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Gestão financeira
quantitativa básica
Pedro Chaim
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação,
Vice-Presidente de Pós-Graduação
Paulo de Tarso Pires de Moraes
e Educação Continuada
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Conselho Acadêmico Danielle Leite de Lemos Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Ricken Barbosa
Priscila Pereira Silva
ISBN 978-85-522-0653-8
CDD 330
2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
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SUMÁRIO
Introdução
Nesta disciplina caro(a) aluno(a), você irá aprender conceitos básicos da matemática financeira e da
avaliação de investimentos. No fim desta leitura, você será dominará as ferramentas necessárias para
vista, nenhum juro para o pagamento em duas parcelas mensais e 2% de juros ao mês para o
pagamento em cinco meses. Se, no banco, o dinheiro rende 1% ao mês, qual é a forma de paga-
• Um empresário precisa escolher entre duas máquinas que exercem funções iguais. A máquina
“A” tem custo de aquisição de R$ 850,00, custo operacional anual de R$ 250,00 e vida útil
esperada de cinco anos. A máquina “B” custa R$ 1.200,00, tem custo operacional anual de R$
200,00 e vida útil esperada de sete anos. Qual é a máquina mais vantajosa para o empresário?
• Considere que um título de dívida paga juros semestrais de R$ 50,00 por ano, durante dez anos.
Se o custo de oportunidade do dinheiro é 15% ao ano, quanto vale esse título hoje?
Perceba que essas três perguntas estão relacionadas ao valor de fluxos monetários (fluxos de caixa)
no tempo. Os valores desses fluxos monetários futuros são maiores ou menores, quando comparados
com o valor atual, dependendo da taxa de juros utilizada na avaliação. Essa taxa, por sua vez, é o preço
do dinheiro no tempo, ou seja, é uma “tarifa” paga pelo tomador de um empréstimo, que remunera o
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Pode não ser aparente no início, mas essas perguntas motivadoras podem ser interpretadas da
seguinte forma: o dinheiro é emprestado, ou investido, tendo em mente o retorno futuro. Por exem-
plo, quando um varejista vende uma geladeira a prazo, o comprador usa a geladeira para conservar sua
comida sem ter pago todo o preço do eletrodoméstico, ou seja, o varejista empresta ao consumidor o
valor monetário equivalente ao da geladeira. Quando um empresário investe em uma máquina para
sua fábrica, podemos considerar que ele está “emprestando o dinheiro para a máquina”, pois espera
que o investimento inicial seja coberto pelo lucro que ela vai gerar.
FONTE: o autor.
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Observe que o tempo é representado pelo eixo horizontal (t = 0; t = 1; t = 2; etc.) e que os fluxos
de caixa (CF (t)) são representados pelas setas verticais. As setas para cima representam fluxos posi-
tivos, enquanto as setas para baixo representam fluxos negativos. Ademais, a magnitude dos fluxos
Nesta disciplina, diagramas desse tipo serão utilizados diversas vezes. Como os primeiros problemas
apresentados são bastante simples, desenhar o diagrama pode parecer desnecessário, mas, quando
houver problemas que envolvem múltiplos fluxos de caixa, em vários períodos diferentes, o diagrama
2. Títulos de desconto
Um exemplo clássico e bastante relevante, caro(a) aluno(a) são os títulos de desconto. Os principais
instrumentos de dívida emitidos pelo tesouro americano são as T-Bills (Treasury Bills), a qual é um
título de desconto zero-cupom, ou seja, todo o pagamento é feito de uma só vez. Em outras palavras,
fixa-se um valor, que será pago ao detentor do título em uma data futura combinada (a maturidade),
e negocia-se um preço para esse título, para essa promessa, hoje. A taxa de juros (que no contexto
das T-Bills é, às vezes, chamada de yield ou “rendimento”) é determinada pela razão entre o valor
Considere uma T-Bill que promete um pagamento de R$ 1.000,00 daqui a um ano (ou seja, a
maturidade do título é um ano). Hoje, esse título é negociado por R$ 850,00. Qual é a taxa de juros
anual implícita no título? Antes de responder a essa pergunta, atente-se ao conceito de notação.
Vamos chamar o valor pago no vencimento de valor futuro (FV, future value) ou de valor de face (o
valor prometido no contrato do título). O preço do título hoje denomina-se valor presente (PV, present
value) ou preço unitário, a maturidade do título é T e a taxa de juros é r (valor de face e preço unitário
são termos usados no contexto de títulos de renda fixa). Assim, o valor futuro é o valor presente mul-
tiplicado pelo fator de capitalização (um mais a taxa de juros, r) e por uma quantidade de períodos, T.
mente. Hoje, quando um título é comprado por seu preço unitário, ocorre um fluxo de caixa negativo
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de magnitude PV, indicado pela seta para baixo, no período t = 0. Nesse caso, o título paga um valor
fixo, FV, na maturidade, e apenas um fluxo de caixa positivo no vencimento, como demonstra a seta
para cima em t = 1.
FONTE: o autor.
Nesse caso, qual é a taxa de juros implícita no título? Quanto o emissor do título paga por usufruir
do preço unitário até o vencimento? Uma maneira de entender a taxa de juros é com a resposta para a
seguinte pergunta: quanto do valor presente precisamos adicionar ao próprio valor presente, a fim de
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obter o valor futuro? Utilizando os números do exemplo anterior, fazemos a seguinte demonstração:
Portanto, a taxa de juros implícita é de, aproximadamente, 17,64% ao ano. É interessante notar
que, quando dividimos duas grandezas monetárias, há o cancelamento de suas dimensões e o resul-
tado é uma taxa. Ademais, se tivermos o valor presente de um título atual e a taxa de juros a ser
capitalizada durante uma dada maturidade, é possível calcular o valor futuro do título no vencimento.
Por exemplo, se o preço unitário, PV, é R$ 900,00, a taxa de juros é de 10% ao ano e a maturidade
Por exemplo, considere que alguém toma um empréstimo de R$ 5.000,00 com duração de um
ano e com uma taxa de juros de 15% ao ano. Quanto o tomador do empréstimo deve devolver no
fim do ano?
Desse modo, o tomador deve devolver R$ 5.750,00 no fim do ano. Analogamente, tendo o valor
de face e a taxa de juros, podemos recuperar o preço unitário. Por exemplo, se o valor de face, FV, é
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Para saber mais
Uma das modalidades de crédito mais pop-
ulares entre pequenas e médias empresas é o desconto de
duplicatas, que funciona da seguinte maneira: a empresa
tem alguma receita a receber no futuro (talvez, devido a
uma venda a prazo), mas precisa de capital de giro hoje.
Então, promete ao banco que vai entregar aquela receita
quando receber, enquanto o banco adianta uma quantia
menor hoje. Exatamente como uma T-Bill, concorda?
os juros de títulos da dívida americana pode parecer estranho e desconexo em relação ao dia a dia da
gestão financeira, mas essa desconexão é apenas aparente. Isso porque várias modalidades de crédito,
tamente como as T-Bills. Por exemplo, o tesouro brasileiro se compromete a pagar R$ 1.000,00 em
uma data futura e vende essa promessa hoje a um valor menor. A taxa de juros é determinada, uni-
No dia 23/01/2018, a taxa de juros implícita na T-Bill com maturidade de um ano, 52 semanas, era de
1,73% ao ano (FEDERAL RESERVE BANK OF ST. LOUIS, 2018). No mesmo dia, a LTN com vencimento
em 2020 era negociada com taxa de juros implícita de 8,01% ao ano (TESOURO DIRETO, 2018). Por
que os títulos brasileiros pagam taxas de juros tão mais altas do que os títulos equivalentes americanos?
A resposta para essa pergunta é relacionada com a natureza da taxa de juros, que é, essencial-
mente, o preço do dinheiro no tempo. Salientamos que os títulos aos quais nos referimos são pro-
messas de um único pagamento, em uma data futura. Quando você compra uma LTN, está, basica-
mente, emprestando dinheiro ao governo brasileiro e, quando compra uma T-Bill, está emprestando
ao governo americano.
A primeira razão para o diferencial de juros é o fato de que as T-Bills são definidas em dólares,
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enquanto as LTNs, em reais. Ademais, o dinheiro perde poder de compra, quando aumenta o preço
dos bens e dos serviços transacionados na economia. A variação positiva dos preços é chamada de
Agora, considere a seguinte situação: esperamos que o preço dos bens e dos serviços nos EUA suba
cerca de 1,5%, em 2018, contra uma expectativa de inflação de, aproximadamente, 4% no Brasil,
também nesse ano, segundo o boletim Focus (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018). Para comparar
uma promessa de mil dólares, daqui a um ano, com uma promessa de mil reais, também daqui a um
ano, precisamos considerar o quanto esperamos que o dinheiro pode perder de poder de compra em
cada país.
Como exposto, esperamos que a inflação brasileira seja de cerca de 4% em 2018. Como você já sabe,
a inflação é o aumento dos preços de bens e serviços, mas isso não significa que todos os preços, na
economia brasileira, vão subir 4% nesse ano. Provavelmente, mensalidades escolares vão subir mais de
do índice agregado.
As taxas esperadas de inflação, no entanto, não explicam todo o diferencial de juros entre Brasil e EUA.
Se, simplesmente, subtrairmos a taxa esperada de inflação da taxa de juros (por “capitalização simples”,
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assunto da próxima leitura fundamentada), a taxa de juros real, ou seja, geralmente, já descontada a infla-
ção esperada, dos EUA é de 0,30% a.a. (ao ano), enquanto a taxa de juros real
Inflação Esperada
Link
O boletim Focus, mencionado no texto, é uma pesquisa
realizada mensalmente pelo Banco Central do Brasil, na
O restante do diferencial de juros se dá qual participantes do mercado financeiro apresentam
suas previsões para variáveis macroeconômicas. A me-
pelo risco de crédito (risco de calote) asso- diana das previsões do Focus é um indicador de previsão
importante para diferentes taxas de inflação e costuma
ciado a cada um dos títulos. Os participantes ser uma boa previsão para períodos de até um ano. Você
pode consultar os destaques do boletim Focus, que estão
do mercado acreditam que existe uma pro- disponíveis em: <https://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/
readout/readout.asp>. Acesso em: 23 mar. 2018.
babilidade maior de que o Brasil não honre
suas obrigações, se comparado aos EUA, por
Mudando ligeiramente o contexto, considere o problema de um banco brasileiro que cogita empres-
tar uma quantia monetária igual para duas pessoas diferentes. Essas pessoas são rigorosamente idên-
ticas em ocupação, renda, patrimônio e histórico de crédito, mas uma delas é empregada do setor
Tendo em vista que, no Brasil, um emprego público oferece maior estabilidade (no sentido de “não
ser demitido”) do que um emprego no setor privado, há maior probabilidade de o trabalhador do setor
privado não conseguir honrar as obrigações contraídas no empréstimo. Então, faz sentido que o banco
cobre uma taxa de juros menor do funcionário público para emprestar a mesma quantia, pelo mesmo
tempo.
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Questão para reflexão
Até agora, apresentamos o cálculo da taxa de juros total de uma operação financeira, como se os
juros fossem cobrados de uma vez só, no vencimento. O que aconteceria se a taxa de juros fosse a
metade, mas cobrada duas vezes no período de empréstimo? O montante total de juros seria o dobro?
Considerações finais
O objeto de estudo da gestão financeira é o valor de fluxos de caixa, em diferentes períodos, no tempo.
• A taxa de juros é o preço do dinheiro no tempo. É uma “tarifa” paga pelo tomador de um
empréstimo pelo privilégio de utilizar uma quantidade monetária por um período de tempo
predeterminado.
• A taxa de inflação (deflação) é a variação positiva (negativa) do preço dos bens e serviços, tran-
• Os principais determinantes da taxa de juros são a taxa de inflação e o risco de crédito asso-
ciado à operação.
Glossário
Taxa de Juros, r: preço do dinheiro no tempo.
Valor presente, PV: valor de um fluxo monetário hoje corresponde ao valor futuro, descontado pela
taxa de juros. No contexto de títulos de renda fixa, às vezes, o valor presente é chamado de preço
unitário.
Valor futuro, FV: valor de um fluxo monetário no futuro corresponde ao valor presente, capi-
talizado pela taxa de juros. No contexto de títulos de renda fixa, às vezes, o valor futuro é cha-
Título de desconto: instrumento financeiro que promete um pagamento no futuro, o valor de face,
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e é negociado hoje por um valor menor (o preço unitário).
Verificação de leitura
QUESTÃO 1- Se um título de desconto zero-cupom, com maturidade de um ano, tem preço unitário
de R$ 550,00 e taxa de juros anual de 20%, então o valor de face do título é de:
a) R$ 750,00.
b) R$ 770,00.
c) R$ 1.000,00.
d) R$ 600,00.
e) R$ 660,00.
e) 12%.
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b) taxa de juros; taxa de inflação esperada; risco comercial.
c) taxa de deflação; taxa de juros esperada; patrimônio líquido.
Referências Bibliográficas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Composição do IPCA.
Disponível em: <https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?t=ip-
ca-indice-geral-grupos-produtos-servicos&vcodigo=IA60>. Acesso em: 23 jan. 2018.
FOCUS relatório de mercado. Banco Central do Brasil. 19 jan. 2018. Disponível em: <https://
www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20180119.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2018.
TESOURO DIRETO. Rentabilidade dos títulos públicos. 2018. Disponível em: <http://www.
tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-precos-e-taxas-dos-titulos>. Acesso em: 23 jan.
2018.
1-YEAR Treasury Bill: Secondary Market Rate. Federal Reserve Bank of St. Louis. 2018.
Disponível em: <https://fred.stlouisfed.org/series/DTB1YR>. Acesso em: 23 jan. 2018.
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Gabarito
FV=$550(1+20%)
FV=$660
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Capitalização
simples e
composta
Objetivos específicos
• dominar a lógica e o cálculo do regime de capitalização de juros simples e compostos;
Introdução
Na Unidade I, você compreendeu que juro é o nome dado à quantia paga pelo tomador de um
empréstimo, como compensação pelo privilégio de utilizar a quantia emprestada por um período de
tempo preestabelecido. Você também aprendeu a calcular a taxa de juros implícita em um título de
Quando a taxa de juros é capitalizada ou incide, várias vezes, sobre o principal do empréstimo PV
ou o capital inicial PV do investimento, o valor futuro, FV, depende do regime de capitalização acor-
dado. Nesse sentido, os dois regimes de capitalização mais usados são o simples e o composto.
No regime de capitalização simples, a taxa de juros sempre incide apenas sobre o capital inicial.
Devido a essa característica, o valor futuro de um principal capitalizado pelo regime de capitalização
simples cresce de maneira linear. No regime de capitalização composta, os juros do período anterior
são adicionados ao capital a ser valorizado no próximo período. Por isso, o valor futuro, no regime
composto, cresce exponencialmente. Assunto que será mais bem desenvolvido neste material.
1. Capitalização simples
O regime de capitalização simples refere-se ao fato de os juros, a cada período, serem cobrados apenas
sobre o capital inicial. Considere que alguém faça um empréstimo hoje de R$ 5.000,00 (às vezes, a quantia
emprestada é chamada de principal ou capital inicial), por um período de quatro anos, a uma taxa de juros
de 10% ao ano. Qual é o montante (principal mais juros) a ser pago no final dos quatro anos? Considere que
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os juros são pagos ano a ano, ou seja, que o tomador tem um fluxo de caixa negativo a cada ano igual ao
Agora, de maneira geral, qual é o valor futuro, FV, de um capital inicial, PV, remunerado por uma
taxa de juros simples, i, a cada período, T períodos no futuro? Lembre-se de que o valor futuro FV,
FV=PV+j
Como exposto, no regime simples, a taxa de juros, i, é capitalizada a cada período sobre o prin-
cipal, PV. Em outras palavras, a quantia total de juros a ser paga, até o período T, é J = T . i. PV.
Essa é a fórmula de capitalização por regime simples. Nessa perspectiva, quanto o valor futuro FV
cresce a cada período? Sabemos que o valor futuro de um principal aplicado por T períodos, a uma
taxa simples, r, é FV(T,i)=PV(1+Ti). Trata-se da equação de uma reta. A Figura 1 demonstra que o valor
futuro sob capitalização simples cresce, de maneira linear, com o passar do tempo.
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FIGURA 1 – CAPITALIZAÇÃO SIMPLES
FONTE: o autor.
2. Capitalização composta
No regime de capitalização composta, os juros do período anterior são adicionados ao capital a
ser valorizado no próximo período. Para entender melhor esse conceito, considere, novamente, um
empréstimo de R$ 5.000,00, com taxa de juros de 10% ao ano e duração de quatro anos. Definimos
a taxa de juros por ano, mas o período total do empréstimo são quatro anos. A taxa de juros de 10% é
capitalizada quatro vezes do início até o fim da operação. Assim, podemos entender o problema como
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Temos os dados: i = 10%, no primeiro ano, PV1=$5000. Então,
• Agora considere que os juros sejam pagos somente no vencimento, de modo que o valor futuro
(o montante) do primeiro período torna-se o valor presente (principal) do segundo período.
Assim,
Esse foi um exemplo de capitalização composta. O ponto importante é que os juros são incorporados
• No período 1:
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• No período 2:
• No período 3:
• No período T:
O valor futuro FVT de um principal PV1, aplicado de maneira composta por T períodos, é deter-
minado pelo capital inicial PV1, multiplicado pelo fator de capitalização (1 + l ), elevado à T-ésima
potência. Veja, na Figura 2, que o valor futuro, no regime composto, cresce exponencialmente com o
passar do tempo. O eixo horizontal representa o tempo decorrido desde o início da operação e o eixo
vertical representa o valor futuro do investimento em cada período. Note como o valor futuro cresce
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FIGURA 2 – CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA
FONTE: o autor.
Na capitalização simples, os juros incidem apenas sobre o capital inicial PV. A fórmula que retorna
o valor futuro FV, capitalizado sob regime simples, por T períodos, com taxa de juros r, é:
Sob capitalização composta, os juros do período anterior são incorporados ao capital a ser valori-
zado no próximo período. A fórmula que retorna o valor futuro FV, capitalizado sob regime composto,
por T períodos, com taxa de juros r, é:
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3. Comparação entre capitalização
simples e composta
No regime composto, os juros do período anterior são incorporados ao principal do empréstimo no
próximo período, de modo que o montante (principal mais juros, o valor futuro) cresce exponencial-
mente. No regime simples, a taxa de juros incide apenas sobre o capital inicial, talvez porque os juros
Nesse sentido, considere um capital inicial de R$ 1.000,00, que rende uma taxa de juros de 8% por
período. A Figura 3 apresenta o efeito da capitalização de juros sobre juros. Nesse caso, a linha pon-
tilhada azul representa o valor do investimento inicial sob capitalização composta e a linha pontilhada
Como na capitalização composta os juros são incorporados ao capital no período seguinte, o valor
futuro cresce cada vez mais rápido. Na capitalização simples, como os juros incidem apenas sobre o
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FIGURA 3 – COMPARAÇÃO ENTRE OS REGIMES SIMPLES E COMPOSTO DE CAPITALIZAÇÃO
FONTE: o autor.
tizar que essa é a taxa apresentada como referência. Agora, pense: quanto é a taxa de juros acumu-
lada, ou efetiva, equivalente, após dois anos e quatro meses? Note, caro(a) aluno(a), que não importa
o capital inicial. A taxa acumulada deve ser calculada no regime simples e no composto.
No regime simples,
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A taxa de juros é medida por ano, ou seja, a cada 12 meses. Portanto,
Isso significa que, cada período é representado por , “meses por ano”. Assim, o período de dois
anos e quatro meses é “meses por ano”. O fator de capitalização, um mais a taxa de juros,
A taxa de juros acumulada, após dois anos e quatro meses, é de 35%. Uma taxa de juros simples,
de 15% por ano, é equivalente a uma taxa simples de 35%, a cada dois anos e quatro meses.
No regime composto,
Reiteramos que, como a taxa de juros é medida em anos e o período de interesse é de dois anos
Portanto, a taxa de juros composta efetiva ou equivalente, em dois anos e quatro meses, é de
38,55%. Usando essa lógica, é fácil calcular a taxa de juros efetiva durante qualquer período de
• aprender a escrever o período de interesse, em termos dessa frequência. No exemplo, dois anos
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e quatro meses foi representado por anos.
fórmula:
Por exemplo, se for feito um empréstimo de R$ 5.000,00, com taxa de juros composta de 10% ao
ano, qual será o valor desse empréstimo após um ano e meio? Para responder a essa pergunta, primeiro, é
preciso calcular a taxa de juros efetiva. A taxa de referência, taxa nominal, é descrita ao ano, então, para
transformá-la na taxa acumulada em um ano e meio, escrevemos o expoente da fórmula de capitalização
composta como “doze mais seis meses sobre doze meses” (um ano e meio expresso em meses).
Agora, fica mais fácil calcular o valor futuro, após um ano e meio:
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5. Principais taxas de juros brasileiras
Neste momento, caro(a) aluno(a), você vai conhecer algumas das taxas de juros mais importantes
da economia brasileira. São elas: Selic (Sistema especial de liquidação e de custódia), CDI (Certificado
A Selic é uma taxa de juros calculada para títulos federais. Trata-se da “meta”
estabelecida pelo Banco Central (BC), que baliza as demais taxas de juros da
( ( PV .(1 i ) FV ) )
vende títulos públicos, que mantém em sua 360
carteira, ou novos títulos públicos emitidos Ou são considerados dias úteis (du), definidos em um ano
de 252 dias, com 12 meses de 30 dias corridos, com 21
pelo Tesouro Nacional. dias úteis. Desse modo,
du
( ( PV .(1 i ) 252 FV ) )
CDI é a taxa de juros que os bancos comer-
ciais cobram para emprestar dinheiro, no cur-
geral, a taxa CDI fica, ligeiramente, abaixo da taxa Selic. Apesar de o cidadão
comum não negociar, de modo direto, com operações desse tipo, a taxa CDI
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responsabilidade do Banco Central, introduzida no início da década de 1990, como ferramenta de
controle da inflação. O valor da taxa referencial é positivo ou zero e costuma ser inversamente rela-
de juros de longo prazo). Criada em 1994, a TJLP é definida trimestralmente pelo Conselho Monetário
Nacional (CMN), com base na meta de inflação e em um prêmio de risco. Na prática, a definição da
TJLP está sujeita às decisões políticas, de modo que a remuneração de TJLP é inferior ao custo de
A TJLP, até o início de 2018, era a taxa de juros que incidia sobre operações de empréstimo do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), fazendo o governo “pagar” para
fazer esses empréstimos. A partir de 1º de janeiro de 2018, a TJLP foi substituída pela TLP (Taxa de
Desse modo, a TLP não terá o componente de “prêmio de risco”, definido de maneira discricioná-
ria, como na TJLP, pois a remuneração será igual a taxa de juros real nas NTN-B de cinco anos (Notas
do Tesouro Nacional série B), mais o IPCA do período (Índice de preços ao consumidor amplo). Muitos
timento, no fim do ano, é de R$ 200,00. Agora, considere que a taxa de juros seja a metade, 50%,
mas capitalizada duas vezes no ano. No primeiro semestre, 50% é adicionado aos R$ 100,00, resul-
tando em R$ 150,00. No segundo semestre, 50% incide sobre R$ 150,00, de modo que o valor do
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valor futuro do investimento seria de cerca de R$ 244,00. Observe:
Desse modo, caro(a) aluno(a), quanto maior for a “frequência de cobrança” dos juros, maior será o
capital inicial no vencimento. Esse é o efeito dos “juros sobre juros” da capitalização composta. O que
aconteceria se 1% de juros fossem cobrados 100 vezes no ano? Se 0,1% fosse cobrado 1000 vezes? Se
os juros fossem cobrados a todo momento, continuamente? O valor futuro cresceria de maneira inde-
finida? Tente usar uma calculadora ou um programa como o Excel para descobrir, para testar valores
Considerações finais
Apresentamos como calcular o valor futuro de uma quantidade monetária capitalizada pelo regime
Explicamos como calcular o valor futuro de uma quantidade monetária capitalizada pelo regime
A taxa de juros efetiva é a taxa de juros acumulada até um período de interesse, que pode ser
Apresentamos algumas taxas de juros relevantes para a economia brasileira: Selic, CDI, TR e TJLP/
TLP.
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Glossário
Principal/capital inicial: esses termos se referem à quantia inicialmente emprestada/investida, PV,
Capital: capital de segundo período, por exemplo, não capital inicial, é a quantia sobre a qual
incide a taxa de juros no segundo período, ou seja, é o capital a ser valorizado no segundo período.
No regime composto de capitalização, a cada período, os juros são adicionados ao capital. No regime
Fator de capitalização: o termo “fator”, em matemática financeira, refere-se a uma quantidade igual
Taxa de juros nominal: é a taxa de juros de referência, isto é, a que consta no contrato da opera-
ção financeira.
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Verificação de leitura
QUESTÃO 1- Considere um empréstimo de R$ 1.500,00, com duração de cinco anos. A taxa de juros
anual é de 8%, e o tomador paga juros anuais. Portanto, o tomador paga remessas anuais de ________
e, no fim do período de empréstimo, deve pagar __________ ao credor.
a) R$ 120,00; R$ 2.204,00.
b) R$ 120,00; R$ 1.500,00.
c) R$ 240,00; R$ 2.204,00.
d) R$ 60,00; R$ 1.500,00.
e) R$ 60,00; R$ 2.204,00.
QUESTÃO 2- Qual é o valor futuro de um capital inicial de R$ 2.500,00, capitalizado sob regime com-
posto, a uma taxa de juros de 6% ao ano, após oito anos?
a) R$ 3.250,00.
b) R$ 3.100,00.
c) R$ 3.156,19.
d) R$ 3.984,62.
e) R$ 3.457,57.
QUESTÃO 3- Considere uma taxa de juros de referência de 15% ao mês. Qual é a taxa de juros efetiva
para o período de dois meses e nove dias, considerando que o mês tem 30 dias?
a) 37,91%.
b) 40,00%.
c) 32,25%.
d) 34,50%.
e) 35,00%.
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Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Fazenda. Sancionada lei que cria Taxa de Longo Prazo (TLP) em subs-
tituição à TJLP. 22 set. 2017. Disponível em: <http://www.fazenda.gov.br/noticias/2017/
julho/sancionada-lei-que-cria-taxa-de-longo-prazo-tlp-em-substituicao-a-tjlp>. Acesso
em: 23 fev. 2018.
Leitura complementar
ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017.
Gabarito
QUESTÃO 1- Alternativa b. Como o tomador paga remessas de juros anuais, essa quantidade não é
incorporada ao capital valorizado a cada período. Então, a lógica é de capitalização simples. O toma-
dor paga, anualmente, remessas de juros de r.PV=8%.$1500=$120. No fim do empréstimo, retorna o
principal de $1500.
PV(1+r)T=FV→$2500(1+6%)=$3984,62
QUESTÃO 3- Alternativa a. A taxa básica é definida ao mês. Podemos escrever um mês como
“mês”, assim, dois meses e nove dias são “meses”. Desse modo, a taxa
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3
Desconto
simples e
composto
Objetivos Específicos
• dominar a lógica e o funcionamento das operações de desconto simples e composto;
• entender como a inflação diminui o poder de compra do dinheiro e como ela se relaciona com
• aprender como realizar operações de capitalização e desconto, quando a taxa de juros varia perí-
odo a período;
Introdução
O principal objetivo desta unidade é olhar o problema da acumulação dos juros no tempo, pela ótica
inversa. Ao invés de calcular o quanto um capital inicial se valoriza até uma data futura, você pode se
perguntar, caro(a) aluno(a), qual é o valor hoje de uma quantidade monetária no futuro? Trata-se da
Nesse sentido, você entenderá como a inflação diminui o poder de compra do dinheiro e como
calcular a rentabilidade de uma operação financeira em termos reais, de bens e serviços, não de dóla-
res ou reais. Você também compreenderá como é possível realizar operações de capitalização e des-
conto, quando a taxa de juros varia período a período. Para resolver esse tipo de problema é preciso
“quebrar” a operação em várias operações diferentes ou calcular a taxa de juros efetiva para todos os
períodos.
Finalmente, você começará a se familiarizar com a calculadora financeira HP12c, visto que essa
ferramenta auxilia muito o trabalho no dia a dia. As funções pré-programadas da HP12c possibilitam
a realização de cálculos financeiros muito complexos para serem realizados em calculadoras comuns.
Isso vai ficar bem claro, caro(a) aluno(a), quando apresentamos os conceitos relacionados às séries de
36
1. A operação de desconto
Na Unidade 2, caro(a) aluno(a), você aprendeu a capitalizar uma quantia monetária nos regimes
simples e composto. O valor futuro FV de um capital inicial PV, aplicado a uma taxa de juros i por
O que chamamos de desconto é a operação inversa da capitalização. Você conhece o valor futuro
FV, a taxa de juros i, o número de períodos T, então, pergunta: qual é o valor hoje, o valor presente
PV, da quantia monetária FV, que só será recebida (ou paga) no futuro T? Lembre-se de que essa
operação não é desconhecida, caro(a) aluno(a), pois apresentamos exercícios parecidos, com T = 1,
na Unidade 1.
É fácil manipular as fórmulas de capitalização simples e composta para isolar o valor presente PV.
De acordo com Assaf Neto (2016), só precisamos dividir os dois lados da fórmula do regime simples
por (1+T.i), e da fórmula do regime composto por (1+i)T, para que sejam obtidas fórmulas de:
Salientamos que as operações de desconto não são elementos separados das operações de capi-
talização. Afinal, trata-se de problema igual, quando olhado de forma contrária. Nesse sentido, o que
conceitos de frequência de incidência da taxa de juros e das taxas efetivas ou equivalentes se aplicam
Por exemplo, considere um título de desconto zero-cupom, com valor de face R$ 1.000,00,
maturidade de sete anos e taxa de juros de 9% ao ano. Qual é o preço unitário do título hoje?
37
Quando nada mais é informado, costumamos assumir o regime composto. Então, com base na
Caso seja preciso descontar o título pelo regime simples, é preciso aplicar a fórmula de des-
conto simples:
FV $1000
PV $613, 50
1 Ti 1 7.9%
FV $1000
No regime simples: PV
$510, 20 .
1 iT 1 12 x8%
FV $1000
No regime composto: PV T
$397,11 .
(1 i ) (1 8%)12
A Figura 1 mostra o valor presente do título em cada um dos anos, sendo que o intercepto é o
resultado dos cálculos do exemplo. A linha pontilhada preta representa o valor presente por desconto
simples, enquanto a linha pontilhada azul representa o valor presente por desconto composto. O eixo
horizontal representa o tempo transcorrido desde o início do investimento. Nesse exemplo, com matu-
ridade de 12 anos, FV/(1+1 x i) é o valor presente (simples), faltando um ano para o vencimento (em
t - 11, na Figura 1), FV/(1+2 x i) é o valor presente (simples), faltando dois anos para o vencimento (em
t - 10, na Figura 1).
38
FIGURA 1 – COMPARAÇÃO ENTRE REGIMES DE DESCONTO SIMPLES E COMPOSTO
FONTE: o autor.
Com base na Figura 1, podemos afirmar que, em uma mesma taxa de juros, o valor presente por
desconto composto é menor do que o valor presente com desconto simples, conforme o número de
períodos descontados aumenta. Trata-se do fenômeno dos juros compostos “ao contrário”. Da mesma
forma que na capitalização, se o período de interesse é inferior a um, o contrário também é verdade,
isto é, se T< 1, então, (1+Ti) > (1+i)T e o valor presente por desconto simples é menor do que o valor
Você pode visualizar esse efeito na Figura 2. Para que a diferença seja visualmente perceptí-
vel, usamos uma taxa de juros bastante alta, 90% ao período. O painel (a) mostra a operação de
39
capitalização, sendo que a linha sólida azul representa o valor futuro composto e a linha sólida laranja
representa o valor futuro simples. As linhas se interceptam em t -1. O painel (b), por sua vez, mostra a
operação de desconto, sendo que a linha sólida azul representa o valor presente composto e a linha
FONTE : o autor.
40
Para saber mais
Para saber mais: Há equivalência entre os regimes simples e composto, porque, quando o período de interesse,
de capitalização ou desconto, é igual a um, temos:
no regime simples:
FVsimples=PV.(1+T.i)=PV(1+1.i)=PV.(1+i)
no regime composto:
FVcomposto=PV.(1+i)T=PV(1+i)1=PV.(1+i) Assim, FVsimples= FVcomposto
pela taxa esperada de inflação, isto é, o quanto se espera que os bens e serviços na economia fiquem
mais caros, somada à taxa de juros real (compensação pelo risco da operação). Desse modo,
Essa equação ilustra bem o conceito, mas, depois de estudar os regimes simples e composto de
capitalização/desconto, você consegue entender a equação subentende a soma das taxas conforme o
regime simples. A maneira correta de somar (subtrair) a taxa de inflação é utilizando o regime com-
posto de capitalização (desconto). Talvez, caro(a) aluno(a), a melhor forma de entender a razão seja
Considere que você gerencia uma plantação e precisa comprar fertilizantes, a fim de se preparar
para a colheita do próximo ano. Hoje, você tem R$ 1.000,00 separados para comprar fertilizantes,
que custam R$ 10,00 por litro. Como o dinheiro só será gasto no ano seguinte, faz sentido investi-lo,
por exemplo, em um fundo de renda fixa, que remunera 10% ao ano, mas considere que, passado um
41
ano, o preço do fertilizante teve um aumento de 5%, ou seja, agora custa R$ 10,50 por litro. Quantos
O valor futuro dos R$ 1.000,00 de capital inicial, aplicados a uma taxa de 10% ao ano, é de R$
1.100,00. Cada litro de fertilizante custa R$ 10,50. Portanto, você poderá comprar $ 1100/$10.5 -
104,76 litros de fertilizante. Em outras palavras, os R$ 1.000,00 que compravam 100 litros de ferti-
A rentabilidade da operação financeira em termos reais, em termos do produto que será com-
A taxa de juros nominal é i, a taxa de inflação é r e a taxa de juros real é π. Podemos reescrever
que acontece se a taxa de juros variar? Se, por exemplo, um capital inicial de R$ 1.000,00 fosse capi-
talizado, em regime composto, por dois períodos, a uma taxa de 12%, no primeiro período, e de 15%,
42
Para resolver esse problema, há duas possíveis opções. É possível separar a operação em duas ope-
rações diferentes, uma que rende 12% ao ano, por um ano, e mais uma que rende 15% ao ano, por
FV1=PV1.(1+i1)
FV1=$1000.(1+12%)=$1120
PV2=FV1
FV2 = PV2.(1+i2)
FV2=$1120.(1+15%)=$1288
Observe, caro(a) aluno(a), que houve uma pequena modificação em relação ao esquema que utili-
zamos para calcular a fórmula geral de capitalização composta, com taxa de juros constante. O incon-
veniente é que, nessa forma, fica complicado expressar o valor futuro FV2 final em função do capital
inicial PV1.
Talvez, seja mais simples calcular a taxa efetiva para o período de dois anos, considerando a irre-
gularidade da taxa de juros, e capitalizar o capital inicial apenas uma vez. Assim, i* é a taxa efetiva
no período de interesse de dois anos. Logo,
(1+i*) =(1+28,8%)
Ao calcular a taxa efetiva, sempre é importante confirmar se a frequência de incidência das taxas
são iguais, nesse caso, ambas são uma vez ao ano. Então, fica fácil calcular o valor futuro como
FV = PV (1+i*)
FV = $1000 . (1+28,8%)
FV = $1288
Para descontar um valor futuro com taxas de juros irregulares, você só precisa inverter essa relação.
43
5. Conhecendo a calculadora financeira
HP12c
Uma ferramenta bastante útil no cálculo financeiro é a calculadora HP12c, a qual é, basicamente,
um computador muito simples, com funções pré-programadas, que realizam operações matemáticas.
Apesar de comuns no dia a dia, essas operações são complicadas demais para serem realizadas “à
mão” ou com calculadoras comuns, o que vai ficar bem evidente, quando apresentarmos as séries de
No passado, muito do trabalho da gestão financeira era dominar completamente a HP12c, apre-
sentada na Figura 3, para fazer cálculos rápidos e precisos. Hoje, com a evolução dos computadores,
da HP12c. Mesmo assim, ainda é importante ter alguma familiaridade com essa calculadora, mesmo
44
FIGURA 3 – ILUSTRAÇÃO DA CALCULADORA HP12C
ria as teclas [1],[2],[x],[4],[=] (estamos utilizando os colchetes, para representar a tecla da calcula-
dora), como aprendemos álgebra na escola. A HP12c é diferente, e talvez um pouco confusa no início,
mas é mais cômoda para operações financeiras complexas. Para calcular “12 x 4” você pressionaria as
teclas [1],[2],[enter],[4],[x] . A calculadora não tem a tecla [=]. A lógica é que, primeiro, você informa
45
Muitas teclas na HP12c têm sobrescri-
Neste momento, vamos utilizar as funções [PV],[FV],[I] e [n], localizadas no canto superior
esquerdo, para realizar operações de capitalização e desconto com apenas um pagamento, cuja for-
mulação matemática você já domina. Nesse sentido, pense: qual é o valor futuro ([FV]) de um capital
inicial ([PV]) de R$ 500,00, aplicado a uma taxa composta de 5% por período, durante oito períodos?
Antes de realizar qualquer novo cálculo, você precisa limpar a memória da calculadora. Para isso,
aperte a tecla dourada [ƒ], depois, a tecla [CLX], a qual limpa somente a última entrada. Quando a tecla
[ƒ] é acionada primeiro, aciona-se também a função [REG], que limpa tudo na memória da calculadora.
Na segunda etapa, você deve colocar o valor do capital inicial:[5],[0],[0],[CHS],[PV]. Quando você
digita o número 500 e aperta [PV], está informando para a calculadora que o capital inicial, ou valor
presente, é 500. Em seguida, deve ser apertada a tecla [CHS], que muda o sinal do número que está
na memória (500 torna-se – 500), porque, de acordo com o padrão, a calculadora espera um fluxo
de caixa positivo e outro fluxo de caixa negativo. Se a tecla [CHS] não for acionada nesse caso, o
O terceiro passo é informar a taxa de juros, que é de 5% ao período. Então, aperte [5],[i]. Devemos
salientar, caro(a) aluno(a), que a HP12c já divide por 100 o valor da taxa de juros, ou seja, não é
necessário digitar “0.05”, mas o número inteiro “5”. Em seguida, é preciso digitar os oito períodos:
[8],[n].
Pronto, agora é só apertar [FV] e o resultado “738.73” deve aparecer no visor. Observe que essa
46
calculadora tem como padrão dividir os dígitos decimais com um ponto, não com uma vírgula, como
é usual no Brasil. Para reforçar, pense: qual é o valor futuro (FV) de um capital inicial (PV) de R$
500,00, aplicado a uma taxa composta de 5% por período, durante oito períodos? FV=PV(1+i)n.
capitalização.
• Valor futuro: [FV]. Obtém-se o valor futuro, pois deve aparecer no visor o número 738.73 ou –
A ordem das etapas não importa totalmente, desde que você limpe a memória no início e intro-
duza todas as “peças”, PV,n,i, a calculadora vai resolver corretamente o problema e apresentar o FV
correto.
Agora, vamos fazer a operação contrária: qual é o valor presente PVde um montante FV de R$
738,73, capitalizado a uma taxa composta de 5% ao período, daqui a oito períodos? PV=FV/(1+I)n.
• Valor presente: [PV]. Deve aparecer no visor o número – 500.00, porque não mudamos o sinal
do valor futuro.
Nas próximas lições, aprofundaremos as funcionalidades da HP12c, visto que se trata de uma fer-
47
Questão para reflexão
Até agora, caro(a) aluno(a), apresenta- Link
Há um manual oficial da calculadora HP12c em portu-
mos, principalmente, operações financeiras guês, no qual são explicadas todas as funcionalidades,
com exemplos bastante ilustrativos. Esse guia do usuário
com um fluxo de caixa positivo e um fluxo está disponível em: <http://h10032.www1.hp.com/ctg/
Manual/bpia5239.pdf>. Acesso em: 02 fev. 2018.
de caixa negativo. Como seria possível adap-
Considerações finais
• Explicamos a operação de desconto, que transforma um valor monetário no futuro em seu equi-
• Ensinamos como capitalizar um capital inicial ou descontar um valor futuro com taxas de juros
irregulares. Uma forma simples de realizar esse tipo de cálculo é obtendo a taxa efetiva para o
período total.
los de valor presente e de valor futuro, com apenas um pagamento pela calculadora.
Glossário
Desconto: Operação inversa da capitalização, quando transformamos um valor futuro em valor
presente.
48
Verificação de leitura
QUESTÃO 1- Qual é o valor presente de um montante de R$ 3.500,00, dois anos e quatro meses no
futuro, descontado por uma taxa de juros simples de 15% ao ano?
a) R$ 2.545,39.
b) R$ 2.592,59.
c) R$ 2.526,04.
d) R$ 2.646,50.
e) R$ 2.692.31.
QUESTÃO 2- Qual é o valor presente de um montante de R$ 5.000,00, remunerado a uma taxa com-
posta de 15% ao ano, descontado por sete anos?
a) R$ 4.608,53.
b) R$ 4.597,70.
c) R$ 2.439,02.
d) R$ 1.879,68.
e) R$ 2.934,53.
QUESTÃO 3- Se a taxa de juros nominal de um certo título é de 8% ao ano e a taxa de inflação acumu-
lada no ano foi de 5%, qual é a rentabilidade do título em termos reais?
a) 2,85%.
b) 3,50%.
c) 3,00%.
d) 2,69%.
e) 4,50%.
49
Referências Bibliograficas
ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
Leitura complementar
PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.
50
Gabarito
QUESTÃO 1- Alternativa b. Aplicação da fórmula de desconto simples, com a taxa de juros transfor-
mada para o prazo de interesse: PV=FV/(1+Ti). Como a taxa base é expressa em anos, transformamos
o prazo para dois anos e quatro meses. Assim:
2.12 4 28
T
12 12
$3500
PV $2592, 59
28
1 15%
Portanto, 12
real, rentabilidade real, é r. As três se relacionam na capitalização composta, pois (1+i) = (1=π).(1+r).
51
4
Séries de
pagamento
Objetivos Específicos
• categorizar séries de pagamento, ou fluxos de caixa, de acordo com o valor das parcelas, a
• entender as fórmulas de valor presente e valor futuro de séries de pagamento com diferentes
características;
Introdução
Nesta lição, caro(a) aluno(a), você irá aprender a valorar sequências de vários pagamentos espa-
çados no tempo, séries de pagamento ou de fluxos de caixa. Como cada pagamento é definido por
um instante de tempo diferente, a taxa de juros (aqui, considerada constante) incide mais vezes sobre
Para calcular o valor presente, ou o valor futuro, de uma série de pagamentos, somamos os flu-
xos de caixa, cada um descontado, ou capitalizado, pela taxa de juros apropriada. Nesse sentido, uma
valor das parcelas, que pode ser sempre igual ou variar período a período;
espaçamento das parcelas, que pode seguir uma regra bem definida ou não;
Dependendo das características dos fluxos de caixa, pode ser possível expressar o valor futuro ou
Ademais, iremos introduzir o importante conceito de equivalência entre fluxos de caixa. Desse
modo, afirmamos que duas séries de pagamento são equivalentes se ambas tiverem valor presente
iguais. A ideia é que, se as taxas de juros usada para descontar os fluxos de caixa forem diferentes,
então, séries com pagamentos de magnitude diferentes podem ter valor presente igual.
53
1. Características das séries de
pagamento
As séries de pagamento, ou séries de fluxo de caixa ou apenas fluxos de caixa, são sequências de
pagamentos monetários localizados no tempo. De acordo com Assaf Neto (2016), há quatro caracte-
• valor das parcelas, que se refere ao valor de cada um dos pagamentos da série e pode regular
valo entre pagamentos é constante ou segue uma regra bem definida, os fluxos de caixa são
• duração da operação, a qual pode ser limitada, se sabemos o número de pagamentos a priori,
• período de ocorrência do pagamento, que diz respeito ao período de referência no qual é reali-
zado o pagamento. Se os fluxos de caixa ocorrem no fim do período, os pagamentos são poste-
cipados. Se ocorrem no início do período, são antecipados. Se existe algum período de carência,
período de referência (postecipado), os juros do período incidem sobre o fluxo de caixa. Caso
os juros daquele período. Se nada for informado, deve ser tratada como uma série postecipada.
Nesse sentido, caro(a) aluno(a), você entenderá como calcular o valor presente (PV) e o valor
futuro (FV) de séries de pagamento com diferentes características. Assim, focalizaremos as séries
54
1.1 Método geral de cálculo
O valor presente (PV) de uma série de fluxos de caixa limitada, postecipada e com taxa de juros
Nesse caso, PMTj denota o pagamento na data j, que pode ser positivo, negativo, ou zero, e n
representa a quantidade de períodos. Por sua vez, o valor futuro (FV) de uma série limitada, poste-
FV=PMT1.(1+i)0+PMT2.(1+i)1+...+PMTn-1.(PMTn)n-2+PMTn(1+i)n-1
n 1
FV PMT j .(1 i ) j 1
j 0
55
FIGURA 1 – EXEMPLO DE SÉRIE DE PAGAMENTO REGULAR, PERIÓDICA E LIMITADA
FONTE: o autor.
56
Caso você considere uma taxa de juros constante, o valor presente de uma série de pagamentos
Devido ao fato de os pagamentos serem regulares, podemos colocar PMT em evidência e escrever
PV como:
Assaf Neto (2016) denomina a expressão entre colchetes como fator de valor presente:
Observe que FPV(i,n) é a soma de uma progressão geométrica com razão q.(1+i)-1, número de
parcelas n, cujo primeiro termo a1 é (1+i)-1 e o n-ésimo termo an é (1+i)-n. A soma de uma progressão
57
Multiplicando ambos, numerador e denominador, por (1+i), podemos escrever o fator de valor pre-
sente como:
Portanto, o valor presente de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada pode ser
No exemplo da Figura 1,PMT - $50,00, n-12. Considere uma taxa de juros de 8% ao período.
Esse é o cálculo do valor presente, ou seja, o valor descontado, hoje, de uma série de pagamentos
regular, periódica e limitada. A faceta contrária do valor presente é o valor futuro (montante), a soma
dos pagamentos e dos juros acumulados. Assim, apresentaremos a fórmula conveniente para o valor
futuro de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada. Como os pagamentos e a taxa de
juros são constantes, escrevemos o valor futuro como:
58
Observe que FFV (i,n) é uma soma de progressão geométrica, com primeira parcela a1=1, n-ésima
Assaf Neto (2016) chama as séries de pagamento regulares, periódicas e limitadas, para as quais
podemos escrever o valor futuro ou valor presente, como função dos pagamentos periódicos (da taxa
59
3. Séries de
pagamento
Para saber mais
dico, mas ilimitado, também é possível determinar o valor presente (não o valor futuro) como função
dos pagamentos e da taxa de juros. Nesse sentido, esse tipo de fluxo de caixa também é padrão ou
convencional.
Como você já sabe, caro(a) aluno(a), a fórmula geral do valor presente de uma série de paga-
Usaremos o símbolo do infinito subscrito para denotar que a soma é infinita. Ademais, você pode
observar que, nesse caso, o fator de valor presente é a soma de uma progressão geométrica infinita,
com primeiro termo (1+i)-1 e razão igual a (1+i)-1. A fórmula de uma progressão geométrica infinita,
60
Multiplicando o numerador e o denominador por (1+i), é possível obter a simples fórmula para o
O argumento que utilizado para calcular o valor presente de uma série ilimitada de fluxos de caixa
não vale para o valor futuro. Vamos explicar a razão disso. Se escrevermos esse valor futuro, de
1
FFV
1 (1 i )
1
FFV
1*
Observe, porém, que é um número negativo. Claro que a soma dos números que estão dentro
dos colchetes, na expressão FV∞(PMT,i), é um número positivo. Desse modo, a fórmula S∞ é defi-
nida apenas para razões menores do que um, apenas para séries que diminuem com cada novo valor.
61
4. Séries de pagamento não
convencionais
A partir de agora, trataremos das séries irregulares e/ou aperiódicas, nas quais a frequência dos
fluxos de caixa não segue uma regra preestabelecida ou a magnitude dos fluxos de caixa é variável
no tempo. Nesse sentido, a Figura 2 mostra um fluxo de caixa regular, limitado, mas aperiódico. Os
FONTE: o autor.
62
Diferentemente do caso em que a série é regular e periódica, não é possível simplificar as fórmulas
de valor presente e de valor futuro de uma série de pagamentos aperiódica e/ou irregular para expres-
sões concisas. Desse modo, para calcular esses valores de séries aperiódicas, é preciso descontar/capi-
talizar os fluxos de caixa não nulos, pela taxa de juros associada ao período que ocorre o pagamento.
Depois, a soma é feita da maneira usual: é necessário aplicar a fórmula geral do valor presente e do
Por exemplo, a fórmula geral do valor presente de uma série de pagamentos é a soma de cada
A fórmula geral do valor futuro de uma série de pagamentos e a soma de cada parcela PMT, capi-
n 1
FV PMT j .(1 i ) j
j 0
Vamos tentar calcular o valor presente do fluxo de caixa, descrito na Figura 2, supondo uma taxa
de juros de 15% ao período. Como exposto, os pagamentos são regulares, sempre de R$ 50,00, mas
não ocorrem com uma frequência bem estabelecida. Para aplicar a fórmula geral do valor presente,
precisamos transformar esse fluxo de caixa regular em um fluxo de caixa irregular que, às vezes, é R$
63
$50 $0 $0 $0 $0
PV
(1 15%) 1
(1 15%) 2
(1 15%) 3
(1 15%) 4
(1 15%)5
$0 $0 $0 $0 $0
(1 15%)6 (1 15%)7 (1 15%)8 (1 15%)9 10
(1 15%)
$0 $0
$151, 63
(1 15%) 11
(1 15%)12
A Figura 3 representa uma série de pagamentos, cujas parcelas variam de período a período, e não
ocorrem em intervalos regulares. O procedimento de valoração para uma série de pagamentos irregu-
FONTE: o autor.
64
Por exemplo, considere a série de pagamentos irregular e os fluxos de caixa espaçados, aperiodi-
camente, em 12 períodos:
CF=$25,$0,$0,-$30,$25,$0,-$25,$0,$15,$40,$0-$40.
Qual é o valor futuro desse fluxo de caixa, considerando uma taxa de juros de 5% ao período? Para
responder a essa pergunta, só é preciso aplicar a fórmula geral do valor futuro de um fluxo de caixa:
FV=$25.(1+5%)0+$0.(1+5%)1+$0.(1.5%)2-$30.(1+5%)3+$25.(1+5%)4
+$0.(1+5%)5-$25.(1+5%)6+$0.(1+5%)7
+$15.(1+5%)8+$40.(1+5%)9+$0.(1+5%)10-$40.(1+5%)11,
FV=$3,10
5. Equivalência financeira
Um conceito muito importante em matemática financeira é o de equivalência financeira. Lembre-se
de que um fluxo de caixa é definido pela série de pagamentos e pela taxa de juros usada para
descontar/capitalizar as parcelas. Assim, podemos afirmar que dois fluxos de caixa, CFA(PMTjA) e
à soma dos pagamentos PMTjB, descontado pela taxa de juros iB, seríamos indiferentes entre um ou
outro, se fosse necessária a escolha entre CFA e CFB mentos regulares, periódicas e limitadas:
CFA:$50;$50;$50;$50;$50.
CFB:$100;$100;$100;$100;$100.
Se for considerada uma taxa de juros de 15%, os valores presentes dos fluxos de caixa A e B serão
definidos por:
A A A 1 (1 15%) 5
PV ( PMT ,15%, 5) PMT .FPV (15%, 5) $50. $167, 60
15%
1 (1 15%) 5
PV B ( PMT B ,15%, 5) PMT B .FPV (15%, 5) $100. $335, 21
15%
É claro que o valor presente do fluxo A é maior do que o valor presente do fluxo B, quando des-
contado pela mesma taxa de juros, 15%, cada PMTB é o dobro de PMTA. Caso seja utilizada uma
65
taxa de juros maior, para descontar a série de pagamentos B, seu valor presente vai diminuir, pos-
sivelmente para um valor igual, ou até menor, do que PVA, descontado com taxa de juros de 15%.
Quando utilizamos uma taxa de juros de 52,41% ao período, o valor presente do fluxo de caixa B é:
1 (1 52, 41%) 5
PV B ( PMT B , 52, 41%, 5) PMT B .FPV (52, 41%, 5) $100. $100.1, 6760 $167, 60
52, 41%
Observe o mesmo valor monetário do valor presente do fluxo de caixa 15%, descontado com
15% de juros ao período. Assim, CFB(i=52,41%) é equivalente ao CFA(i=15%) porque os dois têm o
Considerações finais
• O valor presente de uma série de pagamentos é determinado pela soma das parcelas, cada uma
66
1 (1 i ) n
PV PMT .
i
• O valor futuro de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada é
(1 i ) n 1
FV PMT .
i
Glossário
Parcela: nome dado a cada pagamento, em uma série de fluxos de caixa.
Fator de valor presente: quantidade que, multiplicada pelo pagamento em uma série de pagamen-
tos regular e periódica, resulta no valor presente. A sigla FPV refere-se ao nome Present value factor.
Fator de valor futuro: quantidade que, multiplicada pelo pagamento em uma série de pagamen-
tos regular e periódica, resulta no valor futuro. A sigla FFV está relacionada ao nome Futuro value
factor.
67
Verificação de leitura
QUESTÃO 1- Qual é o valor presente de um fluxo de caixa regular, com 20 pagamentos de R$ 100,
descontado por uma taxa de juros de 9% ao período?
a) R$ 1.025,58.
b) R$ 921,58.
c) R$ 876,53.
d) R$ 912,85.
e) R$ 2.000,00.
QUESTÃO 2- Considere um título de renda fixa que paga R$ 50,00 por ano, para sempre. Se a taxa de
juros é de 15% ao ano, qual é o preço unitário desse título hoje?
a) R$ 854,78.
b) R$ 666,66.
c) R$ 345,85.
d) R$ 786,05.
e) R$ 333,33.
QUESTÃO 3- Qual é o valor futuro de um fluxo de caixa regular, com sete pagamentos de R$ 500,00,
capitalizados por uma taxa de juros de 12% ao período?
a) R$ 5.842,10.
b) R$ 5.044,50.
c) R$ 4.575,78.
d) R$ 5.980,15.
e) R$ 5.789,31.
68
Referências Bibliográficas
ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
Leitura complementar
PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.
69
Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa d. Aplicação direta da fórmula do valor presente de um fluxo de caixa regular,
limitado e periódico:
1 (1 9%) 20
PV ($100, 9%, 20) $100. $912, 85
9%
QUESTÃO 2- Alternativa e. Aplicação direta da fórmula do valor presente de um fluxo de caixa regu-
lar, periódico, mas ilimitado:
PMT
PV ( PMT , i )
i
$50
PV ($50,15%) $333, 33
15%
QUESTÃO 3- Alternativa b. Aplicação direta da fórmula do valor futuro de um fluxo de caixa regular,
periódico e limitado:
(1 12%)7 1
FV ($500,12%, 7) $500. $5044, 50
12%
70
5 Sistemas de
amortização:
pagamento único,
americano e Price
Objetivos Específicos
• assimilar os conceitos fundamentais e a nomenclatura básica do contexto de sistemas de
amortização;
mento único.
Introdução
Sistemas de amortização são esquemas para a quitação de empréstimos e financiamentos de longo
Nesse sentido, no início desta lição, apresentaremos alguns conceitos básicos e a nomenclatura do
dos no mercado financeiro brasileiro: o sistema Price, o sistema americano e o sistema de pagamento
único.
é uma regra de quitação definida pelo fato de as parcelas (amortização mais juros) serem periódicas e
constantes. O sistema de amortização americano (SAA) é definido por prestações periódicas, mas ape-
nas dos juros sobre o principal do empréstimo, e pela amortização total do principal no último período.
O sistema de amortização de pagamento único (SPU) é o esquema de quitação mais simples possível,
pois, nesse caso, os juros e o principal são pagos somente no último período.
72
1. Conceitos básicos
Sistemas de amortização de financiamentos e empréstimos são, basicamente, regras acordadas
terísticas de cada sistema, a seguir, vamos definir alguns termos comumente empregados nesse con-
Os juros (ou encargos financeiros) (J) são, fundamentalmente, os juros pagos pelo devedor ao cre-
dor do financiamento ou empréstimo. Podem ser prefixados, quando a taxa de juros é acordada antes
do início da operação, ou pós-fixados, caso em que são definidos após o período de referência, geral-
Existem algumas distinções entre encargos financeiros e juros em si, porque pode acontecer de,
em operações pós-fixadas, os encargos financeiros serem definidos com relação à variação de algum
índice de preço, como inflação, correção monetária, ou conforme a variação de alguma taxa de câm-
A amortização (Am), por sua vez, diz respeito aos pagamentos do principal, capital emprestado,
que podem ser efetuados em parcelas periódicas ou em um único pagamento. Devemos salientar,
caro(a) aluno(a), que, se há amortização, a taxa de juros do próximo período incide sobre um saldo
devedor menor.
O saldo devedor (SD) é o capital devido em algum período de interesse, sobre o qual são cobrados
do saldo devedor do primeiro período. Se houver amortização periódica, o saldo devedor de um perí-
dor, em um determinado período, a qual é definida pelos encargos financeiros mais a amortização:
PMTt=Jt+Amt
73
O sistema de amortização Price é uma regra de quitação definida pelo fato de as parcelas (amor-
tização mais juros) serem periódicas e constantes. Como as parcelas são constantes, mas há alguma
amortização do principal a cada período, o saldo devedor diminui ao longo dos períodos. Portanto, a
parte da parcela (que é constante) referente aos encargos financeiros diminui com o tempo, enquanto
Para entender a lógica do sistema Price, considere um empréstimo de R$ 5.000,00, por 12 meses,
com taxa de juros de 10% ao mês, que deve ser quitado em 12 parcelas constantes. O valor dessas
parcelas (PMT) é definido pela fórmula de valor presente de uma série de pagamentos regular, peri-
PV=PMT.FPV(i,n),
$5000=PMT.FPV(10%,12),
$5000
PMT
1 (1 10%) 12
10%
PMT=$733,82
Haverá fluxos de caixa negativos, sempre de R$ 733,82, em cada um dos 12 períodos da operação.
Nesse sentido, caro(a) aluno(a), é muito útil construir uma tabela de amortização, para acompanhar
74
FONTE: o autor.
A Tabela 1 descreve a quitação do empréstimo utilizado como exemplo, por meio do sistema Price.
que define o sistema Price é que a soma das linhas das terceira e quarta colunas (amortização e juros)
Para construir a Tabela 1, primeiro, calculamos as prestações constantes, como acabamos de fazer.
75
Então, calculamos os juros, encargos financeiros, do primeiro período, da seguinte forma:
J1=SD0.i,
J1=$5000.10%,
J1=$500.
A amortização do período (Amt) é definida como a prestação (PMT), menos o juro do período
Am1=PMT-J1,
Am1=$733,82-$500,00,
Am1=$233,82.
Em seguida, é preciso calcular o saldo devedor do final do primeiro período, determinado pelo saldo
SD1=SD0-Am1,
SD1=$5000-$233,82,
SD1=$4766,18.
Observe que acabamos de preencher a segunda linha (período 1) da tabela. Agora, tendo o saldo
devedor do final do primeiro período, repetimos o procedimento, a fim de preencher a terceira linha
J2=SD1.i,
J2=$4766,18.10%
J2=$476,62.
Subtraímos os juros J2 da parcela constante PMT e obtemos a amortização do segundo período Am2:
Am2=PMT-J2,
Am2=$733,82-$476,62,
Am2=$257,20.
76
SD2=SD1-Am2,
SD2=$4766,18-$257,20
SD2=$4508,99
É possível continuar preenchendo a tabela, repetindo esse procedimento para os demais períodos.
Agora, analise a Figura 1 e constate que, conforme mais do valor principal (seta preta para cima) é
repago pelas amortizações periódicas (setas azuis para baixo), a taxa de juros incide sobre um saldo
devedor (Jt, setas vermelhas para baixo) cada vez menor. Desse modo, para as parcelas de pagamento
se mantenham constantes, a amortização tem que ser cada vez maior.
FONTE: o autor.
77
2.1 Expressões de cálculo do sistema de amortização Price
Após entender a lógica de funcionamento do sistema de amortização Price, você precisa com-
preender as fórmulas gerais para as quantidades de interesse: prestação, amortização, juro e saldo
devedor.
determinado pela familiar fórmula do valor presente de uma série de pagamentos regular, limi-
tada e periódica:
PV
PMT =
FPV (i, n),
Nesse caso,
1 (1 i ) n
FPV (i, n)
i
A amortização (Amt), por sua vez, é a diferença entre a prestação PMT e os juros do períodoJt.
Se você já conhece o valor da primeira amortização Am1= PMT-j1, pode obter a amortização de um
Amt=Am1.(1+i)t-1
O saldo devedor (SDt) do fim do período t é a soma de todas as amortizações até t, ∑tj=1Amt, sub-
traída do principal PV. Para uma data futura arbitrária t, podemos expressar o saldo devedor SDt de
uma operação de financiamento com n períodos, quitada pelo sistema Price, como:
SDt=PMT.FPV(i,n-t).
Quanto aos juros (Jt), podemos afirmar que o volume de juros pago a cada período é o saldo deve-
dor do fim do período passado, multiplicado pela taxa de juros, ou seja,
Jt=SDt-1.i
Considere que você precisa resolver o seguinte exemplo de amortização Price. Se um certo emprés-
timo de R$ 9.500,00, com duração de 36 meses e taxa de juros de 2% ao mês, será quitado pelo
sistema Price com prestações mensais, qual é o valor das prestações constantes? Como exposto, o
78
valor das parcelas mensais é determinado pela fórmula do valor presente de uma série de pagamentos
regular, periódica e limitada. Portanto,
PV $9500
PV = PMT .FPV (i, n) PMT 1 (1 i ) n `
PMT PMT = $372, 71
1 (1 2%) 36
i 2%
FONTE: o autor.
79
Considere que você pegou emprestado R$ 5.000,00, por 12 meses, com taxa de juros de 10% ao
mês, com pagamento de acordo com o sistema americano. Então, em cada período, você paga os
Jt=PV.i
Jt=$5000.10%
Jt=$500
Amt $0 , se t n
PV , se t n,
Amt $0 , se t 12
$5000 , se t 12,
As parcelas PMTt são, por definição, a soma das despesas com encargos financeiros e com amor-
PMTt PV .i , se t n
PV .i PV , se t n,
PMT t
$500 , se t 12
$500 $5000 , se t 12,
80
TABELA 2 – TABELA DE AMORTIZAÇÃO PELO SISTEMA AMERICANO
FONTE: o autor.
Jt=PV.i
• Amortização (Amt): no sistema americano, toda a amortização do principal ocorre no último
período:
Amt $0 , se t n
PV , se t n,
81
• Prestação (PMTt): é sempre determinada pela amortização somada aos encargos financeiros
exceto no último período, no qual a parcela é definida pelos juros mais a amortização completa
do principal.
PMTt PV .i , se t n
PV .i PV , se t n,
• Saldo devedor (SDt), no sistema americano, é constante, sempre igual ao principal do emprés-
4. Sistema de amortização de
pagamento único
O sistema de amortização de pagamento único (SPU) é o esquema de qui-
tação mais simples possível. Ambos, os juros e o principal, são pagos apenas
no último período, exatamente como um título de desconto zero-cupom, que
você já conhece. No exemplo de diagrama
de fluxo de caixa do sistema de amortiza-
ção de pagamento único, presente na Figura
Para saber mais
3, é possível observar que existem apenas
Como, no sistema Price, existe amortização do principal
dois fluxos de caixa na operação: o toma- desde a primeira parcela, para principal, prazo e taxa de
juros, a soma total dos juros e a amortização no sistema
dor recebe o principal PV, na data inicial, e Price sempre será menor do que no sistema americano.
repaga esse principal somado aos juros, na
data final.
82
FIGURA 3 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO DE PAGAMENTO ÚNICO
FONTE: O autor.
de 10% ao mês, com duração de 12 meses, quitado pelo sistema de amortização de pagamento único.
Como não existem pagamentos periódicos, o saldo devedor cresce por capitalização composta, pois
83
TABELA 3 – TABELA DE AMORTIZAÇÃO PELO SISTEMA DE PAGAMENTO ÚNICO
FONTE: o autor.
Jt $0 ,
n
se t n
PV .(1 i ) PV , se t n,
84
• Amortização (Amt): no sistema de amortização de pagamento único, todo o principal é amorti-
zado no último período.
Amt $0 , se t n
PV , se t n,
• Prestação (PMTt): as prestações de pagamento são definidas como a soma das remessas de
juros e a amortização. Então, no sistema em questão, as prestações são zero, exceto no último
período, no qual a prestação é definida por todos os juros acumulados e toda a amortização do
principal.
PMTt $0 ,
n
se t n
PV .(1 i ) , se t n,
• Saldo devedor (SDt): como não há pagamentos periódicos no sistema de amortização de paga-
mento único, o saldo devedor SDt cresce com o tempo, seguindo o regime de capitalização
composto.
SDt=PV(1+i)t
85
Questão para reflexão
Para saber mais
No sistema de amortização Price, as par-
As fórmulas do sistema de amortização de pagamen-
celas de pagamento são sempre iguais, ou to único são muito equivalentes aos cálculos do sistema
composto de capitalização, porque não existe pagamen-
seja, juros mais amortizações não mudam. to, nem dos juros, nem do principal, até o último período.
Em contraste, as fórmulas do sistema americano se asse-
Como seria um sistema de amortização no melham bastante aos cálculos do sistema simples de cap-
italização, porque os juros são pagos período a período,
qual as amortizações são sempre constantes? mantendo o saldo devedor constante.
Existe alguma relação entre a taxa de juros e
Considerações finais
• Os conceitos básicos dos sistemas de Assimile
Para um mesmo principal e uma mesma taxa de juros, o
amortização de empréstimos e financia-
sistema de amortização escolhido determina o valor to-
mentos são: os juros, as amortizações tal pago (soma das parcelas). Tendo em vista que não ex-
istem pagamentos periódicos de amortização no sistema
(pagamentos do principal, reduzido do americano, o valor total pago vai ser sempre maior do que
no sistema Price. Ainda assim, o valor total pago no siste-
saldo devedor), o saldo devedor (quan- ma americano é menor do que no sistema de pagamento
único, porque os pagamentos periódicos dos juros fazem
tia devida em cada instante de tempo,
com que o saldo devedor não cresça (como acontece no
base sobre a qual incide a taxa de juros) sistema de pagamento único).
e prestação ou parcela (soma dos juros
e as amortizações do período).
• O sistema de amortização Price, francês ou de parcela constante (SPC),
é definido pelo fato de as parcelas serem sempre constantes durante
todos os períodos da operação. No iní-
cio, as parcelas consistem, quase intei-
ramente, em juros, mas, com o tempo, Link
Existem vários recursos on-line para efetuar o cálculo de
a proporção referente às amortizações
tabelas de amortização, um desses recursos é o Cálculo
vai crescendo. on-line, que está disponível em: <http://fazaconta.com/
amortizacao.htm>. Acesso em: 24 fev. 2018.
• No sistema de amortização americano
86
(SAA), as parcelas periódicas são apenas os juros e o principal é quitado todo no último período.
Os cálculos se assemelham ao regime simples de capitalização e desconto.
• No sistema de amortização de pagamento único (SPU), todos os juros e o principal são pagos
apenas no último período. Os cálculos se assemelham ao regime composto de capitalização e
desconto.
Glossário
Sistema Price: sistema de amortização com prestações PMT fixas. Também conhecido como sis-
tema francês de amortização, é denominado Price em homenagem a Richard Price, intelectual inglês
do século XVIII, que descreveu esse esquema de amortização em seu livro “Observações sobre paga-
mentos remissivos”.
Verificação de leitura
QUESTÃO 1-Considere um empréstimo de R$ 7.500,00, remunerado por uma taxa de juros de 12,5%
ao ano, com duração de cinco anos, e que será quitado pelo sistema Price. Qual é o valor das presta-
ções anuais?
a) R$ 3.167,26.
b) R$ 5.445,45.
c) R$ 2.106,40.
d) R$ 1.572,14.
e) R$ 1.987,45.
87
b) R$ 17.000,00.
c) R$ 10.096,29.
d) R$ 13.600,00.
e) R$ 14.600,00.
QUESTÃO 3- Um investidor toma R$ 8.000,00 emprestado por 13 anos, com taxa de juros de 6% ao
ano, sendo que o empréstimo será quitado pelo sistema de pagamento único. Qual é o valor total de
juros a ser pago pelo tomador?
a) R$ 10.066,62.
b) R$ 8.043,22.
c) R$ 14.240,00.
d) R$ 7.240,00.
e) R$ 9.063,42.
88
Referências Bibliográficas
ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
Leitura complementar
PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.
89
Gabarito
PV
12, 5%
PMT
1 (1 i ) n `
i
$7500
PMT $2106, 40
1 (1 12, 5%) 5
12, 5%
90
6
Sistemas de
amortização
SAC e SAM
Objetivos Específicos
• entender a definição e o funcionamento do sistema de amortização constante (SAC);
• calcular fórmulas para as quantidades de interesse (amortização, juros, prestação e saldo deve-
Introdução
Nesta lição, continuaremos abordando os principais sistemas de amortização praticados no mer-
cado financeiro brasileiro. Você, caro(a) aluno(a), já conhece o sistema Price, francês ou de parcelas
constantes (SPC), que é definido por parcelas (amortização mais juros) periódicas e constantes; o sis-
tema americano (SAA), no qual os pagamentos de juros são periódicos e constantes e a amortização
do principal é feita totalmente no último período (a matemática do SAA remete ao regime simples
de capitalização e desconto); o sistema de pagamento único (SPU), no qual todos os juros e a amor-
tização são pagos apenas no último período (a matemática do SPU remete ao regime composto de
capitalização e desconto).
Desse modo, você conhecerá mais dois sistemas de amortização de empréstimos e financiamen-
tos: o sistema de amortização constante (SAC), que, como o próprio nome sugere, é definido pelas
despesas com a amortização do principal periódicas e fixas, e o sistema de amortização misto (SAM),
um esquema de quitação de empréstimos que mistura os sistemas Price (SPC) e de amortização cons-
tante (SAC). No SAM, as quantidades de interesse (amortização, juros, prestação e saldo devedor) de
cada período são determinadas pela média aritmética entre as quantidades que valeriam no caso do
SPC e do SAC.
92
1. Sistema de amortização constante
O sistema de amortização constante (SAC) é uma regra de quitação de empréstimos e financia-
mentos na qual as remessas de amortização são sempre as mesmas e ocorrem em todos os períodos.
Os juros também são pagos periodicamente, em todos os períodos.
Devemos salientar que as amortizações são constantes, e não a prestação total PMTt=Amt+Jt.
Como estamos amortizando o principal desde o primeiro período, a base de incidência da taxa de juros
SDt diminui com o passar do tempo. Então, se a taxa de juros i é constante, os juros pagos a cada
período Jt são decrescentes. Nesse sentido. as amortizações são constantes Amt, mas não a prestação
PMTt, como ilustra a Figura 1.
FONTE: o autor.
93
Considere o seguinte exemplo: um empresário pega R$ 15.000,00 emprestado, para cobrir suas
necessidades de capital de giro. A operação tem duração de 12 meses e taxa de juros de 8% ao mês,
sendo que a regra de quitação seguirá o sistema de amortização constante.
No SAC, é preciso calcular a magnitude das remessas de amortização. Como elas devem ser cons-
tantes e, no fim dos n períodos da operação, somar o principal PV, essas amortizações só podem ser
PV
Amt =
n
$15.000, 00
Amt =
12
Amt = $1.250, 00
Tendo o valor das amortizações Am t, é preciso encontrar a base de incidência da taxa de juros
em cada período e o saldo devedor SD t. Por definição, o saldo devedor do período é o principal
PV PV
No segundo período (t = 2): SD2 PV
n n
PV PV PV
No terceiro período (t = 3): SD3 PV
n n n
Seguindo esse padrão, não é difícil perceber que, em um período arbitrário t, o saldo devedor
sobre o SAC é:
PV
SDt PV t.
n
t
SDt PV .(1 )
n
94
Assim, voltando ao exemplo, o saldo devedor no período t é:
t
SDt $15.000, 00.(1 )
12
Tendo as magnitudes das amortizações e do saldo devedor, resta calcular o valor das remessas
periódicas de juros. Nessa notação, os juros são determinados pela taxa de juros Jt, multiplicada
J t i.SDt 1
t 1
J t i.PV .(1 )
n
Logo,
t 1
J t 8%.$15.000, 00.(1 )
12
Aplicando essas expressões, é possível completar a tabela de amortização do sistema de
95
TABELA 1 – TABELA DE AMORTIZAÇÃO PELO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE
FONTE: o autor.
Conforme mais do principal é amortizado e o saldo devedor é reduzido, a taxa de juros i incide sobre
uma base menor, portanto, as remessas periódicas de juros Jt são decrescentes. Consequentemente,
96
Exemplificando
considere um empréstimo de R$ 25.000,00, com duração de 48 meses e taxa de juros de 1% ao mês, que será
quitado de acordo com o sistema de amortização constante. Então, as amortizações periódicas, para serem sem-
pre constantes, são, necessariamente, definidas por:
As remessas de juros no SAC são periódicas. Os juros são sempre calculados como a taxa de juros multiplicada
pelo saldo devedor do período imediatamente anterior.
do empréstimo são sempre constantes, ou seja, se a operação tem principal e duração de períodos,
Saldo devedor (SDt): o saldo devedor de cada período é definido pelo principal PV, menos todas as
remessas de amortização já pagas. No caso do SAC, o saldo devedor de um período t arbitrário é escrito da
seguinte forma:
97
t
SDt PV .(1 )
n
Para saber mais
Juros (Jt): os juros do período t são sempre Às vezes, estamos interessados na soma dos juros ou
amortizações até um certo período t. No caso do SAC,
determinados pelo saldo devedor do período não é difícil manipular a fórmula de Jt para obtermos uma
expressão para a soma de Jt até o período t.
anterior SDt-1, multiplicado pela taxa de juros
seguinte maneira:
t 1
J t i.PV .(1 ) O último somatório dessa expressão é a soma de uma
n progressão aritmética, com diferença comum igual a 1.
Portanto,
PMTt=Amt+Jt
O SAM é definido como a média aritmética entre o sistema Price (SPC, de parcelas constantes) e
o SAC. Devemos salientar que, no SPC, as prestações são constantes e, no SAC, os pagamentos de
As quantidades relevantes do SAM, amortização, juros, prestações, e saldo devedor, são obtidas de
modo indireto. Inicialmente, é preciso calcular essas quantidades para o primeiro período sob SPC e
98
SAC, depois, é necessário tirar a média arit-
J1S PC = i.PV
Obtemos a amortização do primeiro período, subtraindo os juros J1SPC das prestações constantes
PMTSPC. Assim,
99
Am1S PC PMT S PC J1S PC
$15.000, 00
Am SAC =
12
Am SAC = $1.250, 00
Desse modo, é possível obter o saldo devedor, no final do primeiro período de acordo com o SAC,
ou seja,
SD1SAC PV Am SAC
SD1SAC $15.000, 00 $1.250, 00
SD1SAC = $13.750, 00
Os juros do primeiro período sob SAC são, é claro, o principal PV, multiplicado pela taxa de juros i:
J1SAC = i.PV
J1SAC = 8%.$15.000, 00
J1SAC = $1.200, 00
100
PMT1SAC Am SAC J1SAC
PMT1SAC $1.250, 00 $1.200, 00
PMT1SAC = $2.450, 00
Finalmente podemos obter as quantidades de interesse sob o SAM, como a média aritmética entre
essas quantidades sob SPC e SAC. Assim, a amortização, definida pela soma das amortizações sob
Am1SPC Am SAC
Am1SAM
2
$790, 42 $1.250, 00
Am1SAM
2
Am1SAM = $1.020, 21
Os juros também são definidos pela soma dos juros sob SPC e SAC, dividida por dois. Observe,
caro(a) aluno(a), que essas remessas de juros só são iguais para o primeiro período.
SAMSD1SPC SD1SAC
SD 1
2
$14.209, 57 $13.750, 00
SD1SAM
2
SD1SAM = $13.979, 79
101
Também podemos fazer o cálculo da seguinte forma:
SD1SAM PV Am1SAM
SD1SAM $15.000, 00 $1.020, 21
SD1SAM = $13.979, 79
As prestações PMTtSAM podem ser obtidas das mesmas formas: com a média aritmética entre
PMTSPC e PMTtSAC ou com a definição da prestação (soma dos juros e amortizações do período).
Assim, a prestação do primeiro período PMT1SAM é:
Com esses cálculos, preenchemos a segunda linha (período 1) da tabela de amortização do sistema
misto, como você pode constatar na Tabela 2.
102
TABELA 2 – CONSTRUÇÃO DA TABELA DE AMORTIZAÇÃO DO SISTEMA MISTO
FONTE: o autor.
• Amortização:
103
• Prestação:
• Saldo devedor:
SD2SAM PV Am1SAM Am2SAM
SD2SAM $15.000, 00 $1.020, 21 $1.051, 83 $12.927, 96
Assim, essa lógica deve ser aplicada em todos os períodos seguintes. A tabela de amortização com-
pleta, relacionada ao exemplo sob o sistema misto de amortização, está representada na Tabela 3.
FONTE: o autor.
104
Questão para reflexão
Não mostramos fórmulas fechadas para
Assimile
as quantidades de interesse (amortizações, O SAM é definido como a média aritmética entre o SPC e
o SAC. No SPC, as parcelas iniciais são sempre compos-
juros, prestação, e saldo devedor) para um
tas proporcionalmente mais por juros do que por amor-
período arbitrário t, sob o sistema de amor- tizações. A composição amortização-juros das parcelas
no SAC depende da taxa de juros, mas os gastos com juros
tização misto, mas não é difícil obter essas são sempre decrescentes, porque existe amortização do
principal desde o primeiro período. O sistema misto tem
fórmulas. Com base no fato de que as quan- composição juros-amortização das parcelas, que é inter-
mediária entre o SPC e o SAC, pois se trata de uma média
tidades do SAM são a média aritmética entre aritmética.
as quantidades do SPC e do SAC, calcule fór-
e SDtSAM
Considerações finais
O sistema de amortização constante (SAC) é uma regra de quitação de empréstimos e financia-
No SAC, o saldo devedor diminui, conforme o fim da operação se aproxima, a taxa de juros incide,
cada vez mais, sobre uma base menor e os juros a serem pagos também diminuem.
Glossário
Sistema de amortização constante (SAC): regra de quitação de empréstimos e financiamentos, com
105
Verificação de leitura
QUESTÃO 1- Considere um empréstimo de R$ 10.000,00, com duração de 8 anos e taxa de juros de
12% ao ano, que será quitado pelo SAC. Analise as alternativas e assinale a que enumera, correta-
mente, a amortização, os juros e o saldo devedor no quinto período.
a) R$ 1.150,00; R$ 500,00; R$ 10.000,00.
QUESTÃO 3- O SAM é definido como a média aritmética entre o sistema _________ e o sistema
__________. Como no SAM ______ pagamentos periódicos de amortização, as despesas com juros são
_______. Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas.
a) Americano, de pagamento único, não existem, crescentes.
b) Price, de amortização constante, existem, decrescentes.
c) Americano, de pagamento único, existem, crescentes.
d) Price, de amortização constante, não existem, crescentes.
106
Referências Bibliográficas
BRASIL. Caixa Econômica Federal. O que devo saber para contratar meu financiamento
imobiliário. [2018]. Disponível em: <https://www.caixa.gov.br/Downloads/habitacao-do-
cumentos-gerais/Como_contratar_meu_financiamento.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2018.
Leitura complementar
ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.
107
Gabarito
PV $10.000, 00
Am
=t = = $1.250, 00
n 8
t
SDt PV .(1 )
n
5
SD5 PV .(1 ) $3750, 00
8
Os juros são determinados por:
(t 1)
J t i.PV .(1 )
n
(5 1)
J 5 12%.%10.000, 00.(1 ) $600, 00
8
(t 1)
J t i.PV .(1 )
n
Portanto, a soma dos juros dos quatro primeiros períodos pode ser feita da seguinte forma:
108
4
11 2 1 4 1
J
t 1
t 4%.$375.000, 00. (1
30
) (1
30
) (1 )
30
4
1 2 3
J
t 1
t 4%.$375.000, 00. (1 ) (1 ) (1 )
30 30 30
4
1 2 3
J t 1
t 4%.$375.000, 00. 4
30 30 30
4
2
J
t 1
t 4%.$375.000, 00. 4 $57.000, 00
15
QUESTÃO 3- Alternativa b. O SAM é definido como a média aritmética entre o sistema Price e o sis-
tema de amortização constante. Como no SAM existem pagamentos periódicos de amortização, as
despesas com juros são decrescentes.
109
7 Analisando
o retorno de
investimentos: VPL e
TIR
Objetivos Específicos
• aplicar as ferramentas apresentadas até agora na avaliação da rentabilidade de projetos de
investimento;
• abordar a mais importante alternativa em relação ao valor presente líquido, a taxa interna de
retorno.
Introdução
Nesta lição, caro(a) aluno(a), você colocará em prática as ferramentas da matemática financeira
explicadas nas lições anteriores, a fim de avaliar a rentabilidade de um projeto de investimento e com-
Nesse sentido, você aprenderá a calcular o ganho financeiro absoluto de um investimento, o valor
presente líquido (VPL), que se refere ao valor presente dos ganhos obtidos com o investimento (a série
de pagamentos gerada pelo projeto), menos o capital necessário para realizar o investimento. Assim,
mente viável. Essa é apenas uma aplicação dos conceitos que você já domina.
Também explicaremos os conceitos relacionadas à taxa interna de retorno (TIR), a principal alterna-
tiva quanto ao valor presente líquido, na avaliação de projetos de investimento, pois a TIR é a taxa de
juros que faz o VPL do projeto torna-se zero. Trata-se da maior taxa de custo de capital para a qual
o investimento se torna viável, ou seja, se a TIR é superior à taxa de juros que desconta os fluxos de
111
1. Projetos de investimento
Em geral, um investimento, projeto de investimento ou só projeto (usaremos esses termos como
sinônimos), é qualquer iniciativa gerencial que afeta a riqueza, o patrimônio líquido, dos investidores,
c. uma fábrica que precisa instalar um novo filtro em suas chaminés, para se adequar a uma nova
legislação ambiental.
Basicamente, qualquer investimento feito por uma empresa em suas operações ou por um indiví-
duo, que gera ganhos futuros, representa um projeto de investimento. Ademais, como o escopo desta
disciplina é o cálculo financeiro, iremos abstrair das características técnicas dos projetos a transforma-
ção da ideia do investimento em um negócio funcional, considerando apenas os fluxos de caixa que
2. Custo de capital
Ao avaliar a viabilidade de um projeto de investimento, é essencial considerar como o capital inicial
necessário para realizar o investimento é financiado. Portanto, o custo de capital é a taxa de juros que
remunera o capital inicial pela duração do investimento, a qual recebe o nome de custo de capital,
responsável por descontar os fluxos de caixa advindos do investimento.
Um projeto de investimento pode ser financiado de duas formas distintas: por meio de capital de
terceiros, de um empréstimo contraído junto a um credor, por meio de dívida, ou pode ser financiado
pela riqueza pessoal dos investidores, ou seja, pelo patrimônio líquido dos acionistas da empresa, que
pode ser captado por meio de retenção de lucro, emissão de ações ou aporte de capital. Além disso,
é possível utilizar as duas fontes simultaneamente, nesse caso, se o investimento é financiado por um
empréstimo, o custo de capital é a taxa de juros que remunera esse empréstimo.
112
Quando o investimento é realizado com a riqueza de indivíduos ou com o patrimônio líquido de
uma empresa, o custo de capital é determinado pela taxa de retorno do melhor projeto alternativo
disponível, com mesmo custo de capital. Em outras palavras, o custo de capital de um projeto de
investimento financiado por recursos próprios é a maior taxa de retorno fornecida por projetos alter-
nativos disponíveis.
valor presente dos fluxos de caixa futuros (da série de pagamentos), advindos do investimento, menos
a quantia despendida hoje para realizar o investimento. Trata-se do lucro, ou prejuízo, monetário rea-
projetos de investimento.
Considere que um investidor cogita abrir uma unidade de uma franquia de lanchonetes em sua
cidade. O custo (C) de abertura da unidade é $1.000.000,00, quantia que representa as despesas ini-
ciais, como a reforma física da loja, os gastos jurídicos e taxa de franquia. Agora, pense que o investi-
dor possui o valor necessário para abrir a lanchonete, mas, ao invés de abri-la, ele pode, por exemplo,
investir a quantia C em um investimento de renda fixa remunerado, por uma taxa de juros de 12%
ao ano.
As pesquisas de mercado indicam que a lanchonete teria um lucro operacional (receita com ven-
das, menos as despesas correntes com ingredientes, pessoal, aluguel, etc.) de R$ 150.000,00 por
ano. Em outras palavras, essas pesquisas indicam que a série de pagamentos gerada pela lancho-
nete tem parcelas (PMTt), ou fluxos de caixa (CFt), de R$ 150.000,00. Como não existe um prazo
final para as operações da lanchonete, essa série de pagamentos tem duração indeterminada. Agora,
caro(a) aluno(a), questione-se: o investidor deve abrir a lanchonete? Esse é um projeto de investi-
mento lucrativo?
Podemos afirmar que um projeto de investimento é lucrativo, ou seja, deve ser realizado, se, e
113
somente se, o valor presente líquido VPL desse investimento for positivo. Nesse sentido, o VPL de um
investimento é o valor presente dos fluxos de caixa futuros PV, menos o custo inicial do investimento C:
VPL=-C+PV
o dinheiro, a uma taxa de juros de 12% ao ano. Assim, essa é a taxa que utilizaremos para descontar
os lucros futuros da lanchonete. No Tema 4, você aprendeu que o valor presente dos ganhos anuais,
nesse caso, da lanchonete, até uma data futura indeterminada é obtido da seguinte forma:
PMT
PV ( PMT , i )
i
$150.000, 00
PV ($150.000, 00,12%)
12%
PV ($150.000, 00,12%) $1.250.000, 00
VPL=-$1.000.000,00+$1.250.000,00
Assimile
VPL=$250.000,00 O valor presente líquido de um projeto de investimento é
o valor presente dos fluxos de caixa futuros advindos do
investimento, descontado o custo inicial para realizar o
projeto. Se o VPL é positivo, o projeto é lucrativo e tem
Como o valor presente líquido do inves- condições de ser realizado. Se o VPL é negativo, o projeto
não é lucrativo, trará prejuízos aos investidores, isto é, não
timento é positivo, o investidor deve inves- deve ser realizado.
tir na lanchonete. Esse não é um conceito
presente de diferentes operações financeiras durante este curso. A única diferença aqui é que o VPL
114
Exemplificando
Considere que uma empresa avalia um simples projeto de investimento, com duração de oito anos, sendo que o
investimento inicial no projeto deve ser de R$ 1.500,00. As pesquisas indicam que, em cada ano, o projeto gerará
um fluxo de caixa de R$ 450,00. Sabendo que o custo de capital é de 15% ao ano, qual é o valor presente líquido
do projeto? O projeto é viável? Para responder a esses questionamentos, atente-se às seguintes considerações:
o VPL do projeto é o valor presente dos fluxos de caixa futuros, menos o investimento inicial:
VPL=-C+PV
como o fluxo de caixa advindo do projeto em questão é uma série de pagamentos regular, limitada e periódica, e
o custo de capital é de 15%, podemos escrever o VPL como
foi o principal assunto tratado nesta disciplina. Desse modo, caro(a) aluno(a), calcular o VPL de dife-
rentes investimentos é, basicamente, exercitar vários conceitos que você já aprendeu, como o valor
Agora, você irá aprender a calcular o VPL de um investimento com qualquer padrão de fluxo de
caixa, usando a calculadora financeira HP12c. Essa ferramenta é especialmente conveniente para as
séries de pagamento com parcelas irregulares, para as quais não é possível calcular uma fórmula con-
115
$500 $850 $750 $500 $1000 $450
VPL $3000
(1 15%) (1 15%) (1 15%) (1 15%) (1 15%) (1 15%)6
2 3 4 5
É fácil calcular esse VPL, usando uma calculadora comum, mas é um processo um pouco tedioso,
pois, para isso, você precisa descontar cada parcela pela taxa de juros adequada, anotá-las e, depois,
somar tudo. A alternativa menos trabalhosa é usar a calculadora HP12c. Você irá utilizar as funções
azuis [CF0] e [CFj], a função branca [i] e a função dourada [NPV]. Lembre-se de que, quando nos
referimos à função [NPV], você deve apertar [ƒ] e [PV], para acessar a função dourada acima da tecla.
1. Preliminares: limpe a memória da calculadora [REG], apertando [ƒ] e [CLX], ou seja, a função
[REG].
2. Coloque a taxa de juros da operação, responsável por descontar os fluxos de caixa:
• [15],[i].
– 451.76. Desse modo, o valor presente líquido do projeto A é – R$ 451,76. Portanto, ele não é
116
4. Taxa interna de retorno
Ao calcular o valor presente líquido de um investimento, é necessário conhecer a taxa de juros que
desconta os fluxos de caixa futuro, isto é, para calcular VPL, precisamos conhecer a magnitude dos
fluxos de caixa e a taxa de juros que desconta cada parcela. Assim, encontramos a quantia que repre-
senta o ganho financeiro, em termos absolutos, que o investidor obterá com o projeto.
A TIR oferece uma informação relacionada, porém diferente, pois é um único número que representa
a rentabilidade do investimento, sendo a TIR a responsável por zerar o VPL do investimento. Essa é a
maior taxa de juros, que torna o investimento rentável. Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2015), a TIR
Agora, caro(a) aluno(a), considere um projeto de investimento muito simples, com apenas dois flu-
xos de caixa, denominado projeto A, e que está ilustrado na Figura 1. Observe que, na data inicial, o
117
FIGURA 1 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DO PROJETO A
FONTE: o autor.
Qual é o valor presente líquido do projeto A? O VPL é determinado pelo valor presente dos fluxos
VPL C PV
$115
VPL $100
(1 i )
É impossível calcular o VPL sem saber a taxa de juros i. Assim, vamos supor que a taxa de juros é
118
de 10% ao período. Logo,
$115
VPL $100
(1 10%)
VPL = $4, 45
Então, se a taxa de juros for 10% ao período, o projeto A é viável, mas se a taxa de juros, que des-
conta os fluxos de caixa do projeto A, for 20%? Qual é o VPL nesse cenário?
$115
VPL $100
1 20%
VPL $4,16
Observe que o VPL é negativo. Assim, se o fluxo de caixa do projeto A for descontado com uma
taxa de 20% ao período, o projeto se torna não rentável. Nessa perspectiva, algumas perguntas são
naturais: qual é a maior taxa de juros para a qual o projeto A é viável? Qual é a taxa de juros capaz
de fazer o VPL do projeto A ser zero, fazendo o investidor ser indiferente quanto à realização ou não
do projeto?
VPL C PV
0 C PV
$115
0 $100
1 i *
$115
$100 +
1+ i *
Como esse projeto é muito simples, é possível isolar i*:
$115
i* 1
$100
i* = 15%
Portanto, se a taxa de juros for de 15% ao período, o projeto A tem VPL zero. Assim, o investidor
119
pode ser indiferente quanto à realização ou
Considere um projeto genérico, com custo inicial de C, duração T e fluxos de caixa CFt (não neces-
sariamente iguais). A TIR desse projeto é a taxa de juros capaz de fazer o valor presente dos fluxos de
Nesse caso, calcular a TIR não é uma tarefa trivial, pois requer métodos numéricos de solução de
equações por tentativa e erro. Esse é um dos motivos que nos faz utilizar a calculadora financeira
HP12c, visto que, nela, existem funções pré-programadas para o cálculo da TIR, e do VPL, de fluxos
120
de caixa regulares ou irregulares.
Agora, considere um projeto de investimento, denominado projeto B, que requer R$ 2.000,00 no
período 0 para ser realizado, e gera fluxos de caixa por cinco períodos futuros, com os seguintes valo-
res R$ 200,00, R$ 750, 00, R$ 400,00, R$ 800,00 e R$ 250,00. O diagrama de fluxo de caixa do
FONTE: o autor.
Qual é a TIR do projeto B? Com base nessas informações, podemos afirmar que:
CF1 CF2 CFT
0 C ...
(1 TIR) (1 TIR) 2
(1 TIR)T
121
Então,
$200 $750 $400 $800 $250
0 $2000
1 TIR (1 TIR) (1 TIR) (1 TIR) (1 TIR)5
2 3 4
Não é uma conta fácil de resolver “à mão”, mas é bem direta na HP12c. Para isso, você vai usar
funções azuis de fluxo de caixa, [CF0] e [CFJ], e a função dourada, que calcula a TIR, [IRR] (de inter-
nal rate of return). Lembre-se de que, quando escrevemos, por exemplo, [CF0], você deve ter aper-
• Preliminares: limpe a memória da calculadora, [REG], ou seja, aperte [ƒ] e [CLX], para ter a
função [REG].
projeto B é 6,22% por período. Assim, o valor presente dos fluxos de caixa, CF1) a CF5, é igual
122
4.2 Limitações da TIR
A taxa interna de retorno é um indica- Exemplificando
dor de rentabilidade de investimentos bas- Considere um investimento com custo inicial de R$
500,00, que gera fluxos de caixa positivos de R$ 200,00,
tante útil. Trata-se de um único número que por três anos. Qual é a taxa interna de retorno desse in-
pode ser comparado com as taxas de juros vestimento?
Preliminares: limpe a memória da calculadora, [REG].
disponíveis, a fim de definir o capital ini- Informe o investimento inicial de – R$ 500,00.
[500],[CHS],[CF0]
cial emprestado e julgar se é vantajoso con-
Informe os fluxos de caixa positivos:
trair um financiamento para a realização do [200],[CFj] (introduzido [CF1]);
[200], [CFj] (introduzido [CF1]);
projeto, mas a TIR tem algumas limitações [200], [CFj] (introduzido [CF1]).
importantes, as quais devem sempre ser Calcule a TIR, [IRR]
Devemos enco. Você deve encontrar uma TIR de 10,0% ao
consideradas ao se utilizar essa ferramenta. ano.
Primeiro, a TIR não é definida, se houver
caixa do investimento. Considere um simples projeto, com investimento inicial de R$ 100,00, que gera
132,00, no segundo período. Com base nas definições apresentadas, a TIR desse projeto é:
$230 $132
0 $100
(1 TIR) (1 TIR) 2
Ao resolver essa equação, você notará que a TIR é 10%, mas que também pode ser 20%. Essa é
uma equação de segundo grau, com determinante real, portanto, tem duas raízes reais. Qual é a taxa
interna de retorno desse projeto: 10% ou 20%? Não existe qualquer razão para você escolher entre
10% ou 20%, por isso, a TIR não é adequada para a avaliação de investimentos quando existe mais
Ross, Westerfield e Jaffe (2015) motivam essa discussão com o seguinte exemplo: um professor oferece
• oportunidade 1: entregar R$ 1,00 ao professor no início da aula, para receber R$ 1,50 no fim
123
da aula;
• a oportunidade 2 tem:
Do ponto de vista da TIR, a oportunidade 2 é menos lucrativa do que a oportunidade 1, a qual pos-
sui “margem de lucro” muito superior à margem da oportunidade 2. Afinal, no primeiro caso, inves-
te-se R$ 1,00 para ganhar R$ 1,50, 50% a mais. No segundo caso, investe-se R$ 10,00 para obter
Lembre-se que só é possível escolher uma das oportunidades. Ademais, o objetivo não é realizar o
investimento com maior “margem de lucro”, mas o que oferece maiores ganhos financeiros absolutos
para os investidores. Nesse sentido, quem escolhe a oportunidade 1 sai da classe com R$ 0,50 a mais
do que tinha quando entrou. A pessoa que escolhe a oportunidade 2, com R$ 1,00 a mais. Portanto,
124
Questão para reflexão
O VPL demonstra o ganho monetário, em termos absolutos, que se espera de um projeto. A TIR
informa a maior taxa de juros para a qual o projeto ainda é factível. Outro tipo de ferramenta de ava-
liação de investimentos está relacionada ao tempo necessário para reaver o capital investido. Como
Considerações finais
• Um projeto de investimento refere-se a qualquer empreitada que requer um investimento inicial
• O valor presente líquido (VPL) é o ganho monetário, em termos absolutos, obtido com o pro-
jeto, devidamente descontado pela taxa de juros. Se um projeto tem VPL positivo, ele é viável.
Sempre deve ser escolhido o projeto que oferece maior VPL, em especial, quando são compa-
• A TIR não é definida quando existe mais de uma mudança de sinal nos fluxos de caixa do
investimento.
Glossário
Custo de capital: taxa de juros que remunera o capital inicial do investimento. O custo de capital é
a taxa de juros usada para descontar os fluxos de caixa futuros, advindos do investimento.
Verificação de leitura
125
timento?
a) R$ 435,09.
b) R$ 292,64.
c) R$ 614,87.
d) R$ 158,08.
e) R$ 554,23.
QUESTÃO 2- Um investidor cogita realizar um projeto que requer investimento inicial de R$ 5.000,00,
que gerará receitas de R$ 2.500,00, no primeiro ano, e de R$ 3.000,00, no segundo ano. Qual é a TIR
desse investimento?
a) 7,89% ao ano.
b) 8,47% ao ano.
c) 6,39% ao ano.
d) 5,83% ao ano.
e) 4,52% ao ano.
QUESTÃO 3- Dois projetos de investimento mutuamente exclusivos são comparados, sendo que o
projeto A tem VPLA=$500, e TIRA=25% ao período. O projeto B tem VPLB=$550, e TIRB=15% ao
período. Qual projeto deve ser escolhido? Por quê?
a) O projeto A, porque uma maior TIR representa maior lucro proporcional com um mesmo
investimento.
b) O projeto A, porque tem menor VPL, que representa menor investimento inicial.
c) O projeto B, porque tem menor VPL.
d) O projeto B, porque tem menor TIR, portanto, requer uma taxa de juros menor para ser
lucrativo.
e) O projeto B, porque tem maior VPL e proporcionará maior ganho financeiro absoluto aos
investidores.
126
Referências Bibliográficas
ROCHA, A. Concessões: mágica da alavancagem impulsiona rentabilidade. Valor
Investe. 21 fev. 2013. Disponível em: <http://www.valor.com.br/valor-investe/o-estra-
tegista/3017242/concessoes-magica-da-alavancagem-impulsiona-rentabilidade>. Acesso
em: 28 mar. 2018.
Gabarito
VPL = -C+PV
O investimento inicial é C=$1000. Os fluxos de caixa gerados pelo investimento são sempre de R$
200,00, por oito anos, descontados a uma taxa de juros de 5% ao ano. O valor presente dessa série de
pagamentos regular, periódica e limitada é:
1 (1 i ) n
PV PMT .
n
1 (1 5%) 8
PV $200.
5%
PV = $1292, 64
127
QUESTÃO 2- Alternativa c. A TIR é a taxa de juros que zera o VPL do investimento. Portanto, nesse
caso, é determinada pela seguinte expressão:
$2500 $3000
0 $5000
(1 TIR) (1 TIR) 2
• [500],[CHS],[CF0]
• [2500], [CFj].[3000],[CFj].
• [IRR]
QUESTÃO 3- Alternativa e. Essa questão está relacionada à discussão desenvolvida na seção “Limi-
tações da TIR”. Como você deve escolher entre projetos mutuamente exclusivos, ou seja, só um deles
será realizado, é preciso escolher o que tem maior VPL, no caso, o projeto B. De fato, o projeto A tem
maior TIR e maior “margem de lucro proporcional”, mas o objetivo é agregar maior valor ao investidor
em termos absolutos, não em termos relativos. Portanto, a escolha certa é o projeto B, que apresenta
maior VPL.
128
8
Analisando o prazo
de investimentos:
Payback
Objetivos Específicos
• conhecer o método de avaliação de investimentos do índice de rentabilidade;
Introdução
No Tema 7, caro(a) aluno(a), iniciamos a explicação acerca dos conceitos de matemática finan-
ceira na avaliação de projetos de investimento, aprendidos durante toda a disciplina. Você aprendeu a
calcular o valor presente líquido de um projeto, VPL, os ganhos monetários absolutos esperados des-
possível conhecer a taxa interna de retorno (TIR), à medida que apresenta a maior taxa de juros (que
desconta os fluxos de caixa do projeto) para a qual o projeto ainda é viável ou, equivalentemente, a
Agora, o assunto principal desta lição é o tempo de Payback, ou tempo de retorno, de um projeto,
o qual é a quantidade de períodos necessária para que os ganhos com o projeto compensem o capital
inicial, ou seja, é o tempo necessário para “se conseguir o dinheiro de volta”. Para obter um diagnós-
tico da viabilidade do projeto utilizando o tempo de Payback, primeiro, é preciso escolher um período
limite. Então, se o tempo de Payback for inferior a esse período limite, o projeto é considerado viável.
O tempo de Payback tem algumas limitações, em especial, o fato de não descontarmos os fluxos
de caixa usando o custo de capital do projeto. O tempo de Payback descontado é uma extensão do
tempo de Payback, que é calculado usando o valor presente dos fluxos de caixa, e não é sujeito a
Você também compreenderá a noção de índice de rentabilidade, que é uma medida de avaliação de
130
1. Índice de rentabilidade
Mais uma medida de avaliação de projetos
CFt
n
t 1
(1 i )t
IR
c
131
2. Tempo de Payback
Uma métrica alternativa de avaliação de investimentos é o tempo de Payback. No valor presente
líquido (VPL), avaliamos os ganhos descontados, que demonstram uma quantia financeira em termos
absolutos. Também é possível calcular a maior taxa de juros, a qual pode descontar os fluxos de caixa
do projeto e ainda torná-lo viável, como na TIR. No que se refere ao tempo de Payback, a ideia é
calcular a quantidade de períodos necessários para que os ganhos gerados pelo projeto compensem o
capital inicial investido. Trata-se de uma medida temporal, definida em anos, meses ou dias.
tempo de Payback é a quantidade de períodos, anos, nesse caso, necessários para que o acúmulo dos
132
FIGURA 1 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DO PROJETO A
FONTE: o autor.
Uma forma de calcular o tempo de Payback é construir algo como a Tabela 1. A primeira linha,
Fluxo de caixa, demonstra os fluxos de caixa em cada um dos anos, representados nas colunas. Na
segunda linha, Fluxos de caixa acumulados, são somados os fluxos de caixa até o período represen-
tado na coluna. Observe que, a partir do quinto ano, o fluxo de caixa acumulado do projeto A torna-
133
TABELA 1 – FLUXOS DE CAIXA E TEMPO DE PAYBACK DO PROJETO A
Anos 0 1 2 3 4 5 6 7
Flux de Caixa -$4,500 $1,000 $1,000 $1,000 $1,000 $1,000 $1,000 $1,000
Fluxo de Caixa
-$4,500 -$3,500 -$2,500 -$1,500 -$500 $500 $1,500 $2,500
Acumulados
FONTE: o autor.
2.1 A regra do
tempo de Payback
Assimile
e períodos necessária para que os ganhos com o proje-
Para julgar se um investimento deve ser to compensem o investimento inicial. Nesse caso, não
é necessário descontar os fluxos de caixa, ou seja, R$
realizado utilizando o tempo de Payback, você 100,00 daqui a três anos vale o mesmo que R$ 100,00
daqui a cinco anos.
deve escolher um número razoável de perí-
Se esse tempo for inferior ao período limite, o investimento é factível, com base na regra de tempo de
Payback.
Desse modo, ainda conforme o exemplo do projeto A, se você escolher como limite quatro anos,
o projeto não passará no critério do tempo de Payback. Em contraste, caso escolha cinco anos como
1. Desconto dos fluxos de caixa. Uma limitação evidente do tempo de Payback é o fato de não se
134
descontar o valor dos fluxos de caixa futuros do projeto, de acordo com o tempo necessário até
cada fluxo de caixa ser realizado. O tempo de Payback utiliza o valor absoluto dos fluxos de
2. Fluxos de caixa após o tempo de Payback. Como a regra de Payback considera apenas se o tempo
de Payback é superior ou inferior ao período limite, os fluxos de caixa após esse tempo são,
completamente, ignorados. Essa pode ser uma limitação relevante, quando são analisados pro-
tão, é determinado pelo analista, com base nas condições financeiras gerais da empresa. Esse ele-
nição de cinco, e não quatro anos, por exemplo, precisa ser justificada por
erros de julgamento.
Link
O tempo de Payback faz parte do dia a dia de empresas
do porte da Eletrobras. A empresa motiva um plano de
Se a regra de tempo de Payback, como aposentadorias extraordinárias, usando o tempo de re-
torno desse projeto. Você pode saber mais acerca desse
critério de avaliação de investimentos, tem assunto, lendo o texto “Eletrobrás vê retorno do inves-
timento com aposentadorias antes de 1 ano”, de Ro-
tantas limitações, por que ainda é ampla- drigo Polito. O texto está disponível, na íntegra, no link:
<http://www.valor.com.br/empresas/5077244/eletro-
mente utilizada? O principal apelo da regra bras-ve-retorno-de-investimento-com-aposentar-
ias-antes-de-1-ano>. Acesso em: 20 mar. 2018.
de Payback é a sua simplicidade. Uma grande
empresa toma dezenas de pequenas deci-
Assim, utilizar o método do valor presente líquido para avaliar cada uma delas pode tornar o processo
135
2.3 Tempo de Payback descontado
Uma maneira de melhorar o critério da regra de tempo de Payback é utilizar a informação adicio-
nal do custo de capital e descontar os ganhos do projeto, de acordo com a distância temporal. Desse
modo, o tempo de Payback descontado é o tempo calculado utilizando-se o valor presente dos fluxos
de caixa.
Ainda com base no projeto A, podemos analisá-lo conforme os critérios do tempo de Payback des-
contado. Assim, considere que o custo de capital desse projeto é de 5% ao ano. Calculamos, então, o
valor presente dos fluxos de caixa do projeto A e a soma na Tabela 2. Observe, caro(a) aluno(a), que
agora são necessários seis períodos para que os fluxos de caixa do projeto A, devidamente desconta-
TABELA 2 – VALOR PRESENTE DOS FLUXOS DE CAIXA E TEMPO DE PAYBACK DESCONTADO DO PROJETO A
Anos 0 1 2 3 4 5 6 7
PV de Fluxo de
-$4,500 $952 $907 $864 $823 $784 $746 $711
Caixa
PV dos fluxos de
-$4,500 -$3,548 -$2,641 -$1,777 -$954 -$171 $576 $1,286
Caixas Acumulados
FONTE: o autor.
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Nos cálculos na Tabela 2 e no diagrama de fluxo de caixa presente na Figura 2, fica claro que o
tempo de Payback descontado é o primeiro período para o qual o VPL do projeto em questão se torna
positivo.
FONTE: o autor.
do que o tempo de Payback (absoluto), porque os fluxos de caixa são devidamente descontados, de
acordo com o tempo ainda necessário para o acontecimento do ganho, corrigindo, portanto, a primeira
das limitações que enumeramos. O tempo de Payback descontado, no entanto, ainda está sujeito
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às segunda e terceira críticas. Os fluxos de
Situação
problema
Agora, caro(a) aluno(a), você poderá exercitar as técnicas da matemática financeira, aprendidas
durante a disciplina, em um contexto um pouco mais próximo do dia a dia da gestão financeira. Assim,
pense sob o ponto de vista de uma empresa que compara entre duas oportunidades de investimento
mutuamente exclusivas. Essa empresa tem que conseguir o capital inicial necessário no mercado e ter
O principal objetivo deste exercício é possibilitar a fixação da ideia de que as fórmulas apresenta-
das são apenas ferramentas, as quais não podem ser aplicadas sem reflexão. Nesse sentido, considere
que uma empresa de logística estuda abrir um novo centro de distribuição, mas está em dúvida entre
duas possíveis localizações. A empresa espera que, devido aos contratos imobiliários e à obsolescência
A localização I é mais próxima das linhas de transporte da empresa, o que aumenta os potenciais
ganhos (redução de custos operacionais ou novos negócios) com esse projeto, mas também significa
que o investimento inicial do nessa localização é mais elevado. A localização II, por sua vez, fica mais
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afastada do fluxo de transportes, assim, o capital inicial, necessário para tornar esse centro de distri-
buição funcional, é menor e os potenciais benefícios também são menores. Os fluxos de caixa espe-
rados, associados às localizações I e II, em cada um dos períodos, estão expostos na Tabela 3.
Ano 0 1 2 3 4 5 6
FONTE: o autor.
A empresa não tem dinheiro suficiente em caixa para cobrir o investimento inicial dos potenciais
projetos. É possível conseguir dinheiro no mercado, a uma taxa de juros de 7,5% ao ano. Nesse sen-
tido, o financiamento contraído precisa ser quitado dentro do tempo de vida do projeto, sendo que o
sistema de amortização pode ser escolhido pelo tomador. Com base nessas informações, responda às
seguintes perguntas.
Se você tivesse que sugerir a localização na qual deve ser aberto o centro de distribuição, qual
das localizações você indicaria? Quais argumentos respaldariam sua opinião? Qual seria o sistema de
amortização mais vantajoso para a empresa, ou seja, que signifique menores encargos financeiros?
Considere que, por alguma razão exógena, você precise argumentar em favor da localização contrária
à escolhida no item 1. Quais argumentos você poderia apresentar para fortalecer seu ponto? Dica: utilize
Se a taxa de juros do financiamento fosse 14% ao ano, como isso mudaria a resposta do item 1?
139
Questão para reflexão
Nesta disciplina, houve pouca discussão acerca da obtenção do custo de capital de cada projeto.
Quando uma empresa toma dinheiro emprestado no mercado, o custo de capital é determinado pela
taxa de juros do financiamento. Quando se trata de uma riqueza pessoal dos acionistas, o custo de
capital é definido pelo retorno do melhor investimento alternativo disponível. Apesar disso, uma
grande empresa pode operar, simultaneamente, investindo o capital próprio e contraindo dívidas.
Nesse caso, como podemos obter uma medida razoavelmente precisa do custo de capital de um
projeto?
Considerações finais
• Apresentamos como calcular o tempo de Payback de um projeto de investimento, que é o
número de períodos necessários para que os ganhos com o projeto compensem o investimento
inicial.
• Para aplicar a regra de tempo de Payback, a priori, fixa-se um período limite arbitrário. Se
o tempo de Payback for inferior ao período limite, o projeto é viável, segundo a regra desse
tempo.
• O tempo de Payback tem algumas limitações, sendo que uma das formas de contorná-las é usar
o valor presente dos fluxos de caixa para calcular o tempo de Payback, denominado tempo de
Payback descontado.
da razão entre o capital inicial e os fluxos de caixa a partir do primeiro período. Isso pode definir
140
Glossário
Índice de rentabilidade (IR): é a razão entre o valor presente dos fluxos de caixa, após o investi-
mento inicial, e o capital inicial despendido no investimento inicial.
Tempo de Payback: é o número de períodos necessários para que os ganhos com o projeto com-
pensem o investimento inicial.
Tempo de Payback descontado: é o tempo de Payback calculado, usando-se o valor presente dos
Verificação de leitura
QUESTÃO 1- Considere um projeto de investimento com custo inicial de R$ 2.500,00 e fluxos de cai-
xa, nos seis períodos subsequentes, de R$ 900,00, R$ 200,00, R$ 700,00, R$ 700,00, R$ 400,00 e R$
500,00. Qual é o tempo de Payback do projeto?
a) Seis períodos.
b) Cinco períodos.
c) Quatro períodos.
d) Três períodos.
e) Sete períodos.
QUESTÃO 2- Um investidor cogita comprar um título de renda fixa que pagará remessas anuais de R$
100,00, por um período indeterminado. O preço unitário desse título hoje é de R$ 1.000,00. Se o custo
de capital associado com o investimento é de 7% ao ano, qual é o IR?
a) 3,523.
b) 1,987.
c) 1,459.
d) 2,876.
e) 1,428.
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QUESTÃO 3- Considere que um projeto tem investimento inicial é R$ 6.500,00 e gerará ganhos anu-
ais de R$ 1.000,00, por quinze anos. Se o custo de capital é de 10% ao ano, qual é o tempo de Payback
descontado desse investimento?
a) Cinco anos.
b) Dez anos.
c) Doze anos.
d) Treze anos.
e) Nove anos.
Referências Bibliográficas
POLITO, R. Eletrobras vê retorno de investimento com aposentarias antes de 1 ano. Valor
Econômico. 11 ago. 2017. Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/5077244/
eletrobras-ve-retorno-de-investimento-com-aposentarias-antes-de-1-ano>. Acesso em:
20 mar. 2018.
142
Gabarito
QUESTÃO 2- Alternativa e. O índice de rentabilidade é determinado pela razão entre o valor presente
dos fluxos de caixa após o investimento inicial e o investimento inicial. Assim,
IR
PV (CFt )
C
Como o custo de capital é de 7% ao ano e o título paga R$ 100,00 por ano, para sempre, o valor pre-
sente dessa série de pagamentos regular, periódica e ilimitada é:
$100
PV ($100, 7%) $1428, 57
7%
QUESTÃO 3- Alternativa c. Para calcular o tempo de Payback descontado, é preciso calcular o valor
presente da soma acumulada dos fluxos de caixa do projeto e truncar na parcela que supera o inves-
timento inicial. Desse modo,
Calculando as parcelas e a soma parcial dessa expressão, podemos afirmar que o projeto precisa de
doze anos para que o valor presente de seus ganhos supere o capital inicial de R$ 6.500,00.
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