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Pilares de Concreto Armado (Alio E.

Kimura)
Exemplo
Seja uma estrutura qualquer submetida a um carregamento “P”, cujo deslocamento resultante num
determinado ponto é igual a “d”.

Agora, imagine se adicionássemos nesta estrutura mais uma mesma carga “P”, de tal maneira que o
carregamento total ficasse igual a “2.P”. Qual será o deslocamento resultante?

Hágn
Há gnon Cor
gn orre
or reia de
re e Am
Amorim
hagnon_eng@hotmail.com
Se for efetuada uma análise puramente linear, certamente o deslocamento resultante será proporcional ao
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acréscimo de carga, isto é, igual “2.d”. A resposta da estrutura em termos de deslocamentos terá um
comportamento linear à medida que o carregamento é aplicado.
Por sua vez, se for efetuada uma análise não-linear, o deslocamento resultante não será proporcional ao
acréscimo de carga, isto é, será um valor diferente de “2.d”. E mais, provavelmente maior que “2.d”. A resposta
da estrutura em termos de deslocamentos terá um comportamento não-linear à medida que o carregamento é
aplicado.

Basicamente, existem dois fatores principais que geram o comportamento não-linear de uma estrutura:

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· Alteração das propriedades dos


materiais que compõem a estrutura,
designada “não-linearidade física” (NLF).

· Alteração da geometria da
estrutura, designada “não-
linearidade geométrica” (NLG).

NÃO-LINEARIDADE FÍSICA
A não-linearidade
linearidade física na análise de estruturas de concreto
Hágnon Correia dearmado
Amorimque, diga-se
diga de passagem, é um material
essencialmente não-linear,
linear, pode ser hagnon_eng@hotmail.com
tratada de diferentes formas, desde processos aproximados até
metodologias mais complexas.
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Não-linearidade física de forma aproximada
Uma maneira aproximada para considerar a não-linearidade física em uma estrutura, isto é, considerar a
variação do comportamento do material à medida que o carregamento é aplicado, é alterar diretamente o valor
da rigidez dos elementos que a compõe.

É o que fazemos, por exemplo, no cálculo do pórtico espacial no Estado Limite Último (ELU) quando adotamos
0,8.EIc nos pilares e 0,4.EIc nas vigas.
Outro exemplo: redução de rigidez nas bordas de laje de tal forma a simular uma possível fissuração do
concreto nessas regiões. Em elementos predominantes fletidos como vigas e lajes, a fissuração é preponderante
no comportamento não-linear da estrutura.

Não-linearidade física de forma refinada


Uma maneira mais refinada de tratar a não-linearidade física em uma estrutura é por meio do uso de relações
momento-curvatura.

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Curvatura é a variação do ângulo de rotação


ao longo de um trecho (dq/ds) e, portanto não
é expresso em graus ou radianos.

A maneira mais comum e também correta de


definir curvatura é sendo o inverso do raio de
curvatura (1/r).

Em uma seção de concreto armado, a curvatura pode ser expressa de forma aproximada da seguinte forma
(compatibilidade de deformações):


Hágnon Cor
Corre
or reia d
re de Am
Amor
orim
or im
hagn
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gn _eng
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ng @hot
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ma om
466.
6.97
973.
97 3.22
3. 224-
22 4-20

Ou seja, com as deformações no concreto e no aço, ec e es, e a altura útil d, é possível calcular a curvatura em
uma seção de concreto armado.

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Também de forma aproximada, é possível relacionar


Hágnon a curvatura
Correia de uma seção com o momento fletor atuante
de Amorim
na mesma através da seguinte fórmula (relação constitutiva):
constitutiva):
hagnon_eng@hotmail.com
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A relação momento-curvatura (M x 1/r) é análoga à expressão que relaciona a tensão com a deformação (s x e),
porém tem uma grande vantagem: permite que a não-linearidade física seja acoplada aos cálculos de uma
forma mais fácil e direta. Note que o que relaciona o momento com a curvatura de uma seção é a sua rigidez à
flexão EI.

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Hágnon Correia de Amorim


hagnon_eng@hotmail.com
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hagnon_eng@h
@hot
@h otma
otmail
ma il.com
il om
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Diagrama momento-curvatura

Quando a relação momento-curvatura de


uma seção é definida para diferentes
níveis de solicitação, obtém-se então o
diagrama “M x 1/r”.

Veja, a seguir, o exemplo de um diagrama M x 1/r usualmente utilizado no cálculo de flechas em pavimentos de
concreto armado (ELS).

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Diagrama normal-momento-curvatura (N, M, 1/r)


Com a presença concomitante de uma força normal na seção, a relação momento-curvatura continua válida,
porém, é claro, dependente diretamente do valor da força normal. Nesse caso, a relação passa ser denominada
N, M, 1/r.

Hágn
Há gnon
gn on Cor
orre
or reia
reia ddee Am
Amor orim
or im
hagn
ha gnon
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466.
46 6.97
973.
97 3.22
3. 224-
22 4-20
4-20

Com a presença da força normal, o diagrama “M x 1/r” passa a ser chamado de normal-momento-curvatura ou
“N, M, 1/r”.

O conceito é exatamente o mesmo: dada uma força normal atuante, a curvatura na seção se altera de acordo
com o momento fletor solicitante. Esta variação é determinada por uma rigidez EI.
A compreensão do diagrama “N, M, 1/r” é extremamente importante no cálculo de pilares. Lembre-se que os
mesmos estão submetidos à atuação conjunta de momentos fletores e da força normal de compressão.

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Veja, a seguir, o exemplo de um diagrama “N, M, 1/r” para uma seção retangular (30 cm X 60 cm) e com uma
determinada configuração de armadura adotada.

Para uma dada força normal


(N = 150 tf), note que a
variação da curvatura (1/rx) à
medida que o momento fletor
(Mx) aumenta não é linear.
Na construção desse diagrama
não é levada em conta à
resistência à tração do
Hágnon
on Correia de
d concreto
Amorim (ELU).
hagnon_eng@hotmail.com
hagnon
on_eng
on ng@h
ng @hot
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466.
46
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6.97
6. 973.
97 3.22
3. 22

O diagrama N, M, 1/r varia em função das seguintes características:


· Geometria da seção
· Materiais (concreto e aço)
· Configuração de armaduras
· Força normal atuante

Diagramas N, M, 1/r na prática


A montagem de diagramas N, M, 1/r para seções de concreto armado, na prática, torna-se viável somente com o
uso de computadores. De forma manual, os cálculos demandam muito tempo, e tornam impraticáveis diante da
produtividade exigida durante a elaboração de um projeto estrutural.
Hoje, por meio de algoritmos numéricos confiáveis e eficientes, um diagrama N, M, 1/r pode ser calculado para
uma seção de concreto armado genérica em centésimos de segundos.

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Cabe ao Engenheiro Estrutural saber


interpretar o diagrama gerado por
um sistema computacional. E neste
caso, compreender bem conceitos
como rigidez, relação momento-
curvatura são imprescindíveis.

Os diagramas N, M, 1/r serão largamente utilizados no cálculo dos efeitos locais de 2ª ordem ao longo do curso.

Exemplo
Seja a seção transversal com os dados abaixo:

· Seção 30 cm x 60 cm
· Armadura: 16 f 20 mm
Hágnon Correia
Corre
re de· Amorim
Concreto C30, gc = 1,4
hagnon_e
hagnon_eng@hotmail.com
_eng
_e ng@h
ng@h · Aço CA50, gs = 1,15
466.973.
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3.
· Eixo x em torno da direção
menos rígida

Considerando a tensão de pico no concreto no ELU igual a 0,85.fcd e gf3 = 1,0:


a) Monte o diagrama N, M, 1/r em torno de x para uma força normal N d = 100 tf. Qual o valor de MRd? Qual
a rigidez secante definida para um momento fletor igual a MRd?
b) Monte o diagrama N, M, 1/r em torno de y para uma força normal Nd = 100 tf. Qual o valor de MRd? Qual
a rigidez secante definida para um momento fletor igual a MRd?
c) Monte o diagrama N, M, 1/r em torno de x para uma força normal N d = 200 tf. Qual o valor de MRd? Qual
a rigidez secante definida para um momento fletor igual a MRd?
d) Monte o diagrama N, M, 1/r em torno de x para uma força normal Nd = 300 tf. Qual o valor de MRd? Qual
a rigidez secante definida para um momento fletor igual a MRd?
e) A variação de rigidez EI nos itens a), c) e d) é linear ou não-linear?
f) Altere a bitola das barras para 12,5 mm. Monte o diagrama N, M, 1/r em torno de x para uma força
normal Nd = 300 tf. Qual o valor de MRd? Qual a rigidez secante definida para um momento fletor igual a
MRd?
g) Eliminar as barras no canto inferior esquerdo conforme mostra a figura abaixo. Monte o diagrama N, M,
1/r em torno de x para uma força normal Nd = 300 tf. Existe simetria nos dois sentidos? Por que para Md
= 0, a curvatura é diferente de zero?

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Considerando a resistência do concreto no ELU igual a 0,85.fcd, e aplicando uma força normal de compressão
com valor de cálculo igual a NSd = 100 tf, obtém-se o seguinte diagrama N, M, 1/r em torno da direção menos
rígida da seção (direção x).

Hágnon Cor
orre
reia
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dee Amorim
hagnon_engng@h
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.com
.c om
466.
46 6.97
973.
97 3.22
224-
4-20
20

Comentários:
· A curva é idêntica nos dois sentidos, positivo e negativo, pois a seção é inteiramente simétrica na
direção x.
· O momento resistente último de cálculo (MRd) é igual a 30,4 tf.m.
· A curvatura na ocasião da atuação do MRd é igual a 2,72x10-2 m-1.
· A rigidez EIsec definida por uma reta secante para M = MRd é igual a 1117,5 tf.m2.
Para a mesma força normal de compressão NSd = 100 tf, obtém-se o seguinte diagrama N, M, 1/r em torno da
direção mais rígida da seção (direção y).

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Comentários:
· A curva é idêntica nos dois sentidos, como esperado.
· O momento resistente último de cálculo (MRd) é igual a 59,5 tf.m.
· Hágnon
A curvatura na ocasião da atuação do MRd Correia de Amorim
é igual a 1,41x10 -2 m-1
-2 -1.

hagnon_eng@hotmail.com
· A rigidez EIsec definida por uma reta secante para M = MRd é igual a 4235,2 tf.m2.
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Retornando a análise em torno da direção menos rígida (direção x). Vamos alterar a força normal de
compressão para NSd = 200 tf. Obtém-se então o seguinte diagrama N, M, 1/r.

Comentários:
· O momento resistente último de cálculo (MRd) é igual a 28,7 tf.m (para NSd = 100 tf, MRd = 30,4 tf.m).
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· A rigidez EIsec definida pela reta secante é igual a 1435,6 tf.m2 (para NSd = 100 tf, EIsec = 1117,5 tf.m2).
Aumentando a força normal de compressão para NSd = 300 tf, obtém-se então o seguinte diagrama N, M, 1/r.

Comentários:
Hágnon Correia de Amorim
· mento resistente último de cálculo (MRd) é igual a 22,6 tf.m (para NSd = 100 tf, MRd = 30,4 tf.m e
O momento
para NSd = 200 tf, MRd = 28,7 tf.m). hagnon_eng@hotmail.com
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· A rigidez EIsec definida pela reta secante é igual a 1440,1 tf.m2 (para NSd = 100 tf, EIsec = 1117,5 tf.m2 e
para NSd = 200 tf, EIsec = 1435,6 tf.m2).
· Tanto em termos de resistência como em termos de rigidez, a variação à medida que a força normal
aumenta não é linear.
Mantendo a força normal de compressão para NSd = 300 tf, e agora alterando a armadura para 16 f 12,5 mm,
obtém-se então o seguinte diagrama N, M, 1/r.

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Comentários:
· O momento resistente último de cálculo (MRd) é igual a 11,4 tf.m (para 16 f 20 mm, MRd = 22,6 tf.m).
· A rigidez EIsec definida pela reta secante é igual a 911,1 tf.m2 (para 16 f 20 mm, EIsec = 1440,1 tf.m2).
Hágnon Correia de Amorim
hagnon_eng@hotmail.com
on_e
on_eng
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ot il.c
il .com
.c
Finalmente, vamos eliminar a simetria das 46
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armaduras retirando três barras do canto
esquerdo inferior, conforme mostra a figura
ao lado.

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Comentários:
· O diagrama não apresenta simetria nos dois sentidos.
· Para um momento fletor Md = 0,0 tf.m, há o aparecimento de uma curvatura diferente de zero,
ocasionado exclusivamente pela presença da força normal de compressão para NSd = 300 tf.

NÃO-LINEARIDADE GEOMÉTRICA
Assim como a não-linearidade física, a não-linearidade geométrica também gera uma resposta não-linear de
uma estrutura. Porém, esse comportamento não ocorre mais devido a alterações no material, mas sim devido a
mudanças na geometria dos elementos estruturais à medida que um carregamento é aplicado.
O efeitos gerados a partir do equilíbrio na configuração deformada (efeitos de 2ª ordem) ocasiona uma
resposta não-linear de uma estrutura, chamada de não-linearidade geométrica.

Não-linearidade geométrica aproximada


Assim como a não-linearidade física, a não-linearidade geométrica pode ser resolvida de forma aproximada.
Nesse caso, a forma final da posição de equilíbrio é pré-determinada, permitindo a solução matemática do
problema.
É o que fazemos, por exemplo, ao utilizar a fórmula do coeficiente gz, cuja formulação é resultante de uma
estimativa da variação da forma da estrutura à medida que as cargas são aplicadas à mesma.
Outro exemplo: o método do pilar-padrão aplicado no cálculo dos efeitos locais de 2ª ordem em pilares. Nesse
caso, admite-se que a forma final da posição de equilíbrio do elemento em questão é uma curva senoidal.
Hágnon Correia de Amorim
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Não-linearidade
linearidade geométrica de forma refinada
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Existem diversos processos numéricos, comumente denominados P-D, que tratam a não-linearidade geométrica
de forma refinada. Basicamente, são cálculos iterativos em que se busca a posição final de equilíbrio da
estrutura ou parte dela.
Por ser um processo iterativo, é necessária a definição de tolerâncias para obtenção da convergência do
método. Existem formulações baseadas na introdução de “deltas” de esforços entre cada iteração, bem como
outras, mais sofisticadas, que corrigem a matriz de rigidez dos elementos de tal forma a simular a variação da
geometria da estrutura à medida que o carregamento é aplicado sobre a mesma.

Efeitos de 2ª Ordem
Efeitos de 2ª ordem são efeitos adicionais à estrutura gerados quando o equilíbrio da mesma é tomado na sua
posição deformada (análise em 2ª ordem). Esses efeitos são reais, e podem ser grandes ou pequenos.
A NBR 6118:2014, item 15.2, permite desprezar os efeitos de segunda ordem somente após a constatação de
que a magnitude dos mesmos não represente um acréscimo de 10% nas reações e nas solicitações relevantes
da estrutura.
A NBR 6118:2014, item 15.4.1, classifica os efeitos de segunda ordem presentes numa estrutura de concreto em
três tipos:

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Muito embora ocorram de forma simultânea no edifício, os efeitos globais, locais e localizados de segunda
ordem comumente são calculados de forma separada, conforme sintetiza a figura a seguir.
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Hágnon
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3. 224-
22 4-20
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Os efeitos globais de 2ª ordem se referem à estrutura como um todo e são calculados a partir de uma
modelagem global (pórtico espacial). Os efeitos locais se referem a um trecho isolado do pilar (lance) e são
calculados por meio de uma modelagem local. Já, os efeitos localizados se referem a uma região específica de
pilares-parede (extremos com baixa rigidez) que possuem uma tendência de ter efeitos de 2ª ordem mais
significativos em função de uma concentração de tensões.
O cálculo dos efeitos globais, locais e localizados de 2ª ordem será estudado com detalhes durante o curso.

COEFICIENTE gF3
O coeficiente ponderador das ações gf, usualmente igual a 1,4, é resultante da multiplicação de 3 fatores
apresentados a seguir.

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O primeiro fator gf1 procura prever a variabilidade do valor da ação, ou seja, considera que a carga efetivamente
aplicada à estrutura real não é 100% exata, podendo ser maior ou menor que o valor especificado em projeto.
O segundo gf2 procura prever a simultaneidade das ações, isto é, a probabilidade de ocorrência simultânea de
ações distintas. São os famosos coeficientes y.
Já o terceiro fator gf3 leva em conta as aproximações feitas em projeto. Vale lembrar que todo projeto estrutural,
por mais que seja elaborado de forma refinada, é apenas uma simulação simplificada de um edifício real.

NBR 6118:2014
No item 15.3.1 da NBR 6118:2014, tem-se:
“Pode ser considerada também a formulação de segurança em que se calculam os efeitos de 2ª ordem das cargas
majoradas de gf/gf3, que posteriormente são majorados de gf3, com gf3 = 1,1, ...”
Pelo menos à primeira vista, essa afirmação presente na norma é um pouco confusa. O que se objetiva com essa
consideração é suprir da análise dos esforços de 2ª ordem, que possui uma resposta não-linear, o fator do
Hágnon Correia
coeficiente de segurança que trata das aproximações de Amorim
de projeto (gf3). Dessa forma, os efeitos de segunda ordem
(g
calculados com valores de cálculo ficam cam ligeiramente menores, não podendo esquecer, obviamente, de
hagnon_eng@hotmail.com
complementá-los com gf3 para obtenção
tenção do resultado final.
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Exemplo
A consideração do coeficiente gf3 = 1,1 tem influência direta na análise de uma estrutura com comportamento
não-linear. Veja, a seguir, um exemplo bastante simples que procura mostrar a influência do coeficiente gf3 em
um cálculo.
Seja uma estrutura hipotética que possui um comportamento tipicamente não-linear, conforme mostra a figura
a seguir.

A resposta da estrutura (S) em função da ação


(F) está representada pela curva em azul.

Imagine que o valor da ação característica a ser aplicada sobre a estrutura é Fk = 10, resultando numa resposta
S k = 45.

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Utilizando gf = 1,4 de tal forma a considerar o


valor de cálculo, teremos:
Fd = 10 x 1,4 = 14 à Sd = 85

Utilizando a formulação de segurança com gf3 =


1,1, teremos:
Fd = 10 x 1,4/1,1 = 12,7 à Sd = 72
Sd,tot = 72 x 1,1 = 79,2 < 85

Como se pôde observar, a análise com a formulação de segurança com gf3 = 1,1 resulta em valores finais
menores quando comparados com a aplicação direta de gf = 1,4 em estruturas com comportamento não-linear.
Dessa forma, o cálculo de uma estrutura em que se considera a não-linearidade geométrica (gz ou P-D) ou física
(N, M, 1/r) é influenciado diretamente pelo gf3 = 1,1.
Hágnon Correia de Amorim
Vale lembrar que a adoção de gf3 = 1,1 é opcional, podendo ser adotado também gf3 = 1,0.
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Exemplo
Analisar uma estrutura muito simples abaixo considerando a não-linearidade geométrica, ora com gf3 = 1,0 e
ora com gf3 = 1,1.
Trata-se de uma barra vertical
engastada na base com comprimento
igual a 5 m, com seção transversal 30
cm x 30 cm, módulo de elasticidade
igual a 28.000 MPa, submetida a uma
força horizontal constante (Fhd = 10
tf) e a uma força vertical variável (Fvd
= 0 tf a 100 tf) em seu topo,
conforme mostra a figura ao lado.
OBS.: valores da força são de cálculo.
a) Na análise linear, quais os deslocamentos no topo variando-se Fv?
b) Na análise linear, quais os momentos fletores na base variando-se Fv?
c) Na análise NLG com gf3=1,0, quais os deslocamentos no topo variando-se Fv?
d) Na análise NLG com gf3=1,0, quais os momentos fletores na base variando-se Fv?
e) Na análise NLG com gf3=1,1, quais os deslocamentos no topo variando-se Fv?
f) Na análise NLG com gf3=1,1, quais os momentos fletores na base variando-se Fv?
g) A variação de deslocamentos no topo e momentos na base à medida que o valor de F v é incrementado é
linear ou não-linear?
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Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
Por meio do cálculo linear tradicional em primeira ordem, isto é, na configuração geométrica inicial
indeformada, obtém-se as seguintes reações e esforços (força normal, força cortante e momento fletor).

Note que o momento fletor final na base da barra (50,0 tf.m), assim como o deslocamento no topo (22 cm), na
análise linear, não variam à medida que a força vertical é incrementada.
Hágnon Correia de Amorim
Agora, vamos fazer a análise considerando a não não-linearidade
linearidade geométrica por meio de um processo P-D,
hagnon_eng@hotmail.com
efetuado no computador, considerando gf3 = 1,0. Veja, a seguir, a variação do momento fletor na base à medida
que a carga vertical é alterada. 466.973.224-20

Note que o esforço varia de 50,0 tf.m até 97,0 tf.m.


Finalmente, vamos fazer a análise com NLG e considerando gf3 = 1,1.

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Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

Também houve uma variação de momentos fletores, de 50,0 tf.m até 88,7 tf.m, porém os valores dos esforços
finais ficaram menores devido à consideração de gf3 = 1,1.
Em ambos os casos com NLG, o aumento de esforços à medida que a carga vertical é incrementada é decorrente
do surgimento de efeitos de 2ª ordem, que tornam o comportamento da estrutura nitidamente não-linear,
conforme mostra o gráfico a seguir.

Hágn
Há gnon
gn on C
Cor
orreia
or ia dde Amorim
hagn
ha gnon
gnon_e
on _eng
_e ng@h
ng@hotmail.com
@h
466.97
973.
97 3.22
3. 224-20
22

NLF + NLG = COMPORTAMENTO NÃO-LINEAR


Nos itens anteriores, muito embora a não-linearidade física (NLF) tenha sido estudada de forma independente
da não-linearidade geométrica (NLG), ambas sempre atuam de forma conjunta. Isto é, uma estrutura de
concreto armado, ao ser carregada, sofre influência tanto da não-linearidade física (alteração no material) como
da não-linearidade geométrica (alteração da geometria) simultaneamente.

É importante estar ciente que tanto a não-linearidade física como a não-linearidade geométrica, na vida real,
estão sempre presentes nos edifícios em concreto armado. E por isso, torna-se fundamental considerá-las no
cálculo da estrutura em certas situações.

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Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
EFEITOS GLOBAIS DE 2ª ORDEM
Conforme a nomenclatura já deixa evidente, os esforços globais de 2ª ordem estão relacionados ao edifício
como um todo, isto é, ao conjunto completo formado pelos pilares, pelas vigas e lajes da estrutura. Ex: um
edifício submetido à ação do vento desloca-se horizontalmente. Com isso, geram-se esforços adicionais nesses
elementos devido à presença simultânea de cargas verticais (peso próprio + sobrecarga), chamados de efeitos
globais de 2ª ordem.

Estruturas de nós fixos e nós móveis


Quando os deslocamentos horizontais dos nós de uma estrutura são pequenos e, consequentemente, os efeitos
globais de 2ª ordem são desprezíveis (inferiores a 10% dos esforços totais), a estrutura, para efeitos de cálculo,
é considerada de nós fixos.
Hágnon Correia de Amorim
Em contrapartida, quando os deslocamentos horizontais dos nós não forem p
pequenos, a estrutura é
considerada de nós móveis. hagnon_eng@hotmail.com
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A classificação de uma estrutura como sendo de nós fixos ou nós móveis pode ser feita de acordo com os
resultados dos parâmetros de instabilidade a e gz. No caso desse último, a estrutura é considerada de nós fixos
quando gz 1,1.

Processos de cálculo
Segundo o item 15.7.1 da NBR 6118:2014, temos: “Na análise estrutural de estruturas de nós móveis, devem ser
obrigatoriamente considerados os efeitos da não-linearidade geométrica e da não-linearidade física e, portanto,
no dimensionamento devem ser obrigatoriamente considerados os efeitos globais e locais de 2ª ordem.”.
Os esforços globais de segunda ordem podem ser calculados de duas formas:
· Análise aproximada pelo coeficiente gz.
· Análise não-linear P-D.
Na análise aproximada via gz, o item 15.7.2 da NBR 6118:2014 descreve “Uma solução aproximada para a
determinação dos esforços globais de 2ª ordem consiste na avaliação dos esforços finais (1ª ordem + 2ª ordem) a
partir da majoração adicional dos esforços horizontais da combinação de carregamento considerada por 0,95.gz .
Esse processo só é válido para gz ≤ 1,3.”.

Não-linearidade física
A NBR 6118:2014, seção 15 “Instabilidade e efeitos de 2ª ordem”, item 15.7.3, permite definir uma rigidez
aproximada em vigas, pilares e lajes na análise dos esforços globais de 2ª ordem em estruturas reticuladas com
no mínimo quatro andares. Exemplo: em edifícios modelados por pórtico espacial que atendam essa última
condição, pode-se adotar, de forma aproximada, EIsec = 0,4.Eci.Ic nas vigas e EIsec = 0,8.Eci.Ic nos pilares.

71
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
E, para estruturas com menos de quatro andares? O que fazer? Posso adotar os mesmos valores? Por que essas
reduções são recomendadas somente para estruturas com no mínimo quatro andares?
Essa restrição foi definida na norma devido à falta de estudos específicos para este tipo de estrutura, onde,
dependendo do nível de solicitação, no Estado Limite Último (ELU), as rigidezes nas vigas, e principalmente nos
pilares, podem atingir valores bem inferiores aos especificados de forma aproximada. Nesse caso, com a adoção
das reduções de rigidez definidas anteriormente, os efeitos de 2ª ordem seriam subestimados. E, portanto, a
análise estaria contra a segurança.
Atualmente, existem pesquisas direcionadas para análise deste assunto. Em breve, teremos uma possível
resposta para esta questão.
Neste momento, a única afirmação que se pode fazer é que a não-linearidade física em estruturas com menos de
quatro andares deve obrigatoriamente ser sempre considerada. E que, na impossibilidade de definição de
valores de redução de rigidez mais precisos (obtidos por meio de diagramas momento-curvatura), os mesmos
devem ser estimados com precaução, priorizando sempre um cálculo a favor da segurança.

Análise não-linear geométrica e coeficiente gf3


Seja na análise P-D como no cálculo por meio do coeficiente gz, pode ser considerada a formulação de segurança
em que se calculam os efeitos de 2ª ordem das cargas majoradas de gf/gf3, que posteriormente são majorados de
gf3.
Em estruturas com comportamento não-linear, como no caso de um edifício de concreto armado, o cálculo com
gf3 = 1,1 resulta em valores finais menores quando comparados com a aplicação direta de gf = 1,4 (gf3 = 1,0).
Conforme mostrado no último exemplo 5, foi possível constatar a afirmação acima por meio de um exemplo no
qual utilizamos a análise P-D. No caso do uso do coeficiente gz, sua formulação deve ser adaptada então da
seguinte forma: Hágnon Correia de Amorim
1 hagnon_eng@hotmail.com
gz = , com gf3 = 1,0 ou gf3 = 1,1.
466.973.224-20
DM tot, d 1
1- ´
M 1,tot, d g f3
Note que, para gf3 = 1,1 o valor do coeficiente gz obtido é menor do que quando adotado gf3 = 1,0.

Efeitos globais nos pilares


A análise global em 2ª ordem gera efeitos adicionais tanto nas vigas como nos pilares.
Na modelagem global usualmente adotada para o cálculo de edifícios de concreto armado, como por exemplo, o
pórtico espacial, a influência dos efeitos globais de 2ª ordem se concentra no topo e na base de cada lance de
pilar, uma vez que cada um desses trechos é discretizado com apenas um único elemento (barra). Veja a figura
a seguir.

72
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
EXEMPLO 4
Fazer um estudo das solicitações globais de 2ª ordem nos pilares do edifício hipotético apresentado a seguir,
via 0,95.gz e P-D, com gf3 = 1,0 e gf3 = 1,1.
O edifício possui simetria na duas direções. A não-linearidade física foi considerada de forma aproximada:
0,8.EIc para pilares e 0,4.EIc para vigas.
a) Quais os valores de gz para os ventos a 180o
(lateral ß) e 90o (frontal ), com gf3 = 1,0?
b) Para o pilar P4, lance 1, qual o valor
característico da força normal e momento
fletor na base em torno de sua direção menos
rígida para a combinação 17
(PP+PERM+0,8.ACID+VENT180 o)?
c) Calcular o valor característico da força
normal e momento fletor na base em torno
da direção menos rígida do pilar P4, lance 1,
utilizando o processo aproximado com gz.
d) Para o pilar P6, lance 1, qual o valor
característico da força normal e momento
fletor na base em torno de sua direção mais
rígida para a combinação 10
(PP+PERM+ACID+0,6.VENT90 o)?

Hágnon Correia de Amorim
e) Calcular o valor característico da força
ha
hagnon_eng@hotmail.com
normal e momento fletor na base em torno
466.973.224-20
da direção mais rígida do pilar P6, lance 1,
utilizando o processo aproximado com gz.

f) Quais os valores de gz para os ventos a 180o


(lateral ß) e 90o (frontal! ),!com!gf3 = 1,1?
g) Para o pilar P4, lance 1, qual o valor
característico da força normal e momento
fletor na base em torno de sua direção
menos rígida para a combinação 17
(PP+PERM+0,8.ACID+VENT180 o)?
h) Calcular o valor característico da força
normal e momento fletor na base em torno
da direção menos rígida do pilar P4, lance 1,
utilizando o processo aproximado com gz.
i) Para o pilar P6, lance 1, qual o valor
característico da força normal e momento
fletor na base em torno de sua direção mais
rígida para a combinação 10
(PP+PERM+ACID+0,6.VENT90 o)?
j) Calcular o valor característico da força
normal e momento fletor na base em torno
da direção mais rígida do pilar P6, lance 1,
utilizando o processo aproximado com gz.

73
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

k) Quais os valores de gz para os ventos a 180o


(lateral ß) e 90o (frontal !), com gf3 = 1,1?
l) Para o pilar P4, lance 1, qual o valor
característico da força normal e momento
fletor na base em torno de sua direção menos
rígida para a combinação 17
(PP+PERM+0,8.ACID+VENT180 o), utilizando
o processo P-D?
m) Para o pilar P6, lance 1, qual o valor
característico da força normal e momento
fletor na base em torno de sua direção mais
rígida para a combinação 10
(PP+PERM+ACID+0,6.VENT90 o), utilizando o
processo P-D?

Hágnon Correia de Amorim


n) Montar uma tabela geral com os resultados obtidos e fazer uma análise crítica dos mesmos.
hagnon_eng@hotmail.com
466.973.224-20

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Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

Hágnon Correia de Amor orim


or im
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ha gnon
gnon_e
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_e ng@h
ng@hot
@h otma
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il .com
.c om
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4-20

75
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS
Hágnon Correia deG LOBAIS
Amorim
hagnon_eng@hotmail.com
466.973.224-20
Todo edifício, quando executado num canteiro de obra, está sujeito ao aparecimento de desvios geométricos,
isto é, distorções na forma e no posicionamento dos elementos estruturais originados durante a sua
implantação.
Estas “falhas” de construção, chamadas de imperfeições geométricas, são praticamente inevitáveis e aleatórias.
Podem ser grandes ou pequenas.

Toda estrutura é geometricamente imperfeita!

Muito embora não tenha o controle direto dessa situação de obra, o Engenheiro de Estruturas deve
obrigatoriamente levar em conta as imperfeições geométricas durante a elaboração do projeto, pois as mesmas,
na maioria dos casos, não estão cobertas pelos coeficientes de segurança.

Os pilares são elementos altamente sensíveis às imperfeições geométricas!

Muito embora as imperfeições geométricas gerem repercussão em toda a estrutura, nos pilares a influência é
muito mais significativa. E, por isso, os mesmos precisam ser adequadamente dimensionados de modo a
resistir, dentro de certa tolerância, às solicitações extras devido ao aparecimento destes desvios.
É obrigatório considerar as imperfeições geométricas no cálculo de pilares de edifícios de concreto armado.

76
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

A NBR 6118:2014, item 11.3.3.4 “Imperfeições geométricas”, divide as imperfeições geométricas em dois
grupos:
· Imperfeições geométricas globais.
· Imperfeições geométricas locais.

Imperfeições geométricas globais

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Há gnon
gn on C
Cor
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re ia ddee Am
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or im
hagn
ha gnon
gnon_e
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ng @hot
@h otma
ot mail
ma il.c
il .com
.c om
466.
46 6.97
6. 973.
97 3.22
3. 224-
22 4-20
4-20

As imperfeições globais se referem ao edifício como um todo, ou seja, é como se a estrutura inteira ficasse
inclinada (em desaprumo) para um dos lados, ocasionando esforços adicionais principalmente nas vigas e nos
pilares, devido à presença simultânea das cargas verticais.
A NBR 6118:2014, item 11.3.3.4.1 “Imperfeições geométricas globais”, define situações em que os efeitos do
desaprumo global devem ser considerados.
De maneira geral, pode-se dizer que o desaprumo global somente é mais desfavorável que o vento em
edificações baixas submetidas a cargas verticais elevadas (ex: construções industriais).
Em edifícios mais altos, normalmente o vento é preponderante, muito embora existam casos particulares na
qual esta afirmação não se confirme (ex: edifício com uma face delgada na qual a pressão de vento é muito
baixa).
Os efeitos das imperfeições geométricas globais são calculados por meio de modelos que contemplam toda a
estrutura, como por exemplo, um pórtico espacial. Há diversas maneiras de simular a presença do desaprumo
global. Uma delas é aplicar momentos nos nós a partir do deslocamento da força vertical gerado pela rotação qa.
Uma outra possibilidade é inclinar toda a geometria da estrutura por qa. Essas duas opções são similares.
No livro de comentários da NBR 6118 publicado pelo Ibracon, indica-se a possibilidade de simulação da
imperfeição geométrica global por meio de cargas horizontais equivalentes. Veja a seguir.

77
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

EFEITOS LOCAIS DE 2ª ORDEM


Os efeitos locais de 2ª ordem estão relacionados a uma parte isolada da estrutura. Ex: um lance de pilar sob a
atuação de momentos fletores no seu topo e na sua base se deforma. Com isso, geram-se efeitos adicionais
devido à presença simultânea da carga normal de compressão, chamados de efeitos locais de 2ª ordem.

Hágn
gnon
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Cor
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gnon
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il .com
.c om
466.973.224-20

Efeitos locais nos pilares


No item 15.7.4 da NBR 6118:2014, tem-se:
“A análise global de 2ª ordem fornece apenas os esforços nas extremidades das barras, devendo ser realizada uma
análise dos efeitos locais de 2ª ordem ao longo dos eixos das barras comprimidas, ...”

78
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

Hágnon
Há on C
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466.
46 6.973.224-20
6. 20

“Os elementos isolados, para fins da verificação local, devem ser formados pelas barras comprimidas retiradas da
estrutura, com comprimento le, ..., porém aplicando-se às suas extremidades os esforços obtidos através da análise
global de 2ª ordem.”

79
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

Comprimento le
Na análise dos efeitos locais de 2ª ordem, é fundamental definir corretamente o comprimento equivalente le.
No item 15.6 da NBR6118:2014, ”Análise de estruturas de nós fixos”, é apresentada uma formulação em que o
valor do comprimento equivalente é definido a partir dos elementos que vinculam o pilar (vigas) e da dimensão
do mesmo. Porém, o cálculo segundo esse item somente deve ser adotado quando os elementos de travamento
do lance do pilar estiverem muito bem definidos.
Veja o exemplo a seguir.
Hágnon
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hagn
ha gnon
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466.
46 6.97
6. 973.
97 3.22
3. 224-
22 4-20
4-20

80
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

É fácil perceber que o topo do pilar não está


travado pela viga segundo a direção de menor
rigidez.

Vinculações no topo e na base

As condições de vinculação no topo e na base do lance do pilar é extremamente relevante na avaliação dos
efeitos locais de 2ª ordem. Por exemplo, um pilar com 3 m de pé-direito, biapoiado, terá resultados bastante
distintos se considerado apenas engastado na base.
Atualmente, nos processos de cálculo usuais, apenas certas condições de vinculações aproximadas são
consideradas, muito embora, na vida real, um lance de pilar imerso no interior da estrutura de um edifício usual
de concreto armado se comporte de forma intermediária entre as situações.

Hágn
Há gnon
gnon C
Cor
orre
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Amor
orim
or
hagnon_eng@hotmail.com
466.973.224-
4-20
4-20

Índice de esbeltez limite l1


Partindo do princípio básico de que os efeitos de 2ª ordem podem ser desprezados desde que a magnitude dos
mesmos seja inferior a 10% da resposta total, a NBR 6118:2014, em seu item 15.8.2 “Dispensa da análise dos
efeitos locais de 2ª ordem”, estabelece um índice de esbeltez limite calculado pela seguinte fórmula:
e1
25 + 12,5.
35 £ l1 = h £ 90
ab
Essa é uma das grandes melhorias da atual norma de concreto em relação à anterior NBR 6118:1980, que
fixava um valor limite constante igual a 40.

81
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
Além de depender da excentricidade relativa e1/h, o valor de l1 é altamente influenciado pelo coeficiente ab,
que procura levar em conta o tipo de vinculação nos extremos do pilar, bem como a forma do diagrama de
momentos fletores.

Coeficiente ab
O coeficiente ab é calculado da seguinte forma:
MB
a) 0,4 £ a b = 0,6 + 0,4. £ 1,0 para pilares biapoiados sem cargas transversais, sendo MA o maior valor
MA
absoluto do momento fletor ao longo do pilar e MB o momento na outra extremidade, com sinal positivo se
tracionar a mesma face que MA e negativo em caso contrário.
MC
b) 0,85 £ a b = 0,8 + 0,2. £ 1,0 para pilares engastados, sendo MA o momento no engaste e MC o momento
MA
na meio do pilar em balanço.
c) a b = 1,0 para pilares com momentos inferiores ao M1d,mín ou pilares biapoiados com cargas transversais
significativas.

A expressão definida em (a) equivale a dizer


M B ³ -0,5.M A , ou seja, o momento com o valor
menor (MB) deve ser no mínimo maior que
metade do momento maior (MA) com sinal Hágnon Correia
Cor
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or reia
reia de Amorim
invertido. Veja, ao lado, um exemplo: hagnon_eng@hotmail.com
_eng
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466.973.224-20
6.97
6. 973.
97 3.22
3. 224-
4-20
20

EXEMPLO 5
Para pilares bi-apoiados, calcular o coeficiente ab para os seguintes casos:

Imaginando uma excentricidade relativa e1/h = 0,08, calcule o índice de esbeltez limite l1 para cada um dos
casos.

82
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

Representação em planta
Independente do método a ser aplicado na análise dos efeitos locais de 2ª ordem, é muito importante
“enxergar” com clareza a influência dos mesmos no comportamento de um pilar.
Para isso, vamos recorrer ao uso da representação em planta.
Seja um pilar submetido a uma flexão composta oblíqua, com esforços de 1ª ordem apresentados na figura a
seguir.

Hágn
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gnon Correia de
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Amor orim
or
hagnon_eng@hot otma
otmail
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il .com
.c
466.973.224-
46 4-20
4-20

Como a variação dos momentos de 1ª ordem entre o topo e a base é linear em ambas as direções, fica então
definida uma reta na representação em planta.

83
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
Adotando-se um método geral para calcular o pilar, é possível então perceber que os efeitos locais de 2ª ordem
tendem a gerar esforços adicionais no sentido levar o mesmo à ruína (ELU), conforme mostra a figura a seguir.

Os efeitos de 2ª ordem tendem a levar os esforços totais ao longo do lance para fora da curva resistente, na
direção crítica onde o pilar é mais esbelto.

Hágnon Correia de Amorim


Não-linearidade
linearidade física e geométrica
geo métrica
hagnon_eng@hotmail.com
A revisão dos conceitos sobre as não-linearidades 466.973.224-20
linearidades presentes em estruturas de concreto armado (momento(momento-
curvatura, coeficiente gf3, ...) realizada anteriormente não foi feita à toa, visto que no cálculo dos efeitos locais de
segunda ordem, duas questões são a chave para a solução do problema:
· Como considerar a não-linearidade física (NLF)?
· Como considerar a não-linearidade geométrica (NLG)?
· Em outras palavras, na análise de um lance de pilar, temos duas perguntas principais a responder:
· Qual rigidez EI deve ser considerada?
· Como se deformará o pilar à medida que o carregamento é aplicado?

Para cada uma dessas questões existem soluções distintas, umas mais aproximadas e outras que tratam o
problema de forma mais refinada. Daí é que surgem os diferentes métodos presentes na NBR 6118:2014.
84
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
Processos de cálculo – NBR 6118:2014
A NBR 6118:2014 permite o uso de 4 métodos para análise local de 2ª ordem. São eles:

Os três primeiros métodos são considerados processos aproximados e são descritos no item 15.8.3.3 da NBR
6118:2014, enquanto que o Método geral, como a própria nomenclatura já deixa meio evidente, é um processo
mais abrangente e sofisticado.
Vale lembrar que na extinta NBR 6118:1980 havia apenas um método disponível, o pilar-padrão com curvatura
aproximada, cuja formulação era praticamente similar à atual.
Cada um desses métodos possui limitações próprias, e por isso, podem ser aplicados desde que a esbeltez do
pilar esteja dentro de um certo patamar. Evidentemente, os processos aproximados possuem uma limitação
maior.
Estudaremos cada um desses métodos detalhadamente mais adiante.

Esbeltez limite

Os métodos do pilar-padrão
padrão com 1/r aproximada e pilar-padrão
Hágnon Correiapilar-padrão
pilar- com k aproximada podem ser utilizados em
de Amorim
pilares com esbeltez máxima igual a 90. O mé
método
todo do pilar-padrão
pilar
pilar-
hagnon_eng@hotmail.com - padrão acoplado a diagrama N, M, 1/r é limitado
para uma esbeltez máxima de 140. O método geral, por sua vez, pode ser usado até um limite de 200.
466.973.224-20
Acima desse valor, a norma não permite o uso de nenhum método, a não ser em casos de postes onde a força
normal de compressão é baixa.

Métodos aproximados
Antes mesmo de iniciar o estudo da formulação de cada um dos métodos aproximados, pela própria
nomenclatura dos mesmos é possível tirar algumas conclusões prévias. Note que os três processos
aproximados fazem o uso de um termo comum: “pilar-padrão”.

O que é pilar-padrão?
Conforme já sabemos, o cálculo da deformada do lance de um pilar à medida que o carregamento é aplicado
sobre o mesmo, é um dos desafios presentes na análise local em 2ª ordem. Como tratar a não-linearidade
geométrica num lance de pilar?
O método do pilar-padrão consiste numa aproximação que pressupõe que a deformada final do pilar será
representada por uma curva senoidal. Existem inúmeros estudos que comprovam a eficiência dessa
simplificação, válida até um determinado limite de esbeltez.

85
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

Uma vez definida a forma final do lance do pilar (senóide), é possível então chegar a uma solução analítica para
o problema da não-linearidade geométrica, obtendo-se expressões relativamente simples que podem ser
utilizadas no cálculo do pilar.
Dessa forma, conclui-se que os três processos aproximados presentes na NBR 6118:2014, tratam a não-
linearidade geométrica (NLG) de forma idêntica.

Hágn
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gn on C
Cor
orre
or reia
reia d
dee Am
Amor orim
or im
hagn
ha gnon
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ng @hot
@h otma
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ma il.c
il .com
.c om
466.973.224-4-20
4-20

O que diferencia um método aproximado do outro é justamente as diferentes maneiras de considerar a outra
não-linearidade, a física (NLF).

Pilar-padrão melhorado

O método do pilar-padrão comum considera toda a deformação do pilar (1ª ordem + 2ª ordem) como sendo
uma curva senoidal. Existe também o método do pilar-padrão melhorado em que apenas a deformada de 2ª
ordem é considerada senoidal. Esse último processo não será objeto de estudo nesse curso.

PILAR-PADRÃO COM 1/R APROXIMADA


Aplicabilidade
Esse método pode ser empregado apenas para pilares com l ! 90, seção constante e armadura simétrica e
constante ao longo de seu eixo.

Não-linearidade geométrica
Admite-se que a deformação da barra seja senoidal (pilar-padrão).

86
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
Não-linearidade física
A rigidez do lance do pilar é obtida por meio da definição de uma curvatura aproximada na seção crítica.

Formulação
A formulação é extremamente simples e possibilita o cálculo manual. O momento total (1ª ordem + 2ª ordem)
máximo no pilar é calculado pela seguinte expressão:
l e2 1 1 0,005 0,005
M d ,tot = a b .M 1d , A + N d . . ³ M 1d , A , sendo = £
10 r r h.(n + 0,5) h
onde:
N Sd
n= e M 1d , A ³ M 1d ,mín
Ac . f cd
O momento de 2ª corresponde à parcela Nd.(le2/10).(1/r).
Note que não é necessário conhecer previamente a armadura do pilar para aplicar as fórmulas acima.

Hágnon Correia de Amororim


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46 6.97
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97 3.22
3. 224-
22 4-20
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EXEMPLO 6
Calcular os efeitos locais de 2ª ordem pelo método do pilar-padrão com 1/r aproximada e dimensionar a
armadura do pilar a seguir.

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46 6.97
6. 973.
97 3.22
3. 224-
22 4-20
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NUM SISTEMA COMPUTACIONAL


No exemplo anterior, os esforços locais de 2ª ordem foram calculados pelo método do pilar-padrão com 1/r
aproximada de forma 100 % manual. Foi possível dimensionar a armadura necessária por meio de um ábaco n-
m-w, também sem a necessidade de um computador.
Foi possível calcular os efeitos locais de 2ª ordem e dimensionar a armadura inteiramente à mão!
Na prática profissional de projetos, entretanto, esses procedimentos são integralmente realizados com o auxílio
de um sistema computacional. Isso é necessário porque são inúmeros os pilares e combinações de ações no
projeto de um edifício real, tornando inviável a execução de todas as contas necessárias de forma manual.
Imagine o trabalho de se calcular e dimensionar o pilar anterior para 20 combinações ELU! Depois, imagine que
este mesmo pilar possui 20 lances! Finalmente, imagine que existam 20 pilares similares a ele presentes na
estrutura do edifício! Seria totalmente improdutivo querer fazer tudo à mão, ainda mais correndo um risco
evidente de se fazer alguma conta errada.
Diante deste cenário, como em qualquer etapa de um projeto estrutural assistido por computador, torna-se
fundamental compreender claramente o funcionamento do sistema computacional que está sendo utilizado e

90
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
conhecer os aspectos teóricos que foram adotados na implementação do mesmo, a fim de utilizá-lo com a
segurança e a eficiência desejada.
O caminho trilhado por um software para calcular, dimensionar e detalhar os pilares de um edifício real é
bastante complexo. O número de contas executados pelo computador é gigantesco para que se tenha o
resultado final desejado (desenho das armações). Invariavelmente, os relatórios com resultados parciais
atingem a casa dos milhares de linhas.
Resumidamente, o cálculo de um pilar por meio de um sistema computacional é realizado do seguinte forma:

Etapa 1: Definição de Dados (Concepção Estrutural)


Nesta etapa inicial, o Engenheiro define os materiais (classe do concreto) dos elementos e as ações (verticais e
horizontais) em que o edifício estará submetido.

Hágn
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gn on C
Cor
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46 6.97
6. 973.
97 3.22
3. 224-
22 4-20
4-20

A geometria de todos os pilares do edifício é definida graficamente pelo Engenheiro.

91
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
Etapa 2: Modelagem Global
Com os dados da Etapa 1, o sistema gera um modelo global (Pórtico Espacial) compatível com todas as
informações definidas pelo Engenheiro. Nesse modelo, cada lance de pilar é simulado por uma única barra.
É por meio desse modelo global que se calculam as solicitações iniciais, os esforços devidos às imperfeições
geométricas globais e as solicitações globais de 2ª ordem (0,95.gz ou P-D), para cada uma das combinações de
ações ELU necessárias para o dimensionamento dos pilares.

Hágn
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gn on Correia de Amorim
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otmail
ma il.c
il .com
.c om
466.973.224-20

Etapa 3: Transferência de Esforços


Usualmente, a integração entre os subsistemas de análise e os subsistemas de dimensionamento é realizada por
meio do que se chama de "transferência de esforços".

Essa transferência de esforços é efetuada através da gravação de arquivos de dados no disco, que
posteriormente são lidos durante a análise local e o dimensionamento dos pilares.
Lembre-se sempre que todo dimensionamento das armações é baseado em arquivos gravados durante a
transferência de esforços. Ao reprocessar um pórtico espacial, é imprescindível executar essa transferência
para que o dimensionamento dos elementos (pilares) fique compatível com a análise estrutural global.

92
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
Esforços transferidos
São transferidos a força normal (N) e os momentos fletores nas duas direções (M y e Mz) de cada trecho de pilar,
que atuam concomitantemente em cada combinação última (ELU1 ou ELU2) definida no pórtico espacial ELU. A
envoltória ELU2 é considerada apenas quando a redução de sobrecargas está ativada no edifício. Os momentos
torsores e as forças cortantes são desprezadas.

Etapa 4: Modelagem Local


Nesta etapa, cada lance ou trecho de pilar é analisado isoladamente por meio de um modelo local, cujas
solicitações de partida são os esforços transferidos do modelo global.
É por meio da modelagem local que se calculam os esforços devidos às imperfeições geométricas locais e as
solicitações locais de 2ª ordem (métodos aproximados ou método geral), para cada uma das combinações de
ações ELU necessárias para o dimensionamento dos pilares.
hagnon_eng@hotmail.com
Definição de vinculações
ulações no topo e na base
466.973.224-20

Na modelagem local, é fundamental definir corretamente as condições de vínculo no topo e na base do lance
para cada uma das direções, de tal forma a se extrair o comprimento equivalente (le) para análise.
É importante lembrar que num mesmo trecho de pilar é possível ter condições de vínculo totalmente distintas
nas duas direções.

93
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
Montagem de carregamentos
Nesta fase, os esforços locais de 2ª ordem são calculados de acordo com o método estabelecido nos critérios de
projeto (isso ficará mais claro ao longo dos exemplos seguintes).
Para cada lance dos pilares dos edifícios, montam-se carregamentos finais para o dimensionamento dos
mesmos contendo todas as diversas condições de solicitação de cálculo (Sd).
Usualmente, num edifício real, a listagem com os carregamentos montados é bastante extensa.

Etapa 5: Dimensionamento
Definição das configurações de armaduras
A partir da definição de espaçamentos limites entre barras longitudinais (mínimos e máximos), bitolas limites
como também das taxas de armaduras limites (todos são critérios de projeto), torna-se possível pré-determinar
as possíveis configurações de armaduras na seção representativa do lance do pilar.


Hágnon Correia
C ia d
de Am
Amorim
im
Dimensionamento hagnon_eng@hotmail.com
466.973.224-20
Uma vez conhecidas as solicitações de cálculo (Sd) oriundas da montagem de carregamentos e as configurações
de armaduras que possibilitam determinar a resistência da seção (Rd), e que pode ser representada por uma
curva de interação N-Mx-My, é possível verificar a condição Sd !Rd.
Dessa forma, para cada bitola de armadura longitudinal, é possível determinar uma configuração (posição das
barras na seção transversal) em que a condição acima é respeitada (ou não).

Etapa 6: Detalhamento
Seleção de configuração
Durante o dimensionamento, foram determinadas as configurações possíveis para cada bitola de armadura
longitudinal. Fica faltando, então, selecionar a configuração que melhor se adapte ao trecho em questão. Essa
condição deve se adequar às condições de transição de um lance para outro.

Detalhamento
Uma vez selecionada a configuração de armadura na seção, é necessário definir o comprimento das barras
levando-se em conta importantes questões com relação ao transpasse e ancoragem das barras.
É importante lembrar que também nessa fase deve-se definir a armadura transversal

94
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
Etapa 7: Desenho

Com todos os dados definidos anteriormente, cabe


finalmente gerar um desenho que represente
graficamente o pilar calculado, que deve conter
todas as informações necessárias para sua
execução na obra.

EXEMPLO 7 Hágnon Correia de Amorim


hagnon_eng@hotmail.com
466.973.224-20
Como o sistema computacional calcula e dimensiona o pilar analisado anteriormente?
O objetivo deste exemplo é demonstrar como o pilar dimensionado anteriormente foi calculado por meio do
sistema computacional.
Primeiramente, é importante estar ciente de que os esforços apresentados no enunciado do problema (NSd = 84
tf, MSd = 4,8 tf.m e MSd = -2,4 tf.m) são oriundos da modelagem global, usualmente baseada no modelo de pórtico
espacial. Esses esforços devem representar as solicitações iniciais, acrescidas dos esforços globais de 2ª ordem
e dos efeitos devidos às imperfeições geométricas globais, da forma mais fiel e realista possível. Trata-se do
ponto de partida para que a análise local dos esforços de 2ª ordem seja devidamente realizada.
a) Analisar os esforços no pórtico espacial e entender o sistema de coordenadas.
b) Analisar critérios de projeto.
c) Analisar os resultados no relatório “Montagem de carregamentos”.
d) Quais os outros tipos de configurações de armaduras possíveis?
e) Analisar os resultados no editor de geometria, esforços e armaduras. Que dados podem ser alterados
sem reprocessar a montagem de carregamentos?
f) Calcular os efeitos locais de 2ª pelo método do pilar-padrão com 1/r aproximada e dimensionar a
armadura para o pilar a seguir, aumentando a força normal em 50 % e 100 %.
Resposta item f)

95
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

PILAR-PADRÃO COM k APROXIMADA


Aplicabilidade
O método do pilar-padrão com rigidez k aproximada pode ser adotado na análise de pilares retangulares com
l !90,!com!armadura!simétrica!e!constante!ao!longo!de!seu!eixo.

Não-linearidade geométrica
Admite-se que a deformação da barra seja senoidal (pilar-padrão).
Hágnon Correia de Amorim
Não-linearidade física
hagnon_eng@hotmail.com
A não-linearidade 466.973.224-20
linearidade física no lance do pilar é considerada por meio de uma expressão aproximada para rigidez,
cuja dedução foi obtida durante a tese de doutoramento do prof. Ricardo França.
O valor da rigidez é tomado de forma adimensional e é denominado de rigidez k (“kapa”).

Formulação
Assim como o método do pilar-padrão com 1/r aproximada, a formulação do pilar-padrão com k aproximada é
simples e possibilita o cálculo manual.
Segundo a formulação apresentada na NBR 6118:2014, o cálculo do momento total máximo MSd,tot deve ser
realizado de forma iterativa em função da rigidez adimensional k, de acordo com as seguintes fórmulas:
a b .M S1d , A
M Sd ,tot =
l2
1-
120.k /n
æ M Sd ,tot ö
k = 32.çç1 + 5. ÷.n
è h.N Sd ÷ø

O momento de 2ª ordem é calculado por uma amplificação da 1ª (ab.MS1d,A).


Note que não é necessário conhecer previamente a armadura do pilar para aplicar as fórmulas acima.
Essa formulação foi inteiramente definida pelo Profº Ricardo França na sua tese de doutoramento
“Contribuição ao estudo dos efeitos de segunda ordem em pilares de concreto armado”.

PP com 1/r aproximada X PP com rigidez k aproximada

96
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
Aparentemente, a formulação acima é bastante distinta da formulação do método do pilar-padrão com 1/r
aproximada. No entanto, a única diferença se concentra na consideração na não-linearidade física, ora adotando
um valor aproximado para 1/r, ora um valor aproximado para rigidez (k).
Veremos, mais adiante, que para valores equivalentes de 1/r e rigidez, o resultado final (M Sd,tot) é o mesmo,
comprovando que a aproximação pela curva senoidal (pilar-padrão) é similar em ambos os métodos.

EXEMPLO 8
Calcular os efeitos locais de 2ª pelo método do pilar-padrão com rigidez k aproximada e dimensionar a
armadura para o pilar a seguir.

Hágnon Correia de Amorim


Depois, recalcular e analisar o mesmo no sistema computacional, adotando o método do pilar
pilar-padrão com
hagnon_eng@hotmail.com
rigidez k aproximada.
466.973.224-20

97
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

Hágnonon C
Cor
orreia de Amorim
or
hagn
ha gnon
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@h otma
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466.
46 6.97
6. 973.22
97 224-20
22

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Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)

Cálculo direto sem a necessidade de iterações


Conforme já observado, a formulação do método do pilar-padrão com rigidez k aproximada presente na NBR
Hágnon
6118:2014 prevê um processo iterativo, CorreiadodeMAmorim
pois a fórmula Sd,tot de pende de k, que por sua vez possui uma
depende
expressão dependente de MSd,tot. hagnon_eng@hotmail.com
466.973.224-20
Embora a convergência do método não seja demasiadamente trabalhosa, necessitando normalmente de até 3
ou 4 iterações, pode-se também utilizar uma formulação que evita o processo iterativo.

æ M Sd ,tot ö a .M
Substituindo a equação k = 32.çç1 + 5. ÷÷.n em M Sd ,tot = b S12d , A
è h.N Sd ø l
1-
120.k /n
e considerando M S1d = a b .M S1d , A , obtém-se:

ì A = 5.h
ï
ï N .l 2
,tot + B.M Sd ,tot + C = 0 , onde: í B = h 2 .N Sd - Sd e - 5.h.M S1d
2
A.M Sd
ï 320
ïC = - N Sd .h .M S1d
î
2

- B + B 2 - 4. A.C
M Sd ,tot =
2. A
sendo: h a altura da seção na direção analisada, le o comprimento equivalente do lance do pilar, NSd a força
normal solicitante com seu valor de cálculo e MS1d o momento solicitante de 1ª ordem na seção considerada
com o seu valor de cálculo.
A formulação que possibilita o cálculo direto sem a necessidade de iterações que acaba de ser apresentada gera,
obviamente, resultados compatíveis com o processo iterativo.

99
Pilares de Concreto Armado (Alio E. Kimura)
EXEMPLO 9
Calcular os efeitos locais de 2ª pelo método do pilar-padrão com rigidez k aproximada (formulação direta) e
dimensionar a armadura para o pilar a seguir.

Depois, efetuar e analisar o cálculo no sistema computacional.

Hágnon Correia de Amorim


hagnon_eng@hotmail.com
466.973.224-20

100

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