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22 a 27 de Junho de 2003
Rio de Janeiro - RJ
Artigo 37603002
(1)
Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG
(2)
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
1. RESUMO desligadas.
Considerando que a LT sob falta interliga dois sistemas
ou uma geração remota a um centro de carga, vários
Este trabalho propõe a eliminação de defeitos tipo fase- benefícios podem ser obtidos com a aplicação do
terra em Linhas de Transmissão - LTs de Extra-Alta
RA1∅, dentre os quais destacam-se os seguintes:
Tensão - EAT, aquelas que operam em níveis superiores
melhoria na confiabilidade e disponibilidade da
a 230 kV, através da abertura e do religamento apenas
transmissão de potência, melhoria da estabilidade
da fase faltosa. O religamento se dará com tempo
transitória, redução de sobretensão de chaveamento,
adaptativo e dependente da duração da ionização do ar
mitigação de esforços torsionais nos eixos de unidades
no ponto de falta. Essa técnica é conhecida como
geradoras, limitação da potência acelerante nas unidades
Religamento Monopolar Adaptativo - RA1∅A. Logo, geradoras, diminuição da necessidade de ampliações no
considerando-se uma linha de transmissão sob falta fase- sistema elétrico e redução dos requisitos de dispositivos
terra eliminada pela abertura monopolar, a de controle discretos.
adaptabilidade da proposta determina que, caso o tempo
dessa ionização seja reduzido, pode-se acelerar o 3. ESTUDOS PRELIMINARES
religamento da fase faltosa. Por outro lado, se esse
tempo for demasiadamente longo, propõe-se a abertura
das fases sãs e o bloqueio do religamento automático da Um dos estudos preliminares para a aplicação do RM é
linha de transmissão. o estudo de estabilidade angular dinâmica, o qual está
relacionado com a ocorrência de perturbações grande
Palavras Chave: Proteção Digital, Esquemas de porte no sistema, tais como curtos-circuitos em linhas de
Proteção Numérica, Linhas de Transmissão, transmissão, que provocam a instabilidade do ângulo de
Religamento Monopolar Adaptativo. defasagem interno das unidades geradoras. Este tipo de
fenômeno impõe um limite máximo ao tempo morto
2. INTRODUÇÃO (TM) de religamento, já que este tempo não poderá ser
tão longo a ponto de implicar perda de sincronismo entre
as unidades geradoras ou sistemas interligados pela LT.
Para faltas em linhas de transmissão de EAT envolvendo
uma única fase à terra, o religamento monopolar Outro estudo importante trata da corrente de arco
(RA1∅), ou seja, a abertura e o religamento apenas do secundário IS , a qual flui pelo caminho do arco primário,
pólo do disjuntor relativo a essa fase tem se apresentado após a abertura do pólo do disjuntor correspondente à
como alternativa viável e interessante. Se comparada à fase faltosa em ambas as extremidades da linha. Ela flui
abertura e ao religamento tripolar, tradicionalmente em virtude do acoplamento eletromagnético e
aplicados, essa filosofia possibilita poucos investimentos principalmente eletrostático da fase em falta com as
e obtém melhorias significativas na continuidade da duas fases sãs e também com linhas paralelas que
transmissão de grandes blocos de potência, através das porventura existam[7]. Este tema estuda também a o
fases não envolvidas com o distúrbio, as quais não são comportamento da tensão de restabelecimento VR, a qual
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aparece no caminho da falta quando cessa a corrente IS, LTs, ilustrada pela Figura 2 a seguir e demonstrado em
conforme mostra a Figura 1 a seguir. Este estudo impõe [4,7], na forma matricial, como
o limite mínimo ao TM de religamento. Se, decorrido o
tempo morto, o religamento daquela fase ocorrer com a VR ( x ) E F VE
corrente de arco secundário em curso, a corrente de arco = ⋅ (1)
I R ( x) G H IE
primário se estabelecerá novamente, e nova atuação da
proteção ocorrerá, resultando na abertura do disjuntor e
caracterizando um religamento não satisfatório. onde
Verifica-se portanto que o RM deve ocorrer num tempo
morto tal que o caminho do arco já esteja desionizado. E = H = cosh (γ x)
F = − Z c senh (γ x) (2)
-jXC∆ jXm
jXm
G = −Yc senh (γ x)
-jXC∆ -jX C∆ jXm
sendo γ a constante de propagação de linha e x a
-jXCG -jXCG -j
XCG IS
VR
distância do terminal emissor da linha até o terminal
receptor, representados respectivamente pelos subscritos
E e R.
IE LT IR
Figura 1: Representação da corrente IS e da tensão VR E F
em termos de grandezas do circuito VE VR
G H
4. SISTEMAS DE PROTEÇÃO DE LTs
APLICADOS AO RELIGAMENTO
MONOPOLAR Figura 2: Circuito equivalente de uma LT na forma do
quadripolo EFGH
A definição do esquema de proteção da LT determina o Conclui-se da Equação (1) e da Figura 2 que podem ser
comportamento do sistema de proteção durante os obtidos os valores de tensão e corrente em qualquer
instantes de ocorrência, eliminação e restabelecimento ponto de uma LT a partir do conhecimento das tensões e
de uma perturbação no sistema. correntes em um dos terminais, das constantes EFGH e
da distância x até aquele ponto [7].
Daí decorre a necessidade da proteção detetar uma
perturbação ocorrida e promover sua correta eliminação. As tensões e correntes que fluem no sistema de potência
Então, após a ocorrência de qualquer perturbação no apresentam-se, no campo, na forma analógica e em
sistema elétrico, a proteção da LT deve ser capaz de níveis elevados de intensidade. Portanto há a
determinar a direcionalidade e discriminar a carga do necessidade de redução de intensidade, condicionamento
circuito para, posteriormente, responder se a falha está e conversão para a forma digital, além da estimação dos
ou não dentro da zona de proteção e qual ou quais são as fasores e do processamento matemático, de forma a
fases envolvidas. poderem ser trabalhadas internamente na proteção.
Diante disso uma proteção digital básica possui módulos
Portanto, a habilidade de identificar as fases envolvidas [3,7] de condicionamento de sinais (amostragem,
em uma falta, conhecida como seleção de fase é tarefa filtragem, etc), de conversão A/D, de processamento
de suma importância realizada pela proteção, visando o digital, composto de hardware e software (filtragem
desligamento apenas da fase faltosa. digital anti-aliasing, estimação de fasores e o
processamento matemático, conforme o princípio de
5. MODELAGEM DE LTs E ESTIMAÇÃO DE operação da proteção).
FASORES NA PROTEÇÃO DIGITAL
A estimação dos fasores fundamentais de tensão e
corrente deve minimizar erros, tendo em vista que,
Os sistemas de proteção de um sistema elétrico exigem, mesmo filtrados, os sinais possuem uma componente de
na entrada dos equipamentos destinados a esse fim, os corrente contínua decrescente e podem apresentar
valores instantâneos de tensão e corrente das três fases harmônicos de baixa ordem. Os trabalhos [3,7] oferecem
da linha de transmissão provenientes dos uma análise detalhada do filtro que utiliza o Método dos
transformadores de potencial (TPs) e de corrente (TCs). Erros Mínimos Quadrados (MMQ), destinado à
Com esses valores é possível estimar os fasores estimação de fasores, o qual devido sua robustez e
associados a essas grandezas. Ainda, utilizando-se um relativa rapidez possui larga utilização prática e foi
modelo matemático para a LT que atenda determinados utilizado neste trabalho.
requisitos, pode-se estimar os fasores associados às
tensões e correntes em qualquer ponto da linha de
transmissão. A partir do modelo incremental de uma LT
chega-se a solução fechada para as equações de onda de
2
6. NOVA PROPOSTA DE RELIGAMENTO religamento. Caso não ocorra a extinção de IS, ou seja,
MONOPOLAR ADAPTATIVO se constatada sua duração prolongada, decide-se pela
abertura das fases sãs e pelo bloqueio do religamento
Segundo [7], a filosofia de religamento atual sugere “o monopolar. Um exemplo típico do comportamento de IS
religamento somente se for seguro”. Resta, então, e VR é mostrado na Figura 4 a seguir.
responder às questões: Quando é seguro efetuar o
religamento? Quando não é seguro efetuá-lo? Pode-se notar que durante o período de circulação dessa
corrente, a tensão, naquele ponto, é zero ou próxima de
Tratando-se de religamento monopolar, responde-se zero, ao passo que, após sua extinção, irá aparecer, no
essas questões determinando-se, de forma precisa, o ponto de falta, uma tensão de restabelecimento VR
instante da extinção text da corrente de arco secundário IS diferente de zero, conforme ilustrado pela Figura 5.
nos casos em que ela ocorra ou, caso contrário, sua
presença por um período demasiadamente longo, nos ICC
IS
casos onde a extinção não ocorra. A técnica conhecida text Zero
como religamento monopolar adaptativo consiste em IS
os rotativos; melhorar a qualidade de suprimento de Carga Normal Arco secundário Tensão Restabelecimento
RPS RPS
energia e aumentar a taxa de sucesso do religamento RPS
Considere uma LT submetida a uma falta fase-terra, A Figura 5 traz o diagrama unifilar representativo da
eliminada por meio da abertura monopolar em ambos os Figura 4, acrescido da LT dividida em dois trechos
terminais, de acordo com a Figura 3. O TM adaptativo modelados por dois quadripolos [EFGH]I e [EFGH]II, os
ou dinâmico dependerá diretamente da duração da quais representam os trechos da LT a partir de cada
corrente de arco secundário IS que flui no ponto de falta. terminal até o ponto de falta.
Busca-se, conforme visto anteriormente, identificar sua
extinção ou sua permanência durante um longo tempo. SE I SE II
I II
SE - I SE - II
Quadripolo I F1 Quadripolo II
IEI IRI IRII IEII
E F E F
G H G H
IR = IS
VEI VR VEII
VR
IS
Figura 5: Diagrama unifilar de uma LT, durante
operação de fase aberta e falta no ponto F1
21-I 21-II
Figura 3: Diagrama trifilar de uma LT durante Após o condicionamento dos dados, estima-se os fasores
operação com fase aberta e falta na fase A relativos às tensões e correntes em cada terminal (VEI , IEI
e VEII , IEII ). Posteriormente, considerando-se o
A proposta aqui elaborada consiste em estimar os conhecimento das distâncias I e II, dos terminais I e II
fasores em regime permanente senoidal de IS e VR no até o ponto de falta e aplicando-se a equação (1), chega-
ponto de falta, durante esse período, a partir dos dados se a Equação (3) abaixo.
de tensão e corrente das três fases de ambos os terminais
da linha de transmissão. Para tanto,
VRI EI FI V
faz-se uso das constantes generalizadas da LT (EFGH) e = ⋅ EI (3)
da distância, suposta conhecida, até o ponto de falta, I RI GI HI I EI
proveniente da função de localização de faltas efetuada
pela proteção digital. Com base no comportamento dos Assim pode-se obter IRI e VRI a partir dos dados do
valores estimados de IS e VR, consegue-se determinar o terminal I. Analogamente, utilizando-se os dados do
instante exato da extinção da corrente de arco terminal II, pode-se obter IRII e VRII , concluindo-se então
secundário IS, decidindo-se pela aceleração do
3
que a tensão no ponto de falta VR pode ser determinada outro valor diferente de zero, promove-se o religamento
tanto a partir dos dados do terminal I, quanto dos dados automático. Este critério apesar de não supervisionar
do terminal II, de forma independente, utilizando a diretamente o fasor IS como outro método descrito em
Equação (3). [7], apresenta a vantagem de não depender dos dados de
tensão e corrente de ambos os terminais, conforme a
Por outro lado, a parcela IRI da corrente de falta da equação (3).
Equação (3) é obtida para o terminal I e analogamente
obtém-se para o terminal II a parcela IRII . Logo a soma
fasorial de ambas as correntes IRI e IRII define a corrente 6
x 10
5 Tensao no ponto de falta V
R IeII
total de falta, que é igual à corrente total de arco Valor instantaneo original
Valor da envoltoria V
Valor da envoltoria V
RI
secundário, ou seja 4
RII
• • • • 2
I S = I R = I RI + I RII (4) ]
V[
0
o
-2
terminais possuem componentes de corrente alternada Figura 6: Tensão total no ponto de falta VR original e
(CA) e de corrente contínua (CC), é muito importante valor de envoltória estimada
lembrar que a equação (1) deverá ser aplicada
separadamente para cada componente devido às Corrente de arco secundario I
componentes. 200
Ampliação #1
da figura anterior
Para consistir o método proposto, foi feita uma A
]
[
100
entrada de tais rotinas foram os valores instantâneos de 0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16
Tempo [ s ]
0.17 0.18 0.19 0.2
descrito a seguir.
Arco secundário
ttext IS extinta
Carga Normal
RPS RPS
Uma vez obtido o valor da envoltória de VR, estimado no
ext
ponto de falta a partir dos dados de um dos terminais, a Figura 8: Comportamento de VR e definição de faixa
decisão é tomada de forma direta, ou seja, quando é de valores diferentes de zero
detectada a mudança de estado de VR do valor nulo para
4
condição, VES é igual a zero, calcula-se um erro
7. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS absoluto da seguinte forma:
Erro absoluto ε = (VEF − VES )
Visando fazer uma avaliação quantitativa da nova
proposta, simulou-se no ATPDraw um caso base de 7.2 – Instantes de medição
falta fase-terra na LT do sistema, ilustrado pela Figura 9
abaixo, seguido da abertura monopolar e da extinção do Com a finalidade de permitir o cálculo dos erros acima
arco secundário. foram definidos os instantes de medição, ilustrados pela
Figura 10, da seguinte forma:
SE I
500 kV SE II
~ ZEI IS 13,8 kV
ZEII
~ durante o TM de religamento, 1,0 ciclo antes da sua
extinção, onde calcula-se o erro absoluto, já que VES
VR é igual a zero.
ZEIII
• instante de medição “d”- avalia o comportamento
~
EIII
do fasor VR depois de decorridos 1,5 ciclos da
extinção de IS, onde calcula-se o erro percentual.
medição dos valores, para cada critério proposto. Figura 10: Instantes de medição “c” e “d” - fasor VR
Finalmente foram simulados diversos casos Tabela 1: Identificação do tempo de extinção baseado
contemplando variações das condições ou de parâmetros no fasor estimado de VR
do sistema, sendo os dados de saída dessas simulações Identificação text baseado no fasor VR
submetidos às rotinas desenvolvidas. Repetiu-se o
procedimento de comparação dos resultados,
calculando-se os erros nos respectivos instantes de Instante “c” Instante “d”
medição. VES VEFI VEFII εVR VES VEFI VEFII εVR%
[kV] [kV] [kV] [kV] [kV] [kV] [kV] [%]
As condições simuladas no caso-base são associadas a
0 0,5 0,4 117,8 117,1 117,6
uma falta fase-terra na LT do sistema-exemplo de 0,5 -0,6
500 kV, com uma LT de 346 km, 60 Hz, carga de
1125 A (974 MVA), ângulo de incidência da falta na Como os resultados relativos ao caso base foram
tensão de 90º, resistência de falta de O Ω, falta em 50% satisfatórios, simulou-se variações da distância da falta
da LT, parâmetro de localização de falta a 50% da LT ao longo da LT, do carregamento e da freqüência do
(esse dado é utilizado pelas rotinas do Matlab) e sistema, do comprimento da LT, do ângulo de incidência
relação entre fontes igual 1,0. da falta, da resistência da falta, da relação entre fontes
SIR e do parâmetro de localização de falta (usado nas
7.1 – Definição dos Erros rotinas desenvolvidas) [7]. A seguir são mostrados
apenas os resultados mais relevantes.
Para efeito de comparação dos valores estimados com os
valores esperados foram definidos dois tipos de erros Variação da distância de falta até os terminais da LT
5
faltas localizadas em 0 e 100% da LT ao final do Ressalta-se ainda que o valor esperado no instante “d”
trabalho. pode ser calculado de forma aproximada conforme
Foi encontrado o valor máximo de 1,3 kV para um valor mostram [1,7] podendo ser comparado com o valor
esperado zero de VR no instante “c” e um erro máximo encontrado nesse instante visando a detecção de text .
de 1,9% acima do valor esperado no instante de medição
“d”. O valor esperado no instante “d” corresponde a CONCLUSÕES
22,7% da tensão nominal (Vn) da LT. Isto significa dizer
que o fasor estimado VR passou do valor 1,3 kV no Neste trabalho foi inicialmente abordado o tema
instante “c” para 113,5 kV no instante “d”, Religamento Monopolar contemplando seus benefícios,
caracterizando a mudança de estado e, portanto, a os estudos e aspectos de proteção relacionados, bem
efetiva extinção da corrente de arco secundário. como a modelagem de LTs e estimação de fasores na
proteção digital. Esses dois últimos itens subsidiaram
Variação da freqüência do sistema uma proposição inovadora de aplicação deste tipo de
religamento com tempo morto adaptativo, dependendo
Foram simulados casos com variações da freqüência de do tempo de duração da corrente de arco secundário.
operação em regime permanente desde 58,5 Hz até 61,5
Hz em carga média, com a localização do ponto de falta 100
Erro maximo V
Rca
- Instante de mediçao "c"
Erro [kV]
Encontrou-se um valor de 4,3 kV para o instante “c” e o 40
erro máximo de 5,5% no instante “d”. Esses erros o
r
r
20
E
máximos encontrados possibilitam concluir que a 0
proposta não sofre influência significativa das variações 0 100
Carga Leve
% 20
[
Erro [%]
o V =21.8 % de V na pre-falta
0 R R
r
r
E -10
As rotinas desenvolvidas no Matlab dependem do -20
parâmetro de localização de faltas, provenientes da 0
Local da falta [ % ]
100
6
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[4] PEREIRA, C., Equivalentes a Filtros Digitais para Belo Horizonte, 2002. (Dissertação, Mestrado em
Simulação em Tempo Real de Transitórios em Sistemas Engenharia Elétrica).
Elétricos, COPPE-UFRJ, Rio de Janeiro, 1997. (Tese,
Doutorado em Engenharia Elétrica).