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Leonel Brizola
Leonel Brizola
Dados pessoais
Nacionalidade brasileiro
Assinatura
Brizola ao lado da esposa, Neusa Goulart, e dos filhos Neusinha, José Vicente e João Otávio
Após receber o diploma de técnico rural, Brizola não foi logo trabalhar nesta
área, tornando-se em vez disso graxeiro da Refinaria Brasileira de Óleos e
Graxas, em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre; anos depois,
soube que a refinaria era propriedade de Ildo Meneghetti, um de seus maiores
opositores políticos.[10][6] Foi aprovado em um concurso do Ministério da
Agricultura, indo trabalhar como técnico do ministério em Passo Fundo, ficando
assim mais próximo de sua família.[10] Brizola permaneceu apenas por meio ano
em Passo Fundo, onde, apesar de receber um bom salário, contraiu dívidas
com várias pessoas.[10] Depois de resolver suas pendências financeiras,
retornou para a capital, residindo em uma pensão e trabalhando como
jardineiro do Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura. [11][6][12]
Em 1942, Brizola concluiu o ensino fundamental como bolsista no Colégio
Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, licenciou-se de seu trabalho na
prefeitura e alistou-se no 3.º Batalhão de Aviação do Exército (atualmente
a Base Aérea de Canoas). Com o fim de seu serviço militar, voltou a trabalhar
como jardineiro, concluindo o curso científico (equivalente ao ensino médio)
no Colégio Júlio de Castilhos e um curso de piloto privado.[11] No Júlio de
Castilhos, foi um dos fundadores do Grêmio Estudantil, sendo seu vice-
presidente.[13] Em 1945, foi aprovado no vestibular da Escola de
Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, graduando-se
como engenheiro civil em 1949.[11][13]
Em 1º de março de 1950, Brizola casou-se com Neusa Goulart, irmã do
deputado estadual e futuro presidente da República João Goulart (Brizola e
Goulart eram ambos deputados estaduais). O casamento foi realizado na
Fazenda de Iguariaçá, em São Borja, tendo o ex-presidente da
República Getúlio Vargas como um dos padrinhos.[14] O casal havia se
conhecido nas reuniões da Ala Moça do PTB.[15] Tiveram três filhos
juntos: Neusinha, José Vicente e João Otávio.[16] Após a morte de Neusa em
1993, manteve uma relação com Marília Guilhermina Martins Pinheiro. [17][18]
Brizola abraçando seu cunhado, o presidente da República João Goulart, na década de 1960
Por meio de suas políticas internas e externas, Brizola tornou-se uma figura
importante na política brasileira, eventualmente desenvolvendo ambições
presidenciais que não poderia cumprir devido às leis da época; a legislação
brasileira não permitia que parentes próximos do presidente em exercício
concorressem na eleição seguinte.[74][75] Entre 1961 e 1964, atuou na ala radical
da esquerda independente, onde pressionou por uma agenda de reformas
sociais e políticas radicais e por uma mudança na legislação eleitoral que
permitisse sua candidatura na eleição presidencial de 1965. Brizola foi visto
como autoritário e briguento, capaz de lidar com seus inimigos usando a
agressão física; por exemplo, agrediu o jornalista de direita David Nasser no
aeroporto do Rio de Janeiro.[76][77][78] Brizola atuou como um aventureiro no jogo
político em torno do governo Goulart, sendo temido e odiado pelos políticos
moderados da esquerda e da direita. Este papel foi especialmente visível
quando mudou o seu domicílio eleitoral para um centro político nacional. Se
optasse por se candidatar ao Legislativo pelo Rio Grande do Sul, teria que
renunciar ao governo estadual seis meses antes da eleição. Optou, então, por
aceitar o convite feito pelo PTB carioca de se candidatar a deputado federal,
ganhando a eleição com uma vitória esmagadora (269 384 votos, ou um quarto
do eleitorado do estado de Guanabara, a atual cidade do Rio de Janeiro).[74][79]
Em janeiro de 1963, um plebiscito redefiniu o sistema de governo como
presidencialista, um resultado que foi visto por Brizola como um "voto de
confiança" dado pelo povo para que Goulart prosseguisse com as reformas de
base.[76][80] Ao mesmo tempo, em uma movimento para competir com o
presidente pela liderança política, Brizola iniciou um programa semanal na
rádio carioca Mayrink Veiga, que costumava usar para transmitir para todo o
país, e planejava constituir uma rede de células políticas composta por
pequenos grupos de homens armados, os Grupos dos Onze.[81][82] Os grupos
deveriam atuar como organizações de base que "defenderiam e difundiriam" os
principais pontos de uma agenda reformista que teria que ser alcançada "na lei
ou na marra".[83] De acordo com jornalista da época Edmar Morel, para fazer
com que todo o espectro político temesse suas pretensões, "Brizola estava
disposto a pagar qualquer preço para ser o dono da bola". [84] O ministro dos
Negócios Estrangeiros de Goulart e líder da esquerda moderada, San Tiago
Dantas, rotulou Brizola como um exemplo de uma "esquerda negativa" que, na
sua intransigente e ideológica defesa da reforma social, abandonou qualquer
compromisso com instituições democráticas.[85] Apesar de seu suposto
radicalismo, Brizola não era um ideólogo ou doutrinário. [86] Geralmente,
representava um extremo nacionalismo de esquerda, apoiando a reforma
agrária, a extensão do direito ao voto para analfabetos e suboficiais, e
controles rigorosos sobre investimentos estrangeiros que fizeram com que o
embaixador Lincoln Gordon não gostasse de Brizola e comparasse suas
técnicas de propaganda com as de Joseph Goebbels, um rumor também
compartilhado pela maioria da mídia norte-americana.[87][86]
Exílio
Brizola, ao lado de sua esposa e da cantora Beth Carvalho, durante sua campanha para a eleição
presidencial de 1989
Brizola optou por permanecer no governo fluminense até o fim de seu mandato
em vez de renunciar para concorrer a algum cargo na eleição de 1986. Desta
forma, seu vice, Darcy Ribeiro, não se tornou inelegível e pôde concorrer para
sucedê-lo; impulsionado pela popularidade momentânea do Plano Cruzado,
Moreira derrotou Darcy por 49-35%.[183][184][185] Em meio a em seguida crise
econômica e a inflação galopante do Brasil nos anos 1980, muitos
observadores conservadores viam Brizola como o principal chefe do
radicalismo—um retorno ao populismo dos anos 1960.[186] Brizola, assim como a
esquerda em geral na época, procurou certa conciliação com as elites
governantes, evitando assumir uma posição muito firme em questões como a
reforma agrária e a nacionalização dos bancos privados. [187] Do ponto de vista
da política eleitoral de massas, foi durante a eleição presidencial de 1989 que a
liderança carismática de Brizola expôs suas limitações ao terminar o primeiro
turno na terceira colocação, perdendo a segunda posição, que o qualificaria
para disputar o segundo turno, por uma pequena margem para Luis Inácio Lula
da Silva, cujo Partido dos Trabalhadores tinha quadros, o ativismo profissional
e a penetração nos movimentos sociais organizados que faltava a
Brizola.[188] Os resultados mostraram que sua candidatura era baseada
principalmente em apoios regionais: Brizola conquistou maiorias maciças no
Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, mas recebeu apenas 1,4% dos votos
em São Paulo.[151][189] Lula usou seu reduto nas áreas mais industrializadas do
Sudeste como um trampolim e reuniu novos eleitores no Nordeste. No final,
Lula obteve 11,6 milhões de votos, contra 11,1 de Brizola, uma diferença de
0,6%; Fernando Collor ficou em primeiro, com 20,6 milhões de votos. [190][191]
Brizola foi um fervoroso apoiador da candidatura de Lula para o segundo turno
da eleição presidencial de 1989, algo que justificou com uma declaração
marcante diante de seus colegas do PDT: "Cá para nós: um político de
antigamente, o senador Pinheiro Machado, disse que a política é a arte de
engolir sapos. Não seria fascinante fazer esta elite engolir o Lula, esse sapo
barbudo? Vamos no menos pior, pelo menos….". [192][193][194] Anteriormente, ambos
mantiveram discussões objetivando formar uma aliança de esquerda para o
primeiro turno, mas não chegaram a um acordo. Em uma reunião do PDT
ocorrida após a primeira votação, embora sabendo ser inviável, Brizola sugeriu
que ele e Lula desistissem para darem lugar a Mário Covas, pois acreditava
que Covas enfrentaria menos resistências e assim teria mais chances de
derrotar Collor.[195][189] O apoio de Brizola foi crucial para que Lula aumentasse
sua votação no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, onde o petista passou
de 12,2% dos votos no primeiro turno no Rio de Janeiro para 72,9% no
segundo turno, enquanto que no Rio Grande do Sul aumentou sua votação de
6,7% para 68,7%. De qualquer forma, Collor venceu a eleição. [196][197][198]
Após a eleição de 1989, Brizola ainda possuía chances de realizar seu sonho
de ganhar a Presidência da República se conseguisse superar a falta de
penetração nacional de seu partido. Alguns de seus assessores propuseram-
lhe uma candidatura ao Senado na eleição de 1990, o que poderia lhe render
destaque nacional. Brizola recusou a ideia e candidatou-se a governador,
propondo uma coligação com o PT que tivesse Lula como candidato ao
Senado. Os partidos travaram discussões sobre o assunto, animando Brizola a
acreditar na possibilidade de fusão. O PT acabou apresentando um candidato
próprio, e Brizola ganhou um segundo mandato como governador do Rio de
Janeiro com 60,88% dos votos, no primeiro turno. [199][200] Em seu segundo
mandato, inaugurou a Universidade Estadual do Norte Fluminense e construiu
a Via Expressa Presidente João Goulart, mais conhecida como Linha
Vermelha.[201][202] No entanto, este período redundou em seu fracasso político,
marcado por momentos de gestão desorganizada causados por seu
ultracentralismo e desprezo pelos procedimentos burocráticos adequados;
Brizola deixou o cargo com apenas 14% de aprovação, segundo
o Datafolha.[203][6] Além disso, embora tenha sido um opositor a ações do
governo Collor, estabeleceu relações cordiais com o presidente e foi um crítico
severo da CPI que investigava o esquema de Paulo César Farias, classificando
o processo de impeachment como um "golpe"; Brizola só pediu a saída de
Collor do governo na campanha eleitoral de 1992. Esse fato lhe causou um
imenso desgaste junto ao seu eleitorado e aos seus aliados políticos. [204][205][203][6]
Em 2 de abril de 1994, Brizola desincompatibilizou-se do cargo de governador
do estado para concorrer à Presidência da República. [206] Desprovido de apoio
nacional e abandonado por aliados próximos como Cesar Maia e Anthony
Garotinho, que afastaram-se em benefício de suas carreiras pessoais, Brizola
voltou representar o PDT na disputa presidencial de 1994, realizada em meio
ao sucesso do Plano Real e o consequente favoritismo do candidato
governista Fernando Henrique Cardoso. A eleição de 1994 foi outro fracasso
para Brizola, que ficou em quinto lugar, com 3,18% dos votos; FHC foi eleito no
primeiro turno.[207][208] Era o fim do Brizolismo como uma força política
nacional.[209] Durante o primeiro mandato de Cardoso, continuou sendo um
crítico de suas políticas neoliberais de privatização de empresas públicas,
afirmando em 1995: "se não houver uma reação civil à privatização, haverá
uma militar".[210] Quando o presidente concorreu à reeleição em 1998, foi o
candidato a vice de Lula, e ambos perderam para FHC no primeiro
turno.[211] Na eleição de 2000, foi derrotado em sua tentativa de se eleger
prefeito do Rio de Janeiro, recebendo 9,10% dos votos.[212]
Em seus últimos anos, o relacionamento fragmentado de Brizola com Lula e o
PT mudou; ele se recusou a apoiá-los no primeiro turno da eleição presidencial
de 2002, apoiando em vez disso Ciro Gomes, enquanto disputou uma vaga
para o Senado. Depois que Gomes ficou em terceiro lugar, apoiou Lula, que foi
eleito presidente. Brizola foi derrotado em sua tentativa de se eleger senador,
sendo o sexto colocado, com 8,2% dos votos, e acabando com sua força
regional. Em seus últimos dois anos de vida, foi considerado um veterano
populista de esquerda, e um personagem secundário.[213][214] Apesar de apoiar
Lula em alguns períodos durante seu primeiro mandato, em suas últimas
aparições públicas, criticou-o por acreditar que o presidente estava
empreendendo políticas neoliberais e negligenciando as tradicionais lutas da
esquerda e dos trabalhadores.[215][216] Ainda exercendo o cargo de presidente
Nacional do PDT, Brizola afirmou, em junho de 2003, que o partido estava
saindo do governo Lula; com sua pressão, o rompimento foi oficializado em
dezembro de 2003.[217][218][219] Os últimos comentários de Brizola sobre Lula
ganharam um caráter pessoal. Em maio de 2004, foi uma das fontes de uma
reportagem do jornalista Larry Rohter sobre o suposto alcoolismo de Lula.
Brizola disse a um correspondente do New York Times sobre ter aconselhado
Lula: "você precisa controlar isso".[215][216]
Morte
Notas
1. ↑ Brizola recebeu o nome de Leonel Itagiba; o nome Leonel era uma homenagem
a Leonel Rocha, um líder maragato local, enquanto Itagiba foi o nome dado a um irmão seu
que morreu ao nascer.[1][2] Brizola não gostava de seu segundo nome, e quando tinha
quatorze anos de idade sua mãe alterou-o legalmente, permanecendo apenas Leonel.[3][4]
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonel_Brizola