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Prédio-Escola CIEE
Rua Genebra, 65/57 - Centro - São Paulo/SP - CEP 01316-010
www.ciee.org.br
Coleção CIEE 109
Emílio Odebrecht
C???m CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA - CIEE
Olhando para o Brasil do futuro: perspectivas e desafios /
Centro de Integração Empresa-Escola – São Paulo : CIEE, 2009.
?? p. (Coleção CIEE ; 109)
Palestra proferida por Emílio Odebrecht durante o Fórum
Permanente de Debates do CIEE sobre a Realidade Brasileira,
realizado no auditório Ernesto Igel e Mario Amato do CIEE em
23 de setembro de 2009.
CDU : ??(??)
SUMÁRIO
Agradecimento ........................................... 37
Hermann Wever
Debates ...................................................... 39
UmUm
otimista com
otimista com
o pé
o péno chão
no chão
O
CIEE teve a satisfação e honra de receber o empresá-
rio Emílio Odebrecht, que falou sobre perspectivas e
desafios do nosso Brasil.
8
para as que pretendem se de-
senvolver com responsabilida-
herdeiro das
de empresarial e compromisso
com a sustentabilidade. ideias do seu
pai Norberto
O palestrante é herdeiro Odebrecht, que
das ideias do seu pai Norber-
deu forma ao
to Odebrecht, que deu forma
ao conhecimento de gestão conhecimento
desenvolvida na organização de gestão
a partir de um conjunto de desenvolvida
princípios, valores e crenças
na organização
– referências de uma filoso-
fia denominada Tecnologia a partir de um
Empresarial Odebrecht, que conjunto de
começou a ser escrita no fi- princípios, valores
nal da década de 1960 e está
e crenças.
consolidada em vários livros.
Entre eles, um que antecipa a
ideia de sustentabilidade já em seu título: Sobreviver, crescer
e perpetuar.
O
Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE recebeu
o presidente do Conselho de Administração da Ode-
brecht S.A., Emílio Odebrecht, para abordar uma te-
mática que abrange os aspectos políticos, sociais, econômicos,
culturais, educacionais e empresariais do Brasil.
12
Olhando
Olhando parapara o
o Brasil
Brasil do
do futuro: futuro:
perspectivas
perspectivas
e desafios
e desafios
EMÍLIO ODEBRECHT
Presidente do Conselho de
Administração da Odebrecht S. A.
cOleçãO ciee 10?
M
inha intenção não é fazer uma palestra, mas privile-
giar o debate. Assim, pretendo iniciar com algumas
provocações, destacando alguns de meus artigos que
foram publicados na Folha de S. Paulo relativos ao tema a ser
debatido.
14
“Pessoas, empresas e nações reagem à crise de for-
mas diferentes. Algumas, resignadas, recolhem-se
e esperam o que virá. Outras encaram a diversida-
de como oportunidade para construir algo melhor,
o que requer percepção aguçada, alguma intuição,
certa dose de coragem e competência para usar as
forças das circunstâncias.
desempenho dos
Fiz esses comentários naquela
empresários na época, exatamente no auge da crise.
produção de
riquezas, as “Economia é um ambiente onde pes-
soas e empresas trocam bens, ser-
possibilidades
viços, tempo, energia e dinheiro. A
de compra dos saúde do organismo econômico de-
indivíduos que pende, portanto, das combinações
as adquirem e as possíveis entre o desempenho dos
empresários na produção de rique-
políticas e diretrizes
zas, as possibilidades de compra
dos governos.” dos indivíduos que as adquirem e
as políticas e diretrizes dos gover-
nos, que têm a responsabilidade
de regular e, principalmente, fomentar a atividade
produtiva incentivando investimentos.
16
O governo brasileiro tem procurado fazer seu pa-
pel liberando linhas de créditos para vários seto-
res, mas há dois novos riscos em nosso horizonte.
O primeiro diz respeito exatamente ao incremento
dos investimentos. Há recursos disponíveis ente-
sourados à espera de pechinchas, mas só as trans-
ferências de empresas doentes para outros donos,
neste momento, no máximo, serão capazes de nos
manter onde estamos. ”
“O segundo é a restrição
do crédito ao consumidor, Quem faz a diferença
porque o horizonte ainda é o fator humano.
é de incerteza e os agentes Vence quem é
financeiros temem uma
mais competente
onda de redução dos pos-
tos de trabalho. Ocorre que, e disciplinado,
assim, o círculo vicioso vai intuitivo, ousado e
rodar ao contrário. Sem criativo, com forte
crédito não haverá consu-
espírito de equipe.
mo e sem consumidores a
redução dos postos de tra-
balho será inevitável.
18
nivelar ao máximo possí-
vel as equipes concorrentes. Enfatizo a
A potência dos motores é se-
importância de
melhante, a tecnologia dos
pneus e a qualidade dos com-
cada vez mais
bustíveis são iguais. inserirmos o
serviço em todos
Mas os pilotos não. Quem faz
os produtos que
a diferença é o fator humano.
Vence quem é mais competen-
fabricamos. Essa é a
te e disciplinado, intuitivo, ideia de servir
ousado e criativo, com forte ao cliente.
espírito de equipe, caracterís-
ticas que destacam pessoas e
empresas em qualquer campo de atuação.
20
operações e suas necessidades e porque investem
no desenvolvimento de novos produtos necessários
aos propósitos do cliente de também crescer.
22
Por isso, se o momento que o mundo vive para alguns
é prenúncio de horizontes cada vez mais sombrios,
para as empresas brasileiras pode oferecer novas
janelas de oportunidades. Nesse sentido, vejo amplo
espaço de atuação especial nas nações da América
Latina e da África, ou seja, no hemisfério sul.
24
São clientes que têm desejos mas não sabem como materia-
lizá-los. Nosso grande papel como empresários é fazer com que
os sonhos deles se tornem efetivamente realidade, conseguir
realmente fazer com que seus desejos possam se transformar,
na prática, naquilo que eles sonharam. Nesse aspecto, são to-
talmente carentes: não sabem como definir a melhor opção,
não possuem engenharia financeira, não têm garantias para
oferecer, não conseguem, portanto, sequer definir um projeto.
26
educação. Infelizmente não conseguimos avançar nessa dire-
ção, mas essa capacidade é o único aspecto que fará diferença
para que possamos continuar a ser competitivos como país e
como empresa.
Investir em infraestrutura
28
A hora é de agirmos em um esforço coletivo, com
determinação e responsabilidades compartilha-
das, porque só assim vamos reduzir o desemprego
e alcançar o crescimento capaz de proporcionar
distribuição de riquezas. O Brasil soube construir
as bases para enfrentar a crise com segurança e
equilíbrio. Agora, temos oportunidade de formu-
lar uma agenda estratégica que, no pós-crise, nos
leve a um novo patamar na esfera mundial. Não
vamos desperdiçá-la.”
30
Os que acertam mais do que erram e quando erram
viram a página e usam o erro como fonte de apren-
dizado e os que preferem se lastimar pelos erros co-
metidos. Os que analisam os custos e benefícios e os
que se preocupam apenas com os custos. Isso é muito
comum no profissional de hoje, infelizmente.
32
Emílio Odebrecht autografa seu livro após o evento.
34
Nada melhor na organi-
zação que a presença de um
líder educador que seja um O profissional
elemento que traz resultados precisa assumir
para a organização. Mas tão a postura de ser
importante ou mais impor-
dono de si próprio.
tante é ele também trazer e
formar outros parceiros para É preciso ter
a organização. As empresas consciência,
que contam com vários líde- auferir resultados
res educadores são as que
e deles participar.
tendem a ter sucesso.
36
Agradecimento
Agradecimento
HERMANN WEVER
Conselheiro do CIEE e responsável pelo Comis-
são Técnica de Planejamento Estratégico e Lo-
gística da entidade.
cOleçãO ciee 10?
P
retendo transmitir uma mensagem curta, mas que me
foi despertada pelas palavras do ilustre palestrante.
Ele mencionou que a responsabilidade do empresário
é ser um líder educador, com uma grande responsabilidade so-
cial, ambiental e cultural.
38
DEBATES
cOleçãO ciee 10?
EMÍLIO ODEBRECHT
Em primeiro lugar, colocaria para os estagiários a necessidade de prio-
rizar os estudos. Infelizmente, no passado, na minha geração, isso não
prevalecia, mas, hoje, levamos muito a sério na organização o estímulo
ao estudo para esses estagiários.
É natural que o estagiário estudante, ao iniciar o trabalho profissional,
principalmente na carreira que escolheu por convicção, por desejo e por
amor, sinta-se enormemente estimulado com o trabalho. Por isso acho
importante reafirmar essa iniciativa.
Um segundo ponto, e respondendo diretamente à pergunta, o que mais
me impressionou logo no início foi a importância da equipe. A impor-
tância das relações pessoais, a importância de se conhecer as pessoas,
motivar as pessoas, desafiar as pessoas. Esse foi o aprendizado que diria
mais importante que recebi já no início do estágio.
Também percebi a relevância de uma capacidade psicológica, principalmen-
te para o profissional que lida com gente. Além de avaliar, ele também pre-
cisa possuir capacidade psicológica para lidar com as pessoas. A psicologia
é muito importante para o profissional, não tanto para o pesquisador que
trabalha individualmente, mas para aqueles que têm papel de liderança de
equipes. A relação do líder com os liderados é muito importante e saber
conhecer essas pessoas é o primeiro passo para o sucesso.
40
Detalhe um pouco mais seu pensamento sobre a reforma política e
a capacitação dos três poderes no nosso país.
EMÍLIO ODEBRECHT
O que efetivamente percebemos atualmente com referência à reforma
política? Porq ue ela não saiu até hoje? Não podemos nos iludir. Ela
não saiu porque a mudança não interessa ao status quo atual. Hoje,
o esquema que está aí não funciona a serviço do país e nem a serviço
da sociedade. Ao contrário, o país e a sociedade estão a serviço dele.
É uma inversão completa de valores. Os tempos mudaram. As pessoas
mudaram. Os objetivos são outros.
Então, não sendo realizada a reforma política para renovar o quadro
político, pergunto como aqueles que aí estão vão definir as demais re-
DEBATES
formas? Como eles terão condição de definir as demais reformas se eles
têm, em primeiro lugar, que preservar aquilo que está em vigor? Por
isso, temos que fazer um esforço, todos nós da sociedade, para exigir
efetiva prioridade na reforma política. Em seguida, eu tenho certeza, as
demais reformas sairão de forma muito tranquila.
Quando à questão dos três poderes, entendo ser necessária uma reen-
genharia, um repensar, a respeito da forma como funcionam os três po-
deres: qual é efetivamente o papel de cada um, como devem se organi-
zar, quais são os conceitos que devem prevalecer tanto para o executivo
como para o legislativo e o judiciário.
Não acho, porém, que temos instituições frágeis. Acho que somos um
dos países do mundo com poderes muito bem constituídos e uma demo-
cracia diferenciada. Eu digo com certeza que estamos em uma situação
bastante favorecida em relação aos países do hemisfério sul em geral e
a muitos do hemisfério norte também. Mas, como tudo na vida, nosso
sistema tem seus problemas e seus defeitos e precisa se aperfeiçoar.
Entendo que temos que estar sempre insatisfeitos com o status quo.
Essa é uma condição preliminar para todos os empresários e profissio-
nais. Para um político, por exemplo. O político que entra na política para
ser só um vereador nunca será um bom vereador. Ele tem que almejar
entrar como vereador e desejar chegar a presidente da República, no
mínimo.
EMÍLIO ODEBRECHT
A resposta é positiva, sem dúvida. Não tenho nenhuma dúvida em afir-
mar isso e acho que nossa sorte é a miscigenação existente no Brasil.
Essa é uma característica muito boa do nosso país: um Brasil inteiro
falando a mesma língua e uma sociedade diferenciada.
Entendo que, por isso, devemos ser mais exigentes conosco. Temos duas
bases que são indispensáveis para o futuro: diversidade de natureza e
diversidade de povo. É muito importante essa consciência para nunca
ficarmos satisfeitos com o que alcançamos. Temos que alcançar muito
mais que a maioria dos outros países porque temos esses pré-requisitos.
Gostaria ainda de salientar, além da resposta afirmativa, a grande evo-
lução do jovem se compararmos a situação de 20 ou 30 anos atrás com
a atual. Vemos uma evolução grande e tenho muito orgulho e satisfação
de ver a juventude de hoje com outro nível de preparo, com outra com-
petência, usando instrumentos de trabalho que no passado nem eram
imaginados, que dão a eles um enorme potencial de contribuição e de
produtividade.
Porém, entendo que está faltando, ainda, o desenvolvimento de um
aspecto, e aproveito para provocar os jovens. Todo empresário, todo
profissional tem que olhar sua atividade de uma forma equilibrada, con-
42
siderando o campo político-estratégico, o estratégico-empresarial e o
empresarial-operacional. Esse equilíbrio é que permite que as pessoas
se comportem como empresários, como executivos, como gerentes e
não apenas como técnicos.
NEY PRADO
Como era sua empresa há 30 anos?
EMÍLIO ODEBRECHT
Havia exatamente muito equilíbrio em relação a essas três abordagens. E
percebo, hoje, um entusiasmo exagerado dos jovens pelos instrumentos.
DEBATES
Por exemplo, um menino de dez ou doze anos, que fica muitas horas em
frente a uma televisão ou a um computador, deixa de ter a condição de se
relacionar com as pessoas.
Vemos, atualmente, que as relações pessoais dos profissionais estão
sendo substituídas pelas relações via e-mail. Não sou contra o avanço
tecnológico, pelo contrário, mas é preciso ter a consciência do equilíbrio
desses aspectos.
Não há nada mais rico na relação entre líder e liderado do que o conhe-
cimento do liderado dos motivos da decisão. A decisão em si é o que
menos importa no processo educativo, mas sim o porquê ela foi tomada.
O alinhamento entre líder e liderado é fundamental e é difícil de ser obti-
do em profundidade e amplitude à base de e-mail ou telefone. É preciso
haver o equilíbrio.
Nesse aspecto, levanto a questão da ausência de visão político-estra-
tégica dos jovens de hoje. Eles estão muito ocupados e comprometidos
com as questões do avanço tecnológico e me parece que estão faltando
neles algumas coisas que eu colocaria para reflexão, nessa retomada de
equilíbrio.
EMÍLIO ODEBRECHT
Sem dúvida. Eu nem diria que eles deveriam se preocupar mais. Já ficaria
bastante satisfeito se houvesse uma preocupação compartilhada, casada.
Nós fazemos, anualmente, o nosso balanço social.
Nele divulgamos tudo aquilo que se relaciona com os efeitos tangíveis
e intangíveis que a organização produz para o país, a sociedade, a na-
tureza e os homens.
EMÍLIO ODEBRECHT
É importante relembrarmos um pouco do passado. Até 1986 ou 1987,
tivemos no Brasil muito crescimento e investimentos que estimulavam
o profissional que gostava do segmento da engenharia a seguir para a
universidade nessa direção.
Depois, houve uma paralisação desse processo quando, por exemplo,
chegamos a ter 90% da área de engenharia de nossa organização no
exterior. Não houve mais investimentos no país que absorvessem ou
estimulassem o crescimento dos profissionais dessa área.
Hoje, na nossa organização, temos 70% no exterior e 30% no país na
área de engenharia, porém o crescimento foi muito grande. A organiza-
ção tem, atualmente, aproximadamente 108 mil pessoas. Destas, quase
60 mil estão no exterior. Este é o primeiro momento em que a organiza-
ção passou a ter mais de 40 mil pessoas trabalhando no Brasil desde a
década de 1970. É importante ter conhecimento desse processo para se
44
compreender o que acontece.
Porém, o Brasil não tem condições para suportar o ritmo de crescimento
atual sem desenvolver uma infraestrutura para acompanhar essa neces-
sidade de crescimento. Portanto, todos os profissionais direta ou indi-
retamente ligados ao ramo da engenharia terão muitas oportunidades.
Quero aproveitar e salientar um aspecto que pude observar em minha
vida profissional, inclusive convivendo com outros grupos empresariais.
Poucos campos profissionais apresentam a condição de desenvolver
pessoas como a engenharia. A prestação de serviços da engenharia efe-
tivamente cria um ambiente muito favorável ao desenvolvimento dos
profissionais.
Basta apenas observar que, na maioria das organizações de outros ra-
mos produtivos, há nos bastidores um engenheiro que trabalhou na
DEBATES
área de engenharia, mesmo que seja no campo financeiro ou no campo
industrial de outro setor. O campo da engenharia é uma fonte de forma-
ção profissional.
EMÍLIO ODEBRECHT
Por meio da reforma política, não tenho dúvida. Hoje, a política estimula
o joio e desestimula o trigo, ou seja, desestimula a participação de bons
políticos. Eu não vejo outro caminho e entendo que ela é fundamental
para tratarmos de todos os demais problemas do país.
Nosso regime é democrático e exige políticos comprometidos com essa ne-
cessidade do país e do mundo. Estou respondendo de forma muito direta
porque tenho muita convicção sobre isso.
EMÍLIO ODEBRECHT
Eu acredito que essa situação é semelhante à da educação. Provavel-
46
mente, todos concordam que a educação é prioritária, importante e
fundamental. E por que ela não tem a ênfase que deveria? Porque os
resultados não aparecem para aqueles que se dedicam a ela, são resul-
tados de longo prazo. O grande risco dessas medidas que estão sendo
elaboradas é que o indivíduo sozinho não é punido por não segui-las. As
consequências são divididas com a coletividade.
As medidas estão sendo tomadas. Cabe a todos nós não apenas ter essa
consciência, mas ter coragem de abrir mão de certas comodidades, de
ceder ao mais fácil. Isso vale tanto no campo da educação como para
as medidas que estão sendo tomadas em relação ao aquecimento do
planeta.
Não faltam medidas identificadas. Porém, é necessário força de vontade
e convicção e ter condição de abrir mão de privilégios e interesses que
DEBATES
existem hoje. Vou fazer uma analogia para explicar melhor. Por que, com
toda a força que este governo tem em determinadas áreas, ele não deu
algo a mais que poderia ter dado para a educação? E mesmo os governos
anteriores?
Todos fizeram um pouco, mas precisamos de alguma coisa além do nor-
mal, medidas especiais nesses campos prioritários, mas são medidas
cujos resultados não vão eleger ninguém porque não serão palpáveis.
Então, temos que ter consciência disso, e nós, da sociedade, temos que
pressionar os governos e começar a valorizar isso no voto.
EMÍLIO ODEBRECHT
Concordo e reafirmo: temos por convicção uma posição humanista, não
no sentido dócil e pejorativo, de caridade, mas no sentido da consciência
de que cada um de nós é agente do seu próprio destino. A organização
precisa criar um ambiente capaz de fazer com que todos possam aplicar
seus conhecimentos profissionais e dons pessoais em sua plenitude.
Quais as saídas para um país como o Brasil, que tem 25% da sua
população formada por analfabetos, puros ou funcionais, profissionais
com defasagem na escolaridade de mais de três anos e outros graves
problemas, entre os quais quase a metade de seus jovens fora da escola
e/ou do trabalho?
EMÍLIO ODEBRECHT
Nós estamos preocupados, mas estamos agindo e temos consciência
de que temos até conseguido uma diferenciação em relação à maioria.
Consideramo-nos uma organização atraente, mas temos consciência
de que somos brasileiros. Somos uma empresa brasileira, nossa base
político-estratégica é no Brasil e não importa se estamos crescendo mais
no exterior do que aqui. Aqui estão as nossas raízes.
Eu não acredito em nenhuma organização, de pessoa física ou jurídica,
que não valorize suas raízes e não tenha consciência da importância
delas. Então, eu diria que essas questões são preocupantes, mas todos
temos de romper essas dificuldades, conforme disse na resposta à per-
gunta sobre o aquecimento do planeta, no campo da educação.
Nossa organização tem conseguido obter os profissionais que deseja
com uma dificuldade menor, mas temos sentido dificuldades. Estamos
48
investindo naquilo que cabe à empresa e, mais do que isso, em relação
aos profissionais, entendemos que nossa organização é uma escola. Fa-
zemos questão de ser dessa forma, valorizando muito nossos líderes
educadores, para que possamos efetivamente não só criar os novos pro-
fissionais e parceiros mas também aperfeiçoar os já atuantes.
Entretanto, temos consciência também de que se o país não conseguir
superar essas dificuldades, nossa organização também sofrerá, porque
estamos no Brasil.
DEBATES
latinoamericanos em relação às empresas brasileiras que investem nes-
ses países.
EMÍLIO ODEBRECHT
Tenho certeza de que a pergunta deve ser ligada à questão do Equador.
Muitos daqui conhecem esse fato. É uma situação típica em que devere-
mos fazer uma avaliação da questão, virar essa folha e aprender para o
futuro. Isto foi muito útil para a nossa organização.
Naquela ocasião, nossa organização estava operando em praticamente
todos os países da América Latina. Estávamos em uma posição onde as
pressões eram muito grandes devido ao estágio de nosso crescimento
nesses diversos países. Mas não fomos capazes de perceber que era
importante ter uma relação de confiança com eles, e não uma simples
relação comercial.
Sempre tivemos uma relação de confiança em todos os países onde ope-
ramos e já recuperamos as que estavam deficientes. Apenas uma relação
comercial não é suficiente, é necessário ter também confiança, porque em
determinados momentos, para atender a algum interesse, você pode virar
o bandido da história.
Assim, não nos interessa analisar o outro lado e não é o caso, porque o
outro lado não está presente. Desejo traduzir para vocês o nosso apren-
dizado, que foi muito importante para a organização. Não existe mais
EMÍLIO ODEBRECHT
Como já disse anteriormente, a origem do problema é a falta de com-
prometimento das pessoas. Aqueles que estão à frente dos programas
acabam por utilizá-los como um meio para obter seus fins, que não são
aqueles para os quais se definiram esses programas.
Por isso digo, com muita tranquilidade, que precisa existir uma pressão
da sociedade valorizando o comprometimento, para que assim os políti-
cos e executivos públicos tenham consciência de que vão pagar no voto
pela não priorização desses assuntos, ou não sairemos do patamar em
que estamos agora.
50
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Luiz Carlos Trabuco Cappi
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em 23/09/2009, no auditório Ernesto Igel e
Mario Amato do CIEE, em São Paulo/SP.
Coordenação Editorial
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