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CRIMINOLOGIA

Sessão 4
CRIMINOLOGIA
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Conteúdos:

Criminalidade violenta

- Teoria da relação entre adições e violência.

- Teoria das perturbações da personalidade.

- Teoria das lesões cerebrais.

- Conclusão.
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Teoria da relação entre adições e violência

As evidências disponíveis sugerem que o consumo excessivo de álcool ou de


drogas está associado a cerca de metade dos crimes de violência doméstica e
a cerca de dois terços de outros tipos de crimes violentos. Também se estima
que aproximadamente metade das pessoas agredidas está sob o efeito de
álcool ou drogas.

Os dados disponíveis não são no entanto sempre claros sobre como e quando
os testes foram realizados, ou se foram sequer realizados testes fidedignos.
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Sabe-se também que o álcool, diferentes tipos de drogas e de atividades


aditivas, como o jogo, adições podem ter efeitos inibitórios (ou depressivos)
ou excitantes (euforia, redução de inibições sociais) e que as diferenças
podem estar relacionadas com interações específicas entre
neurotransmissores.

As drogas mais frequentemente associadas a crimes violentos são o crack/


cocaína e as anfetaminas em geral. No entanto, existem algumas evidências
que, mais do que os efeitos, são os estados de privação e de compulsão à
adição que estão mais frequentemente associados a crimes violentos.
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A dificuldade em estabelecer relações de causa e efeito e a existência de


efeitos diferenciados da maioria das adições ainda não permitiu clarificar a
contribuição das adições para a criminalidade violenta.
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Teoria das perturbações da personalidade

Muitos comportamentos excecionalmente violentos e sem motivações


evidentes estão associados a perturbações da personalidade, como a
esquizofrenia ou a paranoia. Ou seja, perturbações que tendem a impedir uma
avaliação racional dos estímulos de contexto ou a criar estímulos inexistentes
e dessa forma provocar respostas desajustas e incompreensivelmente
violentas.
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No entanto, a maioria das evidências disponíveis sugere que a proporção de


agressores com perturbações da personalidade é muito semelhante à que
existe nas populações em geral. Isto é, que este fator não apresenta peso
decisivo para a compreensão dos crimes mais excecionalmente violentos.
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Teoria das lesões cerebrais

Alguns estudos sugerem que 25 a 30% dos detidos pela prática de crimes
excecionalmente violentos e na sua maioria também sem motivações
evidentes apresentam lesões na área do lobo frontal e/ou nas áreas dos lobos
temporais.

Sabe-se que lesões nos lobos temporais estão associadas a dificuldades em


gerir emoções básicas (receio, ansiedade, medo, pânico) e a uma ausência
de sentimentos de culpa.
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Sabe-se, também, que lesões no lobo frontal estão associadas a dificuldades


de atenção, de concentração, de motivação, de aprendizagem, de
autocontrolo e de avaliação das consequências dos comportamentos.

Apesar da existência de uma possível relação entre lesões cerebrais e


comportamentos violentos, continua a carecer de mais evidência que tipo de
lesão é necessário para que esta relação aconteça.
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As evidências até agora recolhidas sugerem que a maioria das lesões tem na
sua origem agressões deliberadas, acidentes, adições prolongadas, tumores
ou partos forçados ou muito prolongados.

Apesar das limitações das pesquisas efetuadas nesta área de conhecimento,


o facto de a maioria das causas das lesões estar mais frequentemente
presente em sociedades e/ou comunidades que também apresentam uma
maior prevalência de crimes violentos continua a motivar um elevado
interesse por futuras evidências.
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Nesta sessão foram abordadas teorias que podem contribuir, ou vir a contribuir,
para uma melhor compreensão de crimes excecionalmente violentos que, pela
sua natureza, não são cabalmente explicáveis por recurso a outras teorias.

Para aprofundar os conhecimentos adquiridos aconselha-se a leitura dos


seguintes textos:

Graham, K., Bernards, S., Wilsnack, S. C., & Gmel, G. (2011). Alcohol may not cause partner
violence but it seems to make it worse: A cross national comparison of the relationship between
alcohol and severity of partner violence. Journal of interpersonal violence, 26(8), 1503-1523.
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Baguley, I. J., Cooper, J., & Felmingham, K. (2006). Aggressive behavior following traumatic brain
injury: how common is common?. The Journal of head trauma rehabilitation, 21 (1), 45-56.

Arseneault, L., Moffitt, T. E., Caspi, A., Taylor, P. J., & Silva, P. A. (2000). Mental disorders and
violence in a total birth cohort: results from the Dunedin Study. Archives of general psychiatry, 57 (10),
979-986.

Hoaken, P. N., & Stewart, S. H. (2003). Drugs of abuse and the elicitation of human aggressive
behavior. Addictive behaviors, 28 (9), 1533-1554.

Corrigan J., Bogner J. & Lamb-Hart G. (1999). Substance abuse and brain injury, in Rosenthal M.,
Griffith E., Kreutzer J., Pentland B. (eds.). Rehabilitation of the Adult and Child With Traumatic Brain
Injury. Philadelphia: FA Davis, 556-571.

Morrell, R. F., Merbitz, C. T., Jain, S., & Jain, S. (1998). Traumatic brain injury in prisoners. Journal of
Offender Rehabilitation, 27 (3-4), 1-8.
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Damasio, A. R., Tranel, D., & Damasio, H. (1990). Individuals with sociopathic behavior caused by
frontal damage fail to respond autonomically to social stimuli. Behavioural brain research, 41 (2), 81-
94.

Welte, J. W., & Abel, E. L. (1989). Homicide: drinking by the victim. Journal of studies on alcohol, 50
(3), 197-201.

Parker, R. N., & Auerhahn, K. (1998). Alcohol, drugs, and violence. Annual review of sociology, 24
(1), 291-311.

Goodman, R. A. et al. (1986). Alcohol use and interpersonal violence: alcohol detected in homicide
victims. American journal of public health, 76 (2), 144-149.
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Conclusão

A maioria dos crimes violentos está associada a mais do que um fator e, não
raras vezes, a uma conjugação de fatores. É relativamente raro encontrar um
crime que possa ser explicado por um único fator.

As teorias abordadas nestas últimas sessões permitem perceber a


prevalência e evolução da criminalidade violenta e, não menos importante, a
maioria dos crimes violentos que ocorrem nas sociedades contemporâneas.
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Não se esqueça de responder ao teste que está na Moodle da UL. Recorda-


se que terá apenas 15 minutos para o fazer, pelo que se recomenda estudo
prévio aprofundado dos conteúdos abordados nesta sessão.

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