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Uma Discussão Prática e Didática da Norma Brasileira NBR 15421 para o Projeto
de Estruturas Considerando Ações Sísmicas. A Practical and Didactic
Discussion of the Brazilian Code N...
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Structural analysis of reinforced concrete discontinuity regions and special elements View project
Seismic resistant design of structures and seismic risk assessment in Brazil View project
All content following this page was uploaded by Petrus Gorgônio Bulhões da Nóbrega on 18 May 2019.
Raul Omar de Oliveira Dantas (1); Selma Hissae Shimura da Nóbrega (2);
Petrus Gorgônio Bulhões da Nóbrega (3)
Resumo
Uma discussão geral da norma brasileira de projeto de estruturas resistentes a sismo (NBR 15421) é
apresentada de forma didática. Embora esta norma brasileira não possa mais ser considerada recente,
percebe-se que sua compreensão ainda é incipiente e a sua aplicação é em grande parte negligenciada.
Este artigo, de caráter prático, objetiva converter em palavras e em raciocínio simples os tópicos e a
sequência de análise da NBR 15421, visando sua imediata aplicação. São abordados os conceitos de
zoneamento e de aceleração sísmica, a classificação do terreno, as categorias de ocupação, a definição
dos sistemas sismo resistentes, a definição dos métodos possíveis de análise sísmica, dentre outros
assuntos. Ao final analisa-se uma estrutura de edifício por diferentes métodos sísmicos com o objetivo de
fixar os conceitos.
Palavra-Chave: análise sísmica, norma sísmica, terremoto.
Abstract
A general discussion about the Brazilian code for the design of seismic resistant structures (NBR 15421) is
presented didactically. However this Brazilian code can not be considered recent anymore, it is easily
realized that its understanding and application are still incipient and, worst of all, neglected. This paper, in a
practical approach, aims to convert to simple words and to an easy comprehension some critical topics and
the analysis sequence presented in the NBR 15421:2006, focusing their application. Some of the concepts
discussed are: definition of the seismic zones and seismic acceleration, land classification, categories of
occupation, definition of earthquake-resistant systems, and definition of possible methods of seismic
analysis. Finally, a building structure is analyzed by different seismic methods in order to fix the concepts.
Keywords: seismic analysis, seismic code, earthquake.
Um razão para este fator é facilmente compreensível. A maior parte do território brasileiro
encontra-se em uma zona onde nenhum requisito sísmico para as estruturas é exigido e
as regiões nas quais estes requisitos seriam significativos são ainda relativamente muito
pouco habitadas (extremo oeste das regiões norte e centro-oeste do país).
Aproveitando-se que neste ano de 2014 o 56º Congresso Brasileiro do Concreto ocorre
em Natal, RN, um dos estados onde há relativa atividade sísmica, planeja-se publicar um
conjunto de artigos que versam sobre a concepção estrutural, sobre a análise, e sobre o
detalhamento de estruturas resistente a sismos. Estes artigos, de caráter prático e
didático, objetivam converter em palavras simples e em raciocínio de fácil compreensão
os tópicos e conceitos da NBR 15421:2006, visando sua imediata aplicação.
Este mapa de risco sísmico foi elaborado pelo “Global Seismic Hazard Assessment
Program (GSHAP)”, o qual pode ser visto na figura 2, e na figura 3 tem-se em destaque o
Brasil com a indicação dos valores de aceleração. Percebe-se que o território brasileiro
apresenta uma sismicidade muito baixa, com acelerações horizontais características
normalmente inferiores a 0,4 m/s2. Exceções a serem observadas são algumas porções
de estados do Nordeste, devido a sua posição com relação à falha do Atlântico Central, e
a parte oeste das Regiões Norte e Centro-Oeste, devido à sua proximidade com a
Cordilheira dos Andes.
SANTOS et al. (2012) fazem uma comparação dos resultados obtidos na análise de um
edifício quando se utiliza diversas normas sul-americanas, empregando-se o método do
espectro de resposta.
A NBR 15421:2006 divide todas as estruturas em 3 categorias: “A”, “B” e “C”, em ordem
crescente de rigor, em função da maior aceleração sísmica. Perceba-se que as zonas “0”
e “1”, resultando agregadas, já compõem uma fração quase totalitária do território
brasileiro. Destaca-se que nesta categoria incluem-se aqueles estados do Nordeste que
possuem uma maior atividade sísmica (notadamente CE, RN e PB).
As estruturas que se enquadram na categoria sísmica tipo “A”, sendo da zona “1” (o
restante das regiões Nordeste e Centro-Oeste, e outra parte da região Norte), devem
apresentar sistemas estruturais resistentes a forças sísmicas horizontais em duas
direções ortogonais, inclusive com um mecanismo de resistência a esforços de torção.
A NBR 15421:2006 prescreve que a estrutura deve satisfazer a uma análise estática
equivalente simplificada que se resume basicamente à aplicação de forças horizontais
simultâneas em todos os pisos com valor numérico igual a:
F x = 0 , 01 ⋅ w x (Equação 1)
Quais processos mais rigorosos seriam estes? Em que consiste o Método das Forças
Horizontais Equivalentes? O próximo item discute exatamente este tema.
Contudo, este método não é possível de ser utilizado para as estruturas brasileiras pois
não se dispõem de acelerogramas representativos da nossa realidade, de histórico dos
sismos e condições geológicas. Tem-se, sim, o monitoramento constante dos sismos no
Brasil, e seus registros, mas sempre realizados por sismógrafos que captam quase
exclusivamente a magnitude do evento, e quase nunca por acelerômetros, necessários
para a construção dos acelerogramas.
Não é necessária uma ferramenta computacional específica nem uma análise dinâmica
rigorosa. Neste artigo será dada ênfase a este terceiro método de análise, por sua
facilidade de entendimento e simples aplicação, discutindo em sequência suas
expressões e variáveis.
H = Cs ⋅W (Equação 2)
Tem-se ainda que Cs deve obedecer ao limites inferior, e pode obedecer ao limite superior
(não obrigatório, mas que geralmente resulta menos conservador):
( a gs 1 / g )
0 , 01 ≤ C s ≤ (Equação 4)
T ⋅ (R / I)
Percebe-se facilmente que, sendo o limite inferior de Cs o valor de 0,01, este método
recairia no processo simplificado da categoria “A”, zona “0”, citado no item 4.1. Por
último, os valores de ags0 e ags1 são dados por:
a gs 0 = C a ⋅ a g (Equação 5)
a gs 1 = C v ⋅ a g (Equação 6)
7 Aplicação Prática
7.1 Dados do edifício
Considere-se uma edificação hipotética com finalidade de ensino superior localizada na
UFRN, localizada em Natal/RN. O edifício, de 10 pavimentos iguais (por simplificação), é
composto por um sistema estrutural sismorresistente de pórticos em concreto armado
com detalhamento usual, de acordo com as normas tradicionais. Os esquemas do
lançamento estrutural do pavimento tipo (18m x 10m) e altura entre pavimentos de 3 m
(altura total = 30 m) podem ser verificados na figura 9.
O peso próprio da estrutura, por pavimento, conforme pode ser visto em DANTAS (2013)
resulta 171,855 tf por pavimento, perfazendo um total de 1.718,55 tf para o edifício.
b) Categoria sísmica
De acordo com a tabela 5 da NBR 15421, e considerando a zona 1, tem-se: Categoria
sísmica A.
A explanação sobre o significado de cada uma destas variáveis é feita no artigo referente
à concepção de estruturas sismorresistentes.
2 , 5 ⋅ ( a gs 0 / g ) 2 , 5 ⋅ ( 0 ,125 )
Cs = = = 0 ,130
(R / I) ( 3 / 1 , 25 )
( a gs 1 / g )
O valor de Cs deve estar dentro dos limites: 0 , 01 ≤ C s ≤ .
T ⋅ (R / I)
T a = C T ⋅ h nx = 0 , 0466 × 30 0 , 9 = 0 , 9949
Assim, como o valor limite superior 0,0733 (7,3%) é inferior ao calculado 0,130 (13,0%),
pode-se adotar o primeiro, o que resulta o cálculo menos conservador.
k = ( T + 1 , 5 ) / 2 = ( 0 , 9949 + 1 , 5 ) / 2 = 1 , 2474
O cálculo dos coeficientes de distribuição vertical (Cvx) e dos valores de força em cada um
dos pavimentos (Fx = Cvx.H, em tf) é ilustrado na tabela 3:
Destaca-se, mais uma vez, que no método estático simplificado os valores de Fx seriam
constantes, pavimento a pavimento, e iguais a 1,71855 tf. No método das forças
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 13
equivalentes estes valores de Fx variam, conforme podem ser vistos na última coluna da
figura 10.
8 Conclusões
Neste artigo foi feita uma discussão, da forma mais didática possível, de diversos
conceitos e requisitos que constituem a NBR 15421:2006, norma para o projeto de
estruturas sismorresistentes.
Diversas comparações entre a NBR 15421 e outras normas internacionais podem ser
encontradas em DANTAS (2013). Este artigo não se concentrou neste pormenor por ter
privilegiado o foco da aplicação prática.
Embora todos os métodos não tenham sido detalhadamente analisados, o que seria
impossível de fazê-lo em tão curto espaço, o conteúdo debatido e esclarecido é suficiente
para que qualquer leitor possa analisar uma estrutura em qualquer zona sísmica
(utilizando-se um método mais conservador, frise-se).
Destaca-se que para a análise ser completa, é mister realizar outras verificações
prescritas pela própria NBR 15421, como o cálculo dos deslocamentos e a avaliação dos
esforços decorrentes de um momento de torção. Também é necessário observar as
possíveis irregularidades estruturais, caso a categoria da estrutura seja “B” ou “C”,
aplicando-se os devidos fatores especiais. O artigo a ser publicado neste congresso, que
trata da concepção da estruturas sismorresistente, discute diversos destes aspectos.
2) Mesmo que uma estrutura seja analisada considerando as ações sísmicas, não há
normalização brasileira com orientação específica sobre o detalhamento das
armaduras, o que é de interesse capital para qualquer projeto. Entretanto, é
possível ainda utilizar-se o detalhamento usual.
GSHAP – The Global Seismic Hazard Assessment Program. Global Seismic Hazard
Map. Obtido de http://www.seismo.ethz.ch/GSHAP em 2014.
SANTOS S. H. C.; LIMA S. S. Subsídios para uma futura normalização brasileira para
resistência anti-sísmica das estruturas de concreto de edifícios. Revista IBRACON de
Estruturas, v.1, n.1, p. 47-62, set. 2005.
SANTOS S. H. C.; LIMA S. S.; ARAI, A. Estudo comparativo de normas para o projeto
sísmico. Revista IBRACON de Estruturas, v.5, n.6, p. 812-819, dez. 2012.