MODELOS DE ESTRUTURAÇÃO

DE AULAS PARA A
APRENDIZAGEM DOS ALUNOS
POR MARIA LUIZA RAMOS
 ELOS EDUCACIONAL

AUTORA

Maria Luiza Ramos

TÍTULO
Modelos de estruturação de aulas para a
aprendizagem dos alunos
EDIÇÃO
1ª
LOCAL
Santo André

EDITORA

Elos Educacional
DIAGRAMAÇÃO
Letícia Manchini Santos
ANO DA PUBLICAÇÃO
2020
ISBN
978-65-86579-06-2 01

MODELOS DE ESTRUTURAÇÃO DE AULAS PARA
A APRENDIZAGEM DOS ALUNOS
No momento em que as escolas
foram fechadas, temos visto
professores reinventando suas
práticas pedagógicas, transferindo
as aulas para o ambiente on-line.
Para isso, tiveram que acelerar
seus aprendizados sobre
tecnologias digitais e o esforço
para que tudo aconteça está sendo
enorme e de grande valor.
Porém, até porque “estamos
trocando os pneus com o carro
andando”, como diz o ditado
popular, temos visto muitas aulas
que poderiam atingir melhor os
estudantes se tivessem uma
estrutura bem organizada.
Neste texto, pretendemos dialogar
com você, professor e formador,
sobre a importância da
estruturação de aulas para garantir
que todos os alunos se engajem na
aula e aprendam. Para tanto,
apresentaremos as propostas de
três autores - Doug Lemov,
Bernice McCarthy e Jair Passos.
Partimos do princípio de que a
aprendizagem se dá na interação
ELOS EDUCACIONAL
do estudante com o professor e
com o conteúdo. Portanto,
iniciamos com algumas perguntas:
- Você, professor, tem clareza do que
seus alunos vão aprender com sua
aula ou sequência didática?
- Você sabe como desenvolver sua aula
ou sequência didática para favorecer o
aprendizado de todos seus alunos?
- Você segue uma estrutura nas suas
aulas presenciais e no ensino remoto?
Mesmo que sua resposta tenha
sido positiva para todas as
perguntas, está convidado a
refletir conosco em como melhorar
seu desempenho didático. Se a boa
comunicação do professor, uma
boa explicação do conteúdo e das
atividades, são importantes para o
sucesso da aula presencial, no
ensino remoto elas são essenciais
para garantir a aprendizagem dos
estudantes.
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Apesar da boa vontade dos professores, temos visto diversas videoaulas com
explicações em que falta uma sequência lógica que permita uma boa
compreensão por parte do aluno. Na reabertura das escolas, o ensino híbrido
provavelmente será a opção para garantir a segurança de todos - alunos e
profissionais da Educação. Assim, muitos professores deverão continuar
ensinando remotamente em paralelo às aulas presenciais. Agora, mais do que
nunca, as aulas precisam ser estruturadas de maneira que atinjam todos os
estudantes de forma efetiva e mais rapidamente.

Lemov (2018, p. 130) acompanhou durante um certo tempo excelentes

professores e constatou que todos seguiam um modelo de estrutura que
implicava em uma progressão consistente de atividades que foi denominada
“Eu,
nós, vocês”. Nesse modelo, o professor começa a aula como responsável
principal pela atividade e, aos poucos, vai passando a responsabilidade da
ação para os alunos.

Esse modelo de estrutura pode ser representado no quadro a seguir:

ETAPAS NOME DA ETAPA QUEM ESTÁ FAZENDO? O QUE ESTÁ FAZENDO?

EU EU FAÇO PROFESSOR PRESENTANDO

(PROFESSOR) OBJETIVOS E INFORMAÇÕES.

EU FAÇO, VOCÊ AJUDA PROFESSOR REALIZA ATIVIDADE

NÓS (PROFESSOR E ALUNO) COM A COLABORAÇÃO DOS
ALUNOS.

VOCÊ FAZ, EU AJUDO ALUNO REALIZA ATIVIDADE

NÓS (ALUNO E PROFESSOR) COM APOIO DO PROFESSOR.

VOCÊ VOCÊ FAZ... ALUNO FAZ

(ALUNO) ATIVIDADE SOZINHO.

VOCÊ E FAZ... E FAZ... E FAZ ALUNO FAZ MAIS

(ALUNO) ATIVIDADES SOZINHO.

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A estrutura “Eu, nós, vocês” pode De acordo com essa teoria, os

ser usada em boa parte do tempo, estudantes têm quatro estilos
no decorrer do ano, pois é eficaz e diferentes de aprender:
fácil de ser implementada. Todavia,   
ela pode ter variações, Sentindo e assistindo 
modificando vez por outra a ordem Estudantes estão interessados no
das etapas, de maneira a favorecer valor e significado do que estão
o alcance do objetivo de aprendendo, o “por quê?” do
aprendizagem da aula ou sequência assunto. Kolb denominou esse grupo
didática. como “Divergentes”. Os professores
devem incentivá-los mostrando as
Outro modelo de estruturação de razões do que será ensinado na aula
aula que favorece o aprendizado ou sequência didática, mostrando o
de todos os alunos é o proposto objetivo e o quanto lhes será útil o
por Bernice McCarthy, professora que deverão aprender.
Phd, que desenvolveu o “4MAT”
em 1987. Segundo Pacheco (2001, Observando e refletindo 
p. 24), essa denominação se deve São os estudantes que aprendem
ao fato de “se tratar de uma matriz pela observação. Estão interessados
de quatro células e um evidente em fatos, em conhecimentos e
trocadilho com a pronúncia inglesa informações de especialistas, enfim
da palavra ‘formato’ (‘Four Mat e estão focados em “o que” será
‘format’)”. ensinado. Kolb os denominou como
“Assimiladores”. Os professores
McCarthy baseou-se em vários atendem a esses alunos
estudos sobre a função do cérebro apresentando-lhes as informações
humano e aprendizado, inclusive teóricas e explicações sobre o
Programação Neurolinguística, conteúdo e atividades da aula ou
para definir esse modelo. Sua sequência didática.
principal referência para
desenvolver esse sistema foi a Refletindo e fazendo
Teoria de Estilo de Aprendizagem trata-se dos estudantes que gostam
de David Kolb[1], teórico da de refletir e depois fazer alguma
educação e professor. coisa prática.

[1] David Kolb David Allen Kolb é um teórico da educação, professor de Desenvolvimento Organizacional,
cujos interesses e publicações concentram-se na aprendizagem experiencial, mudança individual e social,
desenvolvimento de carreira e executivo e educação profissional. Ele é o fundador e presidente da
Experience Based Learning Systems, Inc. (EBLS) e professor emérito de comportamento organizacional na
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Weatherhead School of Management, Case Western Reserve University, Cleveland, Ohio. Fonte: Wikipedia

Estão interessados em atividades
práticas e em “como” aplicar seus
conhecimentos no mundo real.
Foram denominados por Kolb
como “Convergentes”. Os
professores atingem esse grupo
dando-lhes exercícios e atividades
práticas e orientando-os na
execução.
  
Fazendo e sentindo  de aprendizagem, percorrendo o
Reúne os estudantes que se
interessam pelas possibilidades
que o conhecimento cria e
maneiras de adaptá-lo a outras
situações. A pergunta que os
motiva é “e se” isso fosse possível
em outra situação? Kolb os
identifica como “Acomodadores”.
Os professores podem atuar como
consultores desses alunos,
explorando perguntas sobre o que
poderia acontecer ao aplicarem
futuramente o que estão
aprendendo e em que outros
contextos o que aprenderam pode
ser usado.
Ainda segundo Kolb, cada um
desses quatro grupos de
estudantes é focado em uma seção
de um ciclo de aprendizagem e
McCarthy usou esses quatro
estilos para definir o ciclo de
aprendizagem que constitui o
4MAT.
ELOS EDUCACIONAL
Philippe (2017) esclarece que esse
modelo fornece uma estrutura de
aula ou de sequência didática que
responde às necessidades e
interesses dos quatro grupos de
alunos, enquanto os guia durante o
processo de construção de
conhecimentos, permitindo que
todos aprendam. O professor
consegue atender aos quatro estilos
seguinte ciclo de ações:
1 - iniciar a aula envolvendo o aluno por meio
da criação de uma nova experiência que capte
sua atenção e curiosidade sobre o que será
ensinado - é a fase do “por quê?”; nesse
momento, o professor atua como um
facilitador;
2 - compartilhar conhecimentos com uma base
teórica e conectando-os com o mundo real -
fase do “o quê”; aqui o professor desempenha o
papel de especialista no assunto;
3 - colocar os alunos em uma situação de
aplicação de todas as informações
compartilhadas durante a segunda fase do
ciclo - fase do “como”; nessa fase o professor
passa a atuar como um mentor ou facilitador
da atividade prática;
 
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4 - fazer os alunos pensarem sobre como
adaptar e refinar o que aprenderam para que
possam aplicar esse conhecimento em
situações diversas do mundo real - fase do “e
se”; nessa fase, o professor assume o papel de
avaliador do processo.
Passos (2016, p. 196) inspirou-se
nos estudos de Kolb e no modelo
4MAT para propor uma progressão
de aula em cinco fases ou passos, a
qual denominou “Metodologia dos 5
passos”:
Motivação e discussão inicial (por quê?)
é a fase da contextualização,
problematização, levantamento de
conhecimentos prévios).
Atividades sugeridas: apresentar logo no início
da aula a relevância do tema, seu objetivo e as
razões lógicas, porque é importante estudá-lo,
sua contextualização. Pode-se iniciar com uma
música, história, metáfora, imagem, livro,
filme, desenho, levantamento de
conhecimentos.
Informação (o quê?)  fases anteriores e uma autoavaliação
fase em que o professor promove uma
abordagem dialogada do conteúdo.
ELOS EDUCACIONAL
Atividades sugeridas: apresentação dialogada
dos conteúdos conceituais e a retomada das
questões levantadas na contextualização. A
linguagem deve ser clara e adequada à faixa
etária. Pode-se usar recursos visuais como
apoio, tais como filmes, textos, mapas, tabelas,
documentos etc., todos devidamente
referenciados e contextualizados.
  
Aplicação (como?)
aplicação do conteúdo por meio de uma
atividade prática.
Atividades sugeridas: realização de exercícios e
atividades práticas, que contemplem
habilidades cognitivas e ou socioemocionais, que
contribuam para o alcance do objetivo da aula.
Sempre que possível, o professor deve
estimular a interlocução, a cooperação, a
coautoria, convidando o aluno a desenvolver
sua autonomia, tornando-se o protagonista de
sua própria aprendizagem.
  
Autoaprendizagem
o aluno faz uma síntese, uma retomada das
do que aprendeu.
Atividades sugeridas: o professor propõe
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atividades que favoreçam a compreensão dos ver como elemento comum a

conceitos, utilizando-os para a sistematização progressão consistente das
do que foi estudado. Pode-se propor um teste; atividades, cujo protagonismo passa
um registro das aprendizagens realizadas; uma gradativamente do professor para os
síntese por meio de gráficos, mapas conceituais alunos.
etc., que permita ao aluno fazer uma avaliação
do que aprendeu.

EU, NÓS, 4MAT METODOLOGIA

   VOCÊS DOS 5 PASSOS
Autodescoberta (E se? Como seria se?) 

refere-se a uma atividade de ampliação do

conhecimento.
LEMOV BERNICE JAIR
MCCARTHY PASSOS
Atividades sugeridas: nesta fase, o professor
estimula o aluno a ir além do que foi estudado,
refletindo sobre como usar o aprendizado em
MOTIVAÇÃO
outros contextos. Como apoio ao estudante, EU POR QUÊ? E DISCUSSÃO
podem ser indicados sites, revistas, livros, INICIAL
filmes, videoaulas, visitas físicas ou virtuais a
museus, centros de pesquisas e outros.
NÓS O QUÊ? INFORMAÇÃO
Como vemos, Passos se preocupou
em introduzir uma fase intermediária
entre a etapa do “como” e a do “e NÓS
se”, o que, no nosso ponto de vista,
COMO? APLICAÇÃO
representa um refinamento e avanço
ao modelo 4MAT, pois deixa bem VOCÊS
destacada a necessidade da
sistematização e avaliação do
aprendizado por parte do aluno. AUTOAPRENDIZAGEM

No quadro a seguir, apresentamos

uma comparação dos três modelos
de estruturação de aula ou VOCÊS E SE? AUTODESCOBERTA
sequência didática, em que podemos

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 ELOS EDUCACIONAL

Como já dissemos ao apresentar o modelo de Lemov, há possibilidade de

variação eventual da sequência das fases de uma estrutura, a fim de atender
ao objetivo de aprendizagem proposto. Porém, é fundamental que todas elas
sejam realizadas, pois só assim, será possível atender as necessidades e
interesses de todos os alunos.

Concluindo, o que queremos deixar como mensagem neste texto, é que uma
aula ou sequência didática precisa ter uma estrutura que permita ao
professor ter clareza do que está fazendo, onde quer chegar com cada parte,
e que a estrutura escolhida lhe permita monitorar o que e como os alunos
estão aprendendo, tanto nos momentos presenciais, quanto no ensino
remoto. Entendemos também que uma aula bem estruturada, seguindo um
desses modelos contribui muito para o engajamento dos alunos.

Agora, é com você, professor ou formador! Que tal escolher uma estrutura e
usá-la a partir de agora? Ah... qualquer uma dessas estruturas pode ser
aplicada também nas comunicações escritas... Que tal experimentar? E, em
que outros contextos interativos você pode aplicar estruturas
comunicativas?

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 ELOS EDUCACIONAL

REFERÊNCIAS

LEMOV, Doug. Aula Nota 10 2.0: 62 técnicas para melhorar a gestão

da sala de aula. Tradução: Marcelo de Abreu Almeida, Sandra Maria
Mallmann da Rosa; revisão técnica: Fundação Lemann, Elos
Educacional, Centro de Excelência e Inovação em Políticas
Educacionais. 2ª ed. Porto Alegre: Penso, 2018,

McCARTHY, Bernice; GERMAIN, Clif St.; LIPPITT, Linda. The 4MAT

Research Guide. Disponível em
<http://www.4mat.dk/media/17158/research%20guide%204mat.pdf
> - Acesso em 18/07/2020

______. About Teaching: 4MAT 4MAT in the Classroom, Printed by Mid

American Printing Sistems, Inc. Chicago. IL. 2000. Edição do Kindle.

PACHECO, Gilson de Paula. Estilos de escolha no processo de

aprendizagem. Dissertação Programa de Pós-Graduação em
Engenharia da Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.
Disponível em
<https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/820
24/179170.pdf?sequence=1&isAllowed=y> - Acesso em 18/07/2020

PASSOS, Jair. Professor mediador e a neurolinguística na sala de

aula. 1ª ed. Curitiba: Appris, 2016.

PHILIPPE, Mélissa. 4MAT, a Teaching Strategy Compatible with the

Brain. Project Manager, PEEC. 02/02/2017. Disponível em
<https://www.profweb.ca/en/publications/articles/4mat-a-teaching-
strategy-compatible-with-the-brain> - Acesso em 18/07/2020
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 ELOS EDUCACIONAL

SOBRE A AUTORA

MARIA LUIZA RAMOS

FORMADORA NA ELOS EDUCACIONAL.

CURSANDO PÓS-GRADUAÇÃO NO CURSO A MODERNA EDUCAÇÃO

PELA PUC/RS.  PÓS-GRADUADA EM PLANEJAMENTO E
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR, EM NEUROEDUCAÇÃO E COM MBA EM
GESTÃO ESCOLAR E GRADUADA EM PEDAGOGIA. ATUOU COMO
PROFESSORA DA EDUCAÇÃO INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL E
MÉDIO E DO ENSINO SUPERIOR. ALÉM DISSO, ATUOU COMO
COORDENADORA PEDAGÓGICA, SUPERVISORA ESCOLAR,
ASSESSORA TÉCNICA NA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO, COMO
FORMADORA DE EDUCADORES, CONSULTORA EM EDUCAÇÃO
E COACH.

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 ELOS EDUCACIONAL

SOBRE A ELOS EDUCACIONAL

A ELOS EDUCACIONAL, CRIADA EM 2011, SURGIU DO DESEJO DE

CONTRIBUIR COM A MELHORIA DA EDUCAÇÃO DO NOSSO PAÍS POR MEIO
DA FORMAÇÃO DOS EDUCADORES.

É UMA INSTITUIÇÃO DE CONSULTORIA EDUCACIONAL QUE TEM COMO

PRINCIPAL OBJETIVO CONTRIBUIR COM A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
EQUIPES GESTORAS COM ÊNFASE NA GESTÃO E PRÁTICA DE SALA DE
AULA.

A EMPRESA NASCEU DA EXPERIÊNCIA ACUMULADA DE DUAS EDUCADORAS

QUE ATUARAM COMO PROFESSORAS E GESTORAS DE ESCOLAS PÚBLICAS E
PRIVADAS DA GRANDE SÃO PAULO E QUE GOSTARIAM DE COMPARTILHAR
SUAS EXPERIÊNCIAS COM OUTROS EDUCADORES QUE QUEREM SER
AGENTES DE TRANSFORMAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA.

PARA MAIS CONTEÚDOS E

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