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Uma Discussão Prática e Didática da Norma Brasileira NBR 15421 para o Projeto
de Estruturas Considerando Ações Sísmicas. A Practical and Didactic
Discussion of the Brazilian Code N...

Conference Paper · October 2014

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3 authors, including:

Selma Hissae Shimura da Nóbrega Petrus Gorgônio Bulhões da Nóbrega


Universidade Federal do Rio Grande do Norte Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Structural analysis of reinforced concrete discontinuity regions and special elements View project

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Uma Discussão Prática e Didática da Norma Brasileira NBR 15421 para
o Projeto de Estruturas Considerando Ações Sísmicas
A Practical and Didactic Discussion of the Brazilian Code NBR15421 for the Design of
Structures Considering Seismic Actions

Raul Omar de Oliveira Dantas (1); Selma Hissae Shimura da Nóbrega (2);
Petrus Gorgônio Bulhões da Nóbrega (3)

(1) Eng. Civil, MSc em Engenharia Civil,


(2) Professora Doutora, Departamento de Engenharia Civil, DEC-CT-UFRN
(3) Professor Doutor, Departamento de Arquitetura, DARQ-CT-UFRN
Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Campus Universitário – Lagoa Nova, Natal / RN, 59072-970
nobrega@ufrnet.br

Resumo
Uma discussão geral da norma brasileira de projeto de estruturas resistentes a sismo (NBR 15421) é
apresentada de forma didática. Embora esta norma brasileira não possa mais ser considerada recente,
percebe-se que sua compreensão ainda é incipiente e a sua aplicação é em grande parte negligenciada.
Este artigo, de caráter prático, objetiva converter em palavras e em raciocínio simples os tópicos e a
sequência de análise da NBR 15421, visando sua imediata aplicação. São abordados os conceitos de
zoneamento e de aceleração sísmica, a classificação do terreno, as categorias de ocupação, a definição
dos sistemas sismo resistentes, a definição dos métodos possíveis de análise sísmica, dentre outros
assuntos. Ao final analisa-se uma estrutura de edifício por diferentes métodos sísmicos com o objetivo de
fixar os conceitos.
Palavra-Chave: análise sísmica, norma sísmica, terremoto.

Abstract
A general discussion about the Brazilian code for the design of seismic resistant structures (NBR 15421) is
presented didactically. However this Brazilian code can not be considered recent anymore, it is easily
realized that its understanding and application are still incipient and, worst of all, neglected. This paper, in a
practical approach, aims to convert to simple words and to an easy comprehension some critical topics and
the analysis sequence presented in the NBR 15421:2006, focusing their application. Some of the concepts
discussed are: definition of the seismic zones and seismic acceleration, land classification, categories of
occupation, definition of earthquake-resistant systems, and definition of possible methods of seismic
analysis. Finally, a building structure is analyzed by different seismic methods in order to fix the concepts.
Keywords: seismic analysis, seismic code, earthquake.

ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 1


1 Introdução
A norma brasileira de projeto de estruturas resistentes a sismos (NBR 15421:2006) não
pode mais ser considerada recente, tendo sido publicada em 2006, época em que foi
solicitada a ISO (International Organization for Standardization) a validação da NBR 6118
como norma internacional. Apesar deste significativo tempo decorrido, percebe-se que
sua compreensão ainda é incipiente e a sua aplicação é em grande parte negligenciada.
Isto fica patente pela não discussão corrente de seu tema pelo meio técnico e a ausência
de produção de bibliografia pertinente.

Um razão para este fator é facilmente compreensível. A maior parte do território brasileiro
encontra-se em uma zona onde nenhum requisito sísmico para as estruturas é exigido e
as regiões nas quais estes requisitos seriam significativos são ainda relativamente muito
pouco habitadas (extremo oeste das regiões norte e centro-oeste do país).

Aproveitando-se que neste ano de 2014 o 56º Congresso Brasileiro do Concreto ocorre
em Natal, RN, um dos estados onde há relativa atividade sísmica, planeja-se publicar um
conjunto de artigos que versam sobre a concepção estrutural, sobre a análise, e sobre o
detalhamento de estruturas resistente a sismos. Estes artigos, de caráter prático e
didático, objetivam converter em palavras simples e em raciocínio de fácil compreensão
os tópicos e conceitos da NBR 15421:2006, visando sua imediata aplicação.

2 Zoneamento Sísmico e Acelerações Sísmicas Horizontais


A NBR 15421:2006 divide o território brasileiro em cinco zonas sísmicas, conforme pode
ser visualizado no mapa apresentando na figura 1. Estas zonas são de suma importância
para a definição de outros parâmetros e métodos de análise, sendo o valor de aceleração
horizontal a primeira (e essencial) variável que lhe é associada.

Figura 1 – Mapa de zonas sísmicas do Brasil e acelerações correspondentes (NBR 15421:2006)

ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 2


SANTOS et al. (2010) afirmam que os valores adotados são conservadores, sendo que
isto se dá pela ausência de dados precisos para o cálculo das acelerações características
de projeto. SANTOS; LIMA (2005) afirmam que o estudo se baseou no mapa de risco
sísmico mundial, o “Global Seismic Hazard Maps”.

Este mapa de risco sísmico foi elaborado pelo “Global Seismic Hazard Assessment
Program (GSHAP)”, o qual pode ser visto na figura 2, e na figura 3 tem-se em destaque o
Brasil com a indicação dos valores de aceleração. Percebe-se que o território brasileiro
apresenta uma sismicidade muito baixa, com acelerações horizontais características
normalmente inferiores a 0,4 m/s2. Exceções a serem observadas são algumas porções
de estados do Nordeste, devido a sua posição com relação à falha do Atlântico Central, e
a parte oeste das Regiões Norte e Centro-Oeste, devido à sua proximidade com a
Cordilheira dos Andes.

Figura 2 – Mapa de zonas sísmicas global (GSHAP, 2014)

ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 3


Figura 3 – Detalhe do Brasil no mapa de zonas sísmicas global (GSHAP, 2014)

Tem-se, de forma ilustrativa, a tabela 1 que associa as zonas sísmicas às acelerações e


às regiões do Brasil. Os valores atribuídos situam-se entre 2,5% e 15% de “g”
(aceleração da gravidade).

Tabela 1 – Zonas sísmicas brasileiras e acelerações sísmicas características correspondentes.


Zona Sísmica Aceleração Regiões do Brasil
Regiões SE e S, e quase totalidade
0 ag = 0,025.g
do NE, N e CO
Partes das regiões NE, N e CO,
1 0,025.g ≤ ag ≤ 0,05.g destacando-se os estados de CE, RN,
PB, RO, RR, AM e MT.
2 0,05.g ≤ ag ≤ 0,10.g Partes dos estados do AM e RO
3 0,10.g ≤ ag ≤ 0,15.g Partes dos estados do AM e AC
4 ag = 0,15.g Partes dos estados do AM e AC

3 Acelerações Sísmicas de Países Vizinhos


Os valores das acelerações características são de influência crucial nos resultados das
análises. É interessante perceber o panorama convencionado para o Brasil em relação
ao prescrito para os países vizinhos, todos de atividade sísmica superior. SANTOS et al.
(2010) afirmam, inclusive, que isto foi levado em conta quando da definição das zonas de
sismicidade brasileiras. Na sequência ilustram-se os mapas de zoneamento da
Argentina, Colômbia, Venezuela e Peru. De fato, observa-se certa coerência nos valores
nas regiões vizinhas do Brasil e demais países, embora haja uma nítida redução dos
valores para o mapa do Brasil (vide, por exemplo, as fronteiras como Peru e Venezuela).

SANTOS et al. (2012) fazem uma comparação dos resultados obtidos na análise de um
edifício quando se utiliza diversas normas sul-americanas, empregando-se o método do
espectro de resposta.

ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 4


Figura 5 – Mapa de zonas sísmicas da Colômbia
Figura 4 – Mapa de zonas sísmicas da Argentina (0,05.g ≤ ag ≤ 0,50.g)
(0,04.g ≤ ag ≤ 0,35.g)

Figura 7 – Mapa de zonas sísmicas da Venezuela


Figura 6 – Mapa de zonas sísmicas do Peru (0,0.g ≤ ag ≤ 0,40.g)
(0,15.g ≤ ag ≤ 0,40.g)

ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 5


4 Categorias Sísmicas e Requisitos de Análise
Para cada estrutura é definida uma categoria sísmica, dada em função de sua zona
sísmica, conforme apresentado na tabela 2. O estabelecimento desta categoria é muito
importante para a determinação de outros importantes parâmetros, tais como:
• Tipos de análises sísmicas permitidas;
• Sistemas estruturais sismorresistentes permitidos;
• Limitações nas irregularidades das estruturas;
• Componentes da estrutura que devem ser projetados quanto à resistência sísmica.

Tabela 2 – Categorias sísmicas função das zonas sísmicas.


Zona Sísmica Categoria Sísmica
0e1 A
2 B
3e4 C

A NBR 15421:2006 divide todas as estruturas em 3 categorias: “A”, “B” e “C”, em ordem
crescente de rigor, em função da maior aceleração sísmica. Perceba-se que as zonas “0”
e “1”, resultando agregadas, já compõem uma fração quase totalitária do território
brasileiro. Destaca-se que nesta categoria incluem-se aqueles estados do Nordeste que
possuem uma maior atividade sísmica (notadamente CE, RN e PB).

4.1 Requisitos de análise para a categoria sísmica “A”


As estruturas que se enquadram na categoria sísmica tipo “A”, sendo da zona “0”, a NBR
15421:2006 indica explicitamente: “nenhum requisito de resistência sísmica é exigido”.
Isto significa que para as estruturas das regiões Sul e Sudeste, e a maior parte das
regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, a NBR 15421:2006, ou qualquer outro código,
simplesmente não necessita ser aplicado.

As estruturas que se enquadram na categoria sísmica tipo “A”, sendo da zona “1” (o
restante das regiões Nordeste e Centro-Oeste, e outra parte da região Norte), devem
apresentar sistemas estruturais resistentes a forças sísmicas horizontais em duas
direções ortogonais, inclusive com um mecanismo de resistência a esforços de torção.

A NBR 15421:2006 prescreve que a estrutura deve satisfazer a uma análise estática
equivalente simplificada que se resume basicamente à aplicação de forças horizontais
simultâneas em todos os pisos com valor numérico igual a:

F x = 0 , 01 ⋅ w x (Equação 1)

• Fx = força sísmica de projeto correspondente ao piso x;


• wx = peso total da estrutura correspondente ao piso x, incluindo o peso operacional
de todos os equipamentos fixados na estrutura e dos reservatórios de água. Nas
áreas de armazenamento e estacionamento, este peso deve incluir 25% da carga
acidental.
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 6
Esta análise deve ser feita para cada uma das duas direções ortogonais,
independentemente.

4.2 Requisitos de análise para a categoria sísmica “B” e “C”


A NBR 15421:2006 indica que as estruturas da categoria sísmica tipo “B” ou “C” podem
ser analisadas pelo “Método das Forças Horizontais Equivalentes” ou por um processo
mais rigoroso.

Quais processos mais rigorosos seriam estes? Em que consiste o Método das Forças
Horizontais Equivalentes? O próximo item discute exatamente este tema.

5 Métodos de Análise Sísmica


A NBR 15421:2006, em sintonia com as normas internacionais, indica 3 métodos
possíveis para a análise sísmica:
1) Análise sísmica pelo Método das Forças Horizontais Equivalentes;
2) Análise sísmica pelo Método Espectral;
3) Análise sísmica com históricos de acelerações no tempo.

5.1 Análise sísmica com históricos de acelerações no tempo


Esta consiste em um método mais preciso e realista, uma análise dinâmica completa. É
necessária uma modelagem total da estrutura e da fundação, e a aplicação de um
histórico de acelerações ao longo do tempo (acelerograma) em sua base, compatíveis
com as características sismológicas do local de implantação da estrutura.

O resultado final que se obtém são os usuais, os esforços solicitantes e as reações de


apoio em cada um dos elementos estruturais, porém ao longo do tempo. A NBR
15421:2006 indica algumas diretrizes de como proceder em relação aos acelerogramas,
aos resultados obtidos e às combinações das respostas modais, podendo este método
ser utilizado para estruturas em qualquer zona sísmica (especialmente 2, 3 e 4).

Contudo, este método não é possível de ser utilizado para as estruturas brasileiras pois
não se dispõem de acelerogramas representativos da nossa realidade, de histórico dos
sismos e condições geológicas. Tem-se, sim, o monitoramento constante dos sismos no
Brasil, e seus registros, mas sempre realizados por sismógrafos que captam quase
exclusivamente a magnitude do evento, e quase nunca por acelerômetros, necessários
para a construção dos acelerogramas.

5.2 Análise sísmica pelo método espectral


Este é um método clássico, constante em praticamente todas as normas de projeto de
estruturas sismorresistentes. Trata-se de uma análise dinâmica, mas não no domínio do
tempo, e sim no da frequência.
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 7
O ponto de partida, como o próprio título do método indica, é a construção do espectro de
resposta de projeto. A NBR 15421:2006 estabelece como se construir este espectro para
a estrutura em análise, sendo que as variáveis mais influentes são a sua aceleração
sísmica característica e o seu tipo de terreno. Este método pode ser utilizado para
estruturas em qualquer zona sísmica (especialmente 2, 3 e 4)

É necessário, todavia, uma ferramenta computacional adequada que construa o modelo


estrutural, proceda à análise modal (determine as frequências naturais e modos de
vibração) e calcule as respostas modais com a consideração dos espectros de projeto.

SANTOS et al. (2012) fazem a análise de um edifício utilizando os espectros de resposta


de diversas normas sul-americanas e realizando uma comparação de resultados.
DANTAS (2013) faz análise similar, porém apenas com o espectro da NBR 15421.

5.3 Análise sísmica pelo método das forças horizontais equivalentes


Este método é mais simples, estático, fundamentado no princípio da aplicação de forças
horizontais equivalentes à excitação que se teria na base da estrutura, podendo
igualmente ser utilizado para estruturas em qualquer zona sísmica.

Não é necessária uma ferramenta computacional específica nem uma análise dinâmica
rigorosa. Neste artigo será dada ênfase a este terceiro método de análise, por sua
facilidade de entendimento e simples aplicação, discutindo em sequência suas
expressões e variáveis.

6 Método das Forças Horizontais Equivalentes


6.1 Força horizontal total (H)
O método consiste na determinação da força horizontal equivalente total na base da
estrutura, H, em uma dada direção, dada por:

H = Cs ⋅W (Equação 2)

• Cs é o coeficiente de resposta sísmica, conforme definido a seguir;


• W é o peso total da estrutura.

Esta força H será posteriormente distribuída verticalmente entre as várias elevações da


estrutura de forma que, em cada elevação x, seja aplicada uma força horizontal, Fx. Tem-
se, assim, o cálculo da força horizontal na base e em seguida o cálculo das diversas
forças horizontais, cujo somatório corresponde exatamente a H, força total. Em
sequência este procedimento será visto.

ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 8


6.2 Coeficiente de resposta sísmica (Cs)
2 , 5 ⋅ ( a gs 0 / g )
Cs = (Equação 3)
(R / I)

• ags0 = aceleração espectral para o período de 0,0s, já considerado o efeito da


amplificação sísmica no solo, e definida no item 6.3 da NBR 15421.
• g = aceleração da gravidade
• I = fator de importância de utilização, definido na tabela 4 da NBR 15421 (esta
tabela define este fator de importância em função da natureza da ocupação, sendo
três categorias possíveis);
• R = coeficiente de modificação da resposta, definido na tabela 6 da NBR 15421
(esta tabela define este coeficiente em função do tipo de sistema estrutural
sismorresistente, sendo diversas as categorias possíveis)

Tem-se ainda que Cs deve obedecer ao limites inferior, e pode obedecer ao limite superior
(não obrigatório, mas que geralmente resulta menos conservador):
( a gs 1 / g )
0 , 01 ≤ C s ≤ (Equação 4)
T ⋅ (R / I)

Percebe-se facilmente que, sendo o limite inferior de Cs o valor de 0,01, este método
recairia no processo simplificado da categoria “A”, zona “0”, citado no item 4.1. Por
último, os valores de ags0 e ags1 são dados por:

a gs 0 = C a ⋅ a g (Equação 5)
a gs 1 = C v ⋅ a g (Equação 6)

Sendo Ca e Cv definidos na tabela 6 da NBR 15421, em função da aceleração sísmica


característica e da classe do terreno onde está a estrutura (tabela 2 da NBR 15421). T é
o período natural da estrutura, que pode ser obtido por um processo de extração modal
ou calculado pela expressão aproximada definida no item 9.2 da NBR 15421.

6.3 Distribuição vertical das forças sísmicas


A força horizontal total na base H é distribuída verticalmente entre as várias elevações da
estrutura de forma que, em cada elevação x, seja aplicada uma força vertical Fx definida
por:
F x = C vx ⋅ H (Equação 7)
sendo:
w x h kx
C vx = n
(Equação 8)
∑ i =1
w i ⋅ h ik

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• Cvx = coeficiente de distribuição vertical.
• wi e wx = parcelas do peso efetivo total que correspondem às elevações i ou x,
respectivamente;
• hi e hx = alturas entre a base e as elevações i ou x, respectivamente;
• k = expoente de distribuição relacionado ao período natural da estrutura T, sendo
adotados os seguintes valores: (a) para estruturas com período inferior a 0,5s ⇒
k=1; (b) para estruturas com períodos entre 0,5s e 2,5s ⇒ k = (T+1,5)/2; (c) para
estruturas com período superior a 2,5s ⇒ k=2.

Os diversos valores do coeficiente “k” refletem a importância relativa dos modos


superiores na composição dos esforços elásticos finais. A representação esquemática
das forças entre as várias elevações resulta:

Figura 8 – Distribuição vertical das forças horizontais.

7 Aplicação Prática
7.1 Dados do edifício
Considere-se uma edificação hipotética com finalidade de ensino superior localizada na
UFRN, localizada em Natal/RN. O edifício, de 10 pavimentos iguais (por simplificação), é
composto por um sistema estrutural sismorresistente de pórticos em concreto armado
com detalhamento usual, de acordo com as normas tradicionais. Os esquemas do
lançamento estrutural do pavimento tipo (18m x 10m) e altura entre pavimentos de 3 m
(altura total = 30 m) podem ser verificados na figura 9.

ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 10


Figura 9 – Esquema da estrutura do edifício modelo.

O peso próprio da estrutura, por pavimento, conforme pode ser visto em DANTAS (2013)
resulta 171,855 tf por pavimento, perfazendo um total de 1.718,55 tf para o edifício.

7.2 Análise estática equivalente simplificada


Como a cidade de Natal/RN está situada na zona sísmica 1, o cálculo pode ser realizado
pelo método mais simples, que consiste em aplicar uma força horizontal em cada
pavimento de valor 1% do peso correspondente ao piso em questão. Isto resulta Fx =
1,71855 tf a ser aplicado em cada pavimento (e em todos, igualmente, neste caso).

7.3 Análise sísmica pelo método das forças equivalentes


Não seria necessário em um projeto na cidade de Natal/RN (localizada na zona sísmica
1), mas sim para aqueles das zonas 2, 3 e 4. Todavia, por questão de didática,
prossegue-se com este método, discutindo-se a abordagem completa.

a) Zona sísmica e valor de aceleração


A cidade de Natal situa-se na zona sísmica 1, sendo a aceleração horizontal característica
ag = 0,05.g.

b) Categoria sísmica
De acordo com a tabela 5 da NBR 15421, e considerando a zona 1, tem-se: Categoria
sísmica A.

c) Tipo do solo e classe do terreno


Devem ser definidos de acordo com a tabela 2 da NBR 15421, em função das
propriedades médias para os 30 m superiores do terreno. Tipicamente em Natal, neste
trecho, o solo é de areia fofa a medianamente compacta. Pode-se definir a classe do
terreno como “E”, solo mole.

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d) Fatores de amplificação sísmica no solo
De acordo com a tabela 3 da NBR 15421, e considerando ag ≤ 0,10.g e a classe do
terreno “E”, tem-se: Ca = 2,5 e Cv = 3,5.

e) Categoria de utilização e fator de importância


De acordo com a tabela 4 da NBR 15421, e considerando o edifício com fins
educacionais, tem-se: Categoria de Utilização II e Fator de Importância I = 1,25.

f) Coeficientes de projeto do sistema sismorresistente


Como a edificação tem um sistema estrutural composto por pórticos em concreto armado
com detalhamento usual (os detalhamentos intermediário e especial garantem certas
capacidades de dissipação de energia da estrutura no regime inelástico, não existindo
norma brasileira específica que orienta este detalhamento), de acordo com a tabela 6 da
NBR 15421 obtém-se: Coeficiente de Modificação de Resposta (R) = 3; Coeficiente de
sobre-resistência (Ω0) = 3; e Coeficiente de Amplificação de Deslocamento (Cd) = 2,5.

A explanação sobre o significado de cada uma destas variáveis é feita no artigo referente
à concepção de estruturas sismorresistentes.

g) Coeficiente de Resposta Sísmica (Cs)


Tem-se das equações 2 a 5:
a gs 0 = C a ⋅ a g = 2 , 5 × 0 , 05 = 0 ,125 ⋅ g
a gs 1 = C v ⋅ a g = 3 , 5 × 0 , 05 = 0 ,175 ⋅ g

2 , 5 ⋅ ( a gs 0 / g ) 2 , 5 ⋅ ( 0 ,125 )
Cs = = = 0 ,130
(R / I) ( 3 / 1 , 25 )

( a gs 1 / g )
O valor de Cs deve estar dentro dos limites: 0 , 01 ≤ C s ≤ .
T ⋅ (R / I)

T, período da estrutura, pode ser calculado por um processo de extração modal ou de


forma analítica, de acordo com o item 9.2 da NBR 15421, associando-o a Ta, período
natural aproximado dado por: T a = C T ⋅ h nx .

CT e x são coeficientes dependentes da estrutura sismorresistente e h é a altura (em


metros) da estrutura acima da base. No caso específico, para estrutura em pórticos de
concreto, tem-se CT = 0,0466 e x = 0,9. Assim:

T a = C T ⋅ h nx = 0 , 0466 × 30 0 , 9 = 0 , 9949

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( a gs 1 / g ) ( 0 ,175 )
O limite superior resulta: = = 0 , 0733
T ⋅ (R / I) 0 , 9949 ⋅ ( 3 / 1 , 25 )

Assim, como o valor limite superior 0,0733 (7,3%) é inferior ao calculado 0,130 (13,0%),
pode-se adotar o primeiro, o que resulta o cálculo menos conservador.

h) Força horizontal total na base (H)


H = C s ⋅ W = 0 , 0733 × 1 . 718 , 55 = 125 , 9 tf

Destaque-se, neste ponto, que o Método das Forças Equivalentes corresponderá a um


conjunto de forças horizontais de valor 7,3%, bem superior ao método estático
simplificado, que tomaria 1% do peso total da estrutura. Conforme já indicado, para uma
estrutura em Natal/RN, só precisaria ser considerado o método simplificado.

i) Distribuição vertical das forças sísmicas


w x h kx
C vx = n
, sendo k = expoente de distribuição, de acordo com o item 9.3
k
∑ i =1
w i ⋅ h i
da NBR 15421. Neste caso, para estruturas com período entre 0,5 s e 2,5 s:

k = ( T + 1 , 5 ) / 2 = ( 0 , 9949 + 1 , 5 ) / 2 = 1 , 2474

O cálculo dos coeficientes de distribuição vertical (Cvx) e dos valores de força em cada um
dos pavimentos (Fx = Cvx.H, em tf) é ilustrado na tabela 3:

Tabela 3 – Resultado das forças sísmicas por pavimento (Cvx.H, em tf).


Pé-direito h acumulada Parcela peso
Piso wi.hik Cvx Cvx.H
(m) hx (m) wx (tf)
10 3,0 30,0 171,856 11962,610 0,202 25,408
9 3,0 27,0 171,856 10489,260 0,177 22,279
8 3,0 24,0 171,856 9055,946 0,153 19,234
7 3,0 21,0 171,856 7666,386 0,129 16,283
6 3,0 18,0 171,856 6325,236 0,107 13,435
5 3,0 15,0 171,856 5038,493 0,085 10,702
4 3,0 12,0 171,856 3814,244 0,064 8,101
3 3,0 9,0 171,856 2664,160 0,045 5,658
2 3,0 6,0 171,856 1606,509 0,027 3,412
1 3,0 3,0 171,856 676,640 0,011 1,437
Σ 30,0 - 1.718,559 59299,430 1,000 125,949

Estas forças devem ser aplicadas no modelo da estrutura e posteriormente calculados os


esforços, reações, e demais parâmetros de dimensionamento.

Destaca-se, mais uma vez, que no método estático simplificado os valores de Fx seriam
constantes, pavimento a pavimento, e iguais a 1,71855 tf. No método das forças
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equivalentes estes valores de Fx variam, conforme podem ser vistos na última coluna da
figura 10.

7.4 Análise sísmica pelo método espectral


Não é possível detalhar este método por uma questão de espaço, mas recomenda-se a
leitura do trabalho de DANTAS (2013) que discute os parâmetros e conceitos pertinentes
a este tipo de análise.

8 Conclusões
Neste artigo foi feita uma discussão, da forma mais didática possível, de diversos
conceitos e requisitos que constituem a NBR 15421:2006, norma para o projeto de
estruturas sismorresistentes.

Diversas comparações entre a NBR 15421 e outras normas internacionais podem ser
encontradas em DANTAS (2013). Este artigo não se concentrou neste pormenor por ter
privilegiado o foco da aplicação prática.

Embora todos os métodos não tenham sido detalhadamente analisados, o que seria
impossível de fazê-lo em tão curto espaço, o conteúdo debatido e esclarecido é suficiente
para que qualquer leitor possa analisar uma estrutura em qualquer zona sísmica
(utilizando-se um método mais conservador, frise-se).

Destaca-se que para a análise ser completa, é mister realizar outras verificações
prescritas pela própria NBR 15421, como o cálculo dos deslocamentos e a avaliação dos
esforços decorrentes de um momento de torção. Também é necessário observar as
possíveis irregularidades estruturais, caso a categoria da estrutura seja “B” ou “C”,
aplicando-se os devidos fatores especiais. O artigo a ser publicado neste congresso, que
trata da concepção da estruturas sismorresistente, discute diversos destes aspectos.

Por fim, devem-se ressaltar dois aspectos de suma importância:


1) Há pesquisadores, respeitáveis, que advogam que o projeto de estruturas de
concreto, especialmente os relativos a edificações de importância extrema, como
hospitais, prédios de Corpo de Bombeiros, sedes de governo, centrais de
comunicação, de segurança e de operações em emergência, dentre outros,
deveriam sempre ser objeto de atenção especial para as ações sísmicas. Inclusive
os já construídos mereciam ter sua vulnerabilidade sísmica avaliada por métodos
específicos. Mais pesquisas relativas a esta área deveriam ser conduzidas;

2) Mesmo que uma estrutura seja analisada considerando as ações sísmicas, não há
normalização brasileira com orientação específica sobre o detalhamento das
armaduras, o que é de interesse capital para qualquer projeto. Entretanto, é
possível ainda utilizar-se o detalhamento usual.

ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 14


9 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de Estruturas
Resistentes a Sismos – procedimento – NBR 15421. Rio de Janeiro, 2006.

DANTAS, R. O. O. Subsídios para o projeto de estruturas sismo resistentes. Natal,


2013. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

GSHAP – The Global Seismic Hazard Assessment Program. Global Seismic Hazard
Map. Obtido de http://www.seismo.ethz.ch/GSHAP em 2014.

SANTOS S. H. C.; LIMA S. S. Subsídios para uma futura normalização brasileira para
resistência anti-sísmica das estruturas de concreto de edifícios. Revista IBRACON de
Estruturas, v.1, n.1, p. 47-62, set. 2005.

SANTOS S. H. C.; LIMA S. S.; SILVA, F. C. M. Risco Sísmico na Região Nordeste do


Brasil. Revista IBRACON de Estruturas, v.3, n.3, p. 374-389, set. 2010.

SANTOS S. H. C.; LIMA S. S.; ARAI, A. Estudo comparativo de normas para o projeto
sísmico. Revista IBRACON de Estruturas, v.5, n.6, p. 812-819, dez. 2012.

ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 15

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