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W W W . F O R T I U S . C O M .

B R

E-BOOK ANATOMIA
Melhores artigos sobre o tema

Prof. Marcus Lima

Esta é uma compilação de artigos publicados originalmente no meu blog Limatreinamento e no blog

do Instituto Fortius que tem como tema assuntos relacionados à anatomia.

Diferentemente do ebook que montamos sobre treinamento físico, em que todos artigos eram do

mesmo autor, excetuando o último, o presente material reflete uma variedade maior,

consequentemente a abordagem não é uniforme.

Selecionei artigos que abrangessem todas regiões do corpo. Um que trata sobre a coluna, um da

região dos membros inferiores, um de membros superiores, um sobre a fáscia, onipresente no corpo

humano e finalizando com um artigo que trata de estudos de caso.

Como não poderia deixar de ser, dado o volume de material à disposição, alguns bons artigos

ficaram de fora, dando margem a que mais compilações saiam futuramente.

Espero que gostem.


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Í NDICE

Anatomia da Articulação Sacroilíaca

Variações do Quadril e o Agachamento 

Anatomia do Ombro 

Trilhos Anatômicos e a Fáscia 

Estudos de Caso de Chuck Wolf

ANATOMIA DA ARTICULAÇÃO SACROILÍACA


KATHY DOOLEY

A articulação sacroilíaca é uma enorme articulação estável que tem componentes fibrosos e móveis. As

superfícies auriculares do ílio e do sacro se articulam para formá-la.

Mesmo em nossa juventude, esta articulação busca mais estabilidade do que mobilidade.

Os densos ligamentos anteriores e posteriores sacroilíacos ancoram os ossos um contra o outro,

enquanto servem como pontos de fixação para importantes ligamentos que se inserem:

Na tuberosidade isquiática (através do ligamento sacrotuberoso ou sacrotuberal);

No cóccix (através dos ligamentos sacrotuberoso e sacrococcígeo dorsal) e;

Na coluna lombar inferior (através do ligamento iliolombar).


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A sacroilíaca apresenta um ligamento especial chamado ligamento interósseo, que ajuda a prevenir a

mobilidade excessiva, já que a sacroilíaca estabiliza a pelve. Demonstrando a natureza fibrosa desta

articulação.

A irrigação para a sacroilíaca vem da divisão posterior da artéria interna ilíaca.

A inervação para a articulação é controversa na literatura. Os estudos concordam que esta massiva

articulação recebe uma sobreposição de inervação de muitos nervos lombossacrais, que inclui os

seguintes:

Nervo obturatório (L2-L4);

Tronco lombossacral (L4-L5);

Nervo glúteo superior (L4-S1) e;

Ramos ventrais dos primeiros nervos sacrais.


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A articulação sacroilíaca tem um movimento limitado, ela realiza uma inclinação anterior chamada

nutação e uma inclinação posterior chamada contranutação (N.T: Verticalização do sacro). Devido às

grossas inserções ligamentares, a sacroilíaca possui menos de 2 º de movimento no plano transverso.

As conexões a partir dos ligamentos da articulação sacroilíaca se misturam com o ligamento

iliolombar, a mesma inserção para os músculos quadrado lombar e ilíaco. Estes dois músculos servem

como estabilizadores para esta articulação.

Se ocorre um desequilíbrio muscular entre estes dois (ilíaco e quadrado lombar), a estabilidade

dinâmica para a articulação sacroilíaca é alterada. Muito frequentemente, isto resulta em uma

inclinação anterior da pelve, que comprime o aspecto anterior da articulação. Frequentemente a dor

é percebida na parte posterior, que está em alongamento.

Para retornar a uma posição de menor compressão, é necessário avaliar os desequilíbrios musculares

e descomprimir a articulação. Este quadro é frequentemente referido como "Síndrome Cruzada

Inferior".
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Quando a sacroilíaca se apresenta comprimida, os culpados mais comuns da contração concêntrica

(encurtamento muscular) são os seguintes músculos:

Facilitação do ilíaco.

Facilitação do eretor da espinha.

Facilitação do quadrado lombar

(embora possa também se apresentar inibido pelos

eretores).

Facilitação no piriforme.

Facilitação no coccígeo (através do ligamento

sacrotuberoso).

(N.T: O termo "facilitação" se refere a músculos que

estão hiperativos, com excesso de atividade elétrica).

Neste caso, os músculos comumente inibidos se encaixam na apresentação da "síndrome cruzada

inferior" e incluem os seguintes:

Inibição nos abdominais, especialmente o reto e o transverso abdominal.

Inibição nos multífidos lombares.

Inibição no glúteo máximo.

Inibição no psoas maior.

(N.T: Aqui o termo inibido refere-se a músculos que se encontram hipoativos, com baixa atividade

elétrica, compensando pelo excesso de ativação de outros. A analogia que pode ser feita é a

seguinte: Se um fala demais em uma conversa, os outros interlocutores ficam quietos, compensando

pelo excesso de fala do mais exaltado no bate-papo).

LEMBRETE

Quando os músculos falham, os ligamentos tem que segurar a barra. Eles não são tão dinâmicos

como os músculos e não tem o abundante suprimento sanguíneo proporcionado aos músculos. Mas os

ligamentos são dotados de propriocepção e alguma nocicepção. E alterações articulares podem

certamente aumentar a tensão capsular posterior, aumentando o potencial para a percepção da dor.

Então sim, você pode senti-los.

Ligamentos irritados podem requerer um processo inflamatório para se curar. Eles também exigem

que os músculos comecem a trabalhar em sinergia novamente, para manter a arquitetura dinâmica

enquanto os ligamentos se curam.

O reverso também pode acontecer, especialmente com trauma e gravidez. Os ligamentos

sacroilíacos podem tornar-se frouxos, permitindo mais movimento rotacional do que normalmente é

permitido.
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Os músculos podem não ter tempo para desenvolver o controle motor para se ajustarem à nova

amplitude de movimento. Isso pode resultar em descompressão na sacroilíaca, combinado com

desconforto na articulação.

Se trabalhar com uma sacroilíaca lesionada ou no pré/pós natal, é preciso um cuidado especial em

ensinar como usar melhor as articulações adjacentes, como a coluna lombar e o quadril.

Ao aprender a ter estabilidade abdominal, a articulação sacroilíaca não será capaz de se mover tão

livremente no ligamento iliolombar e articulação lombossacra.

Ao aprender a ter controle

apropriado no quadril, a sacroilíaca

será desafiada a estabilizar pelo

quadril, que requer mobilidade.

Técnicas apropriadas de

agachamento e de padrão de flexão

do quadril funcionam muito bem

nesta população, especialmente

porque eles têm problema ao sair da

cama ou de levantar e sentar em uma

cadeira.

(N.T: Padrão de flexão do quadril ou

como os americanos chamam:

Dobradiça do quadril. O mesmo

padrão de movimento usado em um

levantamento terra. Ao lado um

popular exercício usando uma bastão

para o indivíduo aprender tal

padrão).

Considere ver um especialista em

movimento se a dor na articulação

sacroilíaca não está passando.

Como sempre, é com você.

Artigo Originalmente publicado no Blog do Instituto Fortius:


https://fortius.com.br/anatomia-da-articulacao-sacroiliaca/
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VARIAÇÕES DO QUADRIL E O AGACHAMENTO


DEAN SOMERSET

Em um workshop recentemente, pedi a um grupo de 50 profissionais do treinamento, fisicamente

ativos, que fizessem o melhor agachamento (sem peso) que pudessem em uma posição que

parecesse confortável, não produzisse dor e que fosse o mais profundo possível. Como se pode

imaginar, olhando ao redor da sala notei 50 agachamentos diferentes. Alguns com uma base mais

larga, mais estreita, agachando mais profundo, mais alto, pés para fora, ou alguma variação disso

tudo.

Essas diferenças significam que existe um padrão o qual todos deveriam buscar? E aqueles que não

se encaixam no padrão deveriam tentar melhorar a mobilidade ou força ou equilíbrio para alcança-

lo? Talvez, mas provavelmente existe um monte de outras razões pelas quais 50 pessoas têm 50

agachamentos diferentes.

Um requerimento padrão para o powerlifting.

(N.T: Esporte de levantamento de pesos que envolve o

agachamento, levantamento terra e o supino) é uma

profundidade do agachamento em que as cristas ilíacas

fiquem abaixo da posição vertical dos joelhos. Este é

provavelmente o único requerimento para profundidade

de agachamento que existe por aí.

A recomendação universal de “bunda no chão” pode

parecer legal no papel (Ou em vídeos no Youtube ou

Instagram), mas pode ser algo relativamente difícil para

algumas pessoas alcançar e para outras pode ser

impossível, independente de quanto trabalho de

mobilidade ou tecidos moles se faça. Os benefícios do

agachamento profundo parecem estar reservados

somente para àqueles que conseguem acessar a

amplitude de movimento sem algum problema de

compensação.

Vamos considerar questões como diferenças

antropométricas entre indivíduos. Alguém que é mais

alto terá uma maior amplitude de movimento a percorrer

para alcançar a posição paralela (N.T: Fêmur paralelo ao

solo) do que alguém que é baixo.


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Pessoas com o fêmur mais longo em relação ao tronco (N.T: Relação/proporção entre o fêmur e o

tronco) terão maior dificuldade em manter o equilíbrio sobre a base de suporte, comparado com

aqueles que têm o fêmur mais curto.

Um fêmur longo pode ser qualquer um que compreenda mais de 26% da altura do indivíduo. Então

alguém que é alto e tem fêmures longos terá problemas em agachar profundo ou abaixo da linha

paralela, simplesmente devido ao comprimento dos membros tornarem mais difícil permanecer dentro

da base de suporte durante o movimento do agachamento sem perder o equilíbrio.

Não tão conhecido é o grau de retroversão ou anteversão do colo femoral. O corpo (diáfise) do fêmur

nem sempre é uma linha reta, se inserindo na pelve com um alinhamento de um ângulo de 90 . º

O colo femoral pode ter um ângulo anterior (cabeça do fêmur é anterior à diáfise) uma posição

conhecida como anteversão ou ter um ângulo posterior (cabeça do fêmur é posterior à diáfise) uma

posição conhecida como retroversão. Zalawadia et al, 2010 (N.T: Imagem abaixo) mostraram que as

variâncias nos ângulos do colo femoral podem ser mais do que 24 º entre as amostras, o que pode ser
uma diferença enorme quando se trata da capacidade de mover uma articulação através de sua

amplitude de movimento.
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O acetábulo também pode estar em uma posição de anteversão ou retroversão, e esta diferença por

º
si só pode ser mais de 30 . Isto significa que o acetábulo mais antevertido daria a alguém 30º extras

de flexão quando comparado a alguém com o acetábulo mais retrovertido, mas em compensação

essa pessoa (N.T: Com acetábulo mais retrovertido) teria 30 º extras de extensão.

Também existem diferenças no “Ângulo Centro-Borda”, ou o ângulo entre o centro da cabeça femoral

através de seu eixo vertical e a borda externa do acetábulo lateral. Laborie et al, 2013mediram este

ângulo em 2038 jovens de noruegueses de cerca de 19 anos e encontraram ângulos de 20,8 º até 45º,
com uma média de 32 º em meninos e 31º em meninas.
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Agora adicionemos outro componente ao problema, existe também o fato de que os quadris direito e

esquerdo podem apresentar ângulos diferentes. Zalawadia mostrou que o ângulo de anteversão e

retroversão do fêmur podem ser significativamente diferentes entre o direito e esquerdo e que, às

vezes, a diferença é de mais de 20 . º

Tudo isto pode ter um impacto direto na amplitude de movimento disponível. Não se pode facilmente

mobilizar osso com osso e criar uma nova amplitude a partir desta interação, então se alguém tem

quadris onde o formato e o alinhamento ósseo não criam um contato precoce em uma direção

específica (N.T: Referindo-se à direção do movimento do quadril, flexão, extensão, abdução, etc.), em

comparação com alguma outra pessoa que tem um formato e alinhamento diferentes no quadril, isto

irá aparecer em termos de mobilidade geral.

Elson e Aspinal, 2008 mostraram que pode haver

uma enorme variação em movimentos ativos e

passivos do quadril em diferentes faixas etárias

e gêneros. Eles mostraram que a flexão do

quadril varia entre 80-140 º (média de 125º) sem


arredondar a lombar, uma estrita elevação ativa

da perna (N.T: Imagem ao lado) sem arredondar

a lombar varia de 30-90 º (média de 70º) e a


elevação ativa da perna com arredondamento da

lombar varia de 50-90 º (média de 86º).

º a mais de flexão do quadril do que outro


Isto significa que alguém em sua amostra conseguia ter 60

indivíduo da mesma amostra. Existiu também uma faixa de 5-40º de extensão do quadril ao longo de

uma faixa etária que variou de 19-89 anos, essa é uma diferença notável, especialmente se você

trabalha com a população em geral, onde qualquer um entra pela porta da academia e faz

agachamentos.
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D’Lima et al, 2000 encontraram a flexão do quadril tão baixa quanto 75 , º


com 0º de anteversão acetabular ou femoral, mas tão alta quanto 155º,
com 30º de anteversão acetabular ou femoral. Um aumento no

diâmetro do colo femoral tão pequeno quanto 2mm foi capaz de reduzir

º
a amplitude de flexão do quadril de 1,5 - 8,5 , dependendo da direção do

movimento.

Então, essencialmente, sua capacidade de alcançar uma amplitude de movimento específica é muito

devido à sua geometria articular única e não tão dependente de sua força e mobilidade.

Em muitos casos, isso é independente inteiramente de força e mobilidade e nenhuma quantidade de

alongamento, liberação, amassamento, etc. irá melhorar essa amplitude. Na verdade, em muitos

casos tentar alcançar maior amplitude de movimento, que está fora de alcance das suas articulações,

irá resultar em contato osso com osso e irritação articular (potencialmente levando à impacto

femoroacetabular) ou movimentos compensatórios de outras articulações como a sacroilíaca ou a

coluna lombar.
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Portanto, depois de apresentadas as muitas questões envolvendo esta estrutura e quão impactantes

estas questões são para o movimento resultante dos quadris durante os exercícios, como podemos

determinar se existe ou não um fator limitante?

O que temos disponível é uma avaliação detalhada que tenha o foco em uma combinação de

fatores/características:

Envolvendo uma avaliação passiva que assume uma hipotética amplitude de movimento

articular e capacidade de realizar a tarefa;

Uma avaliação ativa para ver como o indivíduo usa a sua amplitude e se existe uma

diferença entre os dois;

Para então determinar a força muscular ou a aptidão dos padrões motores e quais são as

melhores ferramentas que temos à disposição. Para finalmente treinarmos os movimentos

necessários.

Ao usar múltiplas abordagens para avaliar a amplitude de movimento disponível, podemos ter

múltiplos pontos de vista e formar um quadro mais amplo do que está acontecendo.

Se alguém tem a capacidade de facilmente tocar os joelhos no peito deitado na maca e agacha até

o chão então obviamente não existe restrição. Se ele apresenta problemas para passar dos 90 º de

flexão do quadril, mesmo estabelecendo uma base mais larga, abduzindo e fazendo um maior

rotação externa dos quadris, a amplitude de movimento é limitada em todos os múltiplos testes, e a

capacidade de agachar é limitada, exibindo uma flexão lombar quando chega próximo dos 90 º de

flexão do quadril as chances são de que mobilizar os tecidos para produzir uma amplitude de

movimento significativamente maior são bem limitadas.

Avaliação passiva da estrutura do quadril


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Flexão ativa do quadril contra a gravidade

Flexão ativa do quadril em posição quadrúple


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Avaliação do agachamento com suporte


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Se todos estes testes mostram uma limitação de movimento específica, consistente em todas as

situações, pode-se presumir que exista uma limitação estrutural versus uma insuficiência passiva,

fraqueza, ou outras considerações (N.T: Ou seja, é provavelmente um problema estrutural). Se o teste

ativo é limitado, mas o teste passivo ou os movimentos com assistência são bons, pode ser que seja

uma limitação de força ou de padrões motores.

Agora, claro, existem muitos freios que podem restringir a amplitude de movimento, desde questões

como cicatrizes e algumas restrições de tecidos moles. Fazer algum tipo de trabalho para reduzir isso

pode ajudar a melhorar a amplitude em geral do movimento, mas muitas vezes os ganhos serão

limitados a um mínimo. Em muitas situações os professores de educação física e fisioterapeutas

podem trabalhar em melhorar a amplitude de movimento por semanas ou meses e não ver melhora

alguma.

Como mencionado anteriormente, pode haver também um elemento de assimetria estrutural em jogo

que pode necessitar de uma configuração assimétrica para o movimento, onde um pé pode estar

mais para fora ou ligeiramente mais para frente ou para trás ou até mesmo um calço sob um

calcanhar apenas no momento de agachar.

A diferença entre isto e um avanço/passada (N.T: Lunge em inglês) é meramente o quão atrás aquele

pé elevado está em relação ao outro pé, mas, novamente, estamos tirando vantagem de potenciais

assimetrias na estrutura e permitir uma configuração assimétrica para estar mais de acordo com o

indivíduo.

Outra maneira de pensar sobre estas questões é: Se tivermos uma estrutura potencialmente

assimétrica e forçarmos uma configuração simétrica podemos estar criando um desequilíbrio ou

elemento compensatório em nosso treinamento ao invés de estarmos prevenindo.

Referências Bibliográficas

Zalawadia, A., Ruparelia, S., Shah, S., Parekh, D. Patel, S., Rathod, S. P., Patel, S. V. Study of Femoral

Neck Anteversion Of Adult Dry Femora In Gujarat Region. NJIRM 2010.

Elson, R. A., Aspinall, G. R. Measurement of Hip Range of Flexion-Extension and Straight-leg Raising.

Clinical Orthopaedics and Related Research, 2008.

Laborie, L. B., Engesæter, I. Ø., Lehmann, T. G., Sera, F., Dezateux, C., Engesæter, L. B., Rosendahl, K.

Radiographic measurements of hip dysplasia at skeletal maturity—new reference intervals based on

2,038 19-year-old Norwegians. Skeletal Radiol, 2013.


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D'Lima, D. D., Urquhart, A. G., Buehler, K. O., Walker, R. H., Colwell, C. W. Jr. The effect of the

orientation of the acetabular and femoral components on the range of motion of the hip at different

head-neck ratios. J Bone Joint Surg Am, 2000.

Neumann, D. A. Cinesiologia do Aparelho Musculoesquelético: Fundamentos para Reabilitação 2 ª Ed.

Elsevier, 2011.

Artigo Originalmente publicado no Blog do Instituto Fortius:


https://fortius.com.br/variacoes-no-quadril-e-o-agachamento/
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ANATOMIA DO OMBRO
RYAN DEBELL

Quando se trata de mobilidade articular o ombro é rei. É a articulação mais móvel do corpo humano.

Com isso dito, não podemos esperar que todos os ombros desempenhem da mesma maneira e

tenham a mesma quantidade de mobilidade, não importa quanto de alongamento as pessoas façam.

Assim como existem diferenças na anatomia da articulação do quadril que afeta o agachamento e

outros movimentos (N.T: Como vimos no artigo anterior e em outros do mesmo tema no Blog do

Instituto Fortius e no Blog Limatreinamento), existem diferenças anatômicas entre os ombros,

diferenças no formato dos ossos que irão afetar a mobilidade da flexão do ombro acima da cabeça.

Neste artigo iremos discutir as variações anatômicas dos ossos do ombro e como isso afeta a

amplitude de movimento.

O que Limita a Amplitude de Movimento?

Todas articulações têm um limite para sua amplitude de movimento - e isso é uma coisa boa.

Eventualmente algo que não pode ser modificado (e não deveria) irá limitar a amplitude da

articulação.

Se assim não fosse as articulações seriam instáveis e iriam se desmontar.

As seguintes estruturas limitam a amplitude de movimento articular:

Tônus muscular

Aproximação dos tecidos moles

Aproximação óssea

Tensão passiva do tecido

Para entender essas limitações fizemos um podcast (N.T: Podcast Mobility, Stability) cobrindo as

diferenças entre mobilidade ativa e passiva que elaboram estes conceitos.


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Anatomia Óssea do Ombro

A ideia que qualquer um, com alongamento, pode alcançar a mesma amplitude de movimento no

ombro é falsa. Como podemos saber? Vamos discutir a anatomia óssea do ombro.

A articulação é formada por 2 ossos:

Úmero

Escápula

Na escápula está a cavidade

glenóide onde a cabeça do úmero se

articula. Juntos eles formam a

articulação de "bola e soquete", um

tipo de articulação altamente móvel.

A escápula tem 3 partes principais

que podem variar de pessoa à

pessoa e irão afetar a mobilidade do

ombro:

1. O acrômio

2. A cavidade (N.T: ou

fossa) glenóide

3. A curvatura do corpo escapular

O úmero também varia em sua

torção de pessoa para pessoa.

(N.T: A cabeça do úmero é virada

para trás se tomarmos como

referência um eixo medial-lateral, ou,

em outras palavras, de um lado a

outro.

A rotação conhecida como

retroversão - latim retro = para trás +

verto = virar - alinha a cabeça umeral

com o plano escapular.


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Pesquisadores inclusive encontraram diferenças na quantidade de retroversão, e, portanto, da

torção, dentro do mesmo indivíduo. Arremessadores de beisebol de elite têm uma retroversão umeral

maior no braço dominante, teoriza-se que seja uma adaptação óssea decorrente da prática

esportiva.

Chant et al. Humeral head retroversion in competitive baseball players and its relationship to

glenohumeral range of motion. J. Orthop Sports Phys Ther. 2007).

Veja a imagem abaixo com dois tipos diferentes de úmeros:

Podemos ver que a orientação da parte óssea mais perto da câmera (a cabeça do úmero) é similar

entre os 2, mas a parte mais afastada da câmera (a parte distal do úmero, se articula com a ulna e

o rádio para formar o cotovelo) tem posições diferentes.

Isto se dá devido ao osso ser torcido.

Adicionalmente, todo ombro é dependente da coluna torácica e do gradil costal.

Uma vez que a escápula repousa sobre o gradil costal, sua posição no espaço irá mudar quando o

gradil costal se move.

Se a coluna torácica está flexionada a posição da escápula muda, o que leva a uma mudança da

cavidade glenóide e acrômio no espaço, limitando a mobilidade do ombro acima da cabeça.

O acrômio está diretamente ligado a levantar o braço acima da cabeça, então vamos analisá-lo

um pouco mais a fundo.


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Acrômio

Classicamente existem 3 tipos de acrômio:

Tipo I

Tipo II

Tipo III

A imagem mostra uma representação artística dos 3 tipos que em geral se encontra. Baseado nisso,

o Tipo 1 permite a maior mobilidade do braço acima da cabeça enquanto o do Tipo 3 a menor,

baseado na estrutura óssea.

Mas ilustrações como essas não nos mostram realmente as variações tão bem quanto fotos reais dos

ossos. Vejamos algumas fotos reais, cortesia de Paul Grilley, mostrando algumas diferenças

anatômicas e suas implicações na mobilidade do ombro.

Na foto abaixo, podemos ver duas escápulas diferentes (vistas de frente). Se pode observar que na

escápula da direita o acrômio se estende mais lateralmente sobre a cavidade glenóide (N.T: Criando

uma maior cobertura, como um teto, que muito provavelmente irá limitar mais o movimento do braço

acima da cabeça), na da esquerda nem tanto.

Adicionalmente, podemos ver que existe uma diferença no ângulo do processo coracóide (N.T: O

processo coracóide da escapula da esquerda tem um posicionamento mais horizontal, enquanto que

o da escápula à direita é mais inclinado).


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A próxima foto mostra uma visão lateral de duas escápulas esquerdas, podemos notar que a

escápula da esquerda irá permitir uma maior mobilidade do que a da direita devido à cobertura do

acrômio. Isso não será modificado com alongamentos.

Na próxima foto vemos duas escápulas direitas por trás, se pode notar a diferença dramática na

anatomia óssea entre as duas.

Qual acha que limitaria a mobilidade do braço acima da cabeça?

Baseado nas fotos parece que há menos cobertura acima da cavidade glenóide na escápula da

direita, o que levaria a uma flexão do ombro facilitada sob a perspectiva anatômica.

Na próxima foto, duas escápulas direitas vistas por trás em um ângulo ligeiramente oblíquo, se pode

ver a diferença na cobertura da fossa glenóide pelo acrômio. Existe uma cobertura maior na da

direita em comparação com a da esquerda, significando que a pessoa na esquerda seria

anatomicamente capaz de conseguir uma amplitude de movimento maior do braço acima da

cabeça.
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A seguir uma incrível foto de três escápulas diferentes, mostrando a visão lateral da escápula direita.

Podemos notar a variação não somente da orientação da cavidade glenóide, mas também, da

cobertura do acrômio.

O ombro da esquerda tem a maior mobilidade acima da cabeça, o do meio a segunda melhor, e o

da direita a mais limitada.

Como se pode ver pela variação anatômica nessas fotos, é irrealista pensar que todos serão

capazes de ter a mesma mobilidade do ombro. O hardware é diferente. Maximize a amplitude de

movimento que você tem disponível.


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Quando a amplitude de movimento do ombro é limitada, uma estratégia comum é finalizar os

levantamentos com peso acima da cabeça reposicionando as escápulas no espaço.

Vejamos como as pessoas fazem isso.

Reposicionando a Escápula

Mover a escápula no espaço não muda a amplitude de movimento do ombro. O que muda é onde no

espaço a amplitude de movimento está ocorrendo.

O que significa "Mover a escápula no espaço"?

Para entender o que isto significa vejamos alguns exemplos.

Primeiro, a inclinação da escápula.

Na primeira figura podemos ver a escápula de lado. A linha verde ilustra genericamente onde a

amplitude de movimento se dá no espaço.

Na esquerda é mostrada a escápula na posição em que

ela fica normalmente quando se está de pé. Na direita a

escápula está inclinada anteriormente, que é a maneira

como ela se move quando se está arredondando as

costas.

Quando o tórax está arredondado as escápulas inclinam,

limitando a amplitude de movimento do braço acima da

cabeça. (N.T: A representação desse tipo de postura

está na figura ao lado).


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Um método comum que as pessoas usam para inclinar as escápulas a fim de conseguirem mais

amplitude de movimento é fazer uma extensão na coluna lombar. Essa não é uma maneira desejável

de fazer isso, é uma compensação e deveria ser evitada. Se inclinar para trás através da coluna

lombar irá mover a cintura escapular no espaço, mas não deveríamos usá-la para fazer isto.

Segundo, como a cintura escapular se move para a mobilidade do braço acima da cabeça,

deslizando sobre o gradil costal e fazendo uma rotação superior.

Quando se levanta o braço acima da cabeça, o ideal é que a cintura escapular se mova de modo a

orientar a cavidade glenóide para cima a fim de auxiliar no posicionamento.

A figura da esquerda mostra a posição normal de repouso da

escápula. A figura da direita mostra a rotação superior (o que

ocorre normalmente quando se levanta o braço). Podemos ver

que ao se mover desta forma a cavidade glenóide aponta para

cima, permitindo que o movimento da articulação do ombro se

expresse em uma área diferente do espaço.

Mover a escápula dessa maneira ao levantar o braço é normal e desejável. O que nos leva ao maior

desafio. O maior desafio no que diz respeito a essas informações é saber o que fazer.

Regra Geral:

Trabalhar em melhorar a mobilidade e a técnica antes de culpar a anatomia, mas respeitá-la e saber

que existem diferenças.


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Como Trabalhar a Mobilidade

Primeiro, nós temos um programa da mobilidade do ombro que você pode usar. Temos uma amostra

grátis que se pode baixar se serve para você (N.T: No link do artigo original em inglês ao final da

página).

Trabalhando nos músculos

As principais limitações musculares quanto se trata da mobilidade do ombro são: Peitorais, latíssimo

do dorso e redondo maior.

Temos vídeos detalhados e posts em como trabalhar em cada um. Os posts estão abaixo:

Stretching Your Pecs

Stretching Your Lats

Working on your Teres Major

Trabalhar na Coluna Torácica

Melhorar a mobilidade na coluna torácica irá ajudar na mobilidade do ombro. Fizemos uma

postagem detalhada sobre isto que pode ser usada para ajudar (N.T: The Best Thoracic Mobility

Routine).

Trabalhar no Movimento da Cintura Escapular

Melhorar a capacidade de mover as escápulas corretamente irá ajudar com a mobilidade do ombro.

Temos um vídeo e um post detalhado que pode ajudar (N.T: Cuing Overhead Mobility).

Como modificar levantamentos de peso acima da cabeça se houver


dor

Talvez você esteja lendo este artigo em virtude de ter dor no ombro quando levanta pesos ou faz

exercícios. Se sim, existem muitas formas de se manter ativo e modificar seus exercícios para se livrar

dela.

.
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Abaixo uma lista de links com vídeos e artigos detalhados que podem ajudar:

Overhead Pressing Modifications

Pull Up Modifications

Resumo

Nem todas limitações na mobilidade de ombros serão resolvidas com alongamentos. Algumas são

devido à diferenças anatômicas. Não culpe a anatomia, maximize o que o corpo é capaz de fazer,

mas entenda que estas diferenças existem.

Treinar com dor nunca é boa ideia modifique sessões de exercícios para que sejam livres de dor a

fim de poder manter o corpo forte e saudável por toda a vida.

Artigo Originalmente publicado no Blog do Instituto Fortius:


https://fortius.com.br/anatomia-do-ombro/
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OS TRILHOS ANATÔMICOS E A FÁSCIA


THOMAS MYERS

Os Trilhos Anatômicos começaram como um jogo. Todos os livros de anatomia, naquela época como

ainda hoje, mostravam a origem e inserção dos músculos e como esses músculos trabalhavam

puxando aquelas duas extremidades do esqueleto. Esta é apenas UMA coisa que os músculos fazem.

A pesquisa recente tem colocado muito mais ênfase nas funções isométricas e de estabilização, na

função excêntrica, ou de freio, dos músculos e, mais do que isso, de que os músculos também estão

inseridos em outros músculos, o que nós normalmente cortamos com o bisturi. Este é o trabalho de

Huijing e Van der Wal (mais nos recursos ao final do texto).

Meu trabalho era dizer: - Bem, por que parar aqui? A fáscia é contínua com o músculo seguinte e eu

queria ver a conexão através da fábrica fascial, ainda que todos os livros de anatomia estivessem

escritos no estilo origem-inserção. Eu iniciei este jogo por sugestão de um artigo que James Oschman

me deu, escrito por Raymond Dart, um antropologista na África do Sul, que também era um estudioso

da Técnica de Alexander (N.T: Em inglês Alexander Technique: Em linhas gerais parece ser uma

técnica holística que trabalha em cima de modificar hábitos de movimento inadequados evitando

tensões musculares, mentais desnecessárias).


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O artigo era a respeito do tronco, esses arranjos em dupla espiral (ver nos recursos ao final do artigo).

E eu pensei novamente: - Por que parar aqui?

(N.T: Esse arranjo descrito por

Raymond Dart de dupla espiral dos

músculos do tronco, ilustração logo à

direita, seriam mais tarde

incorporados por Thomas Myers no

que ele chama de linha espiral,

ilustração abaixo).

(N.T: A descrição da linha espiral no livro de Myers é a

seguinte: “A Linha Espiral dá a volta no corpo em uma

hélice dupla, juntando cada lado do crânio, passando

pela parte superior do dorso até o ombro do lado

oposto, em seguida pelas costelas, cruzando-se na

frente do corpo na altura da cicatriz umbilical e unindo-

se ao quadril. A partir do quadril, a Linha Espiral desce

como uma “correia” ao longo da parte anterolateral da

coxa e da perna até o arco longitudinal medial,

passando sob o pé e subindo ao longo da parte

posterior externa da perna até o ísquio, passando dentro

da fáscia do eretor e terminando muito próximo de onde

se iniciou no crânio.”

Os trechos miofasciais dessa linha espiral são: Esplênios

da cabeça e cervical, rombóides maior e menor, serrátil

anterior, oblíquo externo do abdome, aponeurose

abdominal-linha alba, tensor da fáscia lata-trato

iliotibial, tibial anterior, fibular longo, bíceps femoral,

ligamento sacrotuberoso, fáscia lombossacra-eretor da

coluna).

Com meus estudantes, nós jogamos o jogo; Se você continuar seguindo uma linha, quantas conexões

musculares conseguirá encontrar? Existem outras regras, eles têm de estar fascialmente conectados,

eles têm de ser capazes de transmitir forças de um para outro sem barreiras de fáscia entre eles, etc.

Mas logo o jogo se transformou em um sistema.


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O livro Trilhos Anatômicos foi realmente um outlier inicialmente (N.T: Outlier: Termo da estatística,

pode ser descrito como “fora da curva”, “fora do padrão”), mas logo tornou-se um best seller.

Nós entendemos que quando temos um problema em um nervo que aquele nervo é parte de um

sistema (N.T: Sistema nervoso) e que temos de considerar o efeito no todo. Entendemos que quando

temos um hematoma, ou algum outro problema no Sistema circulatório, que haverá efeitos sistêmicos.

No entanto, quando se procura um fisioterapeuta ou outro profissional que trabalhe no ramo e se diz:

- Estou com algum problema no meu tendão de aquiles (N.T: Hoje chamado de tendão calcâneo),

provavelmente o foco será somente no tendão, não vendo que ele faz parte de um sistema global.

Então eu coloquei essa ideia de que a fáscia é o 3 º


grande sistema auto-regulatório. O sistema nervoso é

um incrível sistema auto-regulatório, e o sistema

circulatório tem sido visto desde o século XVII dessa

mesma maneira.

Após 500 anos de estudo de anatomia, nós ainda não

temos essa imagem da fáscia como um sistema. A cada

vez que vou à academia Equinox em Nova Iorque eu vejo

alguém em um canto usando um foam roller no trato

iliotibial.

(N.T: Ou rolo de espuma numa tradução literal, embora

os rolos de autoliberação miofascial sejam feitos de

diversos materiais. No Brasil também usamos o termo em

língua inglesa “foam roller”, por isso foi deixado no

texto).
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E isso realmente tem um valor limitado, e é, na realidade, bastante doloroso. Se pudéssemos ver a

fáscia como parte de um sistema maior não faríamos isso provavelmente. Mas a visão predominante

na mente da maioria das pessoas é que o nosso corpo é montado junto a partir de uma porção de

partes, como um carro da Ford ou um computador da Dell. Vivemos em uma sociedade industrial, e

pensamos em nós mesmos nesses termos. Mas na realidade é uma visão inadequada.

Existe muita coisa que ainda não sabemos sobre a fáscia. Eu passei os últimos 40 anos estudando

isso e ainda não entendo. Alguns equívocos:

1] Um, a partir do ponto de vista médico, é que a fáscia não se move. A fáscia é entendida como

sendo fixa e isto é porque eles (médicos) dissecam cadáveres fixados com formaldeído. Mas em

tecido humano vivo ela é bem dinâmica. (N.T: Neste link do site do Rolfing, método de trabalho

manual, tem uma lista com publicações a respeito da fáscia, inclusive a respeito do papel dinâmico

da fáscia: http://rolfing.org/rolfing/scientific-research/fascia-research/).

2] Outro equívoco é a de que ela é apenas

um envoltório ao redor dos músculos. Ela é

muito mais. Existe um envoltório ao redor

dos músculos e é chamado epimísio,

significando a parte externa do músculo.

No entanto, existem estruturas dentro do

músculo chamadas de perimísio (N.T: Um

envoltório ao redor de um conjunto de

células musculares, chamado de fascículo)

e endomísio (N.T: Envoltório ao redor de

cada célula muscular, ou fibra muscular),

todas elas possuem diferentes

características.

3] Não trabalhamos o músculo na

realidade. A mente não pensa em treino do

deltóide ou bíceps. Ela pensa em termos de

unidades motoras individuais (N.T: Uma

unidade motora é  um neurônio motor e

todas as fibras musculares por ele

inervadas), só no bíceps devemos ter

centenas delas. Cada uma dessas unidades

motoras é envolvida por fáscia, chamada

de fascículos.
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4] A ideia de músculo é algo que criamos em virtude da forma como os separamos do corpo com o

bisturi. Se você estudar anatomia com uma lâmina, vai se deparar com certas estruturas. Mas agora

que podemos enxergar dentro do corpo, vemos que o corpo não é organizado dessa forma (N.T: A

imagem abaixo demonstra essa afirmação, nela podemos ver um dos Trilhos ou Linhas descritas por

Thomas Myers em seu livro. À direita mostra uma dissecação do que ele descreve como "Linha

Superficial Posterior dos Membros Superiores", com as estruturas miofasciais dissecadas de maneira

contínua, sem interrupções, com os elementos que a compõem nomeados).

Penso que muitas pessoas seguem a moda (N.T: Da fáscia) e saem dizendo que a fáscia faz isso ou

faz aquilo, mas a realidade é que sabemos pouco. Não sabemos o quanto disso (N.T: Das mudanças

promovidas pelo trabalho na fáscia) é uma mudança neurológica versus uma mudança na estrutura

fascial, já que o sistema neurológico e o sistema fascial são muito interligados.


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É emocionante que esta estrutura contenha todas as nossas células. Se você pensar que iniciou a

vida como sendo uma única célula e proliferou para vários trilhões delas no momento em que nasceu,

e para algo ao redor de 70 trilhões de células na vida adulta.

Então as suas 70 trilhões de células semi-autônomas estão cruzando ao redor do seu corpo ou

ficando paradas ou fazendo seu trabalho ou passeando com o sangue e de alguma forma a coisa

toda funciona. Isso tem de funcionar biomecanicamente e tem de funcionar a cada instante. Não

existe um momento em que se pode colocar para descansar. O corpo está continuamente

trabalhando, o tempo inteiro, e passa por incríveis mudanças biomecânicas.

As células são mantidas juntas por um incrível sistema de fibras - por diferentes formas de mucos e de

redes mucosas embebidas por esse muco. É um ótimo sistema adaptativo.

N.T: O conceito de tensegridade é


originária do trabalho de Buckminster
Fuller no campo da engenharia e
arquitetura - imagem de uma estrutura
de tensegridade ao lado.

A tensegridade aplicada a organismos


vivos, diz respeito ao equilíbrio entre
forças de tensão e forças de
compressão. Mais a respeito nos
recursos ao final do texto.

Temos usado a Biomecânica Newtoniana pelos

últimos 450 anos, que é basicamente o modelo das

alavancas. Se voltarmos ao exemplo do bíceps:

O cotovelo é o fulcro e o músculo bíceps braquial é

a força de alavanca que aplica força no braço.

Então falamos bastante a respeito de vetores,

pares de forças, etc. Todo o livro de anatomia que

você já leu é baseado neste tipo de mecânica.


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N.T: Para relembrarmos as "Leis de Newton":

1ª Lei de Newton - Princípio da Inércia: "Um corpo em repouso tende a permanecer em repouso,
e um corpo em movimento tende a permanecer em movimento".

O melhor exemplo que posso lembrar é uma freada brusca do motorista do ônibus quando se
está em pé em uma lotação apinhada. Então, conclui-se que um corpo só altera seu estado de
inércia, se alguém, ou alguma coisa aplicar nele uma força resultante diferente de zero.
 
2ª Lei de Newton - Princípio Fundamental da Dinâmica: A 2ª lei de Newton diz que a Força é
sempre diretamente proporcional ao produto da aceleração de um corpo pela sua massa (F =
m.a), ou seja:

Quando aplicamos uma mesma força em dois corpos de massas diferentes observamos que
elas não produzem aceleração igual. Ou seja, se eu quero acelerar uma barra com pesos, a
de maior massa (mais anilhas na barra) vai subir mais lentamente
 
3ª Lei de Newton - Princípio da Ação e Reação: "As forças atuam sempre em pares, para toda
força de ação, existe uma força de reação." Quando uma pessoa empurra uma caixa com uma
força F, podemos dizer que esta é uma força de ação, mas conforme a 3ª lei de Newton,
sempre que isso ocorre, há uma outra força com módulo e direção iguais, e sentido oposto a
força de ação, esta é chamada força de reação.

A dinâmica de todas estas células mantidas juntas é muito mais fluida e é melhor explicada pela

matemática fractal, ou matemática do caos; a matemática da complexidade.

(N.T: Modelo matemático que tenta explicar a conduta caótica da natureza, que não parece

obedecer aos modelos “lógicos”, lineares. Por ser um conceito muito complexo o inteiro significado

desse modelo de explicação me escapa à compreensão atual). 

Se você pensar em coisas rolando, caindo e fluindo: A dinâmica é muito mais assemelhada com isso

do que com alavancas.

Isso não nega a ideia de que  cotovelo é

como uma alavanca, mas se você entrar lá

dentro e olhar isso não explica o

movimento. Se você tivesse que explicar o

balanço de um taco de baseball

simplesmente com a mecânica de Newton

seria muito difícil.


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Pensamos em nossos nervos como fios, como fios de telefone, que ligam ou desligam o músculo, e,

novamente, esse é um ponto de vista muita simplista e industrial.

Seu sistema fascial está em constante adaptação, ele se adapta muito rápido em algumas

circunstâncias. Quando você se prepara para apanhar uma bola de beisebol, o líquido sinovial em

suas mãos está sólido, mas no momento em que apanha a bola ele se torna bastante fluido para que

possa manipulá-la.

Existe um gel - os mucopolissacarídeos ou aminoglicanos que lubrificam as coisas com quase zero

fricção. Se você tem um ambiente com zero fricção, você não está sustentado o corpo unido por um

único músculo de cada vez, mas considerando todo sistema.

Se imaginarmos o tecido sendo mantido junto, a primeira coisa é o tecido subcutâneo, que é

bastante móvel, em qualquer direção, mas se você tentar abrir o peito de alguém, como em Indiana

Jones (N.T: Indiana Jones e o Templo da Perdição, 1984 - imagem abaixo) vai achar bem difícil passar

pela pele sem uma lâmina. Sob o tecido cutâneo existe o tecido adiposo, ou  gordura, mas sob isso

está o primeiro tecido que nos mantém unidos - a fáscia profunda

Então você tem seções dentro, como em uma laranja, todas as coisas no seu interior são

embrulhados  em fáscia. (N.T: Myers, no livro, faz a analogia da laranja - na realidade ele usa uma

toranja que é parecida com a laranja – para exemplificar nossa constituição. Aqui vai o resumo do

descrito no livro, substituindo toranja por laranja:


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"Uma pessoa não é diferente de uma laranja, em termos de


constituição. A casca é muito parecida com a nossa própria pele
– concebida para lidar com o mundo externo. A casca interna é
semelhante ao “terno de gordura” que todos nós vestimos. Cada
segmento é separado do seguinte por uma parede que vemos
quando cortamos a laranja ao meio no café da manhã. Mas
quando a descascamos e separamos os gomos como podemos
fazer com uma laranja, percebemos que a parede que pensamos
ser uma na verdade é formada de duas paredes – metade vai
para cada gomo. Os septos intermusculares são da mesma
maneira. Nós frequentemente as separamos com uma faca,
assim pensamos nela simplesmente como o epimísio de cada
músculo”...).

Quando você começa a considerar isso como um sistema, começa a perceber esta ideia diferente de

que ossos flutuam em um mar de tecidos moles. Seu cérebro não organiza o movimento em termos de

partes, isso é responsabilidade de todo corpo (quando você se move para apanhar a bola).

Tensegridade é o equilíbrio do corpo determinado pela tensão dos tecidos moles. Em outras palavras,

se você deseja reposicionar os ossos você precisa trabalhar os tecidos moles. Agora todos concordam

que nenhuma manipulação óssea irá permanecer a menos que se trabalhe nos tecidos moles, isso

mudou completamente desde que iniciei a trabalhar nesta área.

Se eu faço um maravilhoso trabalho em alguém em uma sessão, e ele retorna na sessão seguinte do

mesmo jeito que antes da primeira sessão, então o meu trabalho não se sustentou. Então precisamos

considerar uma mudança de hábitos.

Os profissionais da educação física estão na linha de frente no cuidado da saúde nestes dias, assim

como os profissionais da terapia manual (N.T: Incluídos nesse contexto os fisioterapeutas). As pessoas

vêm até eles fazendo todo tipo de questionamentos. Estamos buscando uma abordagem diferente

para o sistema de saúde para os próximos 20, 30 anos a medida que nosso sistema de saúde muda.

Não creio que esse sistema (N.T: Nos moldes atuais) vá sobreviver esse tempo todo. O que chamamos

de "Sistema de Saúde" é um "Sistema de Doença", não saúde. E nós temos um monte de pessoas em

nossa sociedade que necessitam desse sistema de doença, elas têm uma porção de doenças que o

trabalho corporal não irá curar.

Os profissionais da educação física, terapeutas manuais, fisioterapeutas, instrutores de ioga,

etc.  estão na linha de frente do  sistema de saúde e as pessoas estão se voltando para eles para o

cuidado de sua SAÚDE e todo esse pessoal (N.T: Os profissionais que lidam com saúde) precisa  ter

mais conhecimento.
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Alfabetização Cinestésica

Temos uma ideia a respeito do que seja Quociente de Inteligência e como medir isso com testes.

Com a ajuda de Daniel Goleman e o surgimento do feminino na nossa cultura, estamos tendo uma

ideia do que seja Inteligência Emocional. Nós realmente temos que definir IC - Inteligência

Cinestésica.

Na sociedade moderna as pessoas quase  não necessitam mais fazer trabalho físico. Meus amigos

europeus me dizem que o norteamericano é alguém que dirige sua caminhonete ao redor da quadra

até que consiga uma vaga de estacionamento próximo da academia.

Então vamos para algum lugar para nos exercitarmos, e isso me incomoda. Deveríamos ter uma vida

que envolvesse nossos corpos completamente. Mas não temos. Temos escravos de energia - coisas

trabalhando para nós por aí na forma de interruptores de luz, e carros novos. Eu não preciso mais

levantar a tampa do porta malas do meu carro, então essa é mais uma situação em que eu não

preciso mais usar, meus músculos. E as crianças estão muito focadas a 40 cm de distância de suas

telas.

A medida que evoluímos de uma sociedade industrial para uma sociedade eletrônica, precisamos

definir a Alfabetização Cinestésica:

O que as crianças precisam saber? O que as pessoas mais velhas precisam saber? Quais são os

movimentos que eles deveriam saber?

A educação física não nos dá uma ideia de como ser competente dentro do corpo. Precisamos

educar as crianças desta geração ou elas terão problemas mentais em virtude de questões físicas.

Nós ainda nem  mapeamos isso. Nem ao menos sabemos qual a é  topologia do movimento. Várias

das intuições que temos a respeito das pessoas está vindo do nosso eu cinestésico. Coisas que

chamamos de "palpites" eu creio que sejam baseadas no corpo. 


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Eu realmente me interesso em saber como um óvulo cresce e se torna 70 trilhões de células no

adulto (Referência ao final do texto: The Inner Life of a Cell animation by XVIVO. Eles têm mostrado

a biomecânica dentro da célula). Todos nós estamos interessados no que está acontecendo entre as

células que permite que elas sejam perfundidas (N.T: Perfusão seria a entrada lenta e contínua no

organismo, em uma célula, etc.). Eu quero saber como isso funciona, porque se soubermos como

funciona podemos fazer com que cada célula do corpo funcione melhor.

A fáscia puxando as células pode na verdade mudar como as células se expressam, mudando como

os genes trabalham, muda a epigenética, determina o que  fica ligado, este é um negócio novo.

Podemos promover mudanças fisiológicas com o trabalho corporal. Não é apenas "criar mais espaço

para as costelas" (N.T: Referindo-se ao trabalho manual na região), você está criando mais espaço

para as células fazerem seu trabalho.

Tema de Casa

Saia para caminhar, correr, nadar, pratique ioga . qualquer movimento que faça você melhor

"internamente", e quando estiver na prática, qualquer que seja, pense em você como uma coleção

de partes e veja se consegue pensar em si mesmo como 70 trilhões de células que são mantidas

juntas. Células que estão rolando, caindo, fluindo ... Isso não é a respeito de mudar padrões de

movimento (N.T: Ao pensar dessa forma), mas para ver se esta pequena mudança mental muda a

experiência de sua prática.

Recursos

Anatomy Trains website

Anatomy Trains book, now in its 3rd edition

Kinesis Myofascial Integration, Tom Myer’s school for Structural Integration which holds trainings

worldwide

Huijing: Muscle as a Collagen Fiber Reinforced Composite: A Review of Force Transmission In Muscle

and Whole Limb

van der Wal: The Architecture of the Connective Tissue in the Musculoskeletal System- An Often

Overlooked Functional Parameter as to Proprioception in the Locomotor Apparatus

Raymond Dart: The Double Spiral Arrangement of the Human Trunk

Dr. Stephen Levin’s resources on Biotensegrity

Daniel Goleman Emotional Intelligence

The Inner Life of a Cell- animation of cell biomechanics by XVIVO and for Harvard

Artigo Originalmente publicado no Blog do Instituto Fortius:


https://fortius.com.br/trilhos-anatomicos-e-a-fascia/
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ESTUDOS DE CASOS
CHUCK WOLF

Estudo de Caso N°1

Eu tive um caso interessante esta semana envolvendo um

atleta de beisebol da 1 ª divisão com um pós-operatório de

12 semanas de uma reconstrução do ligamento cruzado

anterior do joelho direito.

Ele já está de volta ao beisebol, arremessando, rebatendo e

fazendo corridas lineares. Sua queixa primária é de

encurtamento/rigidez no trato Iliotibial, panturrilha, flexor

do quadril, joelho e oblíquos, sendo que alongamentos não

lhe oferecem um alívio completo.

Se você tem familiaridade com minhas

ideias, você sabe onde eu fui olhar

primeiro...o pé e o complexo do

tornozelo.  

Tenho visto pela minha experiência na

clínica e a partir de um ponto de vista

pessoal, que estas regiões

frequentemente se tornam bastante

tensas após uma lesão no joelho, cirurgia

ou colocação de prótese

(N.T: Em casos de osteoartrose avançada

de joelho, a colocação de uma prótese é

imperativa a fim de aliviar a dor).


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Lembro-me muito bem quando desenvolvi um antepé varo,

rigidez de flexor de quadril, trato iliotibial e complexo

glúteo. Desconforto na coluna lombar, falta de mobilidade

na coluna torácica e rigidez da cintura escapular ... tudo

isso após uma cirurgia de colocação de prótese no joelho.

Na época, eu sentia que possuía uma flexão do joelho

adequada, mas faltava o deslizamento posterior durante

a  flexão do joelho, os mesmos problemas que este jogador

de beisebol estava enfrentando.

(N.T: No caso de uma flexão da tíbia sobre o fêmur, isto é, uma flexão em cadeia cinética aberta, a

tíbia rola e desliza para trás. Já no caso de uma flexão em cadeia cinética fechada, como ao descer

em um agachamento: flexão fêmur sobre a tíbia. O fêmur rola para trás e desliza para frente.

Neumann, D.A. Cinesiologia do Aparelho Musculoesquelético, 2005). Eu chequei sua dorsiflexão de

tornozelo, abdução do antepé, eversão da articulação subtalar e rotação interna da tíbia, todas com

limitação de

mobilidade.

Quando ele fazia um simples

agachamento unilateral, com amplitude

limitada, seu calcanhar direito (do mesmo

lado da lesão no joelho) se elevava do

solo logo no início do movimento,

justamente devido a essa falta de

mobilidade em todo complexo, afetando

todo o mecanismo de carga da

extremidade inferior, no tornozelo e no

quadril .

(N.T: Nas articulações acima e abaixo do local de lesão primário, o joelho). Isto irá criar uma

distribuição de carga abaixo do esperado no complexo glúteo, especialmente no lado do joelho

lesionado.
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Analisando seu complexo pélvico, ele exibia uma

anteversão pélvica, causada por rigidez no complexo dos

flexores do quadril, incluindo o quadríceps e o sartório.

Isto causava uma inabilidade de colocar carga de maneira

efetiva nos glúteos. Como os glúteos no seu lado direito

eram fracos (N.T: Mesmo lado da lesão primária no joelho),

as fibras encurtaram causando um aumento de

comprimento da banda iliotibial e a sensação de rigidez. N

Na realidade, a banda iliotibial NÃO ESTAVA encurtada e

rígida, mas alongada e tensa, ainda que a sensação fosse a

mesma.

Alongamento não irá resolver esse problema, apenas tratar

o sintoma. Mais tarde nesta semana, irei avaliar as

estratégias que usarei para ajudar este jogador de

beisebol.

A moral da estória é:

"Pense em termos globais, não apenas localmente, quando os sintomas se apresentarem"

Neste caso, o joelho e o quadril eram as vítimas, mas o pé e o complexo do tornozelo foram afetados

e causaram um grande impacto em toda a biomecânica do membro inferior.

Estudo de Caso N°2

Outro caso interessante esta semana, uma golfista destra

veio me ver apresentando uma queixa de dor no pulso

esquerdo, especialmente no ponto alto de seu backswing.

(N.T: Deixei o termo de golfe no nome original mesmo).

A amplitude de movimento na articulação radioulnar estava

boa, e a do punho também. Uma análise do movimento da

marcha revelou rigidez na sua escápula esquerda e quadril

direito, reduzindo sua habilidade de produzir movimento

adequado durante seu backswing.


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A correlação é o Fator X Posterior (quadril e ombro

opostos) reduzindo sua habilidade de rotação interna do

quadril direito. (N.T: Chuck chama de Fator X Posterior a

ligação entre o ombro e o quadril oposto via fáscia

toracolombar, uma importante conexão de estabilização e

transmissão de forças entre os membros superiores e

inferiores. Muitos chamam essa conexão de subsistema

oblíquo posterior).

Isto causava uma rotação interna reduzida em sua cintura

escapular direita, e seu punho (esquerdo) compensava essa

falta de rotação interna da cintura escapular com um

movimento extra a fim de obter o correto alinhamento do

taco de golfe para a batida (N.T: Interessante analisar o

posicionamento dos punhos da golfista no alto da página,

os punhos estão alinhados com os antebraços).

Após mobilizar a escápula esquerda e a rotação interna do

quadril direito (N.T: O Fator-X mencionado antes), seu

movimento durante o backswing era maior e o punho

esquerdo não doía mais.

A moral da estória:

"O movimento do quadril pode ter impacto no ombro do lado oposto no plano transverso"

Lembre-se, o local da lesão normalmente não é o problema, mas o sintoma. Olhe o movimento de

maneira global, não de maneira local.

Estudo de Caso N°3

A função do tornozelo é simples, mas incrivelmente

complexa quando se pensa nas suas relações com o resto

do corpo. Recentemente eu tive 2 clientes que se

apresentaram na clínica:

Um com dor lombar e a outra com dor no tendão patelar.

Ambos tinham um histórico de lesão no tornozelo e tinham

dorsiflexão limitada.

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Considere as implicações desse "simples" movimento. Quando a dorsiflexão é limitada, o quadril do

mesmo lado perde a extensão adequada. Isto pode reduzir o balanço do braço na flexão do ombro

durante o ciclo da marcha, causando menos rotação torácica no lado oposto.

Não parece muito, no entanto, isso pode colocar mais stress na coluna lombar já que ela

frequentemente compensa para produzir rotação durante o ciclo da marcha. Esse era o caso do

cliente que se apresentou com dor lombar.

Quando o tornozelo foi mobilizado e a dorsiflexão adequada foi recuperada, adicionamos um

alongamento integrado a fim de aumentar a extensão do quadril e a flexão do ombro, permitindo

maior rotação no lado oposto (N.T: Rotação realizada pela coluna torácica, onde deve ser,

diminuindo o excesso de rotação lombar). Para a cliente com dor no tendão patelar, após restaurar a

dorsiflexão adequada do tornozelo, ela foi capaz de estender adequadamente os quadris e reduzir a

flexão exagerada dos joelhos durante o ciclo da marcha.

Assegure-se de que seus clientes tenham aproximadamente 40-45 º de dorsiflexão do tornozelo

durante o ciclo da marcha a fim de melhorar a função apropriada do corpo. Lembre-se, para que os

glúteos sejam sobrecarregados de maneira adequada, é necessária a dorsiflexão do tornozelo. Se a

dorsiflexão é limitada, a sobrecarga que os glúteos receberão não será a adequada.

Artigo Originalmente publicado no Blog Limatreinamento:


https://limatreinamento.blogspot.com/2014/02/estudos-de-caso-de-chuck-wolf.html

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