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Se você é um profissional ou estudante da área de eletricidade, com certeza já ouviu falar em partida estrela triângulo, essa é um dos
modelos de partida indireta mais utilizados na aplicação de motores.
Comumente usado em testes para eletricistas, há quem diga que um bom eletricista é obrigado a conhecer muito bem a partida estrela
triângulo.
Neste artigo, trataremos sobre o dimensionamento da partida estrela triângulo, abordando técnicas empregadas para realizar o
dimensionamento do sistema de partida Estrela Triângulo, considerando todas as características técnicas e nominais dos componentes a
serem empregados neste sistema.
Como é sabido, esse sistema é muito utilizado nas indústrias para acionamento de diversos tipos de cargas, e também, muito conhecido
entre os eletricistas.
Para saber um pouco mais, para entender melhor sobre o funcionamento da partida estrela triângulo assista ao vídeo abaixo:
Diferente da partida direta, a partida estrela triângulo será dimensionada tomando como referência as características individuais de cada
componente do circuito separadamente, uma vez que a corrente que circula em cada componente do circuito é diferente uma da outra.
Contatores K1 e K2
Para melhor exemplificarmos nosso conteúdo, iremos adotar o exemplo do dimensionamento da partida estrela triângulo de um motor
elétrico trifásico com os seguintes dados:
Motor: 7,5CV
Tp = 5s
“Consideraremos que este motor trabalha em regime normal de manobra com rotor gaiola de esquilo e desligamento em regime, por fim, possui tempo
de partida de 5 segundos.”
O primeiro passo é realizar o dimensionamento dos contatores K1 e K2 que serão idênticos, pois a corrente por eles conduzida será de
mesma intensidade, lembrando que estes dois trabalharão juntos no segundo estágio do sistema de partida estrela triângulo, quando o
sistema assumir o fechamento triângulo. Para começarmos o dimensionamento destes contatores iremos determinar a corrente do
fechamento em triângulo, ou melhor, a “Corrente de Fase” que representa a corrente que circula em cada uma das bobinas do motor elétrico
trifásico.
Para realizarmos o dimensionamento dos contatores K1 e K2 deveremos compreender que a corrente elétrica que circulará pelos contatos
principais (contatos de potência) será de fundamental importância para definirmos o tipo e modelo de contator que será utilizado.
Tendo em vista que, nos casos dos contatores K1 e K2 a corrente que irá percorrer seus contatos será a corrente de fase, então podemos
começar deduzindo a corrente de linha deste nosso sistema de partida, sendo assim temos:
IL = IN
I N – Corrente nominal em A
“A corrente de linha, ou seja, a corrente disponível na fonte de alimentação será exatamente o valor nominal do motor elétrico, ou seja 20,2A”
Portanto teremos a corrente de linha igual a corrente nominal do motor elétrico escolhido:
IL = IN
IL = 20,2A
Corrente de fase
Observando a corrente que circulará nos contatores K1 e K2 podemos notar que não é a mesma corrente nominal do motor em função da
divisão ocasionada nos nós acima de K1.
Trata-se da “Corrente de Fase”. Devemos, portanto, determinar a corrente de fase que representa a corrente que circula nos contatores K1 e
K2 no segundo estágio da partida estrela triângulo, veja a imagem abaixo:
I Δ = IL / √3
I Δ = Corrente de Fase
1L / √3 = 0,58
Teremos então:
I Δ = 20,2 * 0,58
I Δ = 11,716 A
Determinando K1 e K2
Neste momento iremos determinar a corrente de emprego dos contatores K1 e K2 para que possamos escolher o melhor componente para a
nossa aplicação (partida estrela triângulo), sendo que a corrente de emprego deverá ser 15% superior a corrente nominal sendo assim
teremos a seguinte fórmula:
K1 = K2
Ie ≥ (IN / √3) * 1,15
IN= I Δ
Então temos:
Ie ≥ (11,716) * 1,15
Ie ≥ 13,47A
Conhecendo a corrente de emprego (Ie ), podemos definir o contator a ser utilizado. Observe que as características oferecidas no exemplo,
definem a aplicação do motor em regime normal de manobra com rotor gaiola de esquilo e desligamento em regime, portanto, o contator a
ser utilizado será da Classe AC3 como vemos na ilustração abaixo.
O contator escolhido foi o CWM25, que utilizado na classe AC3, conforme necessidade do exercício proposto, pode ser aplicado para
potências nominais de até 7,5CV, conforme o item “B” acima (nossa necessidade é de 7,5CV).
Este mesmo contator é aplicado a uma corrente de emprego máxima de 22A, conforme o item “A” na figura anterior, nosso cálculo
determinou uma corrente mínima de emprego de 13,47A.
Observe que no sistema de partida estrela triângulo, a corrente que circula no Relé térmico NÃO será a corrente nominal do circuito,
analisando o diagrama, é possível notar que esta corrente é a corrente de fase do circuito quando fechado em triângulo, portanto, ao
dimensionar este dispositivo devemos considerar esta corrente parcial, senão teremos um relé térmico superdimensionado e sem função
alguma no circuito.
Lembre-se que a corrente de fase, na verdade, representa a corrente elétrica que circula através de cada uma das bobinas do motor elétrico
trifásico. Basta observar a imagem para notar que a corrente elétrica que circulará pelo relé térmico é, na verdade, uma parcela da corrente
nominal (total), já que esta está sendo dividida nos nós existentes sobre o contator K1.
Sabendo disto podemos deduzir que a corrente deste dispositivo será determinada da seguinte maneira:
I F7 = I N / √3
Onde:
Sendo assim teremos uma necessidade de um relé térmico que suporte uma corrente de aproximadamente 11,6A como podemos observar
abaixo:
Conhecendo os relés térmicos, podemos afirmar que a escolha deste dispositivo, na grande maioria das vezes, está diretamente relacionada
ao contator selecionado, por isso, em nosso dimensionamento foi determinado o relé de sobrecarga de modelo RW27, com faixa de ajuste
entre 11 e 17 A.
Veja abaixo:
Determinando K3
O contator K3, na partida estrela triângulo, somente será utilizado pelo sistema no momento da partida do motor, ou seja, no momento em
que o circuito assumir o fechamento estrela, sendo assim, a corrente que circulará neste trecho do circuito será de 33% a corrente nominal.
Onde:
Isto resultará em uma necessidade de um contator que suporte uma corrente de emprego de aproximadamente 7,6A como vemos abaixo:
Neste caso, o dimensionamento passa por uma análise de três condições, sendo que é necessário que se atenda o pior caso.
Ip = IN * Ip / IN Ip = 20,2* 6,3
Ip = 127,26A
2º caso: Comprovaremos que a corrente do fusível deverá possui como corrente nominal, no mínimo, 20% a mais que a corrente nominal do
motor elétrico do nosso exemplo, então teremos:
If ≥ IN * 1,2 ≥ If = 20,2 * 1,2
If ≥ 24,2A
Onde:
3º caso: Neste momento iremos verificar se o fusível realizará a proteção dos contatores K1 e K2:
I f ≤ I fmáx k1 e k2 * 1,2
I f ≤ 50A
Da mesma maneira que realizamos no segundo caso, faremos agora a comparação para sabermos a situação da proteção do relé térmico:
I f ≤ I fmáx F7
I f ≤ 40A
“Com a análise realizada podemos considerar um fusível de 35A que atende as três situações anteriores, ou seja, 35 A é superior a 20% da In,
maior que I fmáx k1 e k2 e maior também que , por sua vez, é capaz de proteger os componentes da partida estrela triângulo e suporta a
corrente nominal do motor elétrico trifásico.”
Conclusão
É evidente para todos nós que não necessariamente esta partida estará presente em todos os ambientes onde atuamos, no entanto,
considero que é o sistema de partida de motores de indução trifásico mais importante e que precisa estar no “Know how” de todo
profissional da área.
Conhecer simplesmente a partida de motor não é suficiente, você vai precisar “ser um iniciante qualificado”.
Quando digo Iniciante Qualificado não estou me referindo somente aos novos profissionais e sim a todos os profissionais que possuem a
necessidade de dominar Comandos Elétricos.
“Esteja preparado para todas as situações, seja o melhor no que você faz e invista sempre em você mesmo”.
Por esta razão, não deixe de conhecer mais sobre o nosso curso de Comandos elétricos, onde abordamos os principais assuntos e tendências
sobre comandos elétricos, além de aulas práticas.
Para saber um pouco mais sobre as curvas de disjuntores assista ao vídeo abaixo, onde você vai encontrar informações mais detalhadas
sobre este componente.
Comentários
Comentários
Everton Moraes
Obrigado pela visita Cleyton! a Senha do CADe SIMU é 4962
Everton Moraes
Eu que agradeço sua visita Cleyton, seja sempre muito bem vindo a Sala da Elétrica…
Wallerson
Amigo, esqueceu de dimensionar os cabos, muita gente tem duvida nisso e acaba dimensionando pela corrente nominal do motor, o que é
totalmente errado. Muito bom seu conteúdo parabéns!
Everton Moraes
Olá Wallerson,
Ricardo
Porque sempre vejo escolhendo os contatores da classe CWM, por exemplo você escolheu o CWM 25? O CWC0 25 ou CWB 25 não
serviriam?
Vitor
Muito bom. Está a dar-me imenso jeito.
Mas eu também gostava de saber como faço para calcular a secção dos cabos.
Jailton Bastos'
estou com a mesma duvida
Almeida
otima explicação, no meu tempo era mais seco não tinha muito calculo.
Michele
Adorei a explicação, mas uma coisa que tenho duvida é na ligação da rede que é contraria do motor, porque?
Luiz
Caso fosse para colocar Disjuntor no lugar dos fusíveis, o valor de corrente dos fusíveis seria o mesmo para o contator?
Itallo
Não entendi o tópico do dimensionamento dos fusíveis, nas fórmulas você coloca que o If deve ser menor ou igual depois nos comentários
você diz que ele deve ser maior que Ifmax. explica ai por favor! valeu
Alexandro
Boa tarde, muito boa a iniciativa. Eu gostaria de saber de onde o 0,58 do calculo da I ?
Fábio
Ótimo artigo prof° Everton sobre partida estrela-triângulo, só fiquei com uma dúvida sobre a utilização do contator K 3 sendo o CWC09, que
foi o fato de ele poder ser usado com 5 CV na rede elétrica de 380 V, mas o motor ser de 7,5 CV.
Edvaldo Andrade
Bom dia, qual a melhor chave para motor de 150cv em 220V…estrela triangulo ou compensadora…esse motor esta instalado no triturador de
madeira e tem bastante pico de corrente, hoje tenho uma soft start porem ela não tem o sistema de by-pass e o contato interno dela é muito
fraco, da muito problema, queria colocar um sistema mais bruto. Att Edvaldo
Mauricio
Boa tarde, gostaria de saber qual o tempo necessário para setar no temporizador da comutação de Estrela para Triângulo.
Grato.
Cesar Martins
O tempo máximo irá depender do tamanho do motor, você deve observar na partida (em estrela) quando ele atingir 90%
da rotação nominal, então este é o momento de passar para triângulo. O ideal seria usar um tacômetro, no caso de não ter,
verifique que o tempo não deve ser demasiadamente grande que você não perceba que o motor passou de estrela para
triângulo. Espero ter ajudado!
ricardo
5 a 10 segundos
Leonardo Durães
Você instalou o relé temporizador para fazer a comutação de estrela para triângulo? Se sim verificar se o mesmo não está
danificado, ou é de tensão igual a que você está instalando, 127V ou 220V!
Abs.
Att,
Camila Andrade
Sala da Elétrica
Att,
Camila Andrade
Sala da Elétrica
marcio andre
boa aula. mas com esse mesmo exemplo como dimensionar o disjuntor trifásico?
Mauro
Olá pessoal, gostei muito da matéria publicada, mas acho que faltou explicar em que situação deve se escolher essa aplicação (estrela
triangulo) em uma determinado instalação, até porque na teoria isso funciona muito bem, em algumas instalações a Ligação Estrela Triangulo
não funciona como deveria funcionar, vou dar alguns exemplos: em compressores de Refrigeração, em alguns tipos de compressores de ar e
em demais sistemas onde voce tem a carga toda em cima do motor, em outras palavras, o motor partindo com carga. Se o Motor estiver
ligado em Estrela Triangulo e na partida o Motor não girar aproximadamente 90% de sua velocidade nominal, o pico de corrente na
comutação de Estrela para Triangulo é equivalente ao da partida direta, isso faz com que não se tenha nenhuma vantagem em instalar esse
tipo de ligação.
Professor Massola
Everton, sou muito fã do seu site e dos vídeos também.
Com relação ao dimensionamento do fusível porque você considera a corrente de pico como sendo um multiplicador da corrente nominal de
linha para o motor conectado em triângulo? O certo não seria considerar a mesma corrente de k3 (1/3 da triangulo multiplicada pelo fator de
serviço) multiplicada pelo fator IP/IN?
Outra consideração: na análise de corrente de fusível máxima para o contator e para o relé térmico a informação do catálogo não para
conexão destes elementos em série com o fusível? Como K1, K2 e RT estarão na fase e não na linha, estes valores do catálogo não deveriam
ser multiplicados por raiz de 3?
Professor Massola
Na análise de corrente de fusível máxima para o contator e para o relé térmico a informação do catálogo são para conexão destes elementos
em série com o fusível? Como K1, K2 e RT estarão na fase e não na linha, estes valores do catálogo não deveriam ser multiplicados por raiz
de 3?
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