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2º Ano | 2º Semestre
CLE 2014-2018
Índice
1. Apreciação de Pessoas, Grupos e Populações com Vulnerabilidade Acrescida 2
1.1 Conceitos Fundamentais
1.2 Intervenções de Enfermagem na Vulnerabilidade
1.3 Ciclo de Vulnerabilidade
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1. Apreciação de Pessoas, Grupos e Populações com
vulnerabilidade acrescida
a) Risco
Definição: (Vanalis,1992)
Conjunto de fatores que dependem da probabilidade de ocorrer um determinado
fenómeno.
A probabilidade da ocorrência de um acontecimento.
Como certos aspetos da fisiologia e do meio ambiente, incluindo hábitos pessoais,
meio social e meio físico tornam mais provável que uma pessoa venha a
desenvolver problemas de Saúde Específicos.
É entendido pela Epidemiologia como “a probabilidade de ocorrência de uma
doença, agravo.”
É a possibilidade/ probabilidade de qualquer coisa acontecer (exemplo: doença,
acidente).
É a probabilidade de um indivíduo ou grupo de indivíduos apresentarem um
problema de saúde. Esta probabilidade pode ser medida e expressa em Alto Risco
ou Baixo Risco.
Utilizado primeiramente pelos epidemiologistas com enfoque nos
grupos/comunidades/ populações.
Processo analítico: pretende-se a construção de um conhecimento objetivo a
partir da associação de pendor probabilístico.
b) Dano
Definição:
Problema de saúde ou resultado não desejável, expresso em termos de doença,
morte ou alteração do processo biológico do crescimento e desenvolvimento, que
se apresenta com maior probabilidade num indivíduo ou grupos de indivíduos
sujeitos a fatores de risco.
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c) Vulnerabilidade (criança, grávida, idoso, adulto)
Definição:
Implica que certas pessoas são mais sensíveis aos fatores de risco do que outras.
Processo dinâmico estabelecido pela interação dos elementos individuais, sociais,
culturais, económicos e ambientais.
Grau de suscetibilidade ou risco a que uma população está exposta de sofrer
danos.
Relação existente entre a intensidade do dano e a magnitude de uma ameaça,
evento adverso ou acidente.
Probabilidade de uma determinada comunidade/ grupo ser afetada por uma
ameaça ou risco potencial de dano.
Refere-se à pessoa (individual) e às suas suscetibilidades/ idiossincrasias ou
predisposições a respostas ou consequências negativas.
É um processo que procura a síntese através de um constructo que identifica os
elementos associados aos processos de doença, expressa as potenciais da
presença de doença relacionadas com o indivíduo que vive um determinado
contexto, sujeito a um conjunto de elementos possíveis de risco.
(Segundo Purdy) Processo dinâmico em que existe uma grande permeabilidade às
circunstâncias (suportes individuais e ambientais) que influenciam
maioritariamente/positivamente ou minoritariamente/negativamente o modo
como cada pessoa concretiza os seus objetivos.
Dimensões da Vulnerabilidade:
Dimensão Individual
Dimensão Social
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possibilidades efetivos de colocá-las em prática, tudo isso remete para aspetos
materiais, culturais, políticos, morais que dizem respeito à vida em sociedade;
A vulnerabilidade não depende só das pessoas individualmente, mas de aspetos
como:
Acesso a meios de comunicação,
Escolarização,
Disponibilidade de recursos materiais,
Poder de influenciar decisões políticas,
Possibilidade de enfrentar barreiras culturais,
Estar livre de coerções violentas, ou poder defender-se delas,
Todos estes aspetos devem ser incorporados nas análises de vulnerabilidade.
A vida das pessoas nas sociedades está sempre mediada pelas diversas instituições
sociais: famílias, escolas, serviços de saúde, etc;
Para que os recursos sociais de que as pessoas precisam para não se expor aos
fatores de risco e de se proteger dos seus danos estejam disponíveis de forma
efetiva e democrática, é necessário que existam esforços institucionais nessa
direção.
Exemplo: Hepatite C
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Modelo de Vulnerabilidade: (Rogers,1997)
O grau de vulnerabilidade varia com a relação entre os suportes individuais e
ambientais/ sociais/ institucionais.
- +
Suportes Suportes
Ambientais Individuais
+ -
- +
Vulnerabilidade
Suportes Suportes
Ambientais Individuais
+ -
- +
Vulnerabilidade
Suportes Suportes
Ambientais Individuais
+ -
- +
Vulnerabilidade
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Nem todas as pessoas com mecanismos de suporte ambiental débeis são
igualmente vulneráveis.
A vulnerabilidade é “um atributo da interação pessoa ambiente.”
Relativamente aos suportes individuais, há que ter em conta a forma como cada
um encara a realidade e as estratégias de Coping associadas.
- +
Suportes Suportes
Ambientais Individuais
+ -
- +
Vulnerabilidade
d) Vulnerabilidade Acrescida
Definição:
Em termos de saúde, significa a existência de um risco acrescido para o
desenvolvimento de problemas de saúde considerando-se a pessoa ou o grupo/
população com vulnerabilidade acrescida aqueles que estão suscetíveis a
desenvolver problemas de saúde devido à sua condição sociocultural, limitação
económica, marginalização e/ou caraterísticas pessoais tais como a idade, gênero
ou situações de doença.
Exemplos: Uma pessoa que cuida do outro está cansada, irritável, etc.; a
pessoa que está a ser alvo dos cuidados é a pessoa com vulnerabilidade
acrescida. Também populações que vêm de cidades mais pequenas, ou
interior para cidades grandes, têm medo, receio de andar de metro, de
atravessar a estrada, andar de transporte públicos, pois não estão
habituadas a esse ambiente.
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Grupos Vulneráveis:
Um grupo populacional vulnerável é um subgrupo da população que tem maior
probabilidade de desenvolver problemas de saúde como resultado da exposição
ao risco, ou ter piores resultados de saúde que a população em geral.
Os membros de grupos vulneráveis têm frequentemente riscos cumulativos, ou
combinações de fatores de risco, o que os tornam mais sensíveis aos efeitos
adversos dos fatores de risco individuais e que outros podiam ser capazes de
ultrapassar.
São grupos que social e psicologicamente e/ou materialmente estão mais sujeitos
aos fenómenos da exclusão social quer seja por motivos de saúde, orientação
sexual, género, incapacidade física ou mental, entre outros, tendo assim maior
probabilidade de desenvolverem problemas e necessidades de saúde.
Situações vulneráveis:
Pobreza;
Migração;
Doença Mental;
Comportamentos Aditivos;
Institucionalização de crianças, idosos ou em prisões;
Violência sobre as crianças, as mulheres, os idosos;
Cliente em cuidados paliativos;
Jovens de rua;
Adolescente grávida;
Sem-abrigo;
Famílias instáveis;
Vítimas de violência
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1.2 Intervenções de Enfermagem na Vulnerabilidade
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1.3 Ciclo de Vulnerabilidade
Intervenções
Fatores
Consequências
Predisponentes
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2. Intervenção de Enfermagem a clientes com
Vulnerabilidade Acrescida na transição situacional,
relacionada com situações específicas das Pessoas
Maus tratos em crianças e jovens: Dizem respeito a qualquer ação ou omissão não
acidental, perpetuada pelos pais ou outros cuidadores, que ameace a segurança,
dignidade e desenvolvimento biopsicossocial e efetivo da vítima. Os maus tratos são
sempre intencionais.
a) Negligência
Conceito:
Incapacidade de proporcionar à criança ou ao jovem a satisfação de necessidades
básicas indispensáveis para o crescimento e desenvolvimento adequados. (DGS,
2011)
Falha dos pais ou cuidadores para providenciar um nível adequado de cuidados de
forma a responder às necessidades da criança:
Síndrome de Munchausen por Procuração
Abuso Sexual
Tipos de Negligência:
Negligência física: privação da satisfação das
necessidades, alimentação, vestuário, abrigo, supervisão,
educação e saúde;
Falta de intervenções ou presença de comportamentos
desadequados: delinquências ou abuso de substâncias
Maus tratos psicológicos/ emocionais: tentativa
deliberada de destruir ou prejudicar a autoestima ou
competências da criança.
b) Abuso Físico
Abuso Físico:
Infligir de forma deliberada lesão física à criança.
O mau trato físico resulta de qualquer ação não acidental, isolada ou repetida,
infligida por pais, cuidadores ou outros com responsabilidade face à criança ou
jovem, a qual que (ou possa vir a provocar) dano físico.
Síndrome da criança abanada (sacudida ou chocalhada): agitação violenta do
latente e criança pequena.
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Sinais de alerta: não permitem diagnosticar uma situação de maus tratos já que
podem surgir como sintomas e sinais de outras entidades clínicas.
Porém, apontam para a necessidade de intervir.
Sinais de proteção: incluem variáveis biopsicossociais, que apoiam e favorecem o
desenvolvimento individual e social, e podem remover ou minorar o impacto dos
fatores de risco. Podem ser agrupados em:
Atributos de personalidade do próprio sujeito
Caraterísticas das famílias
Influências do contexto
c) Abuso Emocional
d) Abuso Sexual
Abuso Sexual:
Envolvimento de uma criança ou adolescente em atividades cuja finalidade usa a
satisfação sexual de uma adulto ou outra pessoa mais velha.
Incesto
Ofensa
Exibicionismo
Pornografia Infantil
Prostituição Infantil
Pedofília
Sinais e Sintomas:
Lesões externas nos órgãos genitais (eritema, edema, laceração, fissuras, erosão,
infeção);
Presença de esperma no corpo da criança/jovem;
Gravidez;
IST;
Laceração do lúmen;
Leucorreia persistente
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e) Bullying
Bullying:
Inflição de abuso repetido físico, verbal ou emocional de um individuo ou mais a
outros, intencionais e repetidos, praticados por um individuo (Bully) ou um grupo
de indivíduos causando dor e angústia, numa relação desigual de poder.
Pode envolver:
Ameaça ou dano corporal
Uso de arma
Atividade de gang
Pancada
Assalto
Orientações:
Instância de primeiro nível: promover os direitos das crianças e dos jovens em
geral, e garantir a sua proteção aquando de situação de risco ou perigo.
Entidades com competências em matérias de infância e juventude – associações,
autarquias, escolas, PSP, IPSS, ONS, SS e outras.
NACJR: Núcleo de Apoio à Criança e Jovem em Risco
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2.2 Ser Mulher
Atualmente:
Decréscimo da gravidez precoce nos últimos anos, mas não o desejável;
Nos últimos anos, caminhamos para a gravidez tardia
a) Gravidez Precoce
Enquadramento:
Adolescência – "fazer-se homem/mulher" – Transição entre a infância e a idade
adulta
Segundo a OMS (2008) – 2ª década de vida, 10-19 anos
Segundo Perez (2008), a adolescência tem 3 etapas:
Não existe
Adolescência primária: 10-13 anos conformidade!
Adolescência média: 14 - 16 anos
Adolescência tardia: 17 - 22 anos
Não há uniformidade nos limites cronológicos de começo e termino da
adolescência, havendo assim alguma inconformidade e pouco consenso nas
definições encontradas.
De acordo com Sachoen-Ferreira e Farias (2010), a sociedade contemporânea
ocidental estendeu o período da adolescência.
Só há pouco tempo a adolescência foi reconhecida como um período de
desenvolvimento humano.
Sachoen-Ferreira e Perez entenderam o período da adolescência não só como uma
preparação para a vida adulta mas sendo muito importante para adquirir sentido
em si mesmo, como um estágio do ciclo vital.
Existem oscilações deste período etário impostos pelas diferenças entre sexos,
etnias, áreas geográficas, culturais, condições socioeconómicas.
Verificamos assim que a adolescência não é um fenómeno universal, determinado
biologicamente já que o jovem absorve as influências das instituições sociais e dos
fatores culturais do seu meio, no processo de desenvolvimento.
A European Commission (2000) refere que a gravidez na adolescência é uma das
grandes preocupações nos países europeus e nos EUA. Esta preocupação deve-se à
grande incidência de adolescentes grávidas nestes países e porque estas
gravidezes dão origem a situações de exclusão social.
Fatores
• Biológicos
• Cognitivos
• Psicológicos
• Sociais
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Alterações caraterísticas da adolescência: Começo do processo de maturação sexual
(Puberdade)
Rapariga: Rapaz:
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A gravidez na adolescência pode resultar no abandono escolar levando a uma
profissionalização comprometida, acarretando assim, prejuízos futuro e
agravamentos nas condições de vida.
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Promoção da reflexão nos adolescentes sobre a sua vida sexual e as suas relações
com os outros;
Esclarecimento sobre as consequências negativas dos comportamentos sexuais de
risco;
Incentivo à quebra de tabus e de juízos de valor sobre a sexualidade;
Esclarecimento e aconselhamento dos adolescentes sobre a contraceção
b) Gravidez Tardia
Conceito:
Em 1958, a FIGO (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia) definiu
como “primagestas idosas” as mulheres com 35 ou anos mais de idade
*Primagestas: Idade materna avançada para definir a gestação em mulheres com 35
mulher que anos ou mais (Hansen 1986, Kane 1967)
engravida pela Idade materna avançada tem sido adotada para determinar a gravidez nas
primeira vez mulheres com 40 ou mais anos (2002) – conceção mais recente
Idade materna muito avançada foi introduzida recentemente para nos
referirmos a grávidas a partir dos 45 anos
Atualidade: Nos últimos 30 anos, a taxa de natalidade tem vindo a decrescer, mas a idade
média materna vem aumentando progressivamente.
Fatores Associados:
Melhor nível socioeconómico
Adiamento do casamento e menor paridade
Mudanças de valores sociais e padrões sociais
Diminuição do tamanho das famílias
2ºs casamentos
Aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho
Aumento das oportunidades de educação e carreira
Aumento progressivo de técnicas de reprodução assistida
Preocupações:
A idade materna mais elevada é hoje tema de grande preocupação obstétrica
pelos riscos que acarreta quer maternos quer perinatais
A idade ideal é entre os 20-29 anos para desenvolver uma gravidez
Algumas das doenças crónicas ocorrem em grupos populacionais de maior idade
observando-se assim com certa frequência doenças pré-existentes à gravidez o
que aumenta ainda mais o risco
Riscos:
Hipertensão arterial (previa/agravada ou não prévia) – pré-eclampsia complicada
com síndrome de help (Proteinúria, hemorragia massiva que não se consegue
controlar);
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Diabete Mellitus (prévia/agravada ou não prévia);
Abortamentos no 1º trimestre;
Anomalias cromossómicas;
Gestações múltiplas;
Obesidade;
Miomas (quistos);
Mecónio intraparto (fezes do bebé podem indicar
sofrimento fetal);
Baixo peso ao nascer (RN);
Macrossomia fetal (excesso de peso nos RN e está ligado a
HTA e diabetes durante a gravidez);
Sofrimento durante o trabalho de parto;
Óbito neonatal
Outras complicações Obstétricas:
Trabalho de parto prematuro;
Hemorragia intra-parto;
Trabalho de parto prolongado;
Apresentações anómalas (Nos casos em que o feto não adota a sua
posição normal antes do parto, com o vértice da cabeça virado para o
canal do parto);
Distocias (dificuldades encontradas na evolução do trabalho de parto,
tornando uma função difícil, impossível ou perigosa para a mãe e para o
feto);
Placenta prévia (placenta sai primeiro do que o feto);
Oligoamnios (diminuição do liquido amniótico) e hidramnios (aumento do
liquido amniótico);
RPM (rotura prematura de membranas);
Hemorragias no período puerperal
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2.2.2 Vulnerabilidade de Género e Violência
Conceito de Violência:
O termo deriva do latim violência, aplicação de força, vigor contra qualquer coisa.
É um comportamento que causa intencionalmente dano ou intimidação moral ou
pessoal a outra pessoa, ser vivo ou objeto.
Tal comportamento pode invadir a autonomia e integridade física, psicológica ou a
vida do outro.
Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor, enquanto a violência
é praticada em plena luz do dia.
Tipos de Violência:
Violência Doméstica
Violência no Namoro
Stalking
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Homicídios por motivos de honra
Infanticídio feminino
Mutilação Genital Feminina (MGF)
Casamentos forçados
E outras práticas e tradições prejudiciais para as mulheres, que configuram
situações de abuso ou maus tratos.
Violência Física*
A violência física é o uso da força com o objetivo de ferir, deixando ou não marcas
evidentes. São comuns agressões com diversos objetos e queimaduras.
A violência física pode ser agravada quando o agressor esta sob o efeito de álcool,
ou quando possuiu uma embriaguez patológica ou um transtorno explosivo.
Violência Psicológica*
Violência Sexual*
O agressor abusa do poder que tem sobre a vítima para obter gratificação sexual,
sem o seu consentimento, com ou sem violência física
Tende a ser ocultada.
Acaba por englobar o medo, a vergonha e a culpa, mesmo naquelas que acabam
por denunciar o agressor.
Negligência*
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Repercussões na Saúde da Mulher:
Distúrbios do sono, pesadelos
Irritabilidade, agitação
Necessidade compulsiva/impossibilidade de falar sobre a agressão
Dificuldade de memória, concentração e de tomada de decisão
Depressão e isolamento emocional
Dificuldade de planear o futuro
Dificuldade em novos relacionamentos sexuais
Compulsividade (com comida, cigarros, bebidas, etc)
Dores não localizadas
Ciclo da Violência: A violência tende a evoluir através de diferentes fases que se repetem
ciclicamente.
Fase do aumento
da tensão
Fase da
Reconciliação Fase do ataque
"lua de mel" ou episódio da
(pedido de violência
desculpas)
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O que torna tão difícil deixar uma relação em que ocorre Violência Doméstica:
O comportamento violento do homem
Ameaças às crianças e família
Sentimentos de vergonha, humilhação e de culpa
Dependência económica e financeira
Baixa escolaridade e falta de informação
Pressões familiares e dos filhos
Descrédito na justiça
Ambivalência perante promessas de mudança
Promessa de mudança de comportamento
Esperança, afeto, lealdade, apreço pelas qualidades positivas da relação
Valores religiosos e culturais
Intervenções:
A. Sistema justiça
Atitudes a ter:
B. Serviços sociais
C. Centros de acolhimento Privacidade
D. Serviços saúde: Respeito
Identificar Sigilo
Oferecer assistência Solidariedade
Encaminhar para serviços especializados
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D. Serviços saúde: Papel do Enfermeiro
Conhecer os fatores associados à violência (tipos de violência, dinâmicas e
processos abusivos, sinais de indicativos de violência, consequências...)
Conhecer a legislação e o código penal aplicados nestas situações
Educação para a saúde em vários temas e várias pessoas
Estar sensibilizado para esta problemática e para lidar com as
complicações emocionais e comportamentais de vítimas de violência
continuada.
Conhecer os recursos da comunidade.
Assegurar a confidencialidade, a privacidade e o sigilo.
Utilizar estratégias de comunicação adequadas.
Tipos de MGF:
Tipo I: Clitoridectomia – corte/ remoção do clitóris (para
retirar o prazer da mulher)
Tipo II: Excisão – corte/ remoção do clitóris e pequenos
lábios
Tipo III: Infibulação – corte/ remoção do clitóris,
pequenos lábios e grandes lábios, com encerramento da
vagina, deixando-se um pequeno orifício para urinar e
para a menstruação
Tipo IV: Indefinido
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Alegações para a Prática da MGF:
1ª Tradição – A razão mais comum. Crença absorvida pela população de tal forma
que os pais se convencem de que é o melhor para a criança, já que as mulheres
casam para sobreviver e as mulheres mutiladas são as mais procuradas.
Geralmente padrão socioeconómico baixo.
2ª Religião – Particularmente o islamismo
Outras razões sustentam a manutenção deste ritual:
Maior prazer sexual do marido
Diminuir frequência de complicações no parto
Promover a fecundidade
Assegurar virgindade até ao casamento
Promover a saúde, higiene e estética
Certificar a castidade da mulher
Procedimento:
Idade – entre os 4 e os 12 anos
Instrumentos – pedaços de vidro, pedras afiadas, lâminas
de barbear, tesouras, facas
Sem analgesia nem anestesia
Consequências:
Psicológicas
Sexuais
Físicas
Retenção Urinária
Infeções
Hemorragias
Dor Severa
Choque (com possível morte)
Contágio do vírus HIV
Anemia
Fístulas
Vaginismo
Disfunção Sexual
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Portugal – País em risco: (OMS)
Aumento do número de imigrantes
Mulheres necessitam de cuidados de saúde específicos
Perpetuar a prática como identidade cultural (porque está enraizada na cultura do
país de que provêm)
Profissionais de Saúde:
Ter em consideração:
Tipo de mutilação/procedimento
Consequências físicas e psicológicas a curto e longo prazo
Idade em que a prática é executada
Prevalência do fenómeno, fatores socioculturais e económicos associados,
que influenciam a existência e a permanência da MGF em vários países,
tornando a sua erradicação um obstáculo.
Nota: Quem tem poder para dar ordem de realização de MGF é a avó paterna. Esta prática é realizada às
escondidas dos pais e quando estes sabem já foi praticada. A avó paterna pensa que no futuro a sua
neta será uma mulher pura, e que irá casar com um homem. Não será excluída dos grupos pelo seu
cheiro e será bem aceite na sociedade. A lei só criminaliza num prazo de 2 anos.
Estratégias Gerais:
Ambiente calmo, confiança, respeito, privacidade
Esclarecimento de dúvidas
Educação para a saúde
Difibulação (retenção urinária)
Explicação das alterações
Envolvimento do companheiro (reinfibular)
Termo de acordo com a comunidade
Exame ginecológico - Identificação do tipo de MGF
e Consequências
Reencaminhamento
Registo – tipo MGF, consequências
Utilização de intérprete/tradutor
Estudos revelam:
Falta de conhecimento por parte dos profissionais de saúde
Incapacidade de cuidarem de mulheres vítimas de mutilação genital
Medicalização da MGF: Perpetua e promove a prática !
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2.3 Ter Doença Mental
Conceito:
É um estado de completo bem-estar físico, mental e social
Abrange dimensões como “o bem-estar subjetivo, a auto-eficácia percebida, a
autonomia, a competência, a dependência intergeracional e a auto-realização do
potencial intelectual e emocional da pessoa”.
Envolver de modo indissociável o funcionamento biológico, psicológico e social.
(Relatório sobre a Saúde no mundo 2001 - Saúde Mental: Noca conceção, nova esperança (OMS,
2001))
Indicadores de Saúde:
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2.3.2 Doença Mental Grave
Doença Mental: É um conceito “(...) difícil de definir porque abrange um leque alargado de
perturbações que afetam o funcionamento emocional, social e intelectual, mais por
desadequação ou distorção do que por falta ou deficiência das capacidades anteriores à
doença.” (Fazenda, 2008). É entendida como uma alteração do funcionamento emociona,
desempenho, social e intelectual.
Doença Mental Grave: A forma mais consensual de definir o que é uma doença mental
grave é através do 3D: Diagnosis, Duration, Disability
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2.3.3 Cuidados de Saúde Primários - Obstáculos
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2.4 Ter Infeções Sexualmente Transmissíveis
Conceito de IST:
São doenças causadas por microrganismos tais como vírus, fungos, bactérias, e
protozoários; são doenças nas quais a transmissão sexual, quer seja via genital,
oral, anal, têm uma importância epidemiológica, sendo que existem algumas em
que este não é o mecanismo de transmissão primário ou exclusiva. Alem
das relações sexuais através do sangue contaminado, da partilha de
objetos cortantes e perfurantes como seringas ou pela transmissão
vertical.
Pouco se sabe acerca da ocorrência de IST nos adultos e menos ainda a
prevalência nos jovens em Portugal, porque apenas algumas infeções
são de declaração obrigatória, pelo que se desconhece a prevalência
das IST.
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Como se manifestam:
Período Somático
Período de Latência
De início há uma incubação. Este pode ser Numa fase posterior,
contaminação, a breve ou longo. Um terminada a incubação
passagem do agente indivíduo contaminado na aparecem os primeiros
patogénico da fase de latência, pode sintomas.
pessoa doente para transmitir a doença ao novo
a pessoa sã. parceiro, sem que se detete
nos exames médicos e
laboratórios a presença da
patologia o que explica por
um lado a enorme difusão
das IST’s.
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Ansiedade
Perda de autoestima
Isolamento social
Discriminação
Quais são: A OMS catalogou mais de 25 IST’s, sendo que as mais conhecidas são:
Sífilis
VIH/ SIDA
Clamídia
Gonorreia ou Blenorragia
Herpes genital
Hepatite B
Vírus do Papiloma Humano (HPV)
Infeções por Tricomonas
Sífilis:
Agente: Treponema Pallidum
Afeta: Vagina, ânus, uretra, pénis, bem como os lábios e a boca
Sinais e Sintomas: Os sintomas da sífilis não são evidentes, estes variam consoante
o estádio da doença.
Evolução:
Fase 1 – cerca de 3 semanas após a infeção aparece uma pequena
ferida/úlcera nos órgãos genitais, boca, mama e ânus.
Fase 2 – 3 a 6 semanas depois do aparecimento da lesão. Os sintomas
podem incluir febre, dores de cabeça, perda de peso, dores muscular e
fadiga
Fase 3 – nos casos em que não foi tratada a sífilis pode levar a danos
graves no sistema nervoso, coração e cérebro. Esta fase pode ocorrer
entre 1 a 20 anos após a infeção.
Prevenção: Uso de preservativo
VIH/ SIDA:
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Clamídia:
Gonorreia ou Blenorragia:
Herpes Genital:
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Complicações: Aborto espontâneo, nado morto, parto prematuro, baixo peso,
endometrite pós-parto, infeções peri e neonatais, vulvite, vaginite, cervicite,
ulcerações genitais, proctite, complicações neurológicas.
Prevenção: Uso de preservativo (mas não é 100%)
Nota: não tem cura
Hepatite B:
Agente: Vírus (VHB)
Afeta: Órgãos genitais
Sinais e Sintomas: Falta de apetite, febre, náuseas, vómitos, astenia, diarreia,
dores articulares, icterícia, entre as mais comuns
Transmissão: Esperma, secreções vaginais, sangue, urina, saliva e leite materno.
Pode ainda ocorrer a transmissão vertical, de mãe para filhos, nomeadamente
durante o parto.
Complicações: Está na origem de complicações mais graves de saúde como cirrose
ou cancro do fígado, no entanto a infeção pode em certos casos ser eliminada pelo
organismo.
Prevenção: Uso de preservativo e vacinação
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Papel do Enfermeiro:
Criação de vínculos com os clientes como estratégia de construção de espaços
dialógicos que superem a normatização das condutas e possibilitem a construção
de saberes compartilhados.
Desenvolver atividade de educação para a saúde sobre sexualidade responsável
(individual, grupos)
Fomentar a integração da temática da sexualidade responsável nos programas de
saúde escolar.
Personalizar EpS de acordo com a idade, necessidades, interesses e motivações
Promover hábitos de vida saudáveis
Promover a autonomia, criar oportunidades, reforçar convicções e competências,
respeitando as decisões e os ritmos de aprendizagem dos utentes.
Realizar sessões de formações a professores, pares e família.
Realizar dinâmicas de grupo de modo a identificar a vulnerabilidade
Promover a vacinação (HPV)
Promover o uso de preservativo
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3. Intervenções de enfermagem a clientes em situação de
vulnerabilidade social
3.1.1 Pobreza
a) Vulnerabilidade Humana
Vulnerabilidade Humana:
Vulnerabilidade e ser vulnerável não são o mesmo:
Vulnerabilidade: é a dimensão antropológica essencial à existência
humana;
Ser vulnerável: significa ser suscetível a ou em perigo de sofrer danos.
Tipos de vulnerabilidade:
Intervenções:
Não são centradas apenas num único ator;
As intervenções para a diminuição da vulnerabilidade não se podem restringir a
uma reposta individual ou a uma ação única e isolada, mas requer a articulação
dos diversos atores sociais implicados e de distintas ações de modo a proporcionar
uma resposta social e interações em diferentes níveis.
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Exemplos:
i. Dificuldade motora em aceder aos serviços de saúde – os enfermeiros
devem providenciar transporte a essas pessoas que estão impossibilitadas
de se deslocar aos serviços de saúde.
ii. Criar condições para que as pessoas consigam aceder aos cuidados de
saúde juvenil.
iii. Criação de programas e projetos por exemplo de combate à obesidade,
HTA, diabetes, nas comunidades mais desfavorecidas, pois têm uma
vulnerabilidade mais acrescida
b) Saúde
Conceito de Saúde:
Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não uma mera
ausência de doença ou enfermidade.
É o estado de adaptação ao meio e a capacidade de funcionar em melhores
condições nesse meio.
Não é uma finalidade em si mesma mas um recurso que deve estar ao alcance de
todos para o desenvolvimento progressivo das comunidades.
Segundo a Conferência de Ottawa:
A Saúde é considerada um conceito positivo que dá ênfase aos recursos
pessoais e sociais, bem como às capacidades físicas.
A saúde deixa de ser responsabilidade do setor da saúde. A sua promoção
requer uma ação concentrada de todos os setores, nomeadamente,
governos, setores de saúde, sociais e económicos, ONG’s, autoridades
locais, industriais e meios de comunicação social.
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Fatores que afetam o estado de saúde das populações:
Pequeno impacto
Sem
intervenç.
Aconselhamento
e Educação
Intervenções Clínicas
Mudança de Contexto
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Da prevenção à promoção de saúde: distinção entre os dois conceitos: (Antonovsky, 1979)
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O paradigma construtivista parece particularmente apropriado à
promoção da saúde em vez de um paradigma positivista. O educador para
a saúde é um facilitador/catalisador.
A saúde é compreendida nas suas dimensões socioeconómica e socio-
ecológica e participação das pessoas cada vez mais valorizada.
c) Pobreza
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Meta para 2015: Diminuição para metade da percentagem de pessoas que vivem
com menos de 1,25 dólares americanos por dia face aos valores de 1990.
Brasil, onde a percentagem da população que vive com menos de 1,25
dólares por dia passou de 17,2% para 6,1%, China de 60,2% para
13,1%, Índia de 49,4% para 32,7%. Por exemplo entre 1990 e 2008 só a
China conseguiu retirar da pobreza 510 milhões de pessoas.
Objetivo alcançado 3 anos antes da data prevista, sobretudo devido ao
êxito de alguns países populosos.
Medição da Pobreza:
Pode ser medida de uma forma abrangente, recorrendo ao Índice de Pobreza
Multidimensional (IPM), que analisa a sobreposição das privações no que diz
respeito à saúde, educação e padrão de vida.
Nos 104 países abrangidos pelo IPM, cerca de 1.56 milhões de pessoas, ou seja,
mais de 30% da população, vivem em situação de pobreza multidimensional. (ex.
África, Ásia do Sul e Bangladesh)
Conceito de Pobreza:
Indivíduos, famílias e grupos da população encontram-se em pobreza quando
carecem de recursos para obter os tipos de dieta, participar nas atividades e ter as
condições de vida e comodidades que são habituais, ou pelo menos, largamente
encorajadas ou aprovadas pelas sociedades a que pertencem.
Os seus recursos estão tão seriamente abaixo daqueles de que dispõe o indivíduo
ou família médio, que são, de facto excluídos dos padrões de vida, costumes e
atividades correntes.
O conceito tem vindo a alargar-se centrando-se na ausência de recursos
considerados estes numa perspetiva multidimensional, ou seja, incluindo os de
natureza económica, cultural, política e ambiental.
A pobreza é uma situação de privação por falta de recursos:
Privação – não A privação traduz-se em más condições de vida.
satisfação de Normalmente trata-se de privação múltipla, isto é, em diversos domínios
necessidades das necessidades básicas: alimentação, vestuários, habitação, transporte,
humanas básicas. condições de trabalho, possibilidades de escolha, saúde, educação,
participação na vida social e politica, etc.
Em Síntese:
A pobreza deve ser encarada não tanto pelo seu lado monetário mas,
sobretudo, como um défice de capacidades relativo a uma pessoa ou
agregado familiar para levar uma vida decente segundo o padrão corrente
na respetiva sociedade
Este conceito de capacidade coloca o acento no que está a montante da
situação de pobreza monetária e que, de algum modo, a determina e põe
em evidência não só a disponibilidade de recursos materiais como
também a disponibilidade de recursos humanos.
A pobreza configura uma situação de negação dos direitos humanos
fundamentais, é uma situação de privação resultante da falta de recursos.
É um fenómeno multidimensional. A situação de falta de recursos pela
qual ela primariamente se define está ligada à consequente privação e
exclusão, num grau de aspetos fundamentais de existência.
Sem associação da pobreza à falta de liberdade.
39
Diferentes visões do conceito:
Abordagens:
40
Centrada no conceito de pobreza humana:
Abordagem Participativa:
A pobreza começa pela não participação pelo que, os aspectos mais relevantes
serão a falta de dignidade, de auto-estima, de segurança e de justiça, que
impedem a participação, para além do acesso à saúde e a uma vida social, mais do
que a um rendimento;
Porque o pobre com esse mesmo estatuto de pobre acaba por não participar na
comunidade.
Abordagem Subjetiva:
41
Pobreza Infantil:
Uma criança é pobre caso esteja inserida num agregado familiar pobre, ou seja,
cujo rendimento por adulto equivalente esteja abaixo do limiar de pobreza.
Trata-se de um conceito de cariz estritamente monetário que tem implícita uma
repartição equitativa do rendimento por todos os membros do agregado familiar e
por isso, um estatuto da pobreza idêntica desses membros.
A partir do cálculo do rendimento por adulto equivalente é possível aferir a
pobreza infantil em termos de incidência, intensidade e severidade, vertentes
comuns da sua mensuração.
Taxa de Privação:
Maiores taxas de risco de pobreza encontra-se nas crianças, nos desempregados e
nas famílias monoparentais e numerosas;
Quanto mais baixa a intensidade de trabalho, maior a população em risco de
pobreza
Taxa de privação material: corresponde à proporção da população em que se
verificam, pelo menos, 3 das 9 dificuldades;
Taxa de privação material severa: corresponde à proporção de população em que
se verificam pelo menos 4 das 9 dificuldades;
1) Sem capacidade para assegurar o pagamento imediato de uma despesa
inesperada próxima do valor mensal da linha de pobreza (sem recorrer a
empréstimo);
2) Sem capacidade para pagar uma semana de férias, por ano, fora de casa,
suportando a despesa de alojamento e viagem para todos os membros do
agregado;
42
3) Atraso, motivado por dificuldades económicas, em algum dos pagamentos
regulares relativos a rendas, prestações de crédito ou despesas correntes da
residência principal, ou outras despesas não relacionadas com a residência
principal;
4) Sem capacidade financeira para ter uma refeição de carne ou de peixe (ou
equivalente vegetariano), pelo menos de 2 em 2 dias;
5) Sem capacidade financeira para manter a casa adequadamente aquecida;
6) Sem disponibilidade de máquina de lavar roupa por dificuldades económicas;
7) Sem disponibilidade de televisão a cores por dificuldades económicas;
8) Sem disponibilidade de telefone fixo ou telemóvel, por dificuldades
económicas;
9) Sem disponibilidade de automóvel (ligeiro de passageiros ou misto) por
dificuldades económicas.
43
3.1.3 Desigualdades em Saúde
44
b) Desigualdades em Saúde
Desigualdades em Saúde:
Todas as diferenças sistemáticas em saúde, entre grupos socioeconómicos dentro
de um mesmo país, evitáveis, injustas e desnecessárias, podem classificar-se como
Freq. desigualdades em saúde. (Dahlgren & Whitehead, 2006)
A sua existência não se deve a nenhuma razão biológica, mas sim uma
desvantagem social que agrava a sua desigualdade social.
São produzidas por fatores sociais, económicos e ambientais modificáveis.
Se os fatores são produzidos pelo homem, podem também ser modificados pelos
mesmos.
Nota: Quanto mais pobre, mais doente e quanto mais doente, mais pobre.
Vitais:
• Diferenças na exposição ao risco de morte medidas, por exemplo, através do indicador,
esperança média de vida a nascença e taxa de mortalidade infantil
• Exemplo: desigualdades perante a vida, a morte e saúde
Existenciais:
• Reconhecimento dos indivíduos como pessoas com liberdade como sujeitos de direitos e
deveres
• Exemplo: situações de discriminação sexual, escravatura, racismo, desigualdades de
oportunidades e de mobilidade social
Recursos:
• O foco está nas diferenças, no que respeita a capacidade dos indivíduos para agir
• Estes recursos podem ser tanto materiais como simbólicos
• Exemplo: desigual distribuição dos recursos/ rendimentos, rendimento e riqueza,
qualificação profissional e escolar
45
Disparidades em Saúde:
Diferenças sistemáticas em saúde evitáveis que afetam negativamente grupos
socialmente desfavorecidos (ex: género, etnia, educação, rendimento,
incapacidade, localização geográfica ou orientação sexual);
Estas disparidades afetam adversamente os grupos que já são desfavorecidos
socialmente, colocando-os em desvantagem adicional em relação à sua saúde,
tornando assim potencialmente mais difícil de superar a desvantagem social e a
vulnerabilidade. Este reforço ou combinação de desvantagem social é que faz com
que as disparidades de saúde sejam relevantes para a justiça social, mesmo
quando se desconhece a sua causa; (Broveman et al, 2014)
Quanto mais baixo é o IDM, maior é o passo entre a pobreza de rendimento e a
pobreza multidimensional.
Notas:
46
O impacto destas variáveis na saúde começa numa idade precoce e persiste ao
longo das diferentes etapas do ciclo de vida.
As diferenças na esperança de vida a nascença entre grupos
socioeconómicos mais baixos e mais altos (ex: profissionais liberais e
manuais, entre pessoas com ensino primário e pós-secundário,
pessoas com rendimentos mais elevados e mais baixos) são de 4 a 10
anos para os homens e de 2 a 7 anos para as mulheres.
Além disso a mortalidade infantil é mais elevada nos grupos
socioeconómicos mais baixos e as desigualdades relacionadas com
este fator têm vindo a aumentar.
Gradiente Social:
Para reduzir a inclinação do gradiente social na saúde, as ações devem ser
universais, mas como uma dimensão e uma intensidade proporcionais ao nível da
desvantagem. (The Marmot Review, 2010)
Intervenções para a redução do Gradiente Social na Saúde:
Promoção da saúde e de prevenção das doenças destinadas a zonas
desfavorecidas, famílias vulneráveis e grupos de baixo nível
socioeconómicos (ex: mães, crianças, pais, jovens e idosos).
O objetivo é reduzir a desvantagem, as desigualdades e o gradiente social
em saúde, incidindo com maior intensidade nos mais desfavorecidos - são
os mais prioritários apesar da universalidade.
47
Existe uma abundante evidência sobre diferenças no estado de saúde
entre:
Grupos populacionais em todos
os continentes
Países
Regiões dentro do país
Cidades
Bairros dentro de cidades
48
Doenças crónicas e desigualdades em saúde na Europa (países desenvolvidos):
Tendência de crescimento das doenças crónicas não transmissíveis em todo o
mundo;
Fatores major responsáveis pelas doenças crónicas;
Envelhecimento da população;
Educação e informação em ambientes específicos (escolas e locais de trabalho)
enquanto lugares de promoção da atividade física, alimentação saudável,
prevenção do tabagismo e álcool;
Ritmo de urbanização;
Estilo de vida: alimentação desequilibrada, escassa atividade física, tabagismo;
O projeto do total de mortes por estas doenças é de um aumento maior de 17%
nos próximos 10 anos;
Os países pobres estão a transitar para um padrão epidemiológico misto em que as
doenças crónicas não transmissíveis vão ganhando terreno;
Esta situação, nas regiões mais pobres é grave porque acumula um quadro de
elevada prevalência.
49
Desigualdades na Perspetiva do Género:
Mulheres com maior esperança de vida ao nascer do que os homens (OMS)
Mulheres com menor mortalidade precoce por doença isquémica cardíaca e AVC,
mas pior esperança de vida saudável
Relativamente a causas evitáveis, os homens apresentam maior mortalidade por
acidentes de trabalho, acidente de trânsito com veículos a motor, doenças
relacionadas com o álcool e por suicídio. No que diz respeito a fatores e risco, a
obesidade é mais prevalente nas mulheres e o tabagismo nos homens.
Subsistem grandes disparidades de género na Ásia do sul, África subsariana e
estados árabes.
Na Ásia do sul, os três fatores determinantes são
Baixa representação parlamentar feminina (18.5%)
Desequilíbrios de género no desempenho escolar (28% das mulheres
concluíram…)
Intervenções:
Prevenção primária das doenças crónicas
Intervenções no âmbito da promoção da saúde e prevenção da doença em países
com sistemas de saúde frágeis e fracos recursos financeiros que não possam
comportar os custos elevados de tratamento, rastreio e utilização dos meios
complementares de diagnóstico
Educação e informação em ambientes específicos (escolas e locais de trabalho)
enquanto lugares de promoção de atividade física, alimentação saudável,
prevenção do tabagismo e do álcool
Controlo da publicidade de álcool e tabaco e produtos alimentares
50
c) Equidade
Domínio Ambiental:
Atualmente estamos perante graves danos causados
nos ecossistemas.
Os países pobres não podem e não devem imitar os
padrões de produção e consumo dos ricos, pois são
estes os grandes causadores dos danos ambientais que
se fazem sentir no mundo e os principais afetados são
os países menos desenvolvidos que não tem recursos para combater esses
danos. Portanto, os países ricos devem diminuir a sua pegada ecológica.
É vital que as capacidades dos indivíduos, especialmente daqueles que são
pobres ou vivem em múltipla provação com expressão nos direitos
fundamentais e portes da universalidade de defesa da vida.
A pobreza hoje tem consequências no futuro.
Equidade em Saúde:
Conceito:
O conceito de equidade em saúde implica que numa situação ideal
Todas as pessoas alcancem um nível máximo de saúde e que nenhuma se
veja em situação de desvantagem por razoes de ordem social ou por
outras circunstâncias determinadas pelos fatores sociais.
Equidade em saúde é o valor subjacente a um compromisso de reduzir e
finalmente eliminar as disparidades de saúde
Segundo a Comissão Europeia todos deviam ter iguais oportunidades
sociais para atingirem o potencial máximo de saúde e bem-estar.
51
Finalidades: (Comissão Europeia)
Redução gradual das diferenças sistemáticas em saúde entre diferentes
grupos socioeconómicos
Eliminar as desigualdades, desenvolvendo o máximo potencial de saúde de
toda a população.
Eliminação de Barreiras:
Os emigrantes evitam ter acesso aos cuidados de saúde por medo e por
vezes não são assistidos por falta de conhecimento por profissionais de
saúde ou nem se dirigem aos serviços com medo.
Intervenção: realizar no Martim Moniz por exemplo sessões de EpS para
falar sobre a liberdade de acesso dos emigrantes aos serviços de saúde.
d) Justiça Social
e) Igualdade
Igualdade de Direitos:
Quando todos os indivíduos são iguais perante lei que, em princípio deve ser igual
para todos;
As desigualdades de direitos são injustas e devem ser suprimidas.
52
4. Intervenções de enfermagem a clientes com
vulnerabilidade acrescida na transição saúde-doença, nos
processos de ajustamento à doença relacionados com o
ciclo de vida
Fatores Obstétricos:
Obstétricos
História de parto prematuro (anterior)
Gravidez não vigiada
Gravidez múltipla
Gravidez na adolescência ou tardia
Descolamento da placenta e placenta
prévia (muito situada ao nível do colo
do útero) Fisiopatológicos Maternos
Quantidade anormal de líquido
amniótico
Rutura prematura de membranas
Fatores Maternos:
Doença Materna Socioeconómicos
Renal
Pulmonar
Cardíaca
Infeção
Diabetes
Pré-eclâmpsia
53
Uso de substâncias aditivos
Tabaco
Drogas
Álcool
Estupefacientes
Outros
Fatores Socioeconómicos:
Pobreza: Influência no acesso à saúde, gravidez não vigiada, associada a más
condições habitacionais
Maus Tratos
Desemprego
Instabilidade nos processos familiares
Fatores Fisiopatológicos:
Prematuridade
Anomalias Congénitas
Asfixia Neonatal
54
Adaptação Cardio-respiratória:
Notas:
No coração
encerra-se o
forâmen ovale,
não havendo
mistura de sangue.
O canal arterial
encerra e
estabelece-se a
circulação normal.
Desenvolvimento Pulmonar:
5ª semana de gestação: Início do desenvolvimento da traqueia e brônquios
11ª semana de gestação: Existência de movimentos respiratórios.
Os movimentos respiratórios fetais parecem só ter interesse do ponto de
vista de “ensaio” e para o desenvolvimento da musculatura respiratória,
uma vez que o pulmão fetal não tem qualquer atividade de oxigenação
sanguínea até ao nascimento
12ª – 20ª semanas de gestação: Crescimento do pulmão primitivo com alterações
morfológicas e diferenciação das estruturas pulmonares, vasculares e linfáticas
21ª – 24ª semanas de gestação: Aparecimento de conductos alveolares
25ª – 26ª semanas de gestação: Formação de alvéolos com diferenciação das
células epiteliais:
TIPO I – intercâmbio de gases
TIPO II – síntese e armazenamento de surfactante pela 1ª via enzimática
28ª semanas de gestação: o pulmão poderá ser suficientemente maturo para
conservar a vida extra uterina. No entanto, do ponto de vista bioquímico, muito
vulnerável à hipoxia e à acidose
29ª – 32ª semanas de gestação: Aumento do número de células Tipo II e início da
síntese de surfactante pela 2ª via enzimática (menos suscetível à hipoxia e
acidose)
33ª – 36ª semanas de gestação: Maturação funcional e estrutural
55
Frequência respiratória
Tiragem
Gemido expiratório
Manutenção da temperatura
Manutenção da permeabilidade das vias áreas superiores
Notas: Quanto mais prematura a criança, maior a apneia. Quando as vias aéreas
não estão permeáveis, devemos por soro no nariz da criança para desobstruir. A
humidificação do O2 previne a secura das secreções
Termorregulação Ineficaz:
Termorregulação:
Capacidade para manter a temperatura corporal estável.
O RN possui uma capacidade adequada para a produção de calor. Fatores que
predispõem a perda excessiva de calor:
Superfície corporal relativamente ao peso
Fina camada de gordura subcutânea
Mecanismos de produção de calor imaturos (centro termorregulador
imaturo, facilmente perde ou ganha calor)
56
Mecanismo de Perca de Calor Prevenção
Evaporação
Perdas cutâneas e respiratórias Secar rapidamente o bebé
Convecção
Perda para correntes de ar Ambiente aquecido;
Proteger das correntes de
ar
Condução
Perda para objetos por contacto Roupa aquecida, com
direto várias camadas e justa;
Toalhas aquecidas
Radiação
Perda para superfícies sólidas Bancada aquecida;
próximas Teto aquecido
Hipertermia
Rubor Incubadoras: algumas têm
Vermelhidão ambiente rico em O2 e são todas
Taquicardia com ambiente aquecido
Polipneia
Irritabilidade Berço aquecido: alguns emitem
uma luz para o tratamento da
icterícia patológica
57
Autonomia Alimentar Comprometida:
Fatores de Risco:
Imaturidade
Anomalias congénitas (ex. fenda palatina)
Septicemia
Asfixia ou hipoxia
Compromisso do SNC (a sução e deglutição têm de estar coordenados)
58
Desenvolvimento da Sucção e Deglutição:
13 – 15 Semana de Gestação – Sucção
30 – 34 Semanas de Gestação – Surtos/Grupos de sucções
34 Semanas de Gestação – Sucção/Deglutição (coordenação
dos reflexos e respiração)
36 – 40 Semanas de Gestação – Padrão maturo
Hiperbilirrubinemia:
Icterícia Fisiológica:
1. Início nas 24 horas, diminuição entre o 5º e 7º
dia
2. Maiores cargas de bilirrubina para o fígado
3. Captação deficiente de bilirrubina do plasma
4. Conjugação deficiente de bilirrubina
5. Deficiente excreção de bilirrubina
6. Circulação hepática insuficiente
59
Icterícia Patológica:
Doença Hemolítica
Persiste mais de 2 semanas.
Níveis de bilirrubina sérica total superiores a 12.9mg/dl (RN termo) ou 15 mg/dl
(RN pré termo)
Aumento da bilirrubina sérica em 5mg/dl/dia
Bilirrubina direta > 1,5 a 2 mg/dl (Hockenberry, 2014)
Hipoglicémia:
Hipoglicémia neonatal:
2 avaliações com níveis < 35mg/dl nas primeiras 3 horas
< 40mg/dl entre as 4 e as 24 horas
< 45 mg/dl entre as 24 horas e 7 dias
No prematuro: < 25mg/dl nas 72horas
60
Fatores de Risco:
Prematuridade
Má nutrição intra-uterina (ACIU)
Diabetes Materna
Septicemia
Anoxia perinatal
Arrefecimento
Manifestações Clínicas:
Nas situações menos graves:
Muitas vezes é assintomática
Ligeira hipotonia
Implicações:
Hipoglicémia:
A hipoglicemia grave não corrigida pode provocar lesões cerebrais
irreversíveis por destruição dos neurónios (na ausência de glicose) com
repercussões que dependem do grau de destruição.
Hiperglicémia:
Valores > 150mg/dl
Aumento glicose no plasma → Aumento osmolaridade intravascular →
Hipertensão → Aumento hemorragias cerebrais como consequência de
uma grande fragilidade vascular do RN.
61
Síndrome de Abstinência Neonatal
Diagnóstico:
História clínica
Exames laboratoriais
Mecónio (mais sensível que urina)
Urina
Sangue
Sangue Escala de Finnegan
Manifestações:
O início dos sintomas de abstinência está associado ao tipo de droga
Ex: heroina – 12 a 24 horas de vida
Mãe em tratamento com metadona - de 1 a 2 dias até 2 a 3 semanas de vida
As manifestações tornam-se mais marcadas entre as 48-72 horas de vida
Escala de Finnegan
Índice ≥ 8 – terapêutica farmacológica em 3
Avaliações/≥ 12 em 2 avaliações/convulsões
Sistema Nervoso Central
Metabólicas, Vasomotoras e Respiratórias
Gastrointestinais
Prognóstico:
Compromisso neurológico
Diminuição do Q.I.
Alterações do discurso, perceção e cognição
Problemas comportamentais
Dificuldade de aprendizagem e adaptação a novas situações
Sensibilidade elevada ao ambiente (Irritabilidade, agitação, agressão e baixa
sociabilidade)
Convulsões
Imaturidade Neurocomportamental:
62
4.1.2 Criança e Jovem com Necessidades de Saúde
Especiais
Conceito de Doença Rara: Consideram-se doenças raras aquelas que têm uma prevalência
inferior a 5 em 10.000 pessoas, considerando o total da população da UE. Estima-se que
existam entre 5.000 a 8.000 doenças raras diferentes, afetando no seu conjunto até 6% da
população, o que significa que existirão até 600.000 pessoas com estas patologias em
Portugal. (EU 1999)
Doenças para as quais não existe uma cura efetiva, mas os sintomas
podem ser tratados para melhorar a qualidade e a esperança de vida
63
b) Deficiência
c) Funcionalidade e Incapacidade
64
d) Criança com Necessidades de Saúde Especiais
1. Intervenção Precoce:
65
risco, os ganhos a nível do desenvolvimento são maiores e a probabilidade de se
manifestarem outros problemas é menor.
Quando os neurónios e sinapses estão mais funcionais.
Dec Lei nº 281/2008 de 6 de Outubro: é criado o sistema nacional de intervenção
precoce na infância – SNIPI (serviços educativos, terapêuticos e sociais a estas
crianças e suas famílias, de forma a minimizar os efeitos nefastos ao seu
desenvolvimento). Todos os centros de saúde têm um núcleo de SNIPI com um
enfermeiro obrigatório.
Apoio integrado: quando temos uma equipa multidisciplinar e onde os cuidados
devem ser integrados para dar resposta às necessidades da criança.
Objetivos da Intervenção Precoce: Dimensões
Prevenção:
Promover a competência e independência
Facilitar o desenvolvimento
Promover a generalização das suas capacidades
Proporcionar e preparar para experiências normalizadas
Prevenir o aparecimento de futuras dificuldades
Apoiar famílias na realização dos seus objetivos
Apoiar as famílias de forma a melhorar as competências parentais na
facilitação do desenvolvimento dos seus filhos e na defesa dos seus
direitos
Promover interações positivas no seio da família
Habilitação
2. Abordagem Positivista:
Freq.
Conceito de Abordagem Positivista: Focalizar a apreciação e os cuidados a estas crianças
ao nível evolutivo, ou seja, com base nas aquisições feitas e na motivação para
desenvolver as suas capacidades, de acordo com as suas potencialidades. É necessário dar
reforço positivo às crianças, de modo a motivá-las. (Hockenberry, 2014)
66
Reforço Positivo:
Crise
Desenvolvimento Stress
Funcionalidade
Desorganização
Modificada
Estratégias de
Reorganização
Coping
3. Cuidados Continuados:
NOTA: não existem muitas unidades de cuidados continuados que deem apoio à
pediatria
67
4. Empowerment:
Empowerment:
Quando a família se adapta à condição do seu filho e estão aptos a viver com isso,
seguem e acompanham a criança na sua vida familiar/social/escolar/espiritual
respeitando as suas limitações dando ênfase às suas competências e habilidades
(reforço positivo).
Quando a família está preparada para tomar decisões, e dar resposta às
necessidades, afetivas e emocionais, de saúde, sociais, psicológicas de toda a
família (incluindo dos próprios).
Quando a família estabelece uma rede a poio e procuram ajuda quando sentem
necessidade. São capazes de cuidar da criança, só pedindo auxílio às enfermeiras
quando sentem mesmo necessidade.
É eficaz quando há capacidade de gerir toda a família, inclusive do progenitor que
cuida da criança.
5. Normalização:
Objetivos:
Avaliar dos recursos externos e internos da família /comunidade e garantir que
estes têm o suporte necessário para dar resposta às suas necessidades.
Colaborar no processo de reorganização da família e permitir sua funcionalidade
(equilíbrio) com as adaptações necessárias às necessidades especiais da
criança/jovem (Hockenberry).
68
6. Reabilitação:
Conceito de Reabilitação:
É um processo global e dinâmico orientado para a recuperação física e psicológica
da pessoa portadora de deficiência, tendo em vista a sua reintegração social.
Está associada a um conceito mais amplo de saúde, incorporando o bem-estar
físico, psíquico e social a que todos os indivíduos têm direito.
7. Habilitação:
Conceito de Habilitação:
Consiste num processo interventivo cujo objetivo é desenvolver ao máximo as
capacidades de adaptação e autonomia de um indivíduo, em que todo este
processo implica, a “utilização de recursos metodológicos, ecológicos, relacionais e
materiais”
Ex: Sistema de controlo do computador pelo olhar; Sistema de controlo do rato
por movimento da cabeça
Organizações
Internacionais
OMS UNICEF
Impacto da Doença Rara/ Incapacidade:
O impacto que a doença crónica tem na Comunidade
família varia de acordo com:
A família
Características da doença Família
(gravidade e funcionalidade,
visibilidade, evolução, inicio,
etiologia, raridade tratamento)
Características interpessoais da
Criança/
criança e da etapa de Jovem
desenvolvimento em que se encontra
69
Alterações dos hábitos (alimentares, desportos…)
Alterações financeiras (mais custos)
Alterações ocupacionais (laborais /lazer)
Alterações dinâmica familiar (Readaptação funcional)
Variáveis:
Processo de ajustamento da criança; A resposta a esta crise familiar habitualmente é
Estratégias de coping; caraterizada pelas seguintes reações: choque,
Freq. Stress parental; negação, depressão/culpabilização, adaptação
Ajustamento psicológico dos pais; e reorganização.
Discórdia conjugal;
Funcionamento familiar; “A aceitação não é mais do que uma miragem do
Perceção materna/paterna profissional, na verdade muito pouco adequada”
(Barros, 2003)
Recursos familiares
Manutenção da
Diagnóstico saúde
Fase de Crises de
(Domicílio/
(crítico) adaptação agudização
cuidados de
saúde primários)
Diagnóstico (crítico):
70
necessidades de saúde da criança imprescindíveis ao seu desenvolvimento
(Brazelton, 19993)
Incapacidade (escutar e pensar) para responderem às solicitações sejam eles da
família ou da própria criança, tornando-se muito vulneráveis e dependentes do
contacto com a equipa de saúde.
Importante! - Informação deve ser restrita, responder apenas às questões que os
pais fazem! (80 % do que lhes é transmitido não é assimilado)
Outros sentimentos podem ocorrer como a descrença e o desespero, negociação
(muitas vezem recorrem a outros clínicos procurando alguém que lhes diga aquilo
que querem ouvir!)
A idade do início da doença/incapacidade é determinante para o processo de
adaptação, no entanto este processo é contínuo e dinâmico ao longo de todo o
desenvolvimento da criança.
Uma boa adaptação inicial, não significa que não ocorram problemas e
dificuldades mais tarde quando o seu crescimento lhe colocar novos desafios.
A compreensão de todos estes fatores ajuda no planeamento das intervenções e
assim diminuir os riscos que daí advêm.
Fase de Adaptação:
Processo Contínuo
As perturbações psicológicas na família vão diminuindo ao longo do processo de
adaptação à nova situação
Existe uma relação direta entre o processo de adaptação dos pais e a do filho.
Influencia mais positivamente uma boa relação pais - filho do que negativamente a
gravidade da doença (importância do vínculo)
Sinais de adaptação:
A adaptação ocorre quando os pais encaram as competências físicas e
psicossociais do filho, assim como as suas limitações.
71
Há preocupação em promover o autocuidado de modo a favorecer ao
máximo o desenvolvimento da criança.
Quando a família amplia as suas atividades e relacionamento fora de casa e
considera a criança um membro participante e aceite no grupo (participam nas
festas da comunidade, frequentam locais públicos…)
Crises de agudização:
f) Intervenções de Enfermagem
Apreciação:
Quais os efeitos físicos da doença/incapacidade na criança?
Como é que a doença/incapacidade afeta o desempenho da criança em casa, com
os pares e nas escola?
Como é que a criança se está a adaptar à situação de doença/incapacidade?
Que impacto tem a doença/incapacidade na família?
Como é que a família se está a adaptar à situação de doença/incapacidade da
criança/jovem?
Quais os recursos disponíveis na família/comunidade?
72
Promover a autonomia da criança e família na satisfação
das suas necessidades
Garantir que o crescimento e desenvolvimento da
criança/jovem seja o mais harmonioso possível
Maximizar o potencial da criança em todas as áreas
Facilitar uma adesão responsável ao tratamento e
recomendações dos técnicos de saúde
Prevenir ou diminuir a disfunção familiar
Minimizar as perturbações biológicas e as sequelas
Papel do Enfermeiro:
O papel do profissional de saúde não “é o de empurrar para a ilusória aceitação“
mas sim, facilitar o reconhecimento dos momentos de crise e a utilização das suas
competências de confronto para que sejam atividades quando as necessidades
específicas surgirem.
Antecipação das crises/cuidados antecipatórios
Em Suma:
Ajudar a família e a comunidade em que está inserida a ultrapassar os receios de
não saber cuidar ou gerir bem a doença/incapacidade, dotando de competências
que lhes permitam cuidar da criança/jovem e sua família de um modo autónomo,
sem risco de agravamento da sua condição de saúde.
g) Recursos
h) Legislação em Vigor
73
4.2 Ser Mulher
74
Mortalidade Materna:
As causas da mortalidade materna são múltiplas. As mulheres podem morrer
durante a gravidez, no parto, ou IVG, quando não têm acesso a cuidados
apropriados de saúde. (DGS, 2007)
Segundo a OMS, “cerca de 13% das mortes maternas conhecidas devem-se a
complicações resultantes de abortos em condições inseguras.” O aborto inseguro
pode também comprometer o futuro reprodutivo da mulher causando, por
exemplo, infertilidade.
Legalidade do Aborto:
Importância da legalidade:
Segundo a DGS (2007), mesmo quando os métodos de planeamento
familiar são largamente acessíveis e utilizados, podem ocorrer gravidezes
inesperadas, que as mulheres não desejam prosseguir, recorrendo então
ao aborto.
Por essa razão, a OMS recomenda que os países tentem leis que autorizam
a interrupção da gravidez em condições de segurança, que preservem a
saúde física, psíquica da mulher
Legislação:
Qualquer que seja o método, atendimentos psicológicos ou sociais são
indispensáveis;
As mulheres que tenham realizado uma IVG ou tenham um aborto espontâneo
têm direito a uma licença por um mínimo de 14 dias e um máximo de 30 dias.
O aborto provocado por terceiros sem consentimento da grávida é punível com 2
anos de prisão e com 3 nos casos com consentimento da grávida. Estas penas são
aumentadas em caso de “morte ou ofensa à integridade física grave da grávida” ou
se for uma prática habitual. Caso seja a própria mulher grávida a realizar,
ilegalmente, punida com 3 anos.
Aborto é permitido:
Até às 10 semanas: por opção da mulher;
Até às 16 semanas: em caso de violação ou crime sexual (não sendo necessária
que haja queixa policial);
Atá às 24 semanas: em caso de malformação do feto (a todo o momento em
situações de feto inviável);
Em qualquer momento: em caso de risco para a grávida (perigo de morte ou de
grave e irreversível lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher
grávida) ou no caso de fetos inviáveis (sem cérebro por exemplo).
75
Consulta Prévia:
A consulta prévia marca o início formal do processo de IVG. É uma consulta de
caráter obrigatório. Nesta o técnico de saúde deve esclarecer todas as dúvidas da
mulher e fornecer informação necessária tendo em vista uma tomada de decisão,
livre, informada e responsável;
Deve ser marcada num serviço de saúde legalmente autorizado, como centros de
saúde, maternidade, hospitais públicas ou em clinicas privadas devidamente
autorizadas;
O período entre a marcação e realização da consulta não pode exceder 5 dias;
A consulta deve garantir que a mulher se encontra livre de pressões durante todo
o processo de tomada de decisão;
A mulher pode fazer-se acompanhar por terceiros durante todo o processo de IVG;
Uma vez clarificado o pedido de IVG, é determinado o tempo de gestação
(ecografia) e explicados os diferentes métodos de IVG;
No final, é marcada uma outra consulta para realização do IVG;
Deve ser entregue à mulher um impresso de consentimento livre e esclarecido que
deverá ser assinado e entregue ao médico até à data de realização da IVG;
Em caso de mulheres menores de 16 anos ou pessoas psiquicamente incapazes,
deve ser assinado pelo seu representante legal (mãe, pai ou tutor);
Período de reflexão de 3 dias no mínimo entre a consulta e a IVG, durante a qual a
mulher pode solicitar apoio psicológico/aconselhamento ou apoio psicossocial;
O período para a mulher refletir poderá ser mais ou menos longo conforme o que
a mulher desejar.
76
Método Cirúrgico:
Método Medicamentoso:
77
Considerações Finais:
As mulheres de imigrantes têm os mesmos direitos de acesso à interrupção da
gravidez
Só pode ser realizada por um médico ou sob a sua orientação, em
estabelecimentos de saúde oficiais ou oficialmente reconhecidos.
Medo, ansiedade, culpa e dor são alguns dos sentimentos que as mulheres que
fizeram IVG sentem, sendo necessário muitas vezes o apoio psicológicos.
Algumas mulheres relatam alívio por acabarem com algo que não desejam
78
5. Vulnerabilidade acrescida nos processos de ajustamento
à doença relacionados com condições específicas das
pessoas
a) Conceitos-Base
Conceitos:
Fármaco: Substância que provoca alterações metabólicas ao ser administrada a
um ser vivo.
Medicamento: composto por um ou mais fármacos e excipientes que se usa com
um fim terapêutico.
Principio ativo: Substância química responsável pela atividade de um
medicamento ou droga.
b) Droga
Conceito:
Qualquer substância que pela sua natureza química afeta a estrutura e o
funcionamento do organismo (OMS)
Todo o conjunto de substâncias químicas introduzidas voluntariamente no
organismo que é capaz de modificar as condições psíquicas e que enquanto tal,
criam mais ou menos uma situação de dependência no sujeito (Jervis, 1997 in Fonte,
2006)
Administração:
São administradas de 4 formas diferentes:
Ingestão oral
Inalação
Absorção por mucosas (nasal, oral ou retal)
Injeção (SC, IM ou EV)
79
Toxicodependência:
Definição segundo OMS: Estado de intoxicação periódica ou crónica originada
pelo consumo repetido de uma droga e que é caracterizado por:
Desejo ou compulsão de continuar a consumir (dependência psíquica)
Tendência a aumentar a dose (tolerância)
Dependência física (síndrome de abstinência)
Efeito prejudiciais ao organismo
Conceito:
Substância que tem a capacidade de interferir com a capacidade de tomar
decisões (consciousness), o humor ou os processos de pensamento. (OMS)
Substâncias com propriedades de alterar funções psíquicas, ao nível do Sistema
Nervoso Central:
Humor
Consciência
Perceção
Pensamento
Classes:
Abuso de Substâncias:
“Padrão mal adaptativo de utilização de substância manifestado por
consequências adversas, recorrentes e significativas, relacionadas com a utilização
repetida da substância.” (DSM IV-B)
Utilizar de modo errada a substância ou de modo a causar danos. (Townsend, 2011)
Não inclui tolerância, abstinência ou padrão de utilização compulsiva
80
Tolerância:
Menor resposta ao efeito:
Implica aumento da dose
Permite suportar doses elevadas sem intoxicação
Perda de tolerância após abstinência prolongada
Diferente para os vários efeitos
Tolerância cruzada (associada aos múltiplos consumos. Por exemplo,
quando se deixa de consumir álcool e heroína ao mesmo tempo, vamos
ter o síndrome de abstinência associado a cada uma das substancias)
Dependência de Substâncias:
Conjunto de sistemas cognitivos, comportamentais e fisiológicos indicativos de
que o sujeito continua a usar a substância apesar dos problemas significativos
relacionados
Uma necessidade compulsiva ou crónica, tão forte ao ponto de gerar
tensão física ou psicológica) se não for satisfeita;
Existe autoadministração repetida que resulta em tolerância, abstinência e
comportamento compulsivo (presente em todas as adições) quanto ao
consumo (ex. ansiolíticos)
Tipos de Dependência:
81
C. Abandono ou diminuição significativa de atividades sociais, ocupacionais
ou recreativas pelo uso de substâncias
D. Persistência da utilização da substância não obstante o reconhecimento de
problemas físicos ou psicológicos relacionados com o uso da substância
E. A substância é tomada em quantidades maiores e durante mais tempo
F. Desejo persistente ou esforços mal sucedidos para acabar ou controlar o
uso da substância
G. Gasto importante de tempo em obter, usar ou recuperar dos efeitos da
substância
Intoxicação:
Desenvolvimento de uma síndrome reversível específica da
substância causada pela ingestão recente (ou exposição) de uma
substância. (APA, 2000)
As alterações do comportamento podem ser atribuídas aos efeitos fisiológicos
durante o uso da substância ou logo após o mesmo
É um estado físico e mental de hilaridade e frenesim emocional ou letargia e
entorpecimento (Toownsend, 2011)
Abstinência ou Privação:
O reajustamento psicológico e mental que acompanha a descontinuação de uma
substância ativa. (Towsend, 2011)
Desenvolvimento de alterações do comportamento com manifestações fisiológicas
e cognitivas, que se deve à cessação do uso de uma substância ou à sua redução
(APA, 2000)
Sintomatologia:
82
Alguns destes sinais e sintomas estão Alguns sinais estão
presentes em situações de consumo presentes aquando do
excessivo (Náuseas, vómitos e aumento consumo abusivo.
da sudorese)
d) Adição-Evolução
Adição:
Perturbação com etiologia complexa, com manifestações múltiplas de doença e
evolução clínica variada.
Fatores Predisponentes para a Adição:
Fatores biológicos
Genéticos e aspetos bioquímicos (o álcool produz substâncias
semelhantes à morfina)
Fatores psicológicos
Superego punitivo
Fatores de personalidade
Perturbação psiquiátrica pré-morbida
Famílias multiproblemáticas
Fatores Socioculturais
Disponibilidades e custo da droga
Aprendizagem social (quase por imitação)
Influências culturais
Ocupação
Grupos de pares (identificação com os pares)
e) Bebidas Alcoólicas
Destiladas
Aperitivo (16º a 45º)
Licor (30º a 45º)
Aguardente ( > 45º)
83
Alcoolismo:
Doença em que o indivíduo é dependente de álcool
Segundo a OMS, o alcoolismo constitui a totalidade dos problemas motivados pelo
álcool.
Perturbações:
Orgânicas
Psíquicas Taxa de Alcoolémia
Familiares
Profissionais TAS = Peso de álcool puro consumido (em gramas)
Sociais Peso corpo (Kg) x (0,7 homens; 0,5 mulheres)
Manifestações Clínicas:
Síndrome da Abstinência Fetal (ação tóxica na gravidez)
Alcoolismo Crónico
Alcoolismo Agudo – composto por 3 fases:
2ª Fase
•Excitação psiquica, (> 2gr/L) •Confusão, sono profundo, →
euforia, baixa de Coma ou morte
tensão e ansiedade, • Passando por: Hipoglicémia,
diminuição das •Alterações marcadas depressão respiratória,
inibições •Pensamento, atenção, esfera depressão cardiocirculatória,
•Aumento do sensorial, sensibilidade, coordenação hipotermia.
síndrome expansivo motora e equilibro
•Também sintomas vegetativos 3ª Fase
1ª Fase •Náuseas e vómitos
•Midríase e Taquicardia
(>5 a 6 gr/L)
Tratamento:
Desintoxicação
Desabituação
Farmacoterapia
A família - envolvimento
Comunidade – recurso
Reabilitação psicossocial – autonomia e máximo de competências sociais
Reabilitação profissional – emprego
Prevenção da dependência do álcool – não ignorar é a primeira regra da
ajuda.
Terapia individual
Terapia de grupo
Terapia familiar
Grupo de auto ajuda
Redução da oferta
Substâncias ilícitas
Substâncias lícitas
Jogo
85
5.1.2 A pessoa com comportamentos suicidários
Se alguém falar sobre suicídio com outra pessoa está a transmitir a ideia de
suicídio a essa pessoa
Falso – Não se causam comportamentos suicidas por se falar com alguém
sobre isso. Na realidade, reconhecer que o estado emocional do individuo
é real e tentar normalizar a situação induzida pelo stress são componentes
importantes para a redução da ideação suicida.
Uma pessoa que tem uma tentativa prévia apresenta um risco aumentado de
suicídio.
Verdadeiro – Contraria o mito de que a pessoa após uma tentativa de
suicido nunca mais volta a tentar matar-se
Ideação suicida: pensamentos e cognições sobre acabar com a própria vida, que
podem ser vistos como percursores de comportamentos autolesivos ou atos
suicidas. Podem apresentar-se sob a forma de desejos e/ou plano para cometer
suicídio, sem que haja necessariamente passagem ao ato.
86
posologias terapêuticas reconhecidas, ingerir uma droga ilícita ou substâncias
psicoativas com propósito declaradamente autoagressivo, ingerir uma substância
ou objeto não ingeríveis (por exemplo, lixívia, detergente, lâminas ou pregos).
Tentativa de suicídio: Ato levado a cabo por um indivíduo e que visa a sua morte,
mas que, por razões diversas, resulta frustrado.
Suicídio consumado: Morte provocada por um ato levado a cabo pelo indivíduo
com intenção de pôr termo à vida, incluindo a intencionalidade de natureza
psicopatológica.
Suicídio:
As estatísticas oficiais não refletem a realidade, a verdadeira dimensão do
fenómeno suicídio é desconhecida:
Porque o suicídio constitui um fenómeno reconhecido subdeclarado:
morte fortemente estigmatizada por razões de ordem religiosa,
sociocultural e política.
A atribuição da etiologia suicida nem sempre é evidente
O diagnóstico diferencial exige recursos e dispositivos nem sempre
disponíveis.
Estima-se que cerca de 90% dos indivíduos que puseram fim às suas vidas
cometendo suicídio tinham alguma perturbação mental e que, na altura,
60% deles estavam deprimidos.
Os suicídios resultam de uma complexa interação de fatores biológicos,
generativos, psicológicos, sociológicos, culturais e ambientais.
87
Fatores de Risco (Segundo a OE):
88
Fatores de Proteção (Segundo a OE): Os fatores de proteção não eliminam o risco de
suicídio, mas podem equilibrar o peso imposto por circunstâncias difíceis da vida. Incluem
recursos pessoais, familiares e sociais/comunitários.
Fatores de Proteção
- Atitude positiva face à vida, competências na resolução de problemas
- Uma vida social satisfatória
- Crenças religiosas, culturais e étnicas
- Apoio da família, de amigos e de outros relacionamentos significativos
- Envolvimento da comunidade
- Integração social como, por exemplo, através do trabalho e do uso construtivo do tempo
de lazer
- Acesso a serviços e cuidados de saúde mental
Prevenção do Suicídio:
Passos importantes:
Melhorar deteção na comunidade, encaminhar para especialistas, gerir o
comportamento suicida
Identificar as pessoas que estão em risco e a que a ele são vulneráveis.
Entender as circunstâncias que influenciam o comportamento
autodestrutivo
Estruturar intervenções eficazes
b) Suicídio e Depressão
89
Níveis de gravidade da Depressão:
A gravidade do episódio de depressão depende do:
Número de sintomas
Gravidade dos sintomas e grau de perturbação
Impacto sobre o funcionamento e sobre o funcionamento social
Perguntas possíveis:
Como tem estado de humor ultimamente?
Tem-se sentido deprimido (triste, abatido, infeliz, como se nada lhe importasse)?
É capaz de voltar a sua atenção para coisas mais agradáveis quando quer?
Pensa ter perdido o interesse ou estar menos apegado às coisas que
habitualmente lhe davam mais prazer, como a família, os amigos, os passatempos,
ver televisão, comer?
Depressão e Autocuidado:
Criar relacionamentos de apoio: manter atividade social, falar com familiares e
amigos…
Cuidar de si: gratificar-se com pequenos prazeres, ter regras saudáveis (sono,
relaxamento, dieta), perceber o que causa stress
Fazer exercício: manter atividade física regular
90
Contrariar o pensamento negativo (distorções cognitivas): lidar com a tríade
negativa (visão negativa de si, dos outros, do mundo)
Aumentar a inteligência emocional: consciencializar e compreender o que se
sente e emoções associadas
Saber pedir ajuda profissional: quando, como….
Crianças e Adolescentes:
91
Idosos:
Fatores de Risco:
Sexo masculino
Perdas cumulativas
Alcoolismo
Solidão
Desespero e angustia
Acesso a recursos letais
92
Os técnicos que passam por tal experiência referem sentir perda de
autoestima, experimentar pensamentos intrusivos e sonhos vividos, e
sentir, ao mesmo tempo, raiva e culpa em respeito à morte do seu cliente.
Perguntar à pessoa:
Se tem intenção suicida
Se tem um plano
Se já fez tentativas de suicídio
Se existe história familiar de tentativa de suicídio ou doença mental
Se consome álcool, drogas
93
Preocupação com temas de morte e violência
Súbita melhoria no humor depois de um período de depressão
Promiscuidade súbita ou aumentada
94
5.1.3 A reabilitação/ integração da pessoa com doença
mental grave
Reabilitação Psicossocial:
Segundo a OMS: processo que oferece aos indivíduos que estão debilitados,
incapacitados ou deficientes devido a perturbação mental, a oportunidade de
atingir o seu nível potencial de funcionamento independente na comunidade, o
que envolve tanto o incremento das competências individuais como a introdução
de mudanças ambientais.
Os objetivos são:
Criação de um sistema de suporte de longa duração
Melhoria das competências sociais e individuais
Redução da descriminação e do estigma
Autonomização do cliente
Profissional de reabilitação:
Acredita que todas as pessoas têm o direito da autodeterminação,
incluindo a participação em todas as decisões que afetam suas vidas
Acredita na dignidade e valor de todos os seres humanos, indiferente à
gravidade da sua situação clínica
É otimista em consideração ao melhoramento e eventual recuperação de
pessoas com doença mental severa que estão sob os seus cuidados
Assume que todas as pessoas têm capacidade de aprender e crescer
É sensível no respeito individual, cultural e diferenças étnicas de cada
consumidor.
96
Recuperação Pessoal:
A ideia central baseia-se no pressuposto de que existe
vida para além da doença mental e que essa vida pode Valores-chave:
ter qualidade. Privilegiando o reforço da autoestima, da Orientação para pessoa
identidade e da recuperação dos diferentes papeis Envolvimento da pessoa
sociais, mas partindo do próprio individuo que Autodeterminação pessoal
determina o seu próprio destino com base naquilo que Individualização
considera instrumental para si. Potencial crescimento
Tarefas:
Desenvolver uma identidade positiva (o que é importante)
Enquadrar a doença mental (dar o espaço adequado à doença)
Autogerir a doença mental (assumir a responsabilidade)
Desenvolver papeis sociais valorizados (velhos e/ou novos desígnios)
97
Níveis de Suporte Social:
Comunitário: reflete a integração na estrutura social mais ampla, ligado a um
sentimento de pertença e integração social
Redes sociais: ligação mais frequente e específica a um número relativamente
amplo de pessoas (relações de trabalho, de amizade e parentesco), ligado a
sentimentos de vinculação.
Relações de intimidade: ligado a sentimentos de compromisso (Guterres, 2002)
Notas:
Envolver cuidador/ familiar (coabitação não é necessária)
Centralização: transforma-se num contrato entre o enfermeiro e utente onde a
pessoa valoriza o que é importante para ela
Autodeterminação: a pessoa decide objetivos e como fazer estratégias
Autoeficácia: valoriza a utilização dos recursos pessoas e aquisição de
competências
Relação Terapêutica: valorização do papel de cada um dos intervenientes na
construção do plano de cuidados
98
5.2 Situações que implicam risco de vida
Situações de Urgência:
• Situação de saúde que tem que ser resolvida/contida em tempo útil para que
não se torne numa situação emergente.
• Priorizar – e existe uma linguagem para priorizar as situações (triagem de
Manchester)
Situações de Emergência:
• Situação de saúde (não é ausência de doença) em que o tempo de
atendimento não pode ser adiado porque compromete a vida da pessoa no
momento.
• Não se priorizam, desde que não ultrapassem os recursos disponíveis
• Gravidade: Juízo é baseado em critérios de gravidade; No exército o termo
de escolha não era por gravidade mas por salvabilidade, ou seja, salvavam
aqueles com melhores hipóteses de recuperação rápida para voltarem para a
guerra.
• Exemplo: paragem cardiorrespiratória.
Conceito:
A ventilação é uma área nobre do suporte de vida avançado. A possibilidade de
permitir a respiração a uma pessoa que nomeadamente não consegue realizá-la
O cuidar de um doente submetido a ventilação mecânica tornou-se parte
integrante dos cuidados de enfermagem prestados em UCI’s, Unidades de
Cuidados Intermédios e até mesmo no domicílio. (Paulo Marcelino, 2008)
Ventilador: aparelho/dispositivo mecânico ou eletrónico que circula o ar de um
lado para outro. Coloca ar num espaço.
Nota: pulmão importante para manter o pH normal (7.35-7.45); fossas nasais deixam de ser
usadas
99
b) Breve revisão da anatomia do aparelho respiratório
Respiração:
Ato essencial à manutenção de vida, que pode ser definido como a troca gasosa
entre a atmosfera e o sangue venoso, através da membrana alvéolo-capilar.
O aparelho respiratório está anatomicamente organizado para assegurar as trocas
gasosas, estando estas dependentes dos seguintes mecanismos:
Ventilação
Perfusão
Difusão de gases
Ventilação:
100
Difusão de gases:
Regulação da Respiração:
A ventilação é controlada automaticamente por um centro nervoso localizado no
bulbo
Os sinais nervosos são transmitidos desse centro aos músculos da respiração
Em condições normais o centro respiratório produz em cada 5 segundos um
impulso nervoso que estimula a contração da musculatura torácica e do
diafragma, iniciando o processo de inspiração
O processo de expiração é um processo passivo, que resulta da alteração de
pressão intra-torácica e do relaxamento dos músculos respiratórios
O centro respiratório tem a capacidade de aumentar/diminuir tanto a frequência
(normal: 10-15 cr/m) como a amplitude dos movimentos respiratórios, devido à
sensibilidade dos seus quimiorreceptores ao pH do plasma
101
Compliance Pulmonar:
Capacidade de expansão e retração pulmonar. A maior ou menor capacidade de
expansão pulmonar é definida pela relação entre volume e pressão, sabendo-se
que uma pequena alteração da pressão resulta numa grande mudança de volume
Num ciclo respiratório normal é necessário uma pressão de distensão negativa de
3 cm/H2O para se movimentar cerca de 500 ml de ar.
Volume de reserva Volume máximo de ar inspirado numa manobra forçada, após 3000ml
inspiratória inspiração do volume corrente
Volume de reserva Volume máximo de ar expirado numa manobra forçada, após a 1100ml
expiratória expiração do volume corrente
Volume residual Volume de ar que permanece nas vias aéreas, após uma expiração 1200ml
mais forçada possível
Capacidade inspiratória Corresponde à soma do volume corrente com o volume de reserva 3500ml
inspiratória, que é a quantidade máxima de ar que uma pessoa
pode inspirar, após uma expiração em repouso
Capacidade pulmonar A soma dos volumes de reserva inspiratória e expiratória, mais o 5800ml
total volume corrente e o residual.
Ventilação Mecânica:
Todo o procedimento de respiração artificial que envolve um aparelho mecânico
para ajudar a auxiliar/ substituir a função ventilatória, podendo desde logo,
melhorar a oxigenação e influenciar a mecânica pulmonar
Surge da necessidade de substituir a função ventilatória em determinadas
situações de doença ou traumatismo que levam à morte do paciente por
depressão desta capacidade vital
102
A evolução desta matéria deu-se em paralelo com a história e com o
desenvolvimento de outras disciplinas como a medicina, a bioquímica e a biofísica.
Pode ser usada como tratamento, ou seja, apesar do doente conseguir ventilar
adequadamente sozinho, no sentido de prevenir complicações, os doentes são
ventilados mecanicamente.
103
g) Objetivos e critérios para a ventilação mecânica
Objetivos:
Reverter a hipoxémia/oxigenação arterial Ventilação Psicológica
Otimizar as capacidades pulmonares – Pressão Negativa
Reduzir/aliviar o trabalho muscular respiratório
Servir de suporte de vida até a recuperação do doente Ventilação Mecânica –
Pressão Positiva
Tratar a acidose respiratória
Prevenir e tratar a atelectasia
Permitir a sedação e o bloqueio neuromuscular
Diminuir o consumo sistémico de O2
Reduzir a pressão intracraniana
Estabilizar a parede torácica
Princípios Gerais:
A ventilação mecânica é feita basicamente através do uso da pressão positiva nas
vias aéreas. Princípio oposto à fisiologia normal, que recorre à pressão negativa
para a entrada de ar nos pulmões
Essa pressão positiva exercida nas vias aéreas pelo ventilador, através de um
compressor de ar, gere sempre um determinado volume
O ciclo de ventilação do ventilador divide-se em 4 fases:
1) Fase inspiratória
O ventilador insufla os pulmões e vence as propriedades elásticas
e resistências do sistema respiratório
No final desta fase pode utilizar-se um recurso denominado como
Pausa Inspiratória, a qual pretende prolongar esta fase de forma a
melhorar as trocas gasosas
A fase inspiratória é iniciada de acordo com a modalidade
ventilatória escolhida para o doente (controlada/assistida)
104
2) Mudança da fase inspiratória para a fase expiratória
Denominada por fase de ciclagem do ventilador, altura em que é
interrompida a fase inspiratória e iniciada a fase expiratória
3) Fase expiratória
De forma passiva, o ventilador permite a saída de ar dos pulmões,
mas não na sua totalidade. É mantido um pequeno volume que
gera uma pressão positiva e residual na fase final da expiração –
PEEP (positive end expiratory pressure)
A finalidade da PEEP consiste em prevenir o colapso alveolar,
permitindo também uma melhoria da oxigenação
Ventilação Assistida: Adaptação aos doentes com alguma capacidade de interagir com o
ventilador em que se pretende conjugar a capacidade do doente com a ajuda do
ventilador.
j) Modalidades Ventilatórias
105
k) Parâmetros Ventilatórios
106
l) Volume Controlado
Complicações:
Diminuição do débito cardíaco:
A ventilação com pressão positiva aumenta a pressão intratorácica que
diminui o retorno venoso
O compromisso do retorno venoso diminui a pré-carga , resultando na
dimunuição do débito cardíaco
Aumento da PIC (pressão intra-craniana)
A pressão positiva compromete o retorno venoso cerebral podendo levar
ao aumento da PIC
Alcalose respiratória
A alcalose respiratória pode decorrer da hiperventilação relacionada com
dor, ansiedade, dispneia, agitação e inadequação dos parâmetros
ventilatórios
Infeção
Alterações da função renal e hepática
Resultante da diminuição do débito cardíaco
Broncotrauma
Decorrente da pressão nos alvéolos
Autotrigger
n) Desmame Ventilatório
Desmame Ventilatório:
A transferência da autonomia ventilatória para o doente é um processo
personalizado sequencial e progressivo
Os tipos de desmame a adotar depende de:
Situação respiratória do doente
Tempo de permanência sob ventilação mecânica.
107
SIMV + PA
O doente mantém-se ligado ao ventilador e o número de respirações
mandatórias sincronizadas vão sendo diminuídas
Deste modo, o doente aumenta, de forma independente, o número de
respiracões, ganhando autonomia na respiração
PA
O doente mantém-se ligado ao ventilador e o nível de pressão assistida
pré-programada vai sendo gradualmente reduzida, durante a inspiração
até que o doente não necessite de ajuda
CPAP
Com esta modalidade o doente controla a FC e o fluxo inspiratório e a relação
I/E
Este método permite a estabilização dos alvéolos, evitando o seu colapso
através da pressão positiva contínua.
O suporte de pressão e o trabalho dos músculos inspiratórios e o consumo de
O2 permitindo assim uma transição gradual entre a ventilação assistida e a
ventilação espontânea
Tubo em T
O doente é desconectado do ventilador e começa a respirar
espontaneamente.
108
5.3 Situações de fim de vida
a) Dor
Conceito:
Define-se como uma experiencia multidimensional desagradável, que envolve não
só a componente emocional da pessoa que a sofre. Por outro lado, a dor associa-
se, ou é descrita como associada a uma lesão tecidular concreta ou potencial.
b) Dor Total
c) Prevalência
Estudos (n=5000)
72% dos doentes da comunidade Europeia
77% no Reino Unido
109
d) Intensidade/ Gravidade
- Relutância em se
queixar dos sintomas - Avaliação inadequada
- Falhas no
- Medo da dor e não da dor
reconhecimento dos
saber como obter ajuda - Relutância em
doentes com dor
- Falta de conhecimento prescrever e
oncológica
acerca da analgesia monitorizar a analgesia
- Ineficácia na
com opióides fortes - Educação insuficiente
comunicação da
- Pouca adesão por para promover a
informação sobre a dor
medo dos efeitos autogestão
secundários
f) Avaliação da Dor
Avaliação da Dor:
Intensidade (0-10)
Localização
Qualidade
Irradiação
Fatores temporais
Fatores de agravamento e alívio
Necessidade de doses de resgaste (SOS) para a dor irruptiva (dor que ultrapassa o
limiar normal da pessoa – está estabilizada e de repente tem picos)
Impacto no sono na função e na qualidade de vida
110
Tipos de Dor:
Dor Somática:
• Descrição – monótona, em agulha, contínua e latejante
• Constante e bem localizada
• Dor óssea – a mais comum
• Geralmente bem controlada se a causa da dor for retirada
Dor Visceral:
• Descrição – profunda, monótona, contínua, em aperto ou com sensação de pressão
• Episódica ou em cólica
• Frequentemente mal localizada
• Reflexo cutâneo – diferencial difícil com dor somática
• Causada por extensão ou distensão de musculatura lisa visceral, isquemia ou irritação
mucosa ou serosa de vísceras
Dor Neuropática:
• Descrição – queimadura, pontada, choque constante ou esporádica
• Geralmente associada a sensações anormais como alodinia (estímulo não doloroso que
provoca dor no cliente, por exemplo, passar algodão pela pele provoca dor), hiperpatia
(aumento exagerado da dor), parestesia (sensação de formigueiro/choques elétricos)
hipoestesia (redução da sensação tátil)
• Causada por lesão neural, invasão tumoral de nervos, plexos ou resultados de
tratamentos (ex: fibrose porRT)
• Inclui dor fantasma, dor por desaferentação, dor central, nevralgia pós herpética,
disfunção do sistema simpático.
Escalas de Avaliação:
Escala Visual Analógica
Escala Numérica
Escala Qualitativa
Escala de Faces
As escalas devem ser acompanhadas por um diagrama corporal
111
Escala Dolopus 2:
Dor Crónica:
112
Comportamento deprimida
Piora no estado mental
Situação Clinica:
Cancro metastático
Doença articular com deformidades
Pós-operatório de cirurgias torácicas, abdominais e ortopédicas
Queimados
Procedimentos dolorosos (inclui banho, alternância de decúbito e
realização de pensos)
Presença de drenos
Comportamento do Paciente:
Adoção de postura de proteção, resistência a certos movimentos durante
os cuidados
Movimento de retirada do estímulo doloroso
Agitação persistente mesmo após adoção de medidas não farmacológicas
de conforto
Diminuição do nível de atividade
Vocalização – gemido, choro
Alteração do padrão de sono
Diminuição do apetite
Prestação de cuidados:
Avaliação da dor
Controlo da dor
Ensino à pessoa/cuidador principal/família
Documentação
Avaliação da Dor:
113
Impacto emocional, sócio-económico e espiritual da dor
Sintomas associados
Descrição do uso e efeito das medidas farmacológicas e não
farmacológicas.
6º Escolher os instrumentos de avaliação de dor atendendo a:
Tipo de dor, idade, situação clínica, propriedades psicométricas,
critérios de interpretação, escala de quantificação comparável,
facilidade de aplicação, experiência de utilização em outros locais
7º Avaliar a intensidade da dor privilegiando instrumentos de auto-avaliação,
considerando a ordem de prioridade:
Escala Visual Analógica (EVA)
Escala Numérica (EN)
Escala de Faces (EF)
Escala Qualitativa (EQ).
8º Assegurar a compreensão das escalas de auto-relato pela pessoa/cuidador
principal/família, após ensino
9º Avaliar a dor nas crianças pré-verbais e nas pessoas com incapacidade de
comunicação verbal e/ou com alterações cognitivas, com base em indicadores
fisiológicos e comportamentais, utilizando escalas de hétero-avaliação
10º Manter a mesma escala de intensidade em todas as avaliações, na mesma
pessoa, exceto se a situação clínica justificar a sua mudança
11º Ensinar a pessoa/cuidador principal/família sobre a utilização de instrumentos
de avaliação da dor e sua documentação
12º Garantir a comunicação dos resultados da avaliação da dor aos membros da
equipa multidisciplinar, mesmo que se verifique transferência para outras
áreas de intervenção
Controlo da Dor:
114
Escada Analgésica da Dor:
Tipos de Dor:
115
Intervenções Farmacológicas:
Fármacos Tratamento da Dor (1º e 2º Degrau)
Fármacos Tratamento da Dor (3º Degrau)
Início Tratamento com Morfina
Opióides
Dor Aguda
Via SC – 2mg a cada 5 minutos até alívio da dor
Morfina 1,5mg IV a cada 10 minutos
Morfina oral 5mg a cada 30 minutos
Titulação de dose: somar a dose de opiáceo recebida em 24h e
administrar sob solução de IV contínua ou opiáceo oral de longa
duração dividindo em 2 ou 3 tomas diárias
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Intervenções Não Farmacológicas:
Estimulação cutânea
Calor local, frio
Hidroterapia
Ultrassom
Exercício
Acupuntura
TENS (Transcutaneous Electrical Nerve Estimulation)
Massagem
Técnicas de relaxamento e visualização
Terapia cognitiva
Controlo da dor:
Colaborar com os restantes elementos da equipa multidisciplinar no
estabelecimento de um plano de intervenção para o controlo da dor,
coerente com os objectivos da pessoa
Contribuir com dados relevantes sobre a individualidade da pessoa para a
selecção mais adequada dos analgésicos e das vias de administração
Envolver a pessoa/cuidador principal/família/na definição e reajustamento
do plano terapêutico
Ajustar o plano terapêutico de acordo com os resultados da reavaliação e
com os recursos disponíveis
Conhecer as indicações, as contra-indicações e os efeitos colaterais dos
fármacos utilizados no controlo da dor e as interações medicamentosas
Prevenir e controlar os efeitos colaterais mais frequentes da terapêutica
analgésica
Vigiar a segurança da terapêutica analgésica
Prevenir e tratar a dor decorrente de intervenções de Enfermagem e de
procedimentos diagnósticos ou terapêuticos
Conhecer as indicações, as contra-indicações e os efeitos colaterais das
intervenções não farmacológicas
Utilizar intervenções não farmacológicas em complementaridade e não em
substituição da terapêutica farmacológica
Selecionar as intervenções não farmacológicas considerando as
preferências da pessoa, os objetivos do tratamento e a evidência científica
disponível.
117
Ensino à pessoa/cuidador principal/família:
Documentação:
118
5.3.2 Abordagem global no controlo de outros
sintomas
a) Controlo de sintomas
Princípio: A abordagem científica para o controlo de sintomas pode ser apresentada sob o
acrónimo EEMMA
Evaluation – Avaliação
Explanation – Explicação
Management – Controlo
Monitoring – Monitorização
Attention to details – Atenção aos pomenores
Avaliação:
119
Explicação:
Controlo:
120
Monitorização:
Atenção:
Conceito:
Sensação subjetiva de falta de ar, sensação de esforço ou dificuldade em respirar.
A dispneia é uma resposta fisiológica em situação de esforço, tornando-se
patológica quando limita as atividades usuais, ou está associada a ansiedade grave.
Presente em 70% dos doentes com cancro nas últimas semanas de vida. É um fator
independe preditivo de sobrevivência.
Pode ser um dos mais assustadores e difíceis sintomas que os doentes podem
experimentar.
Contribui para uma incapacidade acentuada e compromisso da qualidade de vida.
A dispneia e o medo da dispneia conduzem a um profundo sofrimento do doente e
seus familiares
Quanto mais intensa é a dispneia menor a probabilidade de se conseguir atuar na
etiologia.
Etiologia:
I. Consequência direta ou indireta da invasão local ou disseminação metastática de
uma neoplasia: obstrução das vias aéreas, invasão do parênquima pulmonar,
derrame pleural, síndrome da veia cava superior, derrame, pericárdia, ascite com
distensão abdominal e elevação do diafragma.
121
II. Consequência de terapêutica antineoplásica:
Amputação do parênquima pulmonar (pneumectomia)
Lesões fibrosantes (radioterapia, quimioterapia)
Lesões miocárdio (quimioterapia)
Os doentes e a dispneia:
Modelada pelas experiencias previas do doente, expectativas, personalidade,
atitude e estado emocional. Os doentes frequentemente referem que a dispneia:
É intermitente, ocorrendo em episódios (5-15 minutos) precipitados
pelo esforço, estar dobrado, falar, etc. Associada à sensação de
exaustão.
Limita as atividades de vida diária e de âmbito social conduzindo á
perda de Independência e de papéis originando frustração, raiva e
depressão
É indutora de sensação de ansiedade, medo, pânico e morte iminente
Controlo da dispneia:
Sempre que possível modificação ou remoção das suas causas
Alívio do sintoma e não a correção de parâmetros analíticos
Muitas vezes causas múltiplas e irreversíveis – ação dirigida exclusivamente ao
controlo sintomático:
Quimioterapia ou radioterapia paliativa
Correção das causas
Toracocantese
Paracentese evacuadora
Colocação de próteses endobrônquicas
Antibioterapia
122
Abordagem Farmacológica: São usados essencialmente pelos seus efeitos
secundários
Morfina:
Diminuição da frequência respiratória
Redução da sensibilidade à hipercapnia
Redução da sensibilidade á hipoxemia
Melhoria da função cardíaca (diminuição da pré-carga)
Redução da ansiedade
Sedação
2,5 a 5mg oral de 4/4h, não esquecendo SOS
Se já tomava morfina (dor), aumento da dose em 50%
Benzodiazepinas:
Lorazepam – ação mais rápida, duração curta – 1mg “per-os” ou sub-
lingual 2x dias ou SOS)
Diazepam – 5 a 10mg de 8/8h ou 12/12h
Midazolam – ação rápida e breve
Utilizado em crises graves, especialmente com grande
ansiedade
Bólus de 5 a 10mg IV lento (1mg/min)
Quando o doente relaxado – pode iniciar perfusão SC ou
passar a via oral
Corticóides:
Obstrução, broncospasmos
Indicados na asma e DPOC
Prednisolona 30 a 60mg/dia PO
Dexametasona 4 a 8mg/dia PO
Broncodilatadores:
Obstrução ou broncospasmo
Salbutamol
Brometo de Ipatrópio
Oxigénio:
Aumenta a tensão do O2 alveolar e diminuir o esforço respiratório
necessário para manter uma dada tensão de oxigénio arterial
Controlar o débito de forma a obter saturações periféricas de O2
superiores a 90%. Se existe hipoxemia grave (saturação O2 inferior a
90% e/ou PaO2 inferior a 60mmHg)
A maioria dos doentes que referem dispneia não estão em hipoxemia
Contínuo (dispneia em repouso) ou intermitente (dispneia de esforç
Evitar máscara (seca a boca, altera a comunicação e a alimentação)
Doentes sem hipoxemia podem encontrar mais alívio ao receber ar
fresco na cara
Ar fresco na face pode originar alívio devido à estimulação do
segmento V2 do V par craniano (Trigémio)
Só se faz oxigénio quando é mesmo necessário: ou o doente desnatura
ou as outras medidas não estão a ser eficazes
123
Abordagem Não Farmacológica:
Treino da Respiração:
Promove um padrão suave e tranquilo da respiração
Minimiza o trabalho da respiração
Cria uma sensação de controlo sobre a respiração que promove a
confiança em lidar com os episódios de dispneia
Inclui:
Técnicas de relaxamento que encorajam a respiração
profunda
Respiração diafragmática
Expiração com lábios semi-cerrados
Posicionamento:
Aumento da pressão abdominal: restituição da curvatura
diafragmática
Maximizar a relação ventilação/perfusão decúbito sobre o lado são
Local bem ventilado (janela, ventoinha)
Decúbito para o lado são ou doente:
Pode pôr-se a pessoa em decúbito para o lado são porque isso
permite que esse lado fique mais perfundido, e o outro lado
fica mais livre para expandir e é mais fácil de drenar do que se
estivesse sobre pressão.
Pode acontecer exatamente o oposto, ao deitar o doente para
o lado são, comprimimos o único pulmão que ventila bem e
estamos a diminuir a disponibilidade de O2.
O que se deve fazer é experimentar os dois lados, verificar a
oxigenação, para escolher o estado correto para o doente
consoante o seu estado.
Dessensabilização:
A exposição a níveis mais elevados que o habitual de dispneia num
ambiente seguro podem aumentar a confiança em lidar com este
sintoma. O exercício nem espaço sob supervisão capacita alguns
doentes e ultrapassara ansiedade provocada pela dispneia de esforço
aumentando a sua tolerância
124
c) Estertor Terminal “Death Rattle” (sintoma respiratório)
Conceito:
Corresponde ao termo utilizada para descrever o ruido provocado pelas secreções
na (hipo) faringe ao oscilarem com a inspiração e a expiração
É habitualmente observado apenas em doentes extremamente debilitados e em
fase agónica
Ocorre em 30 a 50% dos doentes e é um dos sintomas mais angustiantes para a
família e cuidadores
Se o doente não estiver angustiado pelas secreções o tratamento é apenas
“cosmético” para beneficio dos familiares e cuidadores
Explicar a família que o doente, estando perto da inconsciente, não é perturbado
pelo sintoma:
Colocar o doente em posição de (semi) fowler ou lateral (drenagem)
Cuidados à boca. Aspiração orofaríngea?
Anticolinérgicos:
Escopolamina – 0,5-1mg cada 4 a 6h, via SC (mais sedativo atravessa a
barreira hemato-encefálixa)
Butilescapolamina – 20mg até cada 6 a 8h, via SC (menos sedativo)
Devem usar-se logo que se detetem as secreções (ou
preventivamente) não atuam sobre as secreções já presentes
A hidratação artificial tende a agravar este problema este problema
por aumentar o volume das secreções
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