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A caminhada do filho mais jovem não pode ser separada da de seu irmão mais
velho.
A maneira como ele se posiciona olhando para o gesto acolhedor do pai não
deixa dúvida sobre quem Rembrandt quer retratar. Podemos perceber neste
observador distante e severo tudo o que Jesus nos diz sobre o filho mais velho.
Entretanto, a parábola deixa claro que o filho mais velho ainda não está em casa
quando o pai abraça seu filho perdido e lhe mostra a compaixão.
Esta aparente discrepância entre a pintura e a parábola se explica pela tradição
visual e iconográfica do tempo de Rembrandt, onde a parábola do fariseu e do
publicano e a parábola do filho pródigo estavam intimamente ligadas.
O homem sentado batendo no peito e olhando para o filho que volta é um servo
representando os pecadores e cobradores de impostos, enquanto o homem de
pé olhando para o pai de maneira enigmática é o filho mais velho representando
os escribas e fariseus.
A volta do filho pródigo é uma obra que resume a grande luta espiritual e as grandes escolhas que essa
luta exige. Pintando não somente o filho mais jovem nos braços de seu pai, mas também o filho mais ve-
lho que pode aceitar ou não o amor que lhe é oferecido, Rembrandt nos apresenta o “drama interior do
ser humano”.
Assim como a parábola do filho pródigo encerra o cerne da mensagem do Evangelho e chama os que a
ouvem para que façam suas próprias escolhas diante dela, da mesma forma a pintura de Rembrandt
encerra sua própria luta espiritual e convida os que a contemplam para que tomem uma decisão pessoal
sobre suas vidas.