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Gestão financeira
quantitativa básica

Pedro Chaim
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.

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Editorial
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Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Chaim, Pedro Luiz Paulino


C434g Gestão financeira quantitativa básica / Pedro Luiz
Paulino Chaim, – Londrina : Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2018.
121 p.

ISBN 978-85-522-0653-8

1. Investimentos. 2. Gestão financeira. I. Chaim, Pedro


Luiz Paulino. II. Título.

CDD 330

Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB: 8/9491

2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
SUMÁRIO

Tema 1: A base do cálculo.................................................5

Tema 2: Capitalização simples e composta...........................18

Tema 3: Desconto simples e composto................................36

Tema 4: Séries de pagamento............................................53

Tema 5: Sistemas de amortização: pagamento único,


americano e Price.............................................................72

Tema 6: Sistemas de amortização SAC e SAM.......................92

Tema 7: Analisando o retorno de investimentos: VPL e TIR.....111

Tema 8: Analisando o prazo de investimentos: Payback.........131


APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Nesta disciplina, caro(a) aluno(a), você irá se familiarizar com os conceitos


e as ferramentas fundamentais para a prática da gestão financeira. Como
o nome sugere, o principal objetivo da gestão financeira é a valoração de
fluxos financeiros no tempo, ou seja, calcular quanto valerá uma quantia
monetária no futuro, comparada com uma quantia monetária no presente.

Nesse sentido, você poderá compreender a essência e os determinantes


da taxa de juros, o preço do dinheiro no tempo, o que torna fluxos de caixa
futuros mais ou menos valiosos. Isso porque, quando a taxa de juros é
cobrada múltiplas vezes durante uma operação, a forma com que esses juros
são cobrados é importante. Nessa perspectiva, consideramos importante
explicar o funcionamento e a lógica dos regimes de capitalização simples
(linear) e composto (exponencial).

Ademais, apresentaremos as características dos principais sistemas de


amortização de empréstimos e financiamentos empregados no sistema
financeiro brasileiro, citando alguns esquemas de quitação de financiamento
usualmente utilizados no mercado financeiro brasileiro, como: sistemas de
amortização de pagamento único, parcela constante, sistema americano,
amortizações constantes e sistema misto.

Depois que você compreender os conteúdos fundamentais da mate-


mática financeira, aprofundaremos as principais ferramentas relacionadas
à avaliação da rentabilidade de projetos de investimentos (valor-pre-
sente líquido, taxa interna de retorno, índice de rentabilidade e tempo de
Payback).
1
A base do
cálculo
Objetivos Específicos
• compreender o domínio da gestão financeira;

• familiarizar-se com o conceito de taxa de juros e seus principais determinantes;

• entender a relação entre a taxa de inflação, o risco de crédito e a taxa de juros;

• aprender a valorar um título de desconto simples.

Introdução
Nesta disciplina caro(a) aluno(a), você irá aprender conceitos básicos da matemática financeira e da

avaliação de investimentos. No fim desta leitura, você será dominará as ferramentas necessárias para

responder a perguntas como:

• Na venda de um eletrodoméstico, um vendedor oferece 5% de desconto, em pagamentos à

vista, nenhum juro para o pagamento em duas parcelas mensais e 2% de juros ao mês para o

pagamento em cinco meses. Se, no banco, o dinheiro rende 1% ao mês, qual é a forma de paga-

mento mais vantajosa para o consumidor?

• Um empresário precisa escolher entre duas máquinas que exercem funções iguais. A máquina

“A” tem custo de aquisição de R$ 850,00, custo operacional anual de R$ 250,00 e vida útil

esperada de cinco anos. A máquina “B” custa R$ 1.200,00, tem custo operacional anual de R$

200,00 e vida útil esperada de sete anos. Qual é a máquina mais vantajosa para o empresário?

• Considere que um título de dívida paga juros semestrais de R$ 50,00 por ano, durante dez anos.

Se o custo de oportunidade do dinheiro é 15% ao ano, quanto vale esse título hoje?

Perceba que essas três perguntas estão relacionadas ao valor de fluxos monetários (fluxos de caixa)

no tempo. Os valores desses fluxos monetários futuros são maiores ou menores, quando comparados

com o valor atual, dependendo da taxa de juros utilizada na avaliação. Essa taxa, por sua vez, é o preço

do dinheiro no tempo, ou seja, é uma “tarifa” paga pelo tomador de um empréstimo, que remunera o

credor pela possibilidade de usufruir de um montante monetário por um período predeterminado.

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Pode não ser aparente no início, mas essas perguntas motivadoras podem ser interpretadas da

seguinte forma: o dinheiro é emprestado, ou investido, tendo em mente o retorno futuro. Por exem-

plo, quando um varejista vende uma geladeira a prazo, o comprador usa a geladeira para conservar sua

comida sem ter pago todo o preço do eletrodoméstico, ou seja, o varejista empresta ao consumidor o

valor monetário equivalente ao da geladeira. Quando um empresário investe em uma máquina para

sua fábrica, podemos considerar que ele está “emprestando o dinheiro para a máquina”, pois espera

que o investimento inicial seja coberto pelo lucro que ela vai gerar.

1. Diagrama de fluxo de caixa


Uma maneira bastante adequada de se visualizar problemas de fluxo de caixa é por meio de um

diagrama, conforme mostra a Figura 1.

FIGURA 1 – EXEMPLO DE DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA

FONTE: o autor.

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Observe que o tempo é representado pelo eixo horizontal (t = 0; t = 1; t = 2; etc.) e que os fluxos

de caixa (CF (t)) são representados pelas setas verticais. As setas para cima representam fluxos posi-

tivos, enquanto as setas para baixo representam fluxos negativos. Ademais, a magnitude dos fluxos

pode ser representada pelo tamanho das setas.

Nesta disciplina, diagramas desse tipo serão utilizados diversas vezes. Como os primeiros problemas

apresentados são bastante simples, desenhar o diagrama pode parecer desnecessário, mas, quando

houver problemas que envolvem múltiplos fluxos de caixa, em vários períodos diferentes, o diagrama

é uma ótima forma de organizar o pensamento.

2. Títulos de desconto
Um exemplo clássico e bastante relevante, caro(a) aluno(a) são os títulos de desconto. Os principais

instrumentos de dívida emitidos pelo tesouro americano são as T-Bills (Treasury Bills), a qual é um

título de desconto zero-cupom, ou seja, todo o pagamento é feito de uma só vez. Em outras palavras,

fixa-se um valor, que será pago ao detentor do título em uma data futura combinada (a maturidade),

e negocia-se um preço para esse título, para essa promessa, hoje. A taxa de juros (que no contexto

das T-Bills é, às vezes, chamada de yield ou “rendimento”) é determinada pela razão entre o valor

pago no vencimento e o preço do título hoje.

Considere uma T-Bill que promete um pagamento de R$ 1.000,00 daqui a um ano (ou seja, a

maturidade do título é um ano). Hoje, esse título é negociado por R$ 850,00. Qual é a taxa de juros

anual implícita no título? Antes de responder a essa pergunta, atente-se ao conceito de notação.

Vamos chamar o valor pago no vencimento de valor futuro (FV, future value) ou de valor de face (o

valor prometido no contrato do título). O preço do título hoje denomina-se valor presente (PV, present

value) ou preço unitário, a maturidade do título é T e a taxa de juros é r (valor de face e preço unitário

são termos usados no contexto de títulos de renda fixa). Assim, o valor futuro é o valor presente mul-

tiplicado pelo fator de capitalização (um mais a taxa de juros, r) e por uma quantidade de períodos, T.

Na Figura 2, esquematizamos a T-Bill, usando o diagrama de fluxo de caixa apresentado anterior-

mente. Hoje, quando um título é comprado por seu preço unitário, ocorre um fluxo de caixa negativo

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de magnitude PV, indicado pela seta para baixo, no período t = 0. Nesse caso, o título paga um valor

fixo, FV, na maturidade, e apenas um fluxo de caixa positivo no vencimento, como demonstra a seta

para cima em t = 1.

FIGURA 2 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DE UM TÍTULO DE DESCONTO

FONTE: o autor.

Nesse caso, qual é a taxa de juros implícita no título? Quanto o emissor do título paga por usufruir

do preço unitário até o vencimento? Uma maneira de entender a taxa de juros é com a resposta para a

seguinte pergunta: quanto do valor presente precisamos adicionar ao próprio valor presente, a fim de

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obter o valor futuro? Utilizando os números do exemplo anterior, fazemos a seguinte demonstração:

Portanto, a taxa de juros implícita é de, aproximadamente, 17,64% ao ano. É interessante notar

que, quando dividimos duas grandezas monetárias, há o cancelamento de suas dimensões e o resul-

tado é uma taxa. Ademais, se tivermos o valor presente de um título atual e a taxa de juros a ser

capitalizada durante uma dada maturidade, é possível calcular o valor futuro do título no vencimento.

Por exemplo, se o preço unitário, PV, é R$ 900,00, a taxa de juros é de 10% ao ano e a maturidade

do título é um ano, então, o valor futuro, FV, do título, em um ano, será:

Por exemplo, considere que alguém toma um empréstimo de R$ 5.000,00 com duração de um

ano e com uma taxa de juros de 15% ao ano. Quanto o tomador do empréstimo deve devolver no

fim do ano?

Desse modo, o tomador deve devolver R$ 5.750,00 no fim do ano. Analogamente, tendo o valor

de face e a taxa de juros, podemos recuperar o preço unitário. Por exemplo, se o valor de face, FV, é

R$ 4.500,00 e a taxa de juros é de 20% ao ano, então, o preço unitário hoje é:

10

Para saber mais
Uma das modalidades de crédito mais pop-
ulares entre pequenas e médias empresas é o desconto de
duplicatas, que funciona da seguinte maneira: a empresa
tem alguma receita a receber no futuro (talvez, devido a
uma venda a prazo), mas precisa de capital de giro hoje.
Então, promete ao banco que vai entregar aquela receita
quando receber, enquanto o banco adianta uma quantia
menor hoje. Exatamente como uma T-Bill, concorda?


Iniciar este material, calculando o preço e

os juros de títulos da dívida americana pode parecer estranho e desconexo em relação ao dia a dia da

gestão financeira, mas essa desconexão é apenas aparente. Isso porque várias modalidades de crédito,

usadas cotidianamente por indivíduos e empresas, são análogas a títulos de desconto.

3. Determinantes da taxa de juros


O equivalente brasileiro às T-Bills são as LTNs (Letras do Tesouro Nacional), que funcionam exa-

tamente como as T-Bills. Por exemplo, o tesouro brasileiro se compromete a pagar R$ 1.000,00 em

uma data futura e vende essa promessa hoje a um valor menor. A taxa de juros é determinada, uni-

camente, pela diferença entre o valor futuro e o valor presente.

No dia 23/01/2018, a taxa de juros implícita na T-Bill com maturidade de um ano, 52 semanas, era de

1,73% ao ano (FEDERAL RESERVE BANK OF ST. LOUIS, 2018). No mesmo dia, a LTN com vencimento

em 2020 era negociada com taxa de juros implícita de 8,01% ao ano (TESOURO DIRETO, 2018). Por

que os títulos brasileiros pagam taxas de juros tão mais altas do que os títulos equivalentes americanos?

A resposta para essa pergunta é relacionada com a natureza da taxa de juros, que é, essencial-

mente, o preço do dinheiro no tempo. Salientamos que os títulos aos quais nos referimos são pro-

messas de um único pagamento, em uma data futura. Quando você compra uma LTN, está, basica-

mente, emprestando dinheiro ao governo brasileiro e, quando compra uma T-Bill, está emprestando

ao governo americano.

A primeira razão para o diferencial de juros é o fato de que as T-Bills são definidas em dólares,

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enquanto as LTNs, em reais. Ademais, o dinheiro perde poder de compra, quando aumenta o preço

dos bens e dos serviços transacionados na economia. A variação positiva dos preços é chamada de

inflação e a negativa é denominada deflação.

Agora, considere a seguinte situação: esperamos que o preço dos bens e dos serviços nos EUA suba

cerca de 1,5%, em 2018, contra uma expectativa de inflação de, aproximadamente, 4% no Brasil,

também nesse ano, segundo o boletim Focus (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018). Para comparar

uma promessa de mil dólares, daqui a um ano, com uma promessa de mil reais, também daqui a um

ano, precisamos considerar o quanto esperamos que o dinheiro pode perder de poder de compra em

cada país.

Como exposto, esperamos que a inflação brasileira seja de cerca de 4% em 2018. Como você já sabe,

a inflação é o aumento dos preços de bens e serviços, mas isso não significa que todos os preços, na

economia brasileira, vão subir 4% nesse ano. Provavelmente, mensalidades escolares vão subir mais de

4%, enquanto planos de telefonia e internet podem ficar mais baratos.

Ademais, 4% é decorrente da variação de uma cesta de bens, a qual representa o consumo de

algum agente econômico de interesse. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor

Amplo), por exemplo, mede o custo de vida de brasileiros residentes em regi-

ões metropolitanas, que ganham entre um e 40 salários mínimos.

Portanto, caro(a) aluno(a), quando escuta-

mos a expressão taxa de inflação, geralmente, 


Para saber mais
a mídia está se referindo à variação de uma Como costumamos gastar maior parte da renda com ali-
mentação, do que com tratamentos de saúde, o peso da
cesta de bens, a qual mede a composição alimentação no IPCA é maior do que o desses tratamen-
tos. Isso quer dizer que a variação dos preços dos alimen-
média do consumo de algum agente econô- tos afeta mais o índice do que a variação dos preços de
planos de saúde. Pesquise a composição do IPCA, para
mico de interesse. A variação do preço de bens
saber mais acerca desse assunto (IBGE, 2018).
e serviços individuais pode ser muito diferente 

do índice agregado.

As taxas esperadas de inflação, no entanto, não explicam todo o diferencial de juros entre Brasil e EUA.

Se, simplesmente, subtrairmos a taxa esperada de inflação da taxa de juros (por “capitalização simples”,

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assunto da próxima leitura fundamentada), a taxa de juros real, ou seja, geralmente, já descontada a infla-

ção esperada, dos EUA é de 0,30% a.a. (ao ano), enquanto a taxa de juros real

brasileira é de cerca de 4,0% a.a.

Taxa de juros Real - Taxa de Juros - Taxa de

Inflação Esperada 
Link
O boletim Focus, mencionado no texto, é uma pesquisa
realizada mensalmente pelo Banco Central do Brasil, na
O restante do diferencial de juros se dá qual participantes do mercado financeiro apresentam
suas previsões para variáveis macroeconômicas. A me-
pelo risco de crédito (risco de calote) asso- diana das previsões do Focus é um indicador de previsão
importante para diferentes taxas de inflação e costuma
ciado a cada um dos títulos. Os participantes ser uma boa previsão para períodos de até um ano. Você
pode consultar os destaques do boletim Focus, que estão
do mercado acreditam que existe uma pro- disponíveis em: <https://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/
readout/readout.asp>. Acesso em: 23 mar. 2018.
babilidade maior de que o Brasil não honre

suas obrigações, se comparado aos EUA, por

isso, cobram uma taxa de juros maior para

emprestar dinheiro ao Brasil.

Mudando ligeiramente o contexto, considere o problema de um banco brasileiro que cogita empres-

tar uma quantia monetária igual para duas pessoas diferentes. Essas pessoas são rigorosamente idên-

ticas em ocupação, renda, patrimônio e histórico de crédito, mas uma delas é empregada do setor

público e a outra trabalha no setor privado.

Tendo em vista que, no Brasil, um emprego público oferece maior estabilidade (no sentido de “não

ser demitido”) do que um emprego no setor privado, há maior probabilidade de o trabalhador do setor

privado não conseguir honrar as obrigações contraídas no empréstimo. Então, faz sentido que o banco

cobre uma taxa de juros menor do funcionário público para emprestar a mesma quantia, pelo mesmo

tempo.

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Questão para reflexão
Até agora, apresentamos o cálculo da taxa de juros total de uma operação financeira, como se os

juros fossem cobrados de uma vez só, no vencimento. O que aconteceria se a taxa de juros fosse a

metade, mas cobrada duas vezes no período de empréstimo? O montante total de juros seria o dobro?

Considerações finais
O objeto de estudo da gestão financeira é o valor de fluxos de caixa, em diferentes períodos, no tempo.

• A taxa de juros é o preço do dinheiro no tempo. É uma “tarifa” paga pelo tomador de um

empréstimo pelo privilégio de utilizar uma quantidade monetária por um período de tempo

predeterminado.

• A taxa de inflação (deflação) é a variação positiva (negativa) do preço dos bens e serviços, tran-

sacionado em uma economia em um determinado espaço de tempo.

• Os principais determinantes da taxa de juros são a taxa de inflação e o risco de crédito asso-

ciado à operação.

Reconhecimento de um título de desconto zero-cupom. A equação FV - PV . (1+r) relaciona o valor

presente, o valor futuro e a taxa de juros da operação.

Glossário
Taxa de Juros, r: preço do dinheiro no tempo.

Valor presente, PV: valor de um fluxo monetário hoje corresponde ao valor futuro, descontado pela

taxa de juros. No contexto de títulos de renda fixa, às vezes, o valor presente é chamado de preço

unitário.

Valor futuro, FV: valor de um fluxo monetário no futuro corresponde ao valor presente, capi-

talizado pela taxa de juros. No contexto de títulos de renda fixa, às vezes, o valor futuro é cha-

mado de valor de face.

Título de desconto: instrumento financeiro que promete um pagamento no futuro, o valor de face,

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e é negociado hoje por um valor menor (o preço unitário).

Taxa de inflação: variação positiva do preço de uma cesta de bens e serviços.

Maturidade: duração total da operação financeira, medida em anos, meses ou dias.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1- Se um título de desconto zero-cupom, com maturidade de um ano, tem preço unitário
de R$ 550,00 e taxa de juros anual de 20%, então o valor de face do título é de:
a) R$ 750,00.
b) R$ 770,00.
c) R$ 1.000,00.
d) R$ 600,00.

e) R$ 660,00.

QUESTÃO 2- O valor de face de um título de desconto é R$ 4.000,00 e o preço unitário é R$ 3.750,00.


Portanto, a taxa de juros implícita é de, aproximadamente,
a) 66%.
b) 6%.
c) 33%.
d) 3%.

e) 12%.

QUESTÃO 3- A ______________ é a remuneração paga pelo tomador de um empréstimo ao credor,


por utilizar o valor monetário do empréstimo até o vencimento. A remuneração requerida pelo credor
de um empréstimo é tão maior quanto for a __________ até a maturidade e o _______________ asso-
ciado ao tomador.
a) taxa de inflação; taxa de juros; risco de crédito.

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b) taxa de juros; taxa de inflação esperada; risco comercial.
c) taxa de deflação; taxa de juros esperada; patrimônio líquido.

d) taxa de juros; taxa de inflação esperada; risco de crédito.

e) taxa de juros; taxa de deflação; risco comercial.

Referências Bibliográficas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Composição do IPCA.
Disponível em: <https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?t=ip-
ca-indice-geral-grupos-produtos-servicos&vcodigo=IA60>. Acesso em: 23 jan. 2018.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Índice de Preços ao Consumidor Amplo.


Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/
defaultinpc.shtm>. Acesso em: 23 jan. 2018.

FOCUS relatório de mercado. Banco Central do Brasil. 19 jan. 2018. Disponível em: <https://
www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20180119.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2018.

TESOURO DIRETO. Rentabilidade dos títulos públicos. 2018. Disponível em: <http://www.
tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-precos-e-taxas-dos-titulos>. Acesso em: 23 jan.
2018.

1-YEAR Treasury Bill: Secondary Market Rate. Federal Reserve Bank of St. Louis. 2018.
Disponível em: <https://fred.stlouisfed.org/series/DTB1YR>. Acesso em: 23 jan. 2018.

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Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa e. Lembrando que PV - $ 550e r - 20%. Então,


FV=PV.(1+r)

FV=$550(1+20%)

FV=$660

QUESTÃO 2- Alternativa b. Lembrando que PV - $ 3750 e FV - $ 1000. Então,


FV=PV.(1+r)
FV
r 1
PV
$4000
r 1
$3750
r=6.66%

QUESTÃO 3- Alternativa d. A taxa de juros é a remuneração paga pelo tomador de um empréstimo


ao credor, por utilizar o valor monetário do empréstimo até o vencimento. A remuneração requerida
pelo credor de um empréstimo é tão grande quanto a taxa de inflação esperada até a maturidade e o
risco de crédito associado ao tomador.

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2
Capitalização
simples e
composta
Objetivos específicos
• dominar a lógica e o cálculo do regime de capitalização de juros simples e compostos;

• entender o conceito da taxa de juros efetiva;

• conhecer algumas taxas de juros importantes na economia brasileira.

Introdução
Na Unidade I, você compreendeu que juro é o nome dado à quantia paga pelo tomador de um

empréstimo, como compensação pelo privilégio de utilizar a quantia emprestada por um período de

tempo preestabelecido. Você também aprendeu a calcular a taxa de juros implícita em um título de

desconto, mas sempre em relação ao juro equivalente a toda a duração da operação.

Quando a taxa de juros é capitalizada ou incide, várias vezes, sobre o principal do empréstimo PV

ou o capital inicial PV do investimento, o valor futuro, FV, depende do regime de capitalização acor-

dado. Nesse sentido, os dois regimes de capitalização mais usados são o simples e o composto.

No regime de capitalização simples, a taxa de juros sempre incide apenas sobre o capital inicial.

Devido a essa característica, o valor futuro de um principal capitalizado pelo regime de capitalização

simples cresce de maneira linear. No regime de capitalização composta, os juros do período anterior

são adicionados ao capital a ser valorizado no próximo período. Por isso, o valor futuro, no regime

composto, cresce exponencialmente. Assunto que será mais bem desenvolvido neste material.

1. Capitalização simples
O regime de capitalização simples refere-se ao fato de os juros, a cada período, serem cobrados apenas

sobre o capital inicial. Considere que alguém faça um empréstimo hoje de R$ 5.000,00 (às vezes, a quantia

emprestada é chamada de principal ou capital inicial), por um período de quatro anos, a uma taxa de juros

de 10% ao ano. Qual é o montante (principal mais juros) a ser pago no final dos quatro anos? Considere que

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os juros são pagos ano a ano, ou seja, que o tomador tem um fluxo de caixa negativo a cada ano igual ao

valor dos juros. Assim, no primeiro ano, há:

O tomador paga os juros associados ao primeiro período, equivalente a R$ 500,00. Então:

E assim sucessivamente: o tomador do empréstimo devolve o montante total, formado por R$

2.000,00 de juros, mais o principal, R$ 5.000,00, exemplo de capitalização simples.

Agora, de maneira geral, qual é o valor futuro, FV, de um capital inicial, PV, remunerado por uma

taxa de juros simples, i, a cada período, T períodos no futuro? Lembre-se de que o valor futuro FV,

ou montante, é o valor presente PV, ou principal, mais os juros, J:

FV=PV+j

Como exposto, no regime simples, a taxa de juros, i, é capitalizada a cada período sobre o prin-

cipal, PV. Em outras palavras, a quantia total de juros a ser paga, até o período T, é J = T . i. PV.

Portanto, no período T, o valor futuro é

Essa é a fórmula de capitalização por regime simples. Nessa perspectiva, quanto o valor futuro FV

cresce a cada período? Sabemos que o valor futuro de um principal aplicado por T períodos, a uma

taxa simples, r, é FV(T,i)=PV(1+Ti). Trata-se da equação de uma reta. A Figura 1 demonstra que o valor

futuro sob capitalização simples cresce, de maneira linear, com o passar do tempo.

20
FIGURA 1 – CAPITALIZAÇÃO SIMPLES

FONTE: o autor.

2. Capitalização composta
No regime de capitalização composta, os juros do período anterior são adicionados ao capital a

ser valorizado no próximo período. Para entender melhor esse conceito, considere, novamente, um

empréstimo de R$ 5.000,00, com taxa de juros de 10% ao ano e duração de quatro anos. Definimos

a taxa de juros por ano, mas o período total do empréstimo são quatro anos. A taxa de juros de 10% é

capitalizada quatro vezes do início até o fim da operação. Assim, podemos entender o problema como

quatro operações financeiras distintas.

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Temos os dados: i = 10%, no primeiro ano, PV1=$5000. Então,

• Agora considere que os juros sejam pagos somente no vencimento, de modo que o valor futuro
(o montante) do primeiro período torna-se o valor presente (principal) do segundo período.
Assim,

Nos terceiro e quarto períodos, há:

O montante final é $7320,50. O juro total pago é J = FV - PV = $7320,20 - $5000 = $2320,20.

Esse foi um exemplo de capitalização composta. O ponto importante é que os juros são incorporados

ao valor capitalizado em cada período.


Agora, apresentaremos uma fórmula geral para o valor futuro na capitalização composta, como
fizemos para o regime simples. Considere um capital inicial PV, aplicado a uma taxa de juros i, por T
períodos, sob capitalização composta. Qual é o valor futuro FV ao final dos T períodos? Para responder
a essa pergunta, é necessário dividir a operação de T períodos em T operações. Os subscritos denotam
o período 1, 2, … T, ao qual a variável se refere.

• No período 1:

22
• No período 2:

• No período 3:

Conseguiu entender o padrão?

• No período T:

O valor futuro FVT de um principal PV1, aplicado de maneira composta por T períodos, é deter-

minado pelo capital inicial PV1, multiplicado pelo fator de capitalização (1 + l ), elevado à T-ésima

potência. Veja, na Figura 2, que o valor futuro, no regime composto, cresce exponencialmente com o

passar do tempo. O eixo horizontal representa o tempo decorrido desde o início da operação e o eixo

vertical representa o valor futuro do investimento em cada período. Note como o valor futuro cresce

cada vez mais rápido.

23
FIGURA 2 – CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA

FONTE: o autor.

Na capitalização simples, os juros incidem apenas sobre o capital inicial PV. A fórmula que retorna
o valor futuro FV, capitalizado sob regime simples, por T períodos, com taxa de juros r, é:

Sob capitalização composta, os juros do período anterior são incorporados ao capital a ser valori-
zado no próximo período. A fórmula que retorna o valor futuro FV, capitalizado sob regime composto,
por T períodos, com taxa de juros r, é:

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3. Comparação entre capitalização
simples e composta
No regime composto, os juros do período anterior são incorporados ao principal do empréstimo no

próximo período, de modo que o montante (principal mais juros, o valor futuro) cresce exponencial-

mente. No regime simples, a taxa de juros incide apenas sobre o capital inicial, talvez porque os juros

são pagos período a período, e o montante cresce linearmente.

Nesse sentido, considere um capital inicial de R$ 1.000,00, que rende uma taxa de juros de 8% por

período. A Figura 3 apresenta o efeito da capitalização de juros sobre juros. Nesse caso, a linha pon-

tilhada azul representa o valor do investimento inicial sob capitalização composta e a linha pontilhada

preta representa o valor do investimento inicial sob capitalização simples.

Como na capitalização composta os juros são incorporados ao capital no período seguinte, o valor

futuro cresce cada vez mais rápido. Na capitalização simples, como os juros incidem apenas sobre o

capital do primeiro período, o valor futuro cresce sempre na mesma proporção.


A Figura 3 demonstra a evolução do capital inicial de R$ 1.000,00, capitalizado por uma taxa de
juros de 8% ao período, no regime simples e no regime composto. A linha preta pontilhada representa
a capitalização simples e cresce linearmente, sempre na mesma velocidade. A linha azul pontilhada,
por sua vez, representa a capitalização composta e cresce exponencialmente, cada vez mais rápido.
As barras azuis mostram a diferença entre o valor futuro composto e o valor futuro simples a cada
período, que crescem cada vez mais.

25
FIGURA 3 – COMPARAÇÃO ENTRE OS REGIMES SIMPLES E COMPOSTO DE CAPITALIZAÇÃO

FONTE: o autor.

4. Taxa de juros efetiva e nominal


Considere que a taxa de juros nominal seja de 15% ao ano. Utilizamos o adjetivo nominal para enfa-

tizar que essa é a taxa apresentada como referência. Agora, pense: quanto é a taxa de juros acumu-

lada, ou efetiva, equivalente, após dois anos e quatro meses? Note, caro(a) aluno(a), que não importa

o capital inicial. A taxa acumulada deve ser calculada no regime simples e no composto.

No regime simples,

26
A taxa de juros é medida por ano, ou seja, a cada 12 meses. Portanto,

Isso significa que, cada período é representado por , “meses por ano”. Assim, o período de dois

anos e quatro meses é “meses por ano”. O fator de capitalização, um mais a taxa de juros,

acumulado em dois anos e quatro meses é:

A taxa de juros acumulada, após dois anos e quatro meses, é de 35%. Uma taxa de juros simples,

de 15% por ano, é equivalente a uma taxa simples de 35%, a cada dois anos e quatro meses.

No regime composto,

Reiteramos que, como a taxa de juros é medida em anos e o período de interesse é de dois anos

e quatro meses, . Então:

O fator de capitalização composto, acumulado em dois anos e quatro meses, é:

Portanto, a taxa de juros composta efetiva ou equivalente, em dois anos e quatro meses, é de

38,55%. Usando essa lógica, é fácil calcular a taxa de juros efetiva durante qualquer período de

tempo. Os pontos importantes são:

• reconhecer a frequência da taxa de juros de referência, 15% ao ano, no exemplo anterior;

• aprender a escrever o período de interesse, em termos dessa frequência. No exemplo, dois anos

27
e quatro meses foi representado por anos.

Para reforçar seu entendimento acerca desse conceito, caro(a) aluno(a),


considere que a taxa de juros base é de 10%
ao mês. Estamos interessados, todavia, na
taxa efetiva, após três meses e oito dias. 
Para saber mais
Para simplificar, considere que um mês tem Com o passar do tempo, o valor futuro de um capital apli-
cado sobre juros compostos cresce mais rápido do que se
30 dias. Então, três meses e oito dias podem
fosse aplicado sobre juros simples. No entanto, quando
o período percorrido é menor do que a frequência de in-
ser definidos como dias. Nesse sentido, cidência da taxa de juros nominal, essa relação se inverte.

calcular a taxa efetiva é só uma aplicação da

fórmula:

Por exemplo, se for feito um empréstimo de R$ 5.000,00, com taxa de juros composta de 10% ao
ano, qual será o valor desse empréstimo após um ano e meio? Para responder a essa pergunta, primeiro, é
preciso calcular a taxa de juros efetiva. A taxa de referência, taxa nominal, é descrita ao ano, então, para
transformá-la na taxa acumulada em um ano e meio, escrevemos o expoente da fórmula de capitalização
composta como “doze mais seis meses sobre doze meses” (um ano e meio expresso em meses).

Agora, fica mais fácil calcular o valor futuro, após um ano e meio:

28
5. Principais taxas de juros brasileiras
Neste momento, caro(a) aluno(a), você vai conhecer algumas das taxas de juros mais importantes

da economia brasileira. São elas: Selic (Sistema especial de liquidação e de custódia), CDI (Certificado

de depósito interbancário) e TR (taxa referencial).

A Selic é uma taxa de juros calculada para títulos federais. Trata-se da “meta”

estabelecida pelo Banco Central (BC), que baliza as demais taxas de juros da

economia. Ela é uma meta, porque o BC não

pode simplesmente decretar que uma certa

taxa de juros é praticada. O BC deve ven- 


Para saber mais
der ou comprar títulos da dívida pública, para O mercado financeiro tem algumas convenções relacio-
nadas à definição dos diversos períodos de tempo em que
que as forças de oferta e demanda se equili- são definidas as taxas de juros. Geralmente, são consid-
erados dias corridos (dc), definidos em um ano, ou seja,
brem na taxa desejada. Nesse sentido, o BC 12 meses de 30 dias, aproximadamente, 360 dias. Assim,
dc

( ( PV .(1  i )  FV ) )
vende títulos públicos, que mantém em sua 360

carteira, ou novos títulos públicos emitidos Ou são considerados dias úteis (du), definidos em um ano
de 252 dias, com 12 meses de 30 dias corridos, com 21
pelo Tesouro Nacional. dias úteis. Desse modo,
du
( ( PV .(1  i ) 252  FV ) )
CDI é a taxa de juros que os bancos comer-

ciais cobram para emprestar dinheiro, no cur-

tíssimo prazo de um dia, uns aos outros. Em

geral, a taxa CDI fica, ligeiramente, abaixo da taxa Selic. Apesar de o cidadão

comum não negociar, de modo direto, com operações desse tipo, a taxa CDI

é importante, porque muitos investimentos

de renda física são cotados com base na CDI, 


Link
em especial o CDB (Certificado de depósito
Você pode encontrar mais informações acerca da tran-
bancário) e as LCI e LCA (Letras de crédito sição de TJLP para TLP em: <http://www.fazenda.gov.br/
noticias/2017/julho/sancionada-lei-que-cria-taxa-de-
imobiliário/agrícola). longo-prazo-tlp-em-substituicao-a-tjlp>. Acesso em: 23
fev. 2018.
Por fim, a TR é uma taxa de juros de 

29
responsabilidade do Banco Central, introduzida no início da década de 1990, como ferramenta de

controle da inflação. O valor da taxa referencial é positivo ou zero e costuma ser inversamente rela-

cionado ao nível da taxa Selic. A TR é importante, porque influencia os rendimentos da caderneta de

poupança, o FGTS e alguns títulos públicos.

5.1 A taxa de juros de longo prazo


Uma taxa de juros bastante relevante, e polêmica, presente na economia brasileira é a TJLP (Taxa

de juros de longo prazo). Criada em 1994, a TJLP é definida trimestralmente pelo Conselho Monetário

Nacional (CMN), com base na meta de inflação e em um prêmio de risco. Na prática, a definição da

TJLP está sujeita às decisões políticas, de modo que a remuneração de TJLP é inferior ao custo de

captação de recursos do tesouro, como medido pela Selic, por exemplo.

A TJLP, até o início de 2018, era a taxa de juros que incidia sobre operações de empréstimo do

BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), fazendo o governo “pagar” para

fazer esses empréstimos. A partir de 1º de janeiro de 2018, a TJLP foi substituída pela TLP (Taxa de

Longo Prazo) e, gradualmente, deixará de existir, conforme os empréstimos ativos maturarem.

Desse modo, a TLP não terá o componente de “prêmio de risco”, definido de maneira discricioná-

ria, como na TJLP, pois a remuneração será igual a taxa de juros real nas NTN-B de cinco anos (Notas

do Tesouro Nacional série B), mais o IPCA do período (Índice de preços ao consumidor amplo). Muitos

consideram essa mudança um avanço institucional.

Questão para reflexão


Considere que R$ 100,00 são aplicados a uma taxa de juros de 100% ao ano. O valor do inves-

timento, no fim do ano, é de R$ 200,00. Agora, considere que a taxa de juros seja a metade, 50%,

mas capitalizada duas vezes no ano. No primeiro semestre, 50% é adicionado aos R$ 100,00, resul-

tando em R$ 150,00. No segundo semestre, 50% incide sobre R$ 150,00, de modo que o valor do

investimento, no fim do ano, é de R$ 225,00. Se 25% de juros fossem cobrados trimestralmente, o

30
valor futuro do investimento seria de cerca de R$ 244,00. Observe:

Desse modo, caro(a) aluno(a), quanto maior for a “frequência de cobrança” dos juros, maior será o

capital inicial no vencimento. Esse é o efeito dos “juros sobre juros” da capitalização composta. O que

aconteceria se 1% de juros fossem cobrados 100 vezes no ano? Se 0,1% fosse cobrado 1000 vezes? Se

os juros fossem cobrados a todo momento, continuamente? O valor futuro cresceria de maneira inde-

finida? Tente usar uma calculadora ou um programa como o Excel para descobrir, para testar valores

grandes, 0.1% de juros capitalizado 1000 vezes, por exemplo.

Considerações finais
Apresentamos como calcular o valor futuro de uma quantidade monetária capitalizada pelo regime

simples, dada pela fórmula

Explicamos como calcular o valor futuro de uma quantidade monetária capitalizada pelo regime

composto, dada pela fórmula .

A taxa de juros efetiva é a taxa de juros acumulada até um período de interesse, que pode ser

menor ou maior que a frequência de capitalização da taxa de juros nominal.

Apresentamos algumas taxas de juros relevantes para a economia brasileira: Selic, CDI, TR e TJLP/

TLP.

31
Glossário
Principal/capital inicial: esses termos se referem à quantia inicialmente emprestada/investida, PV,

o valor presente da operação.

Capital: capital de segundo período, por exemplo, não capital inicial, é a quantia sobre a qual

incide a taxa de juros no segundo período, ou seja, é o capital a ser valorizado no segundo período.

No regime composto de capitalização, a cada período, os juros são adicionados ao capital. No regime

simples, o capital a ser valorizado é sempre o capital inicial ou o principal.

Fator de capitalização: o termo “fator”, em matemática financeira, refere-se a uma quantidade igual

a um mais a taxa de juros, ou seja, ( 1+ l ).

Taxa de juros nominal: é a taxa de juros de referência, isto é, a que consta no contrato da opera-

ção financeira.

Taxa efetiva: é a taxa de juros acumulada, ou equivalente, durante um período, potencialmente

diferente da frequência em que a taxa de juros de referência é definida.

32
Verificação de leitura

QUESTÃO 1- Considere um empréstimo de R$ 1.500,00, com duração de cinco anos. A taxa de juros
anual é de 8%, e o tomador paga juros anuais. Portanto, o tomador paga remessas anuais de ________
e, no fim do período de empréstimo, deve pagar __________ ao credor.
a) R$ 120,00; R$ 2.204,00.

b) R$ 120,00; R$ 1.500,00.

c) R$ 240,00; R$ 2.204,00.

d) R$ 60,00; R$ 1.500,00.

e) R$ 60,00; R$ 2.204,00.

QUESTÃO 2- Qual é o valor futuro de um capital inicial de R$ 2.500,00, capitalizado sob regime com-
posto, a uma taxa de juros de 6% ao ano, após oito anos?
a) R$ 3.250,00.
b) R$ 3.100,00.
c) R$ 3.156,19.
d) R$ 3.984,62.

e) R$ 3.457,57.

QUESTÃO 3- Considere uma taxa de juros de referência de 15% ao mês. Qual é a taxa de juros efetiva
para o período de dois meses e nove dias, considerando que o mês tem 30 dias?
a) 37,91%.

b) 40,00%.

c) 32,25%.

d) 34,50%.

e) 35,00%.

33
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Fazenda. Sancionada lei que cria Taxa de Longo Prazo (TLP) em subs-
tituição à TJLP. 22 set. 2017. Disponível em: <http://www.fazenda.gov.br/noticias/2017/
julho/sancionada-lei-que-cria-taxa-de-longo-prazo-tlp-em-substituicao-a-tjlp>. Acesso
em: 23 fev. 2018.

Leitura complementar

ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017.

Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa b. Como o tomador paga remessas de juros anuais, essa quantidade não é
incorporada ao capital valorizado a cada período. Então, a lógica é de capitalização simples. O toma-
dor paga, anualmente, remessas de juros de r.PV=8%.$1500=$120. No fim do empréstimo, retorna o
principal de $1500.

QUESTÃO 2- Alternativa d. Aplicação direta da fórmula da capitalização composta.

PV(1+r)T=FV→$2500(1+6%)=$3984,62

QUESTÃO 3- Alternativa a. A taxa básica é definida ao mês. Podemos escrever um mês como

“mês”, assim, dois meses e nove dias são “meses”. Desse modo, a taxa

efetiva deve ser calculada como:

34
3
Desconto
simples e
composto
Objetivos Específicos
• dominar a lógica e o funcionamento das operações de desconto simples e composto;

• entender como a inflação diminui o poder de compra do dinheiro e como ela se relaciona com

a taxa nominal de juros;

• aprender como realizar operações de capitalização e desconto, quando a taxa de juros varia perí-

odo a período;

• iniciar a familiarização com a calculadora financeira HP12c.

Introdução
O principal objetivo desta unidade é olhar o problema da acumulação dos juros no tempo, pela ótica

inversa. Ao invés de calcular o quanto um capital inicial se valoriza até uma data futura, você pode se

perguntar, caro(a) aluno(a), qual é o valor hoje de uma quantidade monetária no futuro? Trata-se da

operação de desconto, inversa à capitalização.

Nesse sentido, você entenderá como a inflação diminui o poder de compra do dinheiro e como

calcular a rentabilidade de uma operação financeira em termos reais, de bens e serviços, não de dóla-

res ou reais. Você também compreenderá como é possível realizar operações de capitalização e des-

conto, quando a taxa de juros varia período a período. Para resolver esse tipo de problema é preciso

“quebrar” a operação em várias operações diferentes ou calcular a taxa de juros efetiva para todos os

períodos.

Finalmente, você começará a se familiarizar com a calculadora financeira HP12c, visto que essa

ferramenta auxilia muito o trabalho no dia a dia. As funções pré-programadas da HP12c possibilitam

a realização de cálculos financeiros muito complexos para serem realizados em calculadoras comuns.

Isso vai ficar bem claro, caro(a) aluno(a), quando apresentamos os conceitos relacionados às séries de

pagamento e às amortizações em lições futuras.

36
1. A operação de desconto
Na Unidade 2, caro(a) aluno(a), você aprendeu a capitalizar uma quantia monetária nos regimes

simples e composto. O valor futuro FV de um capital inicial PV, aplicado a uma taxa de juros i por

período, depois de T períodos, é:

• no regime simples: PV(1+Ti)=FV;

• no regime composto: PV(1+i)T =FV.

O que chamamos de desconto é a operação inversa da capitalização. Você conhece o valor futuro

FV, a taxa de juros i, o número de períodos T, então, pergunta: qual é o valor hoje, o valor presente

PV, da quantia monetária FV, que só será recebida (ou paga) no futuro T? Lembre-se de que essa

operação não é desconhecida, caro(a) aluno(a), pois apresentamos exercícios parecidos, com T = 1,

na Unidade 1.

É fácil manipular as fórmulas de capitalização simples e composta para isolar o valor presente PV.

De acordo com Assaf Neto (2016), só precisamos dividir os dois lados da fórmula do regime simples

por (1+T.i), e da fórmula do regime composto por (1+i)T, para que sejam obtidas fórmulas de:

• desconto simples: PV=FV/(1+T.i);

• desconto composto: PV=FV/(1+i)T.

Salientamos que as operações de desconto não são elementos separados das operações de capi-

talização. Afinal, trata-se de problema igual, quando olhado de forma contrária. Nesse sentido, o que

denominamos “fórmulas de desconto” é uma manipulação das fórmulas de capitalização. Portanto, os

conceitos de frequência de incidência da taxa de juros e das taxas efetivas ou equivalentes se aplicam

da mesma forma no contexto de desconto.

Por exemplo, considere um título de desconto zero-cupom, com valor de face R$ 1.000,00,

maturidade de sete anos e taxa de juros de 9% ao ano. Qual é o preço unitário do título hoje?

37
Quando nada mais é informado, costumamos assumir o regime composto. Então, com base na

aplicação direta da fórmula de desconto composto há:


FV $1000
PV  T
  $547, 03
(1  i ) (1  9%)7

Caso seja preciso descontar o título pelo regime simples, é preciso aplicar a fórmula de des-

conto simples:
FV $1000
PV    $613, 50
1  Ti 1  7.9%

2. Comparação entre desconto simples e


composto
Para facilitar a sua compreensão, caro(a) aluno(a), esta explicação inicia-se com a resolução de um
exemplo. Desse modo, considere um título de desconto que paga R$ 1.000,00 no vencimento, tem
taxa de juros 8% ao ano e maturidade de 12 anos. Qual o preço unitário do título hoje?

FV $1000
No regime simples: PV  
  $510, 20 .
1  iT 1  12 x8%

FV $1000
No regime composto: PV  T

  $397,11 .
(1  i ) (1  8%)12

A Figura 1 mostra o valor presente do título em cada um dos anos, sendo que o intercepto é o

resultado dos cálculos do exemplo. A linha pontilhada preta representa o valor presente por desconto

simples, enquanto a linha pontilhada azul representa o valor presente por desconto composto. O eixo

horizontal representa o tempo transcorrido desde o início do investimento. Nesse exemplo, com matu-

ridade de 12 anos, FV/(1+1 x i) é o valor presente (simples), faltando um ano para o vencimento (em
t - 11, na Figura 1), FV/(1+2 x i) é o valor presente (simples), faltando dois anos para o vencimento (em
t - 10, na Figura 1).

38
FIGURA 1 – COMPARAÇÃO ENTRE REGIMES DE DESCONTO SIMPLES E COMPOSTO

FONTE: o autor.

Com base na Figura 1, podemos afirmar que, em uma mesma taxa de juros, o valor presente por
desconto composto é menor do que o valor presente com desconto simples, conforme o número de
períodos descontados aumenta. Trata-se do fenômeno dos juros compostos “ao contrário”. Da mesma

forma que na capitalização, se o período de interesse é inferior a um, o contrário também é verdade,

isto é, se T< 1, então, (1+Ti) > (1+i)T e o valor presente por desconto simples é menor do que o valor

presente por desconto composto.

Você pode visualizar esse efeito na Figura 2. Para que a diferença seja visualmente perceptí-

vel, usamos uma taxa de juros bastante alta, 90% ao período. O painel (a) mostra a operação de

39
capitalização, sendo que a linha sólida azul representa o valor futuro composto e a linha sólida laranja

representa o valor futuro simples. As linhas se interceptam em t -1. O painel (b), por sua vez, mostra a

operação de desconto, sendo que a linha sólida azul representa o valor presente composto e a linha

sólida laranja representa o valor presente simples. Também em t -1 as linhas se cruzam.

FIGURA 2 –EQUIVALÊNCIA ENTRE OS REGIMES SIMPLES E COMPOSTO DE CAPITALIZAÇÃO/DESCONTO

FONTE : o autor.

40

Para saber mais
Para saber mais: Há equivalência entre os regimes simples e composto, porque, quando o período de interesse,
de capitalização ou desconto, é igual a um, temos:
no regime simples:
FVsimples=PV.(1+T.i)=PV(1+1.i)=PV.(1+i)
no regime composto:
FVcomposto=PV.(1+i)T=PV(1+i)1=PV.(1+i) Assim, FVsimples= FVcomposto


3. Inflação, poder de compra e a taxa de


juros
Como você já sabe, caro(a) aluno(a), a taxa de juros (nominal) é composta, fundamentalmente,

pela taxa esperada de inflação, isto é, o quanto se espera que os bens e serviços na economia fiquem

mais caros, somada à taxa de juros real (compensação pelo risco da operação). Desse modo,

Taxa de juros Nominal = Taxa Esperada de Inflação / Taxa de juros Real

Essa equação ilustra bem o conceito, mas, depois de estudar os regimes simples e composto de

capitalização/desconto, você consegue entender a equação subentende a soma das taxas conforme o

regime simples. A maneira correta de somar (subtrair) a taxa de inflação é utilizando o regime com-

posto de capitalização (desconto). Talvez, caro(a) aluno(a), a melhor forma de entender a razão seja

por meio de um exemplo simples.

Considere que você gerencia uma plantação e precisa comprar fertilizantes, a fim de se preparar

para a colheita do próximo ano. Hoje, você tem R$ 1.000,00 separados para comprar fertilizantes,

que custam R$ 10,00 por litro. Como o dinheiro só será gasto no ano seguinte, faz sentido investi-lo,

por exemplo, em um fundo de renda fixa, que remunera 10% ao ano, mas considere que, passado um

41
ano, o preço do fertilizante teve um aumento de 5%, ou seja, agora custa R$ 10,50 por litro. Quantos

litros de fertilizantes você poderá comprar com o dinheiro que separou?

O valor futuro dos R$ 1.000,00 de capital inicial, aplicados a uma taxa de 10% ao ano, é de R$

1.100,00. Cada litro de fertilizante custa R$ 10,50. Portanto, você poderá comprar $ 1100/$10.5 -

104,76 litros de fertilizante. Em outras palavras, os R$ 1.000,00 que compravam 100 litros de ferti-

lizante no ano passado, agora compram 104,76 litros.

A rentabilidade da operação financeira em termos reais, em termos do produto que será com-

prado, é (1+10%) / (1+5%) - 1=4,76%.

A taxa de juros nominal é i, a taxa de inflação é r e a taxa de juros real é π. Podemos reescrever

a relação entre juros e inflação no regime composto como:

Como você já sabe, é preciso subtrair 1 do fator, para obter a taxa:

4. Taxas de juros irregulares


Nos exercícios expostos até agora, a taxa de juros era constante durante toda a operação, mas o

que acontece se a taxa de juros variar? Se, por exemplo, um capital inicial de R$ 1.000,00 fosse capi-

talizado, em regime composto, por dois períodos, a uma taxa de 12%, no primeiro período, e de 15%,

no segundo período, qual seria o valor futuro?

42
Para resolver esse problema, há duas possíveis opções. É possível separar a operação em duas ope-
rações diferentes, uma que rende 12% ao ano, por um ano, e mais uma que rende 15% ao ano, por

outro ano. Assim,

FV1=PV1.(1+i1)

FV1=$1000.(1+12%)=$1120

PV2=FV1

FV2 = PV2.(1+i2)

FV2=$1120.(1+15%)=$1288

Observe, caro(a) aluno(a), que houve uma pequena modificação em relação ao esquema que utili-

zamos para calcular a fórmula geral de capitalização composta, com taxa de juros constante. O incon-

veniente é que, nessa forma, fica complicado expressar o valor futuro FV2 final em função do capital

inicial PV1.
Talvez, seja mais simples calcular a taxa efetiva para o período de dois anos, considerando a irre-
gularidade da taxa de juros, e capitalizar o capital inicial apenas uma vez. Assim, i* é a taxa efetiva
no período de interesse de dois anos. Logo,

(1+i*) = (1+i1) . (1+i2)

(1+i*) = (1+12%) . (1+15%)

(1+i*) =(1+28,8%)

Ao calcular a taxa efetiva, sempre é importante confirmar se a frequência de incidência das taxas
são iguais, nesse caso, ambas são uma vez ao ano. Então, fica fácil calcular o valor futuro como

FV = PV (1+i*)

FV = $1000 . (1+28,8%)

FV = $1288

Para descontar um valor futuro com taxas de juros irregulares, você só precisa inverter essa relação.

43
5. Conhecendo a calculadora financeira
HP12c
Uma ferramenta bastante útil no cálculo financeiro é a calculadora HP12c, a qual é, basicamente,

um computador muito simples, com funções pré-programadas, que realizam operações matemáticas.

Apesar de comuns no dia a dia, essas operações são complicadas demais para serem realizadas “à

mão” ou com calculadoras comuns, o que vai ficar bem evidente, quando apresentarmos as séries de

pagamento e a amortização de financiamentos, nas próximas lições.

No passado, muito do trabalho da gestão financeira era dominar completamente a HP12c, apre-

sentada na Figura 3, para fazer cálculos rápidos e precisos. Hoje, com a evolução dos computadores,

ferramentas como o Microsoft Excel e diversas linguagens de programação diminuíram a hegemonia

da HP12c. Mesmo assim, ainda é importante ter alguma familiaridade com essa calculadora, mesmo

que seja para conseguir consultar manuais no futuro.

44
FIGURA 3 – ILUSTRAÇÃO DA CALCULADORA HP12C

FONTE: Eugenio, 123RF.

5.1. Calculando com a HP12c


Para realizar a operação “12 x 4” (doze vezes quatro) em uma calculadora comum, você pressiona-

ria as teclas [1],[2],[x],[4],[=] (estamos utilizando os colchetes, para representar a tecla da calcula-

dora), como aprendemos álgebra na escola. A HP12c é diferente, e talvez um pouco confusa no início,

mas é mais cômoda para operações financeiras complexas. Para calcular “12 x 4” você pressionaria as

teclas [1],[2],[enter],[4],[x] . A calculadora não tem a tecla [=]. A lógica é que, primeiro, você informa

o número, depois, a operação.

45
Muitas teclas na HP12c têm sobrescri-

tos em dourado e subscritos em azul, que

se relacionam com a tecla dourada [ƒ] e a 


Para saber mais
tecla azul [g]. Para acessar as funções em Calculadoras científicas comuns aplicam a notação tradi-
cional que conhecemos, chamada de “infixa”. A notação
azul, primeiro, você deve apertar [g], o que ao contrário, que usamos na HP12c, é denominada “pós-
fixa” ou “polonesa inversa”. A notação polonesa tem
muda a função da tecla do padrão, ou seja, várias vantagens computacionais, quando comparada
com a infixa.
o que está em branco no meio da tecla, para 

a função em azul, descrita embaixo. Assim,

a tecla dourada [ƒ] funciona analogamente.

Neste momento, vamos utilizar as funções [PV],[FV],[I] e [n], localizadas no canto superior

esquerdo, para realizar operações de capitalização e desconto com apenas um pagamento, cuja for-

mulação matemática você já domina. Nesse sentido, pense: qual é o valor futuro ([FV]) de um capital

inicial ([PV]) de R$ 500,00, aplicado a uma taxa composta de 5% por período, durante oito períodos?

Antes de realizar qualquer novo cálculo, você precisa limpar a memória da calculadora. Para isso,

aperte a tecla dourada [ƒ], depois, a tecla [CLX], a qual limpa somente a última entrada. Quando a tecla

[ƒ] é acionada primeiro, aciona-se também a função [REG], que limpa tudo na memória da calculadora.

Na segunda etapa, você deve colocar o valor do capital inicial:[5],[0],[0],[CHS],[PV]. Quando você

digita o número 500 e aperta [PV], está informando para a calculadora que o capital inicial, ou valor

presente, é 500. Em seguida, deve ser apertada a tecla [CHS], que muda o sinal do número que está

na memória (500 torna-se – 500), porque, de acordo com o padrão, a calculadora espera um fluxo

de caixa positivo e outro fluxo de caixa negativo. Se a tecla [CHS] não for acionada nesse caso, o

valor futuro [FV] vai aparecer com sinal negativo.

O terceiro passo é informar a taxa de juros, que é de 5% ao período. Então, aperte [5],[i]. Devemos

salientar, caro(a) aluno(a), que a HP12c já divide por 100 o valor da taxa de juros, ou seja, não é

necessário digitar “0.05”, mas o número inteiro “5”. Em seguida, é preciso digitar os oito períodos:

[8],[n].
Pronto, agora é só apertar [FV] e o resultado “738.73” deve aparecer no visor. Observe que essa

46
calculadora tem como padrão dividir os dígitos decimais com um ponto, não com uma vírgula, como

é usual no Brasil. Para reforçar, pense: qual é o valor futuro (FV) de um capital inicial (PV) de R$

500,00, aplicado a uma taxa composta de 5% por período, durante oito períodos? FV=PV(1+i)n.

• Preliminares: [ƒ], [CLX] limpa a memória.

• Valor presente: [500],[CSH],[PV], que introduz R$ 500 como PV.

• Taxa de juros: [5],[i], que introduz 5% como taxa de juros i ao período.

• Número de períodos: [8],[n], que introduz o número 8 como a quantidade de períodos de

capitalização.

• Valor futuro: [FV]. Obtém-se o valor futuro, pois deve aparecer no visor o número 738.73 ou –

738.73, se você não apertou [CSH] na etapa de valor presente.

A ordem das etapas não importa totalmente, desde que você limpe a memória no início e intro-

duza todas as “peças”, PV,n,i, a calculadora vai resolver corretamente o problema e apresentar o FV

correto.

Agora, vamos fazer a operação contrária: qual é o valor presente PVde um montante FV de R$

738,73, capitalizado a uma taxa composta de 5% ao período, daqui a oito períodos? PV=FV/(1+I)n.

• Preliminares: [ƒ], [CLX].

• Valor futuro: [7],[3],[8],[.],[7],[3],[Fv];.

• Taxa de juros: [5],[i].

• Número de períodos: [8],[n].

• Valor presente: [PV]. Deve aparecer no visor o número – 500.00, porque não mudamos o sinal

do valor futuro.

Nas próximas lições, aprofundaremos as funcionalidades da HP12c, visto que se trata de uma fer-

ramenta útil no desconto de múltiplos fluxos de caixa futuros, na amortização de empréstimos e no

cálculo de índices de rentabilidade de investimentos.

47
Questão para reflexão

Até agora, caro(a) aluno(a), apresenta- Link
Há um manual oficial da calculadora HP12c em portu-
mos, principalmente, operações financeiras guês, no qual são explicadas todas as funcionalidades,
com exemplos bastante ilustrativos. Esse guia do usuário
com um fluxo de caixa positivo e um fluxo está disponível em: <http://h10032.www1.hp.com/ctg/
Manual/bpia5239.pdf>. Acesso em: 02 fev. 2018.
de caixa negativo. Como seria possível adap- 

tar as fórmulas de capitalização/desconto

simples e composto, a fim de valorar múlti-

plos fluxos de caixa no tempo?

Considerações finais
• Explicamos a operação de desconto, que transforma um valor monetário no futuro em seu equi-

valente no presente, descontado por alguma taxa de juros.

• Evidenciamos como a inflação afeta o poder de compra de um valor monetário no futuro. A

maneira conceitualmente correta de descontar a taxa de inflação da taxa de juros nominal é

pelo regime composto.

• Ensinamos como capitalizar um capital inicial ou descontar um valor futuro com taxas de juros

irregulares. Uma forma simples de realizar esse tipo de cálculo é obtendo a taxa efetiva para o

período total.

• Apresentamos o funcionamento básico da calculadora financeira HP12c e a realização de cálcu-

los de valor presente e de valor futuro, com apenas um pagamento pela calculadora.

Glossário
Desconto: Operação inversa da capitalização, quando transformamos um valor futuro em valor

presente.

48
Verificação de leitura

QUESTÃO 1- Qual é o valor presente de um montante de R$ 3.500,00, dois anos e quatro meses no
futuro, descontado por uma taxa de juros simples de 15% ao ano?
a) R$ 2.545,39.

b) R$ 2.592,59.

c) R$ 2.526,04.

d) R$ 2.646,50.

e) R$ 2.692.31.

QUESTÃO 2- Qual é o valor presente de um montante de R$ 5.000,00, remunerado a uma taxa com-
posta de 15% ao ano, descontado por sete anos?
a) R$ 4.608,53.

b) R$ 4.597,70.

c) R$ 2.439,02.

d) R$ 1.879,68.

e) R$ 2.934,53.

QUESTÃO 3- Se a taxa de juros nominal de um certo título é de 8% ao ano e a taxa de inflação acumu-
lada no ano foi de 5%, qual é a rentabilidade do título em termos reais?
a) 2,85%.

b) 3,50%.

c) 3,00%.

d) 2,69%.

e) 4,50%.

49
Referências Bibliograficas
ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

EUGENIO, M. Financial tools. 123RF. Disponível em: <https://br.123rf.com/stock-photo/


calculadora_hp.html?imgtype=0&sti=m9dxwfprtmmkqalnsx|&mediapopup=1517762>.
Acesso em: 09 maio 2018.

HEWLETT–PACKARD COMPANY.  Hp 12c calculadora financeira.  2005. Disponível em:


<http://h10032.www1.hp.com/ctg/Manual/bpia5239.pdf>. Acesso em: 02 fev. 2018.

Leitura complementar

PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.

VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas,


2017.

50
Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa b. Aplicação da fórmula de desconto simples, com a taxa de juros transfor-
mada para o prazo de interesse: PV=FV/(1+Ti). Como a taxa base é expressa em anos, transformamos
o prazo para dois anos e quatro meses. Assim:
2.12  4 28
T 
12 12

$3500
PV   $2592, 59
28
1  15%
Portanto, 12

Questão 2 – Alternativa d. Aplicação direta da fórmula de desconto composto:


FV $5000
PV    $1879, 68
(1  i )T (1  15%)7

Questão 3 – Alternativa a. A taxa de juros nominal é i, a taxa de inflação é π e a taxa de juros

real, rentabilidade real, é r. As três se relacionam na capitalização composta, pois (1+i) = (1=π).(1+r).

Assim, o fator de rentabilidade real do título é:


1  i 1  8%
(1  r )    1, 0285
1   1  5%

E a taxa de juros real é de 2,85%.

51
4
Séries de
pagamento
Objetivos Específicos
• categorizar séries de pagamento, ou fluxos de caixa, de acordo com o valor das parcelas, a

periodicidade dos pagamentos, a duração da operação e o período de ocorrência do pagamento;

• entender as fórmulas de valor presente e valor futuro de séries de pagamento com diferentes

características;

• introduzir o conceito de equivalência entre fluxos de caixa.

Introdução
Nesta lição, caro(a) aluno(a), você irá aprender a valorar sequências de vários pagamentos espa-

çados no tempo, séries de pagamento ou de fluxos de caixa. Como cada pagamento é definido por

um instante de tempo diferente, a taxa de juros (aqui, considerada constante) incide mais vezes sobre

pagamentos mais distantes no futuro.

Para calcular o valor presente, ou o valor futuro, de uma série de pagamentos, somamos os flu-

xos de caixa, cada um descontado, ou capitalizado, pela taxa de juros apropriada. Nesse sentido, uma

série de pagamentos é definida segundo as seguintes características:

valor das parcelas, que pode ser sempre igual ou variar período a período;

espaçamento das parcelas, que pode seguir uma regra bem definida ou não;

duração da série, limitada ou ilimitada;

período de ocorrência do pagamento.

Dependendo das características dos fluxos de caixa, pode ser possível expressar o valor futuro ou

o valor presente da série como uma fórmula concisa.

Ademais, iremos introduzir o importante conceito de equivalência entre fluxos de caixa. Desse

modo, afirmamos que duas séries de pagamento são equivalentes se ambas tiverem valor presente

iguais. A ideia é que, se as taxas de juros usada para descontar os fluxos de caixa forem diferentes,

então, séries com pagamentos de magnitude diferentes podem ter valor presente igual.

53
1. Características das séries de
pagamento
As séries de pagamento, ou séries de fluxo de caixa ou apenas fluxos de caixa, são sequências de

pagamentos monetários localizados no tempo. De acordo com Assaf Neto (2016), há quatro caracte-

rísticas que definem uma série de pagamento:

• valor das parcelas, que se refere ao valor de cada um dos pagamentos da série e pode regular

(constante) ou irregular (variável);

• periodicidade das parcelas, referente ao espaçamento no tempo entre pagamentos. Se o inter-

valo entre pagamentos é constante ou segue uma regra bem definida, os fluxos de caixa são

periódicos. Caso contrário, são aperiódicos.

• duração da operação, a qual pode ser limitada, se sabemos o número de pagamentos a priori,

ou indeterminada, se não conhecemos, previamente, a quantidade de pagamentos;

• período de ocorrência do pagamento, que diz respeito ao período de referência no qual é reali-

zado o pagamento. Se os fluxos de caixa ocorrem no fim do período, os pagamentos são poste-

cipados. Se ocorrem no início do período, são antecipados. Se existe algum período de carência,

a série é diferida. Essa característica é relevante, porque, se os pagamentos ocorrem no fim do

período de referência (postecipado), os juros do período incidem sobre o fluxo de caixa. Caso

ocorram no início do período de referência (antecipados), não é necessário descontar/capitalizar

os juros daquele período. Se nada for informado, deve ser tratada como uma série postecipada.

Nesse sentido, caro(a) aluno(a), você entenderá como calcular o valor presente (PV) e o valor

futuro (FV) de séries de pagamento com diferentes características. Assim, focalizaremos as séries

com taxa de juros constantes.

54
1.1 Método geral de cálculo
O valor presente (PV) de uma série de fluxos de caixa limitada, postecipada e com taxa de juros

constante i pode ser escrito da seguinte forma:

PMT1 PMT2 PMT3 PMTn 1 PMTn


PV     ...  
1  i (1  i ) 2 (1  i )3 (1  i ) n 1 (1  i ) n
PMTj
PV   nj  1
(1  i ) j*

Nesse caso, PMTj denota o pagamento na data j, que pode ser positivo, negativo, ou zero, e n

representa a quantidade de períodos. Por sua vez, o valor futuro (FV) de uma série limitada, poste-

cipada e com taxa de juros constante pode ser escrito assim:

FV=PMT1.(1+i)0+PMT2.(1+i)1+...+PMTn-1.(PMTn)n-2+PMTn(1+i)n-1
n 1
FV   PMT j .(1  i ) j 1
j 0

2. Séries de pagamentos regulares,


periódicas e limitadas
Inicialmente, caro(a) aluno(a), considere o caso mais simples: uma série de pagamentos regular,

periódica e limitada, como ilustra a Figura 1.

55
FIGURA 1 – EXEMPLO DE SÉRIE DE PAGAMENTO REGULAR, PERIÓDICA E LIMITADA

FONTE: o autor.

Em outras palavras, o valor dos fluxos de caixa é sempre igual (regular), os

pagamentos são espaçados no tempo por um

intervalo constante (periódico) e o número



de períodos é previamente estabelecido
Link
(limitado). A seguir, vamos explorar essas Veja que um importante título da dívida brasileira o NTN-B
(Notas do Tesouro Nacional série B) segue a estrutura de uma
propriedades de regularidade desse tipo de série de pagamentos regular, periódica e limitada. Para obt-
er mais informações acerca desse assunto, acesse o link dis-
série de pagamentos, para obter uma fór- ponível em: <http://www.tesouro.gov.br/tesouro-direto-en-
tenda-cada-titulo-no-detalhe>. Acesso em: 23 fev. 2018.
mula conveniente para o valor presente. 

56
Caso você considere uma taxa de juros constante, o valor presente de uma série de pagamentos

regular, periódica e limitada pode ser escrito da seguinte forma:

Devido ao fato de os pagamentos serem regulares, podemos colocar PMT em evidência e escrever

PV como:

Assaf Neto (2016) denomina a expressão entre colchetes como fator de valor presente:

Observe que FPV(i,n) é a soma de uma progressão geométrica com razão q.(1+i)-1, número de

parcelas n, cujo primeiro termo a1 é (1+i)-1 e o n-ésimo termo an é (1+i)-n. A soma de uma progressão

geométrica finita é determinada pela fórmula

Fazendo a substituição na fórmula da soma de uma progressão geométrica finita, há:

57
Multiplicando ambos, numerador e denominador, por (1+i), podemos escrever o fator de valor pre-

sente como:

Portanto, o valor presente de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada pode ser

escrito da seguinte forma:

No exemplo da Figura 1,PMT - $50,00, n-12. Considere uma taxa de juros de 8% ao período.

Portanto, o valor presente dessa série de pagamentos é determinado por

Esse é o cálculo do valor presente, ou seja, o valor descontado, hoje, de uma série de pagamentos
regular, periódica e limitada. A faceta contrária do valor presente é o valor futuro (montante), a soma
dos pagamentos e dos juros acumulados. Assim, apresentaremos a fórmula conveniente para o valor
futuro de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada. Como os pagamentos e a taxa de
juros são constantes, escrevemos o valor futuro como:

Colocando PMT em evidência, temos:

A expressão entre colchetes é, analogamente, chamada de fator de valor futuro:

58
Observe que FFV (i,n) é uma soma de progressão geométrica, com primeira parcela a1=1, n-ésima

parcela an = (1+i)n-1 , razão (1+i). Da fórmula de Sn, há:

Assim, o valor futuro FV é determinado por:

Ainda com base na Figura 1, PMT = $50,00, n=12, i=8%. Portanto,

Assaf Neto (2016) chama as séries de pagamento regulares, periódicas e limitadas, para as quais

podemos escrever o valor futuro ou valor presente, como função dos pagamentos periódicos (da taxa

de juros e do número de períodos) de fluxos de caixa padrões ou convencionais.

59
3. Séries de
pagamento 
Para saber mais

regulares, Um ativo financeiro que gera fluxos de caixa “para sem-


pre”, ou por uma quantidade ilimitada de períodos, pode
parecer algo fora da realidade, mas qualquer ação nego-

periódicas, mas ciada em bolsa de valores, que paga dividendos periódi-


cos, enquadra-se nessa categoria de ativo.

ilimitadas
Quando o fluxo de caixa é regular, perió-

dico, mas ilimitado, também é possível determinar o valor presente (não o valor futuro) como função

dos pagamentos e da taxa de juros. Nesse sentido, esse tipo de fluxo de caixa também é padrão ou

convencional.

Como você já sabe, caro(a) aluno(a), a fórmula geral do valor presente de uma série de paga-

mentos pode ser escrita da seguinte forma:

Usaremos o símbolo do infinito subscrito para denotar que a soma é infinita. Ademais, você pode

observar que, nesse caso, o fator de valor presente é a soma de uma progressão geométrica infinita,

com primeiro termo (1+i)-1 e razão igual a (1+i)-1. A fórmula de uma progressão geométrica infinita,

com primeiro termo a1 e razão q<1, é determinada por:

Fazendo a substituição na fórmula da soma de uma progressão geométrica infinita, há:

60
Multiplicando o numerador e o denominador por (1+i), é possível obter a simples fórmula para o

fator de valor presente de uma série de pagamentos regular, periódica e ilimitada:

Portanto o valor presente de uma série de pagamentos regular, periódica e ilimitada é

O argumento que utilizado para calcular o valor presente de uma série ilimitada de fluxos de caixa

não vale para o valor futuro. Vamos explicar a razão disso. Se escrevermos esse valor futuro, de

maneira análoga, como:

Pode parecer conveniente aplicar a fórmula S∞ =a1/(1-q) para escrever:

1
FFV 
1  (1  i )
1
FFV 
1*

Observe, porém, que é um número negativo. Claro que a soma dos números que estão dentro

dos colchetes, na expressão FV∞(PMT,i), é um número positivo. Desse modo, a fórmula S∞ é defi-

nida apenas para razões menores do que um, apenas para séries que diminuem com cada novo valor.

Portanto, podemos afirmar que FV∞(PMT,i) é indefinido.

61
4. Séries de pagamento não
convencionais
A partir de agora, trataremos das séries irregulares e/ou aperiódicas, nas quais a frequência dos

fluxos de caixa não segue uma regra preestabelecida ou a magnitude dos fluxos de caixa é variável

no tempo. Nesse sentido, a Figura 2 mostra um fluxo de caixa regular, limitado, mas aperiódico. Os

pagamentos são sempre de R$ 50,00, mas ocorrem em intervalos de tempo irregulares.

FIGURA 2 – SÉRIE DE PAGAMENTO REGULAR, APERIÓDICA, LIMITADA

FONTE: o autor.

62
Diferentemente do caso em que a série é regular e periódica, não é possível simplificar as fórmulas

de valor presente e de valor futuro de uma série de pagamentos aperiódica e/ou irregular para expres-

sões concisas. Desse modo, para calcular esses valores de séries aperiódicas, é preciso descontar/capi-

talizar os fluxos de caixa não nulos, pela taxa de juros associada ao período que ocorre o pagamento.

Depois, a soma é feita da maneira usual: é necessário aplicar a fórmula geral do valor presente e do

valor futuro de uma série de pagamentos.

Por exemplo, a fórmula geral do valor presente de uma série de pagamentos é a soma de cada

parcela PMT, descontadas pelo fator de juros composto por j períodos:


n PMT j
PV  
j 1 (1  i ) j

A fórmula geral do valor futuro de uma série de pagamentos e a soma de cada parcela PMT, capi-

talizadas pelo fator de juros composto por j-1 períodos é:

n 1
FV   PMT j .(1  i ) j
j 0

Vamos tentar calcular o valor presente do fluxo de caixa, descrito na Figura 2, supondo uma taxa

de juros de 15% ao período. Como exposto, os pagamentos são regulares, sempre de R$ 50,00, mas

não ocorrem com uma frequência bem estabelecida. Para aplicar a fórmula geral do valor presente,

precisamos transformar esse fluxo de caixa regular em um fluxo de caixa irregular que, às vezes, é R$

50,00, às vezes, é R$ 0. Assim:

63
$50 $0 $0 $0 $0
PV     
(1  15%) 1
(1  15%) 2
(1  15%) 3
(1  15%) 4
(1  15%)5
$0 $0 $0 $0 $0
    
(1  15%)6 (1  15%)7 (1  15%)8 (1  15%)9 10
(1  15%)
$0 $0
   $151, 63
(1  15%) 11
(1  15%)12

A Figura 3 representa uma série de pagamentos, cujas parcelas variam de período a período, e não

ocorrem em intervalos regulares. O procedimento de valoração para uma série de pagamentos irregu-

lar é igual ao das séries aperiódicas.

FIGURA 3 – SÉRIE DE PAGAMENTOS IRREGULAR, APERIÓDICA E LIMITADA

FONTE: o autor.

64
Por exemplo, considere a série de pagamentos irregular e os fluxos de caixa espaçados, aperiodi-

camente, em 12 períodos:

CF=$25,$0,$0,-$30,$25,$0,-$25,$0,$15,$40,$0-$40.

Qual é o valor futuro desse fluxo de caixa, considerando uma taxa de juros de 5% ao período? Para
responder a essa pergunta, só é preciso aplicar a fórmula geral do valor futuro de um fluxo de caixa:

FV=$25.(1+5%)0+$0.(1+5%)1+$0.(1.5%)2-$30.(1+5%)3+$25.(1+5%)4

+$0.(1+5%)5-$25.(1+5%)6+$0.(1+5%)7

+$15.(1+5%)8+$40.(1+5%)9+$0.(1+5%)10-$40.(1+5%)11,

FV=$3,10

5. Equivalência financeira
Um conceito muito importante em matemática financeira é o de equivalência financeira. Lembre-se

de que um fluxo de caixa é definido pela série de pagamentos e pela taxa de juros usada para

descontar/capitalizar as parcelas. Assim, podemos afirmar que dois fluxos de caixa, CFA(PMTjA) e

CFB(PMTjB,iB), são equivalentes, se eles têm o mesmo valor presente.


Se a soma dos pagamentos PMTjA, descontados pela taxa de juros iA, tem valor monetário igual

à soma dos pagamentos PMTjB, descontado pela taxa de juros iB, seríamos indiferentes entre um ou

outro, se fosse necessária a escolha entre CFA e CFB mentos regulares, periódicas e limitadas:

CFA:$50;$50;$50;$50;$50.
CFB:$100;$100;$100;$100;$100.
Se for considerada uma taxa de juros de 15%, os valores presentes dos fluxos de caixa A e B serão

definidos por:
A A A 1  (1  15%) 5
PV ( PMT ,15%, 5)  PMT .FPV (15%, 5)  $50.  $167, 60
15%
1  (1  15%) 5
PV B ( PMT B ,15%, 5)  PMT B .FPV (15%, 5)  $100.  $335, 21
15%
É claro que o valor presente do fluxo A é maior do que o valor presente do fluxo B, quando des-

contado pela mesma taxa de juros, 15%, cada PMTB é o dobro de PMTA. Caso seja utilizada uma

65
taxa de juros maior, para descontar a série de pagamentos B, seu valor presente vai diminuir, pos-

sivelmente para um valor igual, ou até menor, do que PVA, descontado com taxa de juros de 15%.

Quando utilizamos uma taxa de juros de 52,41% ao período, o valor presente do fluxo de caixa B é:

1  (1  52, 41%) 5
PV B ( PMT B , 52, 41%, 5)  PMT B .FPV (52, 41%, 5)  $100.  $100.1, 6760  $167, 60
52, 41%

Observe o mesmo valor monetário do valor presente do fluxo de caixa 15%, descontado com

15% de juros ao período. Assim, CFB(i=52,41%) é equivalente ao CFA(i=15%) porque os dois têm o

mesmo valor presente.

Questão para reflexão


O conceito de equivalência de fluxos de caixa é central na análise financeira de projetos. Como essa

ferramenta pode ser utilizada para se escolher o investimento mais lucrativo?

Considerações finais
• O valor presente de uma série de pagamentos é determinado pela soma das parcelas, cada uma

descontada pela taxa de juros apropriada:


PMTt
Pv   tn1
(1  i )t
• O valor futuro de uma série de pagamentos é definido pela soma das parcelas, cada uma capi-

talizada pela taxa de juros apropriada.


FV   tn11 PMTt .(1  i )t

• O valor presente de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada é

66
1  (1  i )  n
PV  PMT .
i
• O valor futuro de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada é
(1  i )  n  1
FV  PMT .
i

• O valor presente de uma série de pagamentos regular, periódica, mas ilimitada é


PMT
PV 
i

• Dois fluxos de caixa são equivalentes se têm o mesmo valor presente.

Glossário
Parcela: nome dado a cada pagamento, em uma série de fluxos de caixa.

Fator de valor presente: quantidade que, multiplicada pelo pagamento em uma série de pagamen-

tos regular e periódica, resulta no valor presente. A sigla FPV refere-se ao nome Present value factor.

Fator de valor futuro: quantidade que, multiplicada pelo pagamento em uma série de pagamen-

tos regular e periódica, resulta no valor futuro. A sigla FFV está relacionada ao nome Futuro value

factor.

67
Verificação de leitura

QUESTÃO 1- Qual é o valor presente de um fluxo de caixa regular, com 20 pagamentos de R$ 100,
descontado por uma taxa de juros de 9% ao período?
a) R$ 1.025,58.

b) R$ 921,58.

c) R$ 876,53.

d) R$ 912,85.

e) R$ 2.000,00.

QUESTÃO 2- Considere um título de renda fixa que paga R$ 50,00 por ano, para sempre. Se a taxa de
juros é de 15% ao ano, qual é o preço unitário desse título hoje?
a) R$ 854,78.

b) R$ 666,66.

c) R$ 345,85.

d) R$ 786,05.

e) R$ 333,33.

QUESTÃO 3- Qual é o valor futuro de um fluxo de caixa regular, com sete pagamentos de R$ 500,00,
capitalizados por uma taxa de juros de 12% ao período?
a) R$ 5.842,10.

b) R$ 5.044,50.

c) R$ 4.575,78.

d) R$ 5.980,15.

e) R$ 5.789,31.

68
Referências Bibliográficas
ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

BRASIL. TESOURO NACIONAL. Entenda cada título no detalhe.  Disponível em: <http://


www.tesouro.gov.br/tesouro-direto-entenda-cada-titulo-no-detalhe>. Acesso em: 23
fev. 2018.

Leitura complementar

PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.

VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas,


2017.

69
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa d. Aplicação direta da fórmula do valor presente de um fluxo de caixa regular,
limitado e periódico:

PV ( PMT , i, n) = PMT .FPV (i, n)

1  (1  9%) 20
PV ($100, 9%, 20)  $100.  $912, 85
9%

QUESTÃO 2- Alternativa e. Aplicação direta da fórmula do valor presente de um fluxo de caixa regu-
lar, periódico, mas ilimitado:

PMT
PV ( PMT , i ) 
i
$50
PV ($50,15%)   $333, 33
15%

QUESTÃO 3- Alternativa b. Aplicação direta da fórmula do valor futuro de um fluxo de caixa regular,
periódico e limitado:

FV ( PMT , i, n) = PMT .FFV (i, n)

(1  12%)7  1
FV ($500,12%, 7)  $500.  $5044, 50
12%

70
5 Sistemas de
amortização:
pagamento único,
americano e Price
Objetivos Específicos
• assimilar os conceitos fundamentais e a nomenclatura básica do contexto de sistemas de

amortização;

• compreender a lógica e os cálculos dos sistemas de amortização Price, americano e de paga-

mento único.

Introdução
Sistemas de amortização são esquemas para a quitação de empréstimos e financiamentos de longo

prazo que, em geral, envolvem desembolsos periódicos de pagamento do principal (denominado

amortização), dos juros e, possivelmente, de outros encargos financeiros.

Nesse sentido, no início desta lição, apresentaremos alguns conceitos básicos e a nomenclatura do

contexto da quitação de empréstimos e financiamentos. Após a apresentação desses conteúdos pre-

liminares, demonstraremos o funcionamento e os cálculos de três esquemas de amortização, utiliza-

dos no mercado financeiro brasileiro: o sistema Price, o sistema americano e o sistema de pagamento

único.

O sistema de amortização Price, sistema de amortização francês ou de parcelas constantes (SPC),

é uma regra de quitação definida pelo fato de as parcelas (amortização mais juros) serem periódicas e

constantes. O sistema de amortização americano (SAA) é definido por prestações periódicas, mas ape-

nas dos juros sobre o principal do empréstimo, e pela amortização total do principal no último período.

O sistema de amortização de pagamento único (SPU) é o esquema de quitação mais simples possível,

pois, nesse caso, os juros e o principal são pagos somente no último período.

72
1. Conceitos básicos
Sistemas de amortização de financiamentos e empréstimos são, basicamente, regras acordadas

para o pagamento do principal e os encargos financeiros da operação. Antes de explorarmos as carac-

terísticas de cada sistema, a seguir, vamos definir alguns termos comumente empregados nesse con-

texto, com base em Assaf Neto (2000).

Os juros (ou encargos financeiros) (J) são, fundamentalmente, os juros pagos pelo devedor ao cre-

dor do financiamento ou empréstimo. Podem ser prefixados, quando a taxa de juros é acordada antes

do início da operação, ou pós-fixados, caso em que são definidos após o período de referência, geral-

mente, em relação a algum índice de preços ou taxa de câmbio.

Existem algumas distinções entre encargos financeiros e juros em si, porque pode acontecer de,

em operações pós-fixadas, os encargos financeiros serem definidos com relação à variação de algum

índice de preço, como inflação, correção monetária, ou conforme a variação de alguma taxa de câm-

bio (variação cambial).

A amortização (Am), por sua vez, diz respeito aos pagamentos do principal, capital emprestado,

que podem ser efetuados em parcelas periódicas ou em um único pagamento. Devemos salientar,

caro(a) aluno(a), que, se há amortização, a taxa de juros do próximo período incide sobre um saldo

devedor menor.

O saldo devedor (SD) é o capital devido em algum período de interesse, sobre o qual são cobrados

os encargos financeiros (a taxa de juro). Quando o assunto é o principal de um empréstimo, trata-se

do saldo devedor do primeiro período. Se houver amortização periódica, o saldo devedor de um perí-

odo futuro é diferente do principal capitalizado pelos juros.

A prestação (PMT), ou parcela, de um empréstimo ou financiamento é a despesa total de um toma-

dor, em um determinado período, a qual é definida pelos encargos financeiros mais a amortização:

PMTt=Jt+Amt

2. Sistema de amortização Price

73
O sistema de amortização Price é uma regra de quitação definida pelo fato de as parcelas (amor-

tização mais juros) serem periódicas e constantes. Como as parcelas são constantes, mas há alguma

amortização do principal a cada período, o saldo devedor diminui ao longo dos períodos. Portanto, a

parte da parcela (que é constante) referente aos encargos financeiros diminui com o tempo, enquanto

a parte da parcela referente à amortização do principal aumenta.

Para entender a lógica do sistema Price, considere um empréstimo de R$ 5.000,00, por 12 meses,

com taxa de juros de 10% ao mês, que deve ser quitado em 12 parcelas constantes. O valor dessas

parcelas (PMT) é definido pela fórmula de valor presente de uma série de pagamentos regular, peri-

ódica e limitada, conforme exposto no Tema 4. Assim,

PV=PMT.FPV(i,n),
$5000=PMT.FPV(10%,12),
$5000
PMT 
1  (1  10%) 12
10%
PMT=$733,82

Haverá fluxos de caixa negativos, sempre de R$ 733,82, em cada um dos 12 períodos da operação.

Nesse sentido, caro(a) aluno(a), é muito útil construir uma tabela de amortização, para acompanhar

as diferentes quantidades (saldo devedor, amortização, juros e parcelas) do financiamento, conforme

apresenta a tabela a seguir.

TABELA 1 – AMORTIZAÇÃO PELO SISTEMA PRICE

74
FONTE: o autor.

A Tabela 1 descreve a quitação do empréstimo utilizado como exemplo, por meio do sistema Price.

Na quinta coluna, há a prestação constante de R$ 733,82, que acabamos de calcular. A característica

que define o sistema Price é que a soma das linhas das terceira e quarta colunas (amortização e juros)

é sempre igual à prestação.

Para construir a Tabela 1, primeiro, calculamos as prestações constantes, como acabamos de fazer.

75
Então, calculamos os juros, encargos financeiros, do primeiro período, da seguinte forma:

J1=SD0.i,

J1=$5000.10%,

J1=$500.

A amortização do período (Amt) é definida como a prestação (PMT), menos o juro do período

(J1). Desse modo,

Am1=PMT-J1,

Am1=$733,82-$500,00,

Am1=$233,82.

Em seguida, é preciso calcular o saldo devedor do final do primeiro período, determinado pelo saldo

devedor inicial, menos a amortização do primeiro período:

SD1=SD0-Am1,

SD1=$5000-$233,82,

SD1=$4766,18.

Observe que acabamos de preencher a segunda linha (período 1) da tabela. Agora, tendo o saldo

devedor do final do primeiro período, repetimos o procedimento, a fim de preencher a terceira linha

(período 2). Assim, calculamos os encargos financeiros do segundo período:

J2=SD1.i,

J2=$4766,18.10%

J2=$476,62.

Subtraímos os juros J2 da parcela constante PMT e obtemos a amortização do segundo período Am2:

Am2=PMT-J2,

Am2=$733,82-$476,62,

Am2=$257,20.

Portanto, o saldo devedor do final do segundo período é:

76
SD2=SD1-Am2,

SD2=$4766,18-$257,20

SD2=$4508,99

É possível continuar preenchendo a tabela, repetindo esse procedimento para os demais períodos.
Agora, analise a Figura 1 e constate que, conforme mais do valor principal (seta preta para cima) é
repago pelas amortizações periódicas (setas azuis para baixo), a taxa de juros incide sobre um saldo
devedor (Jt, setas vermelhas para baixo) cada vez menor. Desse modo, para as parcelas de pagamento
se mantenham constantes, a amortização tem que ser cada vez maior.

FIGURA 1 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO PRICE

FONTE: o autor.

77
2.1 Expressões de cálculo do sistema de amortização Price
Após entender a lógica de funcionamento do sistema de amortização Price, você precisa com-

preender as fórmulas gerais para as quantidades de interesse: prestação, amortização, juro e saldo

devedor.

Na prestação (PMT), como exposto anteriormente, o valor da prestação no sistema Price é

determinado pela familiar fórmula do valor presente de uma série de pagamentos regular, limi-

tada e periódica:
PV
PMT =
FPV (i, n),

Nesse caso,
1  (1  i )  n
FPV (i, n) 
i
A amortização (Amt), por sua vez, é a diferença entre a prestação PMT e os juros do períodoJt.

Se você já conhece o valor da primeira amortização Am1= PMT-j1, pode obter a amortização de um

período futuro arbitrário t como:

Amt=Am1.(1+i)t-1

O saldo devedor (SDt) do fim do período t é a soma de todas as amortizações até t, ∑tj=1Amt, sub-

traída do principal PV. Para uma data futura arbitrária t, podemos expressar o saldo devedor SDt de

uma operação de financiamento com n períodos, quitada pelo sistema Price, como:

SDt=PMT.FPV(i,n-t).

Quanto aos juros (Jt), podemos afirmar que o volume de juros pago a cada período é o saldo deve-
dor do fim do período passado, multiplicado pela taxa de juros, ou seja,

Jt=SDt-1.i

Considere que você precisa resolver o seguinte exemplo de amortização Price. Se um certo emprés-
timo de R$ 9.500,00, com duração de 36 meses e taxa de juros de 2% ao mês, será quitado pelo
sistema Price com prestações mensais, qual é o valor das prestações constantes? Como exposto, o

78
valor das parcelas mensais é determinado pela fórmula do valor presente de uma série de pagamentos
regular, periódica e limitada. Portanto,

PV $9500
PV = PMT .FPV (i, n) PMT  1  (1  i )  n `
PMT  PMT = $372, 71
1  (1  2%) 36
i 2%

3. Sistema de amortização americano


O sistema de amortização americano (SAA) é definido por prestações periódicas apenas dos juros
sobre o principal do empréstimo e a amortização total do principal no último período, conforme mos-
tra a Figura 2.

FIGURA 2 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO AMERICANO

FONTE: o autor.

79
Considere que você pegou emprestado R$ 5.000,00, por 12 meses, com taxa de juros de 10% ao

mês, com pagamento de acordo com o sistema americano. Então, em cada período, você paga os

juros sobre o capital inicial. Observe:

Jt=PV.i

Jt=$5000.10%

Jt=$500

A amortização do principal é feita totalmente no último período da operação, ou seja,

Amt   $0 , se t  n
PV , se t  n,

Amt   $0 , se t 12
$5000 , se t 12,

As parcelas PMTt são, por definição, a soma das despesas com encargos financeiros e com amor-

tizações do principal: PMTt=Jt+Amt. Portanto,


PMTt  PV .i , se t  n
PV .i  PV , se t  n,

PMT   t
$500 , se t 12
$500  $5000 , se t 12,

A Tabela 2 sumariza esse exemplo de amortização pelo sistema americano.

80
TABELA 2 – TABELA DE AMORTIZAÇÃO PELO SISTEMA AMERICANO

FONTE: o autor.

3.1 Expressões do sistema de amortização americano


• Juros (Jt): no sistema americano, os juros de todos os períodos são determinados pelo principal
multiplicado pela taxa de juros:

Jt=PV.i
• Amortização (Amt): no sistema americano, toda a amortização do principal ocorre no último
período:
Amt   $0 , se t  n
PV , se t  n,

81
• Prestação (PMTt): é sempre determinada pela amortização somada aos encargos financeiros

(juros). Portanto, no sistema americano de amortização, as prestações são somente os juros,

exceto no último período, no qual a parcela é definida pelos juros mais a amortização completa

do principal.

PMTt   PV .i , se t  n
PV .i  PV , se t  n,

• Saldo devedor (SDt), no sistema americano, é constante, sempre igual ao principal do emprés-

timo: SDt -PV.

4. Sistema de amortização de
pagamento único
O sistema de amortização de pagamento único (SPU) é o esquema de qui-
tação mais simples possível. Ambos, os juros e o principal, são pagos apenas
no último período, exatamente como um título de desconto zero-cupom, que
você já conhece. No exemplo de diagrama
de fluxo de caixa do sistema de amortiza-
ção de pagamento único, presente na Figura 
Para saber mais
3, é possível observar que existem apenas
Como, no sistema Price, existe amortização do principal
dois fluxos de caixa na operação: o toma- desde a primeira parcela, para principal, prazo e taxa de
juros, a soma total dos juros e a amortização no sistema
dor recebe o principal PV, na data inicial, e Price sempre será menor do que no sistema americano.
repaga esse principal somado aos juros, na 

data final.

82
FIGURA 3 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO DE PAGAMENTO ÚNICO

FONTE: O autor.

A Tabela 3 esquematiza o exemplo de um empréstimo com principal de R$ 5.000,00, taxa de juros

de 10% ao mês, com duração de 12 meses, quitado pelo sistema de amortização de pagamento único.

Como não existem pagamentos periódicos, o saldo devedor cresce por capitalização composta, pois

são incluídos os juros não pagos do período.

83
TABELA 3 – TABELA DE AMORTIZAÇÃO PELO SISTEMA DE PAGAMENTO ÚNICO

FONTE: o autor.

4.1 Expressões do sistema de amortização de pagamento


único
• Juros (Jt): no sistema de amortização de pagamento único, os juros são acumulados em regime
composto e pagos, completamente, no último período.

Jt   $0 ,
n
se t  n
PV .(1 i )  PV , se t  n,

84
• Amortização (Amt): no sistema de amortização de pagamento único, todo o principal é amorti-
zado no último período.

Amt   $0 , se t  n
PV , se t  n,

• Prestação (PMTt): as prestações de pagamento são definidas como a soma das remessas de

juros e a amortização. Então, no sistema em questão, as prestações são zero, exceto no último

período, no qual a prestação é definida por todos os juros acumulados e toda a amortização do

principal.

PMTt   $0 ,
n
se t  n
PV .(1 i ) , se t  n,

• Saldo devedor (SDt): como não há pagamentos periódicos no sistema de amortização de paga-

mento único, o saldo devedor SDt cresce com o tempo, seguindo o regime de capitalização

composto.

SDt=PV(1+i)t

85
Questão para reflexão

Para saber mais
No sistema de amortização Price, as par-
As fórmulas do sistema de amortização de pagamen-
celas de pagamento são sempre iguais, ou to único são muito equivalentes aos cálculos do sistema
composto de capitalização, porque não existe pagamen-
seja, juros mais amortizações não mudam. to, nem dos juros, nem do principal, até o último período.
Em contraste, as fórmulas do sistema americano se asse-
Como seria um sistema de amortização no melham bastante aos cálculos do sistema simples de cap-
italização, porque os juros são pagos período a período,
qual as amortizações são sempre constantes? mantendo o saldo devedor constante.

Existe alguma relação entre a taxa de juros e

o principal, que determina se uma certa mag-

nitude de amortização constante é factível?

Considerações finais

• Os conceitos básicos dos sistemas de Assimile
Para um mesmo principal e uma mesma taxa de juros, o
amortização de empréstimos e financia-
sistema de amortização escolhido determina o valor to-
mentos são: os juros, as amortizações tal pago (soma das parcelas). Tendo em vista que não ex-
istem pagamentos periódicos de amortização no sistema
(pagamentos do principal, reduzido do americano, o valor total pago vai ser sempre maior do que
no sistema Price. Ainda assim, o valor total pago no siste-
saldo devedor), o saldo devedor (quan- ma americano é menor do que no sistema de pagamento
único, porque os pagamentos periódicos dos juros fazem
tia devida em cada instante de tempo,
com que o saldo devedor não cresça (como acontece no
base sobre a qual incide a taxa de juros) sistema de pagamento único).

e prestação ou parcela (soma dos juros
e as amortizações do período).
• O sistema de amortização Price, francês ou de parcela constante (SPC),
é definido pelo fato de as parcelas serem sempre constantes durante
todos os períodos da operação. No iní-
cio, as parcelas consistem, quase intei-

ramente, em juros, mas, com o tempo, Link
Existem vários recursos on-line para efetuar o cálculo de
a proporção referente às amortizações
tabelas de amortização, um desses recursos é o Cálculo
vai crescendo. on-line, que está disponível em: <http://fazaconta.com/
amortizacao.htm>. Acesso em: 24 fev. 2018.
• No sistema de amortização americano

86
(SAA), as parcelas periódicas são apenas os juros e o principal é quitado todo no último período.
Os cálculos se assemelham ao regime simples de capitalização e desconto.
• No sistema de amortização de pagamento único (SPU), todos os juros e o principal são pagos
apenas no último período. Os cálculos se assemelham ao regime composto de capitalização e
desconto.

Glossário
Sistema Price: sistema de amortização com prestações PMT fixas. Também conhecido como sis-

tema francês de amortização, é denominado Price em homenagem a Richard Price, intelectual inglês

do século XVIII, que descreveu esse esquema de amortização em seu livro “Observações sobre paga-

mentos remissivos”.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-Considere um empréstimo de R$ 7.500,00, remunerado por uma taxa de juros de 12,5%
ao ano, com duração de cinco anos, e que será quitado pelo sistema Price. Qual é o valor das presta-
ções anuais?
a) R$ 3.167,26.

b) R$ 5.445,45.

c) R$ 2.106,40.

d) R$ 1.572,14.

e) R$ 1.987,45.

QUESTÃO 2- Considere um financiamento de R$ 10.000,00, com taxa de juros de 8% ao mês e du-


ração de 17 meses, que será quitado pelo sistema americano, com pagamentos de juros mensais.
Analise as alternativas e assinale a que representa, corretamente, o valor total de juros pagos.
a) R$ 11.096,29.

87
b) R$ 17.000,00.

c) R$ 10.096,29.

d) R$ 13.600,00.

e) R$ 14.600,00.

QUESTÃO 3- Um investidor toma R$ 8.000,00 emprestado por 13 anos, com taxa de juros de 6% ao
ano, sendo que o empréstimo será quitado pelo sistema de pagamento único. Qual é o valor total de
juros a ser pago pelo tomador?
a) R$ 10.066,62.

b) R$ 8.043,22.

c) R$ 14.240,00.

d) R$ 7.240,00.

e) R$ 9.063,42.

88
Referências Bibliográficas
ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

CÁLCULO On-line. Disponível em: <http://fazaconta.com/amortizacao.htm>. Acesso em:


24 fev. 2018.

Leitura complementar

PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.

VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas,


2017.

89
Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa c. No sistema de amortização Price, as parcelas constantes são determina-


das pela familiar fórmula de valor presente de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada:
$7500
PMT   $2106, 40
1  (1  12, 5%) 5

PV
12, 5%

PMT 
1  (1  i )  n `
i
$7500
PMT   $2106, 40
1  (1  12, 5%) 5
12, 5%

QUESTÃO 2- Alternativa d. O sistema de amortização americano funciona como o regime simples


de capitalização/desconto, porque os juros são pagos a cada período, o que mantém o saldo devedor
constante. Então, o total de juros pago no financiamento é:
J=n.PV.i
J=17.$10000.8%
J=$13600.

QUESTÃO 3- Alternativa e. No sistema de amortização de pagamento único, os juros e o principal


são pagos no último período. Portanto, os juros não pagos são incorporados ao saldo devedor a
cada período. Assim, os juros totais pagos no empréstimo em questão são:
J=PV.(1+i)n-PV
J=$17063,42-$8000,00
J=$9063,42

90
6
Sistemas de
amortização
SAC e SAM
Objetivos Específicos
• entender a definição e o funcionamento do sistema de amortização constante (SAC);

• entender a definição e o funcionamento do sistema de amortização misto (SAM);

• calcular fórmulas para as quantidades de interesse (amortização, juros, prestação e saldo deve-

dor) dos SAC e SAM.

Introdução
Nesta lição, continuaremos abordando os principais sistemas de amortização praticados no mer-

cado financeiro brasileiro. Você, caro(a) aluno(a), já conhece o sistema Price, francês ou de parcelas

constantes (SPC), que é definido por parcelas (amortização mais juros) periódicas e constantes; o sis-

tema americano (SAA), no qual os pagamentos de juros são periódicos e constantes e a amortização

do principal é feita totalmente no último período (a matemática do SAA remete ao regime simples

de capitalização e desconto); o sistema de pagamento único (SPU), no qual todos os juros e a amor-

tização são pagos apenas no último período (a matemática do SPU remete ao regime composto de

capitalização e desconto).

Desse modo, você conhecerá mais dois sistemas de amortização de empréstimos e financiamen-

tos: o sistema de amortização constante (SAC), que, como o próprio nome sugere, é definido pelas

despesas com a amortização do principal periódicas e fixas, e o sistema de amortização misto (SAM),

um esquema de quitação de empréstimos que mistura os sistemas Price (SPC) e de amortização cons-

tante (SAC). No SAM, as quantidades de interesse (amortização, juros, prestação e saldo devedor) de

cada período são determinadas pela média aritmética entre as quantidades que valeriam no caso do

SPC e do SAC.

92
1. Sistema de amortização constante
O sistema de amortização constante (SAC) é uma regra de quitação de empréstimos e financia-
mentos na qual as remessas de amortização são sempre as mesmas e ocorrem em todos os períodos.
Os juros também são pagos periodicamente, em todos os períodos.
Devemos salientar que as amortizações são constantes, e não a prestação total PMTt=Amt+Jt.
Como estamos amortizando o principal desde o primeiro período, a base de incidência da taxa de juros
SDt diminui com o passar do tempo. Então, se a taxa de juros i é constante, os juros pagos a cada
período Jt são decrescentes. Nesse sentido. as amortizações são constantes Amt, mas não a prestação
PMTt, como ilustra a Figura 1.

FIGURA 1 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE

FONTE: o autor.

93
Considere o seguinte exemplo: um empresário pega R$ 15.000,00 emprestado, para cobrir suas
necessidades de capital de giro. A operação tem duração de 12 meses e taxa de juros de 8% ao mês,
sendo que a regra de quitação seguirá o sistema de amortização constante.

No SAC, é preciso calcular a magnitude das remessas de amortização. Como elas devem ser cons-

tantes e, no fim dos n períodos da operação, somar o principal PV, essas amortizações só podem ser

PV
Amt =
n
$15.000, 00
Amt =
12
Amt = $1.250, 00

Tendo o valor das amortizações Am t, é preciso encontrar a base de incidência da taxa de juros

em cada período e o saldo devedor SD t. Por definição, o saldo devedor do período é o principal

Amt, menos todas as remessas de amortização já pagas. No SAC, há:

No primeiro período (t = 1): SD1  PV  PV


n

PV PV
No segundo período (t = 2): SD2  PV  
n n

PV PV PV
No terceiro período (t = 3): SD3  PV   
n n n

Seguindo esse padrão, não é difícil perceber que, em um período arbitrário t, o saldo devedor

sobre o SAC é:
PV
SDt  PV  t.
n
t
SDt  PV .(1  )
n

94
Assim, voltando ao exemplo, o saldo devedor no período t é:

t
SDt  $15.000, 00.(1  )
12

Tendo as magnitudes das amortizações e do saldo devedor, resta calcular o valor das remessas

periódicas de juros. Nessa notação, os juros são determinados pela taxa de juros Jt, multiplicada

pelo saldo devedor do período anterior SDt-1, ou seja,

J t  i.SDt 1
t 1
J t  i.PV .(1  )
n

Logo,
t 1
J t  8%.$15.000, 00.(1  )
12
Aplicando essas expressões, é possível completar a tabela de amortização do sistema de

amortização constante do exemplo, como na Tabela 1.

95
TABELA 1 – TABELA DE AMORTIZAÇÃO PELO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE

FONTE: o autor.

A Tabela 1 demonstra as principais características do SAC. As amortizações Amt são constantes.

Conforme mais do principal é amortizado e o saldo devedor é reduzido, a taxa de juros i incide sobre

uma base menor, portanto, as remessas periódicas de juros Jt são decrescentes. Consequentemente,

as prestações PMTt também são decrescentes.

96

Exemplificando
considere um empréstimo de R$ 25.000,00, com duração de 48 meses e taxa de juros de 1% ao mês, que será
quitado de acordo com o sistema de amortização constante. Então, as amortizações periódicas, para serem sem-
pre constantes, são, necessariamente, definidas por:

O saldo devedor (do final do período t


) é definido como o principal, menos a soma de todas as amortizações até o período t. No SAC,

As remessas de juros no SAC são periódicas. Os juros são sempre calculados como a taxa de juros multiplicada
pelo saldo devedor do período imediatamente anterior.

No período inicial, nada do principal foi amortizado, então SD0=PV.

1.1 Expressões do sistema de amortização constante


A seguir, apresentaremos os principais conceitos e as respectivas expressões matemáticas utilizadas

no sistema de amortização constante.

Amortização (Amt): no sistema de amortização constante, as remessas de amortização do principal

do empréstimo são sempre constantes, ou seja, se a operação tem principal e duração de períodos,

então, as remessas periódicas e constantes de amortização são


PV
Amt =
n

Saldo devedor (SDt): o saldo devedor de cada período é definido pelo principal PV, menos todas as

remessas de amortização já pagas. No caso do SAC, o saldo devedor de um período t arbitrário é escrito da

seguinte forma:

97
t
SDt  PV .(1  )
n 
Para saber mais
Juros (Jt): os juros do período t são sempre Às vezes, estamos interessados na soma dos juros ou
amortizações até um certo período t. No caso do SAC,
determinados pelo saldo devedor do período não é difícil manipular a fórmula de Jt para obtermos uma
expressão para a soma de Jt até o período t.
anterior SDt-1, multiplicado pela taxa de juros

i. No sistema de amortização constantes,


podemos usar as expressões do saldo deve-

dor SDt e das amortizações Amt para escre-

ver os juros de um período t arbitrário da

seguinte maneira:
t 1
J t  i.PV .(1  ) O último somatório dessa expressão é a soma de uma
n progressão aritmética, com diferença comum igual a 1.
Portanto,

Prestação (PMTt): a prestação do período

t é a soma das remessas de amortização Amt



e de juros Jt, ou seja,

PMTt=Amt+Jt

2. Sistema de amortização misto


O sistema de amortização misto (SAM) é um esquema de quitação de financiamentos e emprésti-

mos originalmente desenvolvido para as operações do Sistema financeiro de habitação (SFH).

O SAM é definido como a média aritmética entre o sistema Price (SPC, de parcelas constantes) e

o SAC. Devemos salientar que, no SPC, as prestações são constantes e, no SAC, os pagamentos de

amortização são constantes.

As quantidades relevantes do SAM, amortização, juros, prestações, e saldo devedor, são obtidas de

modo indireto. Inicialmente, é preciso calcular essas quantidades para o primeiro período sob SPC e

98
SAC, depois, é necessário tirar a média arit-

mética entre elas. As quantidades dos perí- 


Para saber mais
[O Sistema financeiro de habitação (SFH) foi criado em
odos posteriores são obtidas quando aplica- agosto de 1964, pela Lei n. 4.380/64, sendo uma das pri-
meiras medidas do regime militar, do general Humber-
to Castelo Branco, e parte do PAEG (Programa de ação
mos esse mecanismo sucessivamente. econômica do governo), que era uma série de medidas
com objetivo de modernizar o sistema financeiro brasile-
Reutilizando o exemplo anterior, consi- iro.

dere um empréstimo de R$ 15.000,00, com

duração de 12 meses e taxa de juros de 8%

ao mês. Os SPC e SAC denotam que as quantidades foram obtidas usando os

sistemas Price e de amortização constante,

respectivamente. Assim, sabemos que no



SPC as parcelas são determinadas por: Link
Ao contrair um financiamento imobiliário na Caixa
Econômica Federal, o consumidor pode escolher entre o
PMT S PC = PV / FPV (i, n) SPC, o SAC e o SAM. No material “O que devo saber para
contratar meu financiamento imobiliário”, indicado pela
1  (1  8%) 12 Caixa Econômica Federal, há mais informações acerca
PMT S PC  $15.000, 00 / desse assunto. Leia o texto, na íntegra, disponível em:
8%
<https://www.caixa.gov.br/Downloads/habitacao-doc-
PMT S PC = $1.990, 42. umentos-gerais/Como_contratar_meu_financiamento.
pdf>. Acesso em: 26 mar. 2018.


Ainda quanto ao SPC, os juros do primeiro


período são a taxa de juros multiplicada pelo
principal:

J1S PC = i.PV

J1S PC = 8%.$15.000, 00,


J1S PC = $1.200, 00.

Obtemos a amortização do primeiro período, subtraindo os juros J1SPC das prestações constantes
PMTSPC. Assim,

99
Am1S PC  PMT S PC  J1S PC

Am1S PC  $1.990, 42  $1.200, 00


Am1S PC = $790, 42

Logo, o saldo devedor, no fim do primeiro período, conforme o SPC, é:


SD1S PC  PV  Am1S PC

SD1S PC  $15.000, 00  $790, 42


SD1S PC = $14.209, 57

Agora, é necessário calcular as quantidades de interesse do primeiro período, usando a regra do


SAC. A magnitude das remessas de amortização, segundo o SAC, são:
PV
Am S AC =
n

$15.000, 00
Am SAC =
12
Am SAC = $1.250, 00

Desse modo, é possível obter o saldo devedor, no final do primeiro período de acordo com o SAC,

ou seja,

SD1SAC  PV  Am SAC
SD1SAC  $15.000, 00  $1.250, 00
SD1SAC = $13.750, 00

Os juros do primeiro período sob SAC são, é claro, o principal PV, multiplicado pela taxa de juros i:

J1SAC = i.PV
J1SAC = 8%.$15.000, 00
J1SAC = $1.200, 00

Logo, a prestação do primeiro período sob SAC é:

100
PMT1SAC  Am SAC  J1SAC
PMT1SAC  $1.250, 00  $1.200, 00
PMT1SAC = $2.450, 00

Finalmente podemos obter as quantidades de interesse sob o SAM, como a média aritmética entre

essas quantidades sob SPC e SAC. Assim, a amortização, definida pela soma das amortizações sob

SPC e SAC, dividida por dois, é:

Am1SPC  Am SAC
Am1SAM 
2
$790, 42  $1.250, 00
Am1SAM 
2
Am1SAM = $1.020, 21

Os juros também são definidos pela soma dos juros sob SPC e SAC, dividida por dois. Observe,

caro(a) aluno(a), que essas remessas de juros só são iguais para o primeiro período.

SAM J1SPC  J1SAC


J 1 
2
$1.200, 00  $1.200, 00
J1SAM 
2
SAM
J1 = $1.200, 00
Ainda, podemos obter o saldo devedor do fim do primeiro período sob SAM, por meio da média aritmé-
tica dos saldos devedores e ou mediante a definição do saldo devedor (principal menos todas as amorti-
zações até o período de interesse). Assim,

SAMSD1SPC  SD1SAC
SD 1
2
$14.209, 57  $13.750, 00
SD1SAM 
2
SD1SAM = $13.979, 79

101
Também podemos fazer o cálculo da seguinte forma:

SD1SAM  PV  Am1SAM
SD1SAM  $15.000, 00  $1.020, 21
SD1SAM = $13.979, 79

As prestações PMTtSAM podem ser obtidas das mesmas formas: com a média aritmética entre

PMTSPC e PMTtSAC ou com a definição da prestação (soma dos juros e amortizações do período).
Assim, a prestação do primeiro período PMT1SAM é:

SAM PMT SPC  PMT SAC


PMT 1 
2
$1.990, 42  $2.450, 00
PMT1SAM 
2
PMT1SAM = $2.220, 21

Essa prestação também pode ser calculada da seguinte maneira:

PMT1SAM  J1SAM  Am1SAM


PMT1SAM  $1.200, 00  $1.020, 21
PMT1SAM = $2.220, 21

Com esses cálculos, preenchemos a segunda linha (período 1) da tabela de amortização do sistema
misto, como você pode constatar na Tabela 2.

102
TABELA 2 – CONSTRUÇÃO DA TABELA DE AMORTIZAÇÃO DO SISTEMA MISTO

FONTE: o autor.

Para preencher a terceira linha (período 2), repetimos esses passos.

• Amortização:

SAM Am2SPC  Am SAC $853, 66  $1.250, 00


Am 2    $1.051, 83
2 2
• Juros:
SAM J 2SPC  J SAC $1.136, 77  $1.100, 00
J 2    $1.118, 38
2 2

103
• Prestação:

PMT2SAM  Am2SAM  J 2SAM  $1.051, 83  $1.118, 38  $2.170, 21

• Saldo devedor:
SD2SAM  PV  Am1SAM  Am2SAM
SD2SAM  $15.000, 00  $1.020, 21  $1.051, 83  $12.927, 96

Assim, essa lógica deve ser aplicada em todos os períodos seguintes. A tabela de amortização com-
pleta, relacionada ao exemplo sob o sistema misto de amortização, está representada na Tabela 3.

TABELA 3 – TABELA DE AMORTIZAÇÃO PELO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO

FONTE: o autor.

104
Questão para reflexão
Não mostramos fórmulas fechadas para 
Assimile
as quantidades de interesse (amortizações, O SAM é definido como a média aritmética entre o SPC e
o SAC. No SPC, as parcelas iniciais são sempre compos-
juros, prestação, e saldo devedor) para um
tas proporcionalmente mais por juros do que por amor-
período arbitrário t, sob o sistema de amor- tizações. A composição amortização-juros das parcelas
no SAC depende da taxa de juros, mas os gastos com juros
tização misto, mas não é difícil obter essas são sempre decrescentes, porque existe amortização do
principal desde o primeiro período. O sistema misto tem
fórmulas. Com base no fato de que as quan- composição juros-amortização das parcelas, que é inter-
mediária entre o SPC e o SAC, pois se trata de uma média
tidades do SAM são a média aritmética entre aritmética.

as quantidades do SPC e do SAC, calcule fór-

mulas fechadas para AmtSAM, JtSAM, PMTtSAM

e SDtSAM

Considerações finais
O sistema de amortização constante (SAC) é uma regra de quitação de empréstimos e financia-

mentos, na qual a amortização do principal é constante e periódica.

No SAC, o saldo devedor diminui, conforme o fim da operação se aproxima, a taxa de juros incide,

cada vez mais, sobre uma base menor e os juros a serem pagos também diminuem.

O sistema de amortização misto (SAM) é um esquema de quitação de empréstimos e financiamen-

tos que combina o SAC e o SPC, utilizando a média aritmética.

Glossário
Sistema de amortização constante (SAC): regra de quitação de empréstimos e financiamentos, com

remessas de amortização do principal constantes e periódicas.

Sistema de amortização misto (SAM): regra de quitação de empréstimos e financiamentos que é

definida como a média aritmética do SAC e do SPC.

105
Verificação de leitura
QUESTÃO 1- Considere um empréstimo de R$ 10.000,00, com duração de 8 anos e taxa de juros de
12% ao ano, que será quitado pelo SAC. Analise as alternativas e assinale a que enumera, correta-
mente, a amortização, os juros e o saldo devedor no quinto período.
a) R$ 1.150,00; R$ 500,00; R$ 10.000,00.

b) R$ 1.250,00; R$ 120,00; R$ 3.550,00.

c) R$ 1.150,00; R$ 600,00; R$ 4.750,00.

d) R$ 1.150,00; R$ 600,00; R$ 10.000,00.

e) R$ 1.250,00; R$ 600,00; R$ 3.750,00.

QUESTÃO 2- Considere um financiamento imobiliário de R$ 375.000,00, com duração de 30 anos e


taxa de juros de 4% ao ano, que será quitado pelo sistema de amortização constante, com parcelas
anuais. Qual é a soma dos juros pagos nos primeiros quatro períodos?
a) R$ 41.500,00.
b) R$ 60.000,00.
c) R$ 57.000,00.
d) R$ 55.000,00.
e) R$ 45.000,00.

QUESTÃO 3- O SAM é definido como a média aritmética entre o sistema _________ e o sistema
__________. Como no SAM ______ pagamentos periódicos de amortização, as despesas com juros são
_______. Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas.
a) Americano, de pagamento único, não existem, crescentes.
b) Price, de amortização constante, existem, decrescentes.
c) Americano, de pagamento único, existem, crescentes.
d) Price, de amortização constante, não existem, crescentes.

e) Americano, de amortização constante, existem, decrescentes.

106
Referências Bibliográficas
BRASIL. Caixa Econômica Federal. O que devo saber para contratar meu financiamento
imobiliário. [2018]. Disponível em: <https://www.caixa.gov.br/Downloads/habitacao-do-
cumentos-gerais/Como_contratar_meu_financiamento.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2018.

Leitura complementar

ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.

VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas,


2017.

107
Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa e. No SAC, a amortização é determinada por:

PV $10.000, 00
Am
=t = = $1.250, 00
n 8

O saldo devedor é definido por:

t
SDt  PV .(1  )
n
5
SD5  PV .(1  )  $3750, 00
8
Os juros são determinados por:

(t  1)
J t  i.PV .(1  )
n
(5  1)
J 5  12%.%10.000, 00.(1  )  $600, 00
8

QUESTÃO 2- Alternativa correta: c. No sistema de amortização constante, os juros do período são


definidos por:

(t  1)
J t  i.PV .(1  )
n
Portanto, a soma dos juros dos quatro primeiros períodos pode ser feita da seguinte forma:

108
4
 11 2 1 4 1 
J
t 1
t  4%.$375.000, 00.  (1 
 30
)  (1 
30
)  (1  )
30 
4
 1 2 3 
J
t 1
t  4%.$375.000, 00. (1  )  (1  )  (1  ) 
 30 30 30 
4
 1 2 3
J t 1
t  4%.$375.000, 00.  4    
 30 30 30 
4
 2
J
t 1
t  4%.$375.000, 00.  4    $57.000, 00
 15 

QUESTÃO 3- Alternativa b. O SAM é definido como a média aritmética entre o sistema Price e o sis-
tema de amortização constante. Como no SAM existem pagamentos periódicos de amortização, as
despesas com juros são decrescentes.

109
7 Analisando
o retorno de
investimentos: VPL e
TIR
Objetivos Específicos
• aplicar as ferramentas apresentadas até agora na avaliação da rentabilidade de projetos de
investimento;

• apresentar o principal método de avaliação de investimentos, o valor presente líquido;

• abordar a mais importante alternativa em relação ao valor presente líquido, a taxa interna de

retorno.

Introdução
Nesta lição, caro(a) aluno(a), você colocará em prática as ferramentas da matemática financeira

explicadas nas lições anteriores, a fim de avaliar a rentabilidade de um projeto de investimento e com-

parar e escolher entre dois possíveis investimentos.

Nesse sentido, você aprenderá a calcular o ganho financeiro absoluto de um investimento, o valor

presente líquido (VPL), que se refere ao valor presente dos ganhos obtidos com o investimento (a série

de pagamentos gerada pelo projeto), menos o capital necessário para realizar o investimento. Assim,

se o valor presente líquido de um investimento for positivo, o investimento é lucrativo ou economica-

mente viável. Essa é apenas uma aplicação dos conceitos que você já domina.

Também explicaremos os conceitos relacionadas à taxa interna de retorno (TIR), a principal alterna-

tiva quanto ao valor presente líquido, na avaliação de projetos de investimento, pois a TIR é a taxa de

juros que faz o VPL do projeto torna-se zero. Trata-se da maior taxa de custo de capital para a qual

o investimento se torna viável, ou seja, se a TIR é superior à taxa de juros que desconta os fluxos de

caixa do investimento, então, o investimento deve ser realizado.

111
1. Projetos de investimento
Em geral, um investimento, projeto de investimento ou só projeto (usaremos esses termos como

sinônimos), é qualquer iniciativa gerencial que afeta a riqueza, o patrimônio líquido, dos investidores,

dos acionistas da empresa. São exemplos de projetos de investimento:

a. um empreendedor que cogita abrir uma barraca de milho verde na praia;

b. uma empresa de logística, estudando implementar um sistema de informática mais moderno,

para monitorar melhor as entregas;

c. uma fábrica que precisa instalar um novo filtro em suas chaminés, para se adequar a uma nova

legislação ambiental.

Basicamente, qualquer investimento feito por uma empresa em suas operações ou por um indiví-

duo, que gera ganhos futuros, representa um projeto de investimento. Ademais, como o escopo desta

disciplina é o cálculo financeiro, iremos abstrair das características técnicas dos projetos a transforma-

ção da ideia do investimento em um negócio funcional, considerando apenas os fluxos de caixa que

devem ser gerados em cada espaço de tempo.

2. Custo de capital
Ao avaliar a viabilidade de um projeto de investimento, é essencial considerar como o capital inicial
necessário para realizar o investimento é financiado. Portanto, o custo de capital é a taxa de juros que
remunera o capital inicial pela duração do investimento, a qual recebe o nome de custo de capital,
responsável por descontar os fluxos de caixa advindos do investimento.
Um projeto de investimento pode ser financiado de duas formas distintas: por meio de capital de
terceiros, de um empréstimo contraído junto a um credor, por meio de dívida, ou pode ser financiado
pela riqueza pessoal dos investidores, ou seja, pelo patrimônio líquido dos acionistas da empresa, que
pode ser captado por meio de retenção de lucro, emissão de ações ou aporte de capital. Além disso,
é possível utilizar as duas fontes simultaneamente, nesse caso, se o investimento é financiado por um
empréstimo, o custo de capital é a taxa de juros que remunera esse empréstimo.

112
Quando o investimento é realizado com a riqueza de indivíduos ou com o patrimônio líquido de

uma empresa, o custo de capital é determinado pela taxa de retorno do melhor projeto alternativo

disponível, com mesmo custo de capital. Em outras palavras, o custo de capital de um projeto de

investimento financiado por recursos próprios é a maior taxa de retorno fornecida por projetos alter-

nativos disponíveis.

3. Valor presente líquido


O valor presente líquido (VPL ou NPV de net present value) de um investimento é definido pelo

valor presente dos fluxos de caixa futuros (da série de pagamentos), advindos do investimento, menos

a quantia despendida hoje para realizar o investimento. Trata-se do lucro, ou prejuízo, monetário rea-

lizado pelo investidor, devidamente descontado no tempo e é o principal indicador de rentabilidade de

projetos de investimento.

Considere que um investidor cogita abrir uma unidade de uma franquia de lanchonetes em sua

cidade. O custo (C) de abertura da unidade é $1.000.000,00, quantia que representa as despesas ini-

ciais, como a reforma física da loja, os gastos jurídicos e taxa de franquia. Agora, pense que o investi-

dor possui o valor necessário para abrir a lanchonete, mas, ao invés de abri-la, ele pode, por exemplo,

investir a quantia C em um investimento de renda fixa remunerado, por uma taxa de juros de 12%

ao ano.

As pesquisas de mercado indicam que a lanchonete teria um lucro operacional (receita com ven-

das, menos as despesas correntes com ingredientes, pessoal, aluguel, etc.) de R$ 150.000,00 por

ano. Em outras palavras, essas pesquisas indicam que a série de pagamentos gerada pela lancho-

nete tem parcelas (PMTt), ou fluxos de caixa (CFt), de R$ 150.000,00. Como não existe um prazo

final para as operações da lanchonete, essa série de pagamentos tem duração indeterminada. Agora,

caro(a) aluno(a), questione-se: o investidor deve abrir a lanchonete? Esse é um projeto de investi-

mento lucrativo?

Podemos afirmar que um projeto de investimento é lucrativo, ou seja, deve ser realizado, se, e

113
somente se, o valor presente líquido VPL desse investimento for positivo. Nesse sentido, o VPL de um
investimento é o valor presente dos fluxos de caixa futuros PV, menos o custo inicial do investimento C:

VPL=-C+PV

Como exposto, o custo inicial C é de R$ 1.000.000,00 e o investidor tem a alternativa de aplicar

o dinheiro, a uma taxa de juros de 12% ao ano. Assim, essa é a taxa que utilizaremos para descontar

os lucros futuros da lanchonete. No Tema 4, você aprendeu que o valor presente dos ganhos anuais,

nesse caso, da lanchonete, até uma data futura indeterminada é obtido da seguinte forma:

PMT
PV ( PMT , i ) 
i
$150.000, 00
PV ($150.000, 00,12%) 
12%
PV ($150.000, 00,12%)  $1.250.000, 00

Agora é fácil calcular o VPL do projeto:

VPL=-$1.000.000,00+$1.250.000,00 
Assimile
VPL=$250.000,00 O valor presente líquido de um projeto de investimento é
o valor presente dos fluxos de caixa futuros advindos do
investimento, descontado o custo inicial para realizar o
projeto. Se o VPL é positivo, o projeto é lucrativo e tem
Como o valor presente líquido do inves- condições de ser realizado. Se o VPL é negativo, o projeto
não é lucrativo, trará prejuízos aos investidores, isto é, não
timento é positivo, o investidor deve inves- deve ser realizado.

tir na lanchonete. Esse não é um conceito

novo, certo? Isso porque calculamos o valor

presente de diferentes operações financeiras durante este curso. A única diferença aqui é que o VPL

é “líquido”, porque descontamos o capital despendido para viabilizar o investimento.

114

Exemplificando
Considere que uma empresa avalia um simples projeto de investimento, com duração de oito anos, sendo que o
investimento inicial no projeto deve ser de R$ 1.500,00. As pesquisas indicam que, em cada ano, o projeto gerará
um fluxo de caixa de R$ 450,00. Sabendo que o custo de capital é de 15% ao ano, qual é o valor presente líquido
do projeto? O projeto é viável? Para responder a esses questionamentos, atente-se às seguintes considerações:
o VPL do projeto é o valor presente dos fluxos de caixa futuros, menos o investimento inicial:
VPL=-C+PV
como o fluxo de caixa advindo do projeto em questão é uma série de pagamentos regular, limitada e periódica, e
o custo de capital é de 15%, podemos escrever o VPL como

Como o VPL do projeto é de R$ 519,29 positivo, esse é um projeto de investimento viável.




3.1 Calculando o valor presente líquido


Conforme exposto anteriormente, o cálculo do valor presente de diferentes tipos de fluxos de caixa

foi o principal assunto tratado nesta disciplina. Desse modo, caro(a) aluno(a), calcular o VPL de dife-

rentes investimentos é, basicamente, exercitar vários conceitos que você já aprendeu, como o valor

presente de uma série de pagamentos regular ou de um título de desconto.

Agora, você irá aprender a calcular o VPL de um investimento com qualquer padrão de fluxo de

caixa, usando a calculadora financeira HP12c. Essa ferramenta é especialmente conveniente para as

séries de pagamento com parcelas irregulares, para as quais não é possível calcular uma fórmula con-

cisa para o valor presente.


Considere um projeto A, que requer investimento inicial C de R$ 3.000,00, com duração de seis
anos e fluxos de caixa, em cada um dos anos, de R$ 500,00, R$ 850,00, R$ 750,00, R$ 500,00, R$
1.000,00 e R$ 450,00, respectivamente. A taxa de juros que desconta os fluxos de caixa do projeto
A é de 15% ao ano. Desse modo, qual é o valor presente líquido do projeto A? De acordo com essa
definição, sabemos que
VPL  C  PV

115
$500 $850 $750 $500 $1000 $450
VPL  $3000      
(1  15%) (1  15%) (1  15%) (1  15%) (1  15%) (1  15%)6
2 3 4 5

É fácil calcular esse VPL, usando uma calculadora comum, mas é um processo um pouco tedioso,

pois, para isso, você precisa descontar cada parcela pela taxa de juros adequada, anotá-las e, depois,

somar tudo. A alternativa menos trabalhosa é usar a calculadora HP12c. Você irá utilizar as funções

azuis [CF0] e [CFj], a função branca [i] e a função dourada [NPV]. Lembre-se de que, quando nos

referimos à função [NPV], você deve apertar [ƒ] e [PV], para acessar a função dourada acima da tecla.

A seguir, há um exemplo de cálculo do VPL na HP12c.

1. Preliminares: limpe a memória da calculadora [REG], apertando [ƒ] e [CLX], ou seja, a função

[REG].
2. Coloque a taxa de juros da operação, responsável por descontar os fluxos de caixa:

• [15],[i].

3. Informe o investimento inicial:

• [3000],[CHS], [CF0]. Lembre-se de mudar o sinal do investimento inicial, usando [CHS].


4. Informe os fluxos de caixa CFj, na ordem temporal correta:

• [500], [CFj] (introduzido CF1).


• [850], [CFj] (introduzido CF2).
• [750], [CFj] (introduzido CF3).
• [500], [CFj] (introduzido CF4).
• [1000] [CFj] (introduzido CF5).
• [450], [CFj] (introduzido CF6).
5. Calcule o valor presente líquido [NPV]. Deve aparecer no visor o número

– 451.76. Desse modo, o valor presente líquido do projeto A é – R$ 451,76. Portanto, ele não é

lucrativo e não deve ser realizado.

116
4. Taxa interna de retorno
Ao calcular o valor presente líquido de um investimento, é necessário conhecer a taxa de juros que

desconta os fluxos de caixa futuro, isto é, para calcular VPL, precisamos conhecer a magnitude dos

fluxos de caixa e a taxa de juros que desconta cada parcela. Assim, encontramos a quantia que repre-

senta o ganho financeiro, em termos absolutos, que o investidor obterá com o projeto.

A TIR oferece uma informação relacionada, porém diferente, pois é um único número que representa

a rentabilidade do investimento, sendo a TIR a responsável por zerar o VPL do investimento. Essa é a

maior taxa de juros, que torna o investimento rentável. Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2015), a TIR

é a principal alternativa ao valor presente líquido, como ferramenta de avaliação de investimentos.

Agora, caro(a) aluno(a), considere um projeto de investimento muito simples, com apenas dois flu-

xos de caixa, denominado projeto A, e que está ilustrado na Figura 1. Observe que, na data inicial, o

investidor paga R$ 100,00 e, no período seguinte, recebe R$ 115,00.

117
FIGURA 1 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DO PROJETO A

FONTE: o autor.

Qual é o valor presente líquido do projeto A? O VPL é determinado pelo valor presente dos fluxos

de caixa advindos do investimento, descontados o custo inicial do investimento:

VPL  C  PV
$115
VPL  $100 
(1  i )
É impossível calcular o VPL sem saber a taxa de juros i. Assim, vamos supor que a taxa de juros é

118
de 10% ao período. Logo,

$115
VPL  $100 
(1  10%)
VPL = $4, 45

Então, se a taxa de juros for 10% ao período, o projeto A é viável, mas se a taxa de juros, que des-

conta os fluxos de caixa do projeto A, for 20%? Qual é o VPL nesse cenário?

$115
VPL  $100 
1  20%
VPL  $4,16

Observe que o VPL é negativo. Assim, se o fluxo de caixa do projeto A for descontado com uma

taxa de 20% ao período, o projeto se torna não rentável. Nessa perspectiva, algumas perguntas são

naturais: qual é a maior taxa de juros para a qual o projeto A é viável? Qual é a taxa de juros capaz

de fazer o VPL do projeto A ser zero, fazendo o investidor ser indiferente quanto à realização ou não

do projeto?

VPL  C  PV
0  C  PV
$115
0  $100 
1 i *
$115
$100 +
1+ i *
Como esse projeto é muito simples, é possível isolar i*:

$115
i*  1
$100
i* = 15%

Portanto, se a taxa de juros for de 15% ao período, o projeto A tem VPL zero. Assim, o investidor

119
pode ser indiferente quanto à realização ou

não do projeto Chamamos essa taxa i* de 


Link
TIR do projeto A. A TIR faz parte do discurso no dia a dia do mercado fi-
nanceiro. O texto “Concessões: mágica da alavancagem
Quanto maior a TIR de um projeto, melhor impulsiona rentabilidade”, de André Rocha, demonstra
como a TIR pode ser usada para motivar um programa
é para o investidor, pois o projeto em questão de concessões governamentais. Para ler o texto, na ín-
tegra, acesse o link disponível em: <http://www.valor.
é lucrativo para maiores taxas de desconto.
com.br/valor-investe/o-estrategista/3017242/conces-
O investidor pode tomar dinheiro emprestado soes-magica-da-alavancagem-impulsiona-rentabili-
dade>. Acesso em: 28 mar. 2018.
a um custo de financiamento (uma taxa de 

juros) maior e, ainda assim, ter lucro.

4.1 Calculando a TIR


Como exposto anteriormente, só conse-

guimos isolar i*, no exemplo do projeto A,
Para saber mais
Existe uma relação direta entre o VPL e a TIR, visto que a
porque se trata de uma operação financeira
TIR é a maior taxa de juros que mantém o VPL do projeto
muito simples. Na prática, caro(a) aluno(a), não negativo. Então, se o VPL do projeto for positivo, a TIR,
se existir, será maior que a taxa utilizada para descontar
você pode se deparar com projetos mais o VPL.

complexos, com diferentes fluxos de caixa,

nem todos com a mesma magnitude.

Considere um projeto genérico, com custo inicial de C, duração T e fluxos de caixa CFt (não neces-

sariamente iguais). A TIR desse projeto é a taxa de juros capaz de fazer o valor presente dos fluxos de

caixa CFt ser igual a C, portanto, VPL zero. Observe:

CF1 CF2 CFT


0  C    ... 
(1  TIR) (1  TIR) 2
(1  TIR)T

Nesse caso, calcular a TIR não é uma tarefa trivial, pois requer métodos numéricos de solução de
equações por tentativa e erro. Esse é um dos motivos que nos faz utilizar a calculadora financeira
HP12c, visto que, nela, existem funções pré-programadas para o cálculo da TIR, e do VPL, de fluxos

120
de caixa regulares ou irregulares.
Agora, considere um projeto de investimento, denominado projeto B, que requer R$ 2.000,00 no
período 0 para ser realizado, e gera fluxos de caixa por cinco períodos futuros, com os seguintes valo-
res R$ 200,00, R$ 750, 00, R$ 400,00, R$ 800,00 e R$ 250,00. O diagrama de fluxo de caixa do

projeto B está representado na Figura 2.

FIGURA 2 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DO PROJETO B

FONTE: o autor.

Qual é a TIR do projeto B? Com base nessas informações, podemos afirmar que:
CF1 CF2 CFT
0  C    ... 
(1  TIR) (1  TIR) 2
(1  TIR)T

121
Então,
$200 $750 $400 $800 $250
0  $2000     
1  TIR (1  TIR) (1  TIR) (1  TIR) (1  TIR)5
2 3 4

Não é uma conta fácil de resolver “à mão”, mas é bem direta na HP12c. Para isso, você vai usar

funções azuis de fluxo de caixa, [CF0] e [CFJ], e a função dourada, que calcula a TIR, [IRR] (de inter-

nal rate of return). Lembre-se de que, quando escrevemos, por exemplo, [CF0], você deve ter aper-

tado [g], depois [PV].

Observe o exemplo de cálculo da TIR na HP12c, exposto a seguir.

• Preliminares: limpe a memória da calculadora, [REG], ou seja, aperte [ƒ] e [CLX], para ter a

função [REG].

• Informe o investimento inicial de – R$ 2.000,00.

• [2000],[CHS],[CF0] É indispensável usar a função [CHS] para introduzir o investimento inicial


como um fluxo de caixa negativo. A TIR não é definida se não houver, pelo menos, um fluxo de

caixa negativo e um positivo.

• Informe os fluxos de caixa dos períodos 1 a 5:

• [200], [CFJ] (introduzido CF1);


• [750], [CFJ] (introduzido CF2);
• [400], [CFJ] (introduzido CF3);
• [800], [CFJ] (introduzido CF4);
• [250], [CFJ] (introduzido CF5).
• Calcule a TIR da operação: [ƒ], [IRR]. Deve aparecer o número 6.22 no visor. Assim, a TIR do

projeto B é 6,22% por período. Assim, o valor presente dos fluxos de caixa, CF1) a CF5, é igual

ao investimento inicial C (ou, na calculadora, CF0).

122
4.2 Limitações da TIR

A taxa interna de retorno é um indica- Exemplificando
dor de rentabilidade de investimentos bas- Considere um investimento com custo inicial de R$
500,00, que gera fluxos de caixa positivos de R$ 200,00,
tante útil. Trata-se de um único número que por três anos. Qual é a taxa interna de retorno desse in-
pode ser comparado com as taxas de juros vestimento?
Preliminares: limpe a memória da calculadora, [REG].
disponíveis, a fim de definir o capital ini- Informe o investimento inicial de – R$ 500,00.
[500],[CHS],[CF0]
cial emprestado e julgar se é vantajoso con-
Informe os fluxos de caixa positivos:
trair um financiamento para a realização do [200],[CFj] (introduzido [CF1]);
[200], [CFj] (introduzido [CF1]);
projeto, mas a TIR tem algumas limitações [200], [CFj] (introduzido [CF1]).
importantes, as quais devem sempre ser Calcule a TIR, [IRR]
Devemos enco. Você deve encontrar uma TIR de 10,0% ao
consideradas ao se utilizar essa ferramenta. ano.

Primeiro, a TIR não é definida, se houver

mais de uma mudança de sinal nos fluxos de

caixa do investimento. Considere um simples projeto, com investimento inicial de R$ 100,00, que gera

um fluxo de caixa positivo de R$ 230,00, no primeiro período, e um fluxo de caixa negativo de – R$

132,00, no segundo período. Com base nas definições apresentadas, a TIR desse projeto é:

$230 $132
0  $100  
(1  TIR) (1  TIR) 2
Ao resolver essa equação, você notará que a TIR é 10%, mas que também pode ser 20%. Essa é

uma equação de segundo grau, com determinante real, portanto, tem duas raízes reais. Qual é a taxa

interna de retorno desse projeto: 10% ou 20%? Não existe qualquer razão para você escolher entre

10% ou 20%, por isso, a TIR não é adequada para a avaliação de investimentos quando existe mais

de uma mudança no sinal dos fluxos de caixa.

Outra limitação da TIR está relacionada à comparação de investimentos mutuamente exclusivos.

Ross, Westerfield e Jaffe (2015) motivam essa discussão com o seguinte exemplo: um professor oferece

aos seus alunos duas oportunidades de “negócio”:

• oportunidade 1: entregar R$ 1,00 ao professor no início da aula, para receber R$ 1,50 no fim

123
da aula;

• oportunidade 2: entregar R$ 10,00 no início e receber R$ 11,00 no fim.

Se a taxa de juros é de 0%, qual opção você escolheria? Para responder

a essa pergunta, você deve aplicar as ferra-

mentas que aprendeu até aqui. Observe: 


Para saber mais
• a oportunidade 1 tem: Quando os projetos geram fluxos de caixa às vezes positi-
vos, às vezes negativos, é necessário utilizar o método do
VPL1  $1, 00  $1, 50  $0, 50 valor presente líquido (VPL) como indicador de rentabili-
dade.
$1, 50 
TIR1   1  50%
$1, 00

• a oportunidade 2 tem:

VPL2  $10, 00  $11, 00  $1, 00


$11, 00
TIR 2   1  10%
$10, 00

Do ponto de vista da TIR, a oportunidade 2 é menos lucrativa do que a oportunidade 1, a qual pos-

sui “margem de lucro” muito superior à margem da oportunidade 2. Afinal, no primeiro caso, inves-

te-se R$ 1,00 para ganhar R$ 1,50, 50% a mais. No segundo caso, investe-se R$ 10,00 para obter

R$ 11,00, somente 10% a mais.

Lembre-se que só é possível escolher uma das oportunidades. Ademais, o objetivo não é realizar o

investimento com maior “margem de lucro”, mas o que oferece maiores ganhos financeiros absolutos

para os investidores. Nesse sentido, quem escolhe a oportunidade 1 sai da classe com R$ 0,50 a mais

do que tinha quando entrou. A pessoa que escolhe a oportunidade 2, com R$ 1,00 a mais. Portanto,

a oportunidade 2 deve ser a escolhida.

124
Questão para reflexão
O VPL demonstra o ganho monetário, em termos absolutos, que se espera de um projeto. A TIR

informa a maior taxa de juros para a qual o projeto ainda é factível. Outro tipo de ferramenta de ava-

liação de investimentos está relacionada ao tempo necessário para reaver o capital investido. Como

você calcularia esse tempo? A taxa de juros usada influenciaria no resultado?

Considerações finais
• Um projeto de investimento refere-se a qualquer empreitada que requer um investimento inicial

hoje, para se obter um benefício no futuro, de modo a afetar a riqueza do investidor.

• O valor presente líquido (VPL) é o ganho monetário, em termos absolutos, obtido com o pro-

jeto, devidamente descontado pela taxa de juros. Se um projeto tem VPL positivo, ele é viável.

Sempre deve ser escolhido o projeto que oferece maior VPL, em especial, quando são compa-

rados projetos mutuamente exclusivos.

• A TIR é um indicador de rentabilidade de investimentos, capaz de fazer o valor presente líquido

do projeto ser zero.

• A TIR não é definida quando existe mais de uma mudança de sinal nos fluxos de caixa do

investimento.

Glossário
Custo de capital: taxa de juros que remunera o capital inicial do investimento. O custo de capital é

a taxa de juros usada para descontar os fluxos de caixa futuros, advindos do investimento.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1- Uma empresa estuda implementar um projeto de investimento com custo de R$


1.000,00, que gerará fluxos de caixa positivos por oito anos, com magnitude R$ 200,00, sendo que o
custo de financiamento para a empresa é de 5% ao ano. Qual é o valor presente líquido desse inves-

125
timento?
a) R$ 435,09.

b) R$ 292,64.

c) R$ 614,87.

d) R$ 158,08.

e) R$ 554,23.

QUESTÃO 2- Um investidor cogita realizar um projeto que requer investimento inicial de R$ 5.000,00,
que gerará receitas de R$ 2.500,00, no primeiro ano, e de R$ 3.000,00, no segundo ano. Qual é a TIR
desse investimento?
a) 7,89% ao ano.

b) 8,47% ao ano.

c) 6,39% ao ano.

d) 5,83% ao ano.

e) 4,52% ao ano.

QUESTÃO 3- Dois projetos de investimento mutuamente exclusivos são comparados, sendo que o
projeto A tem VPLA=$500, e TIRA=25% ao período. O projeto B tem VPLB=$550, e TIRB=15% ao
período. Qual projeto deve ser escolhido? Por quê?
a) O projeto A, porque uma maior TIR representa maior lucro proporcional com um mesmo
investimento.
b) O projeto A, porque tem menor VPL, que representa menor investimento inicial.
c) O projeto B, porque tem menor VPL.
d) O projeto B, porque tem menor TIR, portanto, requer uma taxa de juros menor para ser
lucrativo.
e) O projeto B, porque tem maior VPL e proporcionará maior ganho financeiro absoluto aos
investidores.

126
Referências Bibliográficas
ROCHA, A. Concessões: mágica da alavancagem impulsiona rentabilidade. Valor
Investe. 21 fev. 2013. Disponível em: <http://www.valor.com.br/valor-investe/o-estra-
tegista/3017242/concessoes-magica-da-alavancagem-impulsiona-rentabilidade>. Acesso
em: 28 mar. 2018.

ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. Administração financeira. São Paulo: Amgh


Editora, 2015.

Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa b. De acordo com a definição, o VPL é:

VPL = -C+PV

O investimento inicial é C=$1000. Os fluxos de caixa gerados pelo investimento são sempre de R$
200,00, por oito anos, descontados a uma taxa de juros de 5% ao ano. O valor presente dessa série de
pagamentos regular, periódica e limitada é:
1  (1  i )  n
PV  PMT .
n
1  (1  5%) 8
PV  $200.
5%
PV = $1292, 64

Portanto, o VPL do projeto é:


VPL  $1000, 00  $1292, 64
VPL = $292, 64

127
QUESTÃO 2- Alternativa c. A TIR é a taxa de juros que zera o VPL do investimento. Portanto, nesse
caso, é determinada pela seguinte expressão:

$2500 $3000
0  $5000  
(1  TIR) (1  TIR) 2

É necessário utilizar a HP12c para encontrar a TIR:


• [REG]

• [500],[CHS],[CF0]

• [2500], [CFj].[3000],[CFj].
• [IRR]

Portanto, a TIR do projeto é 6,39%.

QUESTÃO 3- Alternativa e. Essa questão está relacionada à discussão desenvolvida na seção “Limi-
tações da TIR”. Como você deve escolher entre projetos mutuamente exclusivos, ou seja, só um deles
será realizado, é preciso escolher o que tem maior VPL, no caso, o projeto B. De fato, o projeto A tem
maior TIR e maior “margem de lucro proporcional”, mas o objetivo é agregar maior valor ao investidor
em termos absolutos, não em termos relativos. Portanto, a escolha certa é o projeto B, que apresenta
maior VPL.

128
8
Analisando o prazo
de investimentos:
Payback
Objetivos Específicos
• conhecer o método de avaliação de investimentos do índice de rentabilidade;

• aprender a calcular o tempo de Payback de um investimento e avaliar a viabilidade do investi-

mento, de acordo com a regra de tempo de Payback.

• aprender a calcular o tempo de Payback descontado.

Introdução
No Tema 7, caro(a) aluno(a), iniciamos a explicação acerca dos conceitos de matemática finan-

ceira na avaliação de projetos de investimento, aprendidos durante toda a disciplina. Você aprendeu a

calcular o valor presente líquido de um projeto, VPL, os ganhos monetários absolutos esperados des-

contados, advindos do projeto. O VPL é a ferramenta principal na avaliação de projetos. Também é

possível conhecer a taxa interna de retorno (TIR), à medida que apresenta a maior taxa de juros (que

desconta os fluxos de caixa do projeto) para a qual o projeto ainda é viável ou, equivalentemente, a

taxa de juros que zera o VPL do projeto.

Agora, o assunto principal desta lição é o tempo de Payback, ou tempo de retorno, de um projeto,

o qual é a quantidade de períodos necessária para que os ganhos com o projeto compensem o capital

inicial, ou seja, é o tempo necessário para “se conseguir o dinheiro de volta”. Para obter um diagnós-

tico da viabilidade do projeto utilizando o tempo de Payback, primeiro, é preciso escolher um período

limite. Então, se o tempo de Payback for inferior a esse período limite, o projeto é considerado viável.

O tempo de Payback tem algumas limitações, em especial, o fato de não descontarmos os fluxos

de caixa usando o custo de capital do projeto. O tempo de Payback descontado é uma extensão do

tempo de Payback, que é calculado usando o valor presente dos fluxos de caixa, e não é sujeito a

todas as críticas relacionadas ao tempo de Payback.

Você também compreenderá a noção de índice de rentabilidade, que é uma medida de avaliação de

investimentos, capaz de reorganizar as informações contidas no valor presente líquido, determinando

um indicador de quanto o capital inicial será multiplicado durante o investimento.

130
1. Índice de rentabilidade
Mais uma medida de avaliação de projetos

popular é o índice de rentabilidade (IR), que



é a razão entre o valor presente dos fluxos Para saber mais
O índice de rentabilidade é mais bem utilizado como uma
de caixa (CFt), após o investimento inicial (t medida auxiliar ao VPL e é especialmente relevante na
comparação entre projetos, quando o investidor tem re-
> 0), e o capital inicial (C ou CF0) despen- strições quanto ao capital que pode ser levantado para o
investimento inicial.
dido no investimento inicial.


CFt

n
t 1
(1  i )t
IR 
c

Devemos destacar que, para calcular o IR,



é preciso conhecer o custo de capital do pro- Exemplificando
Considere um simples projeto, com custo inicial de R$
jeto e calcular o valor presente de todos os 4.000,00, que gerará fluxos de caixa positivos anuais de
R$ 1.500,00, por cinco anos. O custo de capital do projeto
fluxos de caixa do investimento. Portanto, o é 12% ao ano. Qual é o IR do projeto?

IR é apenas uma reorganização das informa-

ções contidas no valor presente líquido (VPL)

do projeto. Note que, se IR > 1, o VPL do

projeto será positivo. O IR determina uma

medida de quanto o capital inicial é multipli-

cado na duração do investimento.


O IR do projeto é 1,35, ou seja, o valor presente dos fluxos
de caixa futuros é 1,35 vezes o investimento inicial.


131
2. Tempo de Payback
Uma métrica alternativa de avaliação de investimentos é o tempo de Payback. No valor presente

líquido (VPL), avaliamos os ganhos descontados, que demonstram uma quantia financeira em termos

absolutos. Também é possível calcular a maior taxa de juros, a qual pode descontar os fluxos de caixa

do projeto e ainda torná-lo viável, como na TIR. No que se refere ao tempo de Payback, a ideia é

calcular a quantidade de períodos necessários para que os ganhos gerados pelo projeto compensem o

capital inicial investido. Trata-se de uma medida temporal, definida em anos, meses ou dias.

Considere o seguinte exemplo, de um simples projeto de investimento, denominado projeto A. O

capital inicial é de R$ 4.500,00 e o investimento gerará fluxos de caixa anuais de R$ 1.000,00. O

tempo de Payback é a quantidade de períodos, anos, nesse caso, necessários para que o acúmulo dos

fluxos de caixa de R$ 1.000,00 compensem o capital inicial de R$ 4.500,00.

132
FIGURA 1 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DO PROJETO A

FONTE: o autor.

Uma forma de calcular o tempo de Payback é construir algo como a Tabela 1. A primeira linha,

Fluxo de caixa, demonstra os fluxos de caixa em cada um dos anos, representados nas colunas. Na

segunda linha, Fluxos de caixa acumulados, são somados os fluxos de caixa até o período represen-

tado na coluna. Observe que, a partir do quinto ano, o fluxo de caixa acumulado do projeto A torna-

-se positivo. Assim, o tempo de Payback desse projeto é cinco anos.

133
TABELA 1 – FLUXOS DE CAIXA E TEMPO DE PAYBACK DO PROJETO A

Anos 0 1 2 3 4 5 6 7

Flux de Caixa -$4,500 $1,000 $1,000 $1,000 $1,000 $1,000 $1,000 $1,000

Fluxo de Caixa
-$4,500 -$3,500 -$2,500 -$1,500 -$500 $500 $1,500 $2,500
Acumulados

FONTE: o autor.

2.1 A regra do
tempo de Payback 
Assimile
e períodos necessária para que os ganhos com o proje-
Para julgar se um investimento deve ser to compensem o investimento inicial. Nesse caso, não
é necessário descontar os fluxos de caixa, ou seja, R$
realizado utilizando o tempo de Payback, você 100,00 daqui a três anos vale o mesmo que R$ 100,00
daqui a cinco anos.
deve escolher um número razoável de perí- 

odos limite e, depois, comparar o tempo de

Payback do projeto com o limite escolhido.

Se esse tempo for inferior ao período limite, o investimento é factível, com base na regra de tempo de

Payback.

Desse modo, ainda conforme o exemplo do projeto A, se você escolher como limite quatro anos,

o projeto não passará no critério do tempo de Payback. Em contraste, caso escolha cinco anos como

limiar, o projeto será viável, segundo a regra de tempo de Payback.

2.2 Limitações da regra de tempo de Payback


Ross, Westerfield e Jaffe (2015) elencam três principais limitações que devem ser consideradas,

quando a regra de tempo de Payback é utilizada para avaliar a viabilidade de um investimento, as

quais estão expostas a seguir.

1. Desconto dos fluxos de caixa. Uma limitação evidente do tempo de Payback é o fato de não se

134
descontar o valor dos fluxos de caixa futuros do projeto, de acordo com o tempo necessário até

cada fluxo de caixa ser realizado. O tempo de Payback utiliza o valor absoluto dos fluxos de

caixa, e não seu valor presente.

2. Fluxos de caixa após o tempo de Payback. Como a regra de Payback considera apenas se o tempo

de Payback é superior ou inferior ao período limite, os fluxos de caixa após esse tempo são,

completamente, ignorados. Essa pode ser uma limitação relevante, quando são analisados pro-

jetos cujos maiores ganhos ocorrem no fim do tempo de vida do projeto.

3. Arbitrariedade na definição do período limite. O parâmetro de comparação, período limite, que

define o diagnóstico da regra de tempo de Payback acerca da viabilidade do investimento em ques-

tão, é determinado pelo analista, com base nas condições financeiras gerais da empresa. Esse ele-

mento discricionário não é, fundamentalmente, um problema, mas a defi-

nição de cinco, e não quatro anos, por exemplo, precisa ser justificada por

meio de argumentos exógenos aos flu-

xos de caixa do projeto, o que possibilita

erros de julgamento. 
Link
O tempo de Payback faz parte do dia a dia de empresas
do porte da Eletrobras. A empresa motiva um plano de
Se a regra de tempo de Payback, como aposentadorias extraordinárias, usando o tempo de re-
torno desse projeto. Você pode saber mais acerca desse
critério de avaliação de investimentos, tem assunto, lendo o texto “Eletrobrás vê retorno do inves-
timento com aposentadorias antes de 1 ano”, de Ro-
tantas limitações, por que ainda é ampla- drigo Polito. O texto está disponível, na íntegra, no link:
<http://www.valor.com.br/empresas/5077244/eletro-
mente utilizada? O principal apelo da regra bras-ve-retorno-de-investimento-com-aposentar-
ias-antes-de-1-ano>. Acesso em: 20 mar. 2018.
de Payback é a sua simplicidade. Uma grande 
empresa toma dezenas de pequenas deci-

sões gerenciais, por exemplo, em um mês.

Assim, utilizar o método do valor presente líquido para avaliar cada uma delas pode tornar o processo

de decisão lento demais.

135
2.3 Tempo de Payback descontado
Uma maneira de melhorar o critério da regra de tempo de Payback é utilizar a informação adicio-

nal do custo de capital e descontar os ganhos do projeto, de acordo com a distância temporal. Desse

modo, o tempo de Payback descontado é o tempo calculado utilizando-se o valor presente dos fluxos

de caixa.

Ainda com base no projeto A, podemos analisá-lo conforme os critérios do tempo de Payback des-

contado. Assim, considere que o custo de capital desse projeto é de 5% ao ano. Calculamos, então, o

valor presente dos fluxos de caixa do projeto A e a soma na Tabela 2. Observe, caro(a) aluno(a), que

agora são necessários seis períodos para que os fluxos de caixa do projeto A, devidamente desconta-

dos, compensem o investimento inicial.

TABELA 2 – VALOR PRESENTE DOS FLUXOS DE CAIXA E TEMPO DE PAYBACK DESCONTADO DO PROJETO A

Anos 0 1 2 3 4 5 6 7

Fluxo de Caixa (em


-$4,500 1,000 $1,000 $1,000 $1,000 $1,000 $1,000 $1,000
valor absoluto)

PV de Fluxo de
-$4,500 $952 $907 $864 $823 $784 $746 $711
Caixa

PV dos fluxos de
-$4,500 -$3,548 -$2,641 -$1,777 -$954 -$171 $576 $1,286
Caixas Acumulados

FONTE: o autor.

136
Nos cálculos na Tabela 2 e no diagrama de fluxo de caixa presente na Figura 2, fica claro que o

tempo de Payback descontado é o primeiro período para o qual o VPL do projeto em questão se torna

positivo.

FIGURA 2 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DESCONTADO DO PROJETO A

FONTE: o autor.

O tempo de Payback descontado é uma ferramenta de avaliação de investimentos mais refinada

do que o tempo de Payback (absoluto), porque os fluxos de caixa são devidamente descontados, de

acordo com o tempo ainda necessário para o acontecimento do ganho, corrigindo, portanto, a primeira

das limitações que enumeramos. O tempo de Payback descontado, no entanto, ainda está sujeito

137
às segunda e terceira críticas. Os fluxos de

caixa, além do período de Payback descon- 


Para saber mais
tado, não são considerados. Assim, a regra do Ross, Westerfield e Jaffe (2015) argumentam que, como
precisamos calcular o VPL do projeto como insumo no
tempo de Payback descontado ainda depende cálculo do tempo de Payback descontado, o principal
apelo do método de tempo de Payback (absoluto), a sua
de certa discricionariedade do analista para a simplicidade, é perdido. Como descontamos os fluxos de
caixa, usando o custo de capital, podemos usar o VPL para
definição do período limite.
avaliar o investimento.

Situação


problema
Agora, caro(a) aluno(a), você poderá exercitar as técnicas da matemática financeira, aprendidas

durante a disciplina, em um contexto um pouco mais próximo do dia a dia da gestão financeira. Assim,

pense sob o ponto de vista de uma empresa que compara entre duas oportunidades de investimento

mutuamente exclusivas. Essa empresa tem que conseguir o capital inicial necessário no mercado e ter

esse financiamento quitado no fim da vida do projeto.

O principal objetivo deste exercício é possibilitar a fixação da ideia de que as fórmulas apresenta-

das são apenas ferramentas, as quais não podem ser aplicadas sem reflexão. Nesse sentido, considere

que uma empresa de logística estuda abrir um novo centro de distribuição, mas está em dúvida entre

duas possíveis localizações. A empresa espera que, devido aos contratos imobiliários e à obsolescência

de maquinário, esse novo centro tenha vida útil de seis anos.

A localização I é mais próxima das linhas de transporte da empresa, o que aumenta os potenciais

ganhos (redução de custos operacionais ou novos negócios) com esse projeto, mas também significa

que o investimento inicial do nessa localização é mais elevado. A localização II, por sua vez, fica mais

138
afastada do fluxo de transportes, assim, o capital inicial, necessário para tornar esse centro de distri-

buição funcional, é menor e os potenciais benefícios também são menores. Os fluxos de caixa espe-

rados, associados às localizações I e II, em cada um dos períodos, estão expostos na Tabela 3.

TABELA 3 – FLUXOS DE CAIXA LOCALIZAÇÕES I E II

Ano 0 1 2 3 4 5 6

Localização I -$45,000 $10,000 $10,000 $10,000 $5,000 $25,000 $10,000

Localização II -$27,000 $10,000 $10,000 $5,000 $10,0000 $1,000 $5,000

FONTE: o autor.

A empresa não tem dinheiro suficiente em caixa para cobrir o investimento inicial dos potenciais

projetos. É possível conseguir dinheiro no mercado, a uma taxa de juros de 7,5% ao ano. Nesse sen-

tido, o financiamento contraído precisa ser quitado dentro do tempo de vida do projeto, sendo que o

sistema de amortização pode ser escolhido pelo tomador. Com base nessas informações, responda às

seguintes perguntas.

Se você tivesse que sugerir a localização na qual deve ser aberto o centro de distribuição, qual

das localizações você indicaria? Quais argumentos respaldariam sua opinião? Qual seria o sistema de

amortização mais vantajoso para a empresa, ou seja, que signifique menores encargos financeiros?

Considere que, por alguma razão exógena, você precise argumentar em favor da localização contrária

à escolhida no item 1. Quais argumentos você poderia apresentar para fortalecer seu ponto? Dica: utilize

as informações oferecidas pelas ferramentas de avaliação de investimento alternativas ao VPL.

Se a taxa de juros do financiamento fosse 14% ao ano, como isso mudaria a resposta do item 1?

139
Questão para reflexão
Nesta disciplina, houve pouca discussão acerca da obtenção do custo de capital de cada projeto.

Quando uma empresa toma dinheiro emprestado no mercado, o custo de capital é determinado pela

taxa de juros do financiamento. Quando se trata de uma riqueza pessoal dos acionistas, o custo de

capital é definido pelo retorno do melhor investimento alternativo disponível. Apesar disso, uma

grande empresa pode operar, simultaneamente, investindo o capital próprio e contraindo dívidas.

Nesse caso, como podemos obter uma medida razoavelmente precisa do custo de capital de um

projeto?

Considerações finais
• Apresentamos como calcular o tempo de Payback de um projeto de investimento, que é o

número de períodos necessários para que os ganhos com o projeto compensem o investimento

inicial.

• Para aplicar a regra de tempo de Payback, a priori, fixa-se um período limite arbitrário. Se

o tempo de Payback for inferior ao período limite, o projeto é viável, segundo a regra desse

tempo.

• O tempo de Payback tem algumas limitações, sendo que uma das formas de contorná-las é usar

o valor presente dos fluxos de caixa para calcular o tempo de Payback, denominado tempo de

Payback descontado.

• Apresentamos o índice de rentabilidade (IR) que é uma medida de avaliação de investimentos

capaz de reorganizar as informações contidas no valor presente líquido. O IR é o valor absoluto

da razão entre o capital inicial e os fluxos de caixa a partir do primeiro período. Isso pode definir

quanto o investimento inicial é multiplicado pelo projeto.

140
Glossário
Índice de rentabilidade (IR): é a razão entre o valor presente dos fluxos de caixa, após o investi-
mento inicial, e o capital inicial despendido no investimento inicial.
Tempo de Payback: é o número de períodos necessários para que os ganhos com o projeto com-
pensem o investimento inicial.
Tempo de Payback descontado: é o tempo de Payback calculado, usando-se o valor presente dos

ganhos com o projeto.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1- Considere um projeto de investimento com custo inicial de R$ 2.500,00 e fluxos de cai-
xa, nos seis períodos subsequentes, de R$ 900,00, R$ 200,00, R$ 700,00, R$ 700,00, R$ 400,00 e R$
500,00. Qual é o tempo de Payback do projeto?
a) Seis períodos.
b) Cinco períodos.
c) Quatro períodos.
d) Três períodos.

e) Sete períodos.

QUESTÃO 2- Um investidor cogita comprar um título de renda fixa que pagará remessas anuais de R$
100,00, por um período indeterminado. O preço unitário desse título hoje é de R$ 1.000,00. Se o custo
de capital associado com o investimento é de 7% ao ano, qual é o IR?
a) 3,523.
b) 1,987.
c) 1,459.
d) 2,876.
e) 1,428.

141
QUESTÃO 3- Considere que um projeto tem investimento inicial é R$ 6.500,00 e gerará ganhos anu-
ais de R$ 1.000,00, por quinze anos. Se o custo de capital é de 10% ao ano, qual é o tempo de Payback
descontado desse investimento?
a) Cinco anos.

b) Dez anos.

c) Doze anos.

d) Treze anos.

e) Nove anos.

Referências Bibliográficas
POLITO, R. Eletrobras vê retorno de investimento com aposentarias antes de 1 ano. Valor
Econômico. 11 ago. 2017. Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/5077244/
eletrobras-ve-retorno-de-investimento-com-aposentarias-antes-de-1-ano>. Acesso em:
20 mar. 2018.

ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. Administração financeira. São Paulo: Amgh


Editora, 2015.

142
Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa c. O tempo de Payback (absoluto) é o número de períodos necessários para


que os ganhos com o investimento compensem o capital inicial. Nesse caso especificamente, a soma
dos ganhos, até o quarto período, é de R$ 2.500,00, compensando o capital inicial. Portanto, o tempo
de Payback é de quatro períodos:

$900 + $200 + $700 + $700 = $2500.

QUESTÃO 2- Alternativa e. O índice de rentabilidade é determinado pela razão entre o valor presente
dos fluxos de caixa após o investimento inicial e o investimento inicial. Assim,
IR 
 PV (CFt )
C

Como o custo de capital é de 7% ao ano e o título paga R$ 100,00 por ano, para sempre, o valor pre-
sente dessa série de pagamentos regular, periódica e ilimitada é:
$100
PV ($100, 7%)   $1428, 57
7%

Agora, é fácil calcular o IR:


$1428, 57
=IR = 1, 428
$1000

QUESTÃO 3- Alternativa c. Para calcular o tempo de Payback descontado, é preciso calcular o valor
presente da soma acumulada dos fluxos de caixa do projeto e truncar na parcela que supera o inves-
timento inicial. Desse modo,

$1000 $1000 $1000 $1000


+ + + ...
1 + 10% (1 + 10%) (1 + 10%)
2 3
(1 + 10%)15

Calculando as parcelas e a soma parcial dessa expressão, podemos afirmar que o projeto precisa de
doze anos para que o valor presente de seus ganhos supere o capital inicial de R$ 6.500,00.

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