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O Auto da Barca do Inferno

Gil Vicente
O  Auto da Barca do Inferno, reflete, à semelhança de outras obras de Gil Vicente, a sociedade
da época, sendo possível traçar um quadro fiel das classes sociais apresentadas, dos seus
hábitos, defeitos e virtudes.

O Auto da Barca do Inferno data de 1517 e é considerado uma moralidade. As moralidades


eram representações cujas personagens simbólicas encarnavam vícios ou virtudes com o
objetivo de moralizar a sociedade.

► Resumo
1.ª cena: Arrais do Inferno

Faz-se a apresentação da barca do Inferno. O Diabo dialoga com o seu companheiro, revelando
uma grande euforia e pressa de que tudo esteja preparado para o embarque das almas e para
a partida rumo ao Inferno. Após esta breve apresentação, inicia-se o desfile das várias
personagens-tipo.

2.ª cena: O Fidalgo

A primeira personagem a entrar em cena é um Fidalgo, que traz consigo um pajem, um criado,
que lhe segura a cauda do manto e uma cadeira. O Fidalgo pertence à nobreza e, por isso, acha
que não vai para o Inferno, mas o Anjo não o deixa entrar na barca da Glória pelos seus
pecados. O Fidalgo acaba por embarcar na barca do Inferno, enquanto o moço sai de cena.

3.ª cena: O Onzeneiro

A segunda personagem é um Onzeneiro, que viveu a amealhar dinheiro à custa dos outros. Por
isso entra com uma bolsa tão grande que quase não cabe na barca. O Diabo quer que ele entre
desde logo na sua barca, mas o Onzeneiro dirige-se primeiro à barca da Glória, sendo também
repelido pelo Anjo. No entretanto, pede ao Diabo que o deixe voltar à terra para ir buscar um
dinheiro que deixou escondido, mas o Diabo obriga-o a embarcar.

4.ª cena: O Parvo

A terceira personagem a entrar é o Parvo, chamado Joane, que conversa com o Diabo,
insultando-se um ao outro. Por ser uma personagem que não se pode responsabilizar pelos
seus atos, o Anjo promete levá-lo para o Paraíso; entretanto fica na praia onde assiste e
comenta o desfile das outras personagens.

5.ª cena: O Sapateiro

A quarta personagem é um Sapateiro, João Antão, que vem carregado de formas. Como
passou a vida a roubar o povo é condenado à barca do Inferno, mas primeiro ainda tenta a
sorte junto do Anjo. De nada lhe adianta e entra na barca do Inferno.

6.ª cena: O Frade

Entra a quinta personagem, um Frade, a cantar, que traz pela mão uma moça, Florença, e
ainda um traje de esgrimista por baixo do hábito. Como viveu uma vida de pecado, o Diabo
também o convida a entrar na barca, mas ele e Florença dirigem-se ao Anjo, que os rejeita.
Entram os dois na barca do Inferno.
7.ª cena: A Alcoviteira

Brízida Vaz é a sexta personagem a entrar em cena. Traz consigo um grupo de moças que
entregou à prostituição. No entanto, e porque também é alcoviteira, ainda se acha digna de
entrar no Céu. Como tal não é possível, entra na barca do Inferno, e as suas moças abandonam
a cena.

8.ª cena: O Judeu

A sétima personagem a desfilar é um Judeu que traz um bode às costas. Nem sequer dialoga
com o Anjo, pois não acredita na religião cristã. Também não entra na barca do Inferno, pois o
Diabo decide que ele e o bode irão a reboque, já que era hábito os judeus estarem separados
das restantes pessoas.

9.ª cena: O Corregedor e o Procurador

Entra um Corregedor, que vem carregado de processos. O Diabo acusa-o de se ter deixado
subornar várias vezes. Entretanto, entra em cena um Procurador carregado de livros e que
também se dirige ao Diabo. Ambos, Corregedor e Procurador, procuram um lugar na barca da
Glória, mas acabam por entrar na do Inferno. O Corregedor discute com Brízida Vaz, pois tinha-
a condenado.

Nota: Embora se verifique a entrada de duas personagens, é habitual considerar-se a cena do


Corregedor e do Procurador como uma só, visto que ambas as personagens pertencem ao
mesmo grupo socioprofissional e percorrem o espaço cénico simultaneamente.

10.ª cena: O Enforcado

Surge um Enforcado, que ainda traz a corda ao pescoço, convencido que poderia entrar na
barca da Glória. Acaba por entrar também na barca do Inferno.

11.ª cena: Os Quatro Cavaleiros

Finalmente, surgem Quatro Cavaleiros, que morreram a lutar pela Fé - razão bastante para
ingressarem na barca da Glória.

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