Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Brent Brookbush
Função (resumida):
Estabilização do complexo lombosacral e arco longitudinal medial do pé,
responsável pela desaceleração (ação excêntrica) da perna de balanço na
marcha e controle da pronação/supinação do complexo pé/tornozelo, iniciando
no contato do calcanhar com o solo e continuando através da fase de apoio do
pé no ciclo da marcha. Esse subsistema é potencialmente o mecanismo
primário de propulsão durante a caminhada de baixa intensidade, e durante
atividades de alta intensidade é um mecanismo de comunicação
proprioceptivo, mandando informações ao cérebro sobre as forças de reação
do solo.
Artrocinemática Funcional:
Este subsistema desempenha um papel na estabilização do sacro e no
alinhamento da articulação sacroilíaca através do ligamento sacrotuberoso,
assim como, desempenha um papel no alinhamento artrocinemático do
complexo pé-tornozelo (N.T: A artrocinemática, segundo Neumann 2010, é
responsável por descrever o movimento entre as faces articulares de uma
articulação. Então o alinhamento artrocinemático se refere ao posicionamento
otimizado das estruturas envolvidas no movimento).
Função Integrada:
Comportamento Motor:
O subsistema longitudinal profundo pode ser apelidado de "Subsistema sempre
Hiperativo". Este subsistema torna-se reflexivamente hiperativo em resposta a
problemas da articulação sacroilíaca, coluna lombar, articulação tibiofibular,
tibiofemoral e complexo pé/tornozelo.
Aparece comumente pareado com hipoatividade (N.T: Atividade abaixo do
normal) de 2 subsistemas:
- Subsistema de Estabilização Intrínseca.
- Subsistema Oblíquo Posterior.
E também pareado com hiperatividade de outro subsistema:
- Subsistema Oblíquo Anterior.
Também aparece hiperativo em disfunções na parte inferior da perna e
complexo lombopélvico/quadril.
Efeito no Exercício:
Resumo:
Seleção de Exercícios:
Flexibilidade:
Liberação:
• Eretores da coluna (se usar autoliberação, liberar somente na área da
torácica).
• Bíceps femoral.
• Fibulares.
• Piriforme (se existe suspeita de problema na sacroilíaca).
Alongamento:
(N.T: Os nomes dos alongamentos estão em inglês porque essa questão de
nomenclatura de exercício é complicada, cada um chama como quer).
• "Child's Pose" (Eretores da coluna). (N.T: O que muitos aqui chamam de
"Alá", aquela posição sentado nos calcanhares estendendo os braços À frente).
• Pigeon Toed Calve Stretch (Fibulares). (N.T: Alongamento com os pés
para dentro, por isso a referência à pombo: pigeon em inglês).
• Active Biceps Femoris Stretch. (N.T: Alongamento ativo do bíceps
femoral).
Mobilização:
• Coluna torácica.
• Rotação do tronco deitado (automobilização da sacroilíaca).
Integração dos Subsistemas/Seleção de Exercícios Globais:
Treino de Resistido:
• Oblíquo Externo
• Fáscia Abdominal/Linha Alba
• Adutores Anteriores Contralaterais
• Oblíquo Interno
• Reto Abdominal
• Nota: O oblíquo interno e o reto abdominal não são tradicionalmente
vistos como parte do Subsistema Oblíquo Anterior. No entanto, baseado nas
minhas considerações de anatomia, função, pesquisas disponíveis e
observações na prática, adicionar estes músculos ao subsistema
subsistema adiciona
congruência ao nosso entendimento de sinergias musculares, comportamento
motor e modelos preditivos de problemas de movimento.
Artrocinemática Funcional:
O Subsistema Oblíquo Anterior é um importante estabilizador da cadeia
cinética anterior. Este subsistema tem pouco efeito direto na artrocinemática
articular (quando comparado ao Subsistema Oblíquo Posterior e a articulação
sacroilíaca); no entanto, está indiretamente envolvido na estabilização da
coluna lombar, torácica, gradil costal, sínfise púbica e quadril.
Esse subsistema é responsável pela desaceleração excêntrica da rotação e
extensão da coluna lombar e torácica - um padrão de movimento que pode
levar à compressão das articulações facetárias e da parte posterior do disco
intervertebral, o que tem sido um indicativo de lesão na coluna lombar.
O subsistema oblíquo anterior também tem envolvimento na desaceleração
excêntrica da inclinação pélvica anterior, especialmente em movimentos de
empurrar na posição em pé. Como uma inclinação pélvica anterior inclui a
extensão lombar, movimentos da articulação sacroilíaca e se não for realizado
em base simétrica pode incluir rotação: Da sacroilíaca, da lombar ou mudanças
na rotação pélvica, o que pode indicar o envolvimento desse subsistema.
Torção pélvica
Função Integrada:
Estes músculos desempenham um papel importante na transferência de forças
entre as extremidades superior e inferior e na estabilização da cadeia cinética
anterior. O subsistema oblíquo anterior é estressado na maior parte dos
movimentos de empurrar e nas rotações da cadeia cinética. Este subsistema
também funciona como um desacelerador da "supinação global do corpo" (Da
extensão com rotação da coluna, extensão, abdução e rotação externa do
quadril).
(N.T: Se refere à rotações de toda a cadeia cinética, como aquelas ocorridas
nos esportes. O exemplo seria um jogador de futebol que está de costas para o
gol, gira o corpo e inicia uma arrancada em direção ao gol adversário. Em
primeiro momento o subsistema age como um freio - contração excêntrica - do
início até a metade do giro. Em segundo momento realiza uma ação
concêntrica para completar o giro para que o atleta dispare em direção à meta
adversária).
A importância da desaceleração da supinação global do corpo pode ser vista
durante a "fase de carga" de um arremesso (N:T: Ou fase de contração
excêntrica dessa cadeia anterior. Como na preparação de um arremesso;
imagem abaixo).
Comportamento Motor:
Neste caso, provavelmente é melhor evitar exercícios que agravem ainda mais
a atividade do subsistema oblíquo anterior, exemplos incluem: pranchas,
abdominais tradicionais, chops (N.T: Exercícios de padrões diagonais, feitos de
cima para baixo, o que lembra a ação de cortar, provavelmente daí venha o
nome "chop", que numa tradução literal pode significar "cortar") e padrões de
empurrar em pé. Ao invés disso, o foco deveria ser na ativação do subsistema
intrínseco de estabilização e estabilidade estática, incluindo a manobra
"drawing-in" (N.T: A manobra de encolher a barriga).
Chop 1/2 ajoelhado no cabo
Reto Abdominal:
Pode o reto abdominal ser parte do Subsistema Oblíquo Anterior?
O reto abdominal é envelopado pela bainha do reto e a fáscia do
transverso abdominal e é divido pela linha alba. Estas estruturas auxiliam
na transmissão de força e podem influenciar o tônus dos músculos
envolvidos por elas. Isso incluiria o reto e os oblíquos abdominais. Além
disso, os tendões do reto abdominal e a linha alba são revestidos com
uma fáscia superficial que continua até os tendões dos adutores
anteriores. Na essência, a fáscia abdominal tem uma continuidade a
partir do abdome, através da sínfise púbica até os tendões dos adutores
anteriores e a fáscia superficial da parte anterior da coxa. A idéia da
continuidade fascial e de recrutamento sinérgico muscular para o
movimento do tronco são de fato as ideias centrais que levaram ao
conceito dos subsistemas do núcleo (N.T: Núcleo na tradução da palavra
core. Que é como muitas vezes eles chamam os subsistemas: "Core
Subsystems"). Embora o Subsistema Oblíquo Anterior seja
tradicionalmente apresentado como: Oblíquo externo, fáscia abdominal e
adutor longo contralateral (excluindo o reto abdominal) - a relação fascial
mais notável na realidade é entre o tendão do reto abdominal e o tendão
do adutor longo.
Oblíquo Interno:
A fáscia superficial abdominal e a linha alba são investidas pelos
oblíquos interno e externo e o reto abdominal. Esta continuidade fascial,
junto com a função compartilhada faz com que, muitas vezes, fique difícil
apontar quando estes músculos não estão agindo sinergisticamente. O
oblíquo interno assiste na rotação da coluna com uma co-contração (N.T:
Contração conjunta) do oblíquo externo contralateral. Sem essa co-
contração, o oblíquo externo iria produzir flexão lateral e/ou puxaria o
reto abdominal e a linha alba lateralmente, resultando em movimento
ineficiente. O oblíquo externo tem uma direção de fibras mais vantajosa
em termos mecânicos e uma área de secção transversa maior, mas essa
necessária sinergia entre os oblíquos interno/externo resulta em um par
inseparável.
Os oblíquos internos também são sinergistas para todos movimentos e
atividades associadas com o Subsistema Oblíquo Anterior, desde a
estabilização do tronco e transmissão de força para flexão e rotação
ipsilateral da coluna até a desaceleração da supinação (N.T: Se refere à
supinação global do corpo). Embora o oblíquo interno seja o terceiro em
habilidade de produzir força, atrás do oblíquo externo e do motor
primário, o reto abdominal, este músculo está envolvido em todas
atividades do subsistema oblíquo anterior.
Presumindo que este músculo seja parte do sistema muscular global, ele
teria o mesmo comportamento do oblíquo externo durante disfunção
postural, resultando na mesma seleção de exercícios. Se por acaso
acontecer deste músculo ser parte do Subsistema Intrínseco de
Estabilização, então o consideraríamos durante a ativação do
Subsistema Intrínseco/Transverso Abdominal, no entanto, isto não
mudaria nossa seleção de exercícios.
Efeito no Exercício:
Resumo:
Seleção de Exercícios:
Núcleo:
(N.T: Tradução de "Core")
Pode ser benéfico adicionar pranchas, abdominais tradicionais (N.T: O
que os americanos chamam de crunch, aquele abdominal feito com a
lombar no solo, fazendo a flexão) e padrões de "chops" na porção de
ativação do núcleo em um aquecimento integrado.
Treinamento Resistido:
Se alguém se apresenta com um subsistema oblíquo anterior hiperativo,
pode ser ideal continuar a usar "perna com puxada (Integração do
Subsistema Oblíquo Posterior)" durante Movimentos Globais.
Subsistema Lateral
Dando continuidade à série dos subsistemas, desta vez apresentando o
Subsistema Lateral.
• Glúteo Médio
• Adutores
• Quadrado Lombar Contralateral
• Tensor da Fáscia Lata
• Nota: O tensor da fáscia lata não é tradicionalmente visto como
parte do Subsistema Lateral. No entanto, baseado nas minhas
considerações de anatomia, função, pesquisas disponíveis e
observações na prática, adicionar este músculo ao subsistema adiciona
congruência ao nosso entendimento de sinergias musculares,
comportamento motor e modelos preditivos de problemas de movimento.
Função Integrada:
Comportamento Motor:
• Dominância Sinergística:
• Quadrado lombar
• Adutores
• Tensor da fáscia lata
• Inibição:
• Glúteo médio
• Subsistema intrínseco de estabilização
Resumo:
Seleção de Exercícios:
→ Liberar e Alongar:
→ Quadrado lombar
→ Adutores
→ Tensor da fáscia lata
→ Ativar:
→ Glúteo médio
→ Subsistema intrínseco de estabilização
Núcleo:
Use pranchas laterais como parte de sua rotina. Limite a flexão lateral da
coluna lombar, já que o quadrado lombar tende a se tornar hiperativo.
Prancha lateral
Treinamento Resistido:
Não existe diferença entre os exercícios selecionados para Integração do
Subsistema e os Movimentos Globais usados no Treinamento Resistido.
Se alguém se apresenta com um subsistema lateral subativo, o ideal
pode ser continuar com exercícios "Unipodais com Séries de Ombro - de
preferência no Plano Frontal". Pode também ser benéfico integrar tanto
atividades em uma perna quanto a habilidade individual do executante
permitir.
• Se você escolher usar o mesmo exercício para ambos (Integração
dos Subsistemas e Movimentos Globais), então o último exercício do
aquecimento será o primeiro do programa de treinamento resistido; sem
a necessidade de repetir séries.
• Se o cliente já solucionou a maioria das suas disfunções, você
pode adicionar outros padrões de movimento globais que podem ou não
estarem relacionados com sua disfunção de movimento.
• Poderíamos dizer que uma vez que seja completado um
aquecimento integrado; o conhecimento da avaliação de movimento e
dos subsistemas irão influenciar, e não ditar, a seleção dos exercícios
resistidos.
Bibliografia:
No outro artigo intitulado A Unidade Interna – Uma Nova Fronteira em Treinamento Abdominal,
nós discutimos a função do Transverso Abdominal, Multífido, Diafragma e a musculatura do
assoalho pélvico e sua importância como estabilizadores da coluna vertebral e das
extremidades. A principal mensagem desse artigo foi a de que a estabilização do Core através
da Unidade Interna precisa sempre anteceder a geração de força pelo Core ou pelas
extremidades.
O objetivo principal deste artigo será primeiramente explicar a anatomia da Unidade Externa, e
a seguir descrever as funções dos quatro sistemas elásticos da Unidade Externa e finalmente
demonstrar exercícios visando um, ou todos os sistemas elásticos de uma maneira metódica.
** Experiência clínicas mostram que músculos que tendem a se enfraquecer são comumente
alongados em relação ao comprimento ideal de descanso e o comprimento relativo de seus
antagonistas.
O sistema oblíquo posterior (1,2,4) (SP) consiste primariamente do Grande Dorsal e do Glúteo
Máximo contralateral (FIGURA 2).
O sitema oblíquo anterior (SA) (1, pag.59) consiste em uma relação entre a musculatura
abdominal oblíqua, a musculatura adutora contralateral e a fáscia abdominal anterior que se
estende entre eles. Os adutores trabalham em conjunto com os músculos oblíquo interno e o
oblíquo externo oposto, com ambos estabilizando o corpo sobre a perna de suporte e girando a
pélvis para frente, posicionando a pélvis e o quadril adequadamente para a entrada do
calcanhar no passo seguinte.
O Sistema Lateral (SL) (FIGURA 4) consiste em uma relação de trabalho entre o Glúteo médio,
Glúteo mínimo e os adutores ipsilaterais (1,3). Porterfield and DeRosa (3) indicaram uma
relação de trabalho entre o Glúteo médio e adutores de uma perna com o Quadrado Lombar
oposto. A experiência clínica do autor sugere enfaticamente que a musculatura oblíqua seja
sinergística com o Quadrado lombar durante a função elástica como vista na FIGURA 4.
Ao se erguer a perna na aula de step, o corpo precisa ser estabilizado sobre a perna esquerda.
A contração do Glúteo médio esquerdo e dos adutores estabilizam a pélvis em conjunto com a
ativação do Quadrado Lombar contralateral, que trabalha para elevar a pélvis suficientemente
para abrir espaço para a perna que se move. Caso o sistema lateral fadigue e a pessoa
continue a seguir fazendo a aula, ela será forçada a progressivamente começar a utilizar os
suportes passivos, como os ligamentos e discos na pélvis e na coluna. Essa disfunção é uma
fonte comum de lesões nas costas e nas pernas.
Para se entender melhor como o SLP e o SP funcionam, exploraremos suas ações no que é
certamente um dos nossos padrões de movimento mais primário, o andar.
Enquanto andamos, há uma ativação mínima e consistente dos músculos da Unidade Interna
para oferecer a rigidez muscular necessária para proteger as articulações, e dar suporte para
os grandes músculos primários da Unidade Externa (5). O recrutamento dos músculos da
Unidade Interna flutuarão em intensidade, necessária para manter uma adequada rigidez
articular e suporte, assim que as forças de inércia do movimento dos membros, a dinâmica e a
pressão intravertebral aumentam.
Ao andarmos, nós balançamos uma perna e o braço oposto para frente, no que é conhecido
como contra-rotação. Logo antes do pé atingir o chão, o Bíceps femoral se torna ativo (6). O
SLP utiliza a fascia tóraco-lombar e o sistema da musculatura paraespinhal para transmitir
energia cinética para a região acima da pélvis, enquanto usa o Bíceps femoral como um elo de
ligação entre a pélvis e perna. Por exemplo, Vleeming mostra que o Bíceps femoral se
comunica com o fibular longo na cabeça da fíbula, transmitindo aproximadamente 18% da
contração de forca do Bíceps femoral através do sistema de fáscias até o fibular longo (4).
De maneira interessante, o Tibial anterior, como o fibular longo, se conectam com o lado
plantar da cabeça proximal do primeiro metatarso. A significância dessa relação é considerada
quando se confirma que há um recrutamento do Bíceps femural e do Tibial Anterior logo antes
que o calcanhar atinja o chão, em conjunto com os fibulares, que agem como estabilizadores
dinâmicos da perna e pé(7). A dorsiflexão do pé e a ativação do Bíceps femoral logo
anteriormente à entrada do calcanhar no chão, ajudam a estimular o mecanismo da fascia
tóraco-lombar como uma maneira de estabilizar os membros inferiores e armazenando energia
cinética que será liberada na fase propulsiva do andar (4).
Como você pode observar na FIGURA 2, logo antes da entrada do calcanhar no chão, o Glúteo
Máximo alcança seu máximo alongamento, ao mesmo tempo em que o grande dorsal está
também sendo alongado pelo movimento anterior do braço oposto na fase de balanço. A
entrada do calcanhar significa a transição para a fase propulsiva do andar, quando a contração
do Glúteo máximo é superimposta à contração do Bíceps femoral (6). A ativação do Glúteo
máximo ocorre em conjunto com a ativação do grande dorsal contralateral, que agora está
estendendo o braço simultaneamente com a perna propulsora (1,2,4,5). A contração
sinergística do Glúteo máximo e do grande dorsal cria uma tensão na fascia tóraco-lombar, que
será liberada num pulso de energia que auxiliará os músculos da locomoção, reduzindo o gasto
metabólico desse movimento.
O conceito do Sistema Oblíquo Anterior (SA – FIGURA 3) tem se tornado muito popular
recentemente (1,4). Uma revisão da literatura mostra que o conceito espiral da ação músculo-
articulação foi entendida como integral ao movimento humano e exercícios corretivos por
Robert W. Lovett, M.D. (8) e pelo anatomista Raymond A. Dart no início do século 20 (9, 10).
Para esclarecer o ponto que diz que os movimentos se originam na coluna vertebral (core),
Gracovetsky descreve a geração de torque por uma coluna em forma de S (11). Ele exemplifica
dizendo que as pernas não são responsáveis pelo movimento de locomoção, são apenas
instrumentos de expressão, mostrando que um homem sem pernas também pode andar (2).
Em ambos exemplos do que Gracovetsky chama de Motor Espinhal (11), é evidente que as
energias cinéticas e potenciais da musculatura oblíqua abdominal, em conjunto com outros
músculos do Core, são primariamente responsáveis por criarem o torque que ativa esse Motor
espinhal; os oblíquos abdominais estão melhores situados para gerarem torque de rotação.
Ao se aumentar a velocidade para uma corrida, a ativação do Sistema Anterior se torna mais
proeminente.
As funções do SA podem ser apreciadas quando se corre na areia. Pelo fato que a areia cede
ao se iniciar a fase de apoio e a fase propulsiva, o timing do impulso das forças reativas do solo
são desarrumadas, resultando num controle ruim da fáscia tóraco-lombar, ou o que Margaria
(4) chama de sistema das molas inteligentes. O resultado é que você precisa aumentar o
trabalho dos abdominais para “sair” da areia. Muitos atletas que realizam o trabalho de sprints
na areia, notam uma fadiga no dia seguinte ou no segundo dia seguinte após o trabalho. Isto é
devido ao aumento da ativação do SA para compensar a perda da energia cinética, potencial e
muscular, que normalmente é absorvida e liberada em parte pelo sistema da fascia tóraco-
lombar. Gracovetsky relata que o uso de tênis de solado macio pode facilmente corromper o
timing do corpo, o que poderia muito bem resultar no aumento na carga de trabalho e
consequentemente no número de lesões (2).
Durante trabalhos de potência, como utilizando uma marreta (figura 5), o SA assume uma
função crítica, estabilizando como na locomoção, ainda assim auxiliando na propulsão da
marreta. Flexão e rotação do tronco, como um movimento de cadeia fechada sobre a perna de
apoio, são geradas pelos adutores, que auxiliam na flexão do tronco e rotação interna da pélvis
e são auxiliados pela gravidade. A ativação dos adutores ocorre em conjunto com o oblíquo
interno do mesmo lado (lado da perna de apoio) e oblíquo externo do lado contrário (braço que
arremessa), levando o corpo na direção necessária para mover o complexo dos braços e
ombros. As forças dessa unidade braço/ombro se unirão com as forças das pernas e tronco
sob ela, para produzir um poderoso impulso da marreta. Aqui se pode observar a função
poderosa do SA agindo.
O SISTEMA LATERAL
Porterfield e De Rosa (3), sugerem que a anatomia funcional dita que o Sistema Lateral fornece
a estabilidade necessária no plano frontal. Enquanto andamos, o SL se ativará na entrada do
calcanhar (início da fase de suporte), oferecendo estabilidade no plano frontal. Isto é
conseguido através de uma ação de forças conjuntas entre o Glúteo médio e mínimo, trazendo
a Crista Ilíaca em direção ao fêmur estável enquanto o Quadrado Lombar oposto e a
musculatura abdominal oblíqua ajudam , elevando o Ilíaco. Esta ação é necessária para se
abrir caminho para a perna que balança durante a locomoção, especialmente se você
considerar os terrenos que andávamos nos períodos evolutivos.
Durante atividades funcionais, como uma aula de step (Figura 4) ou simplesmente subir uma
escada (figura 6), o SL tem uma função crítica, estabilizando a coluna vertebral no plano
frontal. Estabilidade no plano frontal é muito importante para a longevidade da coluna vertebral,
pois os movimentos no plano frontal na Lombar e na Torácica são sempre associados com
movimentos no plano transverso: e movimentos excessivos de ambos irão rapidamente
agravar as articulações da coluna vertebral.
O SL fornece estabilidade que não só protege a coluna e o quadril que agem, mas é uma ajuda
necessária na estabilidade da pélvis e do tronco. Se o tronco se torna instável, a estabilidade
diminuída comprometerá a capacidade de cada músculo em gerar as forças necessárias para
mover a perna de balanço rapidamente, como necessário em muitas atividades no trabalho ou
em ambientes esportivos. Tentativas de se mover a perna de balanço, ou gerar força com a
perna de suporte durante a locomoção ou outras atividades funcionais, podem facilmente
comprometer a articulação sacro ilíaca e a sínfise púbica e causar uma disfunção cinética em
articulações em toda cadeia cinética.
Um exemplo clássico de uma disfunção do SL foi ilustrada por Sahrmann (13). Ela descreveu
uma transferência lateral do centro de gravidade de um atleta por sobre a articulação subtalar
enquanto na fase de suporte do movimento de locomoção (sinal de Trendelenburg), resultando
numa torção de tornozelo em inversão. Ao assistir seu curso em 1992, o autor descobriu
enfraquecimento de Glúteo médio e dor nas costas no lado oposto, decorrente de uma
sobrecarga de Quadrado Lombar, comumente encontrada em atletas que têm lesões contínuas
de torção de tornozelo.
Os músculos da Unidade Interna estão ocupados gerando uma rigidez articular e estabilidade
segmental. Eles trabalham durante longos períodos sob baixos níveis de contração máxima.
Os músculos da Unidade Externa, enquanto muito bem orientados em mover o corpo, também
são muito importantes para a estabilidade, normalmente agindo para proteger os músculos da
Unidade Interna, ligamentos da coluna e articulações para prever sobrecargas. Por exemplo,
considere este seguinte cenário:
O preparador físico coloca dois atletas para realizarem um trabalho de arremesso oblíquo da
medicine ball, sendo um atleta muito maior e mais forte que o outro, e nisso o atleta mais fraco
tenta segurar a medicine ball de 8 kgs arremessada contra ele a 60 Km/h! E ele descobre que
realmente era muito mais fraco! E ele não tinha a força na Unidade Externa para desacelerar a
medicine ball e é forçado até o limite da flexão e rotação do tronco, traumatizando seus discos
lombares inferiores, ligamentos e músculos intrínsecos da coluna (multífidus, rotadores,
intertrasversais e interespinais).
Independente do excelente nível de condicionamento da Unidade Interna do atleta mais fraco,
a falta de força em sua Unidade Externa relativamente ao seu parceiro, ou às demandas do
trabalho a ser realizado, resultará numa sobrecarga da Unidade Interna e conseqüentemente
lesão! Com uma boa análise das atividades no trabalho ou atividades esportivas, etc., você
verá que uma boa força excêntrica nos Sistemas da Unidade Externa é crucial para proteger a
Unidade Interna de sofrer estragos. Proteção da Unidade Interna através de um
condicionamento da Unidade Externa é uma meta que vale a pena, quando se considera que
uma propriocepção adequada é dependente de uma musculatura de Unidade Interna saudável
e as articulações que elas protegem!
Poderíamos continuar, enchendo a página com exercícios que fazem muito pouco para
aumentarem a funcionalidade do corpo. Muitos de vocês reconhecerão esses exercícios como
exercícios tradicionais de Bodybuilding. O que aconteceu então? Algum tempo atrás, nos dias
de Bill Pearl, os bodybuilders estavam construindo seus lindos physiques através de exercícios
funcionais como agachamentos, avanços, remada com a barra, remadas no cabo,
levantamentos terra e outros. Hoje, somos sobrecarregados pela era das máquinas, a era da
estética – um gancho emocional usado pelos fabricantes de máquinas para lhe convencer que
você terá uma melhor aparência se usar as suas máquinas.
Nosso corpo não foi designado para exercitar em máquinas, ele foi designado para agir no
mundo real (no meio da vida selvagem, na era pré-histórica!). Nós fomos designados numa
liberdade tridimensional, não bidimensional guiada, com exercícios irreais que estimulam
desequilíbrios musculares entre aqueles que servem como estabilizadores, e aqueles que
servem como músculos fásicos em qualquer movimento. Os programas motores desenvolvidos
nas máquinas são de pouca utilidade para o corpo, a não ser para mover as alavancas daquela
máquina, durante aquele exercício. Isto limita a funcionabilidade desse trabalho apenas para
aqueles que operam maquinários, como guindastes, escavadoras e ônibus para viverem, ou
seja, eles são as poucas pessoas que precisam aplicar as suas forças para alavancas, num
ambiente suportado, bidimensional.
Usando o seu novo entendimento dos sistemas da Unidade Externa, cuidadosamente analise
tais exercícios, como exercícios de puxar e empurrar (push e pull) como a Remada em pé
unilateral (Figura 7)(14) e press unilateral no cabo em pé (Figura 8)(15). Você verá que todos
os músculos da Unidade Externa são condicionados ao mesmo tempo, assim como são
usados na maioria do nossos trabalhos e atividades esportivas.
Exercícios com a medicine ball, com peso livres, eram muito mais populares nas décadas de
40, 50, 60 e 70 do que são hoje em dia. Grandes atletas daquele tempo usavam exercícios
como o arremesso oblíquo de medicine ball e a flexão-passe(16), para não mencionar outras
100 variações de exercícios com a medicine ball (17).
CONCLUSÃO
A Unidade externa consiste de quatro sistemas, o longitudinal profundo, o posterior oblíquo, o
anterior oblíquo e o lateral. Estes sistemas são dependentes da Unidade Interna para uma
rigidez articular controlada e estabilidade necessária para criar uma plataforma de geração de
força efetiva. Uma deficiência da Unidade Interna em trabalhar na presença de uma demanda
da Unidade Externa, normalmente resulta em desequilíbrio muscular, lesão articular e
performance abaixo do possível. A Unidade Externa não pode ser condicionada efetivamente
em padrões de movimentos funcionalmente transferidos quando usando máquinas modernas
de musculação. Um condicionamento efetivo de Unidade Externa deve incluir exercícios que
exijam uma função integrada das Unidades Interna e Externa, usando padrões de movimentos
comuns para o trabalho ou atividade esportiva de qualquer cliente.
Referências:
1. Lee, D. (1999). The Pelvic Girdle. 2nd Ed. (pag.60) Churchill Livingstone.
2. Gracovetsky. S.A.(1997). Linking the Spinal engine with the legs: a theory of human gait.
(pag.243-251). In: Movement, Stabiity & Low Back Pain – The essencial role of the pelvis.
Vleeming, A., Mooney, V., Dorman, T., Snijders, C. & Stoeckart, R. (Eds.) Churchill Livingstone.
3. Porterfield, J.A. & DeRosa, C. (1991). Mechanical Low Back Pain – Perspectives in
Functional Anatomy. W.B Saunders Co.
4. Lee, D. & Vleeming, A. (1999). Movement, Stability and Low Back Pain. (Course Notes).
St.Charles Hospital and Rehabilitation Center, New York January 30, 1999 – February 1, 1999.
5. Richardson, C., Jull, G., Hodges, P. & Hides, J. (1999). Therapeutic Exercise for Spinal
Segmental Stabilization in Low Back Pain. Churchill Livingstone.
6. Inman, V.T., Ralston, H.J. & Tood, F. (1981). Human Walking. Williams and Wilkins.
7. Travell, J.G. & Simons, D.G. (1992). Myofascial Pain and Dysfunction – The Trigger Point
Manual Vol. 2. Williams and Wilkins.
8. Lovett, R.W. (1912). Lateral Curvature of the Spine and Round Shoulders. P. Blakinston’s
Son & Co. Philadelphia.
9. Dart, R.A. (1947). The Double-Spiral Arrangement of the Voluntary Musculature In The
Human Body. Surgeons’ Hall Journal Vol. 10 Number 2, October, 1946 – March 1947.
10. Dart, R.A. (1950). Voluntary Musculature in The Human Body – The Double Spiral
Arrangement. The British Journal of Phisical Medicine. December, 1950 Vol.13 No. 12 Nem
Series
11. Gracovetsky, S. (1988) The Spinal engine. Springer-Verlag Wien, New York.
12. Basmajian, J.V. & De Luca, C.J. (1979). Muscles Alive – Their Functions Revealed by
Electromyography 5th .Ed.(pag.386-387). Williams and Wilkins.
13. Sahrmann, S. (1992). Diagnosis and Treatment of Muscles Imbalances associated with
Regional Pain Syndromes – Level 1 (Course Notes) Los angeles, CA September 19-20, 1992
14. Chek, P. (1997) Gym Instructor Video Series Volume 3 – Rows, Pulls, Chins and the
Deadlift, Video. C.H.E.K. Institute, Encinitas, CA.
15. Chek, P. (1997) Gym Instructor Video Series Volume 2 – Pushing and Pressing Exercises,
Video. C.H.E.K. Institute, Encinitas, CA.
16. Chek, P. (1996) Paul Chek’s Medicine Ball Workout Video. C.H.E.K. Institute, Encinitas, CA.
17. Chek, P. (1996) Paul Chek’s Medicine Ball Training Correspondence Course. C.H.E.K.
Institute, Encinitas, CA.
18. Chek, P. (1996) Swiss Ball Exercise Correspondence Course. C.H.E.K. Institute, Encinitas,
CA.