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SUBMETIDOS À COMPRESSÃO
RESUMO
Neste artigo estuda-se o fenómeno de encurvadura por varejamento em elementos tubulares
através dos resultados obtidos com um elemento finito de tubo, desenvolvido para análise
não linear e com um programa comercial utilizando um elemento de viga com características
não-lineares. Efectuaram-se ainda ensaios à temperatura ambiente em elementos tubulares,
observando-se experimentalmente que a carga de colapso e o deslocamento lateral da
estrutura apresentam comportamentos semelhantes aos resultados numéricos obtidos.
de semi-ondas longitudinais e
1- INTRODUÇÃO circunferenciais), conforme se pode
A noção de estabilidade aparece observar na figura 1.
associada ao conceito de equilíbrio de uma
estrutura, caracterizada pelos valores dos
deslocamentos dos seus pontos. Essa
instabilidade pode surgir pela ocorrência de
uma bifurcação de equilíbrio (instabilidade
bifurcacional) ou pela ocorrência de um
ponto limite (instabilidade por snap-
through). O esforço de compressão tende a
acentuar o efeito de curvatura em elementos
estruturais. Os deslocamentos laterais que
são produzidos traduzem o fenómeno de Fig. 1 - Modo axissimétrico e assimétrico.
encurvadura por flexão ou por varejamento. Comportamento de uma casca cilíndrica
Alguns elementos do tipo casca (calotes comprimida. (Cortesia ESDEP-CD Electronic version)
esféricas, arcos…) podem possuir um
estado não linear de pré-encurvadura A tensão de colapso de uma casca
caracterizado por deslocamentos e rotações, cilíndrica pode ser significativamente
estando a tensão crítica de bifurcação inferior à correspondente tensão critica,
associada à ocorrência simultânea de dois dado o facto do comportamento inicial de
modos de instabilidade: o modo pós-encurvadura das cascas cilíndricas ser
axissimétrico (caracterizado pela não extremamente instável, o que implica uma
existência de semi-ondas circunferenciais) e grande sensibilidade às imperfeições
o assimétrico (caracterizado pela existência
geométricas, como referido por Reis e estado último de encurvadura é definido em
Camotim, 2001. função da carga última de uma estrutura
Existem elementos estruturais em que o associada ao colapso por instabilidade
estado de pré-encurvadura não pode ser elástica ou elasto-plástica.
determinado com base numa teoria
geometricamente linear, nomeadamente: 2 – FENÓMENO DE ENCURVADURA
arcos, calotes esféricas, cascas cilíndricas, POR VAREJAMENTO EM
em que a relação comprimento/raio é ESTRUTURAS TUBULARES
pequena. Para este tipo de estruturas a No caso da resistência à encurvadura por
trajectória de equilíbrio não é linear desde o compressão à temperatura ambiente e
início do carregamento e a instabilidade conforme proposto pelo Eurocódigo3
ocorre por snap-through quando se atinge o Part1-1, 2003, a carga limite define-se pela
ponto limite, (trajectória BF do gráfico da expressão:
figura 1). χ A fy
No caso em que a relação Nb,Rd = (1)
comprimento/raio é muito grande, a γ M1
deformação não envolve encurvadura Para cada classe da secção recta em
localizada da secção recta e o estudo da estudo, definem-se os vários parâmetros
instabilidade pode ser efectuado com base desta equação. A é a área da secção recta,
na resistência à encurvadura por f y a tensão de cedência do material e γ M 1
varejamento, conforme regras apresentadas um factor parcial de segurança igual a 1.
em códigos e regulamentos. O cálculo do factor de redução χ
Na figura 2 observam-se estes dois tipos
de fenómenos, conforme ensaios realizados respeitante à equação 1, deve ser
em estruturas tubulares. determinado em função da esbelteza
adimensional λ , sendo este factor inferior
ou igual à unidade.
1
χ= (2)
φ + (φ − λ )
2 2 0 .5
2.5 0.02
B
90º
2.0
Deslocamento lateral [mm]
1.5 0.01
1.0 A A
0.0
0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000
Carga [Kgf] -0.01
El Desenvolvido Não Linear Cosmos_Nao Linear (Beam) Ensaio1 Ensaio2
B 270º
Fig. 5a – Deslocamento lateral em função da carga -0.02
de compressão incremental, à temperatura ambiente, -0.02 -0.01 0.00 0.01 0.02
L=0.38[m].
Secção não deformada Secção deformada
30.0
A-A Deslocamento w (0º-180º)
20.0
10.0
0.0
0 250 500 750 1000 1250 1500
Carga [Kgf]
1.0
Factor de Redução
0.8
0.6
0.4
Raio
0.2
0.0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 -0.02 -0.01 0 0.01 0.02
Esbelteza Adimensional
Curva Euler Curva_EC3 Cosmos_(beam) Fig. 8b - Deslocamento lateral no tubo a 90º-270º.
El Desenvolvido Ensaio1 Ensaio2
1.2
1.0
Factor de Redução
0.8
0.6
0.4
0.2
0.0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
Esbelteza Adimensional (Altas Temperaturas)
Raio
EC3 (Tempªs elevadas) El desenvolvido (T=100ºC)
El desenvolvido (T=200ºC) El desenvolvido (T=300ºC)
-0.03 -0.02 -0.01 0 0.01 0.02 0.03
Fig. 9 – Limite de resistência atingido.
Fig. 11b - Deslocamento lateral no tubo a 90º-270º.
As figuras 10 e 11 representam a secção
deformada a meio da estrutura para uma
carga de compressão de 8[kN]. A secção 5 - CONCLUSÕES
não deformada representa a secção recta Apresentou-se o estudo do fenómeno de
inicial da estrutura à temperatura ambiente. encurvadura por varejamento em elementos
O elemento estrutural utilizado tem 1[m] de tubulares. Utilizaram-se os métodos de
comprimento e é submetido à temperatura dimensionamento estabelecidos nos
de 200[ºC]. Eurocódigos para situações de temperatura
ambiente e a altas temperaturas. Os estudos
0.03
B
90º efectuados utilizaram um elemento finito
0.02 tubular desenvolvido, em regime não
linear. Realizaram-se ensaios à temperatura
0.01
ambiente para a determinação da carga
0.00
A A
limite resistente atingida na estrutura.
180º 0º
Utilizou-se o elemento finito de viga do
-0.01 programa Cosmos nas mesmas condições
-0.02
dos problemas em estudo. O elemento de
B 270º tubo desenvolvido apresenta capacidades
-0.03 de cálculo para análise não linear,
-0.03 -0.02 -0.01 0.00 0.01 0.02 0.03
utilizando um procedimento incremental e
Secção não deformada Secção deformada
iterativo.
Fig. 10 - Deformada a meio vão na secção tubular.
6 - REFERÊNCIAS
ESDEP-European Steel Design Education
Programme, WG 8 –Plates and Shells,
Design of Unstiffened Cylinders, CD- Flügge W.; Thin Elastic Shells, Berlim:
electronic version. Springer, 1973.
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prEN 1993-1-2, Eurocode 3 - Design of Steel Numerical Comparison, WIT Press,
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