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Peixe

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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Peixe (desambiguação).

Peixes

Ocorrência: Cambriano Médio–Recente

PreЄ

Pg

N
Peixes de várias espécies

Classificação científica

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Superclasse: Peixes
(sem classif.) Craniata

Grupos incluídos

 Agnatha
 †Placodermes
 Chondrichthyes
 Actinopterygii
 Sarcopterygii

Grupos excluídos

 Tetrápodes

Os peixes são animais vertebrados, aquáticos, tipicamente ectotérmicos, que


possuem o corpo fusiforme, os membros transformados em barbatanas ou
nadadeiras (ausentes em alguns grupos) sustentadas
por raios ósseos ou cartilaginosos, guelras ou brânquias com
que respiram o oxigénio dissolvido na água (embora
os dipnóicos usem pulmões) e, na sua maior parte, o corpo coberto
de escamas.[1][2]
Os peixes são recursos importantes, principalmente como alimento, mas
também são capturados por pescadores recreativos, mantidos como animais
de estimação, criados por aquaristas, e expostos em aquários públicos. Os
peixes tiveram um papel importante na cultura através dos tempos, servindo
como divindades, símbolos religiosos (ver ichthys), e como temas de arte, livros
e filmes.[3]
Uma vez que o "peixe" é definido negativamente, e exclui os tetrápodes (ou
seja, os anfíbios, répteis, aves e mamíferos) que são descendentes da mesma
origem, é um agrupamento parafilético, não considerado adequado na biologia
sistemática. A classe Pisces, de Lineu é considerada tipológica, mas
não filogenética.[3]
Os primeiros organismos que podem ser classificados como peixes
eram cordados de corpo mole que apareceram pela primeira vez durante o
período Cambriano.[4] Embora eles não tivessem uma verdadeira espinha
dorsal, possuíam notocórdio, que lhes permitiu serem mais ágeis do que
os invertebrados marinhos. Os peixes continuaram a evoluir durante
o Paleozoico, diversificando-se em uma grande variedade de formas. [3]

Classificação

Técnica de diafanização - espécime esclarecido para a visualização de estruturas anatômicas em


exposição no MAV/USP.

No uso comum, o termo peixe tem sido frequentemente utilizado para


descrever um vertebrado aquático com brânquias, membros, se presentes, na
forma de nadadeiras, e normalmente com escamas de origem dérmica
no tegumento. Sendo este conceito do termo "peixe" utilizado por conveniência,
[5]
 e não por unidade taxonômica, porque os peixes não compõem um
grupo monofilético, já que eles não possuem um ancestral comum exclusivo.
Para que se tornasse um grupo monofilético, os peixes deveriam juntar
os Tetrápodes.[6]
Os peixes são tradicionalmente divididos nos seguintes grupos:

 Peixes ósseos (Osteichthyes, com mais de 22 000 espécies) à qual


pertencem as sardinhas, as garoupas, o bacalhau, o atum e, em geral,
todos os peixes que possuem esqueleto ósseo;
 Peixes cartilaginosos (Chondrichthyes, mais de 1 000 espécies) à qual
pertencem os tubarões e as raias;
 Vários grupos de peixes sem maxilas (antigamente classificados
como Agnatha ou Cyclostomata, com cerca de 80 espécies), incluindo
as lampréias e as mixinas.[4]
Em vista desta diversidade, os zoólogos não mais aceitam a
antiga classe Pisces em que Lineu os agrupou, como se pode ver na
classificação dos Vertebrados. Abaixo apresentam-se detalhes da classificação
atualmente aceita.[4]

Importância dos peixes

Peixes de água salgada.

Por vezes, usa-se a palavra peixe para designar vários animais aquáticos (por
exemplo na palavra peixe-mulher para designar o dugongo). Mas a maior parte
dos organismos aquáticos muitas vezes designados por "peixe", incluindo
as medusas (águas-vivas), os moluscos e crustáceos e
mesmo mamíferos muito parecidos com os peixes como os golfinhos, não são
peixes.[7]
Os peixes encontram-se em praticamente todos os ecossistemas aquáticos,
tanto em água doce como em água salgada, desde a água da praia até às
grandes profundezas dos oceanos (ver biologia marinha). Mas há alguns lagos
hiper-salinos, como o Grande Lago Salgado, nos Estados
Unidos da América do Norte onde não vivem peixes.[8]
Os peixes têm uma grande importância para a humanidade e desde tempos
imemoriais foram pescados para a sua alimentação. Muitas espécies de peixes
são criadas em condições artificiais (ver aquacultura), não só para alimentação
humana, mas também para outros fins, como os aquários.[9]
Há algumas espécies perigosas para o homem, como os peixes-escorpião que
têm espinhos venenosos e algumas espécies de tubarão, que podem atacar
pessoas nas praias. Muitas espécies de peixes encontram-se ameaçadas
de extinção, quer por pesca excessiva, quer por deterioração dos
seus habitats.[10]
O ramo da zoologia que estuda os peixes do ponto de vista da sua
posição sistemática é a ictiologia. No entanto, os peixes são igualmente
estudados no âmbito da ecologia, da biologia pesqueira, da fisiologia e doutros
ramos da biologia.[10]

Ecologia dos peixes


Classificação ecológica

Arenque, Clupea harengus - esta espécie já foi considerada pelo Guinness Book of Records como a


mais numerosa entre os peixes; com a pesca excessiva, este peixe do norte do Oceano Atlântico já
não tem os níveis populacionais de outrora.

Uma forma de classificar os peixes é segundo o


seu comportamento relativamente à região das águas onde vivem; este
comportamento determina o papel de cada grupo no ambiente aquático:[10]

 pelágicos (do latim pelagos, que significa o "mar aberto") – os peixes que


vivem geralmente em cardumes, nadando livremente na coluna de água;
fazem parte deste grupo as sardinhas, as anchovas, os atuns e
muitos tubarões.[11]
 demersais – os que vivem a maior parte do tempo em associação com o
substrato, quer em fundos arenosos como os linguados, ou em fundos
rochosos, como as garoupas. Muitas espécies demersais têm hábitos
territoriais e defendem o seu território activamente – um exemplo são
as moreias, que se comportam como verdadeiras serpentes aquáticas,
atacando qualquer animal que se aproxime do seu esconderijo.[12]
 batipelágicos – os peixes que nadam livremente em águas de grandes
profundidades (zona batial).
 mesopelágicos – espécies que fazem grandes migrações verticais diárias,
aproximando-se da superfície à noite e vivendo em águas profundas
durante o dia. Exemplo deste grupo são os peixes-lanterna. [12]
Hábitos alimentares

Órgãos: 1. Fígado, 2. Bexiga de gás, 3. Ovas, 4. Cecos pilóricos, 5. Estômago, 6. intestino.

Os peixes pelágicos de pequenas dimensões como as sardinhas são


geralmente planctonófagos, ou seja, alimentam-se quase passivamente
do plâncton disperso na água,[13] que filtram à medida que "respiram", com a
ajuda de branquispinhas, que são excrescências ósseas dos arcos
branquiais (a estrutura que segura as brânquias ou guelras). [3]
Algumas espécies de maiores dimensões têm também este hábito alimentar,
incluindo algumas baleias (que não são peixes, mas mamíferos) e
alguns tubarões como os zorros (género Alopias).[13] Mas a maioria dos grandes
peixes pelágicos são predadores ativos, ou seja, procuram e capturam as suas
presas, que são também organismos pelágicos, não só peixes, mas
também cefalópodes (principalmente lulas), crustáceos ou outros.[14]
Os peixes demersais podem ser predadores, mas também podem
ser herbívoros, que se alimentam de plantas aquáticas, detritívoros, ou seja,
que se alimentam dos restos de animais e plantas que se encontram no
substrato, ou serem comensais de outros organismos, como a rémora que se
fixa a um atum ou tubarão através dum disco adesivo no topo da cabeça e se
alimenta dos restos de comida que caem da boca do seu hospedeiro
(normalmente um grande predador), ou mesmo parasitas de outros
organismos.[13]
Alguns peixes abissais e também alguns neríticos, como
os diabos (família Lophiidae) apresentam excrescências, geralmente na
cabeça,[15] que servem para atrair as suas presas; essas espécies costumam ter
uma boca de grandes dimensões, que lhes permitem comer animais maiores
que eles próprios. Numa destas espécies, o macho é parasita da fêmea,
fixando-se pela boca a um tentáculo da sua cabeça.[16]
Hábitos de reprodução

Ovário de peixe (Corumbatá). Em exposição no MAV/USP.

A maioria dos peixes é dióica, ovípara, fertiliza os óvulos externamente e não


desenvolve cuidados parentais. Nas espécies que vivem em cardumes, as
fêmeas desovam nas próprias águas onde os cardumes vivem e,[17] ao mesmo
tempo, os machos libertam o esperma na água, promovendo a fertilização. Em
alguns peixes pelágicos, os ovos flutuam livremente na água – e podem ser
comidos por outros organismos, quer planctónicos, quer nectónicos; por essa
razão, nessas espécies é normal cada fêmea libertar um enorme número de
óvulos.[17] Noutras espécies, os ovos afundam e o seu desenvolvimento realiza-
se junto ao fundo – nestes casos, os óvulos podem não ser tão numerosos,
uma vez que são menos vulneráveis aos predadores.[3]
No entanto, existem excepções a todas estas características e neste artigo
referem-se apenas algumas. Abaixo, na secção Migrações encontram-se os
casos de espécies que se reproduzem na água doce, mas crescem na água
salgada e vice-versa.[17]
Em termos de separação dos sexos, existem também (ex.: família Sparidae,
os pargos) casos de hermafroditismo e casos de mudança de sexo - peixes
que são fêmeas durante as primeiras fases de maturação sexual e depois se
transformam em machos (protoginia) e o inverso (protandria).[18]
Os cuidados parentais, quando existem, apresentam casos curiosos.
Nos cavalos-marinhos (género Hypocampus), por exemplo, o macho recolhe os
ovos fecundados e incuba-os numa bolsa marsupial. Muitos ciclídeos (de que
faz parte a tilápia) e algumas espécies de aquário endémicas do Lago
Niassa (também conhecido por Lago Malawi, na fronteira entre Moçambique e
o Malawi) guardam os filhotes na boca, quer do macho, quer da fêmea, ou
alternadamente, para os protegerem dos predadores. [17]
Refere-se acima que a maioria dos peixes é ovípara, mas existem também
espécies vivíparas e ovovivíparas, ou seja, em que o embrião se desenvolve
dentro do útero materno. Nestes casos, pode haver fertilização interna -
embora os machos não tenham um verdadeiro pênis, mas possuem uma
estrutura para introduzir o esperma dentro da fêmea. Muitos destes casos
encontram-se nos peixes cartilagíneos (tubarões e raias), mas também em
muitos peixes de água doce e mesmo de aquário.
A idade e o tamanho a partir dos quais os peixes começam a se reproduzir
variam segundo as espécies e dentro de cada espécie, conforme as condições
em que vivem. Nos locais frios (Europa), a Carpa-comum não começa a
reproduzir-se senão aos três anos. Em locais quentes obtém-se
a reprodução com apenas um ano. Certas espécies só põem ovos uma vez por
ano, e caso a temperatura esteja muito baixa, algumas espécies não desovam,
absorvem os ovos como alimento.[19]
Hábitos de repouso
Os peixes não dormem. Eles apenas alternam estados de vigília e repouso. O
período de repouso consiste num aparente estado de imobilidade, em que os
peixes mantêm o equilíbrio por meio de movimentos bem lentos.
Como não têm pálpebras, seus olhos ficam sempre abertos. Algumas espécies
se deitam no fundo do mar ou no rio, enquanto os menores se escondem em
buracos para não serem comidos enquanto descansam. [3]
Migrações
Muitas espécies de peixes (principalmente os pelágicos)
realizam migrações regularmente, desde migrações diárias (normalmente
verticais, entre a superfície e águas mais profundas), [20] até anuais, percorrendo
distâncias que podem variar de apenas alguns metros até várias centenas de
quilómetros e mesmo plurianuais, como as migrações das enguias.[21]

Tubarão-serra

Na maior parte das vezes, estas migrações estão relacionadas ou com a


reprodução ou com a alimentação (procura de locais com mais alimento).
[22]
 Algumas espécies de atuns migram anualmente entre o norte e o sul
do oceano, seguindo massas de água com a temperatura ideal para eles.[23]
Os peixes migratórios classificam-se da seguinte forma: [24][25]

 diádromos – peixes que migram entre os rios e o mar;[25]


 anádromos – peixes que vivem geralmente no mar, mas se reproduzem
em água doce;[25]
 catádromos – peixes que vivem nos rios, mas se reproduzem no mar; [25]
 anfídromos – peixes que mudam o seu habitat de água doce para salgada
durante a vida, mas não para se reproduzirem (normalmente por
relações fisiológicas, ligadas à sua ontogenia);[25]
 potamódromos – peixes que realizam as suas migrações sempre em água
doce, dentro dum rio ou dum rio para um lago; e
 oceanódromos – peixes que realizam as suas migrações sempre em águas
marinhas, como os atuns.[25]
Os peixes anádromos mais estudados são os salmões (ordem Salmoniformes),
que desovam nas partes altas dos rios, se desenvolvem no curso do rio e, a
certa altura migram para o oceano onde se desenvolvem e depois voltam ao
mesmo rio onde nasceram para se reproduzirem. [26] Muitas espécies de salmões
têm um grande valor económico e cultural, de forma que muitos rios onde estes
peixes se desenvolvem têm barragens com passagens para peixes (chamadas
em inglês "fish ladders" ou "escadas para peixes"), que lhes permitem passar
para montante da barragem.[27]
O exemplo mais bem estudado de catadromia é o caso da enguia europeia que
migra cerca de 6 000 km até ao Mar dos Sargaços (na parte central e ocidental
do Oceano Atlântico) para desovar, sofrendo grandes metamorfoses durante a
viagem; as larvas, por seu lado, migram no sentido inverso, para se
desenvolverem nos rios da Europa.[28]
Camuflagem e outras formas de proteção
Alguns peixes se camuflam para fugirem de certos predadores, outros para
melhor apanharem as suas presas.[29] Algumas espécies de arraia, por outro
lado, se escondem na areia e podem mudar o tom da pele, para suas presas
não notarem sua presença no ambiente.[30]
Anatomia dos peixes

A - Nadadeira dorsal; B - Raios da nadadeira; C - Linha Lateral; D - Rim; E - Bexiga; F - Aparelho de


Weber; G - Ouvido interno; H - Cérebro; I - Narinas; L - Olhos; M - Guelra N - Coração; O
- Estômago; P - Vesícula Biliar; Q - Baço; R - Órgãos sexuais internos; S - Nadadeira ventral; T
- Coluna; U - Nadadeira anal; V - Nadadeira caudal.

Anatomia interna
 Esqueleto
 Coração
 Aparelho digestivo
Bexiga natatória
A bexiga natatória é um órgão que auxilia o peixe a manter-se a determinada
profundidade através do controle da sua densidade relativamente à da água. É
um saco de paredes flexíveis, derivado do intestino que pode expandir-se ou
contrair de acordo com a pressão; tem muito poucos vasos sanguíneos, mas
as paredes estão forradas com cristais de guanina, que a fazem impermeáveis
aos gases.[31]
A bexiga natatória possui uma glândula que permite a introdução de gases,
principalmente oxigénio, na bexiga, para aumentar o seu volume. [32] Noutra
região da bexiga, esta encontra-se em contacto com o sangue através doutra
estrutura conhecida por "janela oval", através da qual o oxigénio pode voltar
para a corrente sanguínea, baixando assim a pressão dentro da bexiga
natatória e diminuindo o seu tamanho.[31]
Modelo didático do coração de peixe.

Nem todos os peixes possuem este órgão: os tubarões controlam a sua


posição na água apenas com a locomoção e com o controle de densidade de
seus corpos, através da quantidade de óleo em seu fígado; outros peixes têm
reservas de tecido adiposo para essa finalidade.[31]
A presença de bexiga natatória traz uma desvantagem para o seu portador: ela
proíbe a subida rápida do animal dentro da coluna de água, sob o risco daquele
órgão rebentar.[32]
A denominação bexiga natatória foi substituída por vesícula gasosa.[32]

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