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De acordo com o artigo 3º da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), considera-se
³empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a
empregador, sob dependência deste e mediante salário´. Portanto, para ser empregado,
é necessário ser uma pessoa física, prestar serviços de natureza pessoal e não eventual,
mediante remuneração e subordinação jurídica.

Em face desses requisitos exigidos pela CLT, cabem algumas considerações:

 os serviços devem ser prestados pessoalmente pelo empregado, porque a relação de


emprego é de natureza personalíssima. Logo, o trabalhador não pode se fazer substituir
por outra pessoa;

 o fato de o prestador de serviços ser uma pessoa jurídica, não afasta a relação de
emprego, se ficar provada a exigência de prestação pessoal de serviços do trabalhador
(sócio) mediante subordinação jurídica;

 trabalhador eventual é aquele que presta serviços ocasionais a outrem. Segundo


Amauri Mascaro Nascimento, eventualidade é o ³acaso, a contingência, a incerteza´.
Para o referido autor, o ³trabalhador eventual é desvinculado de uma fonte de trabalho
porque esta não aproveita a sua atividade constantemente, só o fazendo de modo
episódico.

Assim, trabalhador eventual é o mesmo que profissional sem patrão, sem empregador,
porque os seus serviços não têm destinatário uniforme, mas múltiplos beneficiários,
em frações de tempo relativamente curtas, sem qualquer caráter de permanência. Sob o
prisma da organização que utiliza o trabalho, o eventual é trabalhador descontínuo.

A pluralidade de tomadores de serviços e a fugacidade com que cada um utiliza o seu


trabalho impossibilitam a constituição de relação de emprego com qualquer dos
múltiplos beneficiados. No entanto, visto o eventual por meio do próprio agente,
trabalhador eventual será tanto aquele que trabalha esporadicamente, isto é, nos dias,
semanas ou meses que quiser, como também aquele que, embora prestando serviços
diariamente, o faz para diversos beneficiários aos quais não se vincula por uma relação
de continuidade. Nesse caso, o eventual é um profissional como os demais, exerce
ocupação produtiva e de natureza alimentar, embora diversas sejam as fontes
pagadoras das quais recebe. A ocasionalidade será, assim, da aproximação, mas não da
atividade do trabalhador´.

Se o trabalhador eventual passa a exercer continuadamente a sua atividade permanente


em relação a um dos destinatários, deixa de ser eventual. Outra corrente doutrinária e
jurisprudencial defende que a não eventualidade dos serviços se traduz pela execução
de serviços coincidentes com a finalidade da empresa, isto é, não incluídos na
atividade normal da empresa. Empregado é aquele que presta serviços habitualmente a
outrem;

 a exclusividade na prestação de serviços não é requisito para a caracterização da


relação de emprego. O empregado pode ter simultaneamente diversos empregos, se
não houver impedimento no contrato de trabalho ou por motivo de concorrência com o
seu empregador. Entretanto, a pluralidade empregatícia pressupõe a exclusividade na
prestação de serviço durante o horário de trabalho contratado. Assim, o empregado não
pode, sem o consentimento expresso do seu empregador, prestar serviços para outrem,
durante a mesma jornada de trabalho;

 a onerosidade do trabalho se caracteriza pelo exercício de uma atividade em troca de


uma remuneração;

 a subordinação jurídica é o elemento essencial que estabelece a diferença entre o


contrato de trabalho e a prestação de serviços autônomos. O prestador de serviços
autônomo é aquele que tem independência técnica, econômica e jurídica. A autonomia
do prestador de serviços se traduz na liberdade de emprego de tempo, liberdade de
modo de execução do serviço contratado, de fixação das condições de operação ou
execução do contrato sem maiores limitações, de organização do próprio método de
ação etc.

O verdadeiro trabalhador autônomo, que presta serviços sem vínculo de emprego, é um


mero colaborador do tomador de serviços, pois tem liberdade de ação, atuando como
patrão de si mesmo, estando ausente a subordinação jurídica. Otávio Pinto e Silva, em
sua obra Subordinação, Autonomia e Parassubordinação nas Relações de Trabalho
(Editora LTr, edição 2004, páginas 90/91), preleciona sobre a distinção entre trabalho
autônomo e trabalhado subordinado.

Diz ele que ³a distinção básica, então, reside justamente na presença ou não do
elemento subordinação: o trabalhador autônomo é aquele que conserva o poder de
direção sobre a própria atividade, autodisciplinando-a segundo seus critérios pessoais e
conveniências particulares.Já o trabalhador subordinado aliena o poder de direção
sobre a própria atividade, transferindo-o volitivamente a terceiros em troca de um
salário.

Assim, o autônomo ajusta os serviços e o preço, mas desenvolve sua atividade sem
subordinação a horário, livre da fiscalização do destinatário de seus serviços e,
eventualmente, com o auxílio de terceiros, se lhe convier.

O trabalhador autônomo prescinde da figura do empregador para sua existência como


profissional. Já ao empregado, é imprescindível à figura do empregador, sem o que
deixa de existir a subordinação.Paulo Emílio Ribeiro de Vilhena acentua os aspectos
da iniciativa e da auto-organização como fundamentais para a caracterização do
trabalho autônomo. Desse modo, autônomo é o trabalhador que desenvolve sua
atividade com organização própria, iniciativa e discricionariedade, podendo escolher o
lugar, o modo, o tempo e a forma de execução. Tem a liberdade de dispor de sua
atividade para mais de uma pessoa, segundo o princípio da oportunidade´.

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Pode-se afirmar que esse trabalhador é eventual, porque realiza serviços específicos a
cada vez que é requisitado, por pequenas frações de tempo, findo os quais, termina a
sua obrigação.

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* "-  " Trabalho eventual é o que se mostra


esporádico, ocasional, e normalmente não relacionado à atividade-fim do contratante.
É o trabalho utilizado apenas vez ou outra. Não é eventual o trabalho de ajudante
geral, contratado para atender "picos de produção". Eventual, aí, é a necessidade de
se atender à demanda de serviço. Vínculo de emprego confirmado. Recurso da ré a
que se nega provimento. (TRT/SP 02674200608002000 - Ac. 11ª T. 20070545078 ±
relator juiz Eduardo de Azevedo Silva. DOE/TRT 2ª Região 10/07/07, página194)

Mesmo o trabalhador eventual é contribuinte obrigatório da Previdência Social, logo,


sobre os valores pagos devem incidir INSS, salvo se o prestador de serviços for pessoa
jurídica.

Segunda-feira, 15 de setembro de 2008




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