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Revolta de Janeiro

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Brasão de armas da Revolta de Janeiro

Exército russo em Varsóvia durante a lei marcial de 1861


A Revolta de Janeiro foi a mais longa insurreição polonesa contra a Rússia
tsarista: começou em 22 de janeiro de 1863, e os últimos insurgentes não
foram capturados até 1865.
Começou como um protesto espontâneo de jovens poloneses contra o
alistamento no Exército russo. A revolta foi logo apoiada por vários políticos e
oficiais de alta patente polonesa do exército tsarista. Os revoltosos logo
cresceram em número e, sem qualquer ajuda externa, foram forçados a
recorrer a táticas de guerrilha.
Os insurretos não conseguiram qualquer vitória militar importante e, no
decorrer da campanha, nenhuma grande cidade ou fortificação foi recapturada
na Polônia ocupada. A revolta conseguiu, contudo, sucesso em neutralizar o
efeito da abolição, pelo Tsar, da servidão na partição russa, que tinha sido
planejada para convencer os camponeses poloneses a não serem mais o
suporte do restante da nação.
As severas represálias contra os poloneses, em razão da revolta, tais como
execuções públicas ou deportações para a Sibéria, levaram muitos a
abandonar a luta armada e a retornar à ideia de "trabalho orgânico" - o auto-
aperfeiçoamento econômico e cultural.

História
Após uma série de tumultos patrióticos, o regente russo do Tsar Alexandre
II introduziu a lei marcial na Polônia, em 14 de outubro de 1861. A revolta
eclodiu no momento em que havia uma calma generalizada na Europa e
na Rússia, e quando o Partido Revolucionário não tinha suficientes meios para
armar e equipar os grupos de jovens que estavam escondidos nas florestas
para fugir à ordem de Alexandre II, para que se alistassem no exército russo.
Ao todo, cerca de 10 000 homens reuniram-se em torno da bandeira
revolucionária. Eles foram recrutados, principalmente, nas classes
trabalhadoras da cidade e do funcionalismo administrativo, embora houvesse
também uma considerável participação dos filhos mais jovens da szlachta mais
pobre e, igualmente, uma quantidade de padres do baixo clero.
Para lidar com esses mal armados grupos, o governo tinha a sua disposição,
na Polônia, um exército bem treinado de 90 000 homens sob o comando do
General Ramsay, 60 000 tropas na Lituânia e 45 000 em Volhynia. Parecia que
a rebelião seria esmagada em curto tempo.
A sorte foi lançada, e o governo provisório se dedicou à grande tarefa com
empenho. Publicou um manifesto, no qual declarava "todos os filhos
da Polônia livres e cidadãos iguais, sem distinção de credo, condições e classe
social." Declarou ainda que a terra cultivada pelos camponeses, fosse na base
de arrendamentos ou serviços, doravante se transformaria em suas
propriedades incondicionais. Aos senhores de terras, a título de compensação,
seriam distribuídos os fundos gerais do Estado.
O governo revolucionário fez o melhor possível para prover e abastecer os
desarmados, espalhando guerrilhas pelo território. Durante o mês de fevereiro,
foram oitenta encontros sangrentos com os russos. Enquanto isso, enviou um
apelo às nações do oeste europeu, recebido, em toda a parte, desde
a Noruega até Portugal, com sinceras e comovidas respostas. O Papa Pio
IX pediu uma prece especial para o sucesso das forças polonesas, tendo sido
muito ativo em provocar a simpatia para com o sofrimento dessa nação.
"Zuavos da Morte" (żuawi śmierci), uma unidade de revoltosos organizada por
François Rochebrune em 1863. Desenho (publicado em 1909) por K. Sariusz-
Wolski, a partir de uma fotografia. Da esquerda para a direira: Conde Wojciech
Komorowski, Coronel François Rochebrune, Tenente Bella.

O governo provisório contava com uma revolta revolucionária na Rússia, onde


o descontentamento com o regime autocrático parecia, na ocasião, ser muito
predominante. Também confiou em um ativo apoio de Napoleão III,
particularmente depois que a Prússia, prevendo um inevitável conflito armado
com a França, fez propostas amigáveis à Rússia e ofereceu sua assistência
para suprimir a revolta polonesa.
No dia 14 de fevereiro, os acordos já tinham sido completados, e o
Embaixador britânico em Berlim informou a seu governo que um enviado militar
prussiano "tinha concluído um acordo com o Governo russo, onde os dois
governos concordavam em fornecer facilidades entre si, a fim de suprimirem os
movimentos de revolta que estavam acontecendo na Polônia. As ferrovias
prussianas estariam também disponíveis às autoridades russas, para o
transporte das tropas através do território prussiano, de uma parte a outra
do Reino da Polônia."
Este gesto de Otto von Bismarck causou protestos por parte de vários
governos e motivou ainda mais a nação polonesa. O resultado foi a
transformação de uma insignificante revolta em uma outra guerra nacional
contra a Rússia. Encorajada pelas promessas feitas por Napoleão III, toda a
nação, influenciada pelos conselhos de Wladyslaw Czartoryski, filho
do Príncipe Adam, pegou em armas. Demonstrando sua solidariedade para
com a nação, todos os poloneses que mantinham cargos sob o Governo russo,
incluindo o Arcebispo de Varsóvia, renunciaram a suas posições e
apresentaram-se ao recém constituído Governo polonês, que era composto de
cinco dos seus mais proeminentes representantes.
Esta transformação da revolta em uma guerra mudou todo o aspecto da
situação. Um exército de 30 000 homens foi logo organizado, e novos
acréscimos foram feitos. As pessoas ricas das cidades e por todo o país
doaram grandes somas em dinheiro. A nobreza da Galícia e do Ducado de
Poznań sustentaram a guerra com dinheiro, suprimentos e homens.
A Lituânia surgiu sob o comando de Konstanty Kalinowski, e logo a chama da
guerra se espalhou pela Samogítia, Livônia, Bielorrússia, Volhynia, Podolia e
mesmo em alguns lugares da Ucrânia.

Batalha de Węgrów 1863

A intervenção diplomática das Forças a favor da Polônia mais atrapalhou do


que ajudou. Alienou a Áustria, que até então tinha mantido uma amigável
neutralidade com relação à Polônia e não tinha interferido nas atividades
polonesas na Galícia. Prejudicou a opinião pública entre os grupos radicais na
Rússia que, até aquele momento, tinha sido favorável, uma vez que os radicais
consideravam a revolta um levante social, não um movimento nacionalista. Isso
provocou no Governo russo uma reação mais enérgica, visando a apressar a
supressão das hostilidades, que estavam crescendo em tamanho e
determinação.
Além disso, milhares caíram nas batalhas, 128 homens foram enforcados
pessoalmente por Mikhail Muravyov ('Muravyov, o Carrasco') e 9 423 homens e
mulheres foram exilados na Sibéria (2 500 homens, segundo dados mais
baixos do Governo russo; Norman Davies dá o número de 8 000, sendo esta a
maior deportação da história da Rússia). Aldeias e cidades inteiras foram
destruídas e queimadas. Todas as atividades foram suspensas, e a szlachta,
arruinada pelo confisco e impostos exorbitantes.
Tal foi a brutalidade das tropas russas, que suas ações foram condenadas em
toda a Europa, até mesmo na própria Rússia. Muravyov foi condenado. O
Conde Berg, recém-indicado Governador-Geral da Polônia, seguiu os passos
de Muravyov, empregando medidas desumanamente severas contra o país. Os
membros do Partido vermelho criticaram o governo Conservador por sua
política reacionária em relação aos camponeses, mas se enganaram em suas
esperanças em Napoleão III.
O Governo contava com o apoio francês e persistiu neste ponto. Foi somente
após o altamente respeitado e sábio Romuald Traugutt tomar o caso em suas
mãos, que o aspecto da situação se tornou mais claro. Ele reverteu a política
do primeiro governo provisório e procurou trazer a massa de camponeses para
a participação ativa, garantindo a eles as terras em que trabalhavam, e
incentivando todas as classes a se avolumarem.
A resposta foi generosa, mas não total. A política inteligente foi adotada tarde
demais. O Governo russo já vinha trabalhando entre os camponeses, na
maneira acima descrita, dando a eles pedaços de terras através de simples
solicitações. O campesinato estava completamente satisfeito, optando por não
se envolver com os revolucionários.
A luta continuou intermitente por vários meses. Entre os generais, o
Conde Józef Hauke-Bosak foi o que mais se destacou como comandante das
forças revolucionárias e tomou várias cidades do infinitamente superior exército
russo. Quando Romuald Traugutt e quatro outros membros do Governo
polonês foram presos pelas tropas russas e executados na cidadela de
Varsóvia, a guerra no curso da qual foram lutadas seiscentas e cinquenta
batalhas e escaramuças, somando vinte e cinco mil poloneses mortos, chegou
a um rápido fim na última metade de 1864, tendo durado durante dezoito
meses.
É interessante notar que o conflito ainda persistiu em Zmudz e Podlasie, onde
a população Uniate, maltratada e perseguida por suas convicções religiosas,
levantou por muito tempo a bandeira revolucionária. A revolta foi finalmente
esmagada pela Rússia em 1864.

Uma capela em Vilnius em comemoração à Revolta de Janeiro de 1863.


Depois do fracasso, seguiram-se severas represálias. Segundo informações
oficiais russas, 396 pessoas foram executadas, e 18 672 foram exiladas
na Sibéria. Grande número de homens e mulheres foram mandados para o
interior da Rússia e para o Cáucaso, Urais e outras regiões. Ao todo, cerca de
70 000 pessoas foram aprisionadas e, posteriormente, enviadas para fora da
Polônia e colocadas nas remotas regiões da Rússia.
O governo confiscou 1 660 pessoas na Polônia e 1 794 na Lituânia. Um
imposto de renda de 10% foi exigido a todas as propriedades, como
indenização de guerra. Somente em 1869 esta taxa seria reduzida para 5% de
todas as receitas.
Além da garantia da terra aos camponeses, o Governo russo deu-lhes também
florestas, pastos e outros privilégios (conhecidos pelo nome de servitudes), que
provaram-se uma fonte de incessante irritação entre os proprietários de terras e
camponeses, além de sérias dificuldades para um desenvolvimento econômico
racional.
O governo confiscou todas as propriedades e fundos da igreja, fechou
monastérios e conventos. Com exceção das instruções religiosas, todos os
outros estudos nas escolas foram efetuados no idioma russo. O russo também
tornou-se a língua oficial do país, usado exclusivamente em todos cargos do
governo local e geral. Todos os vestígios da antiga autonomia polonesa foram
removidos, e o reinado foi dividido em dez províncias, cada uma com um
governador militar russo designado, todas elas sob o completo controle do
Governador-Geral de Varsóvia. Todos os antigos funcionários do governo
foram destituídos de suas posições.

Insurgentes famosos
 Stanisław Brzóska (1832-1865) foi um padre polonês e comandante até o
fim da revolta
 Władysław Niegolewski (1819-1885) foi um político liberal polonês e
membro do parlamento, um insurgente nas revoltas polonesas de 1846,
1848 e na de janeiro de 1863. Foi o co-fundador em (1861) da Sociedade
Central Econômica e em (1880) da Sociedade de Bibliotecas das Pessoas.
 São Raphael Kalinowski, nasceu Joseph Kalinowski na Lituânia, deixou de
ser capitão do exército russo para tornar-se Ministro da Guerra dos
insurgentes poloneses. Ele foi preso e sentenciado à morte por um pelotão
de fuzilamento, mas a sentença foi depois mudada para 10 anos na Sibéria,
incluindo uma extenuante jornada de nove meses até chegar lá.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Janeiro

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