista de verificação para empresas (COVID-19) – DESCARREGAR

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