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36 economia & história: difusão de ideias econômicas no Brasil

Roberto Campos: o Ápice e a Derrocada de um Projeto


Pedro Hoeper (*)

Algumas pesquisas históricas são vimento econômico, e merece ser Nos Estados Unidos, serviu como
dificultadas pela escassez de fon- contada. secretário de embaixada, traba-
tes; há outras, entretanto, que re- lhando no Setor Comercial; acom-
cebem a graça – ou a maldição – de panhou Eugênio Gudin e Octávio
1 Formação Intelectual e Atuação
ter fontes abundantes ao extremo. Bulhões nos encontros de Bretton
Tecnocrática
O segundo caso, nos parece, é aque- Woods, em 1944; após concluir a
le no qual se encaixa o estudo da graduação, produziu sua disserta-
Em marcos cronológicos, antes de
trajetória político-intelectual de ção de mestrado em economia pela
pensar em cursar qualquer facul-
Roberto de Oliveira Campos (1917- George Washington Universit y,
dade de economia, Roberto Cam-
2001). Além de publicar diversas publicada 1947, na qual já demons-
pos adentrou a escola diplomática
obras durante mais de 50 anos, trava a versatilidade para lidar
do Itamaraty, sendo aprovado em
Campos ainda teve a complet a com autores de pensamentos com-
concurso público no ano de 1938
noção da sua relevância para a his- pletamente distintos (CAMPOS,
– um grande feito para alguém 4
tória do Brasil: produziu uma auto- 2004); comunicou-se, quando em
nascido em Cuiabá, nos arrabaldes
biografia de mais de 1400 páginas, Nova York, com professores como
com extenso e rico conteúdo histó- do Brasil de 1917, mas nem tão Nurkse, o qual iniciava suas pes-
rico. Lanterna na popa (CAMPOS, grande assim para quem recebera quisas sobre o subdesenvolvimen-
1994) é um testamento intelectual, a educação dos bons seminários to (KATTEL; KREGEL; REINERT,
o longo epitáfio de Campos em uma católicos de Minas Gerais, como lhe 5
2009, ix-x xi); e participou das
busca por determinar os contornos sucedera. Sabendo que o economis- primeiras conferências da Organi-
1
de sua imagem póstuma. É, tam- ta era em essência um diplomata, zação das Nações Unidas. De volta
bém, a visão retrospectiva de um um servidor público de carreira, ao Brasil em 1949, Campos era um
homem que julga e recolhe o pas- pode-se compreender um tipo de diplomata-economista, e logo se
sado, de atuação tecnocrática, com postura, em relação ao Brasil, que tornaria um “tecnocrata-desenvol-
os olhos do liberal do presente. conservou ao longo da vida: Cam- 6
vimentista”. As influências sobre
Expliquemos. Ao longo da década pos entendia a si mesmo como o pensamento de Campos eram va-
de 1980 torna-se um liberal de tom alguém que se colocava acima de riadas: nos EUA, conhecera austría-
austríaco, e passa a rechaçar sua paixões, modismos e ideologias, e cos, teóricos do desenvolvimento e
anterior concepção planejadora- assim agia em prol do interesse na- keynesianos; no Brasil, participou
3
-keynesiana – chegando a afirmar cional. Em missão diplomática, foi da Comissão Mista Brasil-Estados
que se arrependia de ter lido tantos enviado a Washington em 1942, e o Unidos (CMBEU), manteve contato
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economistas, bastaria Hayek. A que viria a entender como o “inte- com os “cepalinos” (economistas
história dessa transição é a his- resse nacional brasileiro” começou ligados à Comissão Econômica para
tória do ápice e da derrocada de a moldar-se a partir do contato a América Latina e o Caribe) e com
um projeto nacional, do súbito fim com a realidade da grande potência os “ortodoxos”. Dentre os últimos,
de uma concepção de desenvol- norte-americana. a figura de maior destaque era

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Gudin, com quem Campos mante- embaixador em Washington, que Com o fim do primeiro governo
ve relação pessoal e profissional, foi mantido por João Goulart quan- militar, houve troca de comando,
e de quem absorveu um misto de do empossado. Mas o seu cargo de assim também nos altos cargos:
posições político-ideológicas e in- maior importância foi o de minis- Hélio Beltrão e Delfim Netto subs-
telectuais.7 tro do planejamento, alcançado em tituíram Campos e Bulhões, res-
1964, quando instalado o regime pectivamente. Aos seus 50 anos,
De meados dos anos 1940 a fins militar, com Castelo Branco na pre- Campos se licenciou do serviço pú-
dos 1950, este foi o momento em blico e partiu para uma temporada
sidência. A esta altura, Campos já
que Campos assentou as bases de de oito anos na iniciativa privada,10
era figura reconhecida e as ideias
seu entendimento acerca da geopo- período no qual não se ausentou
e perspectivas de sua fórmula para
lítica global, da ciência econômica do debate público, pois tornou-se
o Brasil eram cada vez mais vei-
e das perspectivas do desenvolvi- colaborador ativo de jornais como
culadas pela imprensa: projeto de
mento econômico brasileiro. Era o O Globo e O Estado de São Paulo.
início da Guerra Fria e Campos não um “desenvolvimento equilibrado”,
faria apologia ao modelo socialista claramente decidido pelo capi-
e nem aderiria às teorias marxis- talismo, à imagem e semelhança 2 Ápice e Derrocada: do Estado
das sociedades desenvolvidas do Racional ao Irracional
tas: principiava a construir a ideia
de um modelo de desenvolvimento primeiro mundo, e assim auxiliado
capitalista para o Brasil, no qual a pelas suas modernas técnicas de O final dos anos 60 e início dos
iniciativa privada nacional, os capi- administração e por seus capitais anos 70 foi um período de grande
tais estrangeiros e o planejamento (o famigerado capital estrangeiro); contato de Campos com a realidade
estatal eram fundamentais. 8 Não levado em frente pela coordena- política e econômica da América
surpreendentemente, os afaze- ção entre a iniciativa privada e o Latina. Sua preocupação com o
res do Banco Nacional de Desen- modelo de sistema político a ser
Estado racionalizado na figura do
volvimento Econômico (BNDE), adotado pelas nações subdesen-
tecnocrata, conhecedor da ciência
criado a partir da CMBEU, foram volvidas do continente america-
econômica, o qual teria o entendi-
seu principal foco de trabalho du- no se faz clara em seus artigos. A
mento do devido e exato grau de
rante a década de 1950. Campos democracia era um valor em si,
intervenção estatal na economia e
sustentava algumas quase-teorias mas o desenvolvimento econômico
das técnicas para controlar a infla-
desenvolvimentistas, como a ideia também o era e, para alcançá-lo,
ção. Tal projeto teria a oportunida-
dos “pontos de estrangulamento” eram necessárias disciplina social
de de ser posto em prática quando e eficiência econômica, as quais,
e “pontos de germinação”, mas não
do início do regime militar (1964- nos países subdesenvolvidos, se
chegou a maiores elaborações, con-
67), no conjunto de políticas que provaram praticamente inalcançá-
firmando a sua vocação mais para
Campos e Bulhões implementaram, veis sob o sistema político demo-
a ação prática que para a produção
enquanto ministros do planeja- crático. Era um embate de valores,
teórica (BIELSCHOWSKY, 2004, p.
114-120; CAMPOS, 1969a). mento e da fazenda, respectiva- entre um Campos democrata e um
mente, do governo Castelo Branco: “desenvolvimentista”, que per-
Após trabalhar com o planejamen- a reforma e criação de instituições corre os anos e apresenta oscila-
to em diferentes postos nos gover- econômicas, as determinações de ções (CAMPOS, 1976).11 No caso do
nos de Getúlio Vargas, Café Filho e políticas fiscal, monetária e sala- Brasil, a relação de Campos com o
Juscelino Kubitschek, recebeu de rial, e supressão de entraves ao governo de Costa e Silva foi antes
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Jânio Quadros o convite para ser investimento estrangeiro. a de salientar seus erros e indicar

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as correções do que de exaltar A nação tornara-se mais objetiva e industrializados, e cada vez menos
alguma conquista e bom anda- realista face aos problemas econô- da retórica acusatória do Terceiro
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mento (CAMPOS, 1969b, 1969a), micos, mais confiante em seu des- Mundo (CAMPOS, 1973b).17
porém, esse tom admoestatório se tino de grande potência, bastante
esmoreceu com os primeiros anos mais livre no sentido econômico, (...) a atual situação econômica do
da década de 1970, frente ao que pela folga cambial, que diminui a Brasil já coloca um problema para
lhe pareceu o engatar do Brasil no dependência externa, e pela indus- o Brasil: “Decidir se pode tentar
passo certo e firme em direção ao trialização que aumenta as opções liderar o terceiro mundo como o
escalão dos países desenvolvidos: internas (CAMPOS, 1973). primeiro dos pobres ou inscrever-
foi a partir do governo Médici que -se no clube do primeiro mundo
se construiu a ideia (ou se teve a Como dito, a transição no pen- como o último dos ricos, ou seja, o
percepção) do “milagre econômi- samento de Campos começou a primeiro dos indigentes ou o último
co”. De uma postura mais crítica ao despontar em 1973, ano em que dos afluentes”.
18

governo nos primeiros anos após corroborou seu entendimento de


que o Brasil se afastava da retórica Para o primeiro mundo, no entan-
sua saída do Ministério, Campos
terceiro-mundista – que ensejava to, as perspectivas se inverteriam
passou às fileiras do coro do Bra-
a criação de teorias esdrúxulas, de no ano de 1974, o conúbio entre
sil potência: a fórmula brasileira,
“dependência” ou “superexplora- altos índices de inflação e desem-
mista de planejamento e iniciativa
ção” (CAMPOS, 1976, p. 189-190) prego anunciavam a chegada de
privada, capitalista e ocidental, 15
– e aproximava-se de uma posição anos de tormenta econômica após
estava correta e o projeto da “Re- de interesses comuns com os de- a bonança do pós-Segunda Guer-
volução de 64” apresentava sinais senvolvidos. A situação era de mu-
13 ra. Já no Brasil, as perspectivas
de prosperidade. dança positiva do posicionamento econômicas e políticas eram favo-
do Brasil no cenário econômico ráveis, e a relação de Campos com
A inflação é desnecessária ao de- internacional, e ainda que o acordo o Estado se daria também por seu
senvolvimento econômico [...] os de Bretton Woods se tivesse desfei- contato mais próximo com a ala
modelos socializantes de desen- to, para Campos o bloco capitalista “castelista” que assumiu o poder
volvimento se têm revelado muito mantinha sua integridade, e cada em 1974, com o presidente Ernesto
menos eficazes que os baseados vez mais se afirmava como a via Geisel e o chefe da Casa Civil Gol-
na economia associativa de mer- correta, um sistema pluralista, em bery do Couto e Silva. Adentrava
cado [...] À luz dessas experiências,
contraposição à “via estreita” do o palco das esperanças, ao lado da
bloco socialista (CAMPOS, 1976, p. economia desenvolvida, a demo-
confirmadas aliás no nosso próprio 16
228). cracia: iniciara-se (ou pelo menos
hemisfério pelo exemplo desenco-
rajador de Cuba, e pouco promissor
se anunciara) o processo de aber-
É preciso sobretudo reconhecer a tura política. Não fosse o choque
do socialismo chileno, o Brasil não natureza cambiante de nossos inte- do petróleo em novembro de 1973,
tem por que mudar seu modelo de resses. É possível que em breve me- para cujas consequências Campos,
desenvolvimento. O que é preciso é tade de nossas exportações seja de sempre atento ao cenário inter-
dar continuidade a esse processo produtos industrializados, e que se- nacional, já apontava de maneira
e manter um contexto propício à jamos investidores significativos no incipiente, nada traria percalços
estabilidade política (CAMPOS, exterior, o que nos aproximará cada ao progresso brasileiro, seríamos
14
1976, p. 60-62). vez mais dos interesses dos países a “ilha de prosperidade” em meio

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à procela internacional, e podería- de um poder autoritário (CAMPOS, Europa Ocidental apresentavam


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mos começar a pensar em formas 1974b). mal-estar econômico, como a gran-
de redistribuição de renda, desde de potência americana também
que não impedissem o crescimento O outro lado da política interna sofria da epidemia estagflacionista
(CAMPOS, 1973a, 1973c, 1974a). seria o fortalecimento e a amplia- (CAMPOS, 1974d) − aparente sinal
ção das empresas estatais, que de que a ciência econômica ligada
Mesmo frente à ideia da redemo- Campos parec ia não perceber ao modelo de desenvolvimento
cratização, Campos mantinha a ainda nos primeiros anos do go- ocidental no pós-guerra, sobre a
visão de que o Executivo deveria verno Geisel. No plano econômico, qual também seu próprio projeto
seguir sendo o Poder forte capaz a concretude do II PND (Segundo
se apoiava, poderia não ter as res-
de decidir e planejar pela via da Plano Nacional de Desenvolvimen-
postas satisfatórias para a nova
racionalidade, contrastando com a to): elaborado pelos tecnocratas do 22
realidade que surgia.
demagogia incrustada no processo círculo de Geisel, apresentava uma
deliberativo do Congresso. Assim, visão assaz otimista dos anos vin-
20 Seja como for, os cultores da ciência
grosso modo, o desenvolvimento douros. Para sua execução, seria
econômica não podem deixar de
econômico ficava sob a tutela do necessária uma estreita coopera-
Executivo, e o papel do Legislati- ção com o exterior (captar finan- estar melancólicos. Antigamente
vo tornava-se secundário, e isso ciamentos; expandir mercados de podia-se dizer que o fenômeno
ocorreria tanto no regime auto- exportação para lograr importar inflacionário provinha apenas da
ritário quanto no democrático. O petróleo, máquinas e insumos). indisciplina dos políticos, que não
tecnocrata havia assumido certas A orientação da política externa obedeciam ao receituário clássico...
funções do político-congressista, do governo seria o “pragmatismo Hoje, dezenas de grandes econo-
substituindo o debate demagógi- responsável”, à qual Campos deci- mistas chamados à Casa Branca
co estéril pela técnica racional, e didamente dava apoio, acreditando exibem publicamente funda divisão
Campos não vislumbrava a saída de talvez numa ação diplomática que sobre o diagnóstico e terapêutica
cena desse ator tão imprescindível pudesse servir amplamente ao pro-
da inflação americana (CAMPOS,
ao desenvolvimento, apenas enten- jeto de construção de uma nação
1974f).
dia que, dentro de alguns anos, este desenvolvida, e não em um de uma
teria de conviver com um Legislati- verve nacionalista (CAMPOS, 1976,
Campos, em 1975, ainda diria sem
vo mais ativo e potente. Na sua ló- p. 123-127). O fato é que a posição
hesitações: o “liberal-capitalismo,
gica, era preciso criar um novo sis- tomada pelo governo criaria ex-
que acreditava na seleção pelas
tema político, que reintroduzisse pectativas de recrudescimento do
liberdades, mas que não permitisse forças livres do mercado, deixou de
nacionalismo e das intervenções
que o Congresso se transformasse estatais no modelo brasileiro, pelo existir aqui não menos que alhu-
23
em um “engenho de inflação”, como lado americano.
21 res”. Mas os ventos mudavam
acontecera antes de abril de 1964: de direção rapidamente, a “ilha
era preciso “institucionalizar a Re- Em 1975, Roberto Campos volta- de prosperidade” sucumbiria com
24
volução”, ou seja, fazer com que os ria ao serviço público. Nomeado, o passar dos anos, os grandes
valores da estabilidade econômica então, para assumir a embaixada nomes do antiestatismo ganhariam
e política fossem instilados nas em Londres, partiu com abaladas cada vez mais espaço no campo da
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instituições e se perpetuassem na convicções sobre a ciência econô- ciência econômica, e a cristali-
dinâmica social sem a necessidade mica: não só os desenvolvidos da na bipolaridade geopolítica daria

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lugar a novas incertezas multipo- que a teoria keynesiana ainda era dessas transformações é aquilo que
lares.26 válida para reativar a conjuntu- José Guilherme Merquior chama da
ra internacional, que havia como “inversão das ameaças”. Outra é a
Em Londres, sua atuação seria sanarem-se as distorções na eco- “redescoberta do mercado”.
predominantemente econômica, nomia brasileira sem grandes per- [...] o marxismo perdeu capacidade
perseguindo os interesses brasi- calços, que a melhor estratégia de de contágio e catequese em relação
leiros nas áreas financeira, comer- combate à inflação era a gradua- às sociedades mais desenvolvidas.
27
cial e tecnológica. Campos nunca lista, que o tempo de redistribuir [...] os países da Cortina de Ferro [...]
negligenciara o evoluir da política a renda no Brasil estava próximo, Receiam assim a “ameaça ideológi-
internacional, principalmente a que o saldo do modelo brasileiro ca” do Ocidente [...]
europeia e a norte-americana, e era vastamente positivo (CAM- [...] a “redescoberta do mercado”
estando em um dos centros di- POS, 1977a, 1977b, 1978; 1987, p. [...]“Exit Keynes. Intrat Hayek” [...]
nâmicos do mundo ocidental, seu 201-203) – e, de um só golpe, em quanto maior a presença do gover-
contato com as ideias circulantes 1979, desfar-se-ia de todas estas no como agente econômico direto,
nos países desenvolvidos seria convicções. Três fatos imediatos maior a dificuldade de controlar a
ainda maior. Perceberia o Estado provavelmente concorreram para inflação [...] as empresas públicas se
de bem-estar inglês se fragilizando este súbito movimento: a perda do tornam mini-Estados e perseguem
politicamente: o “contrato social”, último possível compromisso para seus objetivos com altivez, face a
proposto por Harold Wilson em com o núcleo do Executivo, que mesquinhas políticas deflacioná-
1974 e continuado por Callaghan era o pilar de seu projeto para o rias do Governo central...(CAMPOS,
(1976-79), buscava ser um consen-
28
Brasil; a percepção de que Mario 1987, p. 129-130) 29
so entre Estado, capital e trabalho; Henrique Simonsen, estimado por
reavivando a indústria britânica Campos como amigo e profissional, A partir de 1979, Campos iniciou,
– que vinha em declínio se com- enfrentava enormes dificuldades então, uma fase de negação, duran-
parada a seus pares europeus – e para convencer o governo de Fi- te a qual o mote principal de seus
mantendo o welfare state. Contudo, gueiredo, e todo o corpo estatal, textos seria a oposição às ideias
o resultado deu-se a parecer como de que era preciso aplicar políti- que ele um dia defendera, e que
a sentença de morte da gestão de cas recessivas para equilibrar a ainda tinham prevalência no Bra-
demanda em princípios keynesia- economia; e, finalmente, o avanço sil. Exaltaria Eugênio Gudin como
nos – os déficits orçamentários não político-ideológico dos conserva- o “profeta sem cólera”, que nunca
mais asseguravam pleno emprego, dores britânicos, que culminou na se deixou seduzir pelo interven-
e os sindicatos tinham amplo poder eleição de Margareth Thatcher, em cionismo keynesianismo ou pelo
de pressão política (LEYS, 1989, 4 de maio de 1979. Neste mesmo estruturalismo (CAMPOS, 1987, p.
p. 98; CAIRNCROSS, 1992, p. 204- mês escreveu o primeiro artigo 362-363). Foi um período de críti-
205). em que reconhecera a mudança da ca atroz, mas também de procura
realidade que ensejaria ruptura de- por princípios que provessem base
Nos anos que vão de 1976 a 1978, finitiva com a visão que sustentara a uma nova interpretação da di-
Campos pareceu ter passado por ao longo de sua carreira. nâmica econômica. Era hábito de
um processo de descolamento das Campos, em seus textos, servir-se
expectativas: quanto mais a reali- Por trás da poeira do dia e do rumor de conceitos e interpretações de
dade se apresentava hostil ao seu da bagatela existem transforma- diversos intelectuais, como econo-
projeto, mais encontrava resistên- ções que não são fáceis de ver, e mistas e cientistas políticos, num
cia em seu pensamento. Afirmava muito menos de prever [...]. Uma ecletismo intuitivo – nesse momen-

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to de negação, não seria diferente, 1987, p. 11-49), causando alvoroço liberal quanto de uma economia
a denúncia faria uso de variadas no meio intelectual brasileiro, onde liberal:
visões da realidade, desde que poucas vozes arriscavam defender
30
“pró-mercado” (CAMPOS, 1987). o liberalismo.33 A redemocratização reduziu a área
de arbítrio político do Governo. É
[...] após as teorias do monetaris- O percurso da negação só urgente também reduzir-se a área
mo, do keynesianismo, do fried- se completaria com a descoberta de arbítrio econômico. Pois como
manismo, surge agora nos Esta- de um novo projeto, e isso ocorreu costuma dizer o ministro inglês Sir
dos Unidos uma nova corrente de em 1984. O que nos anos anteriores Keit Joseph “há limites para o bem
economistas que prega a teoria do era apenas o elogio à coerência de que o Estado pode fazer à econo-
“suply-side economics”. Eugênio Gudin e uma constatação mia, porém não ao mal que pode
de que a “economia de mercado”, fazer” (CAMPOS, 1988, p. 91).
35

Enquanto os economistas norte- de tom liberal, era mais eficiente


-americanos pregam uma retirada e compatível com as economias
dos tributos e uma desregula- ocidentais modernas, encontrou, 3 Roberto Campos, um Austríaco?
mentação do excesso de leis e então, um suporte intelectual na
normas que regem a economia, escola austríaca, cujas ideias vi- Se podemos dizer que de fato ocor-
nós aumentamos os tributos e dei- nham conquistando maior espaço: reu a consonância entre o pen-
xamos o poder do Estado crescer samento de Campos e as ideias
assustadoramente. Enquanto eles O movimento neoliberal está ga- de Friedrich Hayek, é necessário
procuram aumentar a concorrência nhando terreno na parte norte
entender que essa não foi uma
e a competitividade, nós aumen-
questão de doutrina acadêmica
deste continente, assim como na
– ou seja, não constituiu a ado-
tamos a estatização e o controle Europa. É o que atestam a reeleição
ç ão de u ma dada per spec t iv a
único. Enquanto procuram eliminar do Presidente Reagan, a vitória
teórico-metodológica – mas se
protecionismo para vitalizar suas conservadora no Canadá e o mo-
deu em função de uma concor-
economias, nós procuramos nos vimento desestatizante na Ingla-
31 dância em princípios filosófico-
proteger e aumentar a burocracia. terra [...] As raízes do pensamento -teóricos que foram (re)desco-
econômico liberal estão na escola bertos em conjuntura propícia.
Para Campos, a “era dos tecnocra-
austríaca de von Mises e Hayek, que O hayekianismo de Campos era a
tas” havia passado, e ele próprio
por muito tempo negligenciados, combinação da contemplação sobre
no momento se lançava a um novo
papel, o de político – em maio de voltam agora ao proscênio (CAM- a obra do pensador austríaco com o
34
1980, já admitia a possível candi- POS, 1988, p. 85) ímpeto de tomar finalmente o lado
32
datura ao Senado. Em 1981-82, certo em uma antiga controvérsia
ainda como embaixador em Lon- Surgiu o novo projeto de desenvol- – Keynes versus Hayek, o Estado
dres, buscaria conseguir auxílio vimento para a Nova República. O no mercado versus o mercado por
financeiro para o país, ao mesmo interesse nacional do Brasil – país si. Assim, quando Campos afirma
tempo em que preparava sua cam- que já havia superado o subdesen- que Hayek está certo, o fulcro de
panha. Sendo eleito, a crítica ao volvimento e tinha uma economia sua proposição é denunciar toda
modelo brasileiro foi exposta aber- muito mais complexa e próxima à uma tradição histórico-intelectual
tamente em seu discurso inaugu- dos países desenvolvidos – torna- de intervencionismo do Estado na
ral no Senado em 1983 (CAMPOS, va-se a adoção tanto de democracia economia.

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Campos continuou a ser um pen- Gudin. Campos foi um pensador e DELFIM NETTO, Antônio. Ok, Roberto
sador que estabelecia ligações di- político, pragmático e dinâmico, Campos, você venceu! Folha de São Paulo,
São Paulo, 10 out. 2001. Disponível em:
nâmicas com diferentes realidades para quem os sinais práticos guia- <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/
e teorias. Concordar com a escola vam as certezas, para quem tanto brasil/fc1010200127.htm>. Acesso em:
austríaca não o impedia de também o planejamento quanto o livre mer- 14 jan 2016.
concordar com outras correntes cado constituíram verdades ina-
de pensamento, desde que estas, baláveis, e cuja maior virtude foi a Matérias sem nome de autor.
agora, não ferissem os princípios obstinada busca, a seu modo, pelo
fundamentais da não intervenção desenvolvimento da nação.
e do livre mercado. Em Conversas CAMPOS diz que estabilidade na AL condi-
com economistas I (BIDERMAN; cionará abertura. O Estado de São Paulo,
Referências São Paulo, p. 8, 20 set. 1973.
COZAC; REGO, 1996, p 33-59), Cam-
pos mostra em diversas passagens CAMPOS prevê que 75 será mais fácil. O
Estado de São Paulo, São Paulo, p. 37, 29
que, mesmo perto de seus oitenta Artigos de Jornais dez. 1974.
anos, seguia atento a difusão inter-
VELLOSO reitera viabilidade do II PND. O
nacional de ideias econômicas – em
CAMPOS, Roberto. Perspectiva do fundo de Estado de São Paulo, São Paulo, p. 29, 7
uma delas, reconhece a verdade dez. 1974.
quintal. O Estado de São Paulo, São Paulo,
nas ideias de North, mesmo que p. 4, 15 abr. 1969b. BRASIL não se desenvolveu, modernizou-se.
tivesse de entrar em discordância O Estado de São Paulo, São Paulo, p. 160,
______. A espada enferrujada. O Estado de
com a escola austríaca. São Paulo, São Paulo, p. 8, 12 ago. 1969c. 6 jan. 1980.

______. Os homens e as tarefas. O Estado de O BRASIL é viável, afirma Campos. O Estado


A escola austríaca difere bastante São Paulo, São Paulo, p. 8, 5 abr. 1973a. de São Paulo, São Paulo, p. 22, 25 jun.
da escola institucionalista, porque 1980.
______. Os triângulos não amorosos. O Es-
não acentua a história de econo- tado de São Paulo, São Paulo, p. 4, 15 ago. NÚMEROS indicam ação estatal. O Estado
mias individuais, mas se debruça 1973b. de São Paulo, São Paulo, p. 14, 4 jul. 1974.

muito sobre o estudo das insti- ______. Os sucessos do fracasso – 2. O Estado N. Y. prevê maior intervenção no “milagre”.
de São Paulo, São Paulo, p. 5, 7 nov. 1973c. O Estado de São Paulo, São Paulo, p. 14, 4
tuições “espontâneas”, como o
jul. 1974.
mercado. ______. As válvulas da caldeira. O Estado de
Agora, estou cada vez mais conven- São Paulo, São Paulo, p. 5, 4 dez. 1974c.
cido de que Douglass North tem ra- ______. Normalidade do anormal. O Estado de Arquivos Consultados no
zão: já existe, por assim dizer, uma São Paulo, São Paulo, p. 4, 7 ago. 1974d. CPDOC
tecnologia de desenvolvimento, ______. As grandes transformações revisita-
mas sua eficácia depende funda- das - 2. O Estado de São Paulo, São Paulo,
Carta de Campos a Gudin (1949). Locali-
mentalmente do clima institucional p. 6, 16 out. 1974e.
zação: EUG c 1949.00.00-1.
(BIDERMAN; COZAC; REGO, 1996, ______. Mudando de profissão. O Estado de
Texto de autoria de Roberto Campos apre-
p. 41). São Paulo, São Paulo, p. 4, 23 out. 1974f.
sentado em seminário (1974b). O poder
______. Pensando o impensável. O Estado de Legislativo e o desenvolvimento. Locali-
A figura de Roberto Campos não São Paulo, São Paulo, p. 9 (4-e), 25 set. zação CPDOC: RC e ag 1960.04.25.
pode passar à história do Brasil tal 1977a.
Entrevista com Roberto Campos em janeiro
qual um bastião inviolado do libe- ______. Uma era de equidade. O Estado de São de 1975. Localização CPDOC: RC d bem
ralismo – como fora em verdade Paulo, São Paulo, p. 2, 5 abr. 1978. 1975.01.00.

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economia & história: difusão de ideias econômicas no Brasil 43

Livros e Artigos de Periódicos 1 O livro também foi, a desconsiderar os 9 Há ampla historiografia sobre a gestão
contatos literários amigos, o último e maior econômica em 1964-67, a qual não se dis-
passo para o recebimento do fardão da cutirá aqui.
Academia Brasileira de Letras, ocorrido em
BIDERMAN, Ciro. COZAC, Luis Felipe; REGO, 1999. 10 Tendo como principais trabalhos os cargos
José Márcio. Conversas com economistas de presidente do Investbanco e, poste-
brasileiros. São Paulo: Editora 34, 1996. 2 Como consta no relato de Delfim Netto riormente, do Banco União Comercial.
em 2001 em razão do falecimento de Em suas memórias, Campos defendeu-se
BIELSCHOWSKY, Ricardo. Pensamento Campos. Ver DELFIM NETTO, Antônio. das acusações de que a falência do Banco
econômico brasileiro: o ciclo ideológico Ok, Roberto Campos, você venceu!. Folha União tivesse sido causada por ele.
do desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: de São Paulo, São Paulo, 10 out. 2001.
11 O mundo que vejo e não desejo, de 1976,
Contraponto, 2004. Disponível em: < http://www1.folha.
é uma compilação de artigos de Campos
uol.com.br/fsp/brasil/fc1010200127.
CAIRNCROSS, Alec. The British Economy publicados entre 1969 e 1974. Exemplo
htm>. Acesso em: 14 jan 2016.
since 1945: economic policy and perfor- mais claro do dilema democracia-desen-
mance. Blackwell: Oxford, 1992. 3 Seria a posição do “servidor imparcial”, que volvimento é “Quo vadis, América Latina”,
está sempre junto à verdade dos fatos. artigo de 1972, p. 200-203.
CAMPOS, Roberto. Some inferences concern-
ing the international aspects of economic 4 Republicada pela Editora FGV em 2004. 12 Na visão de Campos, não havia prosperi-
dade. Economicamente, escasso êxito (o
fluctuations. Rio de Janeiro: Editor FGV, 5 Campos deu início ao processo de doutora-
pouco que havia de correto devia-se às
2004. mento na Columbia University, mas não pôde
reformas de 1964-67), sem motivos para
concluí-lo, pois fora convocado a retornar ao
______. A lanterna na popa. Rio de Janeiro: otimismo infundado: havia ainda lições
Brasil.
Topbooks, 1994. a serem aprendidas. Politicamente, re-
6 Segundo Bielschowsky (2004), em 1951-53 trocesso, o AI-5 foi o sinal do grande vulto
______. Guia para os perplexos. Rio de Janeiro: Campos poderia ser considerado um “de- antidemocrático que se formava (CAMPOS,
Nórdica, 1988. senvolvimentista nacionalista”, e após 1955 1969c).
______. Ensaios imprudentes. Rio de Janeiro: teria se tornado um não nacionalista. Celso 13 Em 1973, a visão retrospectiva do alto pa-
Record, 1987. Furtado (1980) parece corroborar essa tese, drão de crescimento econômico que o Bra-
do lado “nacionalista-estruturalista”, afirma: sil atingira nos seis anos anteriores fazia
______. Correção monetária, a segunda me- “É interessante observar que nessa época esboçar o horizonte da nação potência e
lhor solução. Digesto Econômico, São Roberto Campos estava conosco e também ensejava um otimismo que se disseminava
Paulo, nov-dez. 1977b. foi muito criticado, é claro”. BRASIL não se pela sociedade – veículos de mídia, classe
desenvolveu, modernizou-se. O Estado de política, intelectuais e militares, todos,
______. O mundo que vejo e não desejo. Rio de São Paulo, São Paulo, p. 160, 6 jan. 1980. com poucas exceções, comungavam nessa
Janeiro: José Olympio, 1976.
7 Prova de sua relação ambivalente entre o perspectiva positiva da situação brasileira
______.; SIMONSEN, Mário H. A nova economia campo intelectual e o privado é uma carta – Campos não foi diferente. Interessante
brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, de Campos a Gudin, de 1949: ao mesmo notar que, de 1967 a 1974, tanto nas
1974a. tempo íntima e elogiosa quanto às ideias críticas quanto nos elogios, Campos não
do professor. Arquivo CPDOC. Localização: citou nominalmente os gestores da política
______. A retrospect over Brazilian develop- econômica, nem mesmo os planos que
EUG c 1949.00.00-1. Campos relata em sua
ment plans. In: HOWARD, Ellis. (Org.). The estavam sendo postos em prática.
autobiografia, as indicações que Gudin lhe
economy of Brazil. Berkeley: University of dera (CAMPOS, 1994, pp. 233-262). E ainda, 14 “A Ásia revisitada”. Artigo de julho de 1971.
California Press, 1969a, p. 317-344. quando fora designado professor da Facul- Itálico nosso.
______. Planejamento do desenvolvimento dade Nacional de Economia, o curso que
ministrava era essencialmente os Princípios 15 “A independência dos mendigos”. Artigo
econômico de países subdesenvolvidos. de 21/06/1972.
Digesto Econômico, São Paulo, n. 89, abr. de economia monetária de Gudin, segundo
relato de um aluno, o economista Antônio 16 “Depois da queda... ou as lições da tragé-
1952.
Barros de Castro (MANTEGA; REGO, 1999, dia”. Artigo de 25/09/1973.
KATTEL, Rainer; KREGEL, Jan A.; REINERT, p. 156-158).
17 Itálico nosso.
Erik S. (eds.), Ragnar Nurkse: Trade And
8 Ressalte-se que, antes de Nikita Khrushchev
Development, London: Anthem, 2009. expor, em 1956, a realidade da violência
18 Matéria sem nome de autor. CAMPOS diz
que estabilidade na AL condicionará aber-
LEYS, Colin. Politics in Britain, from Labour- praticada durante o regime stalinista, e de
tura. O Estado de São Paulo, São Paulo, p.
ism to Thatcherism. Verso: London, 1989. as potências ocidentais intensificarem as
8, 20 set. 1973c.
acusações contra a União Soviética, Campos
MANTEGA, Guido; REGO, José Márcio. Con- não demonstrava contrariedade ou desprezo 19 Arquivo CPDOC. Localização CPDOC:
versas com economistas brasileiros II: Paul ao mencionar os países socialistas. Como fica RC e ag 1960.04.25. Campos convocava
Singer...[et al.]. Vol. 2. Editora 34, 1999. claro em Campos (1952). a “imaginação criadora” dos cientistas

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políticos para tal missão, e entendia que 23 Entrevista com Roberto Campos em janei- todas denunciam o intervencionismo e o
não haveria grandes empecilhos, dado que ro de 1975. Arquivo CPDOC. Localização estatismo.
o “sistema” recebia “grau substancial de CPDOC: RC d bem 1975.01.00.
31 O BRASIL é viável, afirma Campos. O Es-
apoio” – no que estava enganado, como 24 Ainda em 1975, Geisel anunciou duas tado de São Paulo, São Paulo, p. 22, 25 jun.
demonstraram as eleições de agosto de novidades: os contratos de risco para 1980.
1974. O MDB elegera 16 das 21 cadeiras exploração de petróleo em solo nacional,
em disputa para o Senado, e as 364 vagas 32 Pelo Estado de Mato Grosso. CAMPOS diz
e o controle de importações. A primeira
em disputa para a Câmara foi repartidas que inflação não tem cura. O Estado de São
agradou Campos, a segunda não. Ambas
Paulo, São Paulo, p. 25, 11 abr. 1980.
em 203 para ARENA e 161 para o MDB eram os primeiros grandes sinais do de-
(CAMPOS, 1974b, 1974c). sequilíbrio na balança de pagamentos que 33 Tratou dos diferentes aspectos da “crise
viriam junto com a alta inflação assolar o brasileira”, e teve ampla repercussão; a
20 Para Reis Velloso, em dezembro de 1974,
cenário brasileiro no início dos anos 1980. Digesto Econômico dedicou seu periódico
o Brasil passava por um “momento de
de agosto de 1983 integralmente à análise
transição”, mas que em nada prejudicava 25 Friedrich Hayek e Milton Friedman ga-
do discurso de Campos.
as perspectivas de crescentes investimen- nhariam os “prêmios Nobel de economia”
tos e descoberta de recursos: o II PND era em 1974 e 1976, respectivamente. Robert 34 Artigo de novembro de 1984.
completamente viável. “Velloso reitera Lucas Jr. surgia com suas críticas ferrenhas
35 Artigo de dezembro de 1984.
viabilidade do II PND”. O Estado de São aos planejadores keynesianos.
Paulo, 07/12/1974, p.29. 26 Os países da Opep se fortaleciam, a China
adentrava o cenário, tanto pela capacidade
21 NÚMEROS indicam ação estatal. O Estado
bélica quanto pela abertura econômica, e
de São Paulo, São Paulo, p. 14, 4 jul. 1974. e
a União Soviética estava em vias de ir à
N. Y. prevê maior intervenção no “milagre”.
bancarrota.
O Estado de São Paulo, São Paulo, p. 14, 4
jul. 1974. 27 Campos intermediou diversos contatos
e empréstimos entre o setor financeiro
22 “[...] parecia que os governos, graças às Inglês e as estatais brasileiras.
técnicas keynesianas de manipulação da
economia e às exigências de pleno em- 28 Em fevereiro de 1979, com o anúncio de
prego, haviam aprendido a dominar os Saraiva Guerreiro para o Ministério das
ciclos econômicos. Agora, com a recessão Relações Exteriores, Campos, que decla-
rava não ter ambições a outros Ministérios
de 1974, parece que entramos na fase
e estava em vias de se aposentar, perdeu as
descendente de um novo ciclo de Kondra-
chances de obter o cargo, que considerava
tieff, após enorme expansão que durou um
o “coroamento da carreira diplomática”.
quarto de século, de 1950 a 1974, marcada
por grandes inovações tecnológicas, como 29 Importante ressaltar que nesse trecho,
a energia nuclear, a petroquímica, os com- quando Campos refere-se a Hayek, é
putadores e as viagens espaciais. Mas eu por pura consciência do debate que este
preferiria que as teorias sobre a fatalidade travara com Keynes, e não por uma ver-
dos ciclos econômicos continuassem dadeira adesão às ideias do economista
sendo exercícios intelectuais obsoletos”. austríaco.
CAMPOS prevê que 75 será mais fácil. O 30 Não está informada paginação porque a
Estado de São Paulo, São Paulo p. 37, 29 maior parte dos artigos compilados no li- (*) Graduando em Economia pela FEA-USP.
dez. 1974. vro é desse período; com poucas exceções, (E-mail: pedrohd66@hotmail.com).

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