Você está na página 1de 22

Leonel Brizola

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa

Leonel Brizola

Leonel Brizola

53º e 55º Governador do Rio de Janeiro

Período 15 de março de 1991


até 2 de abril de 1994

Vice-governador Nilo Batista

Antecessor Moreira Franco

Sucessor Nilo Batista

Período 15 de março de 1983


até 15 de março de 1987

Vice-governador Darcy Ribeiro

Antecessor Chagas Freitas

Sucessor Moreira Franco

23º Governador do Rio Grande do Sul


Período 25 de março de 1959
até 25 de março de 1963

Antecessor Ildo Meneghetti

Sucessor Ildo Meneghetti

26º Prefeito de Porto Alegre

Período 1º de janeiro de 1956


até 29 de dezembro de 1958

Vice-prefeito Tristão Sucupira Vianna

Antecessor Martim Aranha

Sucessor Tristão Sucupira Vianna

Deputado Federal pela Guanabara

Período 2 de fevereiro de 1963


até 9 de abril de 1964

Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul

Período 2 de fevereiro de 1955


até 1º de janeiro de 1956

Deputado Estadual do Rio Grande do Sul

Período 10 de março de 1947


até 31 de janeiro de 1955

Dados pessoais

Nome completo Leonel de Moura Brizola

Nascimento 22 de janeiro de 1922


Carazinho, Rio Grande do Sul, Brasil

Morte 21 de junho de 2004 (82 anos)


Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Nacionalidade brasileiro

Alma mater Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Esposa Neusa Goulart Brizola (1950–1993)
Marília Guilhermina Martins Pinheiro (1993–2004)

Partido PTB (1945–1965)


PDT (1980–2004)

Profissão Engenheiro civil e político

Assinatura

Leonel de Moura Brizola (nascido Leonel Itagiba de Moura


Brizola; Carazinho, 22 de janeiro de 1922 — Rio de Janeiro, 21 de junho de
2004) foi um engenheiro civil e político brasileiro. Considerado um líder
da esquerda e um político nacionalista, foi governador do Rio de Janeiro e
do Rio Grande do Sul, sendo o único político eleito pelo povo para governar
dois estados diferentes em toda a história do Brasil.
Brizola nasceu no Noroeste gaúcho. Viveu seus primeiros anos no interior do
estado, mudando-se para Porto Alegre em 1936. Lá, deu prosseguimento aos
seus estudos e trabalhou como engraxate, graxeiro, ascensorista e servidor
público. Ingressou no curso de engenharia civil na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul em 1945, graduando-se em 1949. Enquanto ainda estudava na
UFRGS, ingressou na política, ficando responsável por organizar a ala jovem
do Partido Trabalhista Brasileiro. Em um evento político, conheceu Neusa
Goulart, irmã do também político João Goulart, com a qual se casou em 1950 e
teve três filhos.
Em 1947, Brizola foi eleito deputado estadual pelo PTB. Tornou-se um político
em ascensão no estado: em 1954, foi eleito deputado federal, com uma
votação recorde; dois anos depois, elegeu-se prefeito de Porto Alegre; e, em
1958, governador do Rio Grande do Sul. Como governador, tornou-se
proeminente por suas políticas sociais e por promover a Campanha da
Legalidade, em defesa da democracia e da posse de Goulart como presidente.
Em 1962, transferiu seu domicílio eleitoral para a Guanabara, estado pelo qual
elegeu-se deputado federal. Durante o governo de Goulart, este e Brizola
mantiveram uma relação tumultuada, mas uniram-se novamente antes
do golpe militar de 1964. Depois que suas propostas de resistência não foram
bem-sucedidas, Brizola exilou-se no Uruguai.
Voltou ao Brasil em 1979, depois de um exílio de quinze anos no Uruguai,
nos Estados Unidos e em Portugal. No mesmo ano, fundou e presidiu o Partido
Democrático Trabalhista, um partido social-democrata e populista. Em 1982, foi
eleito governador do Rio de Janeiro, iniciando um programa de construção
dos Centros Integrados de Educação Pública. Na eleição presidencial de 1989,
por pouco não foi para o segundo turno. Um ano depois, voltou a governar o
Rio de Janeiro, sendo eleito no primeiro turno. A partir daí, não logrou êxito em
nenhuma das quatro eleições que disputou, de vice-presidente de Luis Inácio
Lula da Silva em 1998 a senador pelo Rio de Janeiro em 2002. Faleceu, em
2004, vítima de um infarto agudo do miocárdio.
Índice

 1Primeiros anos, família e educação


 2Início da carreira política
 3Governador do Rio Grande do Sul
 4Deputado federal pela Guanabara
 5Exílio
 6Retorno e fundação do PDT
 7Primeiro mandato como governador do Rio de Janeiro
 8Campanha presidencial de 1989
 9Segundo mandato como governador do Rio de Janeiro e declínio
 10Morte
 11Personalidade, imagem pública e legado
 12Notas
 13Referências
 14Bibliografia
 15Ligações externas

Primeiros anos, família e educação

Brizola com quatorze ou quinze anos de idade

Leonel de Moura Brizola[nota 1] nasceu em 22 de janeiro de 1922 em Cruzinha,


uma localidade de Passo Fundo (atualmente Carazinho), no Noroeste do Rio
Grande do Sul. Era filho de José Oliveira dos Santos Brizola, cujos pais
mudaram-se de São Paulo para o Rio Grande do Sul, e de Onívia de Moura,
filha dos primeiros povoadores do município gaúcho de Nonoai. Brizola era o
caçula do casal, que também tiveram outros quatro filhos: Irani, Francisca,
Paraguassú e Frutuoso.[1] Seu pai, José Oliveira, era um pequeno fazendeiro
que foi assassinado por soldados leais a Borges de Medeiros durante
a Revolução de 1923.[5] A morte de José fez com que Onívia enfrentasse
dificuldades para criar seus filhos, agravadas quando perdeu suas terras em
um litígio judicial. A família então foi morar em São Bento, uma região mais
próspera de Carazinho, onde Onívia, que trabalhou na lavoura, criando vacas e
costurando, conseguiu reconstruir sua vida.[3] Onívia casou-se novamente, com
o agricultor viúvo José "Janguinho" Gregório Estery, tendo com ele mais dois
filhos: Sadi e Jesus.[4][6]
Brizola foi alfabetizado por sua mãe antes de ingressar no ensino
primário.[3][6] Estudou, por pouco tempo, como bolsista em uma escola de Não-
Me-Toque.[4] Quando tinha dez anos de idade, foi morar sozinho em um sótão
de um hotel em Carazinho, onde lavava pratos para ganhar comida e
carregava malas até uma estação férrea. [7] Ajudado pela família de um pastor
metodista, recebeu uma bolsa de estudos que lhe permitiu concluir o primário
no Colégio da Igreja Metodista.[6][7][8] Em 1936, aos doze anos de idade, Brizola
mudou-se para Porto Alegre, onde trabalhou em diversas funções, como
engraxate e ascensorista, e concluiu um curso de técnico rural no Ginásio
Agrícola Senador Pinheiro Machado em 1939. [9][10][6]

Brizola ao lado da esposa, Neusa Goulart, e dos filhos Neusinha, José Vicente e João Otávio

Após receber o diploma de técnico rural, Brizola não foi logo trabalhar nesta
área, tornando-se em vez disso graxeiro da Refinaria Brasileira de Óleos e
Graxas, em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre; anos depois,
soube que a refinaria era propriedade de Ildo Meneghetti, um de seus maiores
opositores políticos.[10][6] Foi aprovado em um concurso do Ministério da
Agricultura, indo trabalhar como técnico do ministério em Passo Fundo, ficando
assim mais próximo de sua família.[10] Brizola permaneceu apenas por meio ano
em Passo Fundo, onde, apesar de receber um bom salário, contraiu dívidas
com várias pessoas.[10] Depois de resolver suas pendências financeiras,
retornou para a capital, residindo em uma pensão e trabalhando como
jardineiro do Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura. [11][6][12]
Em 1942, Brizola concluiu o ensino fundamental como bolsista no Colégio
Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, licenciou-se de seu trabalho na
prefeitura e alistou-se no 3.º Batalhão de Aviação do Exército (atualmente
a Base Aérea de Canoas). Com o fim de seu serviço militar, voltou a trabalhar
como jardineiro, concluindo o curso científico (equivalente ao ensino médio)
no Colégio Júlio de Castilhos e um curso de piloto privado.[11] No Júlio de
Castilhos, foi um dos fundadores do Grêmio Estudantil, sendo seu vice-
presidente.[13] Em 1945, foi aprovado no vestibular da Escola de
Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, graduando-se
como engenheiro civil em 1949.[11][13]
Em 1º de março de 1950, Brizola casou-se com Neusa Goulart, irmã do
deputado estadual e futuro presidente da República João Goulart (Brizola e
Goulart eram ambos deputados estaduais). O casamento foi realizado na
Fazenda de Iguariaçá, em São Borja, tendo o ex-presidente da
República Getúlio Vargas como um dos padrinhos.[14] O casal havia se
conhecido nas reuniões da Ala Moça do PTB.[15] Tiveram três filhos
juntos: Neusinha, José Vicente e João Otávio.[16] Após a morte de Neusa em
1993, manteve uma relação com Marília Guilhermina Martins Pinheiro. [17][18]

Início da carreira política


O prefeito Brizola sendo recebido pelo presidente Juscelino Kubitschek, em 1958

Enquanto ainda estava na universidade, Brizola começou a militar no


movimento político, filiando-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em 1945.
No PTB, foi-lhe incumbido a tarefa de organizar a ala jovem do partido,
conhecida como Ala Moça.[19][20] Na eleição estadual de janeiro de 1947, com a
ajuda de seu partido, de colegas da universidade e de integrantes da ala jovem
trabalhista, foi eleito deputado estadual com 3.839 votos, a 28ª maior votação
daquela eleição.[19][21] Na época, Brizola morava em uma pensão localizada
no centro de Porto Alegre, na qual dividia o quarto com Sereno Chaise, futuro
deputado estadual e prefeito de Porto Alegre. [22][23] Na Assembleia Legislativa do
Rio Grande do Sul, defendeu pautas do movimento estudantil, como o aumento
de vagas nas instituições de ensino, e participou da Assembleia Constituinte,
iniciada em março de 1947, na qual apoiou uma emenda de Alberto
Pasqualini que classificou o direito de propriedade como "inerente à natureza
do homem, dependendo seus limites e seu uso de conveniência social." [24][25]
Na eleição estadual de outubro de 1950, Brizola foi reeleito deputado estadual
com 16.691 votos, tornando-se na nova legislatura o líder dos trabalhistas na
Assembleia Legislativa.[15][26] No ano seguinte, foi facilmente indicado para ser o
candidato do PTB à Prefeitura de Porto Alegre, com Manoel Vargas sendo o
candidato a vice-prefeito pelo partido. Seu principal concorrente foi Ildo
Meneghetti, vereador e ex-prefeito nomeado da capital, popular, em parte, por
ter presidido o Sport Club Internacional.[27] Embora favorito, Brizola foi derrotado
por Meneghetti, em uma votação de 41.939 a 40.877 votos; como na época as
eleições eram separadas, Vargas conseguiu ser eleito vice-prefeito.[27] Sua
derrota foi creditada pela dissidência organizada por José Vecchio, um dos
dirigentes do PTB gaúcho.[15]
Em 1952, Brizola aceitou o convite do governador Ernesto Dornelles e assumiu
a Secretaria de Obras Públicas.[28] Nesta função, desenvolveu o Primeiro Plano
de Obras do estado, realizando obras de infraestrutura, majoritariamente nas
áreas de saneamento básico e rodovias.[28] Em 1954, deixou a secretaria para
postular uma vaga na Câmara dos Deputados na eleição de outubro daquele
ano.[28] Brizola acabou sendo eleito deputado federal com um recorde nacional
de 103 003 votos, mais do que o dobro da votação obtida pelo segundo
colocado.[29][30][31] Como deputado federal, foi um ferrenho opositor de Carlos
Lacerda, da União Democrática Nacional.[6][32] Quando Lacerda fez seu
juramento de posse como deputado, Brizola pegou o microfone e retrucou-lhe:
"Pela ordem, senhor presidente. Este é um juramento falso! Ele está jurando
aqui dentro a democracia e está pregando o golpe lá fora." A declaração
provocou uma confusão, com reações contrárias e favoráveis; Lacerda apenas
respondeu "O que é isso? O que é isso?." Este episódio rendeu a Brizola, pela
primeira vez, espaço nos grandes jornais do país.[33]
Brizola fundou e dirigiu, no decorrer do ano de 1955, o jornal em formato de
tabloide Clarim, que chegou a atingir uma tiragem de 35 mil
exemplares.[28] Brizola usou a publicação para promover sua segunda
candidatura à prefeitura de Porto Alegre, indicando e criticando os problemas
da cidade.[28] Com o slogan "Nenhuma Criança Sem Escola" e um caráter
desenvolvimentista, Brizola acabou sendo eleito, com 65 077 votos (55,14%),
contra 37 158 votos (31,49%) recebidos por Euclides Triches.[28] Embora seu
partido tenha conquistado a maior bancada na Câmara de Vereadores, não
conseguiu uma maioria na casa, ficando com 8 das 21 vagas. [28][34] Em janeiro de
1956, foi empossado prefeito de Porto Alegre. Entre suas realizações no cargo,
destacam-se o aumento do número de vagas disponíveis na rede municipal de
ensino, incluindo o ensino em dois turnos, as obras de saneamento básico e a
urbanização de grande parte dos trechos próximos ao Rio Guaíba.[34][35][36]

Governador do Rio Grande do Sul


Ver artigo principal: Governo Brizola no Rio
Grande do Sul Entre outras coisas
cumpre dizer que
Na convenção do PTB realizada em outubro de o trabalhismo é
nacionalista,
1957, Brizola foi indicado, por larga margem, para o comunismo é
ser o candidato do partido ao governo do Rio internacional; o
Grande do Sul na eleição de 1958.[35] Além do PTB, comunismo é
materialista, o
a coligação de Brizola foi formada pelo Partido de trabalhismo se inspira na
Representação Popular e o Partido Social doutrina social cristã; o
Progressista.[37] O Partido Comunista comunismo é a abolição
da propriedade, o
Brasileiro também endossou sua candidatura, mas trabalhismo defende a
Brizola rejeitou tal apoio por medo de perder os propriedade dentro de um
votos dos católicos da Serra, chegando a divulgar fim social; o comunismo
escraviza o homem ao
um manifesto de repúdio que recebeu elogios Estado e prescreve o
de Dom Vicente Scherer.[37] Embora houve regime de garantia do
acusações de que o PRP mantinha ligações com trabalho, o trabalhismo é
a dignificação do
movimentos extremistas da Alemanha nazista, trabalho e não tolera a
Brizola firmou a coligação com o partido pois exploração do homem
desejava ganhar os votos dos perrepistas em pelo Estado nem do
homem pelo homem [...]
cidades do interior e em colônias alemãs e
italianas, locais onde o PRP possuía uma
— Trecho do manifesto de Brizola em que
significativa base de apoio.[38] A campanha repudiou o apoio dos comunistas em sua
trabalhista apresentou um programa de governo campanha do governo do Rio Grande do Sul
em que defendia priorizar as escolas, habitação, em 1958. [37]

energia elétrica e preços justos aos


produtores.[37] Em outubro, derrotou Walter
Peracchi Barcelos, coronel da Brigada Militar, com 670 003 votos contra
500 944.[38] Sua vitória foi possível graças ao bom desempenho nas grandes
cidades; na capital, conseguiu 65% dos votos, 63% em Pelotas e 75%
em Canoas.[38] Na Assembleia Legislativa, o PTB elegeu 24 dos 55
integrantes.[38] A disputa pelo Senado Federal foi vencida por Guido Mondin, do
PRP, apoiado por Brizola.[38]
Brizola tomando posse como governador do Rio Grande do Sul, em 1959

Em 31 de janeiro de 1959, Brizola foi empossado governador.[38] Com a


justificativa de levar agilidade à administração, criou seis secretarias:
Administração, Trabalho e Habitação, Economia, Transportes, Energia e
Comunicações e Saúde.[39] Ao longo de seu mandato, apresentou, nas sextas-
feiras à noite (motivo que lhe fez ganhar o apelido de "Lobisomem"), um
programa pago na Rádio Farroupilha, em que prestava contas ao eleitorado.[38]
Em 1961, Brizola ganhou atenção nacional ao criar a Campanha da
Legalidade, em defesa da democracia e do direito de seu cunhado, o vice-
presidente João Goulart, ser empossado presidente da República.
Quando Jânio Quadros renunciou à presidência em agosto de 1961, os
militares tentaram impedir que Goulart o sucedesse em virtude de seus
supostos laços com os comunistas.[40][41] Depois de ganhar o apoio do
general Machado Lopes, do exército local, Brizola criou a cadeia da legalidade
de um grupo de estações de rádio no Rio Grande do Sul, a qual usou para
emitir, a partir do Palácio Piratini, uma chamada nacional denunciando as
intenções por trás das ações dos militares e incentivando a população a
protestar nas ruas.[40][42] Brizola entregou a Brigada Militar ao comando do
exército regional, organizou comitês paramilitares de resistência democrática,
chegando a distribuir armas de fogo a civis, e transformou a sede do governo
em uma trincheira.[43][44][45] Em resposta, os ministros militares ordenaram o
bombardeio do Piratini, mas sargentos e suboficiais da Base Aérea de Canoas
não cumpriram as ordens dadas pelos seus superiores.[46][47] Brizola se opôs à
mudança para o regime parlamentarista, usada pelos militares como condição
para que Goulart assumisse. Após doze dias de uma guerra civil iminente,
Goulart aceitou a proposta dos militares e foi empossado presidente. [48][49]
Brizola segurando uma metralhadora durante a Campanha da Legalidade

Entre as políticas governamentais empreendidas como governador, Brizola


desenvolveu um plano para industrializar rapidamente o estado e um programa
para a construção de serviços públicos estatais, nacionalizando algumas
empresas norte-americanas.[50][51][39] Brizola garantia que a política de
investimentos de seu governo teria capital nacional e que interferências
estrangeiras na economia gaúcha não seriam aceitas. [39] A Companhia de
Energia Elétrica Riograndense, da Bond and Share e dona do monopólio da
energia elétrica na Região Metropolitana, foi encampada em maio de
1959.[52][53] A CEE passou a ser uma sociedade de economia mista, passando a
ter um papel significativo na geração e distribuição de energia. [54] Em fevereiro
de 1962, depois que as negociações para que a Companhia Telefônica
Riograndense, de propriedade da International Telephone and Telegraph, fosse
transferida para o poder público acabaram fracassando, Brizola também
encampou-a e a tornou parte da Companhia Riograndense de
Telecomunicações.[54] As nacionalizações de Brizola tornaram-se manchete na
imprensa norte-americana quando o governo de John F. Kennedy estava
tentando combater a "infiltração comunista" no Brasil ao chegar a um acordo
com Goulart, que incluiu ajuda financeira ao governo federal
brasileiro.[55][56] Neste contexto, as ações de Brizola tornaram-se um embaraço
diplomático, levando o presidente norte-americano a criticar o governador em
uma coletiva de imprensa e transformando o governo Brizola em um alvo da
Emenda Hickenlooper, uma mal sucedida iniciativa para interromper a ajuda a
qualquer país que expropriasse propriedades norte-americanas.[57][58][59][60]
A alfabetização e o aumento no número de vagas nas instituições de ensino
foram outras prioridades do governo Brizola. [61] Em 1959, o deficit de vagas foi
estimado em 273 mil.[61][62] O governo estabeleceu mais de duzentos acordos
com escolas privadas para que, em troca de receberem professores do estado
e verbas públicas, disponibilizassem vagas gratuitas. [61][63] Para a construção de
instituições de ensino, o governo realizou um acordo com os municípios e a
iniciativa privada.[64] Ao término de seu mandato, haviam sido construídos 6 302
estabelecimentos de ensino, dos quais 5 902 eram escolas primárias, 278 eram
escolas técnicas e 122 eram ginásios. [65] As escolas, que ficaram conhecidas
como "Brizoletas", possuíam uma arquitetura simples, sendo parecidas com
residências.[66][67] Estes investimentos resultaram na abertura de 689 mil
matrículas e 42 mil vagas para docentes, com o Rio Grande do Sul passando a
ter a mais alta taxa de escolarização do Brasil. [65][68]
Para empreender uma reforma agrária, Brizola estabeleceu o Instituto Gaúcho
de Reforma Agrária.[65] Na época, 1,83% dos proprietários eram donos de
47,97% das terras, enquanto 85% ficavam com 24% das terras. [65] O instituto,
além de prestar assistência técnica, garantiu verbas para que os produtores
comprassem máquinas, animais e sementes. [69] Brizola ajudou a organizar
acampamentos do Movimento dos Agricultores Sem Terra, conhecidos como
Master.[69] Em Sarandi, cerca de dez mil pessoas participaram de um
acampamento para reivindicar a divisão de vinte mil hectares de terras, que
não mantinham produção, pertencentes a uma multinacional. [70] Em junho de
1962, decretou a concessão dos títulos de propriedade de terras da região do
Banhado do Colégio, beneficiando em torno de seiscentas famílias. [70] Brizola
continuou e intensificou a reforma agrária em terras indígenas, argumentando
que eles detinham muita terra para poucos índios. [71] Brizola e sua esposa,
Neusa, também doaram 1 038 hectares da Fazenda Pangaré, de propriedade
do casal, para um grupo de trinta agricultores, dando início a uma
cooperativa.[72][73]

Deputado federal pela Guanabara

Brizola abraçando seu cunhado, o presidente da República João Goulart, na década de 1960

Por meio de suas políticas internas e externas, Brizola tornou-se uma figura
importante na política brasileira, eventualmente desenvolvendo ambições
presidenciais que não poderia cumprir devido às leis da época; a legislação
brasileira não permitia que parentes próximos do presidente em exercício
concorressem na eleição seguinte.[74][75] Entre 1961 e 1964, atuou na ala radical
da esquerda independente, onde pressionou por uma agenda de reformas
sociais e políticas radicais e por uma mudança na legislação eleitoral que
permitisse sua candidatura na eleição presidencial de 1965. Brizola foi visto
como autoritário e briguento, capaz de lidar com seus inimigos usando a
agressão física; por exemplo, agrediu o jornalista de direita David Nasser no
aeroporto do Rio de Janeiro.[76][77][78] Brizola atuou como um aventureiro no jogo
político em torno do governo Goulart, sendo temido e odiado pelos políticos
moderados da esquerda e da direita. Este papel foi especialmente visível
quando mudou o seu domicílio eleitoral para um centro político nacional. Se
optasse por se candidatar ao Legislativo pelo Rio Grande do Sul, teria que
renunciar ao governo estadual seis meses antes da eleição. Optou, então, por
aceitar o convite feito pelo PTB carioca de se candidatar a deputado federal,
ganhando a eleição com uma vitória esmagadora (269 384 votos, ou um quarto
do eleitorado do estado de Guanabara, a atual cidade do Rio de Janeiro).[74][79]
Em janeiro de 1963, um plebiscito redefiniu o sistema de governo como
presidencialista, um resultado que foi visto por Brizola como um "voto de
confiança" dado pelo povo para que Goulart prosseguisse com as reformas de
base.[76][80] Ao mesmo tempo, em uma movimento para competir com o
presidente pela liderança política, Brizola iniciou um programa semanal na
rádio carioca Mayrink Veiga, que costumava usar para transmitir para todo o
país, e planejava constituir uma rede de células políticas composta por
pequenos grupos de homens armados, os Grupos dos Onze.[81][82] Os grupos
deveriam atuar como organizações de base que "defenderiam e difundiriam" os
principais pontos de uma agenda reformista que teria que ser alcançada "na lei
ou na marra".[83] De acordo com jornalista da época Edmar Morel, para fazer
com que todo o espectro político temesse suas pretensões, "Brizola estava
disposto a pagar qualquer preço para ser o dono da bola". [84] O ministro dos
Negócios Estrangeiros de Goulart e líder da esquerda moderada, San Tiago
Dantas, rotulou Brizola como um exemplo de uma "esquerda negativa" que, na
sua intransigente e ideológica defesa da reforma social, abandonou qualquer
compromisso com instituições democráticas.[85] Apesar de seu suposto
radicalismo, Brizola não era um ideólogo ou doutrinário. [86] Geralmente,
representava um extremo nacionalismo de esquerda, apoiando a reforma
agrária, a extensão do direito ao voto para analfabetos e suboficiais, e
controles rigorosos sobre investimentos estrangeiros que fizeram com que o
embaixador Lincoln Gordon não gostasse de Brizola e comparasse suas
técnicas de propaganda com as de Joseph Goebbels, um rumor também
compartilhado pela maioria da mídia norte-americana.[87][86]

Brizola discursando em Convenção do PTB

No final de 1963, após o fracasso de um plano de ajuste econômico, o Plano


Trienal, elaborado pelo ministro do Planejamento Celso Furtado, Brizola se
envolveu em uma busca pelo poder, derrubando o ministro das
Finanças, Carvalho Pinto, economicamente conservador, para tentar ele
próprio se tornar ministro. Brizola queria promover sua agenda radical, dizendo:
"se queremos fazer uma revolução, devemos ter a chave para o cofre." [88] A
candidatura de Brizola para o Ministério da Economia fracassou; o cargo foi
dado para o economista Ney Neves Galvão, ajudando a radicalizar a vida
política contemporânea brasileira.[89][90] Em outubro de 1963, Brizola e Goulart
romperam suas relações políticas e pessoais; Brizola ficou convencido de que
Goulart pretendia organizar um golpe apoiado por comandantes militares leais,
parar o processo contínuo de radicalização política e que o único meio de
antecipar o movimento de Goulart era um movimento popular
revolucionário.[91][92] Enquanto Brizola acreditava que Goulart deveria governar
apenas com partidos de esquerda, o presidente insistia em uma estratégia
mais conciliadora, na qual comporia uma aliança com o Partido Social
Democrático. No início de 1964, ambos se reaproximaram quando Goulart
decidiu manter um governo de esquerda apoiado pela Frente de Mobilização
Popular, pelo Partido Comunista Brasileiro e pelo Partido Geral dos
Trabalhadores.[92] No Comício da Central do Brasil, em 13 de março de 1964,
Brizola defendeu o fechamento do Congresso Nacional e sua substituição por
uma assembleia nacional constituinte, que deveria ser integrada por
"camponeses, operários, muitos sargentos e oficiais nacionalistas." [93][94]
Para muitos autores, o radicalismo intransigente de Brizola impediu que o
governo de seu cunhado tivesse a capacidade de se "comprometer e conciliar",
adotando uma agenda reformista viável. [95] Segundo o estudioso norte-
americano Alfred Stepan, a "retórica do rancor" de Brizola deu a Goulart alguns
apoiadores, mas também muitos inimigos poderosos e estrategicamente
localizados—certa vez, discursando em uma praça pública, Brizola chamou um
general de "gorila."[96][97] Alguns afirmaram que este comportamento era
motivado pelo egoísmo; de acordo com R.S. Rose, "Leonel Brizola estava
preocupado apenas com Leonel Brizola." [98] Outros autores dizem que Brizola
defendeu uma agenda reformista centrada em questões concretas (reforma
agrária, extensão do direito ao voto e controles de capital estrangeiros), tendo
sido considerada inaceitável e indigestível pelas classes dominantes e seus
aliados internacionais, e cuja implantação era estranha ao sistema político
contemporâneo.[99] Em um telegrama do Departamento de Estado de março de
1964 enviado ao embaixador norte-americano no Brasil, o apoio dos Estados
Unidos ao golpe militar foi equiparado a impedir que Goulart e Brizola tivessem
em uma posição que lhes permitissem levar em frente seus planos
"extremistas."[100] De acordo com José Murilo de Carvalho, a posição agressiva
de Brizola em relação ao processo de reformas era mais coerente do que a de
Goulart, que apoiava uma agenda reformista, mas evitou o uso necessário da
força para promovê-la.[101] A ambivalência de Goulart em relação a seu cunhado
não lhe garantiu apoio internacional: o embaixador Lincoln Gordon considerou
Goulart como um oportunista que foi "hipnotizado" por Brizola. [102]

Exílio

Brizola e sua família deixando o Uruguai, em 1977

Em abril de 1964, um golpe de Estado derrubou Goulart.[103] Brizola acolheu-o


em Porto Alegre, na esperança de incentivar o exército local a reagir e assim
restaurar o governo deposto. Brizola se envolveu em planos para enfrentar os
militares, inclusive proferindo um ardente discurso público na Câmara Municipal
de Porto Alegre, exortando os suboficiais do exército a "ocupar quartéis e
prender os generais", o que lhe valeu o ódio duradouro dos comandantes
militares da ditadura.[104][105][106][107] Depois de um mês mal sucedido no estado,
Brizola fugiu no início de maio de 1964 para o Uruguai, onde Goulart já estava
no exílio depois de demonstrar pouco interesse com as tentativas de
resistência armada.[108] Politicamente solitário no início de seu exílio,
eventualmente preferiu a política insurrecional ao reformismo. [109][110] No início de
1965, um grupo de simpatizantes seus tentou e não conseguiu articular
uma guerrilha nas montanhas do leste brasileiro ao redor de Caparaó.[111] Outro
grupo de guerrilheiros brizolistas se dispersaram após um confronto com o
exército no sul.[112] Este evento levantou suspeitas sobre a má administração de
Brizola dos fundos que lhe foram oferecidos por Fidel Castro.[113] Com exceção
desse episódio, Brizola passou os primeiros dez anos da ditadura militar
brasileira isolado no Uruguai, onde geriu a propriedade de sua esposa e
manteve-se a par do que acontecia no Brasil. Ele rejeitou as tentativas de ser
recrutado para a Frente Ampla, um grupo informal de líderes pré-ditadura da
década de 1960 que pretendia pressionar pela redemocratização,
incluindo Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek.[114] Durante a tentativa de
recrutamento, rompeu os laços restantes com Goulart; eles se reconciliaram
em setembro de 1976.[115][116] A StB, inteligência da Tchecoslováquia, entrou em
contato com Brizola para auxiliá-lo numa reação armada contra o regime
militar, mas ele considerou que, naquele momento, tal reação não seria
possível.[117]
Desde o início do seu exílio, Brizola foi observado de perto pela inteligência
brasileira, que pressionou regularmente o governo uruguaio. No final da década
de 1970, no entanto, o surgimento de uma ditadura militar no Uruguai permitiu
ao governo brasileiro trabalhar em conjunto com os militares uruguaios para,
como parte da Operação Condor, capturá-lo.[118][119] Até o final da década de
1970, a inteligência norte-americana ajudou nos esforços das ditaduras latino-
americanas a controlar Brizola,[120] que pode ter sobrevivido ao seu exílio graças
a mudança da política dos EUA para a América Latina, ocorrida com o governo
de Jimmy Carter, que se esforçou para conter abusos aos direitos
humanos.[121] Esta mudança levou Brizola a ter uma gratidão eterna com
Carter.[122] Entre o final de 1976 e o início de 1977, o fato de que todos os três
membros mais proeminentes da Frente Ampla - Kubitscheck, Goulart e Lacerda
- morreram sucessivamente e em circunstâncias um tanto misteriosas, fez
Brizola se sentir cada vez mais ameaçado no Uruguai. [123][124] Diante da iminente
retirada de seu asilo, procurou a Embaixada dos EUA, onde conversou com o
conselheiro John Youle. Mesmo com a oposição do subsecretário de Estado
para os Assuntos do Hemisfério Ocidental Terence Todman, Youle concedeu a
Brizola um visto de trânsito que permitiu-lhe, já que em meados de 1977 foi
deportado do Uruguai por supostas "violações de normas de asilo político",
viajar para - e, eventualmente, ser dado um asilo imediato - os EUA.[121][125][126] O
resgate de Brizola é reconhecido como um dos sucessos da retórica dos
Direitos Humanos de Carter.[122] Depois deste episódio, não se oporia mais
diretamente às políticas norte-americanas em relação ao Brasil, contentando-
se em denunciar vagamente as "perdas internacionais" incorridas pelo Brasil
devido a termos de câmbio injustos impostos pelas corporações
multinacionais.[127]
De acordo com documentos diplomáticos brasileiros desclassificados, em 20
de setembro de 1977, Brizola e sua esposa foram para Buenos Aires, de onde
partiram para os EUA. Buenos Aires era um lugar perigoso para os exilados
latino-americanos; a família foi acompanhada por agentes norte-americanos da
CIA e ficaram durante a noite em um local seguro da CIA, embarcando em um
voo sem escalas para Nova Iorque em 22 de setembro.[128][129] Pouco depois de
chegar em Nova Iorque, encontrou-se com o senador Edward Kennedy, que o
ajudou a obter a permissão para permanecer nos EUA durante seis
meses.[121] De uma suíte no Hotel Roosevelt, Brizola se beneficiou da sua
estadia no país organizando uma rede de contatos com exilados brasileiros e
acadêmicos norte-americanos interessados em acabar com o governo militar
no Brasil.[130][126][131] Mais tarde, mudou-se para Portugal, onde, através de Mário
Soares, aproximou-se da liderança da Internacional Socialista e se juntou a um
plano socialdemocrata e reformista para a pós-ditadura do Brasil.[132] Durante
seu período nos EUA, contatou o ativista afro-brasileiro Abdias do
Nascimento e conheceu as políticas de identidade, o que influenciaria sua
carreira pós-ditadura.[133] Em um manifesto político lançado em Lisboa—a Carta
de Lisboa, que declarou sua intenção de refundar um Partido Trabalhista no
Brasil—Brizola aderiu à política racial afirmando que negros e indígenas
brasileiros sofreram formas de exploração mais injustas e dolorosas do que as
outras pessoas e, assim, precisariam de medidas especiais que resolvessem
suas dificuldades.[134][135] No final da década de 1970, a ditadura militar brasileira
estava em declínio; em 1978, os passaportes foram dados silenciosamente a
exilados políticos proeminentes, mas Brizola, ao lado de um grupo central de
supostos radicais descritos como "inimigos públicos número um", permaneceu
na lista negra e recusou o direito de retorno. Em 1979, após uma anistia geral,
seu exílio chegou ao fim.[136][137][138]

Retorno e fundação do PDT

Brizola e Dilma Rousseff, futura presidente da República

Brizola chegou a São Borja no dia da Independência de 1979.[139] Brizola voltou


ao Brasil com a intenção de restaurar o Partido Trabalhista Brasileiro como um
movimento de massas radical, nacionalista, de esquerda e como confederação
de líderes históricos seguidores de Vargas. Ele encontrou dificuldades pelo
surgimento de novos movimentos populares, como o novo sindicalismo
centrado em torno dos trabalhadores metalúrgicos de São Paulo e seu
líder Luis Inácio Lula da Silva, e as organizações católicas dos pobres rurais
geradas pela Conferência Nacional dos Bispos. Brizola foi impedido de usar o
nome histórico do Partido Trabalhista Brasileiro, anteriormente concedido a um
grupo rival centrado em torno de uma figura amigável a ditadura militar, a
deputada Ivete Vargas—a sobrinha-neta de Getúlio Vargas.[140][141][142] Brizola,
então, fundou um partido inteiramente novo, o Partido Democrático
Trabalhista.[143] O partido se juntou à Internacional Socialista em 1986, e desde
então seu símbolo continua sendo uma mão com uma flor vermelha (o símbolo
da SI).[144]
Brizola rapidamente restaurou sua proeminência política no Rio Grande do Sul
e ganhou preeminência política no estado do Rio de Janeiro, onde buscou uma
nova base de apoio político. Em vez de se associar com a classe trabalhadora
organizada—quer por meio do sindicalismo corporativista ou competindo com
Lula pelo apoio do novo sindicalismo—Brizola buscou uma base de apoio entre
os pobres de áreas urbanas não organizados por meio de um vínculo
ideológico entre o nacionalismo radical tradicional e um populismo carismático
e amigável.[145] Para os seus adversários, Brizola e o
seu Brizolismo representavam negociações sombrias com as subclasses
"perigosas" e ressentidas;[146] seus apoiadores defenderam o empoderamento
paternalista dos desfavorecidos. De acordo com Sento Sé, "a política, do ponto
de vista Brizolista, é, fundamentalmente, assumir com radicalidade a opção
pelos pobres e desvalidos."[147] Brizola evitou o personagem corporativista
baseado em classes de seu populismo primitivo, e adotou uma retórica cristã
amigável com o povo em geral—mais semelhante aos narodniks russos do que
ao populismo latino-americano clássico.[148] Este novo populismo radical foi visto
como uma ameaça a uma política mais democrática e liberal. [149] Esta estratégia
surgiu de uma falta de domínio das técnicas de política de massa e exigiu que
a liderança carismática e pessoal de Brizola funcionasse efetivamente. Na
ausência de Brizola—ou de sua personalidade—o PDT não poderia se tornar
um competidor pelo poder, dificultando seu desenvolvimento a nível
nacional.[150][151]

Primeiro mandato como governador do Rio de


Janeiro
Ver artigo principal: Governo Brizola no Rio de
Janeiro Vamos retomar o fio da
história exatamente onde
Em 1982, Brizola concorreu a governador do Rio pretenderam interrompê-
lo, no Rio de Janeiro.
de Janeiro na primeira eleição livre e direta para o
governo carioca desde 1965; Darcy Ribeiro foi seu
— Brizola justificando sua decisão de
candidato a vice-governador. Para compensar a
concorrer a um cargo no estado do Rio de
falta de quadros no PDT, comandou o ingresso em Janeiro, ao invés de no Rio Grande do Sul. [152]

sua coligação de pessoas sem vínculos anteriores


com a política profissional, como o líder
indígena Mário Juruna, o cantor Agnaldo Timóteo e um número considerável de
ativistas afro-brasileiros.[153] Brizola estava ciente de que essa última incursão na
política racial contradizia suas políticas anteriores, mais convencionalmente
radicais; ele apelidou sua ideologia de "socialismo moreno". [154][155] Centrando
sua campanha em questões como educação e segurança pública, apresentou
uma candidatura que se propôs a manter o legado de Vargas. Ao desenvolver
um núcleo de militantes combativos em torno de si mesmo—a
chamada Brizolândia—Brizola liderou uma campanha que provocou
confrontações violentas e brigas de rua com um humor paradoxalmente festivo,
expresso pelo lema Brizola na cabeça.[156][157][158]
Para ter sua vitória na eleição de 1982 reconhecida, Brizola teve que denunciar
publicamente o que o Jornal do Brasil descreveu como uma tentativa de
contabilização fraudulenta das cédulas de votação pela empresa privada
Proconsult—uma empresa de engenharia informática de propriedade de ex-
funcionários do serviço de inteligência militar—contratada pelo Tribunal
Regional Eleitoral para informatizar a fase final da apuração. [159][160][161] Durante o
início do processo de contagem dos votos, a Proconsult afirmou repetidamente
que Moreira Franco seria eleito—Arcádio Vieira, dono da empresa, estimou que
Moreira ganharia com vantagem de cerca de sessenta mil votos—, tendo como
base resultados predominantemente de áreas do interior, onde Brizola possuía
desvantagem.[159] Estes prognósticos foram imediatamente ecoados pela TV
Globo.[162] Ao denunciar esta alegada fraude em coletivas de imprensa,
entrevistas e declarações públicas—que incluíram uma discussão ao vivo
com Armando Nogueira, diretor da Globo—Brizola evitou que o esquema
tivesse qualquer chance de sucesso.[163][164][165] Ele acabou sendo eleito com 1,7
milhão de votos, uma diferença de 3,6% em relação a Moreira. [166][167]

Brizola e Franco Montoro, governador de São Paulo, no Comício da Candelária, em 10 de abril de


1984

Brizola então continuou e expandiu sua visibilidade política em todo o país


durante seu polêmico primeiro mandato como governador do Rio de Janeiro,
de 1983 a 1987. Ele propôs a prorrogação, por dois anos, do mandato do
presidente João Figueiredo, com quem tentou se aproximar; os mandatos dos
governadores também seriam prorrogados e o sucessor de Figueiredo deveria
ser eleito pelo voto popular.[6] No início de 1984, engajou-se nas manifestações
das Diretas Já, organizando o Comício da Candelária.[168][169][170][171] Entretanto, por
ser governador de um estado, não participou de forma tão desenvolta como
outros líderes políticos; Doutel de Andrade representou o PDT nas caravanas
das Diretas Já, e Brizola participou apenas dos eventos mais
importantes.[168] Após a derrota da emenda Dante de Oliveira, defendeu que o
presidente eleito na eleição indireta de 1985 comandasse um governo de
transição, convocando eleições diretas em, no máximo, dois anos. [172] Apesar de
não confiar politicamente em Tancredo Neves, orientou a bancada do PDT a
votar em seu favor.[172] Na presidência de José Sarney, foi uma das primeiras
vozes críticas ao Plano Cruzado.[173][174]
Como governador, Brizola desenvolveu suas políticas educacionais em uma
escala maior com um ambicioso programa de construção de grandes escolas
de ensino médio, os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs),
arquitetados por Oscar Niemeyer. As escolas deveriam estar abertas durante
todo o dia, proporcionando alimentação e atividades recreativas aos
estudantes.[171][175] Brizola também desenvolveu políticas para a prestação de
serviços públicos e entregou propriedades habitacionais para moradores de
favelas. Brizola opôs-se a políticas para favelas que tivessem como base o
reassentamento forçado por meio de projetos habitacionais e, em vez disso,
propôs—pois, nas palavras de seu principal conselheiro Darcy Ribeiro, "as
favelas não fazem parte do problema, mas parte da solução"—uma solução
"bizarra", mas, no entanto, que "permitiu que os habitantes das favelas se
aproximassem de seus lugares de trabalho e vivessem como uma comunidade
humana comum".[176] Portanto, assim que os direitos de propriedade foram
reconhecidos e a infraestrutura básica proporcionada, coube aos habitantes
das favelas encontrar soluções para os problemas relacionados à construção
de casas.[177]
Brizola também adotou uma nova e radical política de ação policial nos
subúrbios pobres e favelas da região metropolitana do Rio de Janeiro.
Alegando relações e modus operandi ultrapassados baseados em repressão,
conflito e desrespeito, ordenou à polícia estadual que se abstivesse de fazer
invasões arbitrárias em favelas e reprimisse as atividades dos esquadrões de
extermínio, criando um órgão destinado para essa causa que prendeu e
processou mais de duzentos policiais.[178][179][180] A direita se opôs a essas
políticas, argumentando que fariam das favelas um território aberto para o
crime organizado representado por grandes gangues como o Comando
Vermelho, por meio de uma confluência entre a criminalidade comum e o
esquerdismo. Alegou-se que as gangues se originaram através da associação
de pequenos criminosos condenados e prisioneiros políticos de esquerda na
década de 1970. Outros estudiosos argumentaram que esta "politização" do
crime comum tinha sido um trabalho da ditadura militar, que, ao encarcerar os
criminosos comuns e os prisioneiros políticos, ofereceu aos primeiros a
oportunidade de imitar as estratégias de organização dos grupos clandestinos
de resistência.[181][182]

Campanha presidencial de 1989

Brizola, ao lado de sua esposa e da cantora Beth Carvalho, durante sua campanha para a eleição
presidencial de 1989
Brizola optou por permanecer no governo fluminense até o fim de seu mandato
em vez de renunciar para concorrer a algum cargo na eleição de 1986. Desta
forma, seu vice, Darcy Ribeiro, não se tornou inelegível e pôde concorrer para
sucedê-lo; impulsionado pela popularidade momentânea do Plano Cruzado,
Moreira derrotou Darcy por 49-35%.[183][184][185] Em meio a em seguida crise
econômica e a inflação galopante do Brasil nos anos 1980, muitos
observadores conservadores viam Brizola como o principal chefe do
radicalismo—um retorno ao populismo dos anos 1960.[186] Brizola, assim como a
esquerda em geral na época, procurou certa conciliação com as elites
governantes, evitando assumir uma posição muito firme em questões como a
reforma agrária e a nacionalização dos bancos privados. [187] Do ponto de vista
da política eleitoral de massas, foi durante a eleição presidencial de 1989 que a
liderança carismática de Brizola expôs suas limitações ao terminar o primeiro
turno na terceira colocação, perdendo a segunda posição, que o qualificaria
para disputar o segundo turno, por uma pequena margem para Luis Inácio Lula
da Silva, cujo Partido dos Trabalhadores tinha quadros, o ativismo profissional
e a penetração nos movimentos sociais organizados que faltava a
Brizola.[188] Os resultados mostraram que sua candidatura era baseada
principalmente em apoios regionais: Brizola conquistou maiorias maciças no
Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, mas recebeu apenas 1,4% dos votos
em São Paulo.[151][189] Lula usou seu reduto nas áreas mais industrializadas do
Sudeste como um trampolim e reuniu novos eleitores no Nordeste. No final,
Lula obteve 11,6 milhões de votos, contra 11,1 de Brizola, uma diferença de
0,6%; Fernando Collor ficou em primeiro, com 20,6 milhões de votos. [190][191]
Brizola foi um fervoroso apoiador da candidatura de Lula para o segundo turno
da eleição presidencial de 1989, algo que justificou com uma declaração
marcante diante de seus colegas do PDT: "Cá para nós: um político de
antigamente, o senador Pinheiro Machado, disse que a política é a arte de
engolir sapos. Não seria fascinante fazer esta elite engolir o Lula, esse sapo
barbudo? Vamos no menos pior, pelo menos….". [192][193][194] Anteriormente, ambos
mantiveram discussões objetivando formar uma aliança de esquerda para o
primeiro turno, mas não chegaram a um acordo. Em uma reunião do PDT
ocorrida após a primeira votação, embora sabendo ser inviável, Brizola sugeriu
que ele e Lula desistissem para darem lugar a Mário Covas, pois acreditava
que Covas enfrentaria menos resistências e assim teria mais chances de
derrotar Collor.[195][189] O apoio de Brizola foi crucial para que Lula aumentasse
sua votação no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, onde o petista passou
de 12,2% dos votos no primeiro turno no Rio de Janeiro para 72,9% no
segundo turno, enquanto que no Rio Grande do Sul aumentou sua votação de
6,7% para 68,7%. De qualquer forma, Collor venceu a eleição. [196][197][198]

Segundo mandato como governador do Rio de


Janeiro e declínio
Brizola e o arquiteto Oscar Niemeyer, em 2002

Após a eleição de 1989, Brizola ainda possuía chances de realizar seu sonho
de ganhar a Presidência da República se conseguisse superar a falta de
penetração nacional de seu partido. Alguns de seus assessores propuseram-
lhe uma candidatura ao Senado na eleição de 1990, o que poderia lhe render
destaque nacional. Brizola recusou a ideia e candidatou-se a governador,
propondo uma coligação com o PT que tivesse Lula como candidato ao
Senado. Os partidos travaram discussões sobre o assunto, animando Brizola a
acreditar na possibilidade de fusão. O PT acabou apresentando um candidato
próprio, e Brizola ganhou um segundo mandato como governador do Rio de
Janeiro com 60,88% dos votos, no primeiro turno. [199][200] Em seu segundo
mandato, inaugurou a Universidade Estadual do Norte Fluminense e construiu
a Via Expressa Presidente João Goulart, mais conhecida como Linha
Vermelha.[201][202] No entanto, este período redundou em seu fracasso político,
marcado por momentos de gestão desorganizada causados por seu
ultracentralismo e desprezo pelos procedimentos burocráticos adequados;
Brizola deixou o cargo com apenas 14% de aprovação, segundo
o Datafolha.[203][6] Além disso, embora tenha sido um opositor a ações do
governo Collor, estabeleceu relações cordiais com o presidente e foi um crítico
severo da CPI que investigava o esquema de Paulo César Farias, classificando
o processo de impeachment como um "golpe"; Brizola só pediu a saída de
Collor do governo na campanha eleitoral de 1992. Esse fato lhe causou um
imenso desgaste junto ao seu eleitorado e aos seus aliados políticos. [204][205][203][6]
Em 2 de abril de 1994, Brizola desincompatibilizou-se do cargo de governador
do estado para concorrer à Presidência da República. [206] Desprovido de apoio
nacional e abandonado por aliados próximos como Cesar Maia e Anthony
Garotinho, que afastaram-se em benefício de suas carreiras pessoais, Brizola
voltou representar o PDT na disputa presidencial de 1994, realizada em meio
ao sucesso do Plano Real e o consequente favoritismo do candidato
governista Fernando Henrique Cardoso. A eleição de 1994 foi outro fracasso
para Brizola, que ficou em quinto lugar, com 3,18% dos votos; FHC foi eleito no
primeiro turno.[207][208] Era o fim do Brizolismo como uma força política
nacional.[209] Durante o primeiro mandato de Cardoso, continuou sendo um
crítico de suas políticas neoliberais de privatização de empresas públicas,
afirmando em 1995: "se não houver uma reação civil à privatização, haverá
uma militar".[210] Quando o presidente concorreu à reeleição em 1998, foi o
candidato a vice de Lula, e ambos perderam para FHC no primeiro
turno.[211] Na eleição de 2000, foi derrotado em sua tentativa de se eleger
prefeito do Rio de Janeiro, recebendo 9,10% dos votos.[212]
Em seus últimos anos, o relacionamento fragmentado de Brizola com Lula e o
PT mudou; ele se recusou a apoiá-los no primeiro turno da eleição presidencial
de 2002, apoiando em vez disso Ciro Gomes, enquanto disputou uma vaga
para o Senado. Depois que Gomes ficou em terceiro lugar, apoiou Lula, que foi
eleito presidente. Brizola foi derrotado em sua tentativa de se eleger senador,
sendo o sexto colocado, com 8,2% dos votos, e acabando com sua força
regional. Em seus últimos dois anos de vida, foi considerado um veterano
populista de esquerda, e um personagem secundário.[213][214] Apesar de apoiar
Lula em alguns períodos durante seu primeiro mandato, em suas últimas
aparições públicas, criticou-o por acreditar que o presidente estava
empreendendo políticas neoliberais e negligenciando as tradicionais lutas da
esquerda e dos trabalhadores.[215][216] Ainda exercendo o cargo de presidente
Nacional do PDT, Brizola afirmou, em junho de 2003, que o partido estava
saindo do governo Lula; com sua pressão, o rompimento foi oficializado em
dezembro de 2003.[217][218][219] Os últimos comentários de Brizola sobre Lula
ganharam um caráter pessoal. Em maio de 2004, foi uma das fontes de uma
reportagem do jornalista Larry Rohter sobre o suposto alcoolismo de Lula.
Brizola disse a um correspondente do New York Times sobre ter aconselhado
Lula: "você precisa controlar isso".[215][216]

Morte

Velório de Brizola no Palácio Guanabara, em 22 de junho de 2004

Depois de uma estadia em sua fazenda no Uruguai, Brizola chegou no Rio de


Janeiro com infecção intestinal e forte gripe, contraída no rigoroso inverno
uruguaio. Apesar de acamado, continuou a receber visitas de políticos, entre os
quais Anthony Garotinho, Carlos Lupi e Moreira Franco. Sua situação
deteriorou-se ainda mais e Brizola foi a um hospital nas proximidades. Uma
tomografia dos pulmões mostrou infecção respiratória (pneumonia). Feita
ultrassonografia do coração, nada de anormal foi encontrado. Brizola estava
entrando no elevador para deixar o hospital quando, segundo seu médico
particular, apresentou um edema no pulmão, significando grave insuficiência
cardíaca. Novos exames confirmaram infarto agudo do miocárdio. Brizola
morreu às 21h20min do dia 21 de junho de 2004. [220][221][222][223]
O Congresso Nacional adiou suas sessões para homenageá-lo, e o presidente
Lula decretou luto oficial de três dias, comparecendo ao seu velório no Palácio
Guanabara.[224][225] No Rio de Janeiro, de acordo com a Polícia Militar, duzentas
mil pessoas foram até o palácio do governo para prestar-lhe
homenagens.[226] Em 24 de junho, depois de ainda ter sido velado no Palácio
Piratini, em Porto Alegre, Brizola foi sepultado em São Borja, na fronteira do
Rio Grande do Sul com a Argentina. Cerca de vinte mil pessoas
acompanharam o cortejo até seu sepultamento no Cemitério Jardim da Paz,
onde também se encontram os túmulos de sua esposa, Neusa, Getúlio Vargas
e João Goulart.[227][228][229][230]
A morte de Brizola também repercutiu na mídia. A matéria veiculada na versão
impressa do jornal Folha de S.Paulo classificou-o como "um dos principais
líderes nacionalistas do país".[231] O obituário do The Guardian resumiu Brizola
como um "líder de esquerda carismático mas divisivo que dominou a política
brasileira por meio século".[232]

Personalidade, imagem pública e legado


Estátua de Leonel Brizola, de autoria do escultor Otto Dumovich, nas cercanias do Palácio Piratini,
em Porto Alegre

O legado de Brizola foi assunto para debates entre jornalistas, escritores e o


público em geral. Um de seus biógrafos, João Trajano Sento-Sé, escreveu: "Se
não chegou à Presidência da República, Brizola reeditou, ao menos, o martírio
trabalhista, pelas perseguições que sofreu e pelos temores que despertou em
parcelas das elites política e econômica".[233] O cientista político Helgio
Trindade ressaltou que, como governante, teve uma "obsessiva valorização da
educação, que se traduziu em ambiciosos investimentos na área da expansão
de prédios escolares."[233] O jornalista Colin Harding, do The Independent,
afirmou que ele foi a "consciência da esquerda" do governo de Goulart. [234] O
escritor Ferreira Gullar opinou que Goulart estava "refém das forças que o
apoiavam, particularmente o sindicalismo reformista, que promovia greves
sucessivas em todo o país", e que Brizola, devido a sua pretensão de se tornar
presidente e a campanha para suceder o ministro Carvalho Pinto, tornou-o um
"aliado involuntário dos golpistas." [235] Posteriormente, referindo-se às ações de
Brizola no governo de seu marido, a primeira-dama Maria Thereza
Goulart disse: "naquela época tocou um pouco de fogo no circo." Outro político
de expressão daquele período, Abelardo de Araújo, ministro da Justiça,
argumentou que "não era fácil ao presidente governar com um Brizola a
tiracolo, mas lhe era muito difícil libertar-se dele."[236]
Brizola era reconhecido por sua fala, carregada do sotaque e de expressões
gaúchas.[237][238] Sua retórica era inflamada, não perdendo a oportunidade para
criar caricaturas verbais de seus oponentes, como ao chamar Lula de "sapo
barbudo", Paulo Maluf de "filhote da ditadura" e Moreira Franco de "gato
angorá" por "ir de colo em colo." [239][240][241] Era um orador carismático, capaz de
provocar fortes reações entre partidários e adversários. [242] Seu discurso era
baseado em pontos como a valorização da educação pública e a questão das
"perdas internacionais", termo usado para se referir ao pagamento de encargos
da dívida externa e envio de lucros ao exterior.[243][244]
Marcaram a carreira de Brizola os desentendimentos que teve com grandes
monopólios da comunicação, em especial com a Rede Globo.[245] Brizola acusou
o grupo de participar do caso Proconsult, que visava impedir sua vitória na
eleição para governador do Rio de Janeiro em 1982. [246][247] Em 1984, quebrou o
monopólio da Globo nas transmissões de carnaval e, durante a eleição
presidencial de 1989, se sentiu sabotado pela organização após esta ter
veiculado acusações pessoais contra ele em rede nacional. [248] Em
1992, Roberto Marinho, em um editorial, chamou-o de "senil", resultando em
direito de resposta a Brizola no Jornal Nacional, que foi lido por Cid Moreira,
dois anos depois.[249]
Em 2012, Brizola ficou na 47º colocação no concurso O Maior Brasileiro de
Todos os Tempos.[250] Em dezembro de 2015, a presidente Dilma
Rousseff sancionou a lei que inseriu Brizola no Livro de Heróis da Pátria. Para
que a inclusão de seu nome pudesse ser feita, o Congresso aprovou, e Dilma
sancionou, uma mudança na legislação que reduziu o tempo mínimo de espera
após a morte de uma personalidade para que uma homenagem deste tipo
fosse autorizada, de cinquenta para dez anos. [251][252][253]
Três netos de Brizola entraram para a política defendendo suas ideias: Brizola
Neto (PDT) foi deputado federal pelo Rio de Janeiro e ministro do Trabalho no
governo Dilma;[254] Leonel Brizola Neto (PSOL) foi vereador do Rio de
Janeiro;[255] e Juliana Brizola (PDT) foi vereadora de Porto Alegre e deputada
estadual do Rio Grande do Sul.[256]

Notas
1. ↑ Brizola recebeu o nome de Leonel Itagiba; o nome Leonel era uma homenagem
a Leonel Rocha, um líder maragato local, enquanto Itagiba foi o nome dado a um irmão seu
que morreu ao nascer.[1][2] Brizola não gostava de seu segundo nome, e quando tinha
quatorze anos de idade sua mãe alterou-o legalmente, permanecendo apenas Leonel.[3][4]

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonel_Brizola

Você também pode gostar