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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO RIO DE JANEIRO

CURSO SUPERIOR DE BACHARELADO EM


PRODUÇÃO CULTURAL

MARIA JOSÉ LACERDA GADELHA

PRODUÇÃO DO CURTA-METRAGEM DOCUMENTAL


“MARACATU LILÁS”

IFRJ – NILÓPOLIS
2017
MARIA JOSÉ LACERDA GADELHA

PRODUÇÃO DO CURTA-METRAGEM DOCUMENTAL


“MARACATU LILÁS”

Memorial Descritivo apresentado como parte dos


requisitos para obtenção do título de Bacharel em
Produção Cultural.

Orientadora: Profª Dra. Fernanda Delvalhas


Piccolo

IFRJ – NILÓPOLIS
2017
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DO RIO DE JANEIRO
CAMPUS NILÓPOLIS

CURSO SUPERIOR DE BACHARELADO EM PRODUÇÃO


CULTURAL

MARIA JOSÉ LACERDA GADELHA

PRODUÇÃO DO CURTA-METRAGEM DOCUMENTAL


“MARACATU LILÁS”

Memorial Descritivo apresentado como parte dos


requisitos para obtenção do título de Bacharel em
Produção Cultural.

Aprovada em _____de _________________de 2017


Conceito ______________ (________________).

Banca Examinadora

Profª Drª. Fernanda Delvalhas Piccolo (Orientadora- IFRJ)

Profª Me. Viviane Soares Fialho de Araujo (IFRJ)

Profª Esp. Suéle Maria de Lima (IFRJ)


Dedico este trabalho à minha querida mãe Josefa
Lacerda Gadelha (em memória), mulher guerreira,
amante da literatura e das artes. Incansável
estudiosa e incentivadora do saber e que me fez,
através deste trabalho ter a honra de pesquisar,
conhecer, memorizar e divulgar a cultura popular
de sua terra natal Nazaré da Mata-PE.
AGRADECIMENTOS

A Deus em primeiro plano. Aos espíritos de luz, professores do espaço e


amigos espirituais que muito acredito e solicitei inúmeras vezes orientação e
incentivo para continuar minha jornada de aprendizado e conhecimento.
Aos meus pais, Manoel e Josefa Gadelha (em memória) pela educação
recebida e o incentivo aos estudos.
Ao meu amado filho Kainã Lacerda, pela tradução do Resumo e por
sempre ter demonstrado orgulho e incentivo neste meu processo de crescimento
acadêmico.
À minha querida amiga-irmã, Claudia Maria, companheira nos momentos
mais importantes de minha vida, pelo apoio de sempre.
Aos Mestres e colegas do Bacharelado em Produção Cultural que
participaram direta e indiretamente desta realização, meu carinho. Em especial à
Profª. Drª. Fernanda Delvalhas Piccolo, minha orientadora, pelo norteamento para
que este trabalho se concretizasse.
Às professoras participantes, Membros da Banca Examinadora, meu
cordial agradecimento pela disponibilidade de participar deste momento tão
importante da minha vida: Profª Me. Viviane Soares Fialho de Araujo e Profª Esp.
Suéle Maria de Lima. Esta, por tornar nossas aulas momentos únicos de
aprendizados mútuos e prazerosos.
Às “COLEGAS” de jornada acadêmica: Marcia Tranhaque, Claudia Pinho
e Dulce Gaspar pelo companheirismo, incentivos e parcerias, que ao longo deste
processo tornaram-se AMIGAS de coração.
Aos colegas de trabalho e em particular à diretora do Centro Municipal de
Cultura e Cidadania Calouste Gulbenkian, Elisa de Castro, pela tolerância aos
meus atrasos no percurso faculdade/trabalho.
Meu sincero e caloroso agradecimento ao Mestre Barachinha e às
meninas do Maracatu Coração Nazareno da AMUNAM-Associação das Mulheres
de Nazaré da Mata, que de “coração aberto” e disposição me receberam
juntamente com minha equipe para a realização desta pesquisa e a produção do
vídeo-documentário.
À Mulher, que almeja, busca e alcança: sabedoria,
criatividade e determinação para fazer a diferença na
nossa cultura popular e de raiz. Ao amor à música e à
cultura do meu estado e cidade (Pernambuco-Olinda),
em particular, a cidade de Nazaré da Mata, berço da
manifestação do Maracatu Rural. Ao meu regionalismo
intrínseco no meu ser, que me fez trilhar por este
caminho inebriante da Produção Cultural.
(Maria José Lacerda Gadelha)
RESUMO

GADELHA, Maria José Lacerda. Produção do Curta-Metragem “Maracatu Lilás”.


2015. Produção Cultural, IFRJ, Nilópolis, RJ.

Este Memorial apresenta minuciosamente os processos de elaboração, execução


e pós-produção do curta-metragem documental “MARACATU LILÁS”. Com 13
minutos e 01 segundo de duração apresento, mediante depoimentos de mulheres
que formam o Maracatu Coração Nazareno, como ocorre a participação da
mulher no maracatu rural de Pernambuco. Relato informações sobre meu
interesse em desenvolver este tema, bem como, as referências teóricas utilizadas
em que me respaldo para analisá-lo, avaliar e narrar.

PALAVRAS CHAVE: Curta-documentário. Cultura Popular. Maracatu Rural e a


Mulher.

ABSTRACT
GADELHA, José Maria Lacerda. Production of Short Film "Maracatu Lilás". 2015.
Cultural Production, IFRJ, Nilopolis, RJ.

This Memorial thoroughly presents the development of processes, execution and


post-production of the documentary short film "MARACATU LILÁS", which shows,
throughout testimonies of the women who form the Maracatu Coração Nazareno,
how was the creation and participation of women in the maracatu rural of
Pernambuco. I report information about my interest in developing this theme, as
well as the theoretical references used in that to support me to analyze, evaluate
and narrate it.

KEYWORDS: Short documentary. Popular culture. Maracatu Rural and Women.


SUMÁRIO

1. DEFINIÇÃO DO PRODUTO..............................................................................11
2. FICHA TÉCNICA..............................................................................................13
3. MATERIAIS UTILIZADOS.................................................................................14
3.1- CÂMERA....................................................................................................14
3.2- SOFTWARE DE EDIÇÃO..........................................................................15
4. SINOPSE...........................................................................................................16
5. EQUIPE DE EXECUÇÃO..................................................................................17
6. JUSTIFICATIVA.................................................................................................18
7. OBJETIVO GERAL...........................................................................................23
8. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................23
9. CONCEPÇÃO METODOLÓGICA.....................................................................24
10. LEGISLAÇÃO..................................................................................................26
11. REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................28
11.1- A LINGUAGEM DO DOCUMENTÁRIO....................................................28
11.2- A CULTURA POPULAR E OS MARACATUS...........................................31
11.3- A HISTÓRIA DO MARACATU...................................................................32
11.4-O MARACATU CORAÇÃO NAZARENO E A AMUNAM ...........................39
12. ETAPAS DO PROJETO...................................................................................43
12.1- DESENVOLVIMENTO..............................................................................43
12.2- PRÉ-PRODUÇÃO....................................................................................45
12.3- PRODUÇÃO / GRAVAÇÃO......................................................................47
12.3.1- 1º DIA DE GRAVAÇÃO (30/05/15)....................................................48
12.3.2- 2º DIA DE GRAVAÇÃO (31/05/15)....................................................49
12.3.3- 3º DIA DE GRAVAÇÃO (02/06/15)....................................................50
12.3.4- 4º DIA DE GRAVAÇÃO (05/06/15)....................................................52
12.4- EDIÇÃO / FINALIZAÇÃO.........................................................................55
12.5- LANÇAMENTO / DISTRIBUIÇÃO............................................................57
13. ORÇAMENTO ................................................................................................57
13.1- ORÇAMENTO PREVISTO.......................................................................58
13.2- ORÇAMENTO REAL................................................................................59
14. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO...................................................................60
15. PÚBLICO ALVO..............................................................................................61
16. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................62
17. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................63
18. APÊNDICE......................................................................................................67
18.1- Minutagem e Roteiro..............................................................................67
19. ANEXOS..........................................................................................................68
Anexo A-ILUSTRAÇÕES E FOTOGRAFIAS.....................................................68
Anexo B- Autorização do participante para uso de imagem e voz....................69
Anexo C- DVD documentário.............................................................................69
Anexo D- Glossário, Símbolos e Siglas.............................................................71
20. DECUPAGEM..................................................................................................72
1. DEFINIÇÃO DO PRODUTO

Este projeto é a etapa final da concretização da produção do vídeo da


categoria curta-metragem documental MARACATU LILÁS e mostra a iniciativa de
um grupo de mulheres que fundou o Maracatu Rural Coração Nazareno, da
Cidade de Nazaré da Mata, através da AMUNAM (Associação das Mulheres de
Nazaré da Mata).
Desde o início do curso de Produção Cultural sempre tive em mente a
apresentação de meu TCC com um trabalho relativo à cultura popular nordestina.
Com o decorrer do curso, as disciplinas cursadas referentes à cultura popular e
ao audiovisual abriram as portas para determinar este projeto. A minha intenção
era realmente mostrar a beleza, o colorido, a dança e o batuque do maracatu
rural, por isso a opção pela apresentação do material através de um vídeo.
Ainda durante o curso, nas disciplinas de Fundamentos e Produção das
Artes Audiovisuais e Edição e Montagem, ministradas pelo Prof. Dr. Tiago
Monteiro, pude conhecer e experimentar os processos de criação e produção de
um curta-metragem, aprendendo sobre a dinâmica e os encantos do cinema. Mais
adiante, com a possibilidade de se fazer um produto e seu conceito num Memorial
Descritivo, decidi optar pelo vídeo documentário sobre o maracatu rural.
A intenção, à princípio, era falar sobre a figura do Caboclo de Lança,
personagem central do maracatu rural, que representa o guerreiro protetor da
nação maracatu, com suas danças formadas por movimentos de combate. Sua
apresentação sempre me fascinou, pelo som dos chocalhos e exuberância de sua
fantasia e desenvoltura com a lança. Com o tempo, passei a admirar o maracatu
rural feminino Coração Nazareno, que, para mim, tornou-se mais interessante
pois, englobaria, além da figura do caboclo de lança, todos os personagens
envolvidos, pela ótica feminina.
A escolha do título “Maracatu Lilás” foi proposital e uma das finalidades foi
a de associar a cor lilás, tipicamente feminina, ao contexto do vídeo. É portanto,
um vídeo de curta-metragem que mostra o empoderamento das mulheres à frente

11
de um maracatu rural, o Maracatu Coração Nazareno, criado pela AMUNAM, em
08 de março de 2004. Historicamente o maracatu rural era constituído apenas
pela figura masculina, uma vez que os trabalhadores canavieiros, após um bom
dia de colheita da cana, dançavam no próprio canavial em agradecimento.

Maracatu Rural não parece folia carnavalesca, não tem


parentesco com os famosos maracatus de nação africana de
Recife e os grupos são como sociedades secretas masculinas. Só
recentemente algumas mulheres vêm conseguindo acesso ao
papel de baianas, até então desempenhado apenas por "cabras
machos", cuja única concessão está no vestuário. Um gracejo
infeliz seria respondido na peixeira por qualquer "baiana" de
Maracatu Rural, rudes trabalhadores rurais dos engenhos de cana
de açúcar que crescem ao redor de Nazaré da Mata, Tracunhaém,
Goiana, Timbaúba e Carpina. Por aqui, carnaval é festa sé ria.
(CHAVES, 2010)

As gravações ocorreram nos dias 30 e 31 de maio de 2015 e 02 e 05 de


junho de 2015, na Sede da AMUNAM, com entrevistas pré agendadas com
algumas das mulheres que fazem o Maracatu Coração Nazareno.
A produção do vídeo, acredito, proporciona um contato visual direto com o
expectador, e tem a expectativa de divulgar, uma, dentre tantas manifestações
culturais do nordeste sendo ainda uma das possibilidades de atuação do produtor
cultural, uma vez que a cultura do maracatu rural vem tomando proporções de
divulgação abrangendo outros espaços culturais além do habitualmente utilizado,
os terreiros, contribuindo dessa forma, para o fomento da cultura desta linha de
maracatus.

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2- FICHA TÉCNICA DO PRODUTO

Produto: Vídeo-Documentário Maracatu Lilás


Produção, Roteiro e Direção: Maria José Lacerda Gadelha
Co-direção, câmeras e fotografia de still: Orlando Augusto
Pesquisa: Maria José Lacerda Gadelha
Assistentes de Produção: Ana Maria e Mary Kenny
Designer Ilustrador: Kainã Lacerda
Edição e finalização: Nathã Phylippo
Orientação do Projeto: Profª Drª. Fernanda Delvalhas Piccolo
Entrevistas realizadas por: Maria José Lacerda Gadelha
Entrevistadas: Mulheres do Maracatu Coração Nazareno
Gênero: Curta-Documentário
Apoio: AMUNAN e a todos que participaram da realização desse vídeo.
Duração : 13min e 01segundo
Ano: 2015
País: Brasil

13
3. MATERIAIS UTILIZADOS
3.1- CÂMERA

Para a captação das imagens (vídeo e fotos) foram utilizados os


seguintes equipamentos: Uma câmera semi-automática FinePix S9600 flash
embutido; Uma câmera digital Canon EOS Rebel T51 18MP LCD Móvel e Touch
de 3” também com Flash Embutido; cartões de memória, baterias e carregadores.
Como complementação de equipamento foram utilizados dois celulares, um
Motorola, modelo MOTO G 3ª geração e outro smartphones Samsung modelo
GALAXY, que tiveram também a função de câmera. Foi utilizado apenas o
microfone embutido dos equipamentos citados.

Figura 1: câmera digital Canon Rebel T51 EOS

Foto: Orlando Augusto (2015)

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3.2- SOFTWARE DE EDIÇÃO

A edição foi realizada em um Windows 7 Ultimate, processador: Intel(R)


Core(TM) i5-3330 CPU @ 3.00GHz Memória instalada (RAN): 4,00GB
(utilizável:3,67GB). Tipo de Sistema: Operacional de 64 Bits.
O Software usado foi o Adobe Premiere Pro CC20155 versão para
Windows Ultimate.

Figura 2: Software Adobe Premiere Pro CC20155

Foto: Nathã Philippo (2015)

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4- SINOPSE

Maracatu Lilás retrata o mergulho de um Grupo de mulheres, da cidade de


Nazaré da Mata, em Pernambuco, na criação do Maracatu Rural Coração
Nazareno, versão feminina do maracatu de Baque Solto daquela região. Mostra o
desdobramento da mulher em um contexto sócio-cultural, tradicionalmente
constituído apenas por homens trabalhadores canavieiros dos engenhos. Através
da AMUNAM (Associação de Mulheres de Nazaré da Mata) este sonho se torna
realidade. Onze anos se passaram e, aos poucos, as mulheres do Maracatu
Coração Nazareno finalmente conseguem conquistar seu espaço e respeito de
toda comunidade, das cidades da redondeza da Zona da Mata e de Recife, capital
de Pernambuco, atingindo o ápice nas apresentações carnavalescas lado a lado
com os maracatus masculinos.

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5- EQUIPE DE EXECUÇÃO

Sem orçamento oficial disponível, foi imperioso montar uma equipe


composta em sua maioria por voluntários: estudantes, amadores e profissionais
de imagens e amigos. Pessoas que acreditaram na possibilidade de realização
desse projeto e, dispuseram-se a dar total apoio para sua concretização.

Roteiro, produção e direção: Maria José Lacerda Gadelha (graduanda de


Bacharelado em Produção Cultura-IFRJ e Produtora do vídeo-documentário);

Co-direção, câmera e Fotógrafo de still: Orlando Augusto (Fotógrafo


profissional. Irmão);

Assistente de Produção: Ana Maria (geógrafa, responsável por mapear os


espaços onde seriam feitas as gravações e agendar as entrevistas. Irmã);

Assistente de Produção: Mary Kenny (Norte Americana, Antropóloga e


estudiosa da cultura popular brasileira, colaborou na elaboração das entrevistas.
Amiga);

Designer Ilustrador: Kainã Lacerda ( Estudante de Comunicação Visual e


Design, UFRJ, Ilustrador responsável pela arte final da capa do DVD. Filho);

Edição e finalização: Nathã Phylippo (Estudante de Educação Física, UFRJ e


Profissional da área de Edição de imagens digitais. Amigo);

Motorista: Fernando Gadelha (Colaborou como Auxiliar de produção e


motorista. Irmão).

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6- JUSTIFICATIVA

A área de atuação de um Produtor Cultural é muito ampla e a formação


acadêmica lhe dá o suporte necessário para o futuro desdobramento profissional,
podendo exercer suas funções na área de planejamento e gestão cultural,
traçando metas e fomentando a cultura, entre outras. O produtor cultural, que era
identificado pelas suas experiências práticas, busca qualificação através do
ensino da graduação para o reconhecimento da profissão, que vem se
expandindo e tomando novos caminhos propiciados pela formalização, ocupando
espaço no cenário cultural brasileiro, sendo responsável por um percentual
considerável de movimentação da economia financeira no setor de
entretenimento. Para esta nova situação do produtor cultural, AVELAR (2010,
p.28), chama a atenção.

As duas últimas décadas foram de grandes transformações no


cenário cultural brasileiro. Até meados dos anos 1980, a produção
e a gestão em níveis profissionais se concentravam, de forma
acentuada, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os outros estados
assistiam a tudo pela mídia ou eram receptores passivos daquilo
que circulava pelo país. O quadro de indigência cultural das
demais regiões fazia crer que as cores locais seriam reduzidas a
um padrão global único, pasteurizado e homogeneizado. Aos
artistas, produtores e gestores locais com maiores aspirações,
restava a alternativa de migrar para um dos dois grandes centros,
salvo raras, honrosas e corajosas exceções.

Segundo informações da Federação das Indústrias do Estado do Rio de


Janeiro-FIRJAN, verificou-se um crescimento de 90%, entre os anos de 2004 e
2013, no mercado de trabalho da indústria criativa, aumento muito maior do que o
avanço de 56% do mercado de trabalho brasileiro no mesmo período. A área
criativa da Cultura, em particular, cresceu 43,6% no período analisado pelo
estudo. Com isso, estima-se que a indústria criativa brasileira gere um Produto
Interno Bruto (PIB) equivalente a 2,6% do total produzido no Brasil em 2013 ou
R$ 126 bilhões.(FIRJAN, 2014, p.11)
O Produtor Cultural, pode ser ainda, o profissional responsável em
promover a dinâmica do marketing cultural, desenvolvendo projetos e produtos

18
culturais de várias naturezas. Atuando, também como gestor em setores públicos
em níveis municipal, estadual e federal, bem como em setores privados, capaz de
planejar, desenvolver e promover a integração entre o artista e o público como
responsável pela administração e gerência nos bastidores de produções de
espetáculos (dança, teatro, música, cinema, televisão, obras literárias) no vasto
campo da indústria cultural.
Diante dessa constatação da FIRJAN, podemos considerar a grande
importância do produtor cultural nesta crescente cadeia produtiva, fortalecendo o
profissional no elo entre a cultura e a sociedade.

O produtor é o agente diretamente envolvido e responsável pela


realização de eventos e projetos culturais, garantindo a qualidade
e a concretização do produto cultural, executando para isso todas
as demandas e imprevistos resultantes da produção. (AVELAR
apud RIBEIRO, 2010, p. 5).

Para uma consolidação profissional do Produtor Cultural, Algumas


Instituições particulares, mas principalmente as públicas, em particular, os
Institutos Federais instalados em vários estados do país, abrigam o curso de
graduação relacionado à produção cultural 1.
No que tange às artes audiovisuais, há também uma grande procura pela
profissionalização, conforme pode ser constatado pelos dados apresentados pela
Diretora do Centro de Artes do campus de Curitiba II da Unespar e professora do
curso de Cinema e Vídeo. O vestibular 2015 da Fuvest, recebeu 141.888
inscritos. “Na lista de cursos mais concorridos, estão três de comunicação:
Audiovisual, Jornalismo e Publicidade e Propaganda, sendo que o primeiro é o
mais disputado do trio”. (UNESPAR, 2015).

________________________________________________
1 Universidade Estácio de Sá (Evenos), Universidade Cândido Mendes–UCAM (Bacharelado em Ciências Sociais/Produção e Política
Cultural); Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo–FMU(Tecnologia em Produção Cultural); Faculdade de Tecnologia Interamérica
também em São Paulo–FTI(Tecnologia em Produção Cultural). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro–
IFRJ(Bacharelado e Tecnologia em Produção Cultural); Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte–
IFRN(Tecnologia em Produção Cultural); Universidade Federal Fluminense–UFF(Bacharelado em Produção Cultural); Universidade Federal
do Pampa do Rio Grande do Sul–UNIPAMPA(Bacharelado em Produção e Política Cultural); Universidade Federal da Bahia–
UFBA(Bacharelado em Comunicação–Habilitação em Produção em Comunicação e Cultura);

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O Fundo Setorial do Audiovisual da ANCINE (Agência Nacional de
Cinema), tem contribuído para o aumento da procura pelos cursos de cinema e
audiovisual, pois tem aberto linhas de investimento para as diversas fases, desde
a produção até a exibição, e a Lei 12.485/11, que tornou obrigatória a exibição de
três horas e meia diárias de produções nacionais nas grades dos canais por
assinatura, é mais um incentivo para a cultura cinematográfica.
Os dados e valores apresentados pela ANCINE, no site da Instituição, são
fatos relevantes a serem considerados, uma vez que os investimentos nas
produções cinematográficas têm gerado receitas satisfatórias ao setor, conforme
afirma Vera Zaverucha, no seu artigo, A chance do audiovisual de 2013.
Segundo a ANCINE, de 1995 até 2011 foram lançados no mercado de
salas 797 filmes de longa-metragem de ficção, animação e documentários, com
investimentos de R$ 1.230.573.135. Foram 174.929.100 espectadores, gerando
uma receita bruta de R$ 1.232.537.683. Ou seja, a receita bruta ultrapassa o total
investido. (ANCINE, 2013).
Esses números, apesar de apresentarem uma relação estreita entre os
investimentos e a receita bruta, servem de alento para os produtores que
pretendem transformar seus projetos cinematográficos em realidade e atingir seus
espectadores.
A modalidade documentário vem ocupando um espaço considerável pelos
profissionais ligados à área de cinema. Segundo LINS; MESQUITA ( 2008, p.7).
“É um formato que vem atraindo um interesse crescente de realizadores, críticos,
pesquisadores de cinema e tem conquistado uma parcela do público que
frequenta as salas de cinema”.
Este formato de audiovisual, curta-documentário, vem sendo apresentado
também, nas disciplinas2 acadêmicas sobre audiovisuais, como as que são
ministradas, por exemplo, no curso de Bacharelado em Produção Cultural do
IFRJ, Campus Nilópolis.

_____________________________________________
2
Fundamentos das Artes Audiovisuais; Produção das Artes Audiovisuais; Edição e Montagem;
Panorama Audiovisual Brasileiro; Cinema Documentário e Roteiro para Mídias Audiovisuais;

20
O vídeo e o filme documentário oferecem uma visão geral dessa
forma fascinante de fazer cinema. Compreendem questões de
ética, definição, conteúdo, forma, tipo e política. Porque abordam o
mundo em que vivemos e não um mundo imaginado pelo cineasta.
A tradição do documentário está profundamente enraizada na
capacidade de ele nos transmitir uma impressão de autenticidade.
E essa é uma impressão forte. (NICHOLS, 2005, p.17)

Tomando como base essa forma de representar a realidade, o vídeo-


documentário, é que optei por produzir um curta-metragem, como ferramenta
eficaz para mostrar o mundo do maracatu rural feminino Coração Nazareno.
Folguedo que vem mudando a concepção dos participantes, dos entes públicos e
privados, bem como, do público que aprecia esta manifestação cultural, de que o
maracatu rural só pode ser representado apenas por homens, historicamente
contextualizado, desconstruindo esta particularidade e impulsionando a reflexão
sobre a questão de gênero.
Ainda em relação ao maracatu rural pouco se tem difundido sobre o tema,
o que torna a bibliografia de publicação de livros escassa. Também Bonald Neto
(1991, p. 281) diz “...pouco se tem escrito sobre essa manifestação da cultura
popular tão pernambucana”.
Entretanto, alguns estudantes, acadêmicos e estudiosos da cultura
popular, como BENJAMIN (1982/1989); BONALD NETO (1991); MEDEIROS
(2005); GUILLEN (2007); LIMA (2009); CHAVES (2010); LEÃO (2010); OLIVEIRA
(2010); VASCONCELOS (2012); SILVA, FILHA e PINTO (2015) e o IPHAN (2013),
têm direcionado suas atenções para este folguedo da zona da mata norte de
Pernambuco e é possível se encontrar pesquisas e artigos relacionados ao
assunto. Sua maior divulgação, no entanto, fica a cargo mesmo das festividades
carnavalescas, onde é possível avaliar e constatar a existência de um grande
número de maracatus rurais dessa região.
Quando de suas apresentações nos seus locais de origem, o número de
turistas e apreciadores desse folguedo superam as expectativas, segundo fontes
da Secretaria Municipal de Nazaré da Mata e, nos dias de exibições na capital
Recife.

21
19
Essas apresentações em Recife, vêm ocorrendo com maior frequência,
realizadas através de convênios entre os entes públicos, Prefeitura, Governo do
Estado e a Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco, por seu
Vice-Presidente, Manoel Salustiano Soares Filho, filho do Mestre Salustiano 3,
representante dos folgazões, como também são chamados. As apresentações
dão oportunidade ao público presenciar as manifestações culturais desse
folguedo da Zona da Mata Norte de PE.
O IPHAN, em dezembro de 2014, concedeu o Título de Patrimônio
Cultural Imaterial do Brasil aos Maracatus Rural (Baque Solto) e Nação (Baque
Virado), bem como à Brincadeira Popular Cavalo Marinho, ficando registrados no
Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC).
Apesar de se achar na internet alguns vídeos documentários sobre
maracatu, não há muitas abordagens sobre o maracatu rural, suas formações e o
trabalho que é desenvolvido fora dos palcos e dos terreiros, tema que vislumbro
dar continuidade pelo leque de desdobramentos que pode ser pesquisado.
Acredito que o universo da cultura popular do nordeste é muito rico e o
campo de atuação para o produtor cultural é bastante convidativo. Existe uma
gama de manifestações culturais que podem ser vislumbradas e exploradas por
este profissional da cultura.
Em se tratando do Maracatu Rural, este foco de interesse pode ser ainda
mais atrativo para o produtor cultural que tenha interesse em trabalhar com
cultura popular de raízes afro-brasileiras e em festividades carnavalescas.
A realização deste vídeo-documentário tem a pretensão de incentivar o
interesse desse profissional por esta área de atuação e contribuir de alguma
forma para as pessoas envolvidas com produções culturais.

_____________________________________________
3
Consagrado rabequeiro e fundador do Maracatu Piaba de Ouro, ficou conhecido como Mestre
Salu.

22
23
7- OBJETIVO GERAL

Produzir um vídeo-documentário de curta-metragem sobre o maracatu


rural feminino Coração Nazareno da cidade de Nazaré da Mata-PE, apontando
para a ressignificação do maracatu pela ótica da mulher num contexto tipicamente
masculino.

8- OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Apresentar algumas rotinas da produção do maracatu Coração Nazareno;


 Identificar o papel da mulher nesse processo;
 Incentivar e valorizar a propagação dos maracatus;

8.1- OBJETIVOS FUTUROS E PERSPECTIVAS

 Exibir o vídeo em eventos, palestras, festivais, cineclubes e aulas sobre


cultura popular.

23
9. CONCEPÇÃO METODOLÓGICA

A concepção metodológica adotada para este trabalho foi com base na


legislação do audiovisual, tema do próximo tópico, que trata dos procedimentos
para a realização de um vídeo-documentário, seguindo também orientação de
autores que versam sobre o gênero curta-metragem e, adotando a legislação em
vigor sobre direitos autorais, de imagens e outros afins.
Devido ao curto orçamento para investimento na produção do vídeo, foi
necessário fazer algumas adaptações que se enquadrassem à minha realidade
como produtora do vídeo, como, por exemplo, trabalhar com estudantes,
voluntários e familiares, que se propuseram a compartilhar do projeto. Fiz uso de
celulares para captação de imagens e som, como complementação do material de
audiovisual. Além da câmera.
Quanto aos autores pesquisados para minha orientação sobre a produção
de um vídeo documentário, pautei-me em leitura de obras de RODRIGUES
(2007), LINS e MESQUITA (2008), NICHOLS (2005), MAGARÃO (2015) e
informativos da ANCINE (2013).
Em relação ao tema maracatu rural e maracatu feminino, pesquisei
autores que apresentavam discussões e teorias sobre este universo cultural,
como o IPHAN (2013), VASCONCELOS (2012), LEÃO (2010), SILVA / FILHA /
PINTO (2015), OLIVEIRA (2010), dentre outros.
Para o universo da produção cultural pesquisei autores como AVELAR
(2010), FIRJAN (2014).
Dividi o planejamento e a execução do projeto em etapas: Concepção
inicial, quando desenvolvi a ideia, o local (cidade para as gravações), um roteiro
preliminar e as entrevistadas (ANEXO A); Pré-Produção, quando defini um
orçamento básico, a equipe, transporte e equipamentos; Produção, Gravação e
Edição das imagens captadas; Finalização que englobou a revisão da edição das
cenas e áudio e a arte (capa e bolacha) do DVD; Pós-Produção, ficou a prestação
de contas, registro do produto na ANCINE e futuras participações em festivais e
mostras que abriguem filmes desse gênero documentário. A ideia sempre foi a de
fazer um vídeo de, no máximo, 15 minutos com os componentes que figuram os
personagens do maracatu rural tratando do processo de construção e preparação

24
19
do folguedo até sua finalização em apresentações. O que foi feito com o Maracatu
feminino Coração Nazareno.
Foi possível registrar as exposições das mulheres que participam desse
maracatu e através do documentário viabilizar a possibilidade de divulgação deste
universo cultural, alcançando um público direcionado à cultura do nordeste em
especial o maracatu.

25
19
10. LEGISLAÇÃO

A produção do vídeo-documentário Maracatu Lilás tomou como base


algumas ligislações: Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os
direitos autorais, do autor e seus consexos; a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
2002, institui o Código Civil Brasileiro e a Medida Provisória 2.228, de 06 de
setembro de 2001, que estabelece princípios gerais da política nacional do
cinema, cria o conselho superior de cinema e a agência Nacional de Cinema
(ANCINE).

Segue abaixo alguns trechos dos dispositivos que se aplicam ao caso:

Lei 9.610: (Lei do audiovisual)

Art. 1º Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta


denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos.
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, considera-se:
II - transmissão ou emissão - a difusão de sons ou de sons e
imagens, por meio de ondas radioelétricas; sinais de satélite; fio,
cabo ou outro condutor; meios óticos ou qualquer outro processo
eletromagnético;
VI - reprodução - a cópia de um ou vários exemplares de uma
obra literária, artística ou científica ou de um fonograma, de
qualquer forma tangível, incluindo qualquer armazenamento
permanente ou temporário por meios eletrônicos ou qualquer outro
meio de fixação que venha a ser desenvolvido;
VIII - obra:
i) audiovisual - a que resulta da fixação de imagens com ou sem
som, que tenha a finalidade de criar, por meio de sua reprodução,
a impressão de movimento, independentemente dos processos de
sua captação, do suporte usado inicial ou posteriormente para
fixá-lo, bem como dos meios utilizados para sua veiculação;

Também em relação à obra cinematográfica, a Medida Provisória 2.228


de 06 de setembro de 2001, artigo 1º, relata: RODRIGUES (2007, p. 217)

Art. 1º. Para fins desta Medida Provisória entende-se como:


III. obra videofonográfica: obra audiovisual cuja matriz original de
captação é um meio magnético com capacidade de
armazenamento de informações que se traduzem em imagens em
movimento, com ou sem som;

26
19
Com relação às responsabilidades do Produtor cultural sobre a obra é
dito: RODRIGUES (2007, p. 218)

XI - produtor - a pessoa física ou jurídica que toma a iniciativa e


tem a responsabilidade econômica da primeira fixação do
fonograma ou da obra audiovisual, qualquer que seja a natureza
do suporte utilizado;

Fundamentei também pela Medida Provisória 2.228/01 a metragem do


vídeo como sendo um curta, utilizando o inciso “VII-obra cinematográfica ou
videofonográfica de curta metragem: aquela cuja duração é igual ou inferior a 15
minutos”.(RODRIGUES, 2007, p.218).
Pretendo requerer à ANCINE o registro do título e do Certificado de
Produto Brasileiro – CPB, antes da exibição do filme, conforme reza o Art.28 da
Medida Provisória 2.228/01. (RODRIGUES, 2007, p. 228).
Em relação à regulamentação sobre o uso da imagem, o Artigo 21,
Capítulo II, do Código Civil Brasileiro-Lei 10.406/2002 prevê:

“Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a


requerimento do interessado, adotará as providências necessárias
para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.” (BRASIL,
2008, p. 146).

Para o atendimento ao disposto na legislação sobre uso de imagem e


som, foram entregues e utilizados Termo de Autorização de Uso de Imagem, Voz
e Texto (vide Anexo B) para todos os participantes do Maracatu Coração
Nazareno que participaram das entrevistas.

27
19
11. REFERENCIAL TEÓRICO

Para a construção do produto vídeo-documentário Maracatu Lilás, abordo


autores como NICHOLS (2005), LINS e MESQUITA (2008), bem como,
instituições como a ANCINE que abordam temas relacionados à produção de
curtas-documentários, cito CORRÊA (2002) e LOURO (1998), sobre a questão
da mulher e seu papel na sociedade e alguns pesquisadores que discorrem sobre
a cultura do maracatu rural; sua história, cultura popular e, o maracatu feminino
Coração Nazareno, este último, fazendo referências à questão de gênero, por se
tratar do único maracatu composto apenas por mulheres. Utilizei os seguintes
conceitos e noções:
 O que é um vídeo-documentário e um curta metragem?
 A cultura popular e os maracatus;
 A história do maracatu rural;
 O maracatu Coração Nazareno, a AMUNAM e a questão de gênero.

11.1- A LINGUAGEM DO DOCUMENTÁRIO

O que é um vídeo-documentário e um curta metragem?

O vídeo-documentário é um filme não ficcional que se caracteriza pelo


compromisso da exploração da realidade. Mas dessa afirmação não se deve
deduzir que ele represente a realidade tal como ela é. (ANCINE, 2013)
O curta-metragem é um filme que tem menos de 30 minutos de duração.
Ele pode ser um filminho de 30 segundos, feito com uma câmera de celular e
postado na internet por uma única pessoa, ou um filme filmado em película, numa
praia maravilhosa, com 150 figurantes. (GRANZINOLI, 2015)
Procurei buscar referências que atendessem meus questionamentos
acerca dos procedimentos para a produção de um vídeo documentário, gênero
curta-metragem e utilizei embasamento teórico de RODRIGUES (2007),
NICHOLS (2005), LINS e MESQUITA (2008), dentre outros, para a realização do
produto.

28
E como produtora, procurei:

“criar condições para que todos os elementos necessários a um filme


sejam guiados de maneira a transformá-lo em um filme de sucesso. O
produtor do filme é a pessoa que o viabiliza e a quem é dado o controle
total sobre sua execução;”(RODRIGUES, 2007, p. 68 - 69).

Apesar de todo esforço contido e focado neste objetivo, na prática os


encalços são ainda maiores que a pretensão em realizar um excelente trabalho
ou mesmo um produto de nível aceitável. Primeiramente procurei definir o tema
que queria produzir para o vídeo-documentário, a princípio sobre os Caboclos de
Lança, optando posteriormente pelo Maracatu Feminino Coração Nazareno. A
partir daí, planejei, orcei e procurei administrar e executar o meu produto da
melhor forma possível. Os textos de NICHOLS (2005), LINS e MESQUITA (2008)
dialogam e foram de grande importância para o desdobramento do entendimento
para a realização do vídeo.
Os dois textos apresentam os caminhos para a produção de um vídeo-
documentário com uma linguagem bastante acessível e prende o leitor a detalhes
que na prática, talvez passasse despercebido, como no caso das entrevistas,
onde é preciso escolher a melhor forma a utilizar para a abordagem. Outro
aspecto bastante interessante é o fascínio pelo cinema que passam ao leitor e
assuntos relevantes sobre ética, conteúdo, política que devem existir nessa
relação de produtor e entrevistado, uma vez que não se trata de ficção, mas de
situações reais.
Ainda segundo LINS e MESQUITA (2008), a partir de 1990, existiu uma
grande procura e um aumento considerável pela produção de vídeos-
documentários, principalmente pelo fomento de editais públicos para esta
modalidade de filmes e a contribuição dos grandes festivais, motivando a
participação de produtores independentes. As facilidades proporcionadas pela
tecnologia em equipamentos digitais também contribuem para esse interesse.

[às] vantagens técnicas, econômicas e estéticas dos equipamentos


digitais sobre os analógicos, [que] permitem tanto a cineastas já
consolidados quanto a jovens que se iniciam no documentário investir na
realização de filmes a custos relativamente baixos. (LINS e MESQUITA,
2008, p. 11)

29
No curta-documentário Maracatu Lilás, procurei inserir os subgêneros de
que trata NICHOLS (2005, p.135), o observativo, que “enfatiza o engajamento
direto no cotidiano das pessoas que representam o tema do cineasta, conforme
são observadas por uma câmera discreta”, e o participativo, que “enfatiza a
interação de cineasta e tema. A filmagem acontece em entrevistas ou outras
formas de envolvimento mais direto.” (NICHOLS, 2005, p.62).
A intenção do curta, seguindo o roteiro traçado, era a de mostrar o
desdobramento das mulheres envolvidas nessa nova roupagem do maracatu
rural, com a quebra do tabu onde elas não tinham vez e só podiam observar a
típica dança masculina. A forma por mim encontrada foi a de observar e registrar
algumas tarefas que desempenham para colocar o maracatu na rua e o ensaio,
acrescentando os depoimentos de algumas delas sem minha interferência direta,
no limite do que é possível para um curta. Para tanto, utilizei o modo
participativo/interativo por meio de entrevistas, onde as brincantes expõem suas
experiências de participação dentro do maracatu.

Seja no que ouvimos um narrador dizer sobre o tema do filme, no


que nos dizem os atores sociais diretamente nas entrevistas, seja
no que escutamos os atores sociais dizerem entre si conforme a
câmera os observa, os documentários apoiam-se muito na palavra
dita. O discurso dá realidade a nosso sentimento do mundo, um
acontecimento recontado torna-se história resgatada. (NICHOLS,
2005, p. 59)

Procurei criar elos entre os temas das entrevistas seguindo um critério


dos temas abordados, desde a parte dos trabalhos sociais (descartada,
posteriormente, por não estar diretamente ligada ao tema que queria apresentar),
a história da criação do maracatu feminino e as experiências individuais de
algumas componentes, buscando uma sequência histórico-cultural dos fatos,
fechando com um ensaio improvisado do maracatu feminino com as meninas do
batuque. O resultado de “Maracatu Lilás” é, portanto, uma realização idealizada e
alcançada dentro dos limites possíveis para minha conclusão no curso de
Bacharelado em Produção Cultural.

30
11.2- A CULTURA POPULAR E OS MARACATUS

O maracatu rural é uma manifestação da cultura popular, atrelada,


principalmente, à desigualdade social e econômica a qual pertencem os
trabalhadores canavieiros. Essa realidade de trabalho e vida difícil nos canaviais,
são, temporariamente, transformadas, nos períodos carnavalescos, quando
ocorrem as apresentações e participações desse folguedo.

Canclini define as culturas populares:

As culturas populares (termo que achamos mais adequado do que a


cultura popular) se constituem por um processo de apropriação desigual
dos bens econômicos e culturais de uma nação ou etnia por parte do
seus setores subalternos, e pela compreensão, reprodução e
transformação, rela e simbólica, das condições gerais e especificas do
trabalho e da vida. (CANCLINI,1983, p.43)

A observação de CANCLINI (2008), nos permite inserir, nesse contexto, o


ritual do maracatu, antes do desfile, os figurantes são obrigados a passar por
rituais sagrados, que incluem banhos de água e um rígido controle de suas
atitudes, PEIXE (1956), com suas características, vivências, relações sociais e
econômicas como meio de amenizar, alegrar e transformar a realidade de seus
componentes, expressando sua cultura, história de resistência.
Utilizam seus espaços sociais, a área canavieira e os terreiros, que são
palcos dos ensaios e encontros de “sambadas”, onde também ocorre o projeto
“TEM SAMBA NOS TERREIROS” realização de atividades em terreiros de
renomados maracatus. Os terreiros abrigam os rituais de sambadas que
antecedem o carnaval. TURNER (2013), imprimindo, assim, suas condições
gerais de trabalho e vida.
De acordo com SALUSTIANO (2013), a luta e resistência do trabalhador
canavieiro está na história desde seus ancestrais, escravos das grandes fazendas
açucareiras. O maracatu abre suas portas para mostrar a realidade desse povo.
São histórias comuns, que se unem através da cultura, e chamam para si a
atenção para a realidade de seus terreiros e vidas.

31
19
Ainda de acordo com SALUSTIANO (2013), A sabedoria dos folgazões, é
saber preservar o maracatu como manifestação espontânea dos terreiros. Isso
inclui uma aproximação sagaz das “repartições públicas”. “Pagam para ver
minhas fantasias, mas nunca deram dinheiro para que eu fizesse minha sambada
de terreiro. Não posso fazer uma sambada dentro de um teatro, em cima de um
palco, porque só funciona em um terreiro.”

Muitos homens trabalham para comer... Neguinho do Imbé cria


porcos para botar o maracatu na rua com sua Nação, mas no
domingo de carnaval, o maracatu dele era a coisa mais linda! Eu
pensava: como é que esse camarada consegue isso? Foi quando
comecei a entender que os homens do maracatu de baque solto
são guerreiros, são muito fortes. Para resistir às dificuldades e se
tornar rico. Se você for um simples cortador de cana, as pessoas
não lhe enxergam, mas dentro do maracatu você é um rei, ou um
presidente, ou um capitão dentro do cavalo-marinho. Agente se
torna autoridade, pessoas importantes.” SALUSTIANO (2013) “

A cultura é um veículo de renovação e pode ser utilizada, principalmente,


pela camada popular como ferramenta para propiciar transformações sociais. O
maracatu rural é, um instrumento cultural utilizado pelos canavieiros e, agora,
também, por mulheres brincantes, para a prática e realização dessas
transformações. No caso do Maracatu Coração Nazareno essa prática se faz
presente através de projetos sociais como o “Cultura é coisa nossa”, que
contemplam as famílias das participantes dessa manifestação cultural. Esse
tema será melhor explicado mais adiante, no capítulo Maracatu Coração
Nazareno e a AMUNAM.

11.2- A HISTÓRIA DO MARACATU RURAL

O Maracatu Rural de Baque Solto é uma manifestação cultural que teve


seus primeiros indícios de prática dentro das senzalas dos engenhos de cana de
açúcar, pelos escravos. Posteriormente, após a libertação e então trabalhadores
dos engenhos, utilizavam os canaviais e os terreiros de suas moradias para

32
19
realizarem seus cantos e danças. O primeiro tipo de maracatu a surgir foi o
Maracatu Nação, que fazia referência aos reis negros e realizavam procissão à
Nossa Senhora do Rosário. Esse tipo de maracatu, o Nação, com a migração de
ex-escravos para a cidade, instalou-se com maior frequência nos locais urbanos.
Os que permaneceram na zona rural e, para as gerações posteriores, o
maracatu foi se descaracterizando do original e criando seus próprios
personagens e descartando outros. Sendo assim, se originou o Maracatu Rural na
Zona da Mata Norte do estado de Pernambuco, por trabalhadores rurais da zona
canavieira. Segundo dados da Secretaria Municipal de Cultura de Nazaré, “O
Maracatu Rural mais antigo do Brasil é o Cambinda Brasileira. O grupo foi
fundado em 1898, e sua Sede permanece no mesmo lugar, no Engenho do
Cumbe, Nazaré da Mata, Zona da Mata de Pernambuco”.
Intitulada pelo governo do estado de Pernambuco, Capital Estadual do
Maracatu, Nazaré da Mata abriga dezenas de grupos representantes do folguedo,
dentre eles o precursor Cambinda Brasileira e, o mais recente, criado em 2008, o
Maracatu Rural Coração Nazareno formado apenas por mulheres. Participam,
atualmente, tanto de apresentações na capital Recife, como em seus terreiros e
locais onde trabalham no corte da cana, principalmente, em momentos de folga.
Folguedo, como a maioria dos brincantes denominam, refere-se ao
maracatu, deriva da palavra folgança, que vem de folga, folia, descanso, ócio,
brincadeira, divertimento, festa. Inicialmente essas manifestações de
trabalhadores se apresentavam em dias de folga.

Para os folgazões, maracatu de baque solto é brinquedo,


brincadeira, é folguedo, folgança. Folguedo, pausa para a folga,
ter prazer, alegrar-se, desafogar e desoprimir-se da massacrante
labuta diária de trabalhadores braçais. O folgazão gosta de folgar,
divertir-se, é um brincalhão. E o gosto por determinado modo de
se divertir é tão potente que a diversão se converte em devoção,
em esfuziante festa de carnaval e festa de terreiro. É assim que os
brincantes encaram o samba de maracatu: comovente alegria e
devoção obstinada, que trança as fibras da espinhenta palha da
cana com as fitas esvoaçantes da fantasia, na soberba paisagem
do latifúndio açucareiro da Zona da Mata Norte de Pernambuco. E,
antes de qualquer coisa, de qualquer sistematização etnográfica,
quando perguntados são eles próprios que, visceralmente,
definem o que é mesmo essa diversão-devoção: maracatu é
paixão, maracatu é a minha vida, maracatu é o brinquedo do
feitiço e da bruxaria, é uma coisa boa, é uma coisa gostosa.
(IPHAN, 2013).

33
19
Pesquisadores como Bonald Neto (2001), Silva (1998), Maior (1996),
Benjamim (1982) e Guerra-Peixe (1956), além da antropóloga norte-americana
Real (1990) se destacaram em Pernambuco, com seus estudos sobre grupos
étnicos e suas expressões culturais como as festas, os rituais e a religiosidade.

“Entre todos os deslumbrantes folguedos que percorrem as ruas


do Recife e os morros e córregos do subúrbio durante a época
carnavalesca, um dos mais extraordinários é, sem dúvida o
“Maracatu rural”, também conhecido de “Maracatu de Orquestra” e
“Maracatu de Baque-Solto”. De todos estes folguedos tem sido
não somente o menos estudado como também o menos
compreendido....É até estranha a sua existência no Recife,
durante várias décadas, numa penumbra de mistério, quase
desinteresse por parte de alguns e crítica violenta por parte de
outros” (REAL, 1990, p. 71).

Existem dois tipos de maracatus. O de baque virado, de origem africana,


que surgiu quando os negros começaram a sair em procissão e fazer louvor à
Nossa senhora do Rosário. Apesar de ter se tornado posteriormente brincadeira
de carnaval, sempre se respeitou o lado religioso. Neste, predominam as alfaias
(tambores) e as baianas. No de baque solto o caboclo de lança é a figura de
maior relevância. Suas localizações geográficas também são distintas: enquanto
o maracatu nação ou de baque virado, ocorre na Região Metropolitana do Recife,
na zona urbana, o maracatu de baque solto é característico da zona da mata,
Zona Rural.
Já LIMA (2009), destaca a figura principal do maracatu rural, o Caboclo
de lança, com ricos detalhes:

Personagem principal- Com suas lanças de mais de dois metros


de comprimento, feitas de madeira com uma ponta fina e uma
enorme cabeleira de papel celofane cobrindo o chapéu-de-palha, o
rosto tingido de urucum ou por outras tintas, lenço estampado
cobrindo a testa, camisas e calças de chitão, meiões e sapatos de
lona, o Caboclo de lança tem o destaque de sua indumentária na
gola bordada e no surrão. A gola de sua fantasia, feita em tecido
brilhante, de cores vivas, é totalmente rebordada com vidrilhos e
lantejoulas. A gola representa o maior orgulho e a vaidade do
caboclo de lança, sendo quase sempre confeccionado por sua
companheira, durante o ano inteiro, sendo fruto de todas as suas
economias. O Surrão é como se fosse uma bolsa, é confeccionado

34
em couro de carneiro, cobrindo uma estrutura de madeira, onde
são presos chocalhos, sendo colocado na altura das nádegas, daí
também chamar-se estas figuras de Bunda-alegre e Bunda-de-
guiso, provocando um barulho forte e primitivo quando da
evolução dos caboclos de lança. (.LIMA, 2009)

Apesar de não serem ligados às irmandades negras do Rosário, porque


esta é uma característica do Maracatu Nação, ou urbano, possuem um cunho
fortemente religioso com o Candomblé ou Xangô pernambucano. Sua ligação
vem da congada4 e do cavalo-marinho5, manifestações difundidas pelos escravos
que trabalhavam no corte da cana-de-açúcar dos engenhos de Pernambuco.
Apesar de sempre praticados nos terreiros onde se constituíram, local social de
suas manifestações e moradias dos canavieiros, sua tradição foi perdendo fôlego
pelo desinteresse dos mais jovens por esta manifestação cultural. (SENA, 2012).
Alguns, no entanto, seguem com os preparativos religiosos antes de qualquer
manifestação e apresentação “festiva”.
Atualmente, os maracatus rurais se conservam através de suas
apresentações durante o carnaval de Pernambuco, Associações, Pontos de
Cultura e parcerias com Instituições privadas e públicas. Em dezembro de 2014, o
Maracatu Rural recebeu o Título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil,
concedido pelo IPHAN. (SMC, 2015).
A Zona da Mata de Pernambuco, antes coberta por florestas, hoje é
dominada por um mar de cana, formada por municípios como Carpina, Aliança,
Goiana e Nazaré da Mata. Relativamente pequena, a área abriga quase todos os
conjuntos de maracatu rural de Pernambuco e do Brasil. São 130 grupos ativos,
que somam mais de 13 mil integrantes. (SENA, 2012).

______________________________________________________________
4
Também conhecido como congo, é uma manifestação cultural e religiosa de influência africana
celebrada em algumas regiões do Brasil. Originou-se na África no país de Congo, inspirando-se no
cortejo aos Reis Congos que era uma expressão de agradecimento do povo aos seus
governantes.
5
Considerado uma dança dramática brasileira, o Cavalo Marinho da Zona da Mata Norte de
Pernambuco possui uma combinação básica de três elementos em sua representação: música,
teatro e dança. Por tradição, a brincadeira popular acontece no ciclo natalino e, de modo geral, se
inicia ao anoitecer e vai até “quebrar a barra do dia” (o amanhecer).

35
Os principais e mais tradicionais Grupos 6 de Maracatu Rural se
concentram na cidade de Nazaré da Mata, são ao todo 22 “brincadeiras” como
dizem e, a cada esquina, é possível encontrar uma Sede.
Dentre eles está o Maracatu Feminino Coração Nazareno, cujo diferencial
é ser formado unicamente por mulheres que veem na expressão cultural uma
oportunidade de garantir a continuidade deste folguedo popular, pela ótica
feminina, para as novas gerações. Além de possibilitarem a formação de agentes
culturais e artesãs que acontecem através das oficinas de artes, quando mulheres
confeccionam toda a indumentária e adornos necessários para o desfile do
maracatu. (Secretaria de Cultura e Turismo de Nazaré da Mata, 2015).
No maracatu rural, a formação dos instrumentos musicais que compõem
o cortejo nas apresentações são diferentes da composição do maracatu Nação,
por aqueles incluírem em sua orquestra instrumentos de sopro. Além dos
instrumentos de percussão, comum aos dois maracatus: tarol ou caixa, zabumba,
surdo, ganzá, chocalhos, porca (cuíca) e gonguê, fazem uso dos instrumentos de
sopros, que forma o conjunto de metais (clarinete, saxofone, trombone, corneta
ou pistom) e, por isso, também são conhecidos como Maracatu de Trombone ou
Maracatu de Orquestra.
As danças do maracatu rural têm suas coreografias parecidas com as do
Candomblé (Adahum de Orixás) e Xangô, no nordeste mais conhecido como
catimbó. Mantêm suas evoluções com movimentos lentos com os braços e as
pernas e pequenos círculos como a pedir proteção para o grupo e ao mesmo
tempo afastar o mal.

__________________________________________________
6
Maracatu Leão Brasileirinho; Maracatu Leão Dourado; Maracatu Águia de Ouro; Maracatu Leão
de Ouro; Maracatu Leão Africano; Maracatu Leão Formoso; Maracatu Leão Misterioso; Maracatu
Leão Cutural; Maracatu Piaba Dourada; Maracatu Leão Nazareno; Maracatu Estrela Brilhante;
Maracatu Águia Misteriosa; Maracatu Cambinda Nova; Maracatu Leão da Selva; Maracatu Leão
Faceiro; Maracatu Águia Dourada; Maracatu Estrela da Tarde; Maracatu Cambinda Brasileira (o
Maracatu mais antigo do Brasil); Maracatu Feminino Coração Nazareno (Maracatu formado
apenas por mulherse); Maracatu Sonho de Criança (Maracatu formado apenas por crianças);

36
PAI LEOPOLDO, do Terreiro Ilê Oio da Nação Ketu em governador
Mangabeira-Bahia, explica que:

“A dança tem uma grande importância, quando se dança para um


orixá, é como se estivesse fazendo um ebó de descarrego de
todas as influências negativas, todo o mal que está circulando
sobre aqueles que estão dançando.”

No maracatu rural, as danças, geralmente, são acompanhadas de suas


representações dos personagens históricos: reis, embaixadores, rainhas,
Catirinas, Mateus, Catita, Damas do Passo, Caboclos de Pena (geralmente ligado
à linha de jurema (trabalha na linha de Oxossi) é uma entidade evocada no
catimbó , cultos afro-brasileiros e prestigiada na umbanda. Aqueles que se
chamam caboclo de “Arreiamá ou Tuxáu”).
Ainda na dança, o mais famoso dentre eles, que se destaca, como já
citado anteriormente, são os caboclos de lanças (ou guiada) que levam nas
costas chocalhos (guisos ou sinetas), responsáveis pela marcação acelerada do
Maracatu de Baque Solto e pela segurança do grupo formando um “cordão de
proteção”, com suas lanças coloridíssimas.
Nas antigas apresentações do maracatu, a composição original era feita
apenas com a participação de homens. Os próprios se vestiam de catitas e
baianas (cambindas), com vestidos longos e armados com arame, nas cores
símbolos das divindades, que protegiam individualmente cada um dos
representantes dessas entidades. Os chapéus ou turbantes seguiam o mesmo
padrão, cobertos de tecidos iguais ao do vestido que eles utilizavam.
TAUBE (2013) dá o seguinte significado sobre o conceito de Gênero:

“O conceito de gênero, enquanto categoria analítica, expandiu-se


no Brasil a partir dos Núcleos de Estudos sobre a Mulher e
Relações de Gênero – NEMGE - 1985 e outros . Este conceito
permite entender os papéis sexuais a partir da construção social,
desmistificando sua base biológica”. (TAUBE, 2013, p.171)

Em alguns maracatus rurais da Zona da Mata já se admitem, com maior


frequência, mulheres neste grupo e nos de caboclo de lança. Benjamin(1989)
afirma que:

37
“Os homens que fazem as baianas são cabras machos, que não
fazem qualquer concessão, além do traje para constituição da
figura feminina – nenhum deboche, nenhum trejeito, nenhum
deslize – os que usam bigode não raspam para se vestirem de
baiana; a assistência nos engenhos, arruados e vilas onde se
apresentam, também não dizem gracejos nem piadas”.
Benjamin(1989, p.77)

A participação das mulheres, muitas vezes legitimadas pelo caráter


religioso, não garante uma participação equitativa no brinquedo, na medida em
que alguns papéis e posições não lhes conferem a função de líderes nas decisões
coletivas do grupo e da comunidade. Geralmente as lideranças nos maracatus
dizem respeito aos mestres e mestras de batuque. Contudo, é possível verificar
que a atuação das mulheres como mestras de batuque no maracatu não é muito
recorrente.

Entretanto, considera-se que ainda há sérias restrições às


mulheres no batuque, a despeito dessa reconfiguração das
relações de gênero e de se afirmar que elas podem estar em
todas as posições. O exemplo mais contundente é a restrição da
atuação delas como mestras, havendo um único exemplo deste
tipo até o momento. Isto revela que tais mudanças são
desencadeadoras de tensões dentro dos grupos, o que coloca em
suspeição o reconhecimento dessas novas posições. Talvez por
isso, permanece a representação de posições mais legítimas para
elas dentro do toque. (LIMA, OLIVEIRA e ALBERNAZ, 2012,
p.190-191)

Estas reflexões, sobre a participação das mulheres, no entanto, vêm


acontecendo já algum tempo. Uma iniciativa que marcou época, na Argentina,
foram as “Mães da Praça de Maio”, que saíram às ruas para defender suas
famílias, perseguidas por um regime ditatorial.
Aqui, no Brasil, com o AI-5, fechamentos de movimentos de Ação católica,
combatidos pela repressão, aliaram-se as CEBEs,(comunidades Eclesiais de
Base), onde abriam espaço para que mulheres encontrassem legitimidade para
sua atuação.

“Partidos clandestinos revitalizaram ações políticas contra a


ditadura e o cerceamento da liberdade, favoreceram a eclosão de
movimentos sociais – entre outros, a Luta Contra a Carestia,
Custo de Vida, Panelas Vazias, Movimentos das Dona de Casa –
que valorizaram a militância feminina por melhorias das condições
gerais de vida e bem-estar da família” (TAUBE, 2013, p.168).

38
19
Outro marco resultado das reflexões desses encontros, foram as
Semanas da Mulher, que foram realizadas em outubro de 1978 e novembro de
1979, em Campinas, numa participação comunitária entre universidade, grupos
de mulheres da comunidade e aproximação com outros grupos femininos da
cidade, ampliando a percepção da realidade que a cercava.
A criação do Maracatu Feminino Coração Nazareno foi um marco na
questão de gênero no maracatu rural na cidade de Nazaré da Mata. A restrição de
participação da mulher, imposta pelos homens do maracatu, levou um grupo de
mulheres a tomar essa iniciativa. Foi fundado em 08 de março de 2004 e esta
data não foi escolhida ao acaso.
Segundo Eliane Rodrigues, fundadora do maracatu Coração Nazareno, a
data marca a libertação das mulheres de Nazaré para várias reflexões acerca de
sua condição.
“Não se trata apenas de uma vitória pela “brincadeira”,
mas abre um leque de questionamentos a serem
discutidos sobre os casos de violência doméstica, mão-
de-obra feminina nos canaviais, abusos e exploração
sexual, discriminações contra a mulher negra e
homossexual”.

O curta-metragem (vídeo documentário), produto deste Memorial, recebeu


o nome de MARACATU LILÁS, em homenagem às cores defendidas pelas
mulheres do Maracatu Feminino Coração Nazareno, rosa e lilás. Remete-nos,
delicadamente, à presença harmoniosa e delicada de cada uma delas que faz
parte desse processo de ressignificação na história do Maracatu Rural.

11.3- O MARACATU CORAÇÃO NAZARENO E A AMUNAM

Tomei conhecimento da existência da Associação das Mulheres de


Nazaré da Mata-AMUNAM e do Maracatu Rural Feminino Coração Nazareno,
através do Sr. Manoel Carlos, mais conhecido como Mestre Barachinha, atuante
Mestre do Maracatu Estrela Dourada e cantador de Lôas.
Através de entrevista realizada com ele no Museu do Maracatu em
Nazaré da Mata, onde estava, naquele dia, responsável pelo mesmo, foi muito
atencioso e se dispôs a nos conceder a entrevista mesmo sem agendamento.

39
19
Relatou-nos vários episódios de situações dos maracatus, dos Mestres e dos
caboclos de lança, bem como, um breve histórico do maracatu rural. Apesar de
muito significativa e enriquecedora, a entrevista não faz parte do DVD, produto
deste memorial, porque a minha opção foi a de registrar e enfocar o maracatu
feminino.
O nosso grupo de trabalho partiu rumo à Sede da AMUNAM, afim de nos
inteirarmos sobre o espaço, o trabalho social desenvolvido e, principalmente,
conhecer as mulheres do Maracatu Feminino Coração Nazareno.
A AMUNAM é uma Associação “que nasceu do desejo de se lutar pelos
direitos das mulheres, o que inclui a devida ocupação do espaço social, a
informação e a formação, o respeito e a dignidade” (Eliane Rodrigues). Formada
inicialmente, por 19 mulheres da cidade de Nazaré da Mata que estavam
insatisfeitas com suas realidades, queriam participar e decidir em questões que
lhe dizem respeito.
A partir daí, a Associação vem assumindo um papel primordial e
importante no desenvolvimento de trabalhos sócio-culturais na cidade, agregando
mulheres vítimas de violência doméstica, drogas, prostituição infanto-juvenil e
incentivando o vínculo familiar. Fundada no dia 23 de janeiro de 1988, é uma
entidade sem fins lucrativos, titulada como organização de utilidade pública
municipal, estadual e federal.
Já o Maracatu Coração Nazareno foi idealizado e criado pela
coordenadora da AMUNAM, Eliane Rodrigues, em 08 de março de 2004.

O Maracatu Coração Nazareno é uma expressão cultural que para


nós significa superação. As mulheres do Coração Nazareno
representam cada mulher que não se acomodou, que buscou e
que apostou no seu papel social. Então, não é só mais um
maracatu. É o Maracatu que tem histórias de superação, de
combates e de vitórias.” (RODRIGUES, 2011, p.5).

Vem sendo mantido com a contribuição participativa das próprias


componentes com os trabalhos artesanais que são desenvolvidos no espaço. As
experiências e participações dessas mulheres foram relatadas pela
psicopedagoga Mauricélia, que falou sobre os projetos sociais e, especialmente, o
projeto “Cultura é coisa nossa”, que dá amparo financeiro ao maracatu e outras
danças do projeto.

40
Eliane enfatiza: “O Coração Nazareno é uma das formas que a AMUNAM
encontrou para levar a delicadeza, a leveza, feminilidade e a fortaleza da mulher
num ambiente formado prioritariamente por homens”. (RODRIGUES, 2013, p.7)
Em 2007, o Maracatu Coração Nazareno tornou-se Ponto de Cultura
mediante convênio firmado entre o governo de Pernambuco e o Ministério da
Cultura, e obteve o reconhecimento aos trabalhos que vem sendo desenvolvidos
pela AMUNAM, através da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural por
meio do Prêmio Culturas Populares.
Essas informações acima, apesar de relevantes e terem sido gravadas,
não constam no vídeo, porque optei em enquadrar apenas as imagens que diziam
respeito diretamente ao ritual do maracatu feminino, por ser um vídeo de curta-
metragem.
O maracatu Coração Nazareno conta com a participação de 72(setenta e
duas) meninas e mulheres de 8 a 85 anos de idade, da cidade de Nazaré da
Mata. Mulheres que trabalham nos canaviais e precisam sair muito cedo de casa,
pois são esteio da família. Algumas ainda, conciliam seu tempo no
desenvolvimento dos trabalhos sociais e como artesãs na criação e confecção
das indumentárias que caracterizam o maracatu, ciranda, côco de roda e o
caboclinho.
Segundo informações das entrevistadas, desempenhando essas tarefas
culturais e de brincantes do maracatu, sentem-se bastante realizadas.
Na entrevista com a Marinalva Isabel, maracatuzeira que sai de rei, ela
nos fala sobre o que acredita ter sido o mais difícil nesta empreitada de
participação das mulheres no maracatu, o enfrentamento aos homens do
maracatu rural, canavieiros em sua maioria e líderes e dominantes do maracatu
de baque solto, onde afirma que o processo foi lento mas desafiador e
gratificante. Marinalva Isabel diz que:

“Hoje em dia, já é possível obtermos o respeito dos maracatus


mais tradicionais composto pelos homens, que já nos recebe com
profissionalismo e até nos dão a liberdade nas apresentações de
sermos as primeiras a fazer nossas evoluções”. Continua: “Já
conseguimos gravar dois CD’S e isso é uma grande conquista
para nós. O primeiro CD teve o lançamento com as atividades do
projeto A ROSA DO MARACATU, produzido por Afonso Oliveira e
Valéria Vicente (presidente da Associação Reviva), em maio de
2008, com patrocínio do FUNCULTURA 2007, nele terá o Coco

41
19
Popular de Aliança, comandado por Mestre Biu do Coco, da Chã
de Camará; o Caboclinho Sete Flexas, de Goiana e terá a
participação dos Mestres João Paulo, Zé Duda e Luiz Caboclo
este feito foi muito importante pois nos deixou conhecidas e
também os projetos culturais da AMUNAM. Participamos de
oficinas com outros mestres de maracatu para termos mais
conhecimentos sobre as coisas do maracatu, fazer nossas
próprias vestimentas e termos nossos próprios instrumentos
musicais - inclusive os de sopro, as meninas aprenderam a tocar
nas oficinas de música. Temos hoje 16 caboclas de lança”.
(ISABEL, maio 2015)

Segundo a Mestra Gil, os dois CD’S lançados, o primeiro, A Rosa do


Maracatu, foi inspirado nos principais temas de luta da AMUNAM (violência,
gênero e cidadania). Em 2008, a música “Eu peço a Deus Pai dos Pais”, foi
vencedora do Prêmio Cultura Popular nas Ondas do Rádio, coordenado pela
Rede Criar Brasil, do Rio de Janeiro.
Em 2009, o grupo tornou-se Ponto de Cultura Engenho dos Maracatus,
que promove oficinas artesanais de gola, estandarte e chapéu.
Em 2012, lançou seu segundo CD, denominado Coração Nazareno. E em
2013, foi um dos vencedores do Prêmio Culturas Populares – 100 anos de
Mazzaropi – a Cultura Popular no Cinema, promovido pela Secretaria da
Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC) do Ministério da Cultura (MinC).
O maracatu Feminino Coração Nazareno, ganhou um concurso de Self
lançado pela Rede Globo de televisão. Eliane e as meninas foram convidadas a
aparecem no vídeo, em uma apresentação informal para documentário. Elas se
apresentaram no programa Esquenta, da Regina Casé, da Rede Globo de
Televisão.

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12- ETAPAS DO PROJETO

As etapas seguiram padrões básicos, para um projeto desenvolvido de


produção de um curta metragem, tomando como referência as disciplinas de
Edição e montagem, Fundamentos e Produção das Artes Audiovisuais. Estas
baseadas nos textos de Avelar (2010) e Rodrigues (2007), Desenvolvimento de
Projetos, dentre outras, contidas na grade do curso de bacharelado em Produção
Cultural, bem como, cursos livres de edição de vídeo e fotografia realizados no
Centro Municipal de Cultura e Cidadania Calouste Gulbenkian, equipamento da
Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.

12.1- DESENVOLVIMENTO

Após definição do tema que iria desenvolver para o documentário, em


outubro de 2014, iniciei o processo de pesquisa bibliográfica sobre a história do
maracatu rural ou de Baque Solto, como também é conhecido, localização de sua
manifestação e, especificamente, a figura emblemática do caboclo de lança, que a
princípio seria o meu protagonista.
Enfatizo aqui que me surpreendi com a escassa publicação de livros
acerca da cultura sobre o maracatu rural, havendo, no entanto, vasto material de
artigos em revistas, dissertações e teses de doutorado que tratavam do assunto.
Muitos, no entanto, direcionados ao maracatu nação ou maracatu de Baque
Virado, que é o maracatu urbano, diferente, em vários aspectos, do maracatu
rural.
Nas minhas pesquisas pude localizar a localidade onde se concentra o
maior número de grupos do maracatu rural, ou seja, na Zona da Mata Norte de
Pernambuco. Sendo, em maior escala, na cidade de Nazaré da Mata, distante da
capital Recife, cerca de 65km.
Tratei então de fazer contato com a Secretaria de Cultura daquela cidade
e, em fevereiro de 2015, através de email, consegui falar com o assessor de
imprensa e Comunicação Sr. Jackson Nunes, para o qual expliquei meu interesse
na realização do documentário e o mesmo se propôs a me agendar com os
principais representantes do maracatu.

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Com poucos recursos, mas sendo natural da cidade de Olinda/PE, fiz
antecipadamente contato com minha família para organizar uma viagem à Nazaré
da Mata e, chegando lá, entraria em contato com pessoas amigas de Olinda e
Recife, para me acompanharem nesta produção e, assim, montar minha equipe
de trabalho.
Continuei mantendo contato com Sr. Jackson e, em abril de 2015,
informei dia e hora que estaria em Nazaré da Mata, desta vez não obtive
resposta, o que não atrapalhou a continuidade do meu planejamento inicial. Viajei,
no dia 22 de maio de 2015, para a zona da mata e, infelizmente, não consegui
localizar o assessor de Imprensa, nem marcar nenhuma reunião prévia com ele
nem com os representantes do maracatu que ele iria me indicar. Vi meu projeto
propenso a não ser realizado quando resolvi, junto com a equipe, visitar o Museu
do Maracatu.
Através de informações bastantes relevantes, conheci a AMUNAM e o
maracatu de mulheres Coração Nazareno. Ao entrar em contato com a
representante da ONG, informei todo o ocorrido e obtive uma boa acolhida para o
desenvolvimento do meu trabalho para a produção do documentário. Optei por
mudar o foco, que seria o caboclo de lança, e realizar a produção do vídeo com
as mulheres do maracatu feminino, porque vi a oportunidade dessa realização ser
mais concreta.
Consegui agendar entrevistas e filmagens para os dias 23 a 26 de maio
com as participantes do maracatu feminino, psicopedagogas e direção da
AMUNAM. Todo o processo de entrevistas e gravação do documentário durou 4
dias. Fui obrigada a me reorganizar, alterar o roteiro e cronograma de atividades
e, assim, arcar com novas despesas que não estavam previstas no meu
orçamento inicial.
Nessa primeira etapa de contato com a AMUNAM, aproveitei para fazer
um reconhecimento do espaço através de fotografias, demarcar a localização
para os procedimentos e solicitar as autorizações necessárias para as gravações,
o que se sucedeu de forma satisfatória, encaixando horários diferenciados com as
entrevistadas para atender o máximo possível ao meu projeto piloto.

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12.2- PRÉ-PRODUÇÃO

Com a equipe formada, praticamente de voluntários sem remunerações,


pude dispor de equipamentos básicos para as gravações, tais como 2(duas)
câmeras, celulares com função de câmera, cartões de memória, baterias e
carregador, trabalhando com planilhas contendo dados da equipe, da locação,
dos equipamentos a serem utilizados, transporte e cronograma da agenda
disponibilizada pela AMUNAM.

Figura 3: Planilha com os dados da equipe, das locações, transporte e equipamentos


Equipe

Nome Função Dias de filmagem Horário Locais de filmagem


Maria José Lacerda Gadelha Produtora/Diretora 28 a 31/05/15 10h; 15h; 10h; 14h AMUNAM
Orlando Augusto Câmera/fotógrafo/still 28 a 31/05/15 10h; 15h; 10h; 14h AMUNAM
Ana Maria Gadelha Assistente 28 a 31/05/15 10h; 15h; 10h; 14h AMUNAM
Fernando Lacerda motorista 28 a 31/05/15 10h; 15h; 10h; 14h AMUNAM

Mary Kenny Assistente 28 a 31/05/15 10h; 15h; 10h; 14h AMUNAM

Locações

Locações Ambientes Descrição Dia Local

AMUNAM Atelier de Artes e oficinas,Salas colorida e Rua Coronel Manoel


galeria das fantasias ebranca Inácio, 129 - Centro
28 a 31/05/15
estandartes e pátio externo Nazaré da Mata-PE
Transporte/Logística

Responsável Modelo Ano Cor Dias Itinerário

Fernando Lacerda Celta 2015 branco 28 a 31/05/15 Olinda/Nazaré/Olinda

Equipamentos

Câmera Modelo Dias Cenas Lentes

câmera semi-automáticaS9600 Flash embutido 28 a 31/05/15 Todas 50 mm/24/105 mm


Fine Pix;
câmera digital Canon EOST51 18MP LCD Touch3”28 a 31/05/15 Todas 50 mm/24/105 mm
Rebel; Flash embutido
celular Motorola MOTOG 3ª geração 28 a 31/05/15 Todas -

smartphone Samsung GALAXY 28 a 31/05/15 Todas -

Cartão de Memória Bateria


(recarregáveis)
4 unidades de 32MB 3 unidades
carregadas

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19
40
No primeiro contato feito com a direção da AMUNAM, no dia 22 de maio
de 2015, conhecemos todos os espaços da Casa Rosada, como é conhecida a
sede da Associação e pude definir, a partir de então, onde seriam realizadas as
filmagens. Ficando definido os seguintes espaços: da Galeria dos estandartes e
fantasias para a entrevista com a Mestra Gil; a sala de oficina e atelier para a
entrevista com a Marinalva Isabel, uma das componentes mais antigas do
maracatu e as artesãs e costureiras da AMUNAM, e, por fim, o pátio externo para
gravação com as meninas da orquestra e das danças para uma breve
demonstração.

Figura 4: Sede da AMUNAM

Foto: Orlando Augusto (2015)

Essa exploração do espaço, mesmo tendo ocorrido no dia anterior ao da


1ª gravação, foi importante para nortear e definir pequenos detalhes, como
iluminação e som ambiente que poderiam ajudar ou prejudicar nas gravações.

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19
12.3- PRODUÇÃO / GRAVAÇÃO

Figura 5: Planilha para acompanhamento da produção

CURTA METRAGEM DOCUMENTAL


DIA LOCAL HORA EQUIPAMENTO EQUIPE CENAS
Câmera canon
Produtora/Diretora: Mª José Lacerda Entrevistas com a
Assistente Social e a
10h Câmera FinePix
Cameraman: Orlando Augusto Educadora Social
Smartphone/celular
23/mai/15

FotógrafoStill: Orlando Augusto Sala de administração –


AMUNAM
Cartões de memória Assistente plano fechado

Baterias
Assistente
Fichas de autorização de
Planilhas imagem
Motorista: Fernando Lacerda
Câmera canon
Produtora/Diretora: Mª José Lacerda
Atelier de Artes e Oficinas.
14h Câmera FinePix Costureiras e bordadeiras
Cameraman: Orlando Augusto
em seus ofícios. Plano
Smartphone/celular aberto
24/mai/15

FotógrafoStill: Orlando Augusto


AMUNAM
Cartões de memória
Assistente
Baterias Fichas de autorização de
Assistente
imagem
Planilhas
Motorista: Fernando Lacerda
Atelier de Artes e Oficinas;
pátio externo. Entrevista
com Marinalva Isabel.(Rei
Câmera canon Produtora/Diretora: Mª José Lacerda
11h do maracatu)e Mestra
Cabocla Josicleide Dias
e Vieira Bahé
25/mai/15

Detalhes: Artesanatos e
AMUNAM Câmera FinePix Cameraman: Orlando Augusto estandartes. Pessoas
16h conversando.
Planos aberto e fechado.
Smartphone/celular FotógrafoStill: Orlando Augusto
Caboclas de lança
Cartões de memória Assistente Fichas de autorização de
Baterias Assistente imagem
Planilhas Motorista: Fernando Lacerda
Galeria das fantasias
Câmera canon Produtora/Diretora: Mª José Lacerda /estandartes+pátio externo
15h Entrevista c/ a Mestra Gil
Detalhes da Mestra Gil +
Câmera FinePix Cameraman: Orlando Augusto
Meninas da orquestra e
dança e equipe. Plano
26/mai/15

Smartphone/celular FotógrafoStill: Orlando Augusto fechado e aberto


AMUNAM
Participam da gravação
Cartões de memória Assistente
com as Meninas da
orquestra e dança.
Baterias Assistente
Fichas de autorização de
Planilhas Motorista: Fernando Lacerda imagem

4147
19
12.3.1- 1º DIA DE GRAVAÇÃO (28/05/15)

No primeiro dia de gravação não foi possível o contato com a


Coordenadora Executiva da Associação de Mulheres, Sra. Eliane Rodrigues, por
conta de seus compromissos agendados anteriormente. Chegamos à Associação
às 10h e a intenção era obter informações sobre o início da Associação, a história
da Casa Rosada, os trabalhos que são desenvolvidos e, principalmente, sobre a
criação do maracatu feminino Coração Nazareno, tema deste documentário.
Fomos atendidos pela Assistente Social Mauricélia Lino, e a Educadora
Social, Marliete Silva, que falaram sobre os projetos, convênios e parecerias com
instituições públicas e privadas, os quais, através deles, são mantidos os
trabalhos sócio-culturais, dentre eles o maracatu feminino. Esse material de
filmagem foi suprimido da edição final, apesar de relevante, por não se tratar de
nosso foco principal, o maracatu, o que iria ultrapassar o tempo de um curta-
metragem.
Figura 6: Marliete da Silva – Educadora Social

Foto: Orlando Augusto (2015)

Figura7:MauricéliaLino-AssistenteSocial

Foto: Orlando Augusto (2015)

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12.3.2- 2º DIA DE GRAVAÇÃO (29/05/15)

Seguindo nosso cronograma de agenda anteriormente formalizado e


autorizado, chegamos à Casa Rosada às 14h, pois seriam feitas captações de
imagens das artesãs e costureiras naquela tarde, aproveitando suas tarefas
normais daquele dia, sem que houvesse prejuízo de seus compromissos diários.
No atelier de artes e oficinas, iniciei o registro dos trabalhos que são
desenvolvidos pelas artesãs e costureiras nas confecções das fantasias,
estandartes e os bordados das pedrarias no manto das caboclas do maracatu. A
ideia era aproveitar o momento em que trabalhavam captando o som das
máquinas de costuras e das conversas que acontecem normalmente entre elas
para obter um resultado natural do movimento e burburinho do espaço. O tempo
entre gravação e fotos foi de 1 hora e 25 minutos, que gerou um total de 55 fotos
e 31 clips de vídeo a ser editado.

Figura 8: Atelier de Artes e Oficinas

Foto: Orlando Augusto (2015)

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12.3.3- 3º DIA DE GRAVAÇÃO (30/05/15)

No terceiro dia de gravação estava agendada a entrevista, a partir das


11h, com a brincante Marinalva Isabel, que caracteriza-se como o personagem de
Rei do maracatu. Apesar de ser um maracatu feminino, a intenção não era a de
descaracterizar seus personagens originais, por isso mantiveram a presença do
Rei e Rainha.
O horário foi adequado para não atrapalhar o trabalho que desenvolve
também como orientadora nas oficinas de artesanato de miniaturas de
caboclinhas e baianinhas para as crianças que participam dos projetos da
AMUNAM. Como nos outros dias, era importante registrar as cenas consideradas,
por mim, essenciais para a base do documentário. Marinalva faz nessa entrevista
um grande resumo do início até aquele momento, sobre a história do maracatu
feminino, abordando detalhes enriquecedores que contribuíram de forma clara e
precisa para esse fim, sem a necessidade de repetir as cenas, processo
complicado para um documentário onde as entrevistas tendem a se realizar de
forma o mais natural possível.
Após a entrevista com a Marinalva Isabel, fui informada que as caboclas
de lança iriam fazer uma apresentação, à caráter, numa cidade vizinha naquele
mesmo dia. Resolvi solicitar à coordenação da AMUNAN autorização para
retornar na parte da tarde para fazer uma breve entrevista com a Mestra Cabocla
Josicleide Dias Vieira Bahé, que coordena a performance de todas as caboclas de
lança do maracatu Coração Nazareno, no que fui atendida. Às 16h, retornei com a
equipe e acompanhamos um rápido ensaio das caboclas e realizei a entrevista
com a Mestra. Esse dia rendeu 1 hora e 35 minutos de vídeo e 35 fotos para
edição das duas entrevistas.

50
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Foto: Marinalva Isabel (Rei do maracatu)

Fonte: Orlando Augusto (2015)

Foto: Marinalva Isabel (caracterizada de Rei do maracatu)

Fonte: AMUNAM. Disponível em: http://inteja.com.br/wp-content/uploads/2015/02/Maracatu-


Feminino-Cora%C3%A7%C3%A3o-Nazareno-8.jpg)

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Foto: Caboclas de lança

Fonte: Orlando Augusto (2015)

12.3.4- 4º DIA DE GRAVAÇÃO (31/05/15)

Chegamos à AMUNAM uma hora mais cedo que o horário previsto para a
entrevista, marcado para às 15h, com a Mestra Gil (compositora das lôas e
Mestra da orquestra do maracatu). Por ser dia de domingo, o trânsito estava bem
mais tranquilo e o percurso que, normalmente, de Recife a Nazaré da Mata leva
aproximadamente 1 hora e 12 minutos, foi realizado em 50 minutos. A Mestra Gil
só chegou 10 minutos antes das 15h e nosso equipamento já estava pronto na
galeria das fantasias e dos estandartes, onde seriam realizadas as filmagens,
fotografias e entrevista. Durante o processo foi necessário repetir algumas cenas,
porque à medida que a Mestra Gil discorria sobre fatos que a levaram a ser
Mestra e suas experiências à frente da orquestra, ela entoava alguns trechos de
suas lôas e por vezes pedia para cancelar a gravação, porque, segundo ela, não
estava “no tom certo” do canto.
Após a entrevista na galeria, que durou cerca de 45 minutos de material
bruto, ela nos encaminhou até o pátio externo, onde já se encontravam algumas
das meninas da orquestra e da dança do maracatu, que iriam fazer uma breve

52
19
demonstração para nossa equipe, das melodias e letras do maracatu cantada
pela Mestra Gil, bem como da dança do maracatu e outras como ciranda e côco
de roda. Ao final fomos convidadas a participar da brincadeira e uma de nossas
colaboradoras e assistente, a antropóloga norte-americana Mary Kenny aprendeu
alguns passos de cabocla de lança. Em certa ocasião, toda nossa equipe,
inclusive eu, excetuando-se apenas o câmera man e fotógrafo Orlando Augusto e
o motorista Fernando Lacerda, entramos na “roda da dança”, o que nos propiciou
momentos de alegria e descontração.

Foto: Mestra Gil e a Galeria das Fantasias e estandartes

Fonte: Orlando Augusto (2015)

53
19
Foto: Mestra Gil e Orquestra do maracatu feminino

Fonte: AMUNAM. Disponível em: http://inteja.com.br/wp-content/uploads/2015/02/Maracatu-


Feminino-Cora%C3%A7%C3%A3o-Nazareno-8.jpg)

Foto: Pátio externo: momento de descontração Mary Kenny e caboclas de lança

Fonte: Orlando Augusto (2015)

54
Foto: Pátio externo: momento de descontração com a orquestra feminina e a equipe

Fonte: Orlando Augusto (2015)

12.4- EDIÇÃO / FINALIZAÇÃO

A etapa de edição e finalização do vídeo foi a mais desgastante e


trabalhosa para conclusão do documentário. Assim que terminaram as filmagens,
e retornei ao Rio de Janeiro, ainda não dispunha de um editor para edição e
finalização do vídeo, o que me desanimou profundamente, pois não tinha
conhecimento técnico para realizar a decupagem (a não ser o que aprendi em
sala de aula) procedimento essencial e necessário para tornar o documentário
viável no tempo coerente de um curta-metragem.
De porte do material bruto, mas sem saber por onde começar e sem
perspectivas de um editor, os que procurei não tinham como assumir trabalhos no
momento, deixei o material guardado até resolver esse impasse e avisei a minha
orientadora sobre tal problema. Após algumas tentativas frustrantes, consegui
finalmente a indicação de um editor para decupar e finalizar o curta junto comigo.
Decidi com ele as cenas a serem colocadas e a ordem a ser seguida de
acordo com o meu roteiro anteriormente traçado e defini o tempo máximo de 20
minutos. Após a 1ª edição e mostra à orientadora e sob o olhar experiente do prof.
Tiago Monteiro, ficou constatado que o mesmo deveria sofrer alguns cortes e

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19
adaptações. O que foi feito. O curta Maracatu Lilás ficou então com o tempo de 13
minutos e 01 segundo, na forma que se segue:
 1ª parte: Abertura com desfile do Maracatu Coração Nazareno/duração
prevista: 01:04/1:20;
 2ª parte: Atelier de Artes e Oficinas/Marinalva Isabel/duração prevista: 1ª
fase: 00:40/ 1:00; 2ª fase: 04:10/ 4:25;
 3ª parte: Galeria de fantasias e estandartes/Mestra Gil/duração prevista:
01:20/ 1:30;
 4ª parte: Pátio externo/Mestra Gil e orquestra/duração prevista: 1ª fase:
03:00/ 3:10; 2ª fase: 01:40/ 2:00;
 5ª parte: Pátio externo/Mestra Cabocla/duração prevista: 01:00/ 1:20;
 É necessário informar, que a parte do vídeo que, a Mestra Gil canta
com sua orquestra feminina, em preto e branco, foi gentilmente
cedida pela AMUNAM.
Coloquei as informações das imagens selecionadas que fariam parte do
curta-metragem em uma planilha (Anexo C - Decupagem) e, solicitei ao editor que
trabalhasse o áudio por último, no caso de inserir outras opções sonoras ao invés
de algumas falas. Todo o processo foi acompanhado detalhadamente por mim.
Em Maracatu Lilás, a abertura com o desfile do Maracatu Coração
Nazareno foi intencional. A ideia era a de mostrar, já no início do vídeo, a beleza e
a versão colorida de suas cores predominantes rosa e lilás, com o batuque
ritmado de seus instrumentos expressados pela sintonia feminina.
Apesar das gravações conterem falhas de execução, como tremidos e
cenas desfocadas, procurei editar as que destacaram o conteúdo das entrevistas
e seguir a sequência de cenas em espaços que mostrassem o colorido dos
trabalhos, alternando falas, cantos e danças em planos abertos e fechados.
Pretendo melhorar a qualidade do produto e dar entrada nos trâmites
legais para registro da obra segundo recomendações no site da Agência Nacional
de Cinema – ANCINE, para requerimento do Certificado de Produto Brasileiro –
CPB.

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12.5- LANÇAMENTO / DISTRIBUIÇÃO

O objetivo principal do curta nunca foi a de participar de mostras em


festivais de filmes, mas o lançamento do vídeo poderá ser veiculado em canais do
YouTube e em outros veículos da internet, bem como utilizado em seminários,
palestras, encontros, aulas e atividades em espaços acadêmicos, escolas
públicas e privadas, que não seja exigida uma qualidade profissional do produto,
com a perspectiva de atingir um público maior.
Oportunamente, pretendo regravar Maracatu Lilás com uma melhor
qualidade de imagens e, dar continuidade ao tema do maracatu e outras danças
da cultura popular nordestina de modo a participar de festivais e mostras onde
possa ser inserido.

13- ORÇAMENTO

A produção do curta-documentário pautou-se em um orçamento bastante


restrito em seu custeio utilizado. Para tanto, planilhei dois orçamentos para o meu
projeto: um previsto (REAL) e outro oficialmente utilizado (DESEMBOLSADO).
Cabe ainda informar que, as câmeras, baterias e cartões de memória
utilizados foram gentilmente cedidos pelo Centro Municipal de Cultura e
Cidadania Calouste Gulbenkiam e os smartphones de propriedade do
fotógrafo/câmeraman Orlando Augusto e da assistente Ana Maria.

57
13.1- ORÇAMENTO PREVISTO (real)

PLANILHA ORÇAMENTÁRIA
MARACATU LILÁS

Etapa: Pré-Produção / Preparação            


Produto: Memorial / DVD documentário            
Item Unid Quant Ocorr Unitário Total Em Dias
Produtor / Diretor (*) projeto 1 1 3.280,74 3.280,74 7
Roteirista (*) projeto 1 1 5.212,81 5.212,01 30
Total do Produto   2 2 8.493,55 8.493,55  
Total da Etapa 8.493,55 8.493,55

Etapa: Produção / Execução            


Produto: Memorial / DVD documentário            
Item Unid Quant Ocorr Unitário Total Em Dias
Equipe            
Assistente de Direção (*) projeto 1 1 1.448,51 1.448,51 7
Fotógrafo/câmera do documentário (*) projeto 1 1 2.904,86 2.904,86 7
Editor de imagem (*)  projeto 1 1  2.165,83 2.165,83 7
Arte Finalista (*) projeto 1 1 1.984,33 1.984,33 7
Motorista da equipe projeto 1 1 1.250,00 1.250,00 7
Total do Produto   5 5 9.753,53 9.753,53  
Total da Etapa 9.753,53 9.753,53
Item Unid Quant Ocorr Unitário Total Em Dias
Equipamentos e Serviços
Kit câmera canon EOS C300 MKII/acessórios (**) verba 1 1 8.360,00 8.360,00 7
Material gráfico (impressão da capa/bolacha) Unid 20 1 6,00 120,00 1
Mídia virgem DVD-R 4.7 GB Unid 20 1 1,50 30,00 1
Total do Produto   41 3 8.367,50 8.510,00  
Total da Etapa 8.367,50 8.510,00
Item Unid Quant Ocorr Unitário Total Em Dias
Viagem
Passagens aéreas serviço 1 2 350,00 700,00 10
Locação automóvel/seguro serviço 1 1 1.200,00 1.200,00 5
Alimentação serviço 5 5 15,00 375,00 5
Estadia serviço 1 1 55,00 550,00 10
Custos / Administrativos verba 1 1 150,00 150,00 5
Total do Produto   9 10 1.770,00 2.975,00  
Total da Etapa   1.770,00 2.975,00  

Etapa: Pós-Produção        
Produto: Memorial / DVD documentário        
Item Unid Quant Ocorr Unitário Total Em Dias
Recolhimentos        
Tributos verba 1 1 2.700,00 2.700,00 30
Seguro de equipamentos verba 1 1 850,00 850,00 7
Total do Produto   2 2 3.550,00 3.550,00  
Total da Etapa       3.550,00 3.550,00  
Item Unid Quant Ocorr Unitário Total Em Dias
Prestação de contas        
Prestação de contas serviço 1 1 2.500,00 2.500,00 15
Total do Produto   1 1 2.500,00 2.500,00  
Total da Etapa       2.500,00 2.500,00  
Total Geral     34.434,58 35.782,08

(*) DocSlide- tabela de piso salarial para profissionais em longa, media e curta metragem – 2014 / 2015 -
(**) Loc7 - equipamentos câmeras e acessórios

58
46
19
13.2- ORÇAMENTO UTILIZADO (desembolsado)

PLANILHA ORÇAMENTÁRIA
MARACATU LILÁS

Etapa: Pré-Produção / Preparação            


Produto: Memorial / DVD documentário            
Item Unid Quant Ocorr Unitário Total Em Dias
Produtor / Diretor / Roteirista projeto 1 1 0 0 -
Total do Produto   1 1 0 0  -
Total da Etapa 0 0

Etapa: Produção / Execução            


Produto: Memorial / DVD documentário            
Item Unid Quant Ocorr Unitário Total Em Dias
Equipe            
Assistente de Direção projeto 2 2 0 0 -
Fotógrafo/câmera do documentário projeto 1 1 0 0 -
Editor de imagem  projeto 1 1  200,00 200,00 -
Arte Finalista (design) projeto 1 1 100,00 100,00 -
Motorista da equipe projeto 1 1 0 0 -
Total do Produto   5 5 300,00 300,00  
Total da Etapa 300,00 300,00
Item Unid Quant Ocorr Unitário Total Em Dias
Equipamentos e Serviços
Kit câmera canon EOS C300 MKII/acessórios (**) verba 2 1 0 0 -
Material gráfico (impressão da capa/bolacha) Unid 10 1 6,00 60,00 1
Mídia virgem DVD-R 4.7 GB Unid 10 1 1,50 15,00 1
Total do Produto   41 3 7,50 65,00  
Total da Etapa 7,50 65,00
Item Unid Quant Ocorr Unitário Total Em Dias
Viagem
Passagens aéreas serviço 1 2 350,00 700,00 10
Automóvel/combustível serviço 1 1 300,00 300,00 5
Alimentação serviço 5 3 15,00 225,00 3
Estadia serviço 1 1 0 0 10
Custos / Administrativos verba 1 1 20,00 20,00 5
Total do Produto   9 8 685,00 1.245,00  
Total da Etapa   685,00 1.245,00  

Etapa: Pós-Produção        
Produto: Memorial / DVD documentário        
Item Unid Quant Ocorr Unitário Total Em Dias
Recolhimentos        
Tributos verba 0 0 0 0 -
Seguro de equipamentos verba 0 0 0 0 -
Total do Produto   0 0 - 
Total da Etapa       0 0  -
Item Unid Quant Ocorr Unitário Total Em Dias
Prestação de contas        
Prestação de contas serviço 1 1 0 0 10
Total do Produto   1 1 0 0 - 
Total da Etapa       0 0  -
Total Geral     992,50 1.610,00

4659
19
14. CRONOGRAMA

MAR/ ABR/ MAI OUT/ NOV/ JAN/ FEV/ MAR/ NOV/ DEZ/2
ATIVIDADES 2015 2015 2015 2015 2015 2016 2016 2016 2016 016
DESENVOLVIMENTO

Definição do tema e roteiro inicial X

Primeiros contatos para locação X X

Viagem à cidade de Nazaré da Mata-PE, X


para definir locais das filmagens
Definição da locação e entrevistados X

PRÉ-PRODUÇÃO

Cronograma de filmagem X

Formação de equipe e equipamento X

Visita técnica X

PRODUÇÃO / GRAVAÇÃO

Primeiro dia de gravação X

Segundo dia de gravação X

Terceiro dia de gravação X

Quarto dia de gravação X

EDIÇÃO / FINALIZAÇÃO

Retorno ao Rio de Janeiro / definição do X


editor
Decupagem das imagens X

Elaboração do roteiro final X

Edição das imagens X

Edição do som X

Confecção da arte gráfica (capa do DVD e X


bolacha)
Finalização e registro do filme X

LANÇAMENTO / DISTRIBUIÇÃO

Inscrição em Festivais e mostras

15. PÚBLICO ALVO

60
19
Este vídeo Curta-documentário tem como público alvo, produtores e
gestores culturais, estudantes de todos os níveis, bem como, animadores
culturais, profissionais ligados ao carnaval e todos os interessados no segmento
da cultura popular e em danças regionais com ênfase na cultura popular
nordestina, professores, estudantes de cinema e de produção cultural.

16. CONSIDERAÇÕES FINAIS

61
19
Produzir o curta “Maracatu Lilás”, foi além de minhas expectativas para
conclusão do meu Bacharelado em Produção Cultural, apesar de sempre sentir a
inquietação em registrar um projeto sobre este tema, que tanto me cativa e, que
se apresentou como um grande desafio me impulsionando a torná-lo possível.
A cultura popular do Nordeste, em especial, do estado de Pernambuco,
onde predominam história, tradições, os espetáculos fascinantes de suas danças
que, aprendi a apreciar desde criança e pelas quais me identifico, me levaram a
cogitar ainda durante o decorrer do curso, a viabilidade dessa realização.
O projeto me fez trilhar por caminhos reais da cultura e experimentar na
prática meu aprendizado teórico do curso, assumindo a produção de um curta-
documentário e gerenciando uma equipe, na realidade, colaboradores.
Ainda durante o curso, pude perceber os inúmeros caminhos que a
produção cultural no Brasil tem a oferecer ao profissional Produtor Cultural nas
diversas formas de linguagens da cultura. Para mim, este projeto foi apenas o
percurso necessário, porém, inebriante de me tornar uma futura profissional da
área.
Sou muito grata a todos os envolvidos na produção do curta-metragem
“Maracatu Lilás” que de forma direta ou indiretamente, participaram da realização
desse Projeto. Desejo entretanto, que o vídeo colabore de forma enriquecedora,
como veículo de conhecimento da diversidade cultural e funcione como estímulo à
outras iniciativas do gênero.

17. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

62
19
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Jornal trimestral da AMUNAM- Mulher Cidadã. ANO 8, nº 18, janeiro-abril de


2011.

Jornal trimestral da AMUNAM- Mulher Cidadã. ANO 10, nº 24, janeiro-maio de


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Direitos Autorais Comentado da Embrapa, Brasília,DF,2011.

63
19
EMBRAPA, Informação Tecnológica (SCT) e Assessoria Jurídica da (AJU).
Cartilha Embrapa Direito Autoral, Coleção Orientações Jurídicas,
Brasília,DF,2001.

MAAKAROUN, Eugência Freitas. Maracatu – Rítmos Sagrados. Mestrado,


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danças em casa de Nação Ketu, por Antonio Nóbrega, Governador Mangabeira,
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salarias-para-profissionais-de-longa-media-curta-metragem-documentario,
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http://mundoroda.blogstop.com.br, Teatro Físico e Dança: Cavalo Marinho.


Consultado em fevereiro de 2017.

66
18. APÊNDICE

18.1- MINUTAGEM / ROTEIRO DO PRODUTO

MINUTAGEM VÍDEO ÁUDIO

00:00:00 a 00:00:16 Créditos de abertura Sem áudio

00:00:17 a 00:00:56 Cena1 – EXTERNA/DIURNA/RUA/ Áudio ambiente


PLANO ABERTO Locução on: Fala do locutor da rádio local
Desfile do Maracatu Coração Nazareno apresentado o maracatu.
00:00:57 a 00:09:24 Cena2 – INTERNA/DIURNA/MUSEU Áudio ambiente
DO MARACATU/ PLANO FECHADO Locução on: Fala do Mestre Barachinha
Entrevista com o Mestre Barachinha para entrevista.

00:09:25 a 00:15:00 Cena3-INTERNA/DIURNA/AMUNAM/ Áudio ambiente


PLANO FECHADO Locução on: Fala da Marinalva Isabel para
Entrevista com o Marinalva Isabel (Rei entrevista.
no Maracatu Coração Nazareno)

00:15:01 a 00:18:17 Cena4-INTERNA/DIURNA/AMUNAM/ Áudio ambiente


PLANO FECHADO Locução on: Fala da Mestra Gil para
Entrevista com o Gilvanete (Mestra no entrevista.
Maracatu Coração Nazareno)

00:18:18 a 00:21:08 Cena5-EXTERNA/DIURNA/AMUNAM/ Áudio ambiente


PLANO ABERTO Locução on: Percussão e voz da Mestra Gil.
Apresentação informal das meninas do
Maracatu Coração Nazareno com a
Mestra GIL
00:21:09 a 00:22:10 Cena6-EXTERNA/DIURNA/AMUNAM/ Áudio ambiente
PLANO ABERTO Locução on: Fala da Josicleide Bahé para
Apresentação caracterizada das caboclas entrevista.
de lança do Maracatu Coração Nazareno
com a Mestra GIL
00:22:11 a 00:23:45 Cena7-EXTERNA/DIURNA/AMUNAM/ Áudio ambiente
PLANO ABERTO Locução on: Percussão e voz da Mestra Gil.
Apresentação informal das meninas do
Maracatu Coração Nazareno com a
Mestra GIL
00:23:46 a 00:24:07 Créditos finais Sem áudio

5367
19
19. ANEXOS

ANEXO A – Ilustrações e Fotografias


Ilustração: Kainã Lacerda

Maracatu Feminino Coração Nazareno

Fonte: AMUNAM.Disponívelem: http://inteja.com.br/wp-content/uploads/2015/02/Maracatu-


Feminino-Cora%C3%A7%C3%A3o-Nazareno-10.jpg)

Caboclas de Lança

68
19
Fonte: AMUNAM.Disponívelem: http://inteja.com.br/wp-content/uploads/2015/02/
Maracatu-FemininoCora%C3%A7%C3%A3o-Nazareno-16.jpg)
ANEXO B - Autorização do participante para uso de imagem e voz

Identificação
ANEXO B - Fotografias
Nome:_____________________________________________________________________
Endereço:__________________________________________________________________
Nº________ Complemento:_______________________Bairro:_______________________
Cidade:____________________________ Data de Nascimento:_______________________
Tel. ANEXO C - DVD – Curta-Documentário
Residencial:_________________________ Maracatu Lilás
Celular:______________________________

AUTORIZAÇÃO PARA REPRODUÇÃO, FICÇÃO E UTILIZAÇÃO DE IMAGEM


ANEXO
1. Estou D e- concordo
ciente GLOSSÁRIO, SIMBOLOS E SIGLAS
que ____________________ CPF________________, graduanda
de Bacharelado em Produção Cultural, Campus Nilópolis-RJ, será a única e exclusiva
detentora dos Direitos Patrimoniais de Autor sobre as Obras Audiovisuais/Teatrais
produzidas pela InstituiçãoIFRJ-Instituto Federal do Rio de Janeiro.
2.MARACATU- Termo ________________________,
Autorizo, outrossim, de origem africana que significa dança
em caráter ou batuque
irrevogável do
pelo prazo
“maracá”(instrumento
máximo de proteção aos indígena).
direitos patrimoniais cinematográficos/teatrais(60 anos), a utilizar-
se livremente do material fixado (filmado, gravado e etc.) na forma supra citada e
NAÇÃO- Autodenominação definida pelos próprios negros para seus
consequentemente a utilizar-se da imagem física, nome, retrato, sinais característicos,
agrupamentos tribais/Nação Maracatu.
personagens e/ou fotografia, podendo, ainda, reproduzir, transmitir, ampliar e explorar a
voz e todos os DE
CABOCLO sonsLANÇA-
instrumentais, musicais
Figura e quaisquer
de destaque dooutros efeitosrural.
maracatu sonoros, ou qualquer
Carrega uma
versão ou adaptação da mesma, de qualquer forma legalmente permitida, no mundo todo,
lança de madeira pontiaguda recoberta de inúmeras fitas coloridas. Têm a função
notadamente, mas não exclusivamente, para exibição por/para todo e qualquer veículo
também de defender os componentes do maracatu.
(cinema, rádio, transmissão por televisão, TV por assinatura, Pay TV, TV a cabo, Pay Per
View, onda HertezianasCaboclo
ANEIMÁ/TUXÁUA- ou por satélites,
de pena; vídeo, vídeoa laser
simboliza figuradisc, home vídeo, disco laser,
do índio.
DVD) em exibições públicas e/ou privadas, circuitos fechados, aeronaves, navios,
CAMBINDAS-
embarcações, Brincantes
plataformas demasculinos, travestidos
petróleo, e/ou quaisquerde mulher.
outros meios de transporte, assim
como na divulgação e/ou publicidade da referida Obra em jornais, revistas, fotos e etc.
3.TORÉ- Dança
Fica, ainda, porguerreira indígena
mim assegurado (culto secreto).
e autorizado a total liberdade quanto à utilização ou não
das imagens/cenas de que participo da referida Obra Audiovisual/Teatral podendo
LOAS- Canto improvisado feito pelos Mestres e repetidos pelos componentes do
_____________________________________, editar tal Obra sendo do seu inteiro critério
maracatu.
artístico, procedendo a quaisquer alterações posteriores quanto à mencionada edição, seja
para atender tambores
à exigências dos diversos mercados de exibição, seja imposições legais ou
ALFAIAS-
quaisquer outras razões, sem que para tal seja necessária qualquer autorização adicional
ônus para a mesma,
AMUNAM- Associaçãosucessores e/ou co-produtores,
das Mulheres de Nazaré autorizando
da Mata inclusive, a dublagem de
terceiros.
CCMM- Clube Carnavalesco Misto Maracatu. Escrito nos estandartes das Nações
que descendem
Nome de organizações de negros.
Representante:________________________________________________________
RG:___________________ Órgão Expedidor:_____________CPF:_____________________
INSTRUMENTOS MUSICAIS- tarol, zabumba, ganzás e instrumentos de
orquestras Nazaré da Mata, _____de_________________de 2015
MULUNGU - percussão feita de tronco esculpido e forrado com couro
_________________________________________
CANTAR MARTELO- modalidade de canto
Assinatura nordestino
do Entrevistado
ANEXO C - DVD – Curta-Documentário Maracatu Lilás

69
19
ANEXO D - GLOSSÁRIO, SIMBOLOS E SIGLAS

70
MARACATU- Termo de origem africana que significa dança ou batuque do
19
“maracá”(instrumento indígena).

NAÇÃO- Autodenominação definida pelos próprios negros para seus


agrupamentos tribais/Nação Maracatu.

CABOCLO DE LANÇA- Figura de destaque do maracatu rural. Carrega uma


lança de madeira pontiaguda recoberta de inúmeras fitas coloridas. Têm a função
também de defender os componentes do maracatu.

ANEIMÁ/TUXÁUA- Caboclo de pena; simboliza a figura do índio.

CAMBINDAS- Brincantes masculinos, travestidos de mulher.

TORÉ- Dança guerreira indígena (culto secreto).

LOAS- Canto improvisado feito pelos Mestres e repetidos pelos componentes do


maracatu.

ALFAIAS- tambores

AMUNAM- Associação das Mulheres de Nazaré da Mata

CCMM- Clube Carnavalesco Misto Maracatu. Escrito nos estandartes das Nações
que descendem de organizações de negros.

INSTRUMENTOS MUSICAIS- tarol, zabumba, ganzás e instrumentos de


orquestras

MULUNGU - percussão feita de tronco esculpido e forrado com couro


CANTAR MARTELO- modalidade de canto nordestino

GUIADAS- lanças

GUISOS ou SINETAS- chocalhos

71
20. DECUPAGEM

Decupagem de Cenas

Cena 01 Duração (0’20”-1’03’) plano geral. Desfile do maracatu.

Cena 02 duração (1’14”-1’44”) plano médio. Entrevista com Marinalva Isabel.

Cena 03 duração (1’47”-3’10”) plano americano. Mestra Gil cantando e sendo


entrevistada.

Cena 04 duração (3’17”-4’42”) plano médio em Marinalva e em seguida câmera percorre


o ateliê para pegar imagens da produção.

Cena 05 duração (4’54”-6’51”) plano médio. Entrevista Marinalva Isabel.

Cena 06 duração (6’56”-7’18”) plano médio. Entrevista Marinalva Isabel.

Cena 07 duração (7’21”-10’03”) arquivo youtube. Maracatu Nazareno.

Cena 08 duração (10’13”-11’13”) plano geral cablocos ponta de lança dançando, fecham em
uma delas no plano fechado e ela inicia sua fala.

Cena 09 duração (11’21”-12’40”) plano geral das meninas dançando e Mestra Gil cantando.

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