Você está na página 1de 8
REFLEXAO E SINTESE ACERCA DO MODELO DO Autocuipapo bE Orem Gisevte Duras* , lone CaRvatho Pinto** , Mantene Duane Menoes®* , Zara Beneoini"* CDUPAS, G.; PINTO, IC; MENDES, M.D.; BENEDINI, Z. - Reflexéo e sintese acerca do modelo do auto-cuidado de Orem. Acta Paul. Ent, S80 Paulo, V. 7,.1,p. 19- 26, jan/mar, 1994. RESUMO: As teorias de enfermagem surgiram com o intuito de responder a algumas questées, tais como: “o que é enfermagem?”; "0 que fazem os enfermei- 10s?"; “qual a diferenca entre a enfermagem e as outras profissbes de saude?”. AS autores, pertilhando das mesmas reflexdes, optaram por estudar a Teorie do Auto- Cuidado de Orem, que discorre sobre a importancia de teoria de enfermagem, para estudantes @ enfermeiros, como um guia para novas buscas, por mais claras e apurades visées do mundo do enfermeiro que as visGes fornecidas pelo senso ‘comum. UNITERM( Orem; enfermegem. : Auto-Cuidado; teoria de enfermagem; teoria do Auto-Cuidado de Irmopucio ‘Acenfermagem vem procurando um saber, um conhecimento especificn para dirccionat sua pritica, a fim de que a competéncia profis- sional passe a ter uma nova configuracio conceitual, para além das técnicas de enferma- gem. Segundo LEOPARDINI (1988), no Brasil hd pouco mais de 15 anos, os enfermeitos buscam respostas para quest6es rais como: “o que éenfermagem?”,“o que fazem os enfermei- ros?*, “qual diferenga entre enfermagem e38 outras profisées de saide2” Varias teorias sur- gem no sentido de responder tais questées, Partihando dos mesmos questionamentos, optamos por refletir a respeito da Teoria do Autocuidado, porentendermos queéaque mais se adequa 4 nossa filosofia de trabalho, bem comoaquemais propriadamente podeapontar caminhos para discutirmos as inquietacées da prética profissional. ‘Napritica deenférmagem norte-americana, uma das responsdvcis, por este enfogue foi Orem, enfermeira, que desde 1958 escuda um modelo coneeitual no qual o foco central é 0 aucocuidado. Para esta autora, os seres humanos distinguem-se de outros seres vivos por suas capacidades de refletir sobre si mesmos e seus ambientes;simbolizar o que experienciam; usar ‘eriagGes simbdlicas (idéias, palavras) cm pensa- mentos, comunicagées e fazer coisas que so benéficas para si ¢ para os outros. ‘OREM (1971), na primeira edicio de seu livro “Nursing: Concepts of Practice” explica que*asociedade atualmenteesperaqueo adulto seja auto-confiante, responsével por si mesmoe pelo bem-estar de seus dependentes ¢ que a maiotia dos grupos socizis accita que pessoas desamparadas, doentes,idosas, em dificuldades ou por outro lado, impedidas de faze alguma ‘coisa, deveriam ser ajucladas em suas necessida- des para ganhar ou obser responsabilidades dentro das capacidadesjfexistentes. Nestecas0, a auto-ajuda e a ajuda aos outros so avaliadas pela sociedade como atividades desejadas”. Segundo LEVIN (1978), existe uma diferen- «a fundamental entre “educagio do paciente” ¢ Anrtico Oricinat + ProlessorsAssstonte do Depar tamento de Enfermagem © Obstetrcia, da Universidade Fedora de Sto Carlos. + Matos em Enfermagem: En fermeiras do Servgo Manicial de Said de Ribrcio Preto, s**Professora Assatente do De paramento de Enfermagem Geral Especializada, da Escola def nfermagem deibeirio re to USP, Acta Paut. Enr., SA0 Pawo, V. 7, 6. 1, #. 19-26 JanJMan oe 1994 19 Aurocuano ve Orem Orem coloca que procura proporcionar fundamentos sobre humanidade e sociedade que possam direcionar a pratica de enfermagem... “educagio para 0 autocuidado”, que so peroe- bidas em seus proprios termos. Educa pacienteatribui um dnico papel social ao apren- diz - que é de uma pessoa sob os cuidados de outra. Este modelo educacional focaliza apenas ‘que profissional pensa,enquanto aeducacio para o autocuidado & determinada pelo proprio aprendir ‘Ainda referendando.o mesmo autor, temosa ceducagio para o autocuidado insimamenterela- cionadacomofortalecimento dos tecursos eigos em satide e com a prevengio da doenca, sendo antecipatéria a0 riseo. © autocuidado enfatiza especialmente as habilidades leigas para lidar com o continuum saide-doenca. Os conceitos de LEVIN (1978), parecem- nos em harmonia com os de OREM (1971), ‘quando esta afirma que a enfermeira deve esi- mular, aprovcitar ¢ desenvolver o potencial da pessoa, familia e comunidade para o autocuidado, e quea enfermeia tem um papel importante quando ocorre déficit no aurocuidado; cla presta assisttncia a fim de demanda do autocuidado teraptutico. Alguns dados pessoais de Orem Dorothea Elizabeth Orem, enfermeira, ini ciou seus trabalhios em 1958; nesta época foi consultora no Office of Education, participan- do de um projeto para melhoraro treinamento vvocacional das enfermeiras e desenvolver com- ponentes de um cursiculo de enfermagem para ditecionara pritica. Em 1959 comecoua traba- Ihar a questio do autocuidado para pessoas capazes de fuzé-lo, independencemente do gru- po deidadea que pertencessem. Maistardc, em 1968, com outras enfermeiras discutiu asi tisfagses c duplos conceitos que a austncia de organizaggo ¢ estrutura no conkecimento de cnlermagem acarretam,conviera de que um conceito de enfermagem ajudaria na formalizagio de uma estrutura conceitual. Em 1971, Orem publicou a primeira ediggo de seu livro “Nursing: Concepts of Practice". A partir dessa publicagio, em continuidade 20 modelo conceicual, surgiu 0 livro “Concept Forma- lization in Nursing - Process and Product”, em 1973, reediradoem 1979.No preficio da ercei- ra edigio do livro “Nursing: Concepts of Practice", Orem discorresobreaimporcinciada teoria de enfermagem para estudances e enfer- imeiros, como uma guia para novas buscas, por mais claras e apuradas visdes do mundo do cenfermeico, que as vsbes fornecidas pelo senso comum. Na quarta edigéo do mesmo livro, datada de 1991, Orem coloca que procura proporcionar fundamentos sobrehumanidadee Sociedade que possam ditecionar a priica de cenfermagem, e que é 0 objeto proprio da enfer- ‘magem que define o dominio eas dclimitagics da profisio, em sua atividade prdtica Descrigdo dos conceitos utilizados por Orem Enfermagenz. & a dieta assisténcia 2 pessoa, ‘quando a mesma se encontra inabilitada para sew autocuidado. A enfermagem pode jtada por pessoas de qualquer grupo de idade cestassoliciragdes podem sermodi- ficadasceventualmentecliminadas amedida ‘que h4 um progresso favordvel no estado de sade do individuo, ou quando ele aprende i ser auto-direcionado em autocuidado Homena & um organisa psico-fisico-social com poder racional. Na sua existéncia como ser bioligico, responde como objeto e orga- nismo no meio. Como ser racional o homem simbolizae formula proposigGessobre:agbes, interesses préprios, dos outros e do meio. Autocuidade: & a pritica de atividades que os individuos iniciam e desempenham pesso- almente, em favor de si mesmos, na ‘manutengio da vida, saiideebem-estar, que cestd diretamente relacionada com habilida- des, limitagoes, valores ¢ regras culturais ¢ cientificas do préprio individuo ou de seus agentes. Agente ‘ste termo é usado no sentido da pessoa ‘que toma a ago, enlim, que age. Agdo deliberada.sio gies simples, consecutivas ¢ organizadas;individualmence ou conjun- tamente coordenadas para atingir metas especificas. Objete:écudo aquilo ou aqucles a quem a agio “Edieconada pelos agentes daagio, Eusado nos sentidos filoséfico ¢ cientifico como 0 que éestudado, absorvido, e a quem a agio édirigida para obter-seinformagoes ou para ‘raver 4 tona alguma condigio nova. Saiide. estado de toralidade ou integridade do ser humano individual, suas partes ¢ scus modos de funcionamento. Demanda terapéutica de autocuidado desen- ‘que aparcocm durante determinados estigi- ‘os do desenvolvimento humano ou por 20 Jan JMan. oc 1994 Acta Paut. Ent., SO Pauto, V. 7, N. 1, #. 19-28 necessidades associadas a uma condicao de- terminada, ou a um evento dentro do ciclo vital dos individuos (por exemplo: adoles- céncia ou gravider). Autocuidado terapiutice. & uma pritica de autocuidado simples, devendo atingit os s- guintes resultados: assisténcia 20s processos de vida e promogio do funcionamento normal do organismo; manutengao do crescimento normal, desen- volvimento e maturasio; prevengio, eontroleo cura dos processos de doengas ou ferimento; prevencéo oucompensagio paraimporéncia. Déficit do autocuidada: € uma relagio entre ‘compettncia parao autocuidado edemanda deaurocuidado rerapéutico, ondea pri indo estd adequada para atender a segunda, Sinema de enfermaget coda 38 35 interagées desenvolvidas pela enfermeira ¢ cliente, necessérias 20 atendimento da de- manda terapéutica de autocuidado dos individuos em uma situacio especifica de enfermagem. Categorias do autocuidado A) AUTOCUIDADO UNIVERSAL: 60 A.C. solicitado por todos os individuos em todoo ciclo da sua vida em relagio a todas suas necessidades bésicas, Aspartescomponentes do A.C. universal io divididas em 5 sub-caregorias, que variam com 2 idade, atividade, estado de satide, fatores ambientais: 1) As, dgua e alimenta: sio recursos vitais para continuidade da vida, para crescimento € desenvolvimento, reparodostecidosdo corpo cparao funcionamento humano integrado. Para o A.C. teraputico é fundamental a compreensao dos principios bisicos do metabo- lismo eos efeitos dos fatores internos eexternos cexigidos em relagio a cada elemento. Os recursos essenciais relativos aos clemen- tos ar, 4gua e alimento para agio de A.C. si estabelecer a quantidade de cada recurso solicitado para o furcionarmento integral do organismo, ajustando os farores internos & externos: preservar a integridade das estruturas ana- émicas¢ psicoldgicas; apreciar as experiéncias agradéveis de respi- rar, beber e comer, porém scm abusos que Jevam a doenga ou auséncia de bem-estar. 2) Eliminagées. incluem: urina, tanspiragio, cexcregdes do aparelho respiratério, fezcs, fluxo menstrual ¢ liquido seminal. Com relagio ao A.C. é importante aprimorar um entendimento objetivo dos processos de excregao, isso porque as eliminagées do. po eavolvem implicagGes pessoaise socias, Os recursos essenciais relativos a eliminagio, para agio de A.C. sto: te de atividades e fornecimento de con- digdes internas ¢ © processos de eliminag protegio dasestrucurase mecanismos envok vidos na eliminagao; cuidados higiénicos das superficiese partes do compo subsequente i eliminagdes; cuidado do meio conformenecessidade para rmanter condigées saudéveis. 3) Anividade e repouso ‘Atividade. & principalmente a acio fisica © intelectual. Repouso: & umn processo associado com 0 descanso e restauragdo do funcionamento normal apés atividade desgastante (Os recursos essenciais rlativosaatividade e repouso para agio do A.C. sio: conhecer e selecionaros processos metabsias, cenergia fsicae psquica, inter-relacionamentos socias, para manurengio de equilfbrio; reconhecer ¢ atender as manifestago necessidades de repouso e atividades tespeitar as necessidades ¢ capacidades pes- soaiscom relagio culcura do individuo para atividade € repouso. das 4) Solidao einteragto social Os recursos essenciais relativos a solidio inceragio pessoal para asio do A.C. devem ser provides de qualidade e equilibrio de experién- cias quer permitam o desenvolvimento das capacida- des individusis para a inceragio socials estimulem o desenvolvimento e ajuste con- rinuo; previnam contra danos na personalidade. 5) Risco de vida e bemcestar: Enecessirioauto-controle, controledascon- digdesambientais,assisténciaespecializada para prevengio e protegio dos riscos devida e manu- tengio ¢ recuperagio do bem estar. Aurocuinano oe Orem ‘Acta Paut, Enr., Sko Pao, V. 7, N. 1,8. 19-26 Jan./Man o€ 1994 21 Aurocutpapo pe Orem B) AUTOCUIDADO DESENVOLVIMEN- TAL: Inicialmente esta categoria foi sub-somadaa categoriado autocuidado uni- versal, sendo separada postcriormense para cenfatizarsuaimportinciaenecessidades apre- sentadasduranteestégios do desenvolvimento humano (por ex.: adolescéncia e gravider). C)AUTOCUIDADO NOS DESVIOS DE SAUDE: Desvios de satide geram sensagies deenfermidadeedeimpoténciaao funciona- ‘mento normal do organismo. Estas sensagdes estio direraeindiretamente ligadasa nature- za do desvio da sade, o que influenciard na cscolha dasacées. Quando uma mudanca no estado de saide traz-dependéncia toral ou parcial, em rclagio as necessidades de smanutengio da vida, a pessoa muda da posi- fo de agente do A.C. para o de paciente ou receptor de cuidado. Os recursos essenciais relativos a doenca, ferimento, impoténcia ou deformidade, para as agbes de A.C. ajustar os meios deencontrarasnecessidades de A.C. universass «estabelecer novas téenicas de A. modificar a auto-imager; revisar a rotina da vida didi; desenvolver um novo estilo de vida, compa- tivel com os efeitos do desvio da saides lidar com os efeitos do desvio da satide ou do ceuidado médico usado no diagnéstico clou tratamento, Modelo conceitual e construgéestebvicas Segundo Orem, as teorias resultam das idéias criativas relagées do questionamento dos el mentas da realidade. ‘A teoria geral da aurora (ou modelo con ceitual) se baseia em 5 suposigées sobre as caacteriseas qu so ato evident nos sees 1) osseceshumanos requerem continuidade de informag6es para si mesmo eseu ambiente a fim de permanecerem vivos; 2) ago humana, ou poder de agir delibe- radamente, éexercitado na forma decuidados cconsigo mesmo ¢ com 0s outros nas necessi- dades identificadas; 3) as pessoas adultas experimentam limitagées € privagies para agio do autocuidado de si mesmo ou do outro, necessitando de infor- _mag6es que regulam as fungGese sustentam avida; 4) o poder de agi deliberadamente desenvolve e transmite para outros caminhos, q tificam as necessidades de cuidadoss 5) os grupos de seres humanos, com relagdes estruturadas, retinem as tarefas ¢ distribucm responsabilidades para oferecer e fornecer cuidados a grupos que experimentam difi- culdades no cuidada de si mesmo e dos sas cinco suposigbes serviram como prin- cfpios para formulacio gradual eexpressio da “Teoria do Déficie do Aurocuidado na Enferma- gem. Nosestigios inicisis desuabuseada compre- ensiodaenfermagem, Oremaccitou umniimero de postulados ou suposigies que sao apresenta- das e expressas em termos dos quatro aspectos previamente postulados sobre as situasbes pri- fics. 1) A cafermagem é uma forma de auxtlio ou assisténcia dada por enfermeitos &s pessoas. ue tm uma necessidade lepcima de euida- os. 2) Os enfermeiros sio caracterizados por seus conhecimencos de enfermagem esta capaci- dade de usar este conhecimento chabilidade especializadas para exercer a enfermagem para outros numa variedade de situag6es. 3) As pessoas que precisam de cuidados expeci ais sio caracterizadas por: a) tipos ¢ ‘quantidadede A.C. ou euidado dependente; b)limitasio desatide paraademandado tipo de cuidado. 4) Os resultados da prética de enfermagem, esto relacionados com as condigées das caracterfsticas das pessoas que necessitam de cuidados. ‘A teoria geral de enfermagem é um tratado das relagGes que server para organizar a pers- pectiva dos enfermeiros. E constituida de trés construgées tebricas relacionadas abaixo: A) Teoria do deficie do autocuidado dia Central: as pessoas podem requeter 0 servigo de enfermagem porque clas estio sujeitasa limitagbes de saide que as tornam incapazes de cuidar de si mesmas ou de dependentes, 0 que resulta em cuidado in- completo nio efetivo, 22 Jan /Man. oe 1994 ‘Acta Pau. Ent., SKo Pauto, V.7,N. 1, P. 19-26 + Proposigbes * Aspessoas que agem para fornecercuidadoa simesmas ¢ a dependentes, tém habilidades cspecializadas para ag = As habilidades individuais de se engajar no cuidado de si mesmo ou do euidado depen- dente, sio condicionadas pela dade, estado de desenvolvimento, experiéncia de vida, orientagio séocio-cultural, sade ¢ recursos disponi = A telagio entre 2s habilidades intelecuais para o cuidado de si mesmo ou de cuidado dependente, eaexigéncia qualitativaequanti- tativadeaurocuidado ou cuidadoddependente, pode serdeterminadoquando ovalordecada tum & conhecido. = Atclacéo entre as habilidades ¢ a demanda pode ser definida em termos de “igual 2°, “menos que”, ¢ “mais que”. = Aenfermagem éumservico legitimo quando: 2) ashabilidadessio menores do queaquelas requeridas para 0 encontro de uma de- manda de aurocuidado conhecida (uma relacio deficitdria); b) ashabilidades deautocuidado ou cuidado dependente, excedem ou sio iguais 4que- Jas requcridas para o atendimento da demanda de ausoeuidado. = As pessoas com deficigncias existentes ou projetadasestéo ou podem esperar estar em estados de depéndencia social que egitimaa relagéo da enfermagem Pressuposigées = Autocuidado requer auto administragio. = 0 autocuidado como uma forma de auto- regulagéo ¢ necessério para vidaem si, para aside, para o desenvolvimento humano e para o bem-estar geral = Oautocuidado e0 cuidado de dependentes, residenas capacidades culturais de um grupo social ena educablidade de seus membros. ~ A sociedade 2ela, pelo estado humano de dependénciainsticuindo manciras deaunilio. pessoas deacordo com anaturezacasrazics para sua dependéncia, = As operagées de auxflio direto de membros dos grupos sociais, quando institucio- nalizadas, tornam-se os meios de ajudar 2s pessoas em estado de dependéncia social. + As operagies de auxilio direto de membros dos grupos sociais podem ser classificadas dentro daquelas associadas com o estado de dependéncia ou nio da idade. = Os servisos de auxilio direto inscicufdos em grupos sociais para fornecer assisténcia as pessoas incluem servigos de saide. + Acnfermagem tem sido e é um dos servigos de saide das civilizagies do Ocidente. B) A teoria do autocuidado déia Centrab 0 aurocuidado (self-care) € 0 cuidado de dependentes sio comportamen- tos que regulam a integridade estructural humana, seu funcionamento co desenvolvi- ‘mento humano, e denota a relacio existente entreas ages dciberadas de ausocuidado de membros maduros ou no de um grupo social e seu proprio desenvolvimento, tanto «quanto a relagio entre cuidado continuo de ‘membros de uma familia ¢ seu Funciona- mento e desenvolvimento. « Proposigées Ch familia, sio aprendidos no contexto dos gru- pos socials por meio de interagoes comunicagio. O autocuidado e 0 cuidado a membros ddependentes da familia so agbes deliberadas exccutadas sequencialmente para se conse- guir conhecer as necessidades de euidados. Os requisitos para o autocuidado, tém suas origens nos seres humanos e seu ambiente, + Alguns requisitos para o autocuidado so comuns a todos os seres humanos; outros sio specifics aos estados de saide dos indi duos. = Os requisitos universais de autocuidado c as maneitas para conhect-los podem ser modi- ficados por idade, sexo, ou 0 estado de desenvolvimento e saide do individuo. + Um processo especifico e tecnolégico ou im bloco especifico de processos ou tecnologias, so necessérios para se conhecer cada requi- sico do autocuidado. = 0 autocuidado (ou cuidado dependente) como um processo ou sistema, resulta do uso individual deliberado de processos con- citualizados ou tecnol6gicos para conhecer (0s requisitos do autocuidado. = Um sistema de autocuidado ou cuidado de dependentes, pode ser composto de cursos de asdes para encontrar os requistos uni versais de cuidado eos requisites associados com os estados de desenvolvimento ou de satide, Aurocuioano oe Orem Segundo Orem, as teorias resultam das idéias criativas e relacdes do questionamento dos elementos da realidade. Acta Pau. Exe., Sho Pauto, V. 7, 6. 1, P. 19-28 Jan/Man oe 1994 23 ‘Autocuapo o Orem Através da comunicacao e observagao 0 enfermeiro obtém informagées do paciente, que resultam num fluxo de informagées para evolugao, andlise e interpretagao dos fundamentos de conhecimento de enfermagem e organizagao das informagoes relevantes. = Os sistemas de autocuidado ou de cuidado dopendente sio criados pelas agoes que 0s individuos selecionam ¢ executam a fim de conhecer as necessidades espociais ~ O conhecimento do sistema de A.C. ou de cuidado dependente resulta de agbes de- liberadas executadas anteriormente ou da observacio das agbes de outras pessoas. 7 Geen > Todo ser humano tem © potencial para desenvolver suas habilidades ineleceuss e priticas © a motivagio essencial para 0 autoeidadocosuiado demembrosdcpan lentes - As maneiras de se conhecer as necessidades de autocuidado (process de autocuidado, tecnologia e pritica) sGo elementos eulturais e variam de acordo com os individuos ¢ grupos sociais maiores. ~ Oaautocuidado ¢ o cuidado de dependentes so formas de agies deliberadas, que so afetadas pelo repertério individual de sua predilesio por exceutar tarefas em certas circunstancias. A identificagio ¢ desctigio dos requisivos paraoautocuidado eo cuidado de dependen- tes, nos levam a investigar e desenvolver maneitas de conhecermos estes requisites ©) A teoria do sistema de enfermagem + ldéia Central os sistemas deenfermagem sio formados quando as enfermeiras usam suas habilidades para prescrever, labora, for- necer cuidados para pacientes (como individuos ou como grupos), executando agbes e sistemas de agio. Estas agies ou sistemas regulam o valor ou exercicio da capacidade dos individuos paraseengsjarem ‘em autocuidado encontrar os requisitos do individuo terapeuticamente « Proposigées © AS enfermeiras se relacionam e interagem com pessoas que ocupam o “status” de pa- cientes, ~ Os pacientes t8m requisitos de autocuidado projetados e existentes. ~ Os pacientes tém deficiéncias existentes ou projeradas para encontrar seus prOprios re- dquisitos de aurocuidado, - As enfermeiras determinam os valores cor rentesemutantesdos requisitos dos pacientes, selecionam processos e tecnologias vdlidas confidveis para se conhecer estes requisitos, ceformular os cursos de agio necessérios para ousodeprocessosselecionadosou eenologiss aque encontrario requisivos de autocuidado identificados. = As enfermeciras determinam 0s valores cor- rentes e mutantes das habilidades dos pacientes paraencontrarscus req do processos espectficos ¢ tecnologia. = Asenfermeirasestimam 0 potencial dos pa- cientes para moderar © engajamento em autocuidado, para objetivos terapéuticos, ou para desenvolver ou refinar as hablidades de se engajar em cuidadas agora ou no furuto. ~ Enfermeiros e pacientes agem juntos para atribuiros papéis de cada um na producio de cuidados ena regulagio das eapacidades de cuidado dos pacientes. ~ Ossistemas deenfermagem so constituidos pelas agGes das enfermeiras eas do paciente ‘queregulam acapacidade deautocuidadodo paciente ao encontra de suas necessidades. = Pressupos = Acenfermagem é um servigo de auxili. + Acenfermagem € uma forma complexa de acio deliberada, executada pela enfermeia durante algum tempo, por causa de outros. Orem sugere ts tipos de sistemas de enfer- magem, relacionados com a dinimica do autocuidado, 1) Sistema de Compensagéo Total. wtilizado quando o individuo esté totalmente incapa- citado para atender suas necessidades de aurocuidado, 2) Sistema de Compensagio Parca. aplicado juando o cliente apresenta algumas dificul- Tass de compectnca para atender 2 us necessidades de autocuidado. 3) Sistema de Suporte Educative: aplicado quan- do o cliente necessita de assisténcia de ‘enfermagem para adquirir conhecimento habilidade. O processo de enférmagem Enfermagem éum processointerpessoal onde rrr enfermagem ¢ estabelecer a relagio de ajuda para o pacicnte ¢ membros de sua familia a encontrarem, também, as outras necessidades que nio slo especificas da enfermagem, 24 Jan JMag. oe 1994 ‘Acta Paut. Enr., SA0 Paw, V. 7, m. 1, . 19-26 a Esta relagdo interpessoal contribui para 0 alivio do “stress” do paciente ou desua familia, capacitando-os para agir responsavelmente em. relagio & saiide € 0 cuidado de satide, © Proceso de Enfermagem & um instru- mento de controle e um guia que serve para manter 0s atos exceurados pela enfermeira e paciente em direcdo a0 aleance dos objetivos ¢ paraa coordenacio entreenfermeira, pacientee outros, na definicio de papéis de cada um naquela siruacio de uidal ie aide, ‘Ao final da aplicagio do Processo de Enfer- ‘magem, nomodelo proposto por Orem, espera-se cobxerinformagbese resultados sobreo quanto as ages deenfermagem moveram o paciente, seus familiares © nio-enfermeiros para assumirem progressivamentea responsabilidade pelo auto- cuidado, tornando-se competentes em decidire executé-lo com a supervisio e consultoria da enfermeira. Os passos/fases ou erapas do Processo de Enfermagem podem ser sumarizados como se- gue: 1°) determinagao inicial e continua do que uma pessoa precisa em cermos de euidado de enfermagem; 2°) estabelecimento de objetivo de satide dentro do autocuidado terapeuticn. Planejaraassisténcia de enfermagem de acordo com recursos, tempo, lugar, frequéncia da exe- cucio dasatividadeseoutras medidas dccuidado; 39) iniciar, conduzir, controlar as agées de tenfermagem para compensar as aces de aucocuidado, superar (a curco ou longo prazo), ‘quando possivel, as limitagbcs do auracuidado, encorajar, promover eprotegcras habilidades de futocuidado do paienteeprevenirodesnval vimento de novas limitagées. tapas do proceso de enfermagem 1 ETAPA Diagndstico do interesse do paciente © de suas limiragbes para executar 0 autocuidado e projecdo das fururas limicagGes para executar 0 autocuidado. Por que esta pessoa necessta de cuidado de enfermagem? E qual a asssténcia de enfer- magem que necesita? Através da comunicagio ¢ observagio 0 en- fermeiro obtém informagbes do paciente, que resultam num fluxo de informagées para evolu- 40, andliseinterpretacio dos fundamentos de conhecimento de enfermagem ¢ organizagio das informages relevantes. 2* ETAPA © enfermeiro descreve detalhadamente as habilidades e limicagbes do paciente, familiares € no-enformeinos de prestar asssténcia, que serio utilizadas pelo enfermeiro em relagio a distribuiggo de carefas, observadas as limitacées descritas. Qual o autocuidado terapéutico? que o paciente pode e nio pode fazer? Quis as condigées do meio que encorajam ouinduzemo pacienteaassumirresponsabi- lidade pelo autocuidado? Oremespecifica doistiposde comportamen- tos requeridos para o autocuidado: 4) Conpariamene Dependents do tou Saber relaar os conhecimentos, ativudes f tegras para o desenvolvimento do autocuidado, = Aplicar conhecimento e téenicas com responsabilidadee conttolar as atividades de autocuidado. ‘Ter iniciativa para controlar comporta- mentos como reagdes emocionais, que visem o bem-estar 4) Comportamentos Independentes do Auto- euidado = Adquirirconhecimentos de livros oupes- soas sobre satide-doenga e as priticas de autocuidado. Investigarascpuranga deequipamentose | -—r—se 05 no autocuidado, + Aplicaro resultado destasinvestigagies e pesquisa para sanar deficiéncias de equi pamentos Conrrolar o ambiente. Prestar assisténciacm umasituagiointer- peso. Desenvolver as formas de expressio comunicagio interpessoal (verbal e no- verbal) Esta éa fase de planejamento da assisténcia de modo que: a) especifique as condigdes de tempo, lugar, duragio, técnica, equipamento ¢ ambiente necessérios para a realizagio do autocuidado; b) ajuste &s diversas manciras de assist ao paciente, considerando-o, bem como a0 ambiente e os enfermeiros; c)identifique 0 niimero ¢ qualificagao dos enfermeiros que trabalham em cada perfodo, eo pessoal necessé- rio para ajudar na manucengéo da unidade. Aidentificagio das necessidades do paciente, Esta relagao interpessoal contribui para o alivio do “stress” do paciente ou de sua familia, capacitando-os para agir responsavelmente em relacdo a satide eo cuidado de salide. Acta Paut, Ens, S40 Pato, V. 7, n. 1, ». 19-26 Jan/Man ve 1994 25, Aurocuoapo ve Orem de forma continua ou periédica determinars 0 rnimero de enfermeiros necessiios. As exigen- case necessidades especficas de cada paciente 0 tipo do auto-cuidao determinario as quali ficagGes dos enfermeiros. 3#ETAPA Prestara assisténcia plancjada, checar, aval arc ajustar atividades. ‘Os resultados obtidos nesta etapa podem ser deseritos em termos da mudanga que ocorre com 0 paciente em relagio a sua sade ou autocuidado. ConsipeRagoes FiNats Como pudemos constata, a Teoria Geral de Orem é denominada “Teoria de Enfermagem do Déficiede Autocuidado” por serdescricivada telagio ene ascapacidadesde agi deindvidu- ‘0s ¢ suas exigtncias de autocuidado. Do ponto de vista da enfermagem, os seres hhumanos sio vistos como seres que necessicam de “auto-manutengio” e auto-regulacio” atra- vés de uma ago de A.C. Ateoria de Orem abrange todos os niveis de prevengio, chamando de prevengéo prima as intervengies de enfermagem que pretendem ajudar a pessoa a encontrar as necessiades de ‘autocuidado universal e desenvolvimental,e de prevengio secundétiae terciria as intervenes associadas is necessidades nas alteragBes de satide. Para se implantar a assisténcia de enferma- ‘gem o passo inicial € o estabelecimento de uma telagio contratual enfermeiro/paciente, de modo a propiciar condigdes para o diagndstico real da situagio quanto As necessidades de autocuidado, quanto & capacidade do indivi- duo de suprir estas necessidades e qual o grau de interferéncia da enfermagem no sentido de suprir os déficits pereebidos na manutengiodo autocuidado, Entendemos que osenfermeiros queomun- do necessita si0 0s que podem diagnosticar problemas de aide comunicériaeadotar medi- das para proteg?-la, proporcionaremonitorar a satide geal da populagao, os que podem cuidar dos doences ou dos incapazes e os que podem ensinar o préximo a euidarem de si mesmo. CDUPAS,G.; PINTO, I.C.; MENDES, M. about the self-care theory by Orem, 26, jan/mar, 1994, BENEDINIZ. - Reflection and synthesis Acta Paul. Ent, S40 Paulo, V.7,n.1,p.19- ABSTRACT: The nursing theories emerged with the purpose of answering a few ‘questions such as: “What is nursing?”; “what donurses do?”; “what's the difference between nursing and other health professions?” By sharing the same ideas the authors chose to study Orem's Self-Care Theory which approaches the importance of the nursing theory for students and nurses as a guide for new achievements and clearer and more refined views of the nurse's world than those provided by common sense. KEY WORDS: self-care; nursing theory; Orem’s self-care theory; nursing. Rerencias Bisuiocearicas 1. LEOPARDINI, MIT. Conribuigio an eu das tcorasde cafereager. Ribeiio Peto, 198. (Mimengraide) 2. LEVIN, LS. Paine eduction and ele: how to they fer? Mur. Oulok 26,03, 1705. 1978 3. OREM,ED. Naming: concep of practice. New York, McGraw-Hill 1971. concep ef practice. ed, New 1980, Nursing: anceps of practice. eed, New York, Meyaw-Hil, 1985. 6 Nursing: concepts of practice. ed, New York, Mesby-Year Book, 199. Concept formalization ia suring, 2 od, Boston, Lick Brow, 1979 Z 26 Jan /Man, ve 1994 Acta Paut. Enr., Sto Pauto, V.7, 1, P. 19-26

Você também pode gostar