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Livro Eletrônico

Aula 03

Direito Administrativo p/ Magistratura Estadual 2018 (Curso Regular)


Com videoaulas
Erick Alves, Time Erick Alves

71173739890 - Laura Alice Duarte


Direito Administrativo
Magistraturas Estaduais 2018
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 03

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Teoria e exercícios comentados
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AULA 03

Olá pessoal!

Na aula de hoje estudaremos o tema “entidades paraestatais e


terceiro setor”. Além disso, veremos as características das
agências reguladoras e das agências executivas.

Para tanto, seguiremos o seguinte sumário:

SUMÁRIO

Entidades paraestatais e Terceiro Setor .................................................................................................................. 3


Serviços sociais autônomos.............................................................................................................................................. 6
Organizações sociais (OS) .............................................................................................................................................. 10
Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) ................................................................... 17
Principais distinções entre OS e OSCIP ................................................................................................................... 22
Organizações da Sociedade Civil................................................................................................................................. 24
Entidades de Apoio ............................................................................................................................................................ 44
Agências executivas e reguladoras ........................................................................................................................... 46
Agências executivas ........................................................................................................................................................... 46
Agências reguladoras........................................................................................................................................................ 49
Principais distinções entre agências executivas e reguladoras .................................................................. 61
Questões de Carreiras Jurídicas .................................................................................................................................. 63
RESUMÃO DA AULA........................................................................................................................................................... 101
Jurisprudência da aula ................................................................................................................................................... 104
Questões comentadas na aula ................................................................................................................................... 115
Gabarito.................................................................................................................................................................................... 129

Preparados? Aos estudos!

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ENTIDADES PARAESTATAIS E TERCEIRO SETOR

Como vimos na aula passada, a Administração Pública formal divide-


se em Administração Direta e Indireta, sendo a primeira subdividida em
órgãos sem personalidade jurídica, utilizada para o exercício de atividades
centralizadas por parte do Estado, e a segunda, a indireta, composta por
entidades com personalidade jurídica própria, exercendo funções
descentralizadas.
No entanto, os órgãos e entidades da Administração Pública formal
não são capazes de atender todas as demandas da sociedade. Sendo
assim, existem outras pessoas jurídicas que, embora não integrando o
sistema da Administração Pública formal, direta ou indireta,
cooperam com o governo, prestando serviços de utilidade pública.
Estamos falando das entidades paraestatais.
Entidades paraestatais são aquelas pessoas jurídicas que atuam
ao lado e em colaboração com o Estado, sem com ele se confundirem.
Trata-se de pessoas privadas, vale dizer, instituídas por particulares,
sem fins lucrativos, que exercem função típica, embora não
exclusiva, do Estado, se sujeitando ao controle direto ou indireto do
Poder Público.
Maria Sylvia Di Pietro apresenta a seguinte conceituação:

Entidades paraestatais são pessoas privadas que colaboram com o


Estado desempenhando atividade não lucrativa e às quais o Poder Público
dispensa especial proteção, colocando a serviço delas manifestações do
seu poder de império, como o tributário, por exemplo.

Como exemplo de entidades paraestatais pode-se citar os serviços


sociais autônomos, as organizações sociais, as organizações da
sociedade civil de interesse público e, mais recentemente, as
organizações da sociedade civil. Todas essas entidades incluem-se
entre as chamadas organizações não governamentais (ONGs).
A importância das entidades paraestatais cresceu a partir do processo
de Reforma do Estado, movimento ocorrido no país na segunda metade
dos anos noventa que teve como fundamento, dentre outros, a diminuição
da presença do Estado em algumas áreas nas quais sua atuação não fosse
imprescindível. Nesse processo, o Poder Público passou a transferir ao
setor privado algumas de suas atividades não-exclusivas, com a
justificativa de que os particulares, pelo menos em tese, poderiam
desenvolvê-las de forma mais eficiente.

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Segundo Maria Sylvia Di Pietro, os teóricos da Reforma do Estado
incluem as entidades paraestatais no denominado terceiro setor, assim
entendido aquele que é composto por entidades da sociedade civil sem
fins lucrativos; esse terceiro setor coexiste com o primeiro setor, que
é o Estado, e o segundo setor, que é o mercado, ou seja, o setor privado
empresarial, com fins lucrativos.

As entidades paraestatais não fazem parte


da Administração Indireta; elas integram o
terceiro setor.

O terceiro setor caracteriza-se por prestar atividade de interesse


público, por iniciativa privada, sem fins lucrativos. Justamente pelo
interesse público da atividade, as entidades que integram o terceiro setor
podem receber incentivos do Estado, inclusive sob a forma de aportes de
recursos públicos. Tais incentivos é que compõem a atividade
administrativa de fomento. Por essa razão, as entidades paraestatais,
embora instituídas por particulares, se sujeitam a algumas normas de
direito público, como o controle pela Administração Pública e pelo
Tribunal de Contas.
Detalhe importante é que as entidades do terceiro setor não
precisam, necessariamente, manter qualquer vínculo com o Poder Público.
Se mantiver – que seria o caso, por exemplo, de uma associação que se
qualifica como organização social para receber repasse de recursos
públicos – essa entidade do terceiro setor passa a ser considerada
entidade paraestatal. Por outro lado, se uma entidade privada
desenvolver atividade não econômica de interesse do Estado e, apesar
disso, não mantiver qualquer vínculo com o Estado, ela seria uma
entidade do terceiro setor, mas não uma paraestatal, qualificação que
pressupõe algum vínculo como Poder Público1.

1 Lucas Furtado (2014, p. 181).

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Alguns doutrinadores mais tradicionais empregam o termo


toda pessoa jurídica
que tenha vínculo com o Estado, incluindo, assim, as
entidades da administração indireta de direito privado (empresas públicas,
sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado), e também
os serviços sociais autônomos.
C -se como estatal, se
for integrante do próprio Estado, como é o caso das pessoas federativas, ou, não
sendo assim, terá ela que qualificar-se como paraestatal, por atuar em direta
E
T não tem sido
adotado pela doutrina mais moderna, a qual considera que o termo abrange
exclusivamente pessoas privadas que exercem atividades de interesse público que
não integram a Administração Pública formal.

Em suma, os principais atributos das entidades paraestatais são:


 Entidades privadas, ou seja, são instituídas por particulares;
 Desempenham serviços não exclusivos do Estado, porém em
colaboração com ele;
 Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público (fomento);
 Se sujeitam ao controle da Administração Pública e do Tribunal de
Contas.
 Regime jurídico de direito privado, porém parcialmente
derrogado por normas de direito público;
 Não fazem parte da Administração Indireta;
 Integram do terceiro setor.

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1. (Cespe 2013) Entidades paraestatais são pessoas jurídicas privadas que


colaboram com o Estado no desempenho de atividades não lucrativas, mas não
integram a estrutura da administração pública.
Comentário: O quesito está correto, pois apresenta o exato conceito de
entidades paraestatais. Exemplos de entidades paraestatais são organizações
sociais (OS), organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) e
serviços sociais autônomos. Vale prestar atenção no fato de que as entidades
paraestatais, embora recebam fomento do Estado, não integram a estrutura
formal da Administração Pública, vale dizer, não são entidades da
Administração Indireta e muito menos órgãos da Administração Direta.
Gabarito: Certo

Vejamos então um pouquinho mais sobre cada uma das entidades


paraestatais mais estudadas pela doutrina.

SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS

Os serviços sociais autônomos desempenham atividades de utilidade


pública, sem fins lucrativos, que beneficiam determinados
grupamentos sociais ou profissionais, usualmente direcionadas ao
aprendizado profissionalizante e à prestação de serviços
assistenciais.
São exemplos de serviços sociais autônomos as entidades do
“Sistema S”, dentre elas:
 SESC – Serviço Social do Comércio e SESI – Serviço Social da
Indústria, destinados à assistência social a empregados dos setores
comercial e industrial, respectivamente;
 SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial; SENAC –
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, destinados à
formação profissional e educação para o trabalho.
 SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas, que se destina à execução de programas de auxílio e
orientação a empresas de pequeno porte.

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 SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, com o objetivo
de organizar, administrar e executar o ensino da formação
profissional rural e a promoção social do trabalhador rural;
 SEST – Serviço Social do Transporte e SENAT – Serviço Nacional
de Aprendizagem do Transporte, que incentivam a formação
profissional dirigida aos serviços de transporte;
 SESCOOP – Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo,
que atua na formação profissional, desenvolvimento e promoção
social do trabalhador em cooperativa e dos cooperados.
Os serviços sociais autônomos possuem administração e
patrimônio próprios e são constituídos sob a forma de instituições
particulares convencionais (fundações, sociedades civis ou associações).
A criação dos serviços sociais autônomos depende de autorização
em lei, a exemplo do que ocorre com as pessoas da Administração
Indireta de direito privado. Assim, a aquisição de sua personalidade
jurídica somente se dá com a inscrição dos seus atos constitutivos no
registro competente.
Porém, ao contrário das entidades da Administração Indireta, não é o
Poder Executivo quem usualmente recebe autorização para criar os
serviços sociais autônomos. Diferentemente, tal encargo geralmente é
conferido pela lei autorizadora a entidades representativas de
categorias econômicas, como a Confederação Nacional da Indústria –
CNI, a Confederação Nacional do Comércio – CNC, dentre outras.
Ressalte-se que, embora sejam criados por autorização dada em lei,
os serviços sociais autônomos, assim como as demais entidades
paraestatais, não integram a Administração Pública formal, direta ou
indireta.

Os serviços sociais autônomos, embora


criados por autorização em lei, não integram
a Administração Pública formal.

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Embora a criação dos serviços sociais autônomos


geralmente seja tarefa atribuída às Confederações
Nacionais, algumas leis recentes têm autorizado o
Poder Executivo a instituir entidades com essa classificação.
Todavia, essas novas entidades criadas pelo Executivo, conquanto denominem-se
serviços sociais autônomos, destes se diferenciam em muitos aspectos, a começar
pelo fato de dependerem quase exclusivamente de recursos do orçamento público
para sobreviver.
São exemplos dessas entidades a APEX-Brasil Agência de Promoção de
Exportações do Brasil e a ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.
Carvalho Filho salienta que esses serviços sociais autônomos mais recentes
afastaram-se do modelo clássico e se aproximaram das pessoas administrativas
integrantes da Administração Indireta. Todavia, o autor ressalta que, mesmo nesses
casos, os serviços sociais autônomos não pertencem à Administração Indireta. Na
verdade, a instituição dessas novas entidades fez surgir um regime híbrido: são
típicas pessoas administrativas, embora excluídas da formalmente da Administração
Indireta.

A necessidade de lei para autorizar a criação dos serviços sociais


autônomos decorre do fato de que suas atividades são mantidas,
predominantemente, por contribuições arrecadadas compulsoriamente de
determinados contribuintes, as chamadas contribuições parafiscais.
Tais recursos são arrecadados pela Receita Federal e repassados
diretamente às entidades, ou seja, não chegam a compor o erário ou
transitar pelo orçamento público. Apesar disso, são considerados
recursos públicos, afinal, as contribuições são compulsórias, ou seja,
pagas obrigatoriamente pelos contribuintes, a semelhança dos tributos.
Além disso, sua aplicação deve estar vinculada aos objetivos institucionais
da entidade definidos na lei instituidora, sob pena de desvio de finalidade
passível de controle pelos órgãos públicos competentes.
Detalhe importante é que, segundo a jurisprudência do STF, a
instituição das contribuições parafiscais pode ser feita mediante
lei ordinária, sendo desnecessária a edição de lei complementar2.

2 RE 635.682/RJ

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Os contribuintes das contribuições parafiscais são as pessoas
jurídicas incluídas no setor econômico a que está vinculada a entidade.
Para o SENAI e o SESI, por exemplo, são contribuintes as empresas
inseridas no setor da indústria, ao passo que para o SESC e o SENAC
contribuem as empresas do comércio3.
O Supremo entende que a cobrança da contribuição é válida
independentemente de contraprestação direta em favor do
contribuinte. Para surgir a obrigação de recolher a contribuição, o que
importa é tão somente o setor econômico em que a empresa atua, e não
o fato de ser diretamente beneficiada pelo serviço prestado pela entidade
paraestatal.
Maria Sylvia Di Pietro esclarece que os serviços sociais autônomos
não prestam serviço público delegado pelo Estado, mas atividade
privada de interesse público (serviços não exclusivos do Estado).
Assim, não se trata de serviço público que incumbisse ao Estado e que ele
tenha transferido a outra pessoa jurídica, por meio da descentralização.
Trata-se, sim, de atividade privada de interesse público que o Estado
resolveu incentivar e subvencionar. A atuação estatal, no caso, é de
fomento e não de prestação de serviço público.
Os serviços sociais autônomos, por serem pessoas jurídicas de direito
privado, sujeitam-se, basicamente, às regras de direito privado.
Todavia, pelo fato de administrarem recursos públicos, também se
submetem a algumas normas de direito público, sobretudo no que toca
à utilização dos recursos, à prestação de contas e aos fins institucionais.
Com efeito, os serviços sociais autônomos se submetem a controle
pelo Poder Público, nos termos e condições estabelecidas na
legislação pertinente a cada entidade. É o que dispõe o Decreto-Lei
200/1967:

Art. 183. As entidades e organizações em geral, dotadas de personalidade


jurídica de direito privado, que recebem contribuições para fiscais e
prestam serviços de interesse público ou social, estão sujeitas à
fiscalização do Estado nos termos e condições estabelecidas na legislação
pertinente a cada uma.

Assim, as leis instituidoras dessas entidades devem prever os meios


de controle a que se submetem.

3Também contribuem para o SESC e o SENAC as empresas prestadoras de serviço, salvo quando integram
outro serviço social (Súmula STJ 499).

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Ainda quanto ao controle, vale destacar que os serviços sociais
autônomos estão sempre vinculados à supervisão do Ministério em
cuja área de competência estejam enquadrados. O SESI, SENAI, SESC e
SENAC, por exemplo, estão vinculados ao Ministério do Trabalho 4 .
Ademais, também devem prestar contas ao Tribunal de Contas da
União.
Detalhe importante é que, segundo a jurisprudência do TCU, os
serviços sociais autônomos não se submetem inteiramente à Lei de
Licitações. De fato, a Corte de Contas entende que tais entidades, nas
suas contratações, devem observar apenas os princípios da
Administração Pública, e não necessariamente os procedimentos
previstos na Lei 8.666/1993, podendo, em consequência, editar
regulamentos próprios para definir as regras relativas aos contratos
que venham a celebrar 5 . Todavia, ressalte-se que os serviços sociais
autônomos não podem inovar na ordem jurídica por meio de seus
regulamentos próprios, por exemplo, instituindo novas hipóteses de
dispensa e de inexigibilidade de licitação, haja vista que a matéria deve
ser disciplinada por norma geral, de competência privativa da União 6 .
Dessa forma, tais regulamentos devem conter apenas regras
procedimentais, como número mínimo de propostas, prazos, meios de
garantir a publicidade etc.
Por fim, vale destacar que o STF já deixou assente que as entidades
do Sistema “S” possuem natureza privada e não integram a administração
pública, direta ou indireta, razão pela qual elas não estão obrigadas a
realizar concurso público para contratar pessoal 7.

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS)

Maria Sylvia Di Pietro assim define as organizações sociais:

Organização social é a qualificação jurídica dada a pessoa jurídica


de direito privado, sem fins lucrativos, instituída por iniciativa de
particulares, e que recebe a delegação do Poder Público, mediante
contrato de gestão, para desempenhar serviço público de natureza
social.

4 Decreto 74.296/1976, art. 4º.


5 Acórdão 526/2013-TCU-Plenário
6 TCU: Informativo de Licitações e Contratos 159/2013
7 RE 789.874

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Conforme ensina a professora, nenhuma entidade nasce com o
nome de organização social; a entidade é criada como associação ou
fundação privada e, habilitando-se perante o Poder Público, recebe a
qualificação; trata-se de título jurídico outorgado e cancelado pelo Poder
Público.
Assim, ao invés de montar um hospital público ou posto de saúde, o
Poder Público pode buscar no setor privado alguma entidade privada sem
fim lucrativo que atua nesse setor, a qualificar como organização social e
repassar à entidade privada os recursos públicos necessários à prestação
dos serviços à população8.
As organizações sociais não são uma
categoria de pessoa jurídica. Trata-se,
apenas, de uma qualificação atribuída pelo
Poder Público a determinadas entidades
privadas.

No âmbito da Reforma do Estado, as organizações sociais foram


idealizadas para substituir a Administração Pública em determinadas
áreas, mediante a “absorção” das atividades exercidas por órgãos e
entidades administrativas a serem extintos, processo este denominado de
publicização.
Na esfera federal, as organizações sociais são regidas pela
Lei 9.637/1998.
A aludida Lei prescreve que o Poder Executivo poderá qualificar
como organizações sociais as pessoas que observem três fundamentos
principais:
1. Devem ter personalidade jurídica de direito privado;
2. Não podem ter fins lucrativos;

3. Devem desenvolver atividades dirigidas ao ensino, à pesquisa


científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e
preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde (art. 1º)

A qualificação como organização social é ato discricionário do Poder


Público, dependendo da aprovação do Ministério competente para
supervisionar ou regular a área de atividade correspondente ao objeto
social da entidade (art. 2º, II). Dessa forma, a qualificação não é
conferida a toda e qualquer entidade que atenda aos requisitos legais, e

8 Lucas Furtado (2014, p. 182).

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sim depende do juízo de conveniência e oportunidade da autoridade
competente.
As entidades qualificadas como OS são declaradas como entidades
de interesse social e utilidade pública, para todos os efeitos legais
(art. 11).
A habilitação da entidade privada como OS é feita mediante a
assinatura de contrato de gestão9 com o Poder Público. É no contrato de
gestão que estarão discriminadas as atribuições, responsabilidades e
obrigações do Poder Público e da organização social. Tal instrumento é
elaborado de comum acordo entre o órgão representante do Poder
Público e a entidade qualificada.
Para que passe a valer, o contrato de gestão deverá ser submetido ao
Ministro de Estado ou autoridade supervisora da área correspondente
à atividade fomentada, para fins de aprovação.
Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
economicidade e, também, os seguintes preceitos:
 Especificação do programa de trabalho proposto pela organização social,
a estipulação das metas a serem atingidas e os respectivos prazos de
execução;

 Previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a


serem utilizados, mediante indicadores de qualidade e produtividade;

 Estipulação dos limites e critérios para despesa com remuneração e


vantagens de qualquer natureza a serem percebidas pelos dirigentes e
empregados das organizações sociais, no exercício de suas funções.

A execução do contrato de gestão celebrado por organização social


será fiscalizada pelo órgão ou entidade supervisora da área de atuação
correspondente à atividade fomentada, a qual deverá designar uma
comissão para analisar os resultados atingidos com a execução do
contrato de gestão – controle de resultado (art. 8º).
Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de gestão,
ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na
utilização de recursos ou bens de origem pública por organização social,

9O contrato de gestão celebrado entre o Poder Público e as OS é diferente do previsto no art. 37, §8º da
CF, o qual é celebrado entre o Poder Público e entidades da Administração Indireta ou órgãos da
Administração Direta, com a finalidade de ampliar a sua autonomia gerencial, orçamentária e financeira, e
sobre o qual falaremos quando estudarmos as agências executivas

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dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
responsabilidade solidária (art. 9º).
Além disso, sem prejuízo da comunicação ao TCU, os responsáveis
pela fiscalização representarão ao Ministério Público, à Advocacia-
Geral da União ou à Procuradoria da entidade para que requeira ao
juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e
o sequestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente público ou
terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao
patrimônio público (art. 10).
O órgão de deliberação superior das organizações sociais, seu
Conselho de Administração, deve ter representantes do Poder Público e
de membros da comunidade, de notória capacidade profissional e
idoneidade moral (art. 3º).
À semelhança dos serviços sociais autônomos, as OS também não
prestam serviço público delegado pelo Estado, mas sim atividade
privada de interesse público (serviços não exclusivos do Estado), em
seu próprio nome, com incentivo (fomento) do Estado.
Conforme previsto na Lei 9.637/1998, o fomento às organizações
sociais pode ocorrer das seguintes formas:
 Destinação de recursos orçamentários.
 Destinação de bens públicos necessários ao cumprimento do
contrato de gestão, dispensada a licitação, mediante permissão
de uso, consoante cláusula expressa do contrato de gestão.
 Cessão especial servidor, devendo o órgão de origem arcar com a
sua remuneração.
Um ponto importante é que os contratos a serem celebrados pela
Organização Social com terceiros, para aplicação dos recursos públicos
recebidos em razão do contrato de gestão, devem ser conduzidos de
forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do
caput do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser
editado por cada entidade (não precisam realizar licitação, portanto).
É o que prescreve o art. 17 da Lei 9.637/1998:

Art. 17. A organização social fará publicar, no prazo máximo de noventa


dias contado da assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio
contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e
serviços, bem como para compras com emprego de recursos
provenientes do Poder Público.

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Por outro lado, quando Administração Pública (de qualquer esfera,
federal, estadual, distrital ou municipal) contrata serviços a serem
prestados pelas organizações sociais, a licitação é dispensável, desde
que aquele serviço esteja previsto no contrato de gestão celebrado pela
organização social (Lei 8.666/1993, art. 24, inciso XXIV10).

Quando for a entidade contratante, a organização social não precisa realizar licitação nos
termos da Lei 8.666/1993, mas deverá observar os procedimentos de regulamento próprio,
conduzindo as contratações de forma pública, objetiva e impessoal.

Por outro lado, quando for a entidade contratada pelo Poder Público para prestar serviços
previstos no contrato de gestão, a licitação é dispensável.

Quando constatado o descumprimento das disposições contidas no


contrato de gestão, o Poder Executivo poderá proceder à
desqualificação da entidade como organização social (art. 16).
Sobre esse ponto, Carvalho Filho anota que, a despeito de a lei haver
empregado a expressão “poderá proceder à desqualificação”, dando a
impressão de que se trata de conduta facultativa, o certo é que,
descumpridas as normas e cláusulas a que está submetida, a
Administração exercerá atividade vinculada, devendo (e não podendo)
desqualificar a entidade responsável pelo descumprimento.
A desqualificação será precedida de processo administrativo,
assegurado o direito de ampla defesa, respondendo os dirigentes da
organização social, individual e solidariamente, pelos danos ou prejuízos
decorrentes de sua ação ou omissão.
A desqualificação importará reversão ao Poder Público dos bens e
dos valores entregues à utilização da organização social, sem prejuízo de
outras sanções cabíveis.

10 Art. 24. É dispensável a licitação:


XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas
no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.

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Em 1998, na ADI 1.923/DF, PT e PDT questionaram a constitucionalidade da


Lei 9.637/1998 e da possibilidade de dispensa de licitação prevista no art. 24, XXIV,
da Lei 8.666/1993. Após muitos anos, recentemente (16/4/2015), o STF julgou o
mérito da referida Ação, reconhecendo a constitucionalidade das normas,
ressaltando apenas a necessidade de observância dos princípios administrativos
previstos no art. 37 da Constituição Federal. A decisão também confirma o poder do
Ministério Público e do Tribunal de Contas da União para fiscalizar a aplicação
correta dos recursos recebidos pelas entidades.
Além de reconhecer a constitucionalidade das normas, o STF fixou alguns
entendimentos sobre a matéria. Vejamos:
a) o procedimento de qualificação das organizações sociais deve ser conduzido
de forma pública, objetiva e impessoal
do art. 37 da CF, e de acordo com parâmetros fixados em abstrato segundo o
disposto no art. 20 da Lei 9.637/98;
b) a celebração do contrato de gestão deve ser conduzida de forma pública,
objetiva e impessoal CF
c) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei 8.666/1993, art.
24, XXIV) e outorga de permissão de uso de bem público (Lei 9.637/1998, art. 12, §
3º) são válidas, mas devem ser conduzidas de forma pública, objetiva e impessoal,
CF
d) os contratos a serem celebrados pela Organização Social com terceiros, com
recursos públicos, devem ser conduzidos de forma pública, objetiva e impessoal,
com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF, e nos termos do
regulamento próprio a ser editado por cada entidade (não precisam realizar
licitação, portanto);
d) a seleção de pessoal pelas organizações sociais deve ser conduzida de forma
pública, objetiva e impessoal
da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado por cada entidade; e
e) qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério Público e
pelo Tribunal de Contas da União, da aplicação de verbas públicas deve ser
afastada.

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2. (ESAF 2005) Assinale entre o seguinte rol de entidades de cooperação com o


Poder Público, não-integrantes do rol de entidades descentralizadas, aquela que
pode resultar de extinção de entidade integrante da Administração Pública Indireta.
a) Organização social.
b) Fundação previdenciária.
c) Organização da sociedade civil de interesse público.
d) Entidade de apoio às universidades federais.
e) Serviço social autônomo.
Comentário: Trata-se das organizações sociais (opção “a”). Conforme
ensina Carvalho Filho, a necessidade de ser ampliada a descentralização na
prestação de serviços públicos levou o Governo a instituir o Programa
Nacional de Publicização, através da Lei 9.637/1998, pelo qual algumas
atividades de caráter social, hoje exercidas por entidades e órgãos
administrativos de direito público, poderão ser posteriormente absorvidas por
pessoas de direito privado, segundo consta expressamente do art. 20:
Art. 20. Será criado, mediante decreto do Poder Executivo, o Programa Nacional de
Publicização - PNP, com o objetivo de estabelecer diretrizes e critérios para a
qualificação de organizações sociais, a fim de assegurar a absorção de atividades
desenvolvidas por entidades ou órgãos públicos da União, que atuem nas
atividades referidas no art. 1o, por organizações sociais (...)

A absorção implicará, naturalmente, a extinção daqueles órgãos e


entidades, assim como a descentralização dos serviços para a execução sob
regime de parceria.
Gabarito: alternativa “a”

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ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP)

Maria Sylvia Di Pietro assim define as organizações da sociedade civil


de interesse público (Oscip):

Organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) é a


qualificação jurídica dada a pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, instituídas por iniciativa de particulares, para desempenhar
serviços sociais não exclusivos do Estado com incentivo e fiscalização pelo
Poder Público, mediante vínculo jurídico instituído por meio de termo de
parceria.

Da mesma forma que as organizações sociais, as Oscip não


constituem uma categoria de entidades, e sim uma qualificação
conferida pelo Poder Público a determinadas pessoas privadas, sem fins
lucrativos, que exercem atividade social ou de utilidade pública.
Na esfera federal, as Oscip são regidas pela Lei 9.790/1999.
Segundo a referida lei, as Oscip deverão atuar em pelo menos uma
das seguintes finalidades (art. 3º):
 Promoção da assistência social, da cultura, defesa e conservação do patrimônio
histórico e artístico;
 Promoção gratuita da educação e da saúde;
 Promoção da segurança alimentar e nutricional;
 Defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;
 Promoção do voluntariado;
 Promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
 Experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas
alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;
 Promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica
gratuita de interesse suplementar;
 Promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de
outros valores universais;
 Estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e
divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às
atividades antes mencionadas.
 Estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de
tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte.

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Além de atuar em algum dos segmentos acima, a lei estabelece que
só podem se qualificar como OSCIP as pessoas jurídicas de direito privado
sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em
funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos (art. 1º, caput).
Além disso, a Lei 9.790/1999 enumerou um rol de entidades que não
poderão ser qualificadas como Oscip, ainda que se dediquem de
qualquer forma às atividades anteriormente descritas. São elas (art. 2º):
 Sociedades comerciais;
 Sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;
 Instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e
visões devocionais e confessionais;
 Organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
 Entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo
restrito de associados ou sócios;
 Entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;
 Instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;
 Escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;
 Organizações sociais;
 Cooperativas;
 Fundações públicas;
 Fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público
ou por fundações públicas;
 Organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema
financeiro nacional.

A entidade privada interessada em obter a qualificação como


organização da sociedade civil de interesse público deverá formalizar
requerimento perante o Ministério da Justiça (art. 5º). Assim, a
qualificação é sempre concedida pelo Ministério da Justiça, e não pelo
Ministério correspondente à área de atuação da entidade.
A outorga da qualificação de Oscip é ato vinculado ao cumprimento
dos requisitos instituídos pela Lei 9.790/1999, ou seja, o Ministério da
Justiça só poderá indeferir o pedido no caso de a pessoa jurídica
requerente desatender a algum desses requisitos (art. 1º, §1º; art. 6º,
§3º).

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Aliás, essa é uma diferença relevante entre as Oscip e as OS, uma
vez que a qualificação como organização social constitui
ato discricionário, cabendo ao Ministro de Estado ou titular do órgão
supervisor correspondente à área de atuação da entidade decidir quanto à
conveniência e oportunidade de sua qualificação (Lei 9.637/1998, art. 2º,
inciso II).

A qualificação como organização social é


ato discricionário. Já a qualificação como
Oscip é ato vinculado.

O vínculo de cooperação entre o Poder Público e as entidades


qualificadas como Oscip se dá mediante a celebração de termo de
parceria.
No termo de parceria devem estar previstos os direitos e as
obrigações das partes signatárias, tais como o objeto do ajuste, as metas,
os prazos de execução, os critérios de avaliação de desempenho, a
previsão de receitas e despesas e a obrigatoriedade de apresentação de
relatório anual demonstrando os resultados alcançados, acompanhado da
respectiva prestação de contas.
É possível a vigência simultânea de dois ou mais termos de
parceria, ainda que com o mesmo órgão estatal, desde que a Oscip tenha
capacidade operacional para executar seus objetos.
Embora a qualificação seja conferida pelo Ministério da Justiça, a
execução do objeto do termo de parceria será acompanhada e fiscalizada
por órgão do Poder Público da área de atuação correspondente à
atividade fomentada, e pelos Conselhos de Políticas Públicas das
áreas correspondentes de atuação existentes, em cada nível de
governo (art. 11).
Os resultados atingidos com a execução do termo de parceria devem
ser analisados por comissão de avaliação, composta de comum acordo
entre o órgão parceiro e a Oscip. A comissão deverá apresentar à
autoridade competente um relatório conclusivo sobre a avaliação
procedida (art. 11).
Os responsáveis pela fiscalização do termo de parceria, ao tomarem
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de
recursos ou bens de origem pública pela organização parceira, darão

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imediata ciência ao Tribunal de Contas respectivo e ao Ministério
Público, sob pena de responsabilidade solidária (art. 12).
Além disso, sem prejuízo dessa comunicação, os responsáveis pela
fiscalização representarão ao Ministério Público e à Advocacia-Geral
da União para que requeiram ao juízo competente a decretação da
indisponibilidade dos bens da entidade e o sequestro dos bens dos seus
dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que possam ter
enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público (art. 13).
Da mesma forma que as organizações sociais, as Oscip não precisam
observar os procedimentos da Lei 8.666/93 para celebrar contratos com
recursos públicos. Elas podem editar regulamentos próprios, devendo
ainda observar os princípios da Administração Pública e conduzir os
certames de forma pública, objetiva e impessoal.
Por outro lado, a Lei 8.666/1993 não prevê hipótese de dispensa de
licitação para que a Administração Pública contrate uma Oscip. Vale dizer,
o fato de uma entidade ser qualificada como Oscip não é, por si só,
fundamento para que o Poder Público dispense a licitação caso pretenda
contratar essa entidade para prestar algum serviço.
A Lei de Licitações não permite que a
Administração contrate OSCIP por dispensa
de licitação; permite apenas a contratação de
OS.

Na hipótese de posterior descumprimento dos requisitos legais, a


perda da qualificação como Oscip ocorrerá mediante decisão proferida
em processo administrativo, instaurado no Ministério da Justiça, de
ofício ou a pedido da entidade interessada, ou judicial, de iniciativa
popular ou do Ministério Público, nos quais serão assegurados a ampla
defesa e o contraditório (Decreto 3.100/1999, art. 4º).
Na hipótese do pedido de desqualificação ser proveniente de iniciativa
popular, a Lei veda o anonimato e estabelece que o pedido deva ser
amparado em fundadas evidências de erro ou fraude (art. 8º).

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3. (Cespe 2012) Uma OSCIP que receba recursos financeiros oriundos de termo
de parceria com o governo do DF estará obrigada a seguir a Lei de Licitações da
administração pública para comprar com esses recursos.
Comentário: Conforme estabelece a Lei 9.790/1999:
Art. 14. A organização parceira fará publicar, no prazo máximo de trinta dias, contado
da assinatura do Termo de Parceria, regulamento próprio contendo os
procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como
para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público,
observados os princípios estabelecidos no inciso I do art. 4o desta Lei.

Isso significa que a OSCIP, em regra, ao utilizar recursos públicos em


suas aquisições de bens e serviços, deverá observar os princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e
eficiência. Entretanto, ela não precisará seguir os procedimentos da
Lei 8.666/1993, e sim o seu regulamento próprio.
Gabarito: Errado

4. (Cespe 2012) Para que sociedades comerciais e cooperativas obtenham a


qualificação de organizações da sociedade civil de interesse público, é preciso que
elas não possuam fins lucrativos e que tenham em seus objetivos sociais a
finalidade de promoção da assistência social.
Comentário: É certo que a qualificação de OSCIP somente será conferida
às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos
sociais tenham pelo menos uma das finalidades listadas no art. 3º da Lei
9.790/1999, dentre as quais, a “promoção da assistência social” (inciso I).
Entretanto, nos termos do art. 2º da mesma lei, “sociedades comerciais” e
“cooperativas”, dentre outras entidades, não são passíveis de qualificação
como OSCIP, daí o erro.
De se destacar, ainda, a previsão do caput do art. 1º no sentido de que a
entidade privada, para se qualificar como OSCIP, deve estar em funcionamento
regular há, no mínimo, 3 anos.
Gabarito: Errado

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PRINCIPAIS DISTINÇÕES ENTRE OS E OSCIP

As organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade


civil de interesse público (Oscip) possuem regimes jurídicos bastante
parecidos. Em ambos os casos, temos pessoas privadas, sem fins
lucrativos, que exercem atividades de interesse social ou de utilidade
pública e recebem uma qualificação do Poder Público, observadas as
exigências legais. Uma vez qualificadas, as entidades passam a receber
algum auxílio por parte do Estado, dentro da atividade de fomento.
Contudo, OS e Oscip apresentam muitas diferenças. Para destacar as
principais, vamos elaborar um quadro comparativo11:

OS OSCIP

Foram idealizadas para substituir órgãos e Não foram idealizadas para substituir órgãos
entidades da Administração Pública, que e entidades da Administração Pública.
seriam extintos e teriam suas atividades
O“

Formalizam parceria com o Poder Público Formalizam parceria com o Poder Público
mediante contrato de gestão. mediante termo de parceria.

Qualificação é ato discricionário. Qualificação é ato vinculado.

Qualificação depende de aprovação pelo Qualificação concedida pelo Ministério da


Ministro de Estado ou titular de órgão Justiça.
supervisor ou regulador da área de
atividade correspondente ao objeto social
da OS.

A lei exige que a OS possua um Conselho de A lei exige que a Oscip tenha um
Administração, do qual participem Conselho Fiscal; não exige que a Oscip tenha
representantes do Poder Público; não exige um Conselho de Administração. Não há
que a OS tenha Conselho Fiscal. exigência de que existam representantes do
Poder Público em algum órgão da entidade.

É hipótese de licitação dispensável a Não existe hipótese de licitação dispensável


contratação de OS pelo Poder Público, para para a contratação de Oscip pelo Poder
o desempenho de atividades contempladas Público.
no contrato de gestão.

11 Adaptado de Alexandrino, M. e Paulo, V (2014, p. 155).

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A desqualificação como OS pode ser feita A desqualificação como Oscip pode ser feita
pelo Poder Executivo, em processo a pedido da própria entidade, por iniciativa
administrativo, assegurado o contraditório e de qualquer cidadão ou do Ministério
a ampla defesa. Público, em processo administrativo ou
judicial, assegurado o contraditório e a
ampla defesa.

Por fim, ressalte-se que uma entidade não pode ser qualificada
como OS e OSCIP ao mesmo tempo.

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ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL

A Lei 13.019/2014 12 trouxe uma disciplina mais abrangente e


rigorosa acerca das parcerias entre o Poder Público e as entidades do
terceiro setor, estas últimas chamadas genericamente na lei de
Organizações da Sociedade Civil (OSC).
Conforme o seu art. 1º, a lei institui normas gerais para as
parcerias entre a Administração Pública e Organizações da
Sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução
de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução
de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de
trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento
ou em acordos de cooperação.
Note que a Lei 13.019/2014 institui “normas gerais”, as quais são
aplicáveis às três esferas de governo (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios). Saliente-se que os entes podem estabelecer normas próprias
e específicas, desde que observem as normas gerais contidas na lei.

Nem todos os dispositivos da Lei 13.019/2014 são


obrigatórios para as demais esferas de governo.
Por exemplo, o art. 15 preceitua que
âmbito do Poder Executivo federal, o Conselho Nacional de Fomento e Colaboração,
de composição paritária entre representantes governamentais e organizações da
sociedade civil, com a finalidade de divulgar boas práticas e de propor e apoiar
políticas e ações voltadas ao fortalecimento das relações de fomento e de
colaboração previstas nest L .
C P E federal União.

Abrangência
Vamos então falar a respeito da abrangência da Lei 13.019/2014,
mais especificamente sobre o alcance dos termos “Administração Pública”
e “Organização da Sociedade Civil”, que são justamente as partes
celebrantes dos instrumentos de parceira.

12A Lei 13.019/2014 teve sua vigência adiada por diversas vezes. Por fim, o prazo de vigência ficou sendo
de 540 dias após a data de sua publicação (ocorrida em 1º/8/2014). Assim, a lei finalmente entrou em
vigor em 23/01/2016. Para os Municípios, contudo, a Lei 13.019/2014 só entra em vigor a partir de
1º/1/2017, sendo facultada a implantação das suas disposições a partir de 23/01/2016 mediante a
edição de ato administrativo local (art. 88, §§1º e 2º).

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Em relação à Administração Pública, a lei abrange os órgãos da
administração direta da União, dos Estados, DF e Municípios, assim como
as respectivas autarquias, fundações e empresas estatais
dependentes prestadoras de serviço público. Lembrando que
empresas estatais dependentes são as empresas públicas e sociedades
de economia mista, e suas subsidiárias, que recebam recursos da
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento
de despesas de pessoal ou de custeio em geral. Ou seja, a lei não
incide sobre estatais não dependentes e exploradoras de atividade
econômica.
Sendo assim, o termo “Administração Pública”, para fins de
aplicação da Lei 13.019/2014, compreende:

Administração Pública

União
Estados
Administração Direta
Distrito Federal
Municípios

Autarquias
Fundações
Administração Indireta
EP e SEM "dependentes" prestadoras de
serviço público

Quanto às Organizações da Sociedade Civil, pode-se afirmar que


são todas as do terceiro setor que façam parceria com o Poder
Público13. Especificamente, para fins de aplicação da Lei 13.019/2014, o
termo “organização da sociedade civil” compreende:
 entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus
sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou
terceiros eventuais resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos
ou líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou
parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas

13 Di Pietro (2014, p. 631)

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atividades, e que os aplique integralmente na consecução do respectivo
objeto social, de forma imediata ou por meio da constituição de fundo
patrimonial ou fundo de reserva;

 sociedades cooperativas previstas na Lei no 9.867, de 10 de novembro


de 1999; as integradas por pessoas em situação de risco ou
vulnerabilidade pessoal ou social; as alcançadas por programas e ações
de combate à pobreza e de geração de trabalho e renda; as voltadas
para fomento, educação e capacitação de trabalhadores rurais ou
capacitação de agentes de assistência técnica e extensão rural; e as
capacitadas para execução de atividades ou de projetos de interesse
público e de cunho social.

 organizações religiosas que se dediquem a atividades ou a projetos de


interesse público e de cunho social distintas das destinadas a fins
exclusivamente religiosos;

Organizações da sociedade civil

Entidades privadas Sociedades Organizações


sem fins lucrativos cooperativas religiosas

Detalhe é que a Lei 13.019/2014, de forma diversa do que ocorre


com a legislação das OS e OSCIP, não prevê qualquer qualificação
formal da entidade privada como OSC, mediante ato administrativo. Para
ser considerada OSC, a entidade deve simplesmente se enquadrar em
alguma das três espécies listadas acima. A partir daí, caso a OSC venha a
firmar parceria com a Administração Pública, deverá observar as
exigências da Lei 13.019.
Como regra, qualquer parceria firmada entre a Administração
Pública e uma entidade considerada OSC deverá observar as regras da
Lei 13.019/14.
Contudo, é importante ressaltar que a Lei 13.019 não revogou as leis
anteriores que disciplinam outras modalidades de parcerias entre os
setores públicos e privado, especialmente as Leis 9.637/98 (Organizações
Sociais) e 9.790/99 (OSCIP). Em outras palavras, as exigências da
Lei 13.019 não se aplicam aos contratos de gestão celebrados com
Organizações Sociais nem aos termos de parceria celebrados com
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, desde que

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cumpridos os requisitos da legislação específica. A Lei também não se
aplica às parcerias entre a Administração Pública e os serviços sociais
autônomos (art. 3º, III, VI e X)14.
A Lei 13.019 não se aplica aos contratos de
gestão celebrados com OS, aos termos de
parceria celebrados com OSCIP, nem às
parcerias com os serviços sociais autônomos.

Assim, por exemplo, determinada entidade privada sem fins


lucrativos poderá formalizar parceria com o Poder Público assinando um
contrato de gestão e qualificando-se como OS ou firmando um termo de
parceria e qualificando-se como OSCIP ou, ainda, firmando algum dos
instrumentos previstos na Lei 13.019/2014 (termo de colaboração, termo
de fomento ou acordo de cooperação, que veremos adiante).
Dessa forma, pode-se afirmar que OS, OSCIP e OSC são espécies
distintas entre si.
Por outro lado, a Lei 13.019/2014 restringiu bastante a aplicação do
convênio como instrumento de parceria entre o setor público e privado.
Isso porque, a partir da vigência da lei, somente poderão ser celebrados
convênios nas seguintes hipóteses15:
 Entre entes federados ou pessoas jurídicas a eles vinculadas;

 Com entidades filantrópicas e sem fins lucrativos no âmbito do


sistema único de saúde, nos termos do §1o do art. 199 da CF16.

Assim, não podem mais existir convênios entre entes federados e


entidades privadas. As parcerias celebradas com entidades privadas que
se enquadrem no conceito de Organização da Sociedade Civil terão que
ser formalizadas por meio dos instrumentos previstos na Lei 13.019/2014
(termo de colaboração, termo de fomento ou acordo de cooperação).

14 O art. 3º lista outros casos em que as exigências da Lei 13.019/2014 não se aplicam, a exemplo das

transferências de recursos homologadas pelo Congresso Nacional ou autorizadas pelo Senado


Federal naquilo em que as disposições específicas dos tratados, acordos e convenções internacionais
conflitarem com a Lei 13.019; e dos aos pagamentos realizados a título de anuidades, contribuições ou
taxas associativas em favor de organismos internacionais ou entidades que sejam obrigatoriamente
constituídas por membros de Poder ou do Ministério Público, dirigentes de órgão ou de entidade da
administração pública, pessoas jurídicas de direito público interno ou pessoas jurídicas integrantes da
administração pública.
15 Os convênios celebrados nessas hipóteses serão regidos pelo art. 116 da Lei 8.666/93.
16 Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde,
segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades
filantrópicas e as sem fins lucrativos.

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Formalização das parcerias
As parcerias entre a Administração Pública e as Organizações da
Sociedade Civil devem ser formalizadas por meio dos seguintes
instrumentos:
 Termo de colaboração: instrumento por meio do qual são formalizadas
as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da
sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e
recíproco propostas pela administração pública que envolvam a
transferência de recursos financeiros;

 Termo de fomento: instrumento por meio do qual são formalizadas as


parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da
sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e
recíproco propostas pelas organizações da sociedade civil, que
envolvam a transferência de recursos financeiros;

 Acordo de cooperação: instrumento por meio do qual são formalizadas


as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da
sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e
recíproco que não envolvam a transferência de recursos financeiros;

Note que as definições são iguais nos seguintes aspectos: (i) todos
os termos são instrumentos de parcerias entre a Administração Pública e
as Organizações da Sociedade Civil; (ii) todos os instrumentos têm por
finalidade a consecução de atividades de interesse público e recíproco.
As diferenças são as seguintes: enquanto o termo de colaboração
é proposto pela Administração Pública (a OSC é chamada a “colaborar”
com a Administração), o termo de fomento é proposto pela
Organização da Sociedade Civil (a Administração “fomenta” a proposta
apresentada pela entidade), sendo que ambos envolvem a transferência
de recursos financeiros (no caso, do Poder Público para a entidade
privada). Por sua vez, o acordo de cooperação é celebrado nas
hipóteses em que não há transferência de recursos financeiros,
independentemente de quem propõe o ajuste.

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Termo de colaboração Termo de fomento Acordo de cooperação

Tem por finalidade a Tem por finalidade a Tem por finalidade a


consecução de atividades de consecução de atividades de consecução de atividades de
interesse público e interesse público e interesse público e
recíproco. recíproco. recíproco.

Proposto pela Administração Proposto pela organização Proposto tanto pela


Pública. da sociedade civil administração pública como
pela organização da
sociedade civil

Há transferência de recursos Há transferência de Não há transferência de


financeiros recursos financeiros recursos financeiros

Na celebração do termo de colaboração e do termo de fomento,


a Administração deve indicar, de forma expressa, a existência de prévia
dotação orçamentária para execução da parceria, afinal, nesses casos,
haverá a transferência de recursos financeiros para o parceiro privado.
Ademais, a celebração desses instrumentos (termo de colaboração e
termo de fomento) depende da aprovação de plano de trabalho, que
descreva o objeto da parceria, as metas a serem atingidas e respectivos
parâmetros de aferição, os projetos a serem executados e a previsão de
receitas e despesas (art. 22). Para os acordos de cooperação, tais
exigências não se aplicam.
A lei também estabelece alguns requisitos a serem observados pelas
OSC que desejam celebrar termo de colaboração ou termo de
fomento. Conforme o art. 33, as OSC deverão ser regidas por normas
de organização interna que prevejam, expressamente (art. 33):
 Objetivos voltados à promoção de atividades e finalidades de relevância
pública e social;

 Que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio


líquido seja transferido a outra pessoa jurídica de igual natureza que
preencha os requisitos da Lei 13.019 e cujo objeto social seja,
preferencialmente, o mesmo da entidade extinta;
 Escrituração de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e
com as Normas Brasileiras de Contabilidade;
 Possuir os seguintes prazos mínimos de existência, admitida a
redução desses prazos por ato específico de cada ente na hipótese de
nenhuma organização atingi-los:

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o Um ano, caso a parceria seja celebrada com Município;

o Dois anos, caso a parceria seja celebrada com o Distrito Federal


ou Estado;

o Três anos, caso a parceria seja celebrada com a União.

 Possuir experiência prévia na realização, com efetividade, do objeto da


parceria ou de natureza semelhante;
 Possuir instalações, condições materiais e capacidade técnica e
operacional para o desenvolvimento das atividades ou projetos
previstos na parceria e o cumprimento das metas estabelecidas.

Na celebração de acordos de cooperação, somente será exigido o


primeiro requisito acima (objetivos voltados à promoção de atividades e
finalidades de relevância pública e social), dispensando-se os demais.
Perceba que a lei exige adequações estruturantes por parte das
Organizações da Sociedade Civil, as quais deverão promover, quando
necessário, alterações em seus estatutos sociais, ajustar suas estruturas
administrativas e desenvolver metodologias de planejamento e gestão
compatíveis com as exigências do regime jurídico das parcerias.
A Lei 13.019 admite a atuação em rede por duas ou mais OSC,
sendo que uma delas ficará encarregada de firmar o instrumento de
parceria com a Administração, assumindo, assim, a integral
responsabilidade pela execução do ajuste. Para tanto, a OSC signatária
do termo de fomento ou de colaboração deve possuir mais de cinco
anos de inscrição no CNPJ e capacidade técnica e operacional para
supervisionar e orientar diretamente a atuação da organização que com
ela estiver atuando em rede (art. 35-A). A atuação em rede permite que a
OSC signatária repasse recursos às entidades não celebrantes, garantindo
uma maior descentralização das atividades.
Por fim, ressalte-se que o termo de fomento, o termo de colaboração
e o acordo de cooperação somente produzirão efeitos jurídicos após a
publicação dos respectivos extratos no meio oficial de publicidade da
administração pública.

Chamamento público
Como regra, a celebração de termos de colaboração ou de termos
de fomento depende da prévia realização de chamamento público,
exceto aqueles que envolvam recursos decorrentes de emendas
parlamentares às leis orçamentárias anuais (art. 24 c/c art. 29 e 35, I).

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Por sua vez, os acordos de cooperação serão celebrados sem
chamamento público, exceto quando o objeto envolver a celebração de
comodato, doação de bens ou outra forma de compartilhamento de
recurso patrimonial.

Termos de colaboração
Com
Termos de fomento
chamamento
público Acordos de cooperação que envolvam
compartilhamento de recurso patrimonial

Acordos de cooperação
Sem
chamamento Termos de colaboração e termos de
fomento que envolvam recursos de
público emendas parlamentares às LOA

O chamamento público nada mais é que um procedimento destinado


a selecionar a OSC para firmar parceria, de modo a tornar mais eficaz a
execução do objeto, no qual se garanta a observância dos seguintes
princípios e dos que lhes são correlatos (art. 2º, XII):

Isonomia
Legalidade
Impessoalidade

Princípios do Moralidade
chamamento Igualdade
público Públicidade
Probidade administrativa
Vinculação ao instrumento convocatório
Julgamento objetivo

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Ressalte-se que, embora a Lei 13.019 deixe claro que a Lei 8.666/93
(Lei de Licitações e Contratos) não se aplica às parcerias por ela regidas
(art. 84), a doutrina entende que o chamamento público é, em
essência, uma modalidade de licitação, regida por legislação
própria. Com efeito, a Lei 13.019 apresenta praticamente os mesmos
princípios previstos na Lei 8.666 (conforme listado acima), além de
tratar das hipóteses de dispensa e inexigibilidade do chamamento
público, sanções aplicáveis à entidade, dentre outros.
O chamamento público deve observar as seguintes fases17:

Instrumento
Julgamento e
convocatório Homologação Habilitação
classificação
(edital)

O edital do chamamento público deve ser amplamente divulgado


em página do sítio oficial da administração pública na internet, com
antecedência mínima de 30 dias (art. 26).
Ressalte-se que, com o objetivo que garantir a isonomia entre os
interessados, é vedado “admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de
convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou
frustrem o seu caráter competitivo em decorrência de qualquer
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto da
parceria”. Não obstante, é permitido (art. 24, §2º):
 selecionar propostas apresentadas exclusivamente por concorrentes
sediados ou com representação atuante e reconhecida na unidade da
Federação onde será executado o objeto da parceria;

 estabelecer cláusula que delimite o território ou a abrangência da


prestação de atividades ou da execução de projetos, conforme
estabelecido nas políticas setoriais.

Para o julgamento das propostas, o art. 27 impõe como critério


obrigatório “o grau de adequação da proposta aos objetivos específicos
do programa ou da ação em que se insere o objeto da parceria e, quando
for o caso, ao valor de referência constante do chamamento”.
Note: esse critério de julgamento (grau de adequação da proposta os
objetivos da parceria e ao valor de referência) é obrigatório, mas a lei

17 Di Pietro (2014, p. 636)

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permite que outros critérios também possam ser previstos no edital
(juntamente com o obrigatório, logicamente), conforme disposto no
art. 24, §1º, inciso V.
Detalhe interessante é que a lei admite a seleção de proposta que
não for a mais adequada ao valor de referência constante do
chamamento público. A única exigência é que, neste caso, a escolha deve
ser obrigatoriamente justificada (art. 27, §5º).
O julgamento das propostas é feito por uma comissão de seleção
previamente designada. Tal comissão é um órgão colegiado que deve
contar a participação de pelo menos um servidor ocupante de cargo
efetivo ou emprego permanente do quadro de pessoal da
Administração Pública (art. 2º, X).
Ressalte-se que, se o projeto for financiado com recursos de fundos
específicos 18, a comissão de seleção será o respectivo conselho gestor,
não se aplicando, portanto, a regra de conter pelo menos um servidor
efetivo.
Será impedida de participar da comissão de seleção pessoa que, nos
últimos 5 anos, tenha mantido relação jurídica com, ao menos, uma das
entidades participantes do chamamento público. Configurado o
impedimento, deverá ser designado membro substituto que possua
qualificação equivalente à do substituído (art. 27, §§2º e 3º).
Concluído o julgamento, a Administração Pública homologará o
resultado e o divulgará no mesmo site em que o edital foi publicado
(art. 27, §4º). Importante destacar que a homologação não gera direito
para a OSC à celebração da parceria (art. 27, §6º).
Encerrada essa fase, a Administração Pública procederá à verificação
dos documentos que comprovem o atendimento pela OSC selecionada dos
requisitos exigidos na lei, notadamente a adequação das suas normas de
organização interna segundo os critérios do art. 33 e a apresentação de
certidões de regularidade fiscal e jurídica, conforme rol do art. 34. Essa
seria a fase de habilitação (art. 28).

Como a fase de julgamento ocorre antes da fase de habilitação, pode-se


inversão de fases , assim
como na modalidade de licitação pregão.

18 A lei não define quais seriam esses fundos específicos

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Na hipótese de a OSC selecionada não atender aos requisitos de
habilitação, a Administração poderá convidar a segunda classificada e,
sucessivamente, as classificadas imediatamente seguintes, até que
alguma aceite celebrar a parceria nos termos da proposta da primeira
colocada, e não nos seus próprios preços e condições (art. 28,
§1º). Caso alguma OSC convidada aceite celebrar a parceria, a
Administração deverá verificar os respectivos documentos de habilitação.
Maria Sylvia Di Pietro ensina que, embora a lei não o diga, é evidente que
se nenhuma OSC preencher os requisitos ou concordar com os termos
propostos pela primeira classificada, o procedimento terá que ser
revogado.
O art. 30 da Lei 13.019 prevê quatro hipóteses de dispensa de
chamamento público:
 No caso de urgência decorrente de paralisação ou iminência de
paralisação de atividades de relevante interesse público, pelo prazo
de até 180 dias;

 Nos casos de guerra, calamidade pública, grave perturbação da


ordem pública ou ameaça à paz social;
 Quando se tratar da realização de programa de proteção a pessoas
ameaçadas ou em situação que possa comprometer a sua segurança;
 No caso de atividades voltadas ou vinculadas a serviços de educação,
saúde e assistência social, desde que executadas por organizações da
sociedade civil previamente credenciadas pelo órgão gestor da
respectiva política.

Detalhe é que a dispensa não é obrigatória quando ocorre alguma


das situações acima, cabendo à Administração decidir discricionariamente
pela dispensa ou pela abertura do chamamento público, mediante
adequada motivação19.
O art. 31, por sua vez, prevê a inexigibilidade do chamamento
público na hipótese de inviabilidade de competição entre as
organizações da sociedade civil, em razão da natureza singular do
objeto da parceria ou se as metas somente puderem ser atingidas por
uma entidade específica, especialmente quando:
 O objeto da parceria constituir incumbência prevista em acordo, ato ou
compromisso internacional, no qual sejam indicadas as instituições que
utilizarão os recursos;

19 Di Pietro (2014, p. 639)

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 A parceria decorrer de transferência para organização da sociedade civil
que esteja autorizada em lei na qual seja identificada expressamente
a entidade beneficiária, inclusive quando se tratar da subvenção
social, observado o art. 26 da Lei de Responsabilidade Fiscal20.

Ressalte-se que o chamamento público é inexigível sempre que não


for possível haver competição entre OSC. As duas situações listadas acima
são apenas exemplificativas.
A dispensa e a inexigibilidade devem ser justificadas pela
Administração. O extrato da justificativa deve ser publicado, na mesma
data em que for efetivado, no sítio oficial da Administração Pública na
internet e, eventualmente, a critério do administrador público, também no
diário oficial. Ou seja, a publicação da justificativa no sítio oficial é
obrigatória e no diário oficial, facultativa. Sem essa publicidade, o ato de
formalização da parceria por dispensa ou inexigibilidade será nulo (art.
32, §1º). Note que, aqui, a publicidade não é mero requisito de eficácia, e
sim de legalidade do ato.
A publicidade da justificativa é para possibilitar a interposição de
impugnações, isto é, de contestações à justificativa dada pela
Administração. Para tanto, o interessado deverá apresentar a impugnação
no prazo de 5 dias a contar da publicação da justificativa, sendo que a
Administração deverá analisar o pleito em até 5 dias da data do
respectivo protocolo.
Caso a Administração considere que há fundamento na impugnação,
deverá revogar o ato que declarou a dispensa ou considerou inexigível o
chamamento público, e será imediatamente iniciado o procedimento para
a realização do chamamento público, conforme o caso (art. 32, §3º).
Di Pietro ensina que, embora o dispositivo fale em revogação (que supõe
desfazimento por razões de conveniência e oportunidade), se houver vício
de legalidade na dispensa ou inexigibilidade, será hipótese de anulação.
Na prova, porém, se cair “revogação”, deve-se considerar correto, pois é o
que está escrito na lei.
Um dos fundamentos da Lei 13.019 é a “participação social” e, nesse
sentido, o art. 18 institui o procedimento de manifestação de
interesse social, como “instrumento por meio do qual as organizações
da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos poderão

20 Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou

déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei
de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.

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apresentar propostas ao poder público para que este avalie a
possibilidade de realização de um chamamento público objetivando a
celebração de parceria”.
A Administração deverá tornar públicas as propostas em seu sítio
eletrônico e, se entender que há conveniência e oportunidade para a
realização do procedimento de manifestação de interesse social, o
instaurará para que a sociedade seja ouvida sobre o tema (art. 20).
Após esse procedimento, a Administração poderá, novamente de
acordo com sua análise de conveniência e oportunidade,
independentemente do resultado do procedimento, desejar celebrar ou
não a parceria. Caso deseje celebrar, deverá instaurar o chamamento
público para que as OSC apresentem suas propostas e planos de trabalho,
seguindo as regras previstas na Lei 13.014.
A realização do procedimento de manifestação
de interesse social não obriga a Administração
a fazer o chamamento público nem dispensa a
convocação por meio de chamamento público
para firmar a parceria.

Ressalte-se que a realização do procedimento de manifestação de


interesse social não é uma condição necessária para a realização do
chamamento público. Com efeito, segundo o art. 21, §3º da lei,
“é vedado condicionar a realização de chamamento público ou a
celebração de parceria à prévia realização de procedimento de
manifestação de interesse social”.
Para fechar este tópico, cumpre destacar que, na seleção das
entidades, a Administração Pública deverá adotar procedimentos claros,
objetivos e simplificados que orientem os interessados e facilitem o
acesso direto aos seus órgãos e instâncias decisórias,
independentemente da modalidade de parceria (art. 23).

Vedações
O art. 39 da Lei 13.019/2014 apresenta uma série de vedações
relacionadas à situação das OSC e de seus dirigentes.
Nos termos do referido dispositivo, ficará impedida de celebrar
termo de colaboração, termo de fomento ou acordo de cooperação, ou de
receber novos recursos no âmbito de parcerias em execução, a OSC que:

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 Não esteja regularmente constituída ou, se estrangeira, não esteja
autorizada a funcionar no território nacional;

 Esteja omissa no dever de prestar contas de parceria anteriormente


celebrada;

 Tenha como dirigente membro de Poder ou do Ministério Público, ou


dirigente de órgão ou entidade da administração pública da mesma
esfera governamental na qual será celebrado o termo de colaboração ou
de fomento, estendendo-se a vedação aos respectivos cônjuges ou
companheiros, bem como parentes em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o segundo grau;
 Tenha tido as contas rejeitadas pela administração pública nos
últimos cinco anos, exceto se: a) for sanada a irregularidade que
motivou a rejeição e quitados os débitos eventualmente imputados; b) for
reconsiderada ou revista a decisão pela rejeição; c) a apreciação das
contas estiver pendente de decisão sobre recurso com efeito suspensivo;

 Tenha sido punida com uma das seguintes sanções, pelo período que
durar a penalidade:

o suspensão de participação em licitação e impedimento de contratar


com a administração;
o declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
administração pública;

o suspensão temporária da participação em chamamento público e


impedimento de celebrar parceria ou contrato com a administração
pública;

o declaração de inidoneidade para participar de chamamento público ou


celebrar parceria ou contrato com a administração pública;
 Tenha tido contas de parceria julgadas irregulares ou rejeitadas por
Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer esfera da Federação, em
decisão irrecorrível, nos últimos 8 (oito) anos;
 Tenha entre seus dirigentes pessoa:

o cujas contas relativas a parcerias tenham sido julgadas


irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho de Contas
de qualquer esfera da Federação, em decisão irrecorrível, nos
últimos 8 (oito) anos;

o julgada responsável por falta grave e inabilitada para o exercício


de cargo em comissão ou função de confiança, enquanto durar a
inabilitação;

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o considerada responsável por ato de improbidade, enquanto
durarem os prazos estabelecidos nos incisos I, II e III do art. 12 da
Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992.

Ademais, a Lei também apresenta vedações relacionadas ao objeto


da parceria. Com efeito, é vedada a celebração de parcerias que tenham
por objeto, envolvam ou incluam, direta ou indiretamente, delegação das
funções de regulação, de fiscalização, de exercício do poder de
polícia ou de outras atividades exclusivas de Estado (art. 40).

Contratações realizadas pela OSC


As despesas relacionadas à execução da parceria serão efetuadas sob
a responsabilidade exclusiva da Organização da Sociedade Civil, a
qual cuidará do gerenciamento administrativo e financeiro dos recursos
recebidos, inclusive no que diz respeito às despesas de custeio, de
investimento e de pessoal (art. 45, c/c art. 42, XIX).
Em outras palavras, a lei não exige que a OSC faça licitação
conforme a Lei 8.666/93 nem que siga os procedimentos de regulamento
próprio para empregar os recursos transferidos pela Administração
Pública. A OSC é quem irá escolher onde e como aplicar os recursos da
parceria, logicamente, respeitando os termos do plano de trabalho e as
demais cláusulas do termo de fomento ou de colaboração.
A OSC não precisa realizar licitação nem seguir
regulamento próprio para empregar os
recursos transferidos pela Administração
Pública.

Ainda que a lei não exija a realização de licitação para aplicação dos
recursos da parceria, é importante salientar que o regime jurídico
instituído pela Lei 13.019 tem como fundamentos a “gestão pública
democrática, a participação social, o fortalecimento da sociedade civil, a
transparência na aplicação dos recursos públicos, os princípios da
legalidade, da legitimidade, da impessoalidade, da moralidade, da
publicidade, da economicidade, da eficiência e da eficácia”. Assim,
quaisquer atos adotados com base na Lei 13.019 devem observar tais
princípios, inclusive as contratações realizadas pela OSC.
A Lei 13.019 expressamente veda que a OSC utilize recursos
vinculados à parceria para finalidade alheia ao objeto pactuado. A OSC
também não pode utilizar os recursos da parceria para pagar, a qualquer

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título, servidor ou empregado público, salvo nas hipóteses previstas
em lei específica e na lei de diretrizes orçamentárias (art. 45, I e II).
Por outro lado, poderão ser pagas, entre outras despesas (art. 46):
 Remuneração da equipe encarregada da execução do plano de
trabalho, inclusive de pessoal próprio da organização da sociedade
civil, durante a vigência da parceria, compreendendo as despesas com
pagamentos de impostos, contribuições sociais, Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço - FGTS, férias, décimo terceiro salário, salários
proporcionais, verbas rescisórias e demais encargos sociais e trabalhistas;

 Diárias referentes a deslocamento, hospedagem e alimentação nos casos


em que a execução do objeto da parceria assim o exija;

 Custos indiretos necessários à execução do objeto, seja qual for a


proporção em relação ao valor total da parceria;

 Aquisição de equipamentos e materiais permanentes essenciais à


consecução do objeto e serviços de adequação de espaço físico, desde
que necessários à instalação dos referidos equipamentos e materiais.

Vale destacar que o pagamento de remuneração da equipe


contratada pela OSC com recursos da parceria não gera vínculo
trabalhista com o poder público (art. 46, §3º).
Ademais, a responsabilidade pelo pagamento dos encargos
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais relacionados à
execução do objeto previsto no termo de colaboração ou de fomento é
exclusiva da OSC, não implicando responsabilidade solidária ou
subsidiária da administração pública (art. 42, XX).

Prestação de contas
A OSC deve prestar contas à Administração Pública com a finalidade
de demonstrar a boa e regular aplicação dos recursos recebidos,
especialmente no que tange ao cumprimento do objeto da parceria e ao
alcance das metas e dos resultados previstos.
A prestação de contas compreende duas fases:
1) Apresentação das contas, de responsabilidade da Organização da
Sociedade Civil;

2) Análise e manifestação conclusiva das contas, de responsabilidade


da Administração Pública, sem prejuízo da atuação dos órgãos de
controle.

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O prazo para prestação de contas pela OSC é de até 90 dias a partir
do término da vigência da parceria, estabelecido de acordo com a
complexidade do objeto, ou no final de cada exercício, se a duração
da parceria exceder um ano (art. 69).

Parcerias com menos Até 90 dias do término


de um ano da parceria
Prazo para prestação
de contas
Parcerias com mais de No final de cada
um ano exercício

O prazo para prestação de contas poderá ser prorrogado por


até 30 dias, desde que devidamente justificado (art. 69, §4º).
A Administração Pública deve analisar a prestação de contas
apresentada no prazo de até 150 dias, contado da data de seu
recebimento ou do cumprimento de diligência por ela determinada. Tal
prazo é prorrogável por igual período, desde que justificado.
Como resultado da análise, a Administração Pública deve apresentar
uma manifestação conclusiva acerca da prestação de contas, a qual,
conforme o caso, poderá ser pela:
 Aprovação da prestação de contas, hipótese na qual as contas serão
consideradas regulares, quando expressarem, de forma clara e objetiva,
o cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos no plano de trabalho;

 Aprovação da prestação de contas com ressalvas, hipótese na qual as


contas serão consideradas regulares com ressalva, quando
evidenciarem impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal
que não resulte em dano ao erário; ou
 Rejeição da prestação de contas, hipótese na qual as contas serão
consideradas irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes
circunstâncias:
 omissão no dever de prestar contas;
 descumprimento injustificado dos objetivos e metas estabelecidos no
plano de trabalho;

 dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou


antieconômico;
 desfalque ou desvio de dinheiro, bens ou valores públicos.

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Se a Administração constatar alguma irregularidade ou omissão na
prestação de contas, antes de rejeitá-las, deverá conceder prazo de
até 45 dias para a OSC sanar a irregularidade ou cumprir a obrigação. O
prazo de 45 dias pode ser prorrogado, no máximo, por igual período,
e deve ser computado dentro do prazo de 150 dias que a Administração
possui para analisar e decidir sobre a prestação de contas. Assim, por
exemplo, se a Administração conceder 90 dias para a OSC se explicar (45
dias originais mais 45 de prorrogação), terá apenas 60 dias para analisar
a prestação de contas.
Transcorrido o prazo para saneamento da irregularidade ou da
omissão, não havendo a correção, aí sim a autoridade administrativa
competente deverá rejeitar a prestação de contas e, sob pena de
responsabilidade solidária, determinar a imediata instauração de
tomada de contas especial 21, adotando providências para apuração dos
fatos, identificação dos responsáveis, quantificação do dano ao erário e
obtenção do ressarcimento, nos termos da legislação vigente.
Quando a prestação de contas for avaliada como irregular, a OSC
poderá apresentar os recursos administrativos cabíveis.
Se a decisão da Administração for mantida, e desde que não tenha
havido dolo ou fraude e não seja o caso de restituição integral dos
recursos, a OSC poderá solicitar autorização para que o ressarcimento ao
erário seja promovido por meio de ações compensatórias de interesse
público, mediante a apresentação de novo plano de trabalho (art. 72).
Por fim, cabe informar que, para possibilitar o controle social das
parcerias, a Administração Pública deve manter, em seu sítio oficial
na internet, a relação das parcerias celebradas e dos respectivos planos
de trabalho, até 180 dias após o respectivo encerramento. Por sua
vez, a OSC deve divulgar na internet e em locais visíveis de suas
sedes sociais e dos estabelecimentos em que exerça suas ações todas as
parcerias celebradas com a Administração Pública (arts. 10 e 11).

Sanções e responsabilidades
A Administração Pública poderá aplicar sanções à OSC na hipótese
de execução da parceria em desacordo com o plano de trabalho e com as
normas legais.

21A tomada de contas especial é um procedimento que tem como objetivo apurar eventuais danos ao
erário e, se for o caso, identificar os responsáveis. Depois de concluído no âmbito da Administração
Pública, é encaminhado ao Tribunal de Contas competente para julgamento.

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Logicamente, na aplicação de sanções deve ser garantido o direito
de defesa prévia.
As sanções que podem ser aplicadas à OSC são (art. 73):
 Advertência;

 Suspensão temporária da participação em chamamento público e


impedimento de celebrar parceria ou contrato com órgãos e
entidades da esfera de governo da administração pública
sancionadora, por prazo não superior a dois anos;
 Declaração de inidoneidade para participar de chamamento público
ou celebrar parceria ou contrato com órgãos e entidades de todas as
esferas de governo, enquanto perdurarem os motivos determinantes
da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria
autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que a
organização da sociedade civil ressarcir a administração pública pelos
prejuízos resultantes e após decorrido o prazo de dois anos.

Importante notar que tanto a suspensão temporária como a


declaração de inidoneidade impedem a OSC de participar de novos
chamamentos públicos, assim como de celebrar parcerias ou contratos
com a Administração Pública.
A diferença é que o impedimento da suspensão temporária
abrange apenas os órgãos e entidades da esfera de governo da
administração pública sancionadora, enquanto que a declaração de
inidoneidade abrange todas as esferas de governo.
Assim, por exemplo, uma OSC que tenha sido punida pelo Município
X com suspensão temporária de dois anos, não poderá, nesse período,
participar de chamamentos públicos nem firmar parcerias e contratos com
os órgãos e entidades do Município X, mas poderá fazê-lo com qualquer
outro Município, assim como com os Estados, o Distrito Federal e a União.
Por outro lado, se a mesma OSC tivesse sido punida com declaração de
inidoneidade, ficaria impedida perante o Município X e também perante
todas as demais esferas de governo (outros Municípios, Estados, DF e
União). Em outras palavras, a suspensão temporária é uma sanção
“mais leve” que a declaração de inidoneidade.
Outra diferença é em relação ao período do impedimento: na
suspensão temporária, a OSC fica impedida por, no máximo,
dois anos; já na declaração de inidoneidade, o impedimento continua
enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição
(podendo, portanto, ser superior a dois anos) ou até que seja promovida a

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reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade.
Detalhe é que a reabilitação só será concedida após o prazo de dois
anos e somente se a OSC ressarcir a Administração Pública pelos
prejuízos resultantes.
A aplicação da suspensão temporária e da declaração de
inidoneidade é de competência exclusiva de Ministro de Estado ou
de Secretário Estadual, Distrital ou Municipal, conforme o caso. Como
se trata de competência exclusiva, não pode ser delegada (art. 73, §2º).
Em relação à advertência, a lei é omissa; sendo assim, pode-se
assumir que é aplicada pela autoridade competente dentro do órgão ou
entidade que firmou a parceria.
A aplicação de penalidade decorrente de infração relacionada à
execução da parceria prescreve em 5 anos, contados a partir da data da
apresentação da prestação de contas. Ou seja, passado esse prazo, a
Administração não mais poderá aplicar as sanções da Lei 13.019 à OSC
infratora.
Detalhe é que a prescrição será interrompida com a edição de ato
administrativo voltado à apuração da infração (art. 73, §§ 2º e 3º). Por
exemplo, se após 4 anos e 11 meses da data da apresentação da
prestação de contas (ou seja, faltando apenas um mês para ocorrer a
prescrição) a Administração instaurar um processo administrativo com o
objetivo de apurar a infração cometida pela OSC, o prazo de prescrição
será interrompido, permitindo que a Administração puna a OSC ainda que
o processo administrativo se prolongue por período superior a um mês.
*****
Pessoal, é isso que tinha para passar acerca da Lei 13.019/2014.
Logicamente, o conteúdo da aula não dispensa uma leitura atenta da
norma.
A seguir, ainda no estudo sobre as entidades paraestatais, vamos
falar sobre as entidades de apoio.

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ENTIDADES DE APOIO

Maria Sylvia Di Pietro define entidades de apoio da seguinte forma:

Entidades de apoio – pessoas jurídicas de direito privado, sem fins


lucrativos, instituídas por servidores públicos, porém em nome próprio,
sob forma de fundação, associação ou cooperativa, para a prestação, em
caráter privado, de serviços sociais não exclusivos do Estado, mantendo
vínculo jurídico com entidades da administração direta ou indireta, em
regra por meio de convênio.

O exemplo mais comum desse tipo de entidade são as fundações de


apoio que atuam junto a hospitais públicos e universidades públicas.
Trata-se de pessoas jurídicas privadas, sem fins lucrativos, que
cooperam com a Administração mediante a celebração de convênios.
A professora Di Pietro ensina que as atividades prestadas pelas
entidades de apoio possuem caráter privado. Não obstante, sempre que
receberem ou de qualquer modo utilizarem recursos públicos no
desenvolvimento de suas atividades, estarão sujeitas às regras básicas de
direito público aplicáveis a toda e qualquer pessoa que, de alguma forma,
receba ou administre recursos públicos22.
As entidades de apoio geralmente assumem a forma de fundação
(de direito privado, não integrante da Administração Pública formal), mas
também podem ser constituídas na forma de associação ou
cooperativa.
Não existe uma lei própria que regule as entidades de apoio de forma
geral. Existe apenas a Lei 8.958/1994 que veio disciplinar apenas uma
espécie de entidade de apoio, qual seja, as fundações instituídas com a
finalidade de apoiar projetos de ensino e pesquisa de interesse das
Instituições Federais de Ensino Superior - IFES e demais Instituições
Científicas e Tecnológicas - ICTs.
A referida lei estabeleceu exigências de controle, de fiscalização pelo
Ministério Público, nos termos do Código Civil e do Código de Processo
Civil, de prévio credenciamento junto aos Ministérios da Educação e da
Ciência e Tecnologia, de prestação de contas, além de requisitos para a
utilização, pela fundação, de servidores públicos e de bens públicos, neste
último caso mediante ressarcimento.

22 Alexandrino, M. e Paulo, V (2014, p. 161).

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Segundo a Lei 8.958/1994, as IFES e as demais ICTs podem celebrar
convênios e contratos com as fundações de apoio por dispensa de
licitação. Mais que isso, a lei permite que outras entidades da
Administração Pública23, a exemplo da Financiadora de Estudos e Projetos
- FINEP e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq, também contratem as fundações de apoio por
dispensa de licitação.

5. (Cespe 2014) As fundações de apoio às universidades públicas federais


integram a administração indireta.
Comentário: As fundações de apoio são entidades paraestatais que
cooperam com as universidades públicas mediante a celebração de convênios.
Portanto, não integram a Administração Indireta, daí o erro.
Gabarito: Errado

23 Especificamente, a Financiadora de Estudos e Projetos FINEP, o Conselho Nacional de


Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq, as agências financeiras oficiais de fomento e empresas
públicas ou sociedades de economia mista, suas subsidiárias ou controladas (art. 1º-A).

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AGÊNCIAS EXECUTIVAS E REGULADORAS
No processo de modernização do Estado, uma das medidas adotadas
foi a criação de um grupo especial de autarquias 24 , denominadas
agências, as quais podem ser classificadas em duas categorias:
 Agências executivas, com a função de executar certas atividades
administrativas típicas de Estado; e
 Agências reguladoras, com a função de controle e fiscalização
de pessoas privadas incumbidas da prestação de serviços públicos
delegados sob a forma de concessão ou permissão.
Ressalte-se que a instituição dessas entidades não trouxe qualquer
novidade quanto à sua natureza jurídica, pois continuam a ser
autarquias, integrantes da Administração Indireta. A inovação reside,
apenas, na relativa independência que a ordem jurídica lhes conferiu em
aspectos técnicos, administrativos e financeiros25.
Vamos dar uma olhada nas principais características dessas agências.

AGÊNCIAS EXECUTIVAS
De início, nunca é demais lembrar que as agências executivas não
são uma entidade paraestatal. Tampouco são uma nova espécie de
entidade administrativa. Trata-se, na verdade, de uma qualificação que
poderá ser conferida pelo Poder Público às autarquias e às fundações
públicas que com ele celebrem contrato de gestão e atendam aos
demais requisitos fixados na Lei 9.649/1998.
O contrato de gestão que possibilita a qualificação como agência
executiva é aquele previsto no art. 37, §8º da Constituição Federal, a
saber:
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e
entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada
mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder
público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o
órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos,
obrigações e responsabilidade dos dirigentes;

III - a remuneração do pessoal.

24 No caso das agências executivas, a qualificação também pode ser dada às fundações públicas.
25 Carvalho Filho (2014, p. 494).

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Portanto, não se trata do mesmo tipo de contrato de gestão que é
firmado entre a Administração Direta e as organizações sociais, o qual
possibilita que estas entidades privadas recebam fomento do Estado e, em
consequência, tenham de se sujeitar à fiscalização do emprego dos
recursos públicos recebidos.
Diferentemente, o contrato de gestão previsto na Constituição é um
ajuste firmado entre a Administração Direta e entidades da
Administração Indireta, ou entre órgãos da própria Administração
Direta. Por meio do referido instrumento, os órgãos e entidades assumem
o compromisso de cumprir determinadas metas e, em contrapartida,
ganham maior liberdade de atuação, por meio da ampliação da sua
autonomia gerencial, orçamentária e financeira. Os controles sobre esses
órgãos e entidades passam a ser menos rígidos, sobretudo nas atividades-
meio, e se voltam para o controle finalístico, de atingimento de
resultados.
Em especial, quando o contrato de gestão de que trata o art. 37, §8º
da CF for firmado entre uma autarquia ou uma fundação pública e o
respectivo Ministério supervisor, esta autarquia ou fundação poderá
ser qualificada como agência executiva.
Um exemplo atual de agência executiva é o INMETRO – Instituto
Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial 26.
Os contratos de gestão das agências executivas serão celebrados com
periodicidade mínima de um ano e estabelecerão os objetivos, metas e
respectivos indicadores de desempenho da entidade, bem como os
recursos orçamentários e financeiros necessários ao cumprimento dos
objetivos e metas e os critérios e instrumentos para a avaliação do seu
cumprimento.
Nos termos do art. 51 da Lei 9.649/1998, além de celebrar o contrato
de gestão, a autarquia ou fundação pública deverá ter um plano
estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional
em andamento.
Os planos estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento
institucional definirão diretrizes, políticas e medidas voltadas para a
racionalização de estruturas e do quadro de servidores, a revisão dos
processos de trabalho, o desenvolvimento dos recursos humanos e o
fortalecimento da identidade institucional da agência executiva (art. 52).

26 Ver Decreto 29/1998, que qualifica o INMETRO como agência executiva.

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Após a celebração do contrato de gestão, o reconhecimento como
agência executiva é feito por decreto do Chefe do Executivo. Se a
entidade descumprir os requisitos e exigências previstos no contrato de
gestão, poderá ocorrer a sua desqualificação, também mediante
decreto. Nessa hipótese, a entidade simplesmente deixará de possuir a
qualificação e a autonomia característica de uma agência executiva, mas
não sofre qualquer alteração na sua condição de autarquia ou de fundação
pública.
Por fim, vale ressaltar que, nos termos do art. 24, §1º da Lei de
Licitações 27 , nas compras, obras e serviços contratados por agências
executivas, a licitação é dispensável quando o valor do contrato é de até
20% do valor máximo admitido para a utilização da modalidade convite,
ou seja, o limite para as agências executivas é o dobro do aplicável à
Administração em geral, que é de 10%. Esse limite ampliado proporciona
maior flexibilidade e autonomia nas contratações efetuadas pelas
entidades qualificadas.
Ressalte-se que o art. 24, §1º da Lei de Licitações também estende o
limite ampliado de 20% aos consórcios públicos, às empresas
públicas e às sociedades de economia mista.

6. (Cespe 2012) A qualificação de agência executiva federal é conferida,


mediante ato discricionário do presidente da República, a autarquia ou fundação que
apresente plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento e celebre contrato de gestão com o ministério supervisor respectivo.
Comentário: O item está correto, nos termos do art. 51 da Lei 9.649/1998:
Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a autarquia ou
fundação que tenha cumprido os seguintes requisitos:
I - ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional
em andamento;
II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.
§ 1o A qualificação como Agência Executiva será feita em ato do Presidente da
República.

27§ 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para
compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista,
empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências
Executivas.

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Detalhe é que a qualificação de agência executiva é ato discricionário de
competência do Presidente da República (decreto).
Gabarito: Certo

AGÊNCIAS REGULADORAS

Agências reguladoras, em sentido amplo, seriam órgãos ou entidades


com função de regular a matéria específica que lhe está afeta. No caso,
regular significa organizar determinado setor afeto à agência, bem como
controlar as entidades que atuam nesse setor.
Na Aula 2 já vimos alguma coisa sobre as agências reguladoras.
Vimos, em especial, que geralmente são instituídas sob a forma de
autarquias sob regime especial.
Portanto, as agências reguladoras, assim como as demais entidades
estudadas nesta aula, também não são novas entidades jurídicas
acrescentadas à Administração Pública formal. São, isto sim, uma
espécie de autarquia, dotadas de maior autonomia que as autarquias
comuns, sobretudo em relação à estabilidade relativa de seus dirigentes.
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo propõem o seguinte conceito
para as agências reguladoras:

Agências reguladoras – trata-se de entidades administrativas com


alto grau de especialização técnica, integrantes da estrutura formal da
administração pública, instituídas como autarquias sob regime especial,
com a função de regular um setor específico de atividade econômica ou
um determinado serviço público, ou de intervir em certas relações
jurídicas decorrentes dessas atividades, que devem atuar com a maior
autonomia possível relativamente ao Poder Executivo e com
imparcialidade perante as partes interessadas (Estado, setores regulados
e sociedade).

Exemplos de agências reguladoras que se enquadram nesse conceito


são a ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações; a ANP – Agência
Nacional do Petróleo; a ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica; a
ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil; a ANTT – Agência Nacional de
Transportes Terrestres, a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância
Sanitária; a ANA – Agência Nacional de Águas, dentre outras.
Os autores ressaltam que essa definição foi construída a partir das
características estabelecidas nas leis instituidoras das agências

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reguladoras atualmente existentes, haja vista não existir uma lei que
discipline as agências reguladoras de uma forma geral. Desse modo, é
possível existirem agências que não se enquadrem em um ou outro
aspecto apresentado no conceito.
Por exemplo, embora todas as agências reguladoras até hoje
instituídas na esfera federal tenham adotado a forma de autarquia sob
regime especial, não há obrigatoriedade de que seja sempre assim. Em
tese, elas poderiam, inclusive, serem órgãos despersonalizados
integrantes da Administração Direta. No entanto, costuma-se adotar a
forma de autarquia sob regime especial em razão das atividades exercidas
pela entidade, típicas do Poder Público (regulação, poder de polícia,
aplicação de sanções etc.), o que demanda a natureza jurídica de
direito público. Ademais, as autarquias sob regime especial são dotadas
de maior autonomia em relação ao Poder Executivo do que os órgãos da
Administração Direta e até mesmo do que as autarquias comuns,
característica essencial para o tipo de atividade que exercem.
Pode-se considerar a existência de dois tipos de agências reguladoras
no direito brasileiro:
 As que exercem típico poder de polícia, com a imposição de
limitações administrativas, fiscalização e repressão; é o caso, por
exemplo, da Anvisa, da ANS e da ANA.
 As que regulam e controlam as atividades que constituem objeto
de concessão, permissão ou autorização de serviço público
(telecomunicações, energia elétrica, transportes etc.) ou de
concessão para exploração de bem público (petróleo,
rodovias); é o caso, por exemplo, da ANATEL, ANEEL, ANP e da
ANTT.
Detalhe interessante é que, de todas as agências reguladoras, apenas
a ANATEL e a ANP possuem previsão específica na Constituição, sob a
expressão “órgão regulador” (art. 21, XI e art. 177, §2º, inciso III,
respectivamente28). As demais têm base exclusivamente nas leis que as
criaram.

28 Art. 21. Compete à União:


XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um
órgão regulador e outros aspectos institucionais;
Art. 177. Constituem monopólio da União:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;

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Geralmente se associa o surgimento das agências


reguladoras com o processo de Reforma do Estado, no qual
se buscou reduzir a presença do Estado em áreas não
exclusivas, especialmente naquelas ligadas à exploração de atividade econômica.
Efetuou-se, então, um movimento de desestatização, compreendendo a alienação
de empresas estatais e as concessões e permissões de serviços públicos.
Nesse processo, à medida que o Estado deixou de exercer atividade empresarial,
intensificou o exercício da sua função regulatória, através da criação de diversas
agências reguladoras. O objetivo era proteger os interesses dos usuários e de
assegurar a universalidade dos serviços públicos delegados à iniciativa privada.
Por isso, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo ensinam que não é raro se fazer
confusão entre a função regulatória do Estado e o movimento de desestatização,
tomando um pelo outro. Todavia, salientam os autores, a regulação da atividade
econômica não precisa ser exercida especificamente pelas agências reguladoras
surgidas no processo de Reforma do Estado.
Por exemplo, o Banco Central, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica -
CADE e a Comissão de Valores Mobiliários - CVM desempenham função regulatória
nas respectivas áreas de competência, e já existiam muito antes do aparecimento
das atuais agências. Ademais, a atividade regulatória pode ser exercida por órgãos
da Administração Direta e pelo Poder Legislativo, nos termos do art. 174 da CF.
Portanto, embora o processo de desestatização tenha ampliado a necessidade de
regulação, a criação de agências reguladoras não é sinônimo, nem decorrência
obrigatória da privatização de empresas estatais, pois a função regulatória é
atividade típica do Estado.

As agências reguladoras exercem uma função típica de Estado,


relacionada à regulação de serviços públicos e de atividades econômicas
delegadas para a iniciativa privada. A regulação é uma das formas
possíveis de intervenção do Estado no domínio econômico (intervenção
indireta). A outra forma é a intervenção direta, por intermédio das
empresas estatais.
No exercício da função regulatória, as agências reguladoras podem
editar normas, exercer fiscalização sobre as empresas concessionárias,

II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;


§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:
III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;

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aplicar sanções, solucionar conflitos entre as empresas e os clientes e
solucionar reclamações dos consumidores.

7. (Cespe 2013) As agências reguladoras consistem em mecanismos que


ajustam o funcionamento da atividade econômica do país como um todo. Foram
criadas, assim, com a finalidade de ajustar, disciplinar e promover o funcionamento
dos serviços públicos, objeto de concessão, permissão e autorização, assegurando
o funcionamento em condições de excelência tanto para o fornecedor/produtor como
principalmente para o consumidor/usuário.
Comentário: A assertiva apresenta a definição correta acerca do papel
das agências reguladoras no funcionamento da atividade econômica do país.
Gabarito: Certo

8. (Cespe 2011) As agências reguladoras, no que se refere à concessão,


permissão e autorização de serviço público, não possuem a atribuição de definir o
valor da tarifa, por se tratar de matéria adstrita à atuação do próprio poder
concedente.
Comentário: O item está errado. As agências reguladoras que atuam no
controle e fiscalização das concessões, permissões e autorizações de serviços
públicos possuem sim atribuição de definir o valor da tarifa cobrada dos
consumidores.
Segundo ensina Maria Sylvia Di Pietro, “as atribuições das agências
reguladoras, no que diz respeito à concessão, permissão e autorização de
serviço público resumem-se ou deveriam resumir-se às funções que o poder
concedente exerce nesses tipos de contratos ou atos de delegação:
regulamentar os serviços que constituem objeto da delegação, realizar o
procedimento licitatório para escolha do concessionário, permissionário ou
autorizatário, celebrar o contrato de concessão ou permissão ou praticar ato
unilateral de outorga da autorização, definir o valor da tarifa e da sua revisão
ou reajuste, controlar a execução dos serviços, aplicar sanções, encampar,
decretar a caducidade, intervir, fazer a rescisão amigável, fazer a reversão de
bens ao término da concessão, exercer o papel de ouvidor de denúncias e
reclamações dos usuários, enfim, exercer todas as prerrogativas que a lei
outorga ao Poder Público na concessão, permissão e autorização”.
Veja, por exemplo, competência atribuída à ANATEL pela Lei 9.742/1997
na regulação dos serviços de telecomunicações:
Art. 19. À Agência compete adotar as medidas necessárias para o atendimento do
interesse público e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, atuando

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com independência, imparcialidade, legalidade, impessoalidade e publicidade, e
especialmente:
VII - controlar, acompanhar e proceder à revisão de tarifas dos serviços
prestados no regime público, podendo fixá-las nas condições previstas nesta
Lei, bem como homologar reajustes;
Art. 103. Compete à Agência estabelecer a estrutura tarifária para cada
modalidade de serviço.
§ 1° A fixação, o reajuste e a revisão das tarifas poderão basear-se em valor que
corresponda à média ponderada dos valores dos itens tarifários.
§ 2° São vedados os subsídios entre modalidades de serviços e segmentos de
usuários, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 81 desta Lei.
§ 3° As tarifas serão fixadas no contrato de concessão, consoante edital ou proposta
apresentada na licitação.
§ 4° Em caso de outorga sem licitação, as tarifas serão fixadas pela Agência e
constarão do contrato de concessão.

Quanto às agências que atuam no exercício de poder de polícia (ex:


ANVISA e ANS), as atribuições são aqueles inerentes a esse poder, tais como
as de normatizar as atividades (nos limites legais), fiscalizar o cumprimento
das normas e aplicar sanções.
Gabarito: Errado

Como se vê, além de exercerem atribuições administrativas


ordinárias, próprias do Poder Executivo, as agências reguladoras também
desempenham competências assemelhadas às funções legislativa (editar
normas) e judiciária (solução de conflitos). Por essa razão, existem
autores que consideram difícil enquadrá-las na tripartição clássica de
Poderes.
Todavia, mesmo quando exercem funções assemelhadas às funções
legislativa e judicial, suas decisões não perdem a natureza
administrativa, vale dizer, não são atos legislativos, capazes de criar
direito novo, não previsto em lei anterior, nem são atos judiciais, dotados
de definitividade. Além disso, não se pode perder de vista que as agências
reguladoras pertencem à Administração Indireta do Poder Executivo.
Em relação à solução de conflitos, é importante destacar que as
agências reguladoras, diferentemente do Poder Judiciário, que só age
quando provocado, também devem atuar de forma prévia e sistemática
no acompanhamento da atuação das empresas reguladas, buscando
prevenir o surgimento de controvérsias.

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Lembrando que a atuação das agências reguladoras de forma alguma
afasta a possibilidade de apreciação do Poder Judiciário acerca de
qualquer lesão ou ameaça de lesão a direito.

9. (Cespe 2011) As decisões definitivas das agências, em regra, não são


passíveis de apreciação por outros órgãos ou entidades da administração pública.
Comentário: O item está correto. Em regra, as decisões definitivas das
agências nas matérias de sua competência constituem a última instância de
natureza administrativa. E isso ocorre, primeiramente, pela própria natureza
jurídica das agências que, como entidades da Administração Indireta, não
estão subordinadas a alguma instância superior para a qual se possa
apresentar recurso hierárquico.
Outro fator é a alta complexidade das matérias que geram os conflitos
solucionados pelas agências reguladoras, o que faz com que seu corpo
técnico, altamente especializado nessas matérias, seja percebido pelas partes
diretamente interessadas como o foro natural de mediação e solução dos
conflitos.
Apesar disso, parte da doutrina sustenta que, excepcionalmente, as
decisões das agências reguladoras podem ser reapreciadas pela
Administração Direta (leia-se: Ministério supervisor), especialmente nas
hipóteses em que a agência pratica atos ilegais. É o chamado recurso
hierárquico impróprio. Daí o “em regra” do enunciado.
Gabarito: Certo

10. (Cespe 2010) Considere que os representantes legais de uma empresa


distribuidora de energia elétrica estejam inconformados com decisão da Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), reguladora do setor elétrico. Nessa situação,
não cabe recurso hierárquico da decisão da ANEEL, salvo quanto ao controle de
legalidade.
Comentário: O item está correto. Nos casos de atividade típica de
regulação, a agência tem total autonomia para agir, não sendo possível que
suas decisões sejam reformadas por outros órgãos administrativos, nem
mesmo pelo Ministério supervisor, através de recurso hierárquico.
Porém, quando extrapola os limites da sua competência definidos em lei,
parte da doutrina admite o cabimento de recurso hierárquico impróprio
dirigido ao Ministério supervisor da agência. Além do controle de legalidade,
outras situações em que seria possível a interposição de recurso hierárquico

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impróprio seriam: quando a agência se distanciar da política de Governo; ou
quando se referir a atividades meio da entidade.
Gabarito: Certo

Quanto ao poder regulamentar das agências reguladoras, os


regulamentos por elas expedidos são conhecidos como regulamentos
delegados ou regulamentos autorizados, uma vez que, nas matérias
de natureza estritamente técnica, eles não se limitam a dar fiel
execução à lei, mas podem complementá-la, desde que observem as
diretrizes e os limites nela traçados. A possibilidade de sua edição,
contudo, deve estar expressamente prevista em lei, vale dizer, as
agências não podem editar normativos inteiramente autônomos, sem lei
que os autorize. Ademais, as agências, mesmo sendo dotadas de amplos
poderes normativos, não podem criar obrigações novas, que não
contem com previsão legal.

11. (Cespe 2012) A ANATEL, por ser agência reguladora integrante da


administração indireta, exerce o poder regulamentar com maior vigor, podendo
inovar na ordem jurídica com a edição de atos normativos primários e regulamentos
autônomos.
Comentário: Embora o poder normativo das agências reguladoras seja
considerado bastante amplo, possibilitando que elas, inclusive,
complementem a lei em determinados aspectos de natureza técnica, em
hipótese alguma as agências podem inovar na ordem jurídica com a edição de
atos normativos primários e regulamentos autônomos. Com efeito, a atuação
normativa das agências reguladoras, complementando as disposições da lei,
depende de expressa autorização dada pela própria lei, vale dizer, consiste na
edição de regulamentos delegados ou autorizados.
Gabarito: Errado

Aspecto relevante do tema diz respeito à necessária autonomia da


atuação das agências reguladoras, característica tomada como a mais
importante a ser conferida a essas entidades.
É que, para desempenharem sua função de controle e fiscalização
com imparcialidade e rigor técnico, a atuação das agências não pode ser
influenciada pelo interesse das empresas reguladas, e nem mesmo pelos

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interesses do próprio Governo ou dos consumidores. A autonomia deve
existir perante todos.
Essa relação entre as agências reguladoras e as demais partes
interessadas é objeto de estudo da teoria da captura, pela qual se busca
impedir uma vinculação promíscua entre a agência, de um lado, e o
governo instituidor ou os entes regulados, de outro, com flagrante
comprometimento da independência da pessoa reguladora (o chamado
“risco de captura”).
No que tange ao risco de captura da agência pelas empresas do setor
regulado, geralmente dotadas de grande poderio econômico, a doutrina
ensina que um dos instrumentos mais eficazes para evita-lo é proibir que
o ex-dirigente do órgão regulador, nos meses seguintes à sua exoneração,
seja contratado por empresas do setor por ele regulado. Essa
“quarentena” é uma forma de evitar que o ex-dirigente se utilize de
informações privilegiadas para beneficiar a empresa regulada.
No Brasil, a Lei 9.986/2000, que dispõe sobre a gestão de recursos
humanos das agências reguladoras, estabelece a obrigatoriedade de
quarentena dos ex-dirigentes, nos seguintes termos:

Art. 8o O ex-dirigente fica impedido para o exercício de atividades ou


de prestar qualquer serviço no setor regulado pela respectiva
agência, por um período de quatro meses, contados da exoneração ou do
término do seu mandato.
§ 1o Inclui-se no período a que se refere o caput eventuais períodos de
férias não gozadas.
§ 2o Durante o impedimento, o ex-dirigente ficará vinculado à agência,
fazendo jus a remuneração compensatória equivalente à do cargo de
direção que exerceu e aos benefícios a ele inerentes.

§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo ao ex-dirigente exonerado a pedido,


se este já tiver cumprido pelo menos seis meses do seu mandato.

§ 4o Incorre na prática de crime de advocacia administrativa, sujeitando-se


às penas da lei, o ex-dirigente que violar o impedimento previsto neste
artigo, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, administrativas e civis.

§ 5o Na hipótese de o ex-dirigente ser servidor público, poderá ele optar


pela aplicação do disposto no § 2o, ou pelo retorno ao desempenho das
funções de seu cargo efetivo ou emprego público, desde que não haja
conflito de interesse.

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Além da quarentena dos ex-dirigentes das agências reguladoras, que
possui previsão legal, a jurisprudência também não tem aceitado a
realização do movimento inverso, ou seja, do dirigente de empresa do
setor que vai ocupar cargo nos órgãos diretivos das agências.
Como exemplo, o TRF da 5ª Região já impediu a nomeação para
vagas de Conselheiro Consultivo da ANATEL, destinadas à representação
dos usuários, de determinadas pessoas que haviam ocupado cargos em
empresas concessionárias, tendo-se fundado a decisão na evidente
suspeição que o desempenho de tais agentes poderia ocasionar29.
De um modo geral, os autores apontam a previsão de
mandatos fixos para os dirigentes como um dos mais importantes e
mais utilizados mecanismos para assegurar a imparcialidade das agências
reguladoras.
No Brasil, atualmente, os dirigentes de todas as agências federais
possuem mandato fixo, a teor do art. 9º da Lei 9.986/2000:

Art. 9o Os Conselheiros e os Diretores somente perderão o mandato em


caso de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de
processo administrativo disciplinar.

Parágrafo único. A lei de criação da Agência poderá prever outras


condições para a perda do mandato.

Ressalte-se que, como dispõe o parágrafo único do dispositivo acima,


além da renúncia, da condenação judicial transitada em julgado ou de
processo administrativo disciplinar, a lei de criação de cada agência
poderá prever outras condições para a perda do mandato.
Outros instrumentos teóricos para conferir autonomia às agências
reguladoras seriam o estabelecimento de fontes próprias de recursos,
provenientes do próprio exercício da função regulatória, a não
subordinação hierárquica a qualquer instância de governo e a indicação de
dirigentes pautada em critérios técnicos, sendo preferível que sua
indicação não seja ato exclusivo do Poder Executivo, e sim um ato que
conte com a participação do Poder Legislativo.
Quanto a este último ponto, cumpre salientar que os dirigentes das
agências reguladoras federais são nomeados conforme o procedimento
previsto no art. 52, III, “f” da CF, ou seja, o Presidente da República
escolhe a pessoa para ser dirigente de agência reguladora, mas só pode

29 TRF5: Ap. Cível 342.739

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nomeá-la após aprovação do Senado Federal. Ademais, os indicados
devem preencher certos critérios técnicos, além de possuir reputação
ilibada. É o que diz a Lei 9.986/2000:

Art. 5o O Presidente ou o Diretor-Geral ou o Diretor-Presidente (CD I) e os


demais membros do Conselho Diretor ou da Diretoria (CD II) serão
brasileiros, de reputação ilibada, formação universitária e elevado
conceito no campo de especialidade dos cargos para os quais serão
nomeados, devendo ser escolhidos pelo Presidente da República e por
ele nomeados, após aprovação pelo Senado Federal, nos termos da
alínea f do inciso III do art. 52 da Constituição Federal.

Cumpre observar que as agências reguladoras são dirigidas em


regime de colegiado, por um Conselho Diretor ou Diretoria composta
por Conselheiros ou Diretores, sendo um deles o seu Presidente ou o
Diretor-Geral ou o Diretor-Presidente.
As agências reguladoras, na sua condição de autarquias, são
vinculadas à Administração Direta; no âmbito federal, elas se vinculam
ao Ministério correspondente à sua área de atuação. Por exemplo, a
ANATEL é vinculada ao Ministério das Comunicações e a ANP, ao Ministério
das Minas e Energia. Portanto, as agências reguladoras se submetem ao
controle finalístico (tutela administrativa) efetuado pelo respectivo
Ministério supervisor.
As leis instituidoras de algumas agências reguladoras preveem a
obrigatoriedade de celebrarem contrato de gestão com o Poder
Executivo, hipótese em que sua autonomia em relação ao órgão
supervisor se vê ampliada ainda mais, sendo o controle direcionado para o
alcance de metas e resultados.
Além da tutela administrativa, as agências reguladoras também se
submetem aos controles judicial e legislativo, este último incluindo o
controle exercido pelo Tribunal de Contas. Nesses casos, o controle
sobre as agências não possui qualquer particularidade em relação ao que
é exercido sobre as demais entidades integrantes da Administração
Pública.
Por fim, vale observar que as leis instituidoras das atuais agências
reguladoras estabelecem, em alguns casos, instrumentos específicos de
participação popular, com destaque para a consulta pública e a
audiência pública. Esses institutos, de maneira geral, permitem a
manifestação dos agentes econômicos e dos consumidores sempre que

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possa ser editado um ato ou tomada uma decisão que possa afetar o
direito deles.

12. (ESAF 2006) Pelo sistema constitucional brasileiro, a categoria das agências
reguladoras apresentam competência de natureza:
a) legislativa e administrativa.
b) legislativa, administrativa e jurisdicional.
c) exclusivamente legislativa.
d) administrativa e jurisdicional.
e) exclusivamente administrativa.
Comentários: As agências reguladoras são entidades administrativas,
integrantes do Poder Executivo e, portanto, suas competências possuem
natureza administrativa (opção “e”).
É certo que algumas de suas competências possuem características
semelhantes às funções legislativa e jurisdicional, por exemplo, quando
editam regulamentos e quando solucionam conflitos entre empresas
concessionárias e usuários dos serviços públicos. Porém, frise-se, tais
competências são apenas semelhantes às funções legislativa e jurisdicional
“típicas”, mas com elas não se confundem, por lhes faltar determinados
atributos. Com efeito, os regulamentos editados pelas agências reguladoras
não podem inovar no ordenamento jurídico, vale dizer, não podem criar
direitos e obrigações não previstos em lei. O poder regulamentar das agências,
embora seja considerado bastante amplo, não pode extrapolar os limites
estabelecidos pela lei. E quanto à solução de conflitos, as decisões tomadas
pelas agências não possuem o atributo da definitividade, podendo ser
apreciadas pelo Poder Judiciário, desde que provocado. Portanto, pode-se
afirmar que, mesmo quando editam normativos ou solucionam conflitos, as
agências reguladoras exercem competência de natureza administrativa.
Gabarito: alternativa “e”

13. (ESAF 2013) A transferência da função normativa (sobre matérias


determinadas) da sede legislativa estatal para outra sede normativa denomina-se:
a) Remissão.
b) Delegação receptícia.
c) Reserva legal.

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d) Deslegalização.
e) Desconcentração.
Comentários: Trata-se do fenômeno da deslegalização (opção “d”), que
consiste na possibilidade de o Legislativo rebaixar hierarquicamente
determinada matéria para que ela possa vir a ser tratada por regulamento. Ou
seja, ocorre a deslegalização quando uma lei editada pelo Poder Legislativo
contenha autorização para que um regulamento, editado pela Administração
Pública, venha a tratar sobre a matéria regulada na lei. Um exemplo é a
Lei 12.382/2011, que fixou o salário mínimo para 2011 e permitiu que o reajuste
e a atualização do valor fossem feitos mediante decreto.
Embora muitos doutrinadores sejam contrários à prática da
deslegalização (por exemplo, Celso Antônio Bandeira de Melho e Justen Filho,
para os quais nesse caso, a lei atuaria delegando competência legislativa, o
que só é possível em sede constitucional), costuma-se indicar que esse
instituto oferece substrato teórico-jurídico para a criação e funcionamento das
agências reguladoras, principalmente em razão do poder normativo dessas
entidades.
É que, conforme salienta Maria Sylvia Di Pietro, às agências reguladoras
está sendo dado o “poder de ditar normas com a mesma força de lei e com
base em parâmetros, conceitos indeterminados, standards nela contidos”. Em
outras palavras, uma lei deslegalizadora estabelece diretrizes para que um
regulamento possa vir a atuar dentro desses standards estabelecidos.
Assim, prossegue a autora, a lei muitas vezes utiliza conceitos jurídicos
indeterminados, cujo sentido tem que ser definido por órgãos técnicos
especializados. Por exemplo, a Lei 9.782/1999, que criou a Anvisa, dá a ela
competência para estabelecer normas e padrões sobre “limites de
contaminantes, resíduos tóxicos, desinfetantes, metais pesados e outros que
envolvam risco à saúde” (art. 7º, IV); a Agência, dentro de seus conhecimentos
técnicos, vai poder, licitamente, sem inovar na ordem jurídica, baixar ato
normativo definindo os “contaminantes”, os “resíduos técnicos” etc., e
estabelecendo os respectivos padrões e limites. Trata-se de conceitos
indeterminados que a Agência vai tornar determinados. Todavia, frise-se, se a
Agência for além do previsto na lei ao exercer essa função, estará infringindo o
princípio da legalidade.
Gabarito: alternativa “d”

14. (Cespe 2012) As relações de trabalho nas agências reguladoras são regidas
pela CLT e pela legislação trabalhista correlata, em regime de emprego público.
Comentário: O quesito está errado. Os servidores das agências
reguladoras federais são regidos pelo regime estatutário previsto na Lei

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8.112/1990, e não pela CLT. Originariamente, o art. 1º da Lei 9.986/2000
estabeleceu o regime celetista para as agências. Todavia, a eficácia deste
dispositivo foi suspensa em razão de medida liminar deferida pelo STF no bojo
da ADI 2310, na qual o Supremo considerou o regime de emprego público
incompatível com a atividade a ser desenvolvida pelo pessoal das agências
reguladoras. Essa ADI acabou por perder seu objeto com a promulgação da
Lei 10.871/2004, cujo art. 6º prescreve que o regime jurídico do pessoal das
agências é o instituído pela Lei 8.112/1990, ou seja, o regime estatutário
aplicável aos servidores federais em geral, sendo esta a regra atualmente
vigente.
Ressalte-se que, nos termos do art. 3º, parágrafo único da
Lei 10.871/2004, aos servidores das agências reguladoras, no exercício das
atribuições de natureza fiscal ou decorrentes do poder de polícia, são
asseguradas as prerrogativas de promover a interdição de estabelecimentos,
instalações ou equipamentos, assim como a apreensão de bens ou produtos, e
de requisitar, quando necessário, o auxílio de força policial federal ou
estadual, em caso de desacato ou embaraço ao exercício de suas funções. De
fato, como se percebe, prerrogativas dessa espécie não se compatibilizam
com o regime celetista.
Gabarito: Errado

15. (Cespe 2014) As agências reguladoras, por atuarem na regulação do mercado,


são consideradas entidades paraestatais que atuam em colaboração com o Estado.
Comentário: O quesito está errado. As agências reguladoras geralmente
são instituídas como autarquias de regime especial. Portanto, são entidades
administrativas integrantes da Administração Indireta. Ao contrário, as
entidades paraestatais são entidades privadas, sem fins lucrativos, que atuam
“ao lado” do Estado, recebendo fomento público para o desenvolvimento de
atividades de interesse público, mas sem pertencer à Administração Pública
formal, direta ou indireta.
Gabarito: Errado

PRINCIPAIS DISTINÇÕES ENTRE AGÊNCIAS EXECUTIVAS E REGULADORAS

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Para finalizar este capítulo, vamos elaborar um quadro comparativo
para sintetizar as principais diferenças entre as agências executivas e
as agências reguladoras 30.

Agências Executivas Agências Reguladoras

Podem ser autarquias ou fundações São autarquias sob regime especial.


públicas.

Trata-se de qualificação formal, prevista na Trata-se de denominação utilizada pela


Lei 9.649/1998, art. 51 e 52. doutrina e em leis administrativistas.

á Não é uma qualificação formal, atribuída por


algum ato administrativo, com
definidas (ampliação de autonomia) e é consequências jurídicas definidas. O grau de
conferida à autarquia ou à fundação pública autonomia da entidade depende dos
mediante decreto. instrumentos específicos que a respectiva lei
instituidora estabeleça.

Pode ocorrer a desqualificação da entidade, Não existe a figura da desqualificação de


mediante decreto, o que nada afeta a agência reguladora.
natureza da entidade, que continua sendo a
mesma autarquia ou fundação pública.

A celebração do contrato de gestão é A lei instituidora pode ou não impor a


condição obrigatória para a qualificação. celebração de contrato de gestão.

Uma autarquia qualificada como agência É possível uma agência reguladora ser
executiva pode ou não ser uma agência qualificada como agência executiva, caso
reguladora. preencha os requisitos legais.

*****
Bom, finalizamos aqui. Vamos agora ver como os assuntos estudados
são cobrados em prova.

30 Adaptado de Alexandrino, M. e Paulo, V (2014, p. 170).

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QUESTÕES DE CARREIRAS JURÍDICAS

16. (FCC – São Luís/MA – Procurador – 2016) Uma organização social firmou
contrato de gestão para prestação de serviços de saúde em uma determinada
unidade hospitalar. Não obstante a gestão das atividades, é necessário trespassar à
organização social o imóvel onde funciona o hospital, o que pode se dar mediante
outorga de
a) concessão de uso, ato que transmite a posse das dependências hospitalares por
prazo indeterminado, enquanto perdurar o contrato de gestão.
b) permissão de uso, contrato que transfere posse à organização social,
dispensando-se autorização legislativa em razão da vigência do contrato de gestão.
c) concessão de uso com dispensa de licitação, tendo em vista que os atos e
contratos que autorizam o uso privativo de bens públicos prescindem de licitação.
d) permissão de uso, ato que poderá viger por prazo indeterminado, mas que
cessará concomitantemente com a extinção do contrato de gestão, caso não tenha
sido extinto antes.
e) concessão de direito real de uso, ato unilateral para o qual é inexigível a licitação,
já que inviável a competição, diante da prévia existência do contrato de gestão.
Comentários: A Lei 9.637/98 permite a destinação de bens públicos às
Organizações Sociais mediante permissão de uso, consoante cláusula
expressa do contrato de gestão (art. 12, §3º). A permissão de uso é um
ato administrativo unilateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso,
pelo qual a Administração Pública faculta a utilização privativa de bem público,
para fins de interesse público. Ademais, pode ser concedida por prazo
indeterminado ou com prazo certo. Logo, correta a alternativa “d”.
Quanto às demais alternativas, as opções “a”, “c” e “e” estão erradas
porque a outorga do bem deve ocorrer mediante permissão de uso, e não
concessão de uso ou concessão de direito real de uso. Em relação à
alternativa “b”, o erro é que a permissão de uso é um ato administrativo, e não
um contrato.
Gabarito: alternativa “d”

17. (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas – 2015) O


desempenho das atividades estatais deixou de ser exclusividade da Administração
há lapso temporal bastante considerável. Na evolução social do movimento de
descentralização experimentado pela Administração pública surgiram entidades
privadas para o desempenho de atividades estatais, com ênfase na área social, da
saúde e da cultura. Essas entidades

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a) não integram a Administração direta nem indireta, e seu centro de controle e
gestão são dissociados e independentes da estrutura estatal, aplicando-lhes o
regime eminentemente privado, o que afasta os mecanismos de controle e os
instrumentos para fiscalização do desempenho das atividades.
b) não são criadas pela Administração, nem são geridas por servidores designados
por aquela, de modo que lhes é vedado receber qualquer tipo de subsídio
econômico ou outorga de uso de bens públicos.
c) constituem-se sob formas jurídicas de direito privado, porém caso recebam
benefícios financeiros ou materiais da Administração pública, passam a se submeter
ao princípio da obrigatoriedade de licitação para suas contratações, tal qual as
empresas estatais.
d) podem se constituir sob formas jurídicas de direito privado, seja fundação, seja
associação civil, submetendo- se aos instrumentos de controle e fiscalização por
parte da Administração pública, cuja intensidade se amplia diante do regular
recebimento de benefícios estatais e subsídios econômicos.
e) constituem-se, primordialmente, sob a forma de organização social, pessoa
jurídica de direito privado que celebra contrato de gestão com o Estado para dispor
sobre os limites de sua atuação e desempenho de suas atividades, inclusive aquelas
de natureza econômica.
Comentários: O enunciado, a toda evidência, está se referindo às
entidades paraestatais, que são entidades privadas sem fins lucrativos que
desempenham atividades de interesse público. Vamos, então, analisar cada
alternativa:
a) ERRADA. De fato, as entidades paraestatais não integram a
Administração direta nem indireta, e são regidas por regime eminentemente
privado. Entretanto, considerando que recebem fomento do Poder Público
para o desenvolvimento de suas atividades, elas se submetem aos
mecanismos de controle estatais, a exemplo da fiscalização pelo Tribunal de
Contas e pelo Ministério Público.
b) ERRADA. De fato, as entidades paraestatais não são criadas pela
Administração, nem são geridas por servidores designados por aquela, mas
não lhes é vedado receber qualquer tipo de subsídio econômico ou outorga de
uso de bens públicos.
c) ERRADA. As entidades paraestatais não precisam realizar licitação
para as suas contratações, tal qual as empresas estatais, que devem observar
os ritos da Lei 8.666/93. As paraestatais, ao contrário, podem editar
regulamentos próprios, que permitam conduzir as contratações de forma
pública, objetiva e impessoal.

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d) CERTA. Detalhe é que não há restrição em relação à espécie de pessoa
jurídica de direito privado que pode se qualificar como entidade paraestatal,
podendo ser tanto fundação como associação civil ou qualquer outra forma
admitida em direito. A única exigência de caráter geral é que a entidade seja
sem fins lucrativos. No mais, a entidade deve preencher os requisitos exigidos
para a espécie que se pretende qualificar (ex: natureza da atividade).
e) ERRADA. Para se qualificar como Organização Social, a entidade
privada não pode exercer atividade de natureza econômica; ela deve ser uma
entidade sem fins lucrativos.
Gabarito: alternativa “d”

18. (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2015) "[...] é a qualificação jurídica dada a
pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, instituída por iniciativa de
particulares, e que recebe delegação do Poder Público, mediante contrato de
gestão, para desempenhar serviço público de natureza social" (Maria Sylvia Zanella
Di Pietro, Direito Administrativo, 2012: 565).
A definição acima se refere às
a) Serviços sociais autônomos.
b) Organizações não-governamentais.
c) Organizações sociais.
d) Fundações de apoio.
e) Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.
Comentário: Trata-se da definição de organizações sociais dada pela
autora Maria Sylvia Di Pietro. A chave para resolver a questão é saber que
“contrato de gestão” se refere a “organizações sociais”.
Gabarito: alternativa “c”

19. (FCC – TCE/CE – Conselheiro Substituto – 2015) A atuação de organizações


sociais, na forma disciplinada pela Lei no 9.637/1998, corresponde
a) à prestação de serviço público, mediante permissão.
b) à execução de atividade de interesse público, sob regime privado.
c) à concessão de serviço público em caráter suplementar à atuação do poder
público.
d) à autorização para prestação de serviço público sob regime publicístico.
e) ao desempenho de serviços sociais não exclusivos do Estado.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:

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a) ERRADA. A atuação das organizações sociais não corresponde à
prestação de serviço público delegado mediante permissão. Tais entidades
exercem atividade privada de interesse público (serviços não exclusivos do
Estado, que não dependem de delegação), em seu próprio nome, com
incentivo (fomento) do Estado.
b) ERRADA. De fato, as organizações sociais executam atividade de
interesse público, sob regime privado. Porém, seu regime privado é
parcialmente derrogado por normas de direito público, precisamente em
decorrência do vínculo que as liga ao Poder Público, o contrato de gestão, ao
qual a entidade deve obediência, restringindo a sua autonomia. A esse regime
privado parcialmente derrogado por normas de direito público dá-se o nome
de regime publicístico.
c) ERRADA. Como comentado na alternativa “a”, a atuação das
organizações sociais não corresponde à prestação de serviço público
delegado, nem mediante permissão nem mediante concessão.
d) ERRADA. Igualmente, a autorização é uma forma de delegação de
serviços públicos exclusivos do Estado, ao lado de permissão e concessão.
Não é o caso, portanto, das atividades desenvolvidas pelas OS.
e) CERTA. Valem os comentários da alternativa “a”.
Gabarito: alternativa “e”

20. (FCC – TCE/CE – Procurador de Contas – 2015) O Supremo Tribunal


Federal, ao apreciar a constitucionalidade de lei federal nos autos da Adin no
1.923/DF, manifestou-se sobre conhecida figura presente no desenvolvimento das
atividades da Administração pública, afirmando a convergência de interesse comum
entre Poder Público e particular, não reconhecendo “feição comutativa e com intuito
lucrativo, que consiste no núcleo conceitual da figura do contrato administrativo”.
Afastada a figura do contrato administrativo, o entendimento do STF pode se
reportar
a) ao contrato de gestão firmado entre organizações sociais e Administração pública,
com finalidade de atingimento de interesse comum nos serviços da saúde e cultura,
o que afasta, assim, o dever de licitar para sua celebração, não obstante se deva
observar procedimento público, impessoal e com critérios objetivos para tanto.
b) ao contrato de gestão firmado mediante convênio entre Poder Público e
organização social, que exige, tal qual para todos os convênios firmados pela
Administração pública, prévia realização de procedimento licitatório, na modalidade
pertinente ao valor da avença.

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c) às organizações sociais, que integram a Administração indireta quando criadas
pelo Poder Público, independentemente da celebração de contrato de gestão para
desenvolvimento de atividades de interesse comum.
d) às agências executivas, que têm natureza jurídica de organizações sociais e,
dessa forma, integram a Administração pública indireta, o que as qualifica para a
prestação de serviços públicos não exclusivos.
e) aos convênios administrativos, desde que não tenham finalidade remuneratória,
hipótese em que, não obstante remanesça o interesse convergente com o Poder
Público, não se pode preterir outros interessados, sendo necessário observar a lei
de licitações.
Comentários: Na ADI 1.923/DF, o STF reconheceu a constitucionalidade
da Lei 9.637/1998, que trata da qualificação de organizações sociais mediante
contrato de gestão. Ao apreciar a matéria, o STF fixou o entendimento de que
os contratos a serem celebrados pela Organização Social com terceiros, com
recursos públicos, devem ser conduzidos de forma pública, objetiva e
impessoal, com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF, e nos
termos do regulamento próprio a ser editado por cada entidade (não precisam
realizar licitação, portanto).
Gabarito: alternativa “a”

21. (FCC – PGE/RN – Procurador do Estado – 2014) Determinada empresa


pública pleiteou à Administração pública a qualificação de organização social para,
mediante contrato de gestão, prestar serviços na área da saúde. O pedido
a) deve ser indeferido, tendo em vista que essa qualificação somente se mostra
possível para empresas públicas que tenham sido criadas especificamente para
esse fim.
b) pode ser deferido, desde que não haja repasse de verbas públicas para essa
pessoa jurídica, em razão de sua natureza jurídica ser de direito privado.
c) deve ser indeferido, tendo em vista que a qualificação pleiteada somente poderia
ser deferida a pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que
desenvolvessem atividades no setor de saúde.
d) pode ser deferido se a empresa pública tiver sido constituída sob a forma de
sociedade anônima e desde que não seja de capital aberto.
e) pode ser indeferido se a empresa tiver fins lucrativos, passível de deferimento no
caso de ser filantrópica e a atividade pretendida constar expressamente do objeto
social.
Comentários: Conforme o art. 1º da Lei 9.637/98, o “Poder Executivo
poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito
privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à

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pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos
nesta Lei”. Logo, uma empresa pública não pode ser qualificada, eis que, por
definição, desenvolvem atividades com fins lucrativos. Correta, portanto, a
opção “c”. Note que, além do setor de saúde, a OS pode desenvolver
atividades em outros ramos, quais sejam: ensino, pesquisa científica,
desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente e
cultura.
Gabarito: alternativa “c”

22. (FCC – TRT 24ª Região – Juiz do Trabalho – 2014) No que tange às
chamadas entidades paraestatais e as que atuam em regime de colaboração com a
Administração pública, é correto afirmar que
a) os consórcios públicos são arranjos por meio dos quais as empresas privadas
podem atuar conjuntamente na prestação de um serviço público delegado.
b) no âmbito federal, em caso de absorção, por organização social, de atividades e
serviços de órgão extinto, pode haver cessão de servidor do quadro permanente do
órgão extinto à referida organização social, sendo que tal cessão é irrecusável para
o servidor.
c) as organizações da sociedade civil de interesse público que celebrem termo de
parceria e recebam recursos públicos para desempenho de suas atividades são
impedidas de remunerar seus dirigentes.
d) os serviços sociais (Sistema “S”), visto que são custeados com contribuições
parafiscais compulsórias, são obrigados a realizar concurso público para admissão
de seus empregados, nos moldes do art. 37, II, da Constituição Federal.
e) as chamadas fundações de apoio são entidades de direito público, criadas por lei,
para prestar suporte ao desenvolvimento de atividades administrativas pelos órgãos
públicos e seus funcionários estão sujeitos ao regime jurídico único.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Os consórcios públicos são ajustes firmados entre entes
públicos (União, Estados, DF e Municípios), para o desenvolvimento de
atividades de interesse comum entre as esferas.
b) CERTA, nos termos do art. 22, I da Lei 9.637/98:
Art. 22. As extinções e a absorção de atividades e serviços por organizações
sociais de que trata esta Lei observarão os seguintes preceitos:
I - os servidores integrantes dos quadros permanentes dos órgãos e das
entidades extintos terão garantidos todos os direitos e vantagens decorrentes do
respectivo cargo ou emprego e integrarão quadro em extinção nos órgãos ou nas
entidades indicados no Anexo II, sendo facultada aos órgãos e entidades

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supervisoras, ao seu critério exclusivo, a cessão de servidor, irrecusável para este,
com ônus para a origem, à organização social que vier a absorver as correspondentes
atividades, observados os §§ 1o e 2o do art. 14;

c) ERRADA. O art. 4º, VII da Lei 9.790/99 admite a possibilidade de


remuneração dos dirigentes das OSCIP:
Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para qualificarem-se como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas jurídicas
interessadas sejam regidas por estatutos cujas normas expressamente disponham
sobre:
(...)
VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade
que atuem efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam
serviços específicos, respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo
mercado, na região correspondente a sua área de atuação;

d) ERRADA. Segundo o entendimento do STF, as entidades do Sistema


“S” possuem natureza privada e não integram a administração pública, direta
ou indireta, razão pela qual elas não estão obrigadas a realizar concurso
público para contratar pessoal.
e) ERRADA. As fundações de apoio são entidades paraestatais, logo, são
entidades de direito privado, e seus empregados se submetem ao regime
celetista.
Gabarito: alternativa “b”

23. (FCC – TRT 1ª Região – Juiz do Trabalho – 2014) A melhoria de eficiência e


redução de custos constitui uma busca constante da Administração pública, com
vistas a ampliar, em quantidade e qualidade, os equipamentos e serviços
disponibilizados aos cidadãos. Um dos mecanismos que podem ser utilizados nessa
busca é a
a) criação, por lei específica, de organizações sociais, para gestão descentralizada e
mais flexível de serviços públicos não exclusivos.
b) qualificação de fundações como organizações sociais, por ato do Chefe do
Executivo, com base em plano de metas aprovado pelo Ministério Supervisor.
c) criação, por lei específica, de agências executivas, na forma de autarquias de
regime especial, dotadas de autonomia orçamentária e financeira.
d) qualificação, mediante aprovação de plano de metas pelo Ministério Supervisor,
de autarquias como agências reguladoras, dotadas de maior flexibilidade de gestão.
e) celebração, por autarquias e fundações, de contrato de gestão fixando metas de
desempenho para a entidade, qualificada, por ato do Chefe do Executivo, como
agência executiva.

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Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. As organizações sociais não são criadas por lei específica.
Elas são entidades privadas, criadas por particulares, que firmam contrato de
gestão com o Poder Público, permitindo a sua qualificação como OS.
b) ERRADA. O item não deixa claro a que tipo de fundação se refere.
Provavelmente, ele está se referindo às fundações públicas, que não podem
ser qualificadas como OS, visto que não são pessoas jurídicas de direito
privado.
c) ERRADA. As agências executivas não são criadas por lei específica. Na
verdade, trata-se de uma mera qualificação jurídica atribuída às autarquias e
às fundações públicas que com ele celebrem contrato de gestão e atendam
aos demais requisitos fixados na Lei 9.649/1998.
d) ERRADA. Não existe a qualificação de autarquias como agências
reguladoras por ato do Ministério. Na verdade, as agências reguladoras já
nascem como tal desde a lei de criação.
e) CERTA, nos termos do art. 37, §8º da CF:
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da
administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação
de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e
responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.

Gabarito: alternativa “e”

24. (FCC – MPE/PA – Promotor de Justiça – 2014) No tocante às chamadas


organizações sociais, a legislação federal aplicável a tais entidades
a) veda a remuneração dos membros da diretoria da entidade.
b) prevê responsabilidade individual e solidária dos dirigentes pelos danos ou
prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão, em caso de desqualificação da
entidade pelo descumprimento das disposições contidas no contrato de gestão.
c) estabelece como hipótese de inexigibilidade de licitação a celebração de contratos
de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das
respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de
gestão.
d) permite que apenas associações civis sejam qualificadas como organizações
sociais.

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e) obriga a publicação anual, em jornal de circulação diária no Estado ou nos
municípios em que se der a atuação da entidade, dos relatórios financeiros e do
relatório de execução do contrato de gestão.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Não existe tal vedação na Lei das OS (Lei 9.637/98). Aliás, o
art. 4º, V da referida lei, estabelece que é atribuição privativa do Conselho de
Administração da OS “fixar a remuneração dos membros da diretoria”.
b) CERTA, nos termos do art. 16, §1º da Lei 9.637/98:
Art. 16. O Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade como
organização social, quando constatado o descumprimento das disposições contidas no
contrato de gestão.
§ 1o A desqualificação será precedida de processo administrativo, assegurado o
direito de ampla defesa, respondendo os dirigentes da organização social,
individual e solidariamente, pelos danos ou prejuízos decorrentes de sua ação
ou omissão.
§ 2o A desqualificação importará reversão dos bens permitidos e dos valores
entregues à utilização da organização social, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

c) ERRADA. A Lei 8.666/93 estabelece como hipótese de dispensa de


licitação – e não de inexigibilidade – a celebração de contratos de prestação de
serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas
esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.
d) ERRADA. Conforme o art. 1º da Lei 9.637/98, o Poder Executivo poderá
qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem
fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa
científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio
ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos na referida
Lei. Ou seja, a qualificação não é restrita às associações civis.
e) ERRADA. A Lei 9.637/98 prevê a obrigatoriedade de publicação anual,
no Diário Oficial da União, dos relatórios financeiros e do relatório de
execução do contrato de gestão (art. 2º, I, “f”).
Gabarito: alternativa “b”

25. (FCC – DP/AM – Defensor Público – 2013) As Organizações Sociais são


pessoas jurídicas de direito privado, qualificadas pelo Poder Executivo, nos termos
da Lei Federal no 9.637/98, com vistas à formação de parceria para execução de
atividades de interesse público. NÃO está entre as características das Organizações
Sociais, nos termos da referida lei,
a) a necessidade de aprovação de sua qualificação, por meio de ato vinculado do
Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade

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correspondente ao seu objeto social e do Ministro do Planejamento, Orçamento e
Gestão.
b) a previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de
representantes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória
capacidade profissional e idoneidade moral.
c) a proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em
qualquer hipótese, inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de
associado ou membro da entidade.
d) o desempenho de atividades relacionadas a pelo menos um dos seguintes
campos: ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e
preservação do meio ambiente, cultura e saúde.
e) a atuação com finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de
seus excedentes financeiros no desenvolvimento das próprias atividades.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. A Lei 9.637/98 prevê sim a necessidade de aprovação da
qualificação como OS pelo Ministro da área e pelo Ministro do Planejamento.
Mas tal ato não é vinculado, e sim discricionário, daí o erro:
Art. 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo
anterior habilitem-se à qualificação como organização social:
(...)
II - haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação
como organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da
área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da
Administração Federal e Reforma do Estado.

Detalhe é que o então Ministro de Estado da Administração Federal e


Reforma do Estado é o atual Ministro do Planejamento.
b) ERRADA. A Lei 9.637/98 prevê sim a participação, no órgão colegiado
de deliberação superior, de representantes do Poder Público e de membros da
comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade moral:
Art. 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo
anterior habilitem-se à qualificação como organização social:
I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:
(...)
d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de
representantes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória
capacidade profissional e idoneidade moral;

c) ERRADA. Há sim tal previsão na Lei 9.637/98:

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Art. 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo
anterior habilitem-se à qualificação como organização social:
I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:
(...)
h) proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em
qualquer hipótese, inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento
de associado ou membro da entidade;

Uma vez que as OS não podem ter fins lucrativos, a lei proíbe que seu
patrimônio seja distribuído aos sócios da entidade.
d) ERRADA, pois o art. 1º da Lei 9.637/98 prevê o seguinte:
Art. 1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas
jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao
ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e
preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos
previstos nesta Lei.

e) ERRADA, pois a Lei 9.637/98 prevê o seguinte:


Art. 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo
anterior habilitem-se à qualificação como organização social:
I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:
(...)
b) finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus
excedentes financeiros no desenvolvimento das próprias atividades;

Gabarito: alternativa “a”

26. (ESAF – PG/DF – Procurador Distrital – 2007) No tocante às agências


reguladoras no Direito Brasileiro:
I. As agências reguladoras são autarquias sob regime especial;
II. Entre as atividades afetas à disciplina e controle de tais entidades destacam-se os
serviços públicos relacionados à energia elétrica, transportes terrestres, transportes
aquaviários, aviação civil, atividades de fomento e fiscalização de atividade privada;
III. A Constituição Federal de 1988 prevê expressamente a criação de um órgão
regulador;
IV. As agências reguladoras exercem a atividade de regulação, abrangendo
competência para estabelecer regras de conduta, para fiscalizar, reprimir, punir,
resolver conflitos, não só no âmbito da própria concessão, mas também nas
relações com outras prestadoras de serviço;
V. Nos termos da Lei n. 9.986/2000, as agências reguladoras podem utilizar o
pregão para as contratações referentes a obras e serviços de engenharia.

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A quantidade de itens incorretos é igual a:
a) 4
b) 2
c) 3
d) 1
e) 5
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
I) CERTO. No Brasil, embora não haja determinação constitucional,
adotou-se como prática instituir as agências reguladoras com a forma de
autarquias sob regime especial, pessoas jurídicas de direito público, dotadas
de autonomia administrativa e financeira.
II) CERTO. São exemplos de agências reguladoras no Brasil que
disciplinam e controlam serviços públicos relacionados à energia elétrica
(ANEEL), transportes terrestres (ANTT), transportes aquaviários (ANTAQ),
aviação civil (ANAC), atividades de fomento (ANCINE) e fiscalização de
atividade privada (ANS).
III) CERTO. Na CF, a criação de um órgão regulador está prevista em duas
partes, especificamente para disciplinar e controlar os setores de
telecomunicações (art. 21, inciso XI) e de petróleo (art. 177, §2º, inciso III):
Art. 21. Compete à União:
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os
serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização
dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais.
Art. 177. Constituem monopólio da União:
§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:
III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;

IV) CERTO. A assertiva apresenta uma definição exata do papel das


agências reguladoras, transcrevendo lições da Prof. Di Pietro.
V) ERRADA. Nos termos da Lei n. 9.986/2000, a aquisição de bens e a
contratação de serviços pelas Agências Reguladoras poderá se dar nas
modalidades de consulta e pregão, observado o disposto nos arts. 55 a 58 da
Lei no 9.472, de 1997, e nos termos de regulamento próprio. Todavia, tal
permissivo não se aplica às contratações referentes a obras e serviços de
engenharia, cujos procedimentos deverão observar as normas gerais de
licitação e contratação para a Administração Pública, daí o erro.
Gabarito: alternativa “d”

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27. (CESPE – TRF 2ª Região – Juiz Federal – 2013) No que concerne a
organizações sociais e a OSCIPs, assinale a opção correta.
a) Os responsáveis pela fiscalização do termo de parceria, ao tomarem
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou
bens da organização parceira, deverão dar imediata ciência ao tribunal de contas
respectivo e ao MP, sob pena de responsabilidade solidária.
b) Segundo o STF, é juridicamente aceitável a celebração de termo de parceria entre
o poder público e OSCIP, sendo possível, inclusive, a utilização desse expediente
para a contratação de prestadores de serviço terceirizados para o exercício de
funções próprias da atividade-fim da entidade pública.
c) Às organizações sociais poderão ser destinados bens públicos, sendo dispensada
licitação, mediante permissão de uso, consoante cláusula expressa de contrato de
gestão celebrado com o poder público.
d) Segundo o STF, as organizações sociais, como entes de cooperação, dispõem
dos benefícios processuais inerentes à fazenda pública, tendo em vista a relevância
da sua atividade, que visa o interesse público.
e) Por expressa disposição legal, doações poderão realizadas por OSCIP a partidos
políticos ou candidatos a mandatos eletivos; entretanto, tais doações devem,
necessariamente, ser incluídas na prestação de contas da doadora e, ao final de
cada exercício, devem ser submetidas ao tribunal de contas respectivo, a fim de se
realizar o controle contábil-financeiro da organização.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Nos termos da Lei 9.790/1999, que disciplina as OSCIP:
Art. 12. Os responsáveis pela fiscalização do Termo de Parceria, ao tomarem
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou
bens de origem pública pela organização parceira, darão imediata ciência ao Tribunal
de Contas respectivo e ao Ministério Público, sob pena de responsabilidade solidária.

Portanto, o erro é que a assertiva não destaca que a comunicação ao


Tribunal de Contas e ao Ministério deve ocorrer apenas no caso de
malversação dos bens e recursos de origem pública geridos pela OSCIP, ou
seja, não alcança as irregularidades cometidas com os bens e recursos
próprios da entidade, não oriundos do Poder Público.
b) ERRADA. O tema foi objeto do AI 848.038/PE:
(...) É juridicamente aceitável a celebração de termo de parceria entre o Poder
Público e Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP, mas
torna-se incabível a utilização desse expediente, quando contratados
prestadores de serviços terceirizados para o exercício de funções próprias da
atividade fim da entidade pública. - Tal distorção mais se agrava quando
comprovado que auxiliar de enfermagem aprovada em primeiro lugar no concurso

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para o cargo, não foi nomeada em detrimento de terceirizada que no mesmo concurso
galgara posição posterior ao décimo lugar.- As contratações irregulares foram
sobejamente identificadas nos autos e a obrigação do poder público viabilizar a
regularização dessa situação é confirmada também pelas diversas manifestações do
MPF (...)

c) CERTA, nos termos do art. 12, §3º da Lei 9.637/1998, que disciplina as
OS:
Art. 12. Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e
bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão.
§ 1o São assegurados às organizações sociais os créditos previstos no orçamento e
as respectivas liberações financeiras, de acordo com o cronograma de desembolso
previsto no contrato de gestão.
§ 2o Poderá ser adicionada aos créditos orçamentários destinados ao custeio do
contrato de gestão parcela de recursos para compensar desligamento de servidor
cedido, desde que haja justificativa expressa da necessidade pela organização social.
§ 3o Os bens de que trata este artigo serão destinados às organizações sociais,
dispensada licitação, mediante permissão de uso, consoante cláusula expressa
do contrato de gestão.

d) ERRADA. O tema foi objeto do AI 349.477/PR:


APLICABILIDADE ESTRITA DA PRERROGATIVA PROCESSUAL DO PRAZO
RECURSAL EM DOBRO (CPC, ART. 188) - PARANAPREVIDÊNCIA - ENTIDADE
PARAESTATAL (ENTE DE COOPERAÇÃO) - INAPLICABILIDADE DO BENEFÍCIO
EXTRAORDINÁRIO DA AMPLIAÇÃO DO PRAZO RECURSAL - INTEMPESTIVIDADE
- RECURSO NÃO CONHECIDO. - As empresas governamentais (sociedades de
economia mista e empresas públicas) e os entes de cooperação (serviços
sociais autônomos e organizações sociais) qualificam-se como pessoas
jurídicas de direito privado e, nessa condição, não dispõem dos benefícios
processuais inerentes à Fazenda Pública (União, Estados-membros, Distrito
Federal, Municípios e respectivas autarquias), notadamente da prerrogativa
excepcional da ampliação dos prazos recursais (CPC, art. 188). Precedentes.

e) ERRADA. A Lei 9.507/1997, que estabelece normas para as eleições,


expressamente veda que partido político ou candidato receba doações de
OSCIP:
Art. 24. É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em
dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer
espécie, procedente de:
(...)
XI - organizações da sociedade civil de interesse público.

Gabarito: alternativa “c”

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28. (CESPE – TRF 1ª Região – Juiz Federal – 2011) No que se refere aos
princípios que regem o direito administrativo, as organizações sociais e as
organizações da sociedade civil de interesse público, assinale a opção correta.
a) As instituições hospitalares não gratuitas e as cooperativas são aptas para o
recebimento da qualificação de organizações da sociedade civil de interesse público,
nos termos da legislação de regência.
b) Na sindicância, ainda que instaurada com caráter meramente investigatório ou
preparatório de um processo administrativo disciplinar, é indispensável a
observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa.
c) Segundo o STJ, na hipótese em que o particular ocupa irregularmente área
pública, não é cabível o pagamento de indenização por acessões ou benfeitorias,
tampouco o direito de retenção, sob pena de ofensa aos princípios da
indisponibilidade do patrimônio público e da supremacia do interesse público.
d) O contrato de gestão, instituto oriundo da reforma administrativa, recebeu
tratamento diferenciado no ordenamento jurídico nacional, a exemplo da Lei de
Licitações e Contratos, que inseriu a celebração de contratos de prestação de
serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas
esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão como
hipótese de inexigibilidade de licitação.
e) O auxílio que o poder público presta à organização social não pode abranger a
destinação de recursos orçamentários e bens necessários ao cumprimento do
contrato de gestão, ainda que mediante permissão de uso.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Nos termos da do art. 2º da Lei 9.790/1999, as instituições
hospitalares não gratuitas (inciso VII) e as cooperativas (inciso X) não são
aptas para o recebimento da qualificação de organizações da sociedade civil
de interesse público.
b) ERRADA. Segundo a decisão proferida pelo STJ nos autos do
MS 13958/DF “na sindicância instaurada com caráter meramente investigatório
ou preparatório de um processo administrativo disciplinar é dispensável a
observância das garantias do contraditório e da ampla defesa”.
c) CERTA, nos termos da decisão proferida pelo STJ nos autos do REsp
1183266/PR: “Não é cabível o pagamento de indenização por acessões ou
benfeitorias, nem o reconhecimento do direito de retenção, na hipótese em que
o particular ocupa irregularmente área pública, pois admitir que o particular
retenha imóvel público seria reconhecer, por via transversa, a posse privada
do bem coletivo, o que não se harmoniza com os princípios da
indisponibilidade do patrimônio público e da supremacia do interesse
público”.

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d) ERRADA. Nos termos do art. 24, XXIV da Lei 8.666/1993, a celebração
de contratos com organizações sociais, qualificadas no âmbito das
respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de
gestão constitui hipótese de licitação dispensável, e não de inexigibilidade.
e) ERRADA. Nos termos do art. 12 da Lei 9.637/1998, o auxílio que o poder
público presta à organização social pode sim abranger a destinação de
recursos orçamentários e bens necessários ao cumprimento do contrato de
gestão, ainda que mediante permissão de uso, dispensada a licitação.
Art. 12. Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e
bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão.
(...)
§ 3o Os bens de que trata este artigo serão destinados às organizações sociais,
dispensada licitação, mediante permissão de uso, consoante cláusula expressa do
contrato de gestão.

Gabarito: alternativa “c”

29. (CESPE – TJ/DFT – Juiz de Direito – 2014) Assinale a opção correta acerca
da administração indireta.
a) As fundações, que consistem em agregação de pessoas públicas, são criadas
para atender finalidade específica.
b) A abordagem que defende a não ingerência do Estado na economia manifesta-se
a favor da extinção da administração pública indireta.
c) O Estado tem responsabilidade administrativa direta pelos atos praticados pelas
autarquias.
d) As ações das empresas estatais de economia mista não podem ser
comercializadas em bolsa de valores, ainda que possuam acionistas privados.
e) As agências reguladoras são consideradas autarquias.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. É certo que as fundações são criadas para atender finalidade
específica, de interesse social, sem fins lucrativos, como saúde, cultura e
educação; contudo, consistem em agregação de um “patrimônio”, e não de
pessoas, daí o erro.
b) ERRADA. A abordagem que defende a não ingerência do Estado na
economia é a favor da diminuição dessa ingerência, e não da sua completa
extinção. Ademais, existem atividades que são exclusivas de Estado e,
portanto, impossíveis de serem delegadas a particulares, como é o caso da
função regulatória, atualmente exercidas por autarquias, entidades da
administração indireta.

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c) ERRADA. As autarquias possuem personalidade jurídica própria;
portanto, respondem diretamente por seus atos. Pode acontecer de,
excepcionalmente, a Administração Direta (o Estado) responder
subsidiariamente por eventuais dívidas das autarquias, mas não de forma
direta, como afirma o quesito.
d) ERRADA. Não existe vedação desse tipo. Veja-se, por exemplo, o
Banco do Brasil e a Petrobras, sociedades de economia mista com ações
negociadas em bolsa de valores.
e) CERTA. No Brasil, as agências reguladoras têm sido criadas sob a
forma de autarquia de regime especial. A razão é conferir maior autonomia e
independência em relação à Administração Direta, a fim de que desempenhem
suas funções de maneira estritamente técnica, com o mínimo de interferência
política.
Gabarito: alternativa “e”

30. (CESPE – AGU – Procurador Federal – 2013) Para a qualificação de uma


autarquia como agência reguladora é essencial a presença do nome “agência” em
sua denominação, a exemplo da Agência Brasileira de Inteligência e da Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial.
Comentário: O quesito está errado. Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo
ensinam que o termo “agências reguladoras”, utilizado pelo legislador
brasileiro para designar a atual geração de entidades especificamente criadas
para exercer a regulação de atividades econômicas em sentido amplo, foi
importado do direito norte-americano, onde existem as denominadas agencies.
Todavia, não há obrigatoriedade de que a entidade ou órgão criado para
exercer função regulatória seja chamado de “agência”. Tome-se, como
exemplo, o Banco Central do Brasil, autarquia responsável pela regulação do
sistema financeiro nacional, cujo nome não contém a palavra “agência”.
O seguinte trecho do item: “Para a qualificação de uma autarquia como
agência reguladora (...)” dá a ideia de que uma autarquia preexistente pode ser
“qualificada” como agência reguladora, a exemplo das agências executivas.
Não é isso que ocorre, eis que as agências reguladoras já nascem com essa
denominação, conferida pela própria lei que as criou.
O quesito também erra ao afirmar que a Agência Brasileira de Inteligência
(ABIN) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) são
autarquias. Na verdade, a ABIN é órgão da Administração Direta, ligado à
Presidência da República; já a ABDI é um serviço social autônomo, integrante
do “Sistema S”, ou seja, uma entidade não integrante da estrutura formal do
Estado.
Gabarito: Errado

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31. (TRF 3ª Região – Juiz Federal Substituto – 2016) Dadas as assertivas
abaixo, assinale a alternativa correta.
I – As agências reguladoras foram criadas no intuito de regular, em sentido amplo,
os serviços públicos, havendo previsão na legislação ordinária delegando à agência
reguladora competência para a edição de normas e regulamentos no seu âmbito de
atuação.

II – Configura conflito de interesses após o exercício de cargo ou emprego no âmbito


do Poder Executivo federal, incluindo o de Diretor em agência reguladora, no
período de 6 (seis) meses, contado da data da dispensa, exoneração, destituição,
demissão ou aposentadoria, salvo quando expressamente autorizado, conforme o
caso, pela Comissão de Ética Pública ou pela Controladoria-Geral da União, prestar,
direta ou indiretamente, qualquer tipo de serviço a pessoa física ou jurídica com
quem tenha estabelecido relacionamento relevante em razão do exercício do cargo
ou emprego.

III – Ausente previsão legal expressa, os Conselheiros e os Diretores somente


perderão o mandato em caso de renúncia ou de condenação judicial transitada em
julgado.

Estão corretas:

a) I e II

b) I, II e III

c) II e III

d) Apenas II

Comentários: vamos comentar todos os itens.


I. Certo. Segundo jurisprudência do STJ, as agências reguladoras
possuem competência para edição de normas regulamentadores no âmbito de
atuação:
Assim, quanto ao poder normativo conferido às agências reguladoras, a eminente
relatora Ministra Eliana Calmon, em julgamento da mesma questão dos autos, bem
descreveu: No tocante ao poder normativo conferido às agências reguladoras, José dos
Santos Carvalho Filho (in O Poder Normativo das Agências Reguladoras ⁄ Alexandre
Santos de Aragão, coordenador - Rio de Janeiro: Editora Forense, 2006, págs. 81-
85) leciona o seguinte: A grande discussão em torno do denominado 'poder normativo' das
agências reguladoras teve origem nas atribuições conferidas a essas novas autarquias de
controle, entre as quais despontava a de editar normas gerais sobre o setor sob seu
controle.(REsp 1386994 / SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA,
julgado em 05/11/2013 DJe 13/11/2013)

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Ademais, as leis que criam as agências reguladoras conferem
competência a elas para expedir normas e regulamentos no seu âmbito de
atuação. Por exemplo, a Lei 9.472/97 atribui as seguintes competências à
Anatel:
Art. 19. À Agência compete adotar as medidas necessárias para o atendimento do
interesse público e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, atuando
com independência, imparcialidade, legalidade, impessoalidade e publicidade, e
especialmente:

(...)

IV - expedir normas quanto à outorga, prestação e fruição dos serviços de


telecomunicações no regime público;

(...)

X - expedir normas sobre prestação de serviços de telecomunicações no regime


privado;

(..)

XII - expedir normas e padrões a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços de


telecomunicações quanto aos equipamentos que utilizarem;

(...)

XIV - expedir normas e padrões que assegurem a compatibilidade, a operação


integrada e a interconexão entre as redes, abrangendo inclusive os equipamentos
terminais;

II. Certo. O art. 6º da Lei 12.813/13 apresenta as situações que configuram


conflito de interesse:
Art. 6º Configura conflito de interesses após o exercício de cargo ou emprego no
âmbito do Poder Executivo federal:

I - a qualquer tempo, divulgar ou fazer uso de informação privilegiada obtida em razão


das atividades exercidas; e

II - no período de 6 (seis) meses, contado da data da dispensa, exoneração,


destituição, demissão ou aposentadoria, salvo quando expressamente
autorizado, conforme o caso, pela Comissão de Ética Pública ou pela
Controladoria-Geral da União:

a) prestar, direta ou indiretamente, qualquer tipo de serviço a pessoa física ou


jurídica com quem tenha estabelecido relacionamento relevante em razão do
exercício do cargo ou emprego;

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b) aceitar cargo de administrador ou conselheiro ou estabelecer vínculo profissional
com pessoa física ou jurídica que desempenhe atividade relacionada à área de
competência do cargo ou emprego ocupado;

c) celebrar com órgãos ou entidades do Poder Executivo federal contratos de serviço,


consultoria, assessoramento ou atividades similares, vinculados, ainda que
indiretamente, ao órgão ou entidade em que tenha ocupado o cargo ou emprego; ou

d) intervir, direta ou indiretamente, em favor de interesse privado perante órgão ou


entidade em que haja ocupado cargo ou emprego ou com o qual tenha estabelecido
relacionamento relevante em razão do exercício do cargo ou emprego.

III. Errado. De acordo com o art. 9º da Lei 9.986/00, os Conselheiros e os


Diretores somente perderão o mandato em caso de renúncia, de condenação
judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar.
Gabarito: alternativa “a”

32. (TRF 3ª Região – Juiz Federal Substituto – 2016) Dadas as assertivas abaixo
a respeito das OSCIPs, assinale a alternativa correta.

I – Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público


as pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido
constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 1 (um) ano,
desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos
requisitos instituídos pela Lei nº 9.790/1999.

II – Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de


Interesse Público, as sociedades comerciais, os sindicatos, as associações de
classe ou de representação de categoria profissional, nem as instituições religiosas
ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e
confessionais.

III – Dentre os objetos sociais possíveis para a qualificação instituída pela Lei nº
9.790/1999 está o de realização de estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a
disponibilização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de
pessoas, por qualquer meio de transporte.

Estão corretas:

a) Apenas I e II.

b) I, II e III.

c) Apenas II.

d) Apenas II e III.

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Comentários: vamos analisar todos os itens.
I. Errado. Segundo o art. 1º da Lei 9.790/99, podem qualificar-se como
OSCIP as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que tenham
sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3
(três) anos, desde que os objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos
requisitos instituídos pela referida lei.
II. Certo. O art. 2º da Lei 9.790/99 elenca as entidades que não podem se
qualificar como OSCIP:
Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas
no art. 3º desta Lei:

I - as sociedades comerciais;

II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria


profissional;

III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos,


práticas e visões devocionais e confessionais;

IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;

V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um


círculo restrito de associados ou sócios;

VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;

VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;

VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas


mantenedoras;

IX - as organizações sociais;

X - as cooperativas;

XI - as fundações públicas;

XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por


órgão público ou por fundações públicas;

XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o


sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.

III. Certo. O art. 3º da Lei 9.790/99 apresenta os objetivos sociais que


permitem a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado sem fins
lucrativos como OSCIP:

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Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio
da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações,
somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:

I - promoção da assistência social;

II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de


participação das organizações de que trata esta Lei;

IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de


participação das organizações de que trata esta Lei;

V - promoção da segurança alimentar e nutricional;

VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do


desenvolvimento sustentável;

VII - promoção do voluntariado;

VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;

IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas


alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;

X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria


jurídica gratuita de interesse suplementar;

XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e


de outros valores universais;

XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e


divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito
às atividades mencionadas neste artigo.

XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a


implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer
meio de transporte.

Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas
configura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações
correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda
pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins
lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.

Gabarito: alternativa “d”

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33. (CESPE – TRF 5ª Região – Juiz Federal Substituto – 2015) Com relação às
entidades do terceiro setor e às pessoas jurídicas que integram a administração
indireta, assinale a opção correta.

a) As OSs formalizam o regime de cooperação com o poder público por meio da


celebração de termo de parceria no qual são descritos, de modo detalhado, os
direitos e as obrigações dos pactuantes.

b) São passíveis de qualificação como OSCIP, entre outras entidades, as fundações


públicas e as sociedades civis ou associações de direito privado, desde que se
dediquem a atividades e objetivos sociais descritos na Lei n.º 9.790/1999, conhecida
como Lei das OSCIPs.

c) As fundações estatais, sejam elas de direito público ou de direito privado, somente


podem ser criadas por lei específica de iniciativa do chefe do Poder Executivo.

d) As empresas públicas devem ter a forma de sociedades anônimas; as sociedades


de economia mista, por sua vez, podem revestir-se de qualquer uma das formas
admitidas em direito.

e) As pessoas jurídicas de direito privado que pretendem qualificar-se como OSCIPs


não podem ter fins lucrativos e devem ter como objetivos, entre outros, a promoção
gratuita da educação e da saúde, da segurança alimentar e nutricional e do
voluntariado.
Comentários: vamos analisar todas as alternativas.
a) Errado. As organizações sociais formalizam seu regime de cooperação
através de contratos de gestão (art. 6º da Lei 9.637/98). O termo de parceria é o
instrumento passível de ser firmado entre o Poder Público e as organizações
da sociedade civil de interesse público (art. 10 da Lei 9.790/99).
b) Errado. O art. 2º da Lei 9.790/99 apresenta as entidades que não podem
se qualificar como OSCIP:
Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas
no art. 3º desta Lei:

I - as sociedades comerciais;

II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria


profissional;

III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos,


práticas e visões devocionais e confessionais;

IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;

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V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um
círculo restrito de associados ou sócios;

VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;

VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;

VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas


mantenedoras;

IX - as organizações sociais;

X - as cooperativas;

XI - as fundações públicas;

XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas


por órgão público ou por fundações públicas;

XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o


sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.

c) Errado. Segundo o entendimento majoritário, as fundações públicas de


direito público são criadas mediante lei específica, ao passo que as fundações
públicas de direito privado tem apenas a sua criação autorizada por lei
específica, sendo efetivamente criadas com a inscrição de seus atos
constitutivos no registro público competente.
d) Errado. Um dos elementos distintivos entre as empresas estatais
(empresas públicas e sociedades de economia mista) é a forma jurídica.
Enquanto as empresas públicas podem assumir qualquer forma admitida em
direito, as sociedades de economia mista somente podem ser constituídas na
forma de sociedades anônimas.
e) Certo. Segundo o art. 1º da Lei 9.790/99, podem qualificar-se como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de
direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se
encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que
os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos
instituídos por esta Lei.
Além disso, para a qualificação, seus objetivos sociais devem apresentar
ao menos uma das seguintes finalidades:
Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio
da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações,
somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:

I - promoção da assistência social;

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II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de


participação das organizações de que trata esta Lei;

n promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de


participação das organizações de que trata esta Lei;

V - promoção da segurança alimentar e nutricional;

VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do


desenvolvimento sustentável;

VII - promoção do voluntariado;

VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;

IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas


alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;

X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria


jurídica gratuita de interesse suplementar;

XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e


de outros valores universais;

XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e


divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito
às atividades mencionadas neste artigo.

XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a


implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio
de transporte.

Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas
configura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações
correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda
pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins
lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.

Gabarito: alternativa “e”

34. (CESPE – TRF 5ª Região – Juiz Federal Substituto – 2015) Considerando a


disciplina legal acerca das agências reguladoras e das agências executivas, assinale
a opção correta.

a) Apenas as autarquias podem, mediante iniciativa do advogado- geral da União,


ser qualificadas como agências executivas, desde que possuam um plano
estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional que definam
diretrizes, políticas e medidas voltadas para a racionalização de sua estrutura

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b) A qualificação de uma entidade como agência reguladora é efetivada por meio de
decreto do chefe do Poder Executivo, a partir do que deverá assinar contrato de
gestão com o respectivo ministério ao qual é subordinada.

c) A agência executiva deve celebrar contrato de gestão com o respectivo ministério


supervisor, com periodicidade mínima de um ano, no qual se estabelecerão os
objetivos, metas e indicadores de desempenho da entidade, bem como os recursos
necessários e os critérios e instrumentos para a avaliação do seu cumprimento.

d) Pela técnica da deslegalização, mediante a qual o próprio legislador retirou certas


matérias do domínio da lei, as agências reguladoras podem editar atos normativos
dotados de conteúdo técnico que disciplinem matérias que deveriam ser reguladas
por lei ordinária e por lei complementar, desde que expressamente autorizadas pela
legislação pertinente.

e) As agências reguladoras são autarquias com regime jurídico especial, dotadas de


autonomia em relação ao ente central, razão pela qual não se admite a interposição
de recurso hierárquico impróprio contra suas decisões nem a demissão de seus
dirigentes, salvo mediante sentença transitada em julgado.
Comentários: vamos analisar todas as alternativas.
a) Errado. Segundo o art. 51 da Lei 9.649/98, tanto autarquias quanto
fundações públicas podem ser qualificadas como agência executiva, sendo o
ato de competência do Presidente da República e não do Advogado-Geral da
União.
b) Errado. A qualificação como agência reguladora é feita na própria lei
que institui a entidade, prescindindo de ato do Poder Executivo.
c) Certo. Segundo o art. 52, § 1º da Lei 9.649/98, os contratos de gestão
das agências executivas serão celebrados com periodicidade mínima de um
ano e estabelecerão os objetivos, metas e respectivos indicadores de
desempenho da entidade, bem como os recursos necessários e os critérios e
instrumentos para a avaliação do seu cumprimento.
d) Errado. O instituto da deslegalização consiste na possibilidade de o
Poder Legislativo rebaixar hierarquicamente determinada matéria para que ela
possa vir a ser tratada por regulamento. Contudo, Rafael Oliveira ensina que
esse fenômeno não pode abranger matérias constitucionalmente reservadas à
lei complementar e, ainda, matérias que devem ser instituídas em caráter geral.
e) Errado. A doutrina admite que, excepcionalmente, as decisões das
agências reguladoras possam ser reapreciadas pela Administração direta
mediante recurso hierárquico impróprio. Além disso, o art. 9 da Lei 9.986/00
prevê a possibilidade de que os dirigentes dessas agências possam perder

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seus mandatos em casos de renúncia ou processo administrativo disciplinar,
além de decisão transitada em julgado.

Gabarito: alternativa “c”

35. (CESPE – TRF 1ª Região – Juiz Federal Substituto – 2015) A lei federal X,
dotada de vigência e eficácia, estabeleceu normas regulatórias que condicionaram e
limitaram o exercício de atividades típicas para determinado setor econômico.
Posteriormente, promulgou-se a lei federal Y, a qual revogou expressamente a lei
federal X. Por meio da nova lei, determinada autarquia federal em regime especial
foi criada com a função de estabelecer padrões para o exercício do setor econômico
em questão. Assim, a nova autarquia assumiu as competências para regular esse
setor de forma ampla, como a edição de normas, o exercício do poder de polícia e a
aplicação de penalidades, as quais eram anteriormente exercidas diretamente pela
União.

Em face dessa situação hipotética e das discussões doutrinárias e jurisprudenciais a


respeito da regulação e das agências reguladoras, assinale a opção correta.

a) Os atos normativos expedidos pelos entes reguladores têm natureza de atos


administrativos, não podendo modificar, suspender, suprimir ou revogar disposição
legal, nem tampouco inovar na ordem jurídica. O poder normativo dos entes
reguladores está limitado à complementação e à suplementação normativa da lei.

b) A lei federal Y, que promoveu a delegação legislativa, deve ser declarada


inconstitucional, pois é inadmissível, no sistema jurídico vigente, o esvaziamento das
competências exclusivas do Poder Legislativo por meio de sua transferência ao
Poder Executivo.

c) A transferência, ao ente administrativo, da competência para dispor sobre matéria


anteriormente disciplinada por lei em sentido estrito, fundamentada no rebaixamento
da valoração objetiva das atividades reguladas, é um fenômeno conhecido como
degradação hierárquica.

d) A transferência da competência normativa da União para uma autarquia federal


ofendeu os princípios da tipicidade, da preeminência de lei, da legalidade e da
separação dos poderes.

e) A transferência das competências tipicamente legislativas para o novo ente


administrativo, que passou a exercer a atividade regulatória, é um fenômeno
conhecido como deslegalização ou como congelamento do grau hierárquico.
Comentários:
A questão trata do instituto da deslegalização, que consiste na
possibilidade de o Poder Legislativo rebaixar hierarquicamente determinada

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matéria para que ela possa vir a ser tratada por regulamento. Ocorre a
deslegalização quando uma lei editada pelo Poder Legislativo contém
autorização para que um regulamento, editado pela Administração Pública,
venha a tratar sobre a matéria regulada na lei.
Embora muitos doutrinadores sejam contrários à prática da
deslegalização (por exemplo, Celso Antônio Bandeira de Melho e Justen Filho,
para os quais nesse caso, a lei atuaria delegando competência legislativa, o
que só é possível em sede constitucional), costuma-se indicar que esse
instituto oferece substrato teórico-jurídico para a criação e funcionamento das
agências reguladoras, principalmente em razão do poder normativo dessas
entidades.
É que, conforme salienta Maria Sylvia Di Pietro, às agências
reguladoras está sendo dado o “poder de ditar normas com a mesma força de
lei e com base em parâmetros, conceitos indeterminados, standards nela
contidos”. Em outras palavras, uma lei deslegalizadora estabelece diretrizes
para que um regulamento possa vir a atuar dentro desses standards
estabelecidos.
Dito isso, vamos analisar as alternativas.
a) Certo. Embora o poder normativo das agências reguladoras seja
considerado bastante amplo, principalmente no que se refere a matérias de
natureza técnica, essas entidades jamais poderiam inovar na ordem jurídica,
com a edição de atos normativos primários. Com efeito, a atuação normativa
das agências reguladoras depende de expressa autorização dada pela lei, vale
dizer, consiste na edição de regulamentos delegados ou autorizados.
b) Errado. A delegação legislativa tem fundamento constitucional e
consiste na possibilidade de edição das leis delegadas, normas primárias
elaboradas pelo Presidente da República, por delegação do Congresso
Nacional, mediante resolução. Na situação narrada, a nova legislação não
promoveu uma forma de delegação legislativa inominada. O que ocorreu foi a
possibilidade de tratamento de uma determinada matéria por meio de
regulamento (que não consiste em ato normativo primário), em razão de
expressa autorização legal.
c) Errado. O fenômeno da deslegalização apenas altera a forma de
regulamentação de uma determinada atividade, sem que isso signifique que
essa atividade tenha mais ou menos valor objetivo. Desse modo, a alternativa
se equivoca ao dizer que há uma desvalorização objetiva das atividades
reguladas.
d) Embora possam ser realizadas as críticas apresentadas por Celso
Antônio Bandeira de Melho e Justen Filho, certo é que a possibilidade de
edição de regulamentos autorizados é reconhecida no ordenamento jurídico

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brasileiro, de modo que não se pode dizer que a deslegalização ofende os
princípios elencados.
e) Errado. Conforme ensina Rafael Oliveira, a deslegalização é também
conhecida como degradação da hierarquia normativa ou descongelamento da
classe normativa, uma vez que a matéria deixa de ser regulada por lei e passa
a seara do direito administrativo normativo. A alternativa se equivoca ao dizer
que o fenômeno corresponde a um congelamento do grau hierárquico.

Gabarito: alternativa “a”

36. (CESPE – TRF 1ª Região – Juiz Federal – 2011) Na esfera federal, a


qualificação de uma autarquia ou fundação como agência executiva decorre de
iniciativa exclusiva do chefe do Poder Executivo.
Comentário: Embora o ato de qualificação como agência executiva seja
formalizado mediante decreto do Presidente da República, a iniciativa para a
qualificação deve partir do Ministério supervisor, nos termos do
Decreto 2.487/1998:
Art. 1º As autarquias e as fundações integrantes da Administração Pública Federal
poderão, observadas as diretrizes do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do
Estado, ser qualificadas como Agências Executivas.
§ 1º A qualificação de autarquia ou fundação como Agência Executiva poderá ser
conferida mediante iniciativa do Ministério supervisor, com anuência do Ministério
da Administração Federal e Reforma do Estado, que verificará o cumprimento, pela
entidade candidata à qualificação, dos seguintes requisitos:
a) ter celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor;
b) ter plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional, voltado
para a melhoria da qualidade da gestão e para a redução de custos, já concluído ou
em andamento.
§ 2º O ato de qualificação como Agência Executiva dar-se-á mediante decreto.

Gabarito: Errado

37. (Cespe – TRF 1ª Região – Juiz Federal – 2011) Os ex-dirigentes das


agências reguladoras continuam vinculados à entidade no denominado período de
quarentena, durante o qual fazem jus à remuneração compensatória equivalente ao
cargo de nível imediatamente abaixo do cargo de direção que exerciam.
Comentário: Durante o período de quarentena (4 meses), o ex-dirigente
fica, de fato, vinculado à agência, mas faz jus a remuneração compensatória
equivalente à do cargo de direção que exerceu e aos benefícios a ele inerentes,
e não a cargo imediatamente inferior, como diz erroneamente o quesito
(Lei 9.986/2000, art. 8º, §2º).
Gabarito: Errado

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38. (Cespe – TRT 1ª Região – Juiz do Trabalho – 2010) Assinale a opção correta
no que se refere às agências reguladoras e às executivas.
a) Mandato fixo e estabilidade para os dirigentes, que somente perderão o mandato
em caso de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de processo
disciplinar, são traços específicos das agências reguladoras.
b) As agências executivas, assim como as reguladoras, têm a função precípua de
exercer controle sobre particulares prestadores de serviços públicos, mas destas se
diferenciam porque têm, também, por encargo a execução efetiva de determinadas
atividades administrativas típicas de Estado.
c) O regime jurídico dos trabalhadores das agências reguladoras é o de emprego
público, regulado pela CLT.
d) A qualificação como agência executiva de autarquia ou fundação que tenha
celebrado contrato de gestão com o ministério supervisor somente pode ser
efetivada por lei de iniciativa do presidente da República.
e) A agência executiva, como autarquia de regime especial, deve ser instituída por
ato normativo do chefe do Poder Executivo. Nesse ato, devem ser definidas a
organização, as competências e a função controladora que a agência exercerá
sobre os particulares prestadores de serviços públicos.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. A estabilidade dos dirigentes no cargo é uma das formas de se
garantir a autonomia das agências reguladoras. Estando eles imunes a
eventuais pressões de uma autoridade superior que lhes possa tirar o cargo,
espera-se que desempenhem suas atribuições com maior independência. Nos
termos do art. 6º da Lei 9.986/2000, “o mandato dos Conselheiros e dos
Diretores terá o prazo fixado na lei de criação de cada Agência” e “somente
perderão o mandato em caso de renúncia, de condenação judicial transitada
em julgado ou de processo administrativo disciplinar”, podendo a lei de
criação da agência prever outras condições para a perda do mandato.
b) ERRADA. As agências executivas não têm como função precípua
exercer o controle sobre particulares prestadores de serviços públicos. Quem
faz isso são as agências reguladoras. As agências executivas, por sua vez,
como autarquias e fundações públicas que são, têm por encargo a execução
efetiva de determinadas atividades administrativas típicas de Estado que, para
melhor desenvoltura, devem ser descentralizadas e executadas de forma
menos burocrática.
c) ERRADA. Os servidores das agências reguladoras são regidos pelo
regime estatutário, e não pela CLT, daí o erro.

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Originariamente, o art. 1º da Lei 9.986/2000, que dispõe sobre a gestão de
recursos humanos das agências reguladoras, estabeleceu o regime celetista
(isto é, regime de emprego público) para as agências. Todavia, a eficácia deste
dispositivo foi suspensa em razão de medida liminar deferida pelo STF no bojo
da ADI 2310, na qual o Supremo considerou o regime de emprego público
incompatível com a atividade a ser desenvolvida pelo pessoal das agências
reguladoras. Essa ADI acabou por perder seu objeto com a promulgação da
Lei 10.871/2004, que dispõe sobre a criação de carreiras e organização de
cargos efetivos das autarquias especiais denominadas agências reguladoras,
cujo art. 6º prescreve que o regime jurídico do pessoal das agências é o
instituído pela Lei 8.112/1990, ou seja, o regime estatutário aplicável aos
servidores federais em geral, sendo esta a regra atualmente vigente.
d) ERRADA. A qualificação como agência executiva ocorre mediante
decreto, e não mediante lei.
e) ERRADA. É certo que a agência executiva, como autarquia de regime
especial, deve ser instituída por ato normativo do chefe do Poder Executivo.
Todavia, a agência executiva não tem como função precípua exercer controle
sobre particulares prestadores de serviços públicos. Tal papel cabe às
agências reguladoras, daí o erro.

Gabarito: alternativa “a”

39. (Cespe – MPE/AC – Promotor de Justiça – 2014) Em relação às entidades


que compõem a administração indireta, assinale a opção correta.
a) O consórcio público, criado por dois ou mais entes federativos para a gestão
associada de serviços públicos, com personalidade jurídica de direito público é
denominado associação pública com natureza jurídica de fundação de direito
privado.
b) Segundo o TCU, os integrantes dos chamados serviços sociais autônomos,
embora sejam pessoas jurídicas de direito privado e não pertençam ao Estado, são
regidos pelos princípios da administração pública.
c) Por terem personalidade jurídica de direito privado, as sociedades de economia
mista submetem-se ao regime de recuperação judicial e de falência previsto para as
sociedades empresárias.
d) Para a criação de autarquias, basta a edição de lei autorizativa específica, não
estando sua existência condicionada à necessidade de posterior registro de seus
atos constitutivos.
e) Por serem pessoas jurídicas, todas essas entidades devem registrar no cartório
competente os atos que as constituam.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:

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a) ERRADA. O consórcio público com personalidade jurídica de direito
público integrará a Administração Indireta de todos os entes consorciados. A
doutrina diverge sobre se o consórcio público de direito público seria uma
espécie de autarquia (autarquia interfederativa) ou uma nova categoria de
entidade. Porém, indubitavelmente, não será uma fundação de direito privado,
daí o erro.
b) CERTO. Segundo o TCU, os serviços sociais autônomos, por
arrecadarem e gerirem recursos públicos (contribuições parafiscais), são
regidos pelos princípios da administração pública; devem realizar processo
seletivo para contratação de pessoal (celetista), com impessoalidade, ampla
publicidade e critérios objetivos de seleção; e promover licitações para
celebração de contratos, neste caso, por meio de regulamento próprio,
observados os preceitos da Lei 8.666/1993.
c) ERRADA. Segundo a Lei 11.101/2005, as sociedades de economia mista
e as empresas públicas não se sujeitam ao processo falimentar aplicável às
sociedades empresárias do setor privado em geral.
d) ERRADA. As autarquias, pessoas jurídicas de direito público, são
criadas diretamente pela lei específica. A necessidade de lei autorizativa, com
posterior registro do ato constitutivo, recai apenas sobre as entidades
administrativas de direito privado (EP, SEM e fundações públicas de direito
privado).
e) ERRADA. O registro dos atos constitutivos é necessário apenas para
as entidades de direito privado. Apenas com o registro é que tais entidades
passam a ter personalidade jurídica. Ao contrário, as entidades de direito
público já adquirem personalidade jurídica com a vigência da própria lei
criadora.

Gabarito: alternativa “b”

40. (CESPE – TRF 5ª Região – Juiz Federal – 2013) Assinale a opção correta,
considerando a execução de serviços públicos por OSs e OSCIPs, em regime de
parceria com o poder público.
a) Denomina-se contrato de gestão o instrumento passível de ser firmado entre o
poder público e as OSCIPs destinado à formação de vínculo de cooperação para o
fomento e a execução de atividades de interesse público.
b) As empresas que tenham interesse em obter o qualificativo de OSs devem estar
em funcionamento a pelo menos dois anos e dedicar-se a uma das seguintes
atividades: ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e
preservação do meio ambiente, cultura e saúde.

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c) Para se qualificarem como OSCIPs, as pessoas jurídicas interessadas devem ser
regidas por estatutos cujas normas disponham expressamente sobre a observância
dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e
universalização do serviço.
d) Uma OS pode qualificar-se como OSCIP, desde que não tenha fins lucrativos, ao
passo que uma OSCIP não é passível de qualificação como OS.
e) Para serem consideradas OSs ou OSCIPs, as instituições não devem ter fins
lucrativos, ou seja, não podem distribuir entre os seus sócios, conselheiros,
diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, dividendos,
bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o
exercício de suas atividades, os quais devem ser aplicados integralmente na
consecução de seu objeto social.
Comentários:
a) ERRADA. O instrumento firmado entre o Poder Público e as OSCIPS é o
termo de parceria, e não o contrato de gestão. Este último é firmado com as
OS.
b) ERRADA. Não há um prazo mínimo de funcionamento para que as
entidades sem fins lucrativos possam obter a qualificação de OS.
c) ERRADA. Nos termos do art. 4º da Lei 9.790/1999, para qualificarem-se
como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, exige-se que as
pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por estatutos cujas normas
expressamente disponham sobre a observância dos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência.
Portanto, o estatuto não precisa tratar do princípio da universalização dos
serviços, daí o erro. Ressalte-se, contudo, que o princípio da universalização
dos serviços deve orientar a qualificação de OSCIPs, nos termos do art. 3º da
aludida lei, mas não precisa ser observado no estatuto. Eis os dispositivos da
Lei:
Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio
da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das
Organizações, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem
fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes
finalidades:
(...)
Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para qualificarem-se como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas jurídicas
interessadas sejam regidas por estatutos cujas normas expressamente disponham
sobre:

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I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, economicidade e da eficiência;
(...)

d) ERRADA. Nos termos do art. 2º, inciso IX da Lei 9.709/1999, as


organizações sociais não são passíveis de qualificação como OSCIP.
e) CERTA. Para serem consideradas OS e OSCIP, as entidades privadas
não podem ter fins lucrativos, ou seja, eventual saldo positivo de suas
operações deve ser apropriado como superávit e integralmente reaplicado na
execução de seus objetivos institucionais.
Gabarito: alternativa “e”

41. (VUNESP – TJ/MS – Juiz de Direito – 2015) Considerando a recente decisão


do Supremo Tribunal Federal em relação à Lei Federal nº 9.637/98, que dispõe
sobre a qualificação de entidades como organizações sociais e suas atividades,
assinale a alternativa correta.
a) A atribuição de título jurídico de legitimação da entidade como Organização
Social, por meio da qualificação, configura hipótese de credenciamento, na qual
deve incidir a licitação pela própria natureza jurídica do ato.
b) Os contratos a serem celebrados pela Organização Social com terceiros, com
recursos públicos, devem ser conduzidos de forma pública, objetiva e impessoal,
com observância dos princípios do caput do Art. 37 da CF, e nos termos de
regulamento próprio a ser editado por cada ente federativo contratante.
c) O afastamento do certame licitatório não exime o administrador público da
observância dos princípios constitucionais, de modo que a contratação direta das
Organizações Sociais deve observar critérios objetivos e impessoais, com
publicidade de forma a permitir o acesso a todos os interessados.
d) As organizações sociais, por não integrarem o Terceiro Setor, fazem parte do
conceito constitucional de Administração Pública, razão pela qual devem se
submeter, em suas contratações com terceiros, ao dever de licitar.
e) Os empregados das Organizações Sociais são equiparados a servidores públicos,
por isso que sua remuneração deve ter base em lei, aplicando-se também às
Organizações Sociais a exigência de concurso público.
Comentários:
Em 1998, na ADI 1.923/DF, PT e PDT questionaram a constitucionalidade
da Lei 9.637/1998 e da possibilidade de dispensa de licitação prevista no Art.
24, XXIV, da Lei 8.666/1993. Após muitos anos, recentemente (16/4/2015), o STF
julgou o mérito da referida Ação, reconhecendo a constitucionalidade das
normas, ressaltando apenas a necessidade de observância dos princípios
administrativos previstos no Art. 37 da Constituição Federal. A decisão

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também confirma o poder do Ministério Público e do Tribunal de Contas da
União para fiscalizar a aplicação correta dos recursos recebidos pelas
entidades.
Além de reconhecer a constitucionalidade da norma, o STF fixou alguns
entendimentos sobre a matéria. Vejamos:
i) o procedimento de qualificação das organizações sociais deve ser
conduzido de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos
princípios do “caput” do Art. 37 da CF, e de acordo com parâmetros fixados
em abstrato segundo o disposto no Art. 20 da Lei 9.637/98;
ii) a celebração do contrato de gestão deve ser conduzida de forma
pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do
Art. 37 da CF;
iii) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei
8.666/1993, Art. 24, XXIV) e outorga de permissão de uso de bem público (Lei
9.637/1998, Art. 12, § 3º) são válidas, mas devem ser conduzidas de forma
pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do
Art. 37 da CF;
iv) os contratos a serem celebrados pela Organização Social com
terceiros, com recursos públicos, devem ser conduzidos de forma pública,
objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput do Art. 37 da
CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado por cada entidade (não
precisam realizar licitação, portanto);
v) a seleção de pessoal pelas organizações sociais deve ser conduzida de
forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do
“caput” do Art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado
por cada entidade; e
vi) qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério Público
e pelo Tribunal de Contas da União, da aplicação de verbas públicas deve ser
afastada.
Passemos, pois, às alternativas:
a) ERRADA. Não se impõe licitação, mas sim observância dos princípios
do Art. 37 da CF.
b) ERRADA. Os regulamentos devem ser elaborados pelas próprias
entidades.
c) CERTA. Em conformidade com a decisão do STF.
d) ERRADA. As organizações sociais fazem parte do terceiro setor, e não
integram a Administração Pública.

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e) ERRADA. Apesar de a decisão do STF exigir a aplicação de princípios
constitucionais próprios da Administração Pública, não se sujeitam seus
empregados às limitações próprias dos ocupantes de cargos e empregos
públicos.
Gabarito: alternativa “c”

42. (VUNESP – TJ/SP – Juiz de Direito – 2014) Quanto ao tema das OSCIPs
(Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público), é incorreto afirmar que
a) são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por
particulares para desempenhar serviços não exclusivos do Estado, com fiscalização
pelo Poder Público.
b) malgrado sejam pessoas jurídicas de direito privado, suas obras, compras,
serviços e alienações serão objeto de contrato realizado mediante regular processo
de licitação, utilizando-se o pregão nos bens e serviços comuns.
c) têm elas a mesma natureza jurídica e a mesma finalidade das Organizações
Sociais, regidas pela Lei nº 9.637/98, sendo instituídas por meio de contrato de
gestão e exercendo atividades de interesse público, anteriormente desempenhadas
pelo Estado.
d) são formalizadas por meio de termo de parceria com a Administração Pública,
sendo que a outorga do título de OSCIP permite-lhes a concessão de benefícios
especiais, tais como a destinação de recursos públicos.
Comentários: Quanto às alternativas “a” e “d”, elas dão precisas
características da OSCIP.
Quanto ao gabarito (alternativa “c”), apesar de as duas espécies (OS e
OSCIP) terem naturezas muito próximas, há bastantes diferenças entre elas,
em decorrência de cada uma ser regida por regulamento próprio. Além disso, o
instrumento que rege a relação com Poder Público, no caso da OSCIP, é o
termo de parceria, e não o contrato de gestão.
Já a polêmica reside na alternativa “b”, que foi dada como certa,
afirmando que as OSCIPs devem realizar licitação. A seguinte previsão do
Decreto 5.504/05 deve ter servido de fundamento ao gabarito:
Art. 1º Os instrumentos de formalização, renovação ou aditamento de
convênios, instrumentos congêneres ou de consórcios públicos que envolvam
repasse voluntário de recursos públicos da União deverão conter cláusula que
determine que as obras, compras, serviços e alienações a serem realizadas por entes
públicos ou privados, com os recursos ou bens repassados voluntariamente pela
União, sejam contratadas mediante processo de licitação pública, de acordo com o
estabelecido na legislação federal pertinente.

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§ 1º Nas licitações realizadas com a utilização de recursos repassados nos
termos do caput, para aquisição de bens e serviços comuns, será obrigatório o
emprego da modalidade pregão, nos termos da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002,
e do regulamento previsto no Decreto no 5.450, de 31 de maio de 2005, sendo
preferencial a utilização de sua forma eletrônica, de acordo com cronograma a ser
definido em instrução complementar.

Contudo, a Lei 9.790/99 estabelece o seguinte:


Art. 14. A organização parceira fará publicar, no prazo máximo de trinta dias,
contado da assinatura do Termo de Parceria, regulamento próprio contendo os
procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como
para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público, observados
os princípios estabelecidos no inciso I do Art. 4º desta Lei.

Isso significa que a OSCIP, ao utilizar recursos públicos em suas


aquisições de bens e serviços, deverá observar os princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e eficiência.
Entretanto, ela não precisará seguir os procedimentos da Lei 8.666/93, e sim o
seu regulamento próprio.
Assim, dada a envergadura das normas, não se poderia alegar que o
referido decreto alcance, neste campo, as OSCIP, que têm disciplina própria,
completamente determinada em lei. Além disso, há regulamento específico
dessas entidades, inclusive com disposição pontual sobre o tema, segundo a
seguinte passagem do Decreto 3.100/99:
Art. 21. A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público fará publicar na
imprensa oficial da União, do Estado ou do Município, no prazo máximo de trinta dias,
contado a partir da assinatura do Termo de Parceria, o regulamento próprio a que se
refere o Art. 14 da Lei nº 9.790, de 1999, remetendo cópia para conhecimento do
órgão estatal parceiro.

Outrossim, com a recente análise da ADI 1923/DF, não há que se falar em


licitação para as entidades integrantes do terceiro setor. Apesar de a
discussão fundamentar-se na análise de constitucionalidade da Lei 9.637/98,
que regula exclusivamente as organizações sociais, seus fundamentos vão
para muito além delas, alcançando todas as entidades paraestatais. Pode-se
deduzir isso do seguinte trecho de sua ementa:
15. As organizações sociais, por integrarem o Terceiro Setor, não fazem parte do
conceito constitucional de Administração Pública, razão pela qual não se submetem,
em suas contratações com terceiros, ao dever de licitar, o que consistiria em
quebra da lógica de flexibilidade do setor privado, finalidade por detrás de todo o
marco regulatório instituído pela Lei. Por receberem recursos públicos, bens públicos e
servidores públicos, porém, seu regime jurídico tem de ser minimamente informado
pela incidência do núcleo essencial dos princípios da Administração Pública (CF, Art.
37, caput), dentre os quais se destaca o princípio da impessoalidade, de modo que
suas contratações devem observar o disposto em regulamento próprio (Lei nº

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9.637/98, Art. 4º, VIII), fixando regras objetivas e impessoais para o dispêndio de
recursos públicos.

Dessa forma, ao menos atualmente, não há dúvidas sobre a incorreção da


alternativa “b”.
Gabarito: alternativa “c”
*****

Por hoje é só pessoal!


Bons estudos!

Erick Alves

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RESUMÃO DA AULA
ENTIDADES PARAESTATAIS E TERCEIRO SETOR

 Terceiro Setor: entidades privadas, sem fins lucrativos.


- Primeiro setor: Estado
- Segundo setor: mercado, ou seja, setor privado empresarial, com fins lucrativos.

 Entidades privadas, ou seja, são instituídas por particulares;


 Desempenham serviços não exclusivos do Estado, porém em colaboração com ele;
 Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público (fomento);
 Sujeitam-se ao controle da Administração Pública e do Tribunal de Contas.
Entidades  Regime jurídico de direito privado, parcialmente derrogado pelo direito público;
paraestatais
 Não fazem parte da Administração Indireta;
 Integram do terceiro setor.
 Ex: serviços sociais autônomos, OS e OSCIP

SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS:


 Criação autorizada por lei, efetuada por entidades representativas de categorias econômicas.
 Objeto: aprendizado profissionalizante e prestação de serviços assistenciais, que beneficiam determinados
grupamentos sociais ou profissionais.
 Arrecadam contribuições parafiscais (consideradas recursos públicos), que independem de contraprestação
direta em favor do contribuinte.
 Sujeitam-se à supervisão Ministerial e ao controle do Tribunal de Contas.
 Licitações: não se submetem à Lei de Licitações, mas apenas aos princípios da Administração Pública; podem
editar regulamentos próprios (para procedimentos), desde que não inovem na ordem jurídica (ex: prevendo
novas hipóteses de dispensa e inexigibilidade).

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS:
 Pessoa privada, não integrante da Administração Pública, que recebe uma qualificação do Poder Público.
 Atua nas áreas de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do
meio ambiente, cultura e saúde.
 Foram idealizadas para substituir órgãos e entidades da Administração Pública, que seriam extintos e teriam
suas O“ publicização).
 Formalizam parceria com o Poder Público mediante CONTRATO DE GESTÃO a CF).
 Qualificação é ato discricionário, dependendo de aprovação do Ministério supervisor e do MPOG.
 A lei exige que a OS possua um Conselho de Administração, do qual participem representantes do Poder
Público; não exige que a OS tenha Conselho Fiscal.
 Podem receber do Estado (fomento): recursos orçamentários; bens públicos; cessão de servidor.
 Contratações com recursos públicos:
 Podem observar regulamentos próprios, conduzindo os certames de forma pública, objetiva e impessoal,
com observância aos princípios da Administração Pública;
 É hipótese de licitação dispensável a contratação de OS pelo Poder Público, para o desempenho de
atividades contempladas no contrato de gestão.
 A desqualificação como OS pode ser feita pelo Poder Executivo, em processo administrativo, assegurado o
contraditório e a ampla defesa.

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ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO:
 Pessoa privada, não integrante da Administração Pública, que recebe uma qualificação do Poder Público.
 Algumas entidades não podem ser qualificadas como OSCIP, dentre elas: sociedades comerciais, organizações
sociais, cooperativas, fundações públicas, hospitais e escolas privadas não gratuitos etc.
 Não foram idealizadas para substituir órgãos e entidades da Administração Pública.
 Formalizam parceria com o Poder Público mediante TERMO DE PARCERIA.
 É possível a vigência simultânea de dois ou mais termos de parceria, ainda que com o mesmo órgão estatal,
desde que a Oscip tenha capacidade operacional para executar seus objetos.
 Qualificação é ato vinculado, concedida pelo Ministério da Justiça.
 A lei exige que a Oscip tenha um Conselho Fiscal; não exige que a Oscip tenha um Conselho de Administração.
Não há exigência de que existam representantes do Poder Público em algum órgão da entidade.
 Contratações com recursos públicos:
 Podem observar regulamentos próprios, conduzindo os certames de forma pública, objetiva e impessoal,
com observância aos princípios da Administração Pública;
 Não existe hipótese de licitação dispensável para a contratação de Oscip pelo Poder Público.
 A desqualificação como Oscip pode ser feita a pedido da própria entidade, por iniciativa de qualquer cidadão
ou do Ministério Público, em processo administrativo ou judicial, assegurado o contraditório e a ampla
defesa.

ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL


 Lei 13.019/2014: norma geral, aplicável à União, Estados, DF e Municípios.
 Abrangência:
 Administração Pública direta (U, E, DF e M) e indireta (autarquias, fundações e EP/SEM
prestadoras de serviço público não abrange exploradoras de atividade econômica).
 Organizações da Sociedade Civil: entidades privadas sem fins lucrativos, sociedades cooperativas,
organizações religiosas.
 A Lei 13.019 não aplica aos contratos de gestão celebrados com OS, aos termos de parceria celebrados com
OSCIP, nem às parcerias com os serviços sociais autônomos.
 Não podem mais existir convênios entre entes federados e entidades privadas.
 Instrumentos de parceria entre Administração Pública e OSC:
Termo de colaboração Termo de fomento Acordo de cooperação
Proposto pela Administração Proposto pela organização da Proposto tanto pela
Pública. sociedade civil administração pública como pela
organização da sociedade civil
Há transferência de recursos Há transferência de recursos Não há transferência de
financeiros financeiros recursos financeiros

 Devem ser celebrados COM chamamento público:


 Termos de colaboração;
 Termos de fomento;
 Acordos de cooperação que envolvam compartilhamento de recurso patrimonial.
 Devem ser celebrados SEM chamamento público:
 Acordos de cooperação;
 Termos de colaboração e termos de fomento que envolvam recursos de emendas parlamentares às LOA.
 O chamamento público é dispensável nos casos de urgência, guerra, calamidade pública, para programas de
proteção a pessoas ameaçadas, para serviços de educação, saúde e assistência social (OSC cadastradas).

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 O chamamento público é inexigível na hipótese de inviabilidade de competição entre as OSC, em razão da
natureza singular do objeto da parceria ou se as metas somente puderem ser atingidas por uma entidade
específica, especialmente quando (exemplificativa): (i) decorrer de acordo internacional; (ii) se tratar de
transferência autorizada em lei na qual seja identificada a entidade beneficiária.
 A realização do procedimento de manifestação de interesse social não obriga a Administração a fazer o
chamamento público nem dispensa a convocação por meio de chamamento público para firmar a parceria.
 A OSC não precisa realizar licitação nem seguir regulamento próprio para empregar os recursos públicos.
 A OSC não pode utilizar os recursos da parceria para pagar, a qualquer título, servidor ou empregado público,
salvo nas hipóteses previstas em lei específica e na lei de diretrizes orçamentárias.
 Sanções que podem ser aplicadas à OSC: advertência, suspensão temporária e declaração de inidoneidade.
Suspensão temporária Declaração de inidoneidade
Impede participar de chamamento público e de Impede participar de chamamento público e de
celebrar parceria ou contrato com o Poder Público celebrar parceria ou contrato com o Poder Público
Abrange apenas os órgãos e entidades da esfera de Abrange os órgãos e entidades de todas as esferas de
governo sancionadora governo
Máximo de dois anos Enquanto perdurarem os motivos determinantes ou até
que seja promovida a reabilitação, que só pode ser
requerida após dois anos e se houver o ressarcimento
dos prejuízos.
Competência exclusiva de Ministro de Estado ou de Competência exclusiva de Ministro de Estado ou de
Secretário Estadual, Distrital ou Municipal Secretário Estadual, Distrital ou Municipal

AGÊNCIAS EXECUTIVAS:
 Trata-se de qualificação que pode ser conferida a autarquias e fundações que celebrem CONTRATO DE
GESTÃO (= do art. 37, §8º da CF) com o Ministério supervisor, para ampliação da sua autonomia.
 São entidades da Administração Indireta.
 Além do contrato de gestão, a autarquia ou fundação deverá ter um plano estratégico de reestruturação e
de desenvolvimento institucional em andamento.
 A qualificação e a desqualificação são feitas mediante decreto do Presidente da República.
 Possuem limite ampliado para dispensa de licitação (20% do valor máximo para a modalidade convite).

AGÊNCIAS REGULADORAS:
 Não é uma qualificação. São autarquias sob regime especial (não há obrigatoriedade).
 São entidades da Administração Indireta.
 Dois tipos: (i) as que exercem poder de polícia (ex: Anvisa); (ii) as que regulam atividades delegadas à iniciativa
privada, mediante concessão, permissão ou autorização (ex: ANATEL, ANELL).
 Exercem função típica de Estado: função regulatória.
 Podem editar normas, exercer fiscalização sobre as empresas concessionárias, revisar e fixar tarifas, aplicar
sanções, solucionar conflitos entre as empresas e os clientes e solucionar reclamações dos consumidores.
 Possuem poder normativo amplo, em assuntos de natureza técnica, mas não podem inovar na ordem jurídica
com a edição de atos normativos primários e regulamentos autônomos.
 Servidores se submetem ao regime estatutário.
 Dirigentes escolhidos pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado Federal.
 Há previsão de quarentena dos ex-dirigentes (4 meses), período no qual não podem assumir cargos nas
empresas do setor regulado.
 Os dirigentes possuem mandato fixo, só podendo perder o cargo em caso de renúncia, condenação judicial
transitada em julgado ou processo administrativo disciplinar (a lei de cada agência pode prever outras formas).
 Algumas agências devem celebrar contrato de gestão com o Ministério supervisor.

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Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 03
JURISPRUDÊNCIA DA AULA

STF – RE 635.682/RJ (25/4/2013)


Ementa

Recurso extraordinário. 2. Tributário. 3. Contribuição para o SEBRAE.


Desnecessidade de lei complementar. 4. Contribuição para o SEBRAE. Tributo
destinado a viabilizar a promoção do desenvolvimento das micro e pequenas
empresas. Natureza jurídica: contribuição de intervenção no domínio
econômico. 5. Desnecessidade de instituição por lei complementar.
Inexistência de vício formal na instituição da contribuição para o
SEBRAE mediante lei ordinária. 6. Intervenção no domínio econômico. É
válida a cobrança do tributo independentemente de contraprestação
direta em favor do contribuinte. 7. Recurso extraordinário não provido. 8.
Acórdão recorrido mantido quanto aos honorários fixados.
STJ – Súmula 499 (2013)
As empresas prestadoras de serviços estão sujeitas às contribuições ao Sesc
e Senac, salvo se integradas noutro serviço social.

STF – Súmula 516

O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da Justiça Estadual.


TCU – Acórdão 526/2013-Plenário (13/3/2013)

"A jurisprudência deste Tribunal pacificou o entendimento de que as entidades


do Sistema S não estão obrigadas a seguir estritamente os termos do
Estatuto de Licitações (Lei n. 8.666/1993), todavia obrigam-se aos seus
regulamentos próprios devidamente publicados, os quais devem se pautar nos
princípios gerais do processo licitatório e nos princípios relativos à
Administração Pública, em especial os da legalidade, moralidade,
impessoalidade, isonomia e publicidade, constantes do art. 37, caput, da
Constituição Federal."
TCU – Informativo de Licitações e Contratos 159/2013

Enunciado:

3. As entidades do Sistema S não podem inovar na ordem jurídica, por


meio de seus regulamentos próprios, instituindo novas hipóteses de
dispensa e de inexigibilidade de licitação, haja vista que a matéria deve ser
disciplinada por norma geral, de competência privativa da União.

Texto:
Auditoria com o objetivo de analisar processos licitatórios e contratos de
aquisição de bens e prestação de serviços na Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) decorrente de Solicitação do
Congresso Nacional para que o TCU realizasse auditoria nas despesas das

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entidades do Sistema S apontou, dentre outras falhas, a existência, no
Regulamento de Licitações e Contratos da entidade, de hipótese de dispensa de
licitação "para a participação em feiras, exposições, congressos, seminários e
eventos em geral, relacionados à atividade-fim". Sobre o assunto, anotou o
relator que "não obstante o fato de os serviços sociais autônomos não se
sujeitarem aos ditames da Lei n. 8.666/1993, devem seus regulamentos próprios
atender aos princípios básicos que regem a Administração Pública, dispostos no
art. 37 da Constituição Federal, em especial os da impessoalidade, da moralidade
e da igualdade". Relembrou voto revisor vitorioso na prolação do Acórdão
2790/2013 - Segunda Câmara, oportunidade em que ficou assente que "embora
não se exija a plena submissão dos entes integrantes do Sistema S à Lei
n. 8.666/1993, eles não detêm competência para legislar sobre este
assunto, por se tratar de matéria de lei ordinária (reserva legal segundo
a vontade do legislador constituinte), de competência privativa da União,
consoante o art. 22, XXVII, da Lei Maior". Nesse passo, caracterizada a
ilegalidade da inovação normativa, o relator perfilou a proposta da unidade
instrutiva no sentido de se determinar à Apex-Brasil alteração em seu
regulamento próprio de licitações e contratos. O Tribunal, ao acolher a proposta
do relator, determinou à entidade que "promova a devida alteração no
Regulamento de Licitações e de Contratos, aprovado pela Resolução/Apex-Brasil
n. 07/2011, de 25/10/2011, no que concerne ao permissivo constante do inciso
XVIII do art. 9º, para adequá-lo aos princípios constitucionais da impessoalidade,
da moralidade e da igualdade, ínsitos no art. 37, caput, e inciso XXI, da
Constituição Federal/1988". Acórdão 1785/2013-Plenário, TC 005.708/2013-3,
relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa, 10.7.2013.
STF – RE 789.874 (17/9/2014)
Notícias STF

Entidade do "Sistema S" não está obrigada a realizar concurso

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta


quarta-feira (17) que o Serviço Social do Transporte (Sest) não está obrigado a
realizar concurso público para a contratação de pessoal. O relator do Recurso
Extraordinário (RE) 789874, ministro Teori Zavascki, sustentou que as entidades
que compõem os serviços sociais autônomos, por possuírem natureza jurídica de
direito privado e não integrarem a administração indireta, não estão sujeitas à
regra prevista no artigo 37, inciso II da Constituição Federal, mesmo que
desempenhem atividades de interesse público em cooperação com o Estado. O
recurso teve repercussão geral reconhecida e a decisão do STF vai impactar pelo
menos 57 processos com o mesmo tema que estão sobrestados (suspensos).
[...]
O ministro observou que as entidades do Sistema S são patrocinadas por
recursos recolhidos do setor produtivo beneficiado, tendo recebido inegável

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autonomia administrativa e, embora se submetam à fiscalização do Tribunal de
Contas da União (TCU), ela se limita formalmente apenas ao controle finalístico
da aplicação dos recursos recebidos. Argumentou, ainda, que essas entidades
dedicam-se a atividades privadas de interesse coletivo, atuam em regime de
colaboração com o poder público, possuem patrimônio e receitas próprias e têm
prerrogativa de autogestão de seus recursos, inclusive na elaboração de
orçamentos.

O relator destacou que as entidades do Sistema S não podem ser confundidas ou


equiparadas com outras criadas a partir da Constituição de 1988, como a
Associação das Pioneiras Sociais – responsável pela manutenção dos hospitais da
Rede Sarah –, a Agência de Promoção de Exportações do Brasil e da Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Ele ressaltou que essas novas
entidades foram criadas pelo poder Executivo e, além de não se destinarem à
prestação de serviços sociais ou de formação profissional, são financiadas
majoritariamente por dotação orçamentárias consignadas no Orçamento da
União e estão obrigadas a gerir seus recursos de acordo com contrato de gestão
com termos definidos pelo Executivo.

No entendimento do ministro, apesar de criado após a Constituição de 1988, a


natureza das atividades desenvolvidas, a forma de financiamento e o regime de
controle a que se sujeita o Sest permite enquadrar essa entidade no conceito
original, serviço social autônomo, vinculado e financiado por um determinado
segmento produtivo. Assinalou ainda que a jurisprudência do STF sempre fez a
distinção entre os entes do serviço social autônomo e as entidades da
administração pública e citou, entre outros precedentes, a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 1864, em que o Tribunal decidiu que a obrigação de
obediência a procedimentos licitatórios pela administração pública não se
estende às entidades privadas que atuam em colaboração com o Estado.

“Estabelecido que o Sest, assim como as demais entidades do Sistema S, tem


natureza privada e não integra a administração pública, direta ou indireta, não se
aplica a ele o inciso II do artigo 37 da Constituição”, concluiu o ministro.
TRF5 – Ap. Cível 342.739 (7/12/2004)

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. NOMEAÇÃO DE MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DA ANATEL.
CABIMENTO. ILEGALIDADE. ATO ADMINISTRATIVO. DISCRICIONARIEDADE.
APRECIAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO.
ILEGALIDADE DA NOMEAÇÃO. ART. 34 DA LEI Nº 9.472/97. ART. 37 DO
DECRETO Nº 2.338/97. REPRESENTANTES DA SOCIEDADE E DOS USUÁRIOS.
NULIDADE DOS ATOS DE DESIGNAÇÃO. AFASTAMENTO. MANUTENÇÃO DA
SENTENÇA.
1. Ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal a fim de que seja
declarado nulo ato de designação dos apelantes para integrar o Conselho

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Consultivo da ANATEL na qualidade de representantes dos usuários e da
sociedade, haja vista os cargos ocupados por eles, Presidência da Tele
Norte Leste Participações S/A e da TELEMAR Norte Leste S/A e
Presidência da TELEBRASIL.

2. Preliminar de impossibilidade jurídica do pedido afastada, tendo em conta a


possibilidade de controle juridicial dos atos administrativos discricionários.
3. Todos os elementos dos atos administrativos, inclusive os discricionários são
passíveis de revisão pelo Judiciário, para fins de avaliação de observância aos
princípios constitucionais da Administração Pública explícitos e implícitos e de
respeito aos direitos fundamentais.
4. Em face do inciso XXXV do art. 5º da CF, o qual proíbe seja excluída da
apreciação judicial a lesão ou ameaça de lesão a direito, o Judiciário pode
examinar todos os atos da Administração Pública, sejam gerais ou individuais,
unilaterais ou bilaterais, vinculados ou discricionários sob o aspecto da legalidade
e da moralidade, nos termos dos arts. 5º, inciso LXXIII e 37 da Carta Magna.

5. A competência discricionária da Administração "é relativa no sentido de que,


em todo e qualquer caso, o administrador estará sempre cingido - não importa
se mais ou menos estritamente - ao que haja sido disposto em lei, já que
discrição supõe comportamento 'intra legem' e não 'extra legem'. Neste sentido
pode-se dizer que o administrador se encontra sempre e sempre 'vinculado' aos
ditames legais".

6. "A necessidade de autonomia no desempenho de funções regulatórias não


pode imunizar a agência reguladora de submeter-se à sistemática constitucional.
A fiscalização não elimina a autonomia, mas assegura à sociedade que os órgãos
titulares de poder político não atuaram sem limites, perdendo de vista a razão de
sua instituição, consistente na realização do bem comum. Esse controle deverá
recair não apenas sobre a nomeação e demissão dos administradores das
agências, mas também sobre o desempenho de suas atribuições".

7. "Na dicção sempre oportuna de Celso Antônio Bandeira de Mello, mesmo nos
atos discricionários não há margem para que a administração atue com excessos
ou desvios ao decidir, competindo ao Judiciário a glosa cabível". STF, RE 131661
/ ES- Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO.
8. No caso concreto, é de se realçar que se pretende seja reconhecida a
ilegalidade da nomeação dos apelantes, como membros do Conselho Consultivo
da ANATEL, não se objetiva, destarte, que o Poder Judiciário se imiscua na
competência discricionária do Poder Executivo, tanto que a escolha, e isso não se
discute, é do Poder Executivo.
(...)
17. A nomeação dos apelantes como membros do Conselho Consultivo da
ANATEL, representa o que a doutrina estrangeira e alguns doutrinadores

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brasileiros tem denominado de captura da agência pelos interesses
regulados.

18. Ocorre a captura do ente regulador quando grandes grupos de interesses ou


empresas passam a influenciar as decisões e atuação do regulador, levando
assim a agência a atender mais aos interesses das empresas (de onde vieram
seus membros) do que os dos usuários do serviço, isto é, do que os interesses
públicos. "É a situação em que a agência se transforma em via de proteção e
benefício para setores empresarias regulados".
STF - AI 848.038/PE (7/2/2012)
Ementa

(...) É juridicamente aceitável a celebração de termo de parceria entre o


Poder Público e Organização da Sociedade Civil de Interesse Público -
OSCIP, mas torna-se incabível a utilização desse expediente, quando
contratados prestadores de serviços terceirizados para o exercício de
funções próprias da atividade fim da entidade pública. - Tal distorção mais
se agrava quando comprovado que auxiliar de enfermagem aprovada em
primeiro lugar no concurso para o cargo, não foi nomeada em detrimento de
terceirizada que no mesmo concurso galgara posição posterior ao décimo lugar.-
As contratações irregulares foram sobejamente identificadas nos autos e a
obrigação do poder público viabilizar a regularização dessa situação é confirmada
também pelas diversas manifestações do MPF. - Remessa oficial e apelação
improvidas.” 4. Agravo regimental DESPROVIDO.

STF – AI 349.477/PR (11/2/2003)

Ementa
APLICABILIDADE ESTRITA DA PRERROGATIVA PROCESSUAL DO PRAZO
RECURSAL EM DOBRO (CPC, ART. 188) - PARANAPREVIDÊNCIA - ENTIDADE
PARAESTATAL (ENTE DE COOPERAÇÃO) - INAPLICABILIDADE DO BENEFÍCIO
EXTRAORDINÁRIO DA AMPLIAÇÃO DO PRAZO RECURSAL - INTEMPESTIVIDADE -
RECURSO NÃO CONHECIDO. - As empresas governamentais (sociedades de
economia mista e empresas públicas) e os entes de cooperação (serviços
sociais autônomos e organizações sociais) qualificam-se como pessoas
jurídicas de direito privado e, nessa condição, não dispõem dos
benefícios processuais inerentes à Fazenda Pública (União, Estados-
membros, Distrito Federal, Municípios e respectivas autarquias), notadamente da
prerrogativa excepcional da ampliação dos prazos recursais (CPC, art. 188).
Precedentes.

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TCU - Acórdão 3566/2014 Primeira Câmara
Convênio e Congêneres. Oscip. Qualificação.

É irregular a celebração de termos de parceria sem a comprovação da


qualificação técnica e da capacidade operacional das entidades parceiras
(organizações da sociedade civil de interesse público - Oscips).

TCU - Acórdão 3129/2014 Segunda Câmara


Convênio e Congêneres. Contrato de gestão. Controle.

• O controle da aplicação de recursos federais por meio de contratos de


gestão deve dar ênfase aos resultados. Porém, isso não exclui a análise dos
procedimentos empregados para a execução contratual, que deve ser tão flexível
quanto o permitido pelas circunstâncias, sem prejuízo de possibilitar a análise da
observância dos princípios sob os quais foi firmado o contrato – legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade.
• Todas as despesas suportadas pelos recursos federais transferidos devem
corresponder a metas estabelecidas no contrato de gestão, uma vez que tais
recursos necessariamente destinam-se ao cumprimento do ajuste, de acordo
com o caput do art. 12 da Lei 9.637/98, e em respeito à necessária
transparência no emprego dos recursos, diretriz estabelecida no art. 20, inciso
III, da mesma lei. Isso não tira da organização social a discricionariedade em
relação à eleição dos meios adequados de alcance dos resultados acordados,
dado que não se trata de defini-los à sua revelia, mas de exigir que fique
explícito quais recursos se destinam a que resultados.
STF – ADI 1.923/DF (16/4/2015)

Ementa
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL.
ADMINISTRATIVO. TERCEIRO SETOR. MARCO LEGAL DAS ORGANIZAÇÕES
SOCIAIS. LEI Nº 9.637/98 E NOVA REDAÇÃO, CONFERIDA PELA LEI Nº
9.648/98, AO ART. 24, XXIV, DA LEI Nº 8.666/93. MOLDURA CONSTITUCIONAL
DA INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO E SOCIAL. SERVIÇOS
PÚBLICOS SOCIAIS. SAÚDE (ART. 199, CAPUT), EDUCAÇÃO (ART. 209, CAPUT),
CULTURA (ART. 215), DESPORTO E LAZER (ART. 217), CIÊNCIA E TECNOLOGIA
(ART. 218) E MEIO AMBIENTE (ART. 225). ATIVIDADES CUJA TITULARIDADE
É COMPARTILHADA ENTRE O PODER PÚBLICO E A SOCIEDADE.
DISCIPLINA DE INSTRUMENTO DE COLABORAÇÃO PÚBLICO-PRIVADA.
INTERVENÇÃO INDIRETA. ATIVIDADE DE FOMENTO PÚBLICO. INEXISTÊNCIA DE
RENÚNCIA AOS DEVERES ESTATAIS DE AGIR. MARGEM DE CONFORMAÇÃO
CONSTITUCIONALMENTE ATRIBUÍDA AOS AGENTES POLÍTICOS
DEMOCRATICAMENTE ELEITOS. PRINCÍPIOS DA CONSENSUALIDADE E DA
PARTICIPAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 175, CAPUT, DA
CONSTITUIÇÃO. EXTINÇÃO PONTUAL DE ENTIDADES PÚBLICAS QUE APENAS

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CONCRETIZA O NOVO MODELO. INDIFERENÇA DO FATOR TEMPORAL.
INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO DEVER CONSTITUCIONAL DE
LICITAÇÃO (CF, ART. 37, XXI). PROCEDIMENTO DE QUALIFICAÇÃO QUE
CONFIGURA HIPÓTESE DE CREDENCIAMENTO. COMPETÊNCIA
DISCRICIONÁRIA QUE DEVE SER SUBMETIDA AOS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS DA PUBLICIDADE, MORALIDADE, EFICIÊNCIA E
IMPESSOALIDADE, À LUZ DE CRITÉRIOS OBJETIVOS (CF, ART. 37, CAPUT).
INEXISTÊNCIA DE PERMISSIVO À ARBITRARIEDADE. CONTRATO DE GESTÃO.
NATUREZA DE CONVÊNIO. CELEBRAÇÃO NECESSARIAMENTE SUBMETIDA
A PROCEDIMENTO OBJETIVO E IMPESSOAL. CONSTITUCIONALIDADE DA
DISPENSA DE LICITAÇÃO INSTITUÍDA PELA NOVA REDAÇÃO DO ART. 24,
XXIV, DA LEI DE LICITAÇÕES E PELO ART. 12, §3º, DA LEI Nº 9.637/98.
FUNÇÃO REGULATÓRIA DA LICITAÇÃO. OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA
IMPESSOALIDADE, DA PUBLICIDADE, DA EFICIÊNCIA E DA MOTIVAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DE LICITAÇÃO PARA OS CONTRATOS
CELEBRADOS PELAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS COM TERCEIROS.
OBSERVÂNCIA DO NÚCLEO ESSENCIAL DOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA (CF, ART. 37, CAPUT). REGULAMENTO PRÓPRIO PARA
CONTRATAÇÕES. INEXISTÊNCIA DE DEVER DE REALIZAÇÃO DE
CONCURSO PÚBLICO PARA CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS. INCIDÊNCIA
DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA IMPESSOALIDADE, ATRAVÉS DE
PROCEDIMENTO OBJETIVO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS
CONSTITUCIONAIS DOS SERVIDORES PÚBLICOS CEDIDOS. PRESERVAÇÃO DO
REGIME REMUNERATÓRIO DA ORIGEM. AUSÊNCIA DE SUBMISSÃO AO
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE PARA O PAGAMENTO DE VERBAS, POR ENTIDADE
PRIVADA, A SERVIDORES. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 37, X, E 169, §1º, DA
CONSTITUIÇÃO. CONTROLES PELO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO E
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. PRESERVAÇÃO DO ÂMBITO
CONSTITUCIONALMENTE DEFINIDO PARA O EXERCÍCIO DO CONTROLE
EXTERNO (CF, ARTS. 70, 71, 74 E 127 E SEGUINTES). INTERFERÊNCIA ESTATAL
EM ASSOCIAÇÕES E FUNDAÇÕES PRIVADAS (CF, ART. 5º, XVII E XVIII).
CONDICIONAMENTO À ADESÃO VOLUNTÁRIA DA ENTIDADE PRIVADA.
INEXISTÊNCIA DE OFENSA À CONSTITUIÇÃO. AÇÃO DIRETA JULGADA
PARCIALMENTE PROCEDENTE PARA CONFERIR INTERPRETAÇÃO CONFORME AOS
DIPLOMAS IMPUGNADOS.

1. A atuação da Corte Constitucional não pode traduzir forma de engessamento e


de cristalização de um determinado modelo pré-concebido de Estado, impedindo
que, nos limites constitucionalmente assegurados, as maiorias políticas
prevalecentes no jogo democrático pluralista possam pôr em prática seus
projetos de governo, moldando o perfil e o instrumental do poder público
conforme a vontade coletiva.

2. Os setores de saúde (CF, art. 199, caput), educação (CF, art. 209, caput),
cultura (CF, art. 215), desporto e lazer (CF, art. 217), ciência e tecnologia (CF,

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art. 218) e meio ambiente (CF, art. 225) configuram serviços públicos sociais,
em relação aos quais a Constituição, ao mencionar que “são deveres do Estado e
da Sociedade” e que são “livres à iniciativa privada”, permite a atuação, por
direito próprio, dos particulares, sem que para tanto seja necessária a delegação
pelo poder público, de forma que não incide, in casu, o art. 175, caput, da
Constituição.
3. A atuação do poder público no domínio econômico e social pode ser viabilizada
por intervenção direta ou indireta, disponibilizando utilidades materiais aos
beneficiários, no primeiro caso, ou fazendo uso, no segundo caso, de seu
instrumental jurídico para induzir que os particulares executem atividades de
interesses públicos através da regulação, com coercitividade, ou através do
fomento, pelo uso de incentivos e estímulos a comportamentos voluntários.

4. Em qualquer caso, o cumprimento efetivo dos deveres constitucionais de


atuação estará, invariavelmente, submetido ao que a doutrina contemporânea
denomina de controle da Administração Pública sob o ângulo do resultado
(Diogo de Figueiredo Moreira Neto).

5. O marco legal das Organizações Sociais inclina-se para a atividade de


fomento público no domínio dos serviços sociais, entendida tal atividade
como a disciplina não coercitiva da conduta dos particulares, cujo desempenho
em atividades de interesse público é estimulado por sanções premiais, em
observância aos princípios da consensualidade e da participação na
Administração Pública.

6. A finalidade de fomento, in casu, é posta em prática pela cessão de recursos,


bens e pessoal da Administração Pública para as entidades privadas, após a
celebração de contrato de gestão, o que viabilizará o direcionamento, pelo Poder
Público, da atuação do particular em consonância com o interesse público,
através da inserção de metas e de resultados a serem alcançados, sem que isso
configure qualquer forma de renúncia aos deveres constitucionais de atuação.

7. Na essência, preside a execução deste programa de ação institucional a lógica


que prevaleceu no jogo democrático, de que a atuação privada pode ser mais
eficiente do que a pública em determinados domínios, dada a agilidade e a
flexibilidade que marcam o regime de direito privado.
8. Os arts. 18 a 22 da Lei nº 9.637/98 apenas concentram a decisão política, que
poderia ser validamente feita no futuro, de afastar a atuação de entidades
públicas através da intervenção direta para privilegiar a escolha pela busca dos
mesmos fins através da indução e do fomento de atores privados, razão pela
qual a extinção das entidades mencionadas nos dispositivos não afronta a
Constituição, dada a irrelevância do fator tempo na opção pelo modelo de
fomento – se simultaneamente ou após a edição da Lei.
9. O procedimento de qualificação de entidades, na sistemática da Lei, consiste
em etapa inicial e embrionária, pelo deferimento do título jurídico de

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“organização social”, para que Poder Público e particular colaborem na realização
de um interesse comum, não se fazendo presente a contraposição de interesses,
com feição comutativa e com intuito lucrativo, que consiste no núcleo conceitual
da figura do contrato administrativo, o que torna inaplicável o dever
constitucional de licitar (CF, art. 37, XXI).
10. A atribuição de título jurídico de legitimação da entidade através da
qualificação configura hipótese de credenciamento, no qual não incide a
licitação pela própria natureza jurídica do ato, que não é contrato, e pela
inexistência de qualquer competição, já que todos os interessados
podem alcançar o mesmo objetivo, de modo includente, e não
excludente.

11. A previsão de competência discricionária no art. 2º, II, da Lei nº 9.637/98 no


que pertine à qualificação tem de ser interpretada sob o influxo da principiologia
constitucional, em especial dos princípios da impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência (CF, art. 37, caput). É de se ter por vedada, assim,
qualquer forma de arbitrariedade, de modo que o indeferimento do requerimento
de qualificação, além de pautado pela publicidade, transparência e motivação,
deve observar critérios objetivos fixados em ato regulamentar expedido em
obediência ao art. 20 da Lei nº 9.637/98, concretizando de forma homogênea as
diretrizes contidas nos inc. I a III do dispositivo.

12. A figura do contrato de gestão configura hipótese de convênio, por


consubstanciar a conjugação de esforços com plena harmonia entre as posições
subjetivas, que buscam um negócio verdadeiramente associativo, e não
comutativo, para o atingimento de um objetivo comum aos interessados: a
realização de serviços de saúde, educação, cultura, desporto e lazer, meio
ambiente e ciência e tecnologia, razão pela qual se encontram fora do âmbito de
incidência do art. 37, XXI, da CF.

13. Diante, porém, de um cenário de escassez de bens, recursos e servidores


públicos, no qual o contrato de gestão firmado com uma entidade privada
termina por excluir, por consequência, a mesma pretensão veiculada pelos
demais particulares em idêntica situação, todos almejando a posição subjetiva de
parceiro privado, impõe-se que o Poder Público conduza a celebração do
contrato de gestão por um procedimento público impessoal e pautado
por critérios objetivos, por força da incidência direta dos princípios
constitucionais da impessoalidade, da publicidade e da eficiência na
Administração Pública (CF, art. 37, caput).

14. As dispensas de licitação instituídas no art. 24, XXIV, da Lei nº 8.666/93 e


no art. 12, §3º, da Lei nº 9.637/98 têm a finalidade que a doutrina
contemporânea denomina de função regulatória da licitação, através da qual
a licitação passa a ser também vista como mecanismo de indução de
determinadas práticas sociais benéficas, fomentando a atuação de organizações
sociais que já ostentem, à época da contratação, o título de qualificação, e que

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por isso sejam reconhecidamente colaboradoras do Poder Público no
desempenho dos deveres constitucionais no campo dos serviços sociais. O
afastamento do certame licitatório não exime, porém, o administrador público da
observância dos princípios constitucionais, de modo que a contratação direta
deve observar critérios objetivos e impessoais, com publicidade de forma a
permitir o acesso a todos os interessados.
15. As organizações sociais, por integrarem o Terceiro Setor, não fazem
parte do conceito constitucional de Administração Pública, razão pela
qual não se submetem, em suas contratações com terceiros, ao dever de
licitar, o que consistiria em quebra da lógica de flexibilidade do setor privado,
finalidade por detrás de todo o marco regulatório instituído pela Lei. Por
receberem recursos públicos, bens públicos e servidores públicos,
porém, seu regime jurídico tem de ser minimamente informado pela
incidência do núcleo essencial dos princípios da Administração Pública
(CF, art. 37, caput), dentre os quais se destaca o princípio da impessoalidade, de
modo que suas contratações devem observar o disposto em regulamento próprio
(Lei nº 9.637/98, art. 4º, VIII), fixando regras objetivas e impessoais para o
dispêndio de recursos públicos.

16. Os empregados das Organizações Sociais não são servidores


públicos, mas sim empregados privados, por isso que sua remuneração
não deve ter base em lei (CF, art. 37, X), mas nos contratos de trabalho
firmados consensualmente. Por identidade de razões, também não se
aplica às Organizações Sociais a exigência de concurso público (CF, art.
37, II), mas a seleção de pessoal, da mesma forma como a contratação
de obras e serviços, deve ser posta em prática através de um
procedimento objetivo e impessoal.
17. Inexiste violação aos direitos dos servidores públicos cedidos às organizações
sociais, na medida em que preservado o paradigma com o cargo de origem,
sendo desnecessária a previsão em lei para que verbas de natureza privada
sejam pagas pelas organizações sociais, sob pena de afronta à própria lógica de
eficiência e de flexibilidade que inspiraram a criação do novo modelo.

18. O âmbito constitucionalmente definido para o controle a ser exercido pelo


Tribunal de Contas da União (CF, arts. 70, 71 e 74) e pelo Ministério Público (CF,
arts. 127 e seguintes) não é de qualquer forma restringido pelo art. 4º, caput, da
Lei nº 9.637/98, porquanto dirigido à estruturação interna da organização social,
e pelo art. 10 do mesmo diploma, na medida em que trata apenas do dever de
representação dos responsáveis pela fiscalização, sem mitigar a atuação de ofício
dos órgãos constitucionais.
19. A previsão de percentual de representantes do poder público no Conselho de
Administração das organizações sociais não encerra violação ao art. 5º, XVII e
XVIII, da Constituição Federal, uma vez que dependente, para concretizar-se, de

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adesão voluntária das entidades privadas às regras do marco legal do Terceiro
Setor.

20. Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido é julgado parcialmente


procedente, para conferir interpretação conforme à Constituição à Lei nº
9.637/98 e ao art. 24, XXIV, da Lei nº 8666/93, incluído pela Lei nº 9.648/98,
para que: (i) o procedimento de qualificação seja conduzido de forma pública,
objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF,
e de acordo com parâmetros fixados em abstrato segundo o que prega o art. 20
da Lei nº 9.637/98; (ii) a celebração do contrato de gestão seja conduzida de
forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput do
art. 37 da CF; (iii) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei nº
8.666/93, art. 24, XXIV) e outorga de permissão de uso de bem público (Lei nº
9.637/98, art. 12, §3º) sejam conduzidas de forma pública, objetiva e impessoal,
com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF; (iv) os contratos a
serem celebrados pela Organização Social com terceiros, com recursos públicos,
sejam conduzidos de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos
princípios do caput do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser
editado por cada entidade; (v) a seleção de pessoal pelas Organizações Sociais
seja conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos
princípios do caput do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser
editado por cada entidade; e (vi) para afastar qualquer interpretação que
restrinja o controle, pelo Ministério Público e pelo TCU, da aplicação de verbas
públicas.
*****

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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

1. (Cespe – PC/BA 2013) Entidades paraestatais são pessoas jurídicas privadas que
colaboram com o Estado no desempenho de atividades não lucrativas, mas não integram a
estrutura da administração pública.

2. (ESAF – AFRFB 2005) Assinale entre o seguinte rol de entidades de cooperação com
o Poder Público, não-integrantes do rol de entidades descentralizadas, aquela que pode
resultar de extinção de entidade integrante da Administração Pública Indireta.
a) Organização social.
b) Fundação previdenciária.
c) Organização da sociedade civil de interesse público.
d) Entidade de apoio às universidades federais.
e) Serviço social autônomo.

3. (Cespe – TCDF 2012) Uma OSCIP que receba recursos financeiros oriundos de termo
de parceria com o governo do DF estará obrigada a seguir a Lei de Licitações da
administração pública para comprar com esses recursos.

4. (Cespe – AGU 2012) Para que sociedades comerciais e cooperativas obtenham a


qualificação de organizações da sociedade civil de interesse público, é preciso que elas não
possuam fins lucrativos e que tenham em seus objetivos sociais a finalidade de promoção
da assistência social.

5. (Cespe – MPTCE/PB 2014) As fundações de apoio às universidades públicas federais


integram a administração indireta.

6. (Cespe – AGU 2012) A qualificação de agência executiva federal é conferida,


mediante ato discricionário do presidente da República, a autarquia ou fundação que
apresente plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento e celebre contrato de gestão com o ministério supervisor respectivo.

7. (Cespe MPTCDF 2013) As agências reguladoras consistem em mecanismos que


ajustam o funcionamento da atividade econômica do país como um todo. Foram criadas,
assim, com a finalidade de ajustar, disciplinar e promover o funcionamento dos serviços
públicos, objeto de concessão, permissão e autorização, assegurando o funcionamento em
condições de excelência tanto para o fornecedor/produtor como principalmente para o
consumidor/usuário.

8. (Cespe – TCU 2011) As agências reguladoras, no que se refere à concessão,


permissão e autorização de serviço público, não possuem a atribuição de definir o valor da
tarifa, por se tratar de matéria adstrita à atuação do próprio poder concedente.

9. (Cespe – TCU 2011) As decisões definitivas das agências, em regra, não são
passíveis de apreciação por outros órgãos ou entidades da administração pública.

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10. (Cespe – MPU 2010) Considere que os representantes legais de uma empresa
distribuidora de energia elétrica estejam inconformados com decisão da Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANEEL), reguladora do setor elétrico. Nessa situação, não cabe recurso
hierárquico da decisão da ANEEL, salvo quanto ao controle de legalidade.

11. (Cespe – ANATEL 2012) A ANATEL, por ser agência reguladora integrante da
administração indireta, exerce o poder regulamentar com maior vigor, podendo inovar na
ordem jurídica com a edição de atos normativos primários e regulamentos autônomos.

12. (ESAF – CGU 2006) Pelo sistema constitucional brasileiro, a categoria das agências
reguladoras apresentam competência de natureza:
a) legislativa e administrativa.
b) legislativa, administrativa e jurisdicional.
c) exclusivamente legislativa.
d) administrativa e jurisdicional.
e) exclusivamente administrativa.

13. (ESAF – STN 2013) A transferência da função normativa (sobre matérias


determinadas) da sede legislativa estatal para outra sede normativa denomina-se:
a) Remissão.
b) Delegação receptícia.
c) Reserva legal.
d) Deslegalização.
e) Desconcentração.

14. (Cespe – AGU 2012) As relações de trabalho nas agências reguladoras são regidas
pela CLT e pela legislação trabalhista correlata, em regime de emprego público.

15. (Cespe – SUFRAMA 2014) As agências reguladoras, por atuarem na regulação do


mercado, são consideradas entidades paraestatais que atuam em colaboração com o
Estado.

16. (FCC – São Luís/MA – Procurador – 2016) Uma organização social firmou contrato
de gestão para prestação de serviços de saúde em uma determinada unidade hospitalar.
Não obstante a gestão das atividades, é necessário trespassar à organização social o
imóvel onde funciona o hospital, o que pode se dar mediante outorga de
a) concessão de uso, ato que transmite a posse das dependências hospitalares por prazo
indeterminado, enquanto perdurar o contrato de gestão.
b) permissão de uso, contrato que transfere posse à organização social, dispensando-se
autorização legislativa em razão da vigência do contrato de gestão.
c) concessão de uso com dispensa de licitação, tendo em vista que os atos e contratos que
autorizam o uso privativo de bens públicos prescindem de licitação.

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d) permissão de uso, ato que poderá viger por prazo indeterminado, mas que cessará
concomitantemente com a extinção do contrato de gestão, caso não tenha sido extinto
antes.
e) concessão de direito real de uso, ato unilateral para o qual é inexigível a licitação, já que
inviável a competição, diante da prévia existência do contrato de gestão.

17. (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas – 2015) O


desempenho das atividades estatais deixou de ser exclusividade da Administração há lapso
temporal bastante considerável. Na evolução social do movimento de descentralização
experimentado pela Administração pública surgiram entidades privadas para o desempenho
de atividades estatais, com ênfase na área social, da saúde e da cultura. Essas entidades
a) não integram a Administração direta nem indireta, e seu centro de controle e gestão são
dissociados e independentes da estrutura estatal, aplicando-lhes o regime eminentemente
privado, o que afasta os mecanismos de controle e os instrumentos para fiscalização do
desempenho das atividades.
b) não são criadas pela Administração, nem são geridas por servidores designados por
aquela, de modo que lhes é vedado receber qualquer tipo de subsídio econômico ou outorga
de uso de bens públicos.
c) constituem-se sob formas jurídicas de direito privado, porém caso recebam benefícios
financeiros ou materiais da Administração pública, passam a se submeter ao princípio da
obrigatoriedade de licitação para suas contratações, tal qual as empresas estatais.
d) podem se constituir sob formas jurídicas de direito privado, seja fundação, seja
associação civil, submetendo- se aos instrumentos de controle e fiscalização por parte da
Administração pública, cuja intensidade se amplia diante do regular recebimento de
benefícios estatais e subsídios econômicos.
e) constituem-se, primordialmente, sob a forma de organização social, pessoa jurídica de
direito privado que celebra contrato de gestão com o Estado para dispor sobre os limites de
sua atuação e desempenho de suas atividades, inclusive aquelas de natureza econômica.

18. (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2015) "[...] é a qualificação jurídica dada a pessoa
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, instituída por iniciativa de particulares, e que
recebe delegação do Poder Público, mediante contrato de gestão, para desempenhar
serviço público de natureza social" (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo,
2012: 565).
A definição acima se refere às
a) Serviços sociais autônomos.
b) Organizações não-governamentais.
c) Organizações sociais.
d) Fundações de apoio.
e) Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.

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19. (FCC – TCE/CE – Conselheiro Substituto – 2015) A atuação de organizações
sociais, na forma disciplinada pela Lei no 9.637/1998, corresponde
a) à prestação de serviço público, mediante permissão.
b) à execução de atividade de interesse público, sob regime privado.
c) à concessão de serviço público em caráter suplementar à atuação do poder público.
d) à autorização para prestação de serviço público sob regime publicístico.
e) ao desempenho de serviços sociais não exclusivos do Estado.

20. (FCC – TCE/CE – Procurador de Contas – 2015) O Supremo Tribunal Federal, ao


apreciar a constitucionalidade de lei federal nos autos da Adin no 1.923/DF, manifestou-se
sobre conhecida figura presente no desenvolvimento das atividades da Administração
pública, afirmando a convergência de interesse comum entre Poder Público e particular, não
reconhecendo “feição comutativa e com intuito lucrativo, que consiste no núcleo conceitual
da figura do contrato administrativo”. Afastada a figura do contrato administrativo, o
entendimento do STF pode se reportar
a) ao contrato de gestão firmado entre organizações sociais e Administração pública, com
finalidade de atingimento de interesse comum nos serviços da saúde e cultura, o que afasta,
assim, o dever de licitar para sua celebração, não obstante se deva observar procedimento
público, impessoal e com critérios objetivos para tanto.
b) ao contrato de gestão firmado mediante convênio entre Poder Público e organização
social, que exige, tal qual para todos os convênios firmados pela Administração pública,
prévia realização de procedimento licitatório, na modalidade pertinente ao valor da avença.
c) às organizações sociais, que integram a Administração indireta quando criadas pelo
Poder Público, independentemente da celebração de contrato de gestão para
desenvolvimento de atividades de interesse comum.
d) às agências executivas, que têm natureza jurídica de organizações sociais e, dessa
forma, integram a Administração pública indireta, o que as qualifica para a prestação de
serviços públicos não exclusivos.
e) aos convênios administrativos, desde que não tenham finalidade remuneratória, hipótese
em que, não obstante remanesça o interesse convergente com o Poder Público, não se
pode preterir outros interessados, sendo necessário observar a lei de licitações.

21. (FCC – PGE/RN – Procurador do Estado – 2014) Determinada empresa pública


pleiteou à Administração pública a qualificação de organização social para, mediante
contrato de gestão, prestar serviços na área da saúde. O pedido
a) deve ser indeferido, tendo em vista que essa qualificação somente se mostra possível
para empresas públicas que tenham sido criadas especificamente para esse fim.
b) pode ser deferido, desde que não haja repasse de verbas públicas para essa pessoa
jurídica, em razão de sua natureza jurídica ser de direito privado.

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c) deve ser indeferido, tendo em vista que a qualificação pleiteada somente poderia ser
deferida a pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que desenvolvessem
atividades no setor de saúde.
d) pode ser deferido se a empresa pública tiver sido constituída sob a forma de sociedade
anônima e desde que não seja de capital aberto.
e) pode ser indeferido se a empresa tiver fins lucrativos, passível de deferimento no caso de
ser filantrópica e a atividade pretendida constar expressamente do objeto social.

22. (FCC – TRT 24ª Região – Juiz do Trabalho – 2014) No que tange às chamadas
entidades paraestatais e as que atuam em regime de colaboração com a Administração
pública, é correto afirmar que
a) os consórcios públicos são arranjos por meio dos quais as empresas privadas podem
atuar conjuntamente na prestação de um serviço público delegado.
b) no âmbito federal, em caso de absorção, por organização social, de atividades e serviços
de órgão extinto, pode haver cessão de servidor do quadro permanente do órgão extinto à
referida organização social, sendo que tal cessão é irrecusável para o servidor.
c) as organizações da sociedade civil de interesse público que celebrem termo de parceria e
recebam recursos públicos para desempenho de suas atividades são impedidas de
remunerar seus dirigentes.
d) os serviços sociais (Sistema “S”), visto que são custeados com contribuições parafiscais
compulsórias, são obrigados a realizar concurso público para admissão de seus
empregados, nos moldes do art. 37, II, da Constituição Federal.
e) as chamadas fundações de apoio são entidades de direito público, criadas por lei, para
prestar suporte ao desenvolvimento de atividades administrativas pelos órgãos públicos e
seus funcionários estão sujeitos ao regime jurídico único.

23. (FCC – TRT 1ª Região – Juiz do Trabalho – 2014) A melhoria de eficiência e redução
de custos constitui uma busca constante da Administração pública, com vistas a ampliar, em
quantidade e qualidade, os equipamentos e serviços disponibilizados aos cidadãos. Um dos
mecanismos que podem ser utilizados nessa busca é a
a) criação, por lei específica, de organizações sociais, para gestão descentralizada e mais
flexível de serviços públicos não exclusivos.
b) qualificação de fundações como organizações sociais, por ato do Chefe do Executivo,
com base em plano de metas aprovado pelo Ministério Supervisor.
c) criação, por lei específica, de agências executivas, na forma de autarquias de regime
especial, dotadas de autonomia orçamentária e financeira.
d) qualificação, mediante aprovação de plano de metas pelo Ministério Supervisor, de
autarquias como agências reguladoras, dotadas de maior flexibilidade de gestão.
e) celebração, por autarquias e fundações, de contrato de gestão fixando metas de
desempenho para a entidade, qualificada, por ato do Chefe do Executivo, como agência
executiva.

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24. (FCC – MPE/PA – Promotor de Justiça – 2014) No tocante às chamadas
organizações sociais, a legislação federal aplicável a tais entidades
a) veda a remuneração dos membros da diretoria da entidade.
b) prevê responsabilidade individual e solidária dos dirigentes pelos danos ou prejuízos
decorrentes de sua ação ou omissão, em caso de desqualificação da entidade pelo
descumprimento das disposições contidas no contrato de gestão.
c) estabelece como hipótese de inexigibilidade de licitação a celebração de contratos de
prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas
esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.
d) permite que apenas associações civis sejam qualificadas como organizações sociais.
e) obriga a publicação anual, em jornal de circulação diária no Estado ou nos municípios em
que se der a atuação da entidade, dos relatórios financeiros e do relatório de execução do
contrato de gestão.

25. (FCC – DP/AM – Defensor Público – 2013) As Organizações Sociais são pessoas
jurídicas de direito privado, qualificadas pelo Poder Executivo, nos termos da Lei Federal no
9.637/98, com vistas à formação de parceria para execução de atividades de interesse
público. NÃO está entre as características das Organizações Sociais, nos termos da referida
lei,
a) a necessidade de aprovação de sua qualificação, por meio de ato vinculado do Ministro
ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente ao seu
objeto social e do Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão.
b) a previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de
representantes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória capacidade
profissional e idoneidade moral.
c) a proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em qualquer
hipótese, inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou
membro da entidade.
d) o desempenho de atividades relacionadas a pelo menos um dos seguintes campos:
ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio
ambiente, cultura e saúde.
e) a atuação com finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus
excedentes financeiros no desenvolvimento das próprias atividades.

26. (ESAF – PG/DF – Procurador Distrital – 2007) No tocante às agências reguladoras


no Direito Brasileiro:
I. As agências reguladoras são autarquias sob regime especial;
II. Entre as atividades afetas à disciplina e controle de tais entidades destacam-se os
serviços públicos relacionados à energia elétrica, transportes terrestres, transportes
aquaviários, aviação civil, atividades de fomento e fiscalização de atividade privada;
III. A Constituição Federal de 1988 prevê expressamente a criação de um órgão regulador;

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IV. As agências reguladoras exercem a atividade de regulação, abrangendo competência
para estabelecer regras de conduta, para fiscalizar, reprimir, punir, resolver conflitos, não só
no âmbito da própria concessão, mas também nas relações com outras prestadoras de
serviço;
V. Nos termos da Lei n. 9.986/2000, as agências reguladoras podem utilizar o pregão para
as contratações referentes a obras e serviços de engenharia.
A quantidade de itens incorretos é igual a:
a) 4
b) 2
c) 3
d) 1
e) 5

27. (Cespe – TRF 2ª Região – Juiz Federal – 2013) No que concerne a organizações
sociais e a OSCIPs, assinale a opção correta.
a) Os responsáveis pela fiscalização do termo de parceria, ao tomarem conhecimento de
qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens da organização
parceira, deverão dar imediata ciência ao tribunal de contas respectivo e ao MP, sob pena
de responsabilidade solidária.
b) Segundo o STF, é juridicamente aceitável a celebração de termo de parceria entre o
poder público e OSCIP, sendo possível, inclusive, a utilização desse expediente para a
contratação de prestadores de serviço terceirizados para o exercício de funções próprias da
atividade-fim da entidade pública.
c) Às organizações sociais poderão ser destinados bens públicos, sendo dispensada
licitação, mediante permissão de uso, consoante cláusula expressa de contrato de gestão
celebrado com o poder público.
d) Segundo o STF, as organizações sociais, como entes de cooperação, dispõem dos
benefícios processuais inerentes à fazenda pública, tendo em vista a relevância da sua
atividade, que visa o interesse público.
e) Por expressa disposição legal, doações poderão realizadas por OSCIP a partidos
políticos ou candidatos a mandatos eletivos; entretanto, tais doações devem,
necessariamente, ser incluídas na prestação de contas da doadora e, ao final de cada
exercício, devem ser submetidas ao tribunal de contas respectivo, a fim de se realizar o
controle contábil-financeiro da organização.

28. (Cespe – TRF 1ª Região – Juiz Federal – 2011) No que se refere aos princípios que
regem o direito administrativo, as organizações sociais e as organizações da sociedade civil
de interesse público, assinale a opção correta.
a) As instituições hospitalares não gratuitas e as cooperativas são aptas para o recebimento
da qualificação de organizações da sociedade civil de interesse público, nos termos da
legislação de regência.

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b) Na sindicância, ainda que instaurada com caráter meramente investigatório ou
preparatório de um processo administrativo disciplinar, é indispensável a observância dos
princípios do contraditório e da ampla defesa.
c) Segundo o STJ, na hipótese em que o particular ocupa irregularmente área pública, não é
cabível o pagamento de indenização por acessões ou benfeitorias, tampouco o direito de
retenção, sob pena de ofensa aos princípios da indisponibilidade do patrimônio público e da
supremacia do interesse público.
d) O contrato de gestão, instituto oriundo da reforma administrativa, recebeu tratamento
diferenciado no ordenamento jurídico nacional, a exemplo da Lei de Licitações e Contratos,
que inseriu a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações
sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
contempladas no contrato de gestão como hipótese de inexigibilidade de licitação.
e) O auxílio que o poder público presta à organização social não pode abranger a
destinação de recursos orçamentários e bens necessários ao cumprimento do contrato de
gestão, ainda que mediante permissão de uso.

29. (Cespe – TJ/DFT – Juiz de Direito – 2014) Assinale a opção correta acerca da
administração indireta.
a) As fundações, que consistem em agregação de pessoas públicas, são criadas para
atender finalidade específica.
b) A abordagem que defende a não ingerência do Estado na economia manifesta-se a favor
da extinção da administração pública indireta.
c) O Estado tem responsabilidade administrativa direta pelos atos praticados pelas
autarquias.
d) As ações das empresas estatais de economia mista não podem ser comercializadas em
bolsa de valores, ainda que possuam acionistas privados.
e) As agências reguladoras são consideradas autarquias.

30. (Cespe – AGU – Procurador Federal – 2013) Para a qualificação de uma autarquia
como agência reguladora é essencial a presença do nome “agência” em sua denominação,
a exemplo da Agência Brasileira de Inteligência e da Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial.

31. (TRF 3ª Região – Juiz Federal Substituto – 2016) Dadas as assertivas abaixo,
assinale a alternativa correta.
I – As agências reguladoras foram criadas no intuito de regular, em sentido amplo, os
serviços públicos, havendo previsão na legislação ordinária delegando à agência reguladora
competência para a edição de normas e regulamentos no seu âmbito de atuação.

II – Configura conflito de interesses após o exercício de cargo ou emprego no âmbito do


Poder Executivo federal, incluindo o de Diretor em agência reguladora, no período de 6
(seis) meses, contado da data da dispensa, exoneração, destituição, demissão ou
aposentadoria, salvo quando expressamente autorizado, conforme o caso, pela Comissão

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de Ética Pública ou pela Controladoria-Geral da União, prestar, direta ou indiretamente,
qualquer tipo de serviço a pessoa física ou jurídica com quem tenha estabelecido
relacionamento relevante em razão do exercício do cargo ou emprego.

III – Ausente previsão legal expressa, os Conselheiros e os Diretores somente perderão o


mandato em caso de renúncia ou de condenação judicial transitada em julgado.

Estão corretas:

a) I e II

b) I, II e III

c) II e III

d) Apenas II

32. (TRF 3ª Região – Juiz Federal Substituto – 2016) Dadas as assertivas abaixo a
respeito das OSCIPs, assinale a alternativa correta.

I – Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as


pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se
encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 1 (um) ano, desde que os respectivos
objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos pela Lei nº
9.790/1999.

II – Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse


Público, as sociedades comerciais, os sindicatos, as associações de classe ou de
representação de categoria profissional, nem as instituições religiosas ou voltadas para a
disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais.

III – Dentre os objetos sociais possíveis para a qualificação instituída pela Lei nº 9.790/1999
está o de realização de estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a
implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de
transporte.

Estão corretas:

a) Apenas I e II.

b) I, II e III.

c) Apenas II.

d) Apenas II e III.

33. (Cespe – TRF 5ª Região – Juiz Federal Substituto – 2015) Com relação às
entidades do terceiro setor e às pessoas jurídicas que integram a administração indireta,
assinale a opção correta.

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a) As OSs formalizam o regime de cooperação com o poder público por meio da celebração
de termo de parceria no qual são descritos, de modo detalhado, os direitos e as obrigações
dos pactuantes.

b) São passíveis de qualificação como OSCIP, entre outras entidades, as fundações


públicas e as sociedades civis ou associações de direito privado, desde que se dediquem a
atividades e objetivos sociais descritos na Lei n.º 9.790/1999, conhecida como Lei das
OSCIPs.

c) As fundações estatais, sejam elas de direito público ou de direito privado, somente podem
ser criadas por lei específica de iniciativa do chefe do Poder Executivo.

d) As empresas públicas devem ter a forma de sociedades anônimas; as sociedades de


economia mista, por sua vez, podem revestir-se de qualquer uma das formas admitidas em
direito.

e) As pessoas jurídicas de direito privado que pretendem qualificar-se como OSCIPs não
podem ter fins lucrativos e devem ter como objetivos, entre outros, a promoção gratuita da
educação e da saúde, da segurança alimentar e nutricional e do voluntariado.

34. (Cespe – TRF 5ª Região – Juiz Federal Substituto – 2015) Considerando a


disciplina legal acerca das agências reguladoras e das agências executivas, assinale a
opção correta.

a) Apenas as autarquias podem, mediante iniciativa do advogado- geral da União, ser


qualificadas como agências executivas, desde que possuam um plano estratégico de
reestruturação e de desenvolvimento institucional que definam diretrizes, políticas e medidas
voltadas para a racionalização de sua estrutura

b) A qualificação de uma entidade como agência reguladora é efetivada por meio de decreto
do chefe do Poder Executivo, a partir do que deverá assinar contrato de gestão com o
respectivo ministério ao qual é subordinada.

c) A agência executiva deve celebrar contrato de gestão com o respectivo ministério


supervisor, com periodicidade mínima de um ano, no qual se estabelecerão os objetivos,
metas e indicadores de desempenho da entidade, bem como os recursos necessários e os
critérios e instrumentos para a avaliação do seu cumprimento.

d) Pela técnica da deslegalização, mediante a qual o próprio legislador retirou certas


matérias do domínio da lei, as agências reguladoras podem editar atos normativos dotados
de conteúdo técnico que disciplinem matérias que deveriam ser reguladas por lei ordinária e
por lei complementar, desde que expressamente autorizadas pela legislação pertinente.

e) As agências reguladoras são autarquias com regime jurídico especial, dotadas de


autonomia em relação ao ente central, razão pela qual não se admite a interposição de
recurso hierárquico impróprio contra suas decisões nem a demissão de seus dirigentes,
salvo mediante sentença transitada em julgado.

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35. (Cespe – TRF 1ª Região – Juiz Federal Substituto – 2015) A lei federal X, dotada de
vigência e eficácia, estabeleceu normas regulatórias que condicionaram e limitaram o
exercício de atividades típicas para determinado setor econômico. Posteriormente,
promulgou-se a lei federal Y, a qual revogou expressamente a lei federal X. Por meio da
nova lei, determinada autarquia federal em regime especial foi criada com a função de
estabelecer padrões para o exercício do setor econômico em questão. Assim, a nova
autarquia assumiu as competências para regular esse setor de forma ampla, como a edição
de normas, o exercício do poder de polícia e a aplicação de penalidades, as quais eram
anteriormente exercidas diretamente pela União.

Em face dessa situação hipotética e das discussões doutrinárias e jurisprudenciais a


respeito da regulação e das agências reguladoras, assinale a opção correta.

a) Os atos normativos expedidos pelos entes reguladores têm natureza de atos


administrativos, não podendo modificar, suspender, suprimir ou revogar disposição legal,
nem tampouco inovar na ordem jurídica. O poder normativo dos entes reguladores está
limitado à complementação e à suplementação normativa da lei.

b) A lei federal Y, que promoveu a delegação legislativa, deve ser declarada inconstitucional,
pois é inadmissível, no sistema jurídico vigente, o esvaziamento das competências
exclusivas do Poder Legislativo por meio de sua transferência ao Poder Executivo.

c) A transferência, ao ente administrativo, da competência para dispor sobre matéria


anteriormente disciplinada por lei em sentido estrito, fundamentada no rebaixamento da
valoração objetiva das atividades reguladas, é um fenômeno conhecido como degradação
hierárquica.

d) A transferência da competência normativa da União para uma autarquia federal ofendeu


os princípios da tipicidade, da preeminência de lei, da legalidade e da separação dos
poderes.

e) A transferência das competências tipicamente legislativas para o novo ente


administrativo, que passou a exercer a atividade regulatória, é um fenômeno conhecido
como deslegalização ou como congelamento do grau hierárquico.

36. (Cespe – TRF 1ª Região – Juiz Federal – 2011) Na esfera federal, a qualificação de
uma autarquia ou fundação como agência executiva decorre de iniciativa exclusiva do chefe
do Poder Executivo.

37. (Cespe – TRF 1ª Região – Juiz Federal – 2011) Os ex-dirigentes das agências
reguladoras continuam vinculados à entidade no denominado período de quarentena,
durante o qual fazem jus à remuneração compensatória equivalente ao cargo de nível
imediatamente abaixo do cargo de direção que exerciam.

38. (Cespe – TRT 1ª Região – Juiz do Trabalho – 2010) Assinale a opção correta no que
se refere às agências reguladoras e às executivas.

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a) Mandato fixo e estabilidade para os dirigentes, que somente perderão o mandato em
caso de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de processo disciplinar,
são traços específicos das agências reguladoras.
b) As agências executivas, assim como as reguladoras, têm a função precípua de exercer
controle sobre particulares prestadores de serviços públicos, mas destas se diferenciam
porque têm, também, por encargo a execução efetiva de determinadas atividades
administrativas típicas de Estado.
c) O regime jurídico dos trabalhadores das agências reguladoras é o de emprego público,
regulado pela CLT.
d) A qualificação como agência executiva de autarquia ou fundação que tenha celebrado
contrato de gestão com o ministério supervisor somente pode ser efetivada por lei de
iniciativa do presidente da República.
e) A agência executiva, como autarquia de regime especial, deve ser instituída por ato
normativo do chefe do Poder Executivo. Nesse ato, devem ser definidas a organização, as
competências e a função controladora que a agência exercerá sobre os particulares
prestadores de serviços públicos.

39. (Cespe – MPE/AC – Promotor de Justiça – 2014) Em relação às entidades que


compõem a administração indireta, assinale a opção correta.
a) O consórcio público, criado por dois ou mais entes federativos para a gestão associada
de serviços públicos, com personalidade jurídica de direito público é denominado
associação pública com natureza jurídica de fundação de direito privado.
b) Segundo o TCU, os integrantes dos chamados serviços sociais autônomos, embora
sejam pessoas jurídicas de direito privado e não pertençam ao Estado, são regidos pelos
princípios da administração pública.
c) Por terem personalidade jurídica de direito privado, as sociedades de economia mista
submetem-se ao regime de recuperação judicial e de falência previsto para as sociedades
empresárias.
d) Para a criação de autarquias, basta a edição de lei autorizativa específica, não estando
sua existência condicionada à necessidade de posterior registro de seus atos constitutivos.
e) Por serem pessoas jurídicas, todas essas entidades devem registrar no cartório
competente os atos que as constituam.

40. (Cespe – TRF 5ª Região – Juiz Federal – 2013) Assinale a opção correta,
considerando a execução de serviços públicos por OSs e OSCIPs, em regime de parceria
com o poder público.
a) Denomina-se contrato de gestão o instrumento passível de ser firmado entre o poder
público e as OSCIPs destinado à formação de vínculo de cooperação para o fomento e a
execução de atividades de interesse público.
b) As empresas que tenham interesse em obter o qualificativo de OSs devem estar em
funcionamento a pelo menos dois anos e dedicar-se a uma das seguintes atividades:

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ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio
ambiente, cultura e saúde.
c) Para se qualificarem como OSCIPs, as pessoas jurídicas interessadas devem ser regidas
por estatutos cujas normas disponham expressamente sobre a observância dos princípios
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e universalização do
serviço.
d) Uma OS pode qualificar-se como OSCIP, desde que não tenha fins lucrativos, ao passo
que uma OSCIP não é passível de qualificação como OS.
e) Para serem consideradas OSs ou OSCIPs, as instituições não devem ter fins lucrativos,
ou seja, não podem distribuir entre os seus sócios, conselheiros, diretores, empregados ou
doadores, eventuais excedentes operacionais, dividendos, bonificações, participações ou
parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, os quais
devem ser aplicados integralmente na consecução de seu objeto social.

41. (VUNESP – TJ/MS – Juiz de Direito – 2015) Considerando a recente decisão do


Supremo Tribunal Federal em relação à Lei Federal nº 9.637/98, que dispõe sobre a
qualificação de entidades como organizações sociais e suas atividades, assinale a
alternativa correta.
a) A atribuição de título jurídico de legitimação da entidade como Organização Social, por
meio da qualificação, configura hipótese de credenciamento, na qual deve incidir a licitação
pela própria natureza jurídica do ato.
b) Os contratos a serem celebrados pela Organização Social com terceiros, com recursos
públicos, devem ser conduzidos de forma pública, objetiva e impessoal, com observância
dos princípios do caput do Art. 37 da CF, e nos termos de regulamento próprio a ser editado
por cada ente federativo contratante.
c) O afastamento do certame licitatório não exime o administrador público da observância
dos princípios constitucionais, de modo que a contratação direta das Organizações Sociais
deve observar critérios objetivos e impessoais, com publicidade de forma a permitir o acesso
a todos os interessados.
d) As organizações sociais, por não integrarem o Terceiro Setor, fazem parte do conceito
constitucional de Administração Pública, razão pela qual devem se submeter, em suas
contratações com terceiros, ao dever de licitar.
e) Os empregados das Organizações Sociais são equiparados a servidores públicos, por
isso que sua remuneração deve ter base em lei, aplicando-se também às Organizações
Sociais a exigência de concurso público.

42. (VUNESP – TJ/SP – Juiz de Direito – 2014) Quanto ao tema das OSCIPs
(Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público), é incorreto afirmar que
a) são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por particulares
para desempenhar serviços não exclusivos do Estado, com fiscalização pelo Poder Público.

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b) malgrado sejam pessoas jurídicas de direito privado, suas obras, compras, serviços e
alienações serão objeto de contrato realizado mediante regular processo de licitação,
utilizando-se o pregão nos bens e serviços comuns.
c) têm elas a mesma natureza jurídica e a mesma finalidade das Organizações Sociais,
regidas pela Lei nº 9.637/98, sendo instituídas por meio de contrato de gestão e exercendo
atividades de interesse público, anteriormente desempenhadas pelo Estado.
d) são formalizadas por meio de termo de parceria com a Administração Pública, sendo que
a outorga do título de OSCIP permite-lhes a concessão de benefícios especiais, tais como a
destinação de recursos públicos.

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GABARITO

1) C 31) a
2) a 32) d
3) E 33) e
4) E 34) c
5) E 35) a
6) C 36) E
7) C 37) E
8) E ==110463==

38) a
9) C 39) b
10) C 40) e
11) E 41) c
12) e 42) c
13) d
14) E
15) E
16) d
17) d
18) c
19) e
20) a
21) c
22) b
23) e
24) b
25) a
26) d
27) c
28) c
29) e
30) E

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Referências:
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo:
Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros,
2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.

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